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Precisamos dotar nossa cidade, nosso Estado e nosso País de uma energia política

criativa, capaz de transformar a realidade, e de não abandonar o nosso povo.

Curitiba, o Paraná e o Brasil precisam de uma energia política nova, transformadora,


pautada em ideais humanitários, com a força do verdadeiro patriotismo que brota dos
pés no chão e do coração puro.

Nada pode ser mais triste do que uma política exercida sem ideais. Algo parecido com
uma religião sem fé, pregada por fariseus interesseiros.

Renovo o meu compromisso de amor e serviço à nossa terra e a nossa gente ao


agradecer esta homenagem da força empresarial mais significativa do nosso Estado, as
indústrias associadas ao grande projeto da CIC, Cidade Industrial de Curitiba.

Antiga tradição cristã comemora a cada 06 de agosto a festa da Transfiguração do


Senhor Jesus, o dia do Senhor Bom Jesus dos Pinhais e dos Perdões.

Quem frequenta a Catedral de Curitiba ou a Igreja do Bom Jesus do Cabral, daqui


vizinha, há de recordar a iconografia, a imagem de Jesus apresentado aos homens – na
triste passagem do Ecce Homo – no tribunal de Pilatos, o Cristo de mãos amarradas.

Se puxarmos pela nossa consciência patriótica mais pura, todos os brasileiros


produtores de riquezas, dos operários aos empresários, se veem na mesma situação do
padecente, coroados de espinhos, lanhados nas costas, de mãos amarradas, prontos para
aceitar a cruz do inevitável e do imponderável.

Mas a Luz que brilha em Curitiba, a consciência política desta cidade que insiste em
afirmar que tendência não é destino, nos obriga a dizer que não.

Recorremos ainda a Liturgia cristã que, nesta festa do Bom Jesus, nos propõe a leitura
do Evangelho luminoso da Transfiguração do monte Tabor. Ao lembrar o mesmo
Cristo, homem de dores, do Tribunal de Pilatos, superado o escárnio e o cinismo, o
texto sagrado aponta para um Ser glorificado. Salvo pelo seu amor imenso, elevado à
condição de Jesus ressuscitado, assentado em trono de nuvens, a conversar com Elias e
Moisés.

Esta é a nossa Fé. Este é o nosso Evangelho. Esta é a nossa bandeira. Esta é a nossa
obrigação.

O Amor é a condição da Missão.

Levante-se a consciência política de Curitiba e do Paraná, para afirmar, além das tristes
crônicas da Lava Jato depois de toda a lama do noticiário asiago, que o Brasil somos
nós, os trabalhadores, os construtores da Inovação, os geradores de empregos, os
devotos da ideia política de que não serve para governar quem não vive para servir.

A Cidade Industrial de Curitiba é a melhor prova de superação que o Paraná pode


oferecer ao Brasil. Após a geada negra do severo inverno de 1975, quando os campos
do Paraná e do Sul do Brasil foram dizimados e a intempérie somava-se crescente
mecanização do modelo agrícola, Curitiba recebeu uma imensa população de migrantes
desvalidos, milhares de famílias expulsas pela condição adversa do seu meio agrícola.

Curitiba cresceu 8% ao ano entre 1975 e 1980. A acolhida dos migrantes pés vermelhos,
órfãos dos cafezais extintos somados a brasileiros de todos os rincões, povoou a nossa
periferia. Além das favelas tradicionais do Parolin e da Vila Pinto, surgiram dezenas de
ocupações irregulares. Toda essa gente precisava de emprego. Constituindo mão de obra
valorosa que precisava ser absorvida. Naquele ano de 1980 a população curitibana já era
de 1 milhão de habitantes, dos quais 570 mil não nascidos no município.

A Cidade Industrial de Curitiba se fez grande em todos os sentidos. Absorveu 10% da


população da Capital. No senso de 2000 já moravam na CIC 157 mil pessoas de um
total de 1.587.315 curitibanos.

A CIC mede mais de 15 quilômetros de extensão, indo da BR-277, que a divide do


tradicional bairro de Orleans (colônia polonesa) até a ex-BR 116, atual BR-476, que a
separa do bairro do Tatuquara, a região cujo nome quer dizer toca do tatu. Os campos
que os índios chamaram de Toca do Tatu, onde o rio Barigui se espraia entre matas
nativas cheias de bugios até sua foz, no glorioso rio Iguaçu.

O território da CIC hoje compreende, além dos bairros tradicionais do Campo


Comprido, Orleans e Fazendinha, grandes povoações oriundas de intervenção da Cohab
ou de ocupações irregulares: Vila Nossa Senhora da Luz, os dois conjuntos Osvaldo
Cruz, as moradias Atenas, Vila Sandra e Itatiaia, as vilas Conquista, Santa Helena e São
Nicolau, Vila Verde e Barigui, moradias Diadema, Augusta e Caiuá.

Tive a alegria de estender o povoamento para além da linha do trem, urbanizando e


abrindo a Gleba da Ordem e as moradias Santa Rita, já no limite com Araucária, as
chamas da refinaria da Petrobrás, no horizonte.

Inaugurei os terminais de ônibus CIC-Caiuá e Campo Comprido. Temos orgulho da


nossa Cidade Industrial. Estão lá dois hospitais, 16 Unidades de Saúde, 35 creches, 24
escolas, 7 Faróis do Saber e da Inovação. Vinte e cinco jardinetes, 63 praças públicas e
os parques Fazendinha, dos Tropeiros, Bosque do Trabalhador, Diadema Caiuá e Mané
Garrincha.

Única nota dissonante neste momento de festa é meu coração apertado pela decisão da
Justiça do Trabalho que me impede de reabrir a UPA da CIC com uma organização
social. O custo licitado é 400 mil reais mais barato do que seria o serviço público. E
ainda há a oferta de 171 funcionários e todos os insumos clínicos. Tudo melhor e a
maior do que a operação pelo serviço público.

Apelamos a Brasília, na esperança, e na confiança da Justiça. Fomos eleitos para


melhorar a cidade, e não abriremos mão deste dever.

——

Hoje a CIC configura-se como o bairro de maior concentração de indústrias de


Tecnologia, Produtos Estratégicos e empregos de alta qualificação. No seu território
estão instaladas 7.991 empresas, sendo 1713 indústrias, 3.712 casas de comércio e 2.515
serviços.

Perto de 30 mil empregos diretos e 80 mil empregos indiretos.

Em algumas destas empresas pulsa o ideal solidário. Falo com entusiasmo dos Liceus
de Ofícios que são mantidos pela Electrolux, pela Volvo e pela Bosch. Falo dos 36
jovens aprendizes da FAS – vários ex-moradores de rua – que cursam o Liceu do SESI.
Falo da iniciativa do nosso presidente Nelson Hubner de abrir, através da AECIC, nas
palafitas da Caximba, – o bairro mais ao sul e mais pobre de Curitiba, um Liceu de
Ofícios para jovens de famílias vulneráveis, penhor de grande esperança naquelas
várzeas onde o rio Barigui desagua no rio Iguaçu.

Não calculam a honra e alegria que preenchem minha alma e meu coração ao receber
este título da AECIC – Associação dos Empresários da Cidade Industrial de Curitiba,
entidade constituída em 1977, com admirável sede própria, instalada na avenida que
leva o nome do meu bondoso avô – Manoel Valdomiro de Macedo, de quem herdei o
Valdomiro no meu nome.

Também ele foi um pioneiro da indústria paranaense, no período extrativista,


beneficiando tanto madeira quanto erva-mate. Meu avô Valdomiro, que foi meu mestre
de vida, sabia que o otimismo é o perfume da vida, mas talvez nem tenha imaginado
tamanho progresso industrial para a nossa amada Curitiba ao tempo em que embalava
erva-mate em barricas de pinho e desdobrava tábuas de imbuia cortadas na lua
minguante, para oferecer à indústria curitibana de mobiliário.

Este é o nosso cerne.

Cerne é a alma da Araucária. A parte da árvore que cupim algum devora. Os


empresários e o povo de Curitiba e do Paraná somos o Brasil intacto, preservado da
espoliação, em pé depois da Lava Jato, capaz de oferecer aos que vão nascer um
horizonte de oportunidades tão amplo, tão grande, tão próspero e tão generoso quanto
aqueles que herdamos dos que nos antecederam.

Vamos oferecer ao Brasil uma energia política criativa capaz de não abandonar o nosso
povo.

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