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As Meninas de Velázquez

vs.
As Meninas Segundo Velázquez de Picasso

Curso de Artes Plásticas e Multimédia.

Introdução aos Princípios da Arte.

1º Ano | 2º Semestre.

Trabalho de investigação.
Trabalho elaborado por:
António Luís Casaca
Aluno N.º 4733
Objectivos
• Este trabalho visa:
– Comparar e estabelecer uma relação, a nível
semântico, entre:
• As Meninas de Diego Velázquez (1656/57)
• As Meninas Segundo Velázquez de Pablo Picasso (1957).
– Apresentar várias interpretações e recriações que
foram surgindo ao longo dos tempos.
– Fazer referência aos temas abordados nas sessões de
aula:
• Estabelecendo a relação com os artistas e respectivas obras.
A Tríade
• Marcel Duchamp atribui um papel importante ao
espectador no Acto Criativo:
– Este acto não é desempenhado apenas pelo artista, mas
envolve, também, o espectador
• Contribui com a sua interpretação da obra, colocando-a “em
contacto com o mundo exterior”.

obra de arte

artista espectador
A Arte Contemporânea
Veio alterar a visão tradicional do belo e do feio.

Agora
– Não sabemos o que é belo e o que é feio.
– Há um saudável convívio com a desarmonia, com a
incompletude e com a incorrecção.
– Torna-se, por vezes, desconcertante e paradoxal.
– Não a entendemos como arte e, no entanto, ela é portadora
de múltiplos sentidos.
– Os quadros, os objectos tornam-se «contentores de sentido»
em que se pode projectar qualquer sentido.
As Meninas de Velázquez
As Meninas de Velázquez
Suscita inúmeras questões:

• Que está Velázquez a pintar na tela e que o

espectador não consegue ver?

• Onde estaria Velázquez para pintar, ao mesmo

tempo, a cena e a ele próprio?

• Onde estão o rei e a rainha na sala para aparecerem

no espelho?

• Com que fim Velázquez se inspirou no motivo do

espelho que reflecte pessoas que não pertencem à

composição?

• Em que medida o estatuto social do pintor da corte é


Registo de uma cena real
compatível com a sua representação, mostrando os

soberanos, apenas, de maneira indirecta?


As Meninas de Velázquez
• Velásquez convoca-nos a • O quadro, além de
fazer parte da representação representar a
do quadro através de um jogo representação
de olhares e reflexos: directa:
– somos olhados pelos – convoca o espectador
personagens da obra, a participar
– por esses olhares somos activamente com a
levados para um ponto invisível sua interpretação e a
fora da tela - nós mesmos, completar com o seu
juntos ao rei e à rainha, próprio olhar os
modelos da obra, reflectidos possíveis significados
num espelho ao fundo. do quadro.
As Meninas de Velázquez

• Velázquez “obriga” o espectador a:


– Adivinhar o tema do quadro que pinta
– Calcular a posição que os reis ocupam (imagem reflectida
no espelho)

Cumplicidade entre quem olha e as


personagens.
As Meninas de Velázquez

• Ao contemplar o quadro, • O quadro, enquanto obra de


somos impelidos a reflectir arte está incompleto
sobre a nossa posição • É o olhar do espectador o
diante da obra responsável por revelar
• da mesma forma que o olhar • o jogo de presenças e
ausências
do pintor se projecta para
fora dela, nós somos • de estar fora e estar dentro
do quadro.
projectamos para dentro.
As Meninas de Velázquez
• Esta cumplicidade criada
entre a obra e o espectador
é visível em Duchamp:
– na entrada do seu atelier
havia um ready made - “Roda
de Bicicleta”. • Duchamp inverteu a posição
da roda e manteve o eixo da
bicicleta sobre um banco de
madeira
– o que permitia que a roda
girasse com a intervenção do
visitante.
• Duchamp, criou um espaço
de inclusão,
– onde incorporou os
espectadores como parte
integrante do trabalho.
As Meninas Segundo Velázquez de Picasso
As Meninas Segundo Velázquez de Picasso
• As Meninas Segundo Velázquez • Trata-se, essencialmente,
de Picasso é, ao mesmo tempo, de mostrar que não há
um projecto e uma realização. somente uma forma de
• Não existem fases prévias que ver as coisas e, muito
culminem numa obra final menos, de as
– não há esboços ou quadros, representar.
porque são uma e a mesma coisa.

• Não se trata de aprofundar o • É a mesma ideia que está


conhecimento ou da recriação de por detrás do Cubismo e
uma pintura concreta que Picasso encontrou
– Trata-se de aprofundar o próprio reflectida na «deliberada
acto criativo, na própria indefinição» da obra de
consciência do pintor e na sua
liberdade. Velázquez .
As Meninas Segundo Velázquez de Picasso
• As Meninas Segundo Velázquez de • Trata-se,
Picasso é, ao mesmo tempo, um essencialmente, de
projecto e uma realização. mostrar que não há
somente uma forma de
• Não existem fases prévias que ver as coisas e, muito
culminem numa obra final menos, de as
representar.
– não há esboços ou quadros, porque
são uma e a mesma coisa.
• É a mesma ideia que
• Não se trata de aprofundar o está por detrás do
conhecimento ou da recriação de Cubismo e que Picasso
uma pintura concreta encontrou reflectida na
«deliberada
– trata-se de aprofundar o próprio acto indefinição» da obra de
criativo, na própria consciência do
pintor e na sua liberdade. Velázquez .
As Meninas de Velázquez vs. As Meninas
Segundo Velázquez de Picasso

As Meninas Segundo Velázquez de Picasso é uma


apropriação d’ As Meninas de Velázquez?

Questões que se
levantam…

Será eminente uma perda de «aura» d’ As Meninas de


Velázquez?
Apropriação & Aura
• Ao reinterpretar As Meninas, Picasso mostra o seu respeito e a
sua independência do mestre barroco, afirmando o seu lugar na
história.

• Picasso começa com uma grande tela que constitui uma tomada de
posse do quadro: o essencial foi respeitado e só os valores plásticos
estão modificados pelo formato.

• Neste sentido, podemos concluir que se trata de uma


apropriação, sem que, todavia, se trate de uma «perda de aura».

• Para Walter Benjamin a autenticidade de uma obra constitui-se


essencialmente no seu elemento «aqui e agora»
• na sua experiência individual vivida durante um contexto
histórico-sócio-cultural único.
Apropriação & Aura
• Havendo uma tomada de posse do quadro,
cada artista confere à sua obra um carácter de
autenticidade e unicidade

Carácter que reside em cada um dos


artistas dadas as diferenças existentes
na sua concepção de criação de uma
obra de arte…
Ideia que está subjacente a
cada um dos quadros d’ As
Meninas.
Apropriação & Aura
• Em Duchamp há uma • Duchamp deslocava
apropriação efectiva objectos comuns, com ou
do objecto: sem modificações mínimas,
– Escolhe um objecto, para dentro de espaços
criado por outrem, e museológicos
coloca-o num espaço – Um objecto comum é elevado
que lhe confere uma ao estado de dignidade de
significação estética. uma obra de arte pela mera
escolha de um artista (ready
made).

• O ready made é uma forma de escapar a um


“esteticismo puramente retinal”
– Duchamp obriga-nos “também a pensar com os olhos”.
A Relação…

Posto isto, perguntar-nos-emos:

• Será possível estabelecer


uma relação entre as
duas obras de arte?

• E, se o for, quais os
aspectos que apontam
nesse sentido?
Estabelecer a Relação…
• Picasso refere que: • Velázquez:
– Os seus quadros não são – Representa-se com um
mais do que pesquisa e ar pensativo, distante
experimentação. da tela.
– Nunca pinta um quadro – Leva-nos a pensar que
como obra de arte. a criação artística
• Todos são pesquisas. envolve pensamento,
– Em toda a sua pesquisa afirmando-se como um
está um acto racional/de
desenvolvimento lógico. inteligência.
– Pintar é uma questão de
inteligência .
Estabelecer a Relação…
• Velázquez encontra-se num plano privilegiado:

• N’ As Meninas afirma-se o • N’ As Meninas Segundo


valor da arte de criar, bem Velázquez é prestada a
como o sentido de homenagem e
igualdade entre os reconhecimento à figura
Homens . do artista e à sua obra.
Conclusão
• Assim, embora a intenção do autor/artista seja uma e, em princípio, ele
realize uma obra acabada e definida, para o espectador esta é sempre
uma obra em aberto, sujeita à sua interpretação.

• São múltiplas as interpretações que podemos dar a uma obra de arte,


mas não é menos verdade que não são menos as que vários artistas
podem dar a uma mesma realidade e a um mesmo conceito.

• A própria obra de arte opera, no acto de contemplação, com toda uma


série de técnicas e instrumentos que estão na base da sua criação.

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