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Claudia silva 10ºC Nº 9

Aborto: interrupção voluntária da gravidez

Ao longo do tempo, através da evolução da tecnologia e, consequentemente, da


medicina, criou-se uma série de dilemas éticos que são estudados pela filosofia. A
ciência que estuda os problemas morais é denominada bioética e a sua subdivisão é a
ética médica, onde se estuda o aborto. O tema que escolhi abordar neste trabalho é o
aborto devido à alta controvérsia que tem havido, visto que envolve aspetos religiosos,
legais, médicos, socioculturais, políticos, entre outros.

O aborto define-se como a interrupção de uma gravidez de 20 a 22 semanas de


gestação. Os abortos podem ocorrer de 2 formas: aborto espontâneo ou aborto induzido.
Nesta discussão irei apresentar argumentos e contra-argumentos relativamente ao aborto
induzido.

Na discussão filosófica, existem duas posições opostas em que alguns defendem


o direito moral da vida, ou seja, protegem a pró-vida/conservação do feto e outros
defendem a pró-escolha, em que a mulher tem o direito moral sobre o próprio corpo, o
que lhe permite fazer o aborto.

Apesar de haver duas posições opostas, existem opiniões intermediárias em que


alguns acham errado, mas defendem a sua prática em casos específicos (em risco de
morte para a mulher ou feto ou quando a mulher é vítima de violação) até certo estado
de gestação. Existem, também, situações diversas que não se podem prever e que são
diferentes de caso par caso e, por isso, devem ser particularizados e devidamente
avaliados pela equipa de saúde.

Deste modo, considero que o aborto não deveria ser aceite, pois temos que ter
sempre em consideração o direito moral à vida do embrião ou feto, e assim, a proteção à
vida que é um valor superior à escolha da mulher. O contra-argumento encontra-se no
sentido moral do termo, pois a vida do embrião tem que ser protegida, mas não temos a
certeza se o embrião é considerado uma pessoa podendo sentir dor, se tem direito à vida
e se é destituído do direito à vida.

No livro “Ensaio sobre o entendimento humano” (1690), John Locke


(1632-1704) define pessoa como “um ser inteligente, que possui razão e capacidade de
reflexão, e pode considerar a si próprio como uma coisa que pensa, em diferentes
momentos e lugares; que o faz apenas por essa consciência, que é inseparável do
pensamento e que me parece essencial a ele; sendo impossível para qualquer um
perceber sem perceber que percebe”. Assim, sabendo que o feto não possui
autoconsciência, muito menos capacidade de reflexão ou memória, não pode ser
considerado como um indivíduo. No entanto, pacientes em coma ou em estado
vegetativo ou crianças recém-nascidas também não teriam direito à vida pois não
possuem noção de si mesmos.
Claudia silva 10ºC Nº 9

No entanto, uma forma de resolver o problema imposto por John Locke e a sua
definição de pessoa é apelar para a doutrina de Aristóteles da “potência” e “ato”. Na
doutrina de Aristóteles, existe um ser em ato e um ser em potência. Um ser em potência
é um ser que tem a aptidão de realizar algo, enquanto que um ser em ato é um ser que
tem a capacidade de realizar concretamente essa potencialidade. Por exemplo, num caso
em que eu possuo a capacidade de andar (potência), eu ando (ato) se não for impedida
por condições externas. Segundo esta perspetiva, o feto seria um indivíduo em potencial
e, ao realizar o aborto, estaria a travar a vida futura e assim, a potencialidade de o feto
ser uma pessoa. Tendo em conta que o feto dentro da mulher poderá ser uma pessoa no
futuro, estaríamos quase a cometer homicídio porque estaríamos a privar alguém de
viver e de alcançar o seu potencial máximo.

Outra razão pela qual o aborto não deve ser realizado é a saúde da mulher
portadora do feto pois este procedimento médico, sendo contra a natureza, é muito
complexo é pode levar a danos irreversíveis para a mulher como a infertilidade,
perfuração do útero, retenção de restos de placenta, entre outros, segundo Correia,
Monteiro, Cavalcante e Maia (2011), autores de um artigo publicado numa revista de
enfermagem. O risco e a gravidade das complicações anteriormente referidas crescem
com o avanço da gestação.

O contra-argumento está relacionado com o avanço da medicina e que estes


casos podem ser evitados se forem realizados por profissionais treinados, capacitados e
com as condições necessárias para a realização deste tipo de tratamento.

No entanto, estas condições podem não estar disponíveis para toda a população e
por isso o aborto pode ser realizado de maneira incorreta, o que leva a diversos riscos
para a saúde da mulher. Apesar de haver hospitais públicos, os custos são elevados e
consequentemente, a população recorre a métodos ilegais e sem qualquer cuidado
médico. Por exemplo, uma pessoa que não tem recursos económicos e que está num
período de gestação, se quiser realizar um aborto irá recorrer a métodos menos corretos
e assim pôr em risco a sua vida.

Apesar de não concordar com o aborto, considero que cada ocorrência é


diferente e que deve ser avaliado por cada profissional como sendo um caso único.
Podemos ter em conta quando a mãe é sexualmente violada ou quando existe um
elevado risco de vida quer para o feto como para a mulher.

Portanto, o aborto não deve ser realizado uma vez que devemos ter em conta que
o feto é um indivíduo em potencial já que no futuro será uma pessoa com direitos, tendo
em conta que o embrião tem direito à vida. Este procedimento também pode ser um alto
risco para a saúde da mulher.
Claudia silva 10ºC Nº 9

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