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Conseguimos vê-las claramente reunidas já na obra de Auguste Comte, na França do

início do século XIX. Comte, filósofo e panfletista político, hoje mais conhecido por ter
cunhado o termo "sociologia", chegou ao ponto de propor, no fim da vida, uma Religião
da Sociedade, a qual ele chamou de positivismo, em grande parte baseada no
catolicismo medieval, repleta de vestimentas com todos os botões nas costas (de modo
que só pudessem ser abotoadas com a ajuda dos outros). Em sua última obra, que ele
chamou de Catecismo positivista (1852), ele também formulou a primeira teoria
explícita da dívida social. Em determinado momento, alguém pergunta para um
sacerdote do positivismo o que ele pensa da ideia de direitos humanos. O sacerdote
ridiculariza a ideia. Trata-se de um contrassenso, diz ele, um erro nascido do
individualismo. O positivismo admite apenas os deveres. Afinal:

Nós nascemos carregados de obrigações de todo gênero para com os nossos


predecessores, os nossos sucessores e os nossos contemporâneos. Essas obrigações não
fazem senão desenvolver-se ou acumular-se antes que possamos prestar qualquer
serviço. Sobre que fundamento humano poderia, pois, assentar a ideia de direito?

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