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HIDRODINÂMICA DOS MEIOS POROSOS E

FRATURADOS
LEP 1602

Engenharia de Reservatório e de Exploração

LENEP / UENF
Macaé - RJ

Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo


Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
2019

Sumário I
Equações do escoamento em meios porosos
Hipótese do contı́nuo e volume representativo elementar
Conservação da massa e balanço dos componentes
Conservação da energia
Casos particulares
Escoamento monofásico
Escoamento multifásico

Escoamento monofásico em meios porosos


Equação da difusividade hidráulica EDH
Variáveis adimensionais e soluções fundamentais da EDH
Reservatório infinito - Escoamento radial cilı́ndrico
Reservatório circular com pressão constante na fronteira externa
Reservatório circular com fronteira externa selada
Algoritmo de Stehfest para a inversão numérica da transformada de
Laplace
Modelos para efeitos de poço (dano à formação e estocagem)
Princı́pio de superposição
Sumário I
Equações do escoamento em meios porosos
Hipótese do contı́nuo e volume representativo elementar
Conservação da massa e balanço dos componentes
Conservação da energia
Casos particulares
Escoamento monofásico
Escoamento multifásico

Escoamento monofásico em meios porosos


Equação da difusividade hidráulica EDH
Variáveis adimensionais e soluções fundamentais da EDH
Reservatório infinito - Escoamento radial cilı́ndrico
Reservatório circular com pressão constante na fronteira externa
Reservatório circular com fronteira externa selada
Algoritmo de Stehfest para a inversão numérica da transformada de
Laplace
Modelos para efeitos de poço (dano à formação e estocagem)
Princı́pio de superposição

Hipótese do contı́nuo e volume


representativo elementar
Hipótese do contı́nuo

∆V1 > ∆V2 > ∆V3 > · · · > ∆Vn

∆mi
ρi =
∆Vi

Hipótese do contı́nuo

Efeitos Contínuo
ri
moleculares

Não-homogêneo

r
Homogêneo

ri = D mi
D Vi

3
l D V0 L3 D Vi
Hipótese do contı́nuo

Definição da massa especı́fica de um fluido (contı́nuo):

∆mi
ρ (x) = lim ρi = lim ,
∆Vi →∆V0 ∆Vi →∆V0 ∆Vi

onde x é o centroide do volume ∆Vi e ∆V0 é o volume representa-


tivo elementar ou ponto material, no ponto matemático x.

0

ρ (x) = lim0 ρ x
x→x

Definição do comprimento macroscópico caracterı́stico:


ρ
L ∼
∂ρ
∂l

Hipótese do contı́nuo

∂ ρ (x, t) ρ (l + ∆l/2) − ρ (l − ∆l/2)


= lim , λ < ∆l0 < L
∂l ∆l→∆l0 ∆l

Definição do tempo macroscópico caracterı́stico:


ρ
T ∼ ,
∂ρ
∂t

∂ ρ (x, t) ρ (t + ∆t/2) − ρ (t − ∆t/2)


= lim , τ < ∆t0 < T
∂t ∆t→∆t0 ∆t
Hipótese do contı́nuo

O comportamento de um fluido, formado por um número muito


grande de moléculas, não pode ser descrito pela solução simultânea
das equações de movimento para todas as partı́culas, mesmo que
fosse possı́vel determinar as posições e velocidades de todas as
partı́culas num instante.

Na mecânica dos fluidos, o interesse é o comportamento da matéria


numa escala muito maior que a distância media entre suas moléculas,
por isto, a sua estrutura molecular é substituı́da por um modelo
chamado contı́nuo. Um contı́nuo é um meio fictı́cio que preenche
completamente o espaço e cujas propriedades estão bem definidas e
são funções contı́nuas da posição e do tempo.

Hipótese do contı́nuo - Escoamento em meios porosos

No escoamento em meios porosos, é possı́vel, também, encontrar


um volume mı́nimo, que permita a formular a hipótese do contı́nuo.

Este volume deve ser pequeno o suficiente para conter o compri-


mento caracterı́stico da variação de propriedades como a porosidade,
saturação, pressão capilar, etc., e grande o suficiente para conter o
número de poros que permita encontrar um valor médio representa-
tivo destas propriedades.

Este volume é chamado Volume Representativo Elementar (REV)


do meio poroso.
Hipótese do contı́nuo - Escoamento em meios porosos
Ji Efeitos Meio
1.0 microscópicos poroso

Não-homogêneo

J
Homogêneo

Ji = (DVp )i
D Vi

0.0
D V0 D Vi

Conservação da massa e
balanço dos componentes
Equação de balanço de massa

Fase: é uma região no espaço que está separada de outras regiões


por um limite fı́sico definido (interface), cujo comportamento é des-
crito por um conjunto de equações constitutivas.

Equação constitutiva: é uma relação entre propriedades de um


material ou substância, que aproxima a resposta desse material a
estı́mulos externos.

Componente: é qualquer entidade quı́mica identificável. Os com-


ponentes podem ser substâncias puras ou combinações delas. Cada
fase pode conter até Nc componentes.

Meio poroso: é uma porção do espaço ocupada por um número


de fases fluidas, Np , e pelo menos uma sólida (estacionária), para a
qual pode ser encontrado um REV.

Equação de balanço de massa


Definições e Nomenclatura
~Ni
h i
kg
Fluxo mássico do componente i, m2 s

h i
Wi Concentração mássica total do componente i, kg
m3
massa do componente i
Wi = Volume
h i
Ri Taxa volumétrica de geração do componente i, kg
m3 s

h i
kg
ρj Massa especı́fica da fase j, m3

h i
kg
ρs Massa especı́fica da fase sólida, m3

h i
kg
ρ Massa especı́fica total, m3
Equação de balanço de massa
Definições e Nomenclatura
ωij Fração mássica do componente i na fase j
massa do componente i
ωij = massa da fase j

ωis Fração mássica do componente i na fase sólida


massa do componente i
ωis = massa da fase s

ωi Fração mássica total do componente i


Wi
ωi = N
∑k c
Wk

h i
pj Pressão na fase j, kg
m s2

pckn Pressão capilar entre as fases k e n, pckn = pk − pn =


(pk − pj ) + (pj − pn )

Equação de balanço de massa


Definições e Nomenclatura
~uj
m
velocidade de Darcy da fase j, s



k Tensor permeabilidade absoluta, m2
 

h i
ms
λrj Mobilidade relativa da fase j, kg
krj
λrj = µj


→ h
m2
i
Kij Tensor dispersão do componente i na fase j, s

Sj Saturação da fase j
h i
rij Taxa de geração do componente i na fase j, kg
m3 s
Equação de balanço de massa
Definições e Nomenclatura
h i
ris Taxa de geração do componente i na fase sólida, kg
m3 s

φ Porosidade

T Temperatura absoluta, [K]

x Posição, [m]

Nc Número de componentes

Np Número de fases fluidas

ND Dimensões no espaço

Equação de balanço de massa


Operadores diferenciais (V = função vetorial)

Coordenadas
∂ Vx ∂ Vy ∂ Vz
Cartesianas ∇·V = ∂x + ∂y + ∂z
(x, y, z)

Coordenadas
1 ∂ (r Vr ) 1 ∂ Vθ ∂ Vz
Cilı́ndricas ∇·V = r ∂r + r ∂θ + ∂z
(r, θ , z)

Coordenadas
2
Esféricas 1 ∂ (r Vr ) 1 ∂ (sin θ Vθ ) 1 ∂ Vφ
∇·V = r2 ∂r + r sin θ ∂θ + r sin θ ∂ φ
(r, θ , φ )
Equação de balanço de massa
Operadores diferenciais (S = função escalar)

Coordenadas
∂S ∂S ∂S
Cartesianas (∇S)x = ∂x , (∇S)y = ∂y , (∇S)z = ∂z
(x, y, z)

Coordenadas
∂S 1 ∂S ∂S
Cilı́ndricas (∇S)r = ∂r , (∇S)θ = r ∂θ , (∇S)z = ∂z
(r, θ , z)

Coordenadas
∂S 1 ∂S 1 ∂S
Esféricas (∇S)r = ∂r , (∇S)θ = r ∂θ , (∇S)φ = r sin θ ∂ φ
(r, θ , φ )

Equação de balanço de massa


Operadores diferenciais (S = função escalar)

Coordenadas
∂ 2S ∂ 2S ∂ 2S
Cartesianas ∇2 S = ∂ x2
+ ∂ y2
+ ∂ z2
(x, y, z)

Coordenadas  
1 ∂ ∂S 1 ∂ 2S ∂ 2S
Cilı́ndricas ∇2 S = r ∂r r ∂r + r ∂θ2 + ∂ z2
(r, θ , z)

Coordenadas    
1 ∂ ∂S ∂S 1 ∂ 2S
Esféricas ∇2 S = r2 ∂ r
2 2 ∂
r ∂ r + r sin θ ∂ θ sin θ ∂ θ + r2 sin θ ∂ φ 2
2
(r, θ , φ )
Equação de balanço de massa
z
V

A
n

Equação de balanço de massa

Balanço de massa do componente i = 1, ..., Nc no volume V:

Taxa de acúmulo de i dentro de V =

Taxa de entrada de i em V −

Taxa de saı́da de i de V +

Taxa de geração/destruição de i em V
Equação de balanço de massa

Taxa de acúmulo do componente i dentro do volume V:

ˆ  ˆ
∂ ∂ Wi
Wi dV = dV,
∂t V V ∂t

Np
Wi = φ ∑ ρjSjωij + (1 − φ ) ρsωis
j=1

Equação de balanço de massa

Os mecanismos fı́sicos mais importantes que contribuem para o


transporte dos componentes são:

Advecção: é o transporte de uma substância (ou propriedade) pelo


movimento macroscópico.

Difusão: é o transporte de uma substância (ou propriedade) como


consequência das flutuações de velocidade na escala molecular.

Dispersão: é o transporte ocasionado pelas pequenas variações


na velocidade microscópica local, tanto em magnitude quanto em
direção, ao longo das trajetórias tortuosas no meio poroso, que pro-
vocam uma subdivisão contı́nua das partı́culas de fluido. Frequen-
temente é modelada (qualitativamente) como a difusão. Os efeitos
dos dois mecanismos são combinados através do tensor dispersão.
Equação de balanço de massa

Ni

n Ni

Equação de balanço de massa

Taxa lı́quida de transporte do componente i para o volume V:

ˆ ˆ
− n · Ni dA = −
b ∇ · Ni dV,
A V

Np
←→
Ni = ∑ ρj ωij uj − φ ρj Sj Kij ∇ωij
j=1
Equação de balanço de massa

Taxa lı́quida de geração do componente i no volume V:

ˆ
Ri dV,
V

Np
Ri = φ ∑ Sjrij + (1 − φ ) ris
j=1

Equação de balanço de massa

Formulação fraca da equação de transporte do componente i:

ˆ ˆ ˆ
∂ Wi
dV + n · Ni dA −
b Ri dV = 0
V ∂t A V

Formulação forte da equação de transporte do componente i:

ˆ  
∂ Wi
+ ∇ · Ni − Ri dV = 0
V ∂t
Equação de conservação da massa
Equação da continuidade:

∂ Nc Nc Nc
Wi + ∑ ∇ · Ni = ∑ Ri ,
∂t ∑
i i i

Nc Np
ρ ≡ ∑ Wi = φ ∑ ρjSj + (1 − φ ) ρs,
i j

!
Np
∂ρ
+∇· ∑ ρjuj =0
∂t j

Equação de balanço de massa

Equações Nº Eq. Variáveis Nº Var.

∂ Wi
∂t + ∇ · Ni = Ri Nc Wi , Ri , Ni Nc (2 + ND )

N ρj , ρs , Sj , 2Np + 1
Wi = φ ∑j p ρj Sj ωij + (1 − φ ) ρs ωis Nc
ωij , ωis Np Nc + Nc

Np
 ←→ 
Ni = ∑j ρj ωij uj − φ ρj Sj Kij ∇ωij ND Nc uj ND Np

N
Ri = φ ∑j p Sj rij + (1 − φ ) ris Nc rij , ris Np Nc + Nc
Equação de balanço de massa

Equações Nº Eq. Variáveis Nº Var.

←→
uj = −λrj k (∇pj − ρj g) ND Np λrj , pj 2Np

krj
λrj = λrj ({Sk } , {ωij } , uj , x) = Np
µj

ρj = ρj ({ωij } , pj , T) Np

ρs = ρs ({ωis } , p, T) 1

Equação de balanço de massa

Equações Nº Eq. Variáveis Nº Var.

pj − pn = pcjn ({Sk } , {ωik } , x) Np − 1

Np
∑j Sj = 1 1

N
∑i c ωij = 1 Np

 
ωij = ωij {ωik }k6=j , pj , T (Np − 1) Nc
Equação de balanço de massa

Equações Nº Eq. Variáveis Nº Var.

N
∑i c rij = 0 Np

rij = rij ({ωij } , pj , T) (Nc − 1) Np

N
∑i c ris = 0 1

ris = ris ({ωis } , p, T) Nc − 1

Equação de balanço de massa

Equações Nº Eq. Variáveis Nº Var.

ωis = ωis ({ωij } , p, T) Nc

4Nc + 4Np 4Nc + 4Np


Total de equações Total de
+ 2Np Nc + 2Np Nc
independentes variáveis
+ ND (Nc + Np ) + ND (Nc + Np )
Conservação da energia

Equação de conservação energia


Definições e Nomenclatura
h i
m2
Uj Energia interna especı́fica da fase j, s2

h i
m2
Us Energia interna especı́fica da matriz sólida, s2

h i
m2
Hj Entalpia especı́fica da fase j, s2

vj
m
Velocidade da fase j, s

h i
g Aceleração gravitacional, m
s2
g = g∇Dz
h i
kg m
κt Condutividade térmica total, s3 K
Equação de conservação energia
Definições e Nomenclatura
h i
m2
Uij Energia interna parcial especı́fica de i em j, s2

h i
m2
Hj Entalpia parcial especı́fica de i em j, s2

Dz Distância abaixo de um plano horizontal de


referência, [m]

h i
kg m2
Ẇp Taxa de trabalho feito sobre o sistema pela pressão, s3

ẆG Taxa de trabalho


h feito i sobre o sistema, contra a força
2
gravitacional, kgsm
3

Equação de conservação da energia

Balanço de energia no volume V:

Taxa de acúmulo de energia dentro de V =

Taxa lı́quida de transporte de energia para V

+ Taxa de calor transferido para V

+ Taxa de trabalho realizado sobre V


Equação de conservação da energia

Taxa de acúmulo de energia dentro do volume V:

ˆ " Np
# !
∂ 1
ρU + ∑ ρj vj · vj dV =
∂t V 2 j
ˆ Np
!
∂ 1
ρU + ∑ ρj vj · vj dV,
V ∂t 2 j

Np
ρU = φ ∑ ρjSjUj + (1 − φ ) ρsUs
j=1

Equação de conservação da energia

Taxa lı́quida de transporte de energia para o volume V:

ˆ ˆ
− n · E dA = −
b ∇ · E dV,
A V

E = Einterna + Ecinética ,

Np  
1 
E = ∑ ρj uj Uj + vj · vj
j=1 2
Equação de conservação da energia

Taxa lı́quida de calor transferido para o volume V:

ˆ  
Q̇ = − n · qcondução + qradiação dA ,
b
A

ˆ ˆ
− n · qcondução dA = −
b ∇ · qcondução dV,
A V

qcondução = −κt ∇T

Equação de conservação da energia

Taxa lı́quida de trabalho realizado sobre o volume V:

ˆ Np ˆ Np
Ẇp + ẆG = − ∑ n · uj dA −
pjb ∑ ρj uj · g dV =
A j V j

ˆ Np ˆ Np

− ∑ ∇· pj uj dV − ∑ ρj uj · g dV
V j V j
Equação de conservação da energia

!
Np
∂ 1
ρU + ∑ ρj vj · vj
∂t 2 j

!
Np  
1 
+ ∇ · ∑ ρj uj Uj + vj · vj − κt ∇T
j=1 2

Np
 
+∑ ∇ · pj uj + ρj uj · g = 0
j

Equação de conservação da energia

!
Np
∂ 1
ρU + ∑ ρj vj · vj
∂t 2 j

!
Np  
pj 1 
+ ∇ · ∑ ρj uj Uj + + vj · vj − κt ∇T
j=1 ρj 2

Np
+ ∑ ρj uj · g = 0
j
Equação de conservação da energia
Entalpia da fase j:
pj
Hj = Uj +
ρj
Trabalho da força de corpo:

Np Np
∑ ρjuj · g = g ∑ ρjuj · ∇Dz
j=1 j=1
Np
= g ∑ [∇ · (ρj uj Dz ) − Dz ∇ · (ρj uj )] ,
j=1

Np
!
∂ρ ∂ ρgDz
−gDz ∇ · ∑ ρjuj = gDz =
j=1 ∂t ∂t

Equação de conservação da energia

!
Np
∂ 1
ρU + ∑ ρj vj · vj + ρgDz
∂t 2 j

" #
Np
1 
+ ∇ · ∑ ρj uj Hj + vj · vj + gDz
j=1 2

− ∇ · (κt ∇T) = 0
Equação de conservação da energia
Equações Nº Eq. Variáveis Nº Var.
 
∂ 1 Np
∂t ρ (U + gDz ) + 2 ∑j ρj vj · vj
 
Np 1 1 U, Hj , T Np + 2
+ ∇ · ∑j ρj uj Hj + 2 vj · vj + gDz

− ∇ · (κt ∇T) = 0

N
ρU = φ ∑j p ρj Sj Uj + (1 − φ ) ρs Us 1 Uj , Us Np + 1

Uj = ∑Ni c ωij Uij Np Uij Nc Np

Us = ∑Ni c ωis Uis 1 Uis Nc

Equação de conservação da energia


Equações Nº Eq. Variáveis Nº Var.

Hj = ∑Ni c ωij Hij Np Hij Nc Np

 
Uij = Uij ωij , pj , T Nc Np

 
Uis = Uis ωij , p, T Nc

 
Hij = Hij ωij , pj , T Nc Np

Total de equações Total de


 
2 Nc Np + 2Np 2 Nc Np + 2Np
independentes + Nc + 3 variáveis + Nc + 3
Casos particulares

Escoamento monofásico

Escoamento monofásico sem dispersão, adsorção ou reações


quı́micas:

Np = 1, ωis = 0, rij = 0, ris = 0


(φ ρ1 ωi1 ) + ∇ · (ρ1 u1 ωi1 ) = 0, i = 1, . . . Nc ,
∂t
 
∂ ρ1 ←

(φ ρ1 ) − ∇ · k (∇p1 − ρ1 g) = 0
∂t µ1
Escoamento monofásico

Escoamento monofásico sem dispersão, adsorção ou reações


quı́micas:

ρ = φ ρ1 + (1 − φ ) ρs , ρU = φ ρ1 U1 + (1 − φ ) ρs Us

 
∂ 1
∂t ρU + ρgDz + 2 ρ1 v1 · v1

 
+ ∇ · ρ1 u1 H1 + 21 v1 · v1 + gDz


−∇ · (κt ∇T) = 0

Escoamento multifásico (isotérmico) - Modelo β


Hipóteses do modelo β (Black oil):
I Os fluidos do reservatório estão compostos por três pseudo -
componentes, que correspondem ao óleo do tanque, ao gás na
superfı́cie, na condição padrão, e à água (imiscı́vel).
I O gás livre do reservatório não produz lı́quidos quando trazido
para a superfı́cie.
I O gás liberado do óleo do reservatório tem as mesmas proprie-
dades do gás livre do reservatório.
I As propriedades do óleo do tanque e do gás de superfı́cie não
se alteram durante a produção do reservatório.

Usualmente, reservatórios com RGO inicial inferior a 135 m3 /m3 ou


que produzam a uma pressão maior do que a de bolha, durante a
maior parte da sua vida produtiva, podem ser tratados adequada-
mente com a formulação β .
Escoamento multifásico (isotérmico) - Modelo β
Propriedades PVT:
Componentes i = w, o, g e fases j = w, o, g. Com excepção de:
ωww = 1, ωgg = 1, ωoo > 0, ωgo > 0, as frações mássicas são
nulas.

VwRC ρwSTC
Bw = STC , Bw = RC ,
Vw ρw

VoRC ρoSTC (moo + mgo ) ρoSTC 1


Bo = STC , Bo = RC = RC ,
Vo ρo moo ρo ωoo

VgRC ρgSTC
Bg = STC , Bg = RC ,
Vg ρg
STC
Vgd ρoSTC mgo ρoSTC ωgo
Rs = , Rs = STC =
VoSTC ρg moo ρgSTC ωoo

Escoamento multifásico (isotérmico) - Modelo β


Variáveis po , Sw e Sg (rij = 0, ris = 0):

   
∂ Sw krw ←→
φ −∇· k ∇po − ∇pcow − ρw g = 0,
∂t Bw µw Bw

   
∂ (1 − Sg − Sw ) kro ←→
φ −∇· k ∇po − ρo g = 0,
∂t Bo µo Bo

    
∂ Rs (1 − Sg − Sw ) Sg Rs kro ←
→
φ + −∇· k ∇po − ρo g
∂t Bo Bg µo Bo
 
krg ←→
− ∇· k ∇po + ∇pcgo − ρg g = 0
µg Bg
Sumário I
Equações do escoamento em meios porosos
Hipótese do contı́nuo e volume representativo elementar
Conservação da massa e balanço dos componentes
Conservação da energia
Casos particulares
Escoamento monofásico
Escoamento multifásico

Escoamento monofásico em meios porosos


Equação da difusividade hidráulica EDH
Variáveis adimensionais e soluções fundamentais da EDH
Reservatório infinito - Escoamento radial cilı́ndrico
Reservatório circular com pressão constante na fronteira externa
Reservatório circular com fronteira externa selada
Algoritmo de Stehfest para a inversão numérica da transformada de
Laplace
Modelos para efeitos de poço (dano à formação e estocagem)
Princı́pio de superposição

Equação da difusividade
hidráulica EDH
Introdução

Embora o caso geral seja o de escoamento multidimensional, mul-


tifásico, multicomponente, em sistemas heterogêneos, de geometria
complexa, muitas aplicações importantes em engenharia de reser-
vatórios envolvem situações nas quais o escoamento pode ser consi-
derado como unidimensional, monofásico, num sistema homogêneo.

Estas aplicações são baseadas em um modelo que inclui hipóteses


simplificadoras sobre o poço e o reservatório. As simplificações per-
mitem escrever uma equação diferencial parcial linear, cujas soluções
podem ser encontradas por métodos analı́ticos.

Esta equação é conhecida como Equação da Difusividade Hidráulica.

Equação da difusividade hidráulica

Hipóteses para fluidos ligeiramente compressı́veis (água, óleo


convencional):

I Meio poroso homogêneo e isotrópico (kx = ky = kz = k = cte)


I Escoamento horizontal (sem efeitos gravitacionais)
I Escoamento monofásico, isotérmico ( p > pb , ρ = ρ (p) )
I Pequenos gradientes de pressão
I Fluido de compressibilidade baixa e constante

ρ = ρ0 ec(p−p0 ) ≈ ρ0 [1 + c (p − p0 )]
I Fluido de viscosidade constante
I Rocha com compressibilidade efetiva baixa e constante
I Fluido e rocha inertes
Equação da difusividade hidráulica
Equação do escoamento monofásico, sem dispersão, adsorção ou
reações quı́micas:
 
∂ ρφ k
= ∇ · ρ (∇p − ρg)
∂t µ

A derivada temporal pode ser escrita em termos da pressão, empre-


gando as definições das compressibilidades do fluido e da formação:

1 ∂V 1 ∂ρ 1 ∂φ
c=− = , cf = ,
V ∂p ρ ∂p φ ∂p

∂ ρφ  ∂p ∂p
= ρφ c + cf = ρφ ct
∂t ∂t ∂t

Equação da difusividade hidráulica

A derivada espacial pode ser simplificada empregando a regra da


cadeia:
 
k k
∇ · ρ ∇p = (ρ∇ · (∇p) + (∇p) · (∇ρ)) ,
µ µ
∂ρ
∇ρ = ∇p, ∇ρ = ρc∇p
∂p
≈0
" #
∂p k 2
*
2

ρφ ct =ρ ∇ p +
c (∇p)

∂t µ

Assim,
φ µct ∂ p
= ∇2 p
k ∂t
Equação da difusividade hidráulica
Duas fases imiscı́veis, ligeiramente compressı́veis, com ape-
nas uma fase móvel

Equações de conservação da massa:

   
1 ∂ (ρo So φ )  ∂ p ∂ So 1 ko
= φ So cf + So co + = ∇ · ρo ∇p
ρo ∂t ∂t ∂t ρo µo

 
1 ∂ (ρw Sw φ )  ∂ p ∂ Sw
= φ Sw cf + Sw cw + = 0
ρw ∂t ∂t ∂t

∂ Sw
Somando as equações, e substituindo So + Sw = 1 e ∂t = − ∂∂Sto ,

 
∂p ko
ρo φ ct = ∇ · ρo ∇p , ct = So co + Sw cw + cf
∂t µo

Equação da difusividade hidráulica


Equação da difusividade hidráulica EDH
1 ∂p k
= ∇2 p, η=
η ∂t φ µct
I Coordenadas cartesianas

2 ∂ 2p ∂ 2p ∂ 2p
∇ p= 2 + 2 + 2
∂x ∂y ∂z
I Coordenadas cilı́ndricas
1 ∂ 2p ∂ 2p
 
2 1 ∂ ∂ p
∇ p= r + 2 2+ 2
r ∂r ∂r r ∂θ ∂z
I Coordenadas esféricas
2p
   
1 ∂ ∂ p 1 ∂ 1 ∂ ∂ p
∇2 p = 2 r2 + + sin ϕ
r ∂r ∂r r2 sin2 ϕ ∂ θ 2 r2 sin ϕ ∂ ϕ ∂ϕ
Equação da difusividade hidráulica
Condições iniciais e de contorno (coordenadas cilı́ndricas)

I Condição inicial
p (r, t ≤ 0) = pi
I Condição de contorno externa para reservatório infinito

lim p (r, t) = pi
r→∞

I Condição de contorno externa para reservatório selado



∂ p
=0
∂ r re

I Condição de contorno externa com pressão constante

p (r = re , t) = pi

Equação da difusividade hidráulica

Condições iniciais e de contorno (coordenadas cilı́ndricas)

I Condição de contorno interna de produção com vazão cons-


tante (qsc > 0, por convenção). Usualmente, rint = rw .

qsc B k ∂p ∂ p qsc Bµ
−vr = = ⇒ = , t>0

r = rint 2πhrint µ ∂ r r = rint ∂ r r = rint 2πkhrint

I Condição de contorno interna de pressão constante

p (r = rint , t) = pint , t>0


Equação da difusividade hidráulica

Formulação em termos da pseudopressão

Para fluidos cujas propriedades são funções (genéricas) da pressão, é


possı́vel escrever uma equação aproximadamente linearizada, similar
à equação para fluidos ligeiramente compressı́veis, como função da
pseudopressão, definida como:

ˆ p
ρ (p0 ) 0 dm (p) ρ
m (p) = dp , = ,
po µ (p0 ) dp µ

∂ m (p) dm (p) ∂ p dm (p)


= , ∇m (p) = ∇p
∂t dp ∂ t dp

Equação da difusividade hidráulica

Formulação em termos da pseudopressão

∂ ρφ  ∂p ∂p ∂m
= ρφ c (p) + cf = ρφ ct (p) = φ ct (p) µ (p) ,
∂t ∂t ∂t ∂t

 
k ρ
η (p) = , ∇· ∇p = ∇2 m,
φ ct (p) µ (p) µ

1 ∂m
= ∇2 m
η (p) ∂ t
Variáveis adimensionais e
soluções fundamentais da EDH

Equação da difusividade hidráulica


Variáveis adimensionais
I A formulação matemática na forma adimensional é um recur-
so utilizado com frequência na literatura técnica.
I Para este fim as variáveis do problema devem ser adimensiona-
lizadas, usando propriedades caracterı́sticas do sistema.
I Geralmente, a distância adimensional é definida tendo como
referência a geometria do sistema, o tempo adimensional é de-
terminado pela EDH, enquanto a forma da pressão adimensio-
nal depende da condição de contorno interna.
I Vantagens:
I A solução adimensional é válida para qualquer conjunto de
propriedades de rocha e fluido (e não só para um conjunto de
dados particular)
I Determinação dos grupos de parâmetros que controlam o
comportamento do sistema
Equação da difusividade hidráulica
Variáveis adimensionais

ANP (Petrobras) Oilfield


Comprimento m ft
Compressibilidade (kgf /cm2 )−1 psi−1
m3 bbl
Coeficiente de Estocagem (kgf /cm2 ) psi
Tempo h h
Permeabilidade md md
Pressão kgf /cm2 psi
Viscosidade cp cp
Vazão de Óleo m3 /d bbl/d
C1 0, 0003484 0, 0002637
C2 19, 03 141, 2
C3 1/(2π) 0, 8936
C3 / (C1 C2 ) 24 24

Equação da difusividade hidráulica

Variáveis adimensionais (escoamento radial, horizontal)

I Comprimento adimensional
r
rD = ,
rw
I Tempo adimensional
C1 kt
tD = ,
φ µct rw2
I Queda de pressão adimensional
kh pi − p
pD = (pi − p) ou pD =
C2 qBµ pi − pwf
Equação da difusividade hidráulica
Variáveis adimensionais
As constantes C1 e C2 são os fatores de conversão de unidades que
permitem a adimensionalização das variáveis, no sistema selecio-
nado.
I C1 converte φ µck r2 em uma grandeza com as unidades do
t w
inverso do tempo:
permeabilidade → comprimento2
 
C1 =
[viscosidade → pressão × tempo]

qBµ
I C2 converte 2πkh em uma grandeza com as unidades da
pressão:
h i
comprimento3
vazão → tempo [viscosidade → pressão × tempo]
C2 =
2π [permeabilidade → comprimento2 ]

Equação da difusividade hidráulica


Equação da difusividade hidráulica adimensional (escoamento
radial, horizontal)
 
1 ∂ ∂ pD ∂ pD
rD =
rD ∂ rD ∂ rD ∂ tD
I Condição inicial
pD (rD , tD = 0) = 0
I Condição de contorno interna de vazão constante

∂ pD
rD = −1, tD > 0
∂ rD rD = 1

I Condição de contorno interna de pressão constante

pD (rD = 1, tD ) = 1, tD > 0
Equação da difusividade hidráulica
Equação da difusividade hidráulica adimensional (escoamento
radial, horizontal)

I Condição de contorno externa para reservatório infinito

lim pD (rD , tD ) = 0
rD →∞

I Condição de contorno externa para reservatório selado



∂ pD
=0
∂ rD rD = reD

I Condição de contorno externa de pressão constante

pD (rD = reD , tD ) = 0

Equação da difusividade hidráulica


Variáveis adimensionais (escoamento linear, horizontal)

I Comprimento adimensional
x
xD = ,
xref
I Tempo adimensional
C1 kt
tD = 2
,
φ µct xref

I Queda de pressão adimensional


k Aw pi − p
pD = (pi − p) ou pD =
C2 qBµ 2πxref pi − pwf
Equação da difusividade hidráulica
Equação da difusividade hidráulica adimensional (escoamento
linear, horizontal)

∂ 2 pD ∂ pD
2
=
∂ xD ∂ tD

I Condição inicial
pD (xD , tD = 0) = 0

I Condição de contorno interna (vazão constante ou pressão


constante)

∂ pD
= −1 ou pD (xD = 0, tD ) = 1
∂ xD xD = 0

Equação da difusividade hidráulica


Equação da difusividade hidráulica adimensional (escoamento
linear, horizontal)

I Condição de contorno externa para reservatório infinito

lim pD (xD , tD ) = 0
xD →∞

I Condição de contorno externa para reservatório selado



∂ pD
=0
∂ xD xD = xeD

I Condição de contorno externa de pressão constante

pD (xD = xeD , tD ) = 0
Equação da difusividade hidráulica

Variáveis adimensionais (escoamento radial esférico)

I Comprimento adimensional
r
rD = ,
rsw
I Tempo adimensional
C1 kt
tD = 2
,
φ µct rsw
I Queda de pressão adimensional

k (2rsw ) pi − p
pD = (pi − p) ou pD =
C2 qBµ pi − pwf

Equação da difusividade hidráulica


Equação da difusividade hidráulica adimensional (escoamento
radial esférico)

∂ 2 pD 2 ∂ pD ∂ pD
2
+ =
∂ rD rD ∂ rD ∂ tD

I Condição inicial
pD (rD , tD = 0) = 0

I Condição de contorno interna (vazão constante ou pressão


constante)

2 ∂ pD
rD = −1 ou pD (rD = 1, tD ) = 1
∂ rD rD = 1
Equação da difusividade hidráulica
Equação da difusividade hidráulica adimensional (escoamento
radial esférico)

I Condição de contorno externa para reservatório infinito

lim pD (rD , tD ) = 0
rD →∞

I Condição de contorno externa para reservatório selado



∂ pD
=0
∂ rD rD = reD
I Condição de contorno externa com pressão constante

pD (rD = reD , tD ) = 0

Equação da difusividade hidráulica


Regimes de fluxo:

I Regime permanente (manutenção da pressão: capa de gás,


influxo de água)
∂p
=0
∂t
I Regime pseudopermanente (reservatórios fechados)

∂p
= constante
∂t
I Regime transiente (observado antes do efeito dominante das
fronteiras)

∂p
= f (propriedades do sistema, x, t)
∂t
Reservatório homogêneo infinito

Principais hipóteses e simplificações


I Reservatório homogêneo e isotrópico, de espessura h
constante, aberta para produção
I Reservatório com grande extensão, inicialmente em equilı́brio
I Fronteira interna com vazão de produção constante q
 
1 ∂ ∂ pD ∂ pD
rD =
rD ∂ rD ∂ rD ∂ tD

Condições iniciais e de contorno


I C.I.: pD (rD , tD = 0) = 0
I C.C.E. : limrD →∞ pD (rD , tD ) = 0
   
∂ pD ∂ pD
I C.C.I.: rD ∂ rD = −1 ou limrD →0 rD ∂ rD = −1
rD =1

Transformada de Laplace

Transformada de Laplace
ˆ ∞
L {f (x, t)} = f (x, u) = e−ut f (x, t) dt
0
Transformada de Laplace inversa
ˆ c−i∞
1
L −1 f (x, u) = f (x, t) = eut f (x, u) du

2πi c+i∞

I Transformada de uma derivada temporal


 
∂ f (x, t)
L = uf (x, u) − f (x, t = 0)
∂t
I Transformada de uma derivada
 
∂ f (x, t) ∂ f (x, u)
L =
∂x ∂x
Transformada de Laplace
f (t) f (u)

1
1 u

1
t u2

1
−γ − ln t, γ = 0, 57721566... u ln u

e−at 1
u+a

1 − x4t
2 √
2t e K0 (x u) , x>0

ˆ ∞ √
u( 2 −1) Kν (x u)
ν
x−ν 2(ν−1) e−u u(ν−1) du
x2
4t

Transformada de Laplace
f (t) f (u)
q 2   √
t − x4t x e−(x u)
2 πe − x erfc √
2 t
√ ,
u u
x≥0


x
 2

x
√ −(x u)
ae√

erfc √
2 t
− eax ea t erfc √
2 t
+a t u( u+a)
, x≥0

(1) Abramowitz and Stegun (1972), Handbook of Mathematical Functions With Formulas, Graphs, and Mathematical
Tables, NBS, Tenth Printing
(2) Churchill (1972), Operational Mathematics, McGraw-Hill, 3rd Edition
(3) Oberhettinger and Badii (1973), Tables of Laplace Transforms, Spinger-Verlag
Equação de Bessel modificada

A Equação de Bessel modificada de ordem α é a equação diferencial


ordinária

d2 y
2 dy 2 2

x + x − x + α y = 0,
dx2 dx

cuja solução geral é

y = AIα (x) + BKα (x) ,

onde A e B são constantes, a serem determinadas a partir das


condições de contorno, e Iα (x) e Kα (x) são as funções de Bessel
modificadas de ordem α, de primeira e segunda espécie, respectiva-
mente.

Abramowitz and Stegun (1972), Handbook of Mathematical Functions With Formulas, Graphs, and Mathematical
Tables, NBS, Tenth Printing

Funções de Bessel modificadas


6

5
I0(x) I1(x)

K0(x)
2
K1(x)

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
x
Funções de Bessel modificadas
Relações de recorrência:


Iα (x) = Iα−1 (x) − Iα+1 (x) ,
x

Kα (x) = −Kα−1 (x) + Kα+1 (x)
x
Derivadas:

dI0 (x) dK0 (x)


= I1 (x) , = −K1 (x) ,
dx dx
dIα (x) (Iα−1 (x) + Iα+1 (x)) α
= = Iα±1 (x) ± Iα (x) ,
dx 2 x

dKα (x) (Kα−1 (x) + Kα+1 (x)) α


=− = −Kα±1 (x) ± Kα (x)
dx 2 x

Funções de Bessel modificadas


Expansão assimptótica para grandes argumentos:
!
2 2
 
e x 2
4α − 1 4α − 1 4α − 9
Iα (x) ∼ √ 1− + −··· ,
2πx 8x 2! (8x)2
!
4α 2 − 1 4α 2 − 9
 
4α 2 − 1
r
π −x
Kα (x) ∼ e 1+ + +··· .
2x 8x 2! (8x)2

Aproximações para pequenos argumentos (α ∈ N):

1  x α
Iα (x) ∼ ,
α! 2

x


− ln 2 − γ, se α = 0,
Kα (x) ∼
 (α−1)!
 2 α

2 x , se α > 0.
Reservatório homogêneo infinito - Linha fonte
Transformada de Laplace da EDH

d 2 pD 1 dpD  :0

2
+ = upD − pD
(rD , tD = 0)
 
drD rD drD  


Empregando a substituição z = rD u, obtém-se a equação de Bessel
modificada de ordem zero

d2 pD 1 dpD d 2 pD
2 dpD
+ − pD = 0 ou z + z − z2 pD = 0,
dz2 z dz dz 2 dz
sujeita às condições de contorno

 
dpD 1
C.C.I. : lim rD =− , C.C.E. : lim pD (rD , u) = 0
rD →0 drD u rD →∞

Reservatório homogêneo infinito - Linha fonte


A solução geral da equação de Bessel modificada, que resulta de
aplicar a transformada de Laplace na EDH, é:

pD (z) = AI0 (z) + BK0 (z) .


A partir da C.C.E.
lim p (z) = 0,
z→∞ D

concluı́mos que A = 0, já que limz→∞ I0 (z) = ∞.

A partir da C.C.I.
   
dpD dK0 (z) 1
lim z = B lim z = −B lim (zK1 (z)) = − ,
z→0 dz z→0 dz z→0 u

obtemos B = 1u , dado que


dK0 (z)
= −K1 (z) e lim (zK1 (z)) = 1.
dz z→0
Reservatório homogêneo infinito - Linha fonte
A solução no campo de Laplace
1 √ 
pD = K0 rD u
u

pode ser invertida analiticamente, para obter a Solução da Linha


Fonte
 2 
1 r
pD (rD , tD ) = − Ei − D ,
2 4tD

onde Ei é a função Integral Exponencial:

ˆ ∞ −ξ
e
−Ei (−x) = E1 (x) = dξ , para x > 0
x ξ

Reservatório homogêneo infinito - Linha fonte


Função Integral Exponencial
1
10

0
10

−1
10

−2
10
−Ei(−x)

−3
10

−4
10

−5
10

−6
10 −3 −2 −1 0 1
10 10 10 10 10
x
Reservatório homogêneo infinito - Linha fonte

Valores da Função Integral Exponencial [−Ei (−x)]

−Ei (−x) , 0, 00 < x < 0, 209 incremento = 0, 001


x 0 1 2 3 4 ··· 8 9
0,00 +∞ 6,332 5,639 5,235 4,948 · · · 4,259 4,142
0,01 4,038 3,944 3,858 3,779 3,705 · · · 3,458 3,405
0,02 3,355 3,307 3,261 3,218 3,176 · · · 3,026 2,992
0,03 2,959 2,927 2,897 2,867 2,838 · · · 2,731 2,706
..
.
0,10 1,823 1,814 1,805 1,796 1,788 ··· 1,754 1,745
0,11 1,737 1,729 1,721 1,713 1,705 ··· 1,674 1,667
..
.
0,19 1,265 1,261 1,256 1,252 1,248 ··· 1,231 1,227
0,20 1,223 1,219 1,215 1,210 1,206 ··· 1,191 1,187

Reservatório homogêneo infinito - Linha fonte


Valores da Função Integral Exponencial [−Ei (−x)]

−Ei (−x) , 2, 0 < x < 10, 9 incremento = 0, 1


x 0 1 2 3 ··· 8 9
2 4,89E-2 4,26E-2 3,72E-2 3,25E-2 · · · 1,69E-2 1,48E-2
..
.
9 1,24E-5 1,11E-5 9,99E-6 8,95E-6 ··· 5,17E-6 4,64E-6
10 4,16E-6 3,73E-6 3,34E-6 3,00E-6 ··· 1,74E-6 1,56E-6

−Ei (−x) ≈ 0, para x ≥ 11, 0

Aproximação logarı́tmica:

−Ei (−x) ≈ − ln x − γ, para x ≤ 0, 025


Constante de Euler-Mascheroni γ = 0, 57721566...
Reservatório homogêneo infinito - Linha fonte
Aproximação no poço para tempos curtos e longos
Tempos longos u ∼ 0 e tempos curtos u → ∞

pwD

e -utD

tD

Reservatório homogêneo infinito - Linha fonte


Aproximação no poço para tempos longos (u ∼ 0):
Para pequenos argumentos da função de Bessel
 γ 
e
K0 (z) ≈ − ln z ,
2

então
e √
 γ   γ
1 1 e 1
pwD ≈ − ln u = − ln − ln (u) .
u 2 u 2 2u

A transformada inversa da aproximação anterior é


 
1 4tD
pwD (tD ) = ln ,
2 eγ

que coincide com a aproximação logarı́tmica da solução integral ex-


ponencial.
Reservatório homogêneo infinito - Fronteira cilı́ndrica

A transformada de Laplace da EDH para o caso de fronteira interna


cilı́ndrica é também a equação de Bessel modificada de ordem zero

d2 pD 1 dpD
+ − pD = 0,
dz2 z dz

cuja solução geral é

pD (z) = AI0 (z) + BK0 (z) ,

sujeita às condições de contorno

 
dpD 1
C.C.I. : rD =− , C.C.E. : lim pD (rD , u) = 0
drD rD =1 u rD →∞

Reservatório homogêneo infinito - Fronteira cilı́ndrica

A partir da C.C.E.

lim p (z) = 0,
z→∞ D

concluı́mos que A = 0, já que limz→∞ I0 (z) = ∞.

De forma análoga, a partir da C.C.I.

√ √ 
   
dpD dK0 (z) 1
z = B z = −B uK 1 u = − ,
dz z=√u dz √
z= u u
1
obtemos B = 3 √ e
u 2 K1 ( u)

K0 (rD u)
pD = 3 √ .
u 2 K1 ( u)
A.F. Van Everdingen and W. Hurst, The Application of the Laplace Transformation to Flow Problems in
Reservoirs, SPE-949305-G, 1949
Reservatório homogêneo infinito - Fronteira cilı́ndrica

A solução no espaço real pD (rD , tD ) é determinada pela inversão da


sua transformada de Laplace pD (rD , u).

Em alguns casos, a inversão analı́tica, embora possı́vel, é extrema-


mente complexa e as expressões para pD (rD , tD ) podem ser muito
complicadas.

Para situações como esta, empregam-se algoritmos de inversão,


como o desenvolvido por Stehfest (1970), de uso comum na análise
de testes de pressão, através do qual a inversão pode ser levada a
cabo numericamente, para valores especı́ficos do tempo.

Além disso, soluções no espaço real, apropriadas para alguns regimes


de fluxo, podem ser encontradas empregando as aproximações para
tempos longos e curtos.

Reservatório homogêneo infinito - Fronteira cilı́ndrica


Aproximação no poço para tempos longos (u ∼ 0):
Para pequenos argumentos da função de Bessel
 γ 
e
K0 (z) ≈ − ln z e lim zK1 (z) = 1,
2 z→0

então √
e √
 γ 
1 K0 ( u) 1
pwD = √ √ ≈ − ln u .
uK1 ( u) u u 2

A transformada inversa da aproximação anterior é a aproximação


logarı́tmica da solução da linha fonte

 
1 4tD
pwD (tD ) = ln .
2 eγ
Reservatório homogêneo infinito - Soluções
1
10

Solução da linha fonte

0
10
D
p

1
10
rD = 1

1.25 1.5 2 3 5 20
2
10 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
t D/r 2D

Mueller and Witherspoon, Pressure Interference Effects Within Reservoirs and Aquifers, SPE 1020-PA, 1965

Reservatório homogêneo infinito - Soluções


A solução da linha fonte é uma boa aproximação† da solução para
poço cilı́ndrico quando
tD
2
> 50, para qualquer valor de rD ,
rD
ou
tD
2
> 0, 5, se rD > 20.
rD

Por sua vez, a aproximação logarı́tmica é uma boa aproximação da


solução da linha fonte quando
2
rD tD
< 0, 025 ou 2
> 10.
4tD rD

† Com erro < 1%


Reservatório homogêneo infinito - Soluções
Vazão, para qualquer posição e tempo:

q (r, t) B k ∂ ∆p
=− ,
2πrh µ ∂r

ou, usando as variáveis adimensionais,

q (r, t) B ∂ pD
qD (rD , tD ) = = −rD .
qB ∂ rD

Para fronteira interna cilı́ndrica, no espaço de Laplace:

√ √
dpD 1 rD u K1 (rD u)
qD (rD , u) = −rD = √ √ .
drD u uK1 ( u)

Reservatório homogêneo infinito - Soluções


1

−1

−2
−pD

−3

−4

−5
tD = 10−1 − 105
−6 Poço cilíndrico
Linha fonte
Aproximação logarítmica
−7 0 1 2 3
10 10 10 10
r
D
Reservatório homogêneo infinito - Soluções
1.2
Poço cilíndrico
Linha fonte
1 −1 5
tD = 10 − 10

0.8

0.6
qD

0.4

0.2

−0.2 0 1 2 3
10 10 10 10
rD

Reservatório homogêneo infinito - Poço cilı́ndrico


t = 5 × 104
D

−1

−2
- pD

−3

−4

−5

−6
1000
900
800
1000
700 800
600 600
500 400
200
400 0
yD 300 −200
200 −400 x
D
−600
100
−800
0 −1000
Reservatório com manutenção da pressão
Principais hipóteses e simplificações
I Reservatório cilı́ndrico, homogêneo e isotrópico, de espessura
h constante, aberta para produção
I Reservatório com pressão constante pi na fronteira externa
(manutenção da pressão)
I Poço vertical, no centro, com vazão de produção constante q
 
1 ∂ ∂ pD ∂ pD
rD =
rD ∂ rD ∂ rD ∂ tD

Condições iniciais e de contorno


I C.I.: pD (rD , tD = 0) = 0
I C.C.E. : pD (rD = reD , tD ) = 0
   
∂ pD ∂ pD
I C.C.I.: rD ∂ rD = −1 ou limrD →0 rD ∂ rD = −1
rD =1

Reservatório com manutenção da pressão

Transformada de Laplace da EDH

d2 pD 1 dpD
+ − pD = 0,
dz2 z dz
sujeita às condições de contorno (poço cilı́ndrico)

 
dpD 1
C.C.I. : rD =− , C.C.E. : pD (rD = reD , u) = 0
drD rD =1 u

Solução
√ √ √ √
I0 (reD u) K0 (rD u) − K0 (reD u) I0 (rD u)
pD = h √ √ √ √ i
u3/2 I1 ( u) K0 (reD u) + K1 ( u) I0 (reD u)

A.F. Van Everdingen and W. Hurst, The Application of the Laplace Transformation to Flow Problems in
Reservoirs, SPE-949305-G, 1949
Reservatório com manutenção da pressão
1

−1

−2
−pD

−3

−4

−5

1 2 3 4 5 5
−6 tD = 10 , 10 , 10 , 10 , 10 , 5×10

−7 0 1 2 3
10 10 10 10
rD

Reservatório com manutenção da pressão


1.2

0.8

0.6
qD

0.4

0.2

tD = 101, 102, 103, 104, 105, 5×105

−0.2 0 1 2 3
10 10 10 10
r
D
Reservatório com manutenção da pressão
8.5
reD → ∞
8 reD = 100, 250, 500, 1000, 2000, 3000

7.5

6.5
pwD

5.5

4.5

3.5 3 4 5 6 7
10 10 10 10 10
tD

Reservatório com manutenção da pressão


Aproximações no poço para tempos curtos e longos
I Tempos curtos

K0 ( u)
pwD ≈ 3/2 √ ,
u K1 ( u)

 
1 4tD 1
pwD (tD ) = ln = (ln tD + 0, 80907) , para tDA < 0, 1
2 eγ 2

I Tempos longos
pD (rD , tD ) = ln reD − ln rD ,

pwD (tD ) = ln reD , para tDA > 0, 4

rw2 tD
tDA = tD = 2
A πreD
Reservatório circular selado
Principais hipóteses e simplificações
I Reservatório cilı́ndrico, homogêneo e isotrópico, de espessura
h constante, aberta para produção
I Reservatório com fronteira externa impermeável
I Poço vertical, no centro, com vazão de produção constante q
 
1 ∂ ∂ pD ∂ pD
rD =
rD ∂ rD ∂ rD ∂ tD

Condições iniciais e de contorno


I C.I.: pD (rD , tD = 0) = 0
 
∂ pD
I C.C.E. : rD ∂ rD =0
rD =reD
   
∂ pD ∂ pD
I C.C.I.: rD ∂ rD = −1 ou limrD →0 rD ∂ rD = −1
rD =1

Reservatório circular selado

Transformada de Laplace da EDH

d2 pD 1 dpD
+ − pD = 0,
dz2 z dz
sujeita às condições de contorno (poço cilı́ndrico)

   
dpD 1 dpD
C.C.I. : rD =− , C.C.E. : =0
drD rD =1 u drD rD =reD

Solução
√ √ √ √
K1 (reD u) I0 (rD u) + I1 (reD u) K0 (rD u)
pD = h √ √ √ √ i
u3/2 I1 (reD u) K1 ( u) − K1 (reD u) I1 ( u)

A.F. Van Everdingen and W. Hurst, The Application of the Laplace Transformation to Flow Problems in
Reservoirs, SPE-949305-G, 1949
Reservatório circular selado
1

−1

−2

−3
−pD

−4

−5

−6

−7

−8 tD = 101, 102, 103, 104, 105, 5×105, 106

−9 0 1 2 3
10 10 10 10
rD

Reservatório circular selado


1.2

0.8

0.6
qD

0.4

0.2

tD = 101, 102, 103, 104, 105, 5×105, 106

−0.2 0 1 2 3
10 10 10 10
r
D
Reservatório circular selado
11

reD = 100, 200, 300, 400, 500, 600


10

8
pwD

reD → ∞

4 3 4 5 6
10 10 10 10
tD

Reservatório circular selado


Aproximações no poço para tempos curtos e longos
I Tempos curtos

K0 ( u)
pwD ≈ 3/2 √ ,
u K1 ( u)

 
1 4tD 1
pwD (tD ) = ln = (ln tD + 0, 80907) , para tDA < 0, 1
2 eγ 2

I Tempos longos (regime pseudopermanente)


2 r2 3r4 − r4 ln reD − 2reD
3 −1
 
2 rD
pD (rD , tD ) = 2 + tD − 2 eD ln rD − eD eD 2 ,
reD − 1 4 reD − 1 2
4 r −1eD

2tD 3
pwD (tD ) = 2
+ ln r eD − , para reD  1 e tDA > 0, 1
reD 4
Reservatório circular selado
Pressão no regime pseudopermanente

Para reD  1, em variáveis com dimensões


" #
C2 qBµ 2C1 kt r2 r 
e 3
p (r, t) = pi − + + ln −
kh φ µct re2 2re2 r 4

Avaliando a pressão no poço, tem-se

" ≈0 #
2
 
C2 qBµ 2C1 kt r 
 re 3
pwf (t) = pi − 2
+ w2 + ln − ,
kh φ µct re 2re rw 4

e, eliminando pi das duas equações anteriores,


"   #
C2 qBµ r r 2
p (r, t) = pwf (t) + ln − 2
kh rw 2re

Algoritmo de inversão de Stehfest (Gaver-Stehfest)

Dada a função f (u), transformada de Laplace de f (t) em relação a


t, o valor aproximado de f (t0 ) pode ser calculado com a seguinte
expressão:
ln 2 N
 
ln 2
f (t0 ) ≈ ∑ Vj f t0 j ,
t0 j=1
com os coeficientes Vj dados por:

min(j, N/2)
j+N/2 kN/2 (2k)!
Vj = (−1) ∑ ,
(N/2 − k)! k! (k − 1)! (j − k)! (2k − j)!
k=[ j +2 1 ]

que satisfazem a relação ∑Nj=1 Vj = 0.

O valor otimo de N depende do número de dı́gitos de precisão em-


pregados no cálculo. Tipicamente, 8 ≤ N ≤ 16.
Modelos para efeitos de poço
(dano à formação e estocagem)

Dano à formação - Fator de pelı́cula

Uma formação foi danificada, quando experimentou uma alteração


na permeabilidade, numa região ao redor do poço, produzida pela
invasão dos fluidos de perfuração/completação, inchamento de ar-
gilas, inversão de molhabilidade e outros.

A permeabilidade também pode ser melhorada, numa região em


torno do poço, por processos de estimulação como, por exemplo,
um processo de acidificação.

A forma mais frequente de modelar o efeito destas alterações é


através do fator de pelı́cula S, que representa, de forma adimensio-
nal, a queda de pressão adicional ∆ps , em relação à situação ideal.

kh∆ps
S=
C2 qBµ
Dano à formação - Fator de pelı́cula
Efeito de pelı́cula infinitesimal

rw
pi

Pressão na formação
Δ ps homogênea

pwf

Dano à formação - Fator de pelı́cula


Efeito de pelı́cula de espessura finita

rw
rs

Pressão na formação
Região de homogênea
permeabilidade
modificada Δ ps
ks Pressão na formação
danificada
Dano à formação - Fator de pelı́cula
Assumindo um perfil logarı́tmico de pressão na região próxima do
poço, a queda de pressão devida ao efeito de pelı́cula está dada por

 
∆ps = ps − pwf − ps − pwf ,

onde ps é a pressão à distância rs , pwf é a pressão registrada no poço


e p∗wf é a pressão no poço, quando a formação é homogênea. Assim,
     
C2 qBµ rs C2 qBµ rs k rs
∆ps = ln − ln , S= − 1 ln
ks h rw kh rw ks rw

Os valores do fator de pelı́cula encontram-se, frequentemente, na


faixa,
−5 ≤ S ≤ 20,
sendo os negativos resultado de um processo de estimulação.

Dano à formação - Fator de pelı́cula


rw
rs

Pressão na formação
Δ ps
estimulada

Pressão na formação
Δ ps homogênea
Pressão na formação
danificada
Dano à formação - Fator de pelı́cula
Raio efetivo do poço

O efeito de pelı́cula pode ser incluı́do também nas equações do


escoamento através do conceito de raio equivalente ou raio efetivo
do poço.

Considerando que a aproximação logarı́tmica para a queda de pressão


no poço é valida,
    !
1 4tD 1 4tD 1 4C1 kt
pwD = ln + S = ln = ln .
2 eγ 2 eγ e−2S 2 eγ φ µct (rw e−S )2

Esta expressão é equivalente à queda de pressão, num reservatório


sem dano, de um poço com raio efetivo dado por:

rw0 = rw e−S

Dano à formação - Fator de pelı́cula


Raio efetivo do poço

rw rs
r

ps rẃ
-
rẃ = rw e S
ps

rẃ
Fator de pelı́cula
Generalização do conceito de fator de pelı́cula S

O efeito de pelı́cula pode ser generalizado para levar em conta que-


das de pressão adicionais, na região próxima do poço (pseudoskin).
Estas podem ser causadas por:

I A restrição ao fluxo ao passar pelos canhoneados


I O canhoneio parcial
I Inclinação do poço
I Fraturamento hidráulico
I Desvios da lei de Darcy (escoamento de gás, turbulência)
I Poços horizontais
I Mudança de fase em volta do poço
I Caracterı́sticas geológicas

Fator de pelı́cula

A queda de pressão adimensional no poço é dada pela expressão:

kh
pi − pwf = pD rD = 1+ , tD + S,
 
pwD ≡
C2 qBµ

na qual pwf é a pressão no fundo do poço (durante a


produção/injeção) e pD (rD = 1+ , tD ) é a solução adimensional da
EDH, avaliada na superfı́cie externa do poço, para um sistema
poço/reservatório ideal.

Por exemplo, para um poço produzindo com vazão constante, num


reservatório infinito, com tD > 50,
 
1 4tD
pwD = ln +S
2 eγ
Efeito de estocagem do poço

q O fluxo mássico que entra no poço,


a través da área aberta à produção,
é muito diferente do fluxo mássico
na superfı́cie, após uma mudança na
vazão de produção.

Este efeito se deve à expansão e


compressão dos fluidos no interior
do poço, e diminui sua intensidade
com o tempo.
qsf
A modelagem deste fenômeno con-
siste em modificar a condição de
contorno interna do reservatório,
empregando um balanço de massa
no interior do poço.

Efeito de estocagem do poço

Balanço de massa no poço:

 
Variação da massa dentro do poço
=
no intervalo ∆t
 
Massa que entra ao poço
no intervalo ∆t
 
Massa que sai do poço

no intervalo ∆t
Efeito de estocagem do poço
q q

qw

qsf
qsf

Interfase óleo/gás Fluido monofásico

Efeito de estocagem do poço


Balanço de massa no poço (fluido monofásico, ligeiramente
compressı́vel):

d ρ wb
Vwb = qsf ρsf − qwh ρwh
dt

Assumindo que a densidade média no poço e a densidade no fundo


do poço mudam com aproximadamente a mesma rapidez

d ρ wb d ρsf

dt dt

Usando a definição de compressibilidade, como equação de estado,

d ρsf dpwf
Vwb = Vwb cρsf
dt dt
Efeito de estocagem do poço
Se os efeitos de estocagem na superfı́cie são desprezı́veis

qwh ρwh ≈ qρsc

Assim, definindo o coeficiente de estocagem como C ≡ Vwb c,

dpwf
qsf (t) = qB + C
dt
A vazão no fundo do poço é, de acordo com a Lei de Darcy,
 
2πkh ∂ p
qsf = r
µ ∂ r r=rw

Substituindo na equação de balanço de massa obtém-se


 
2πkh ∂ p dpwf
r = qB + C
µ ∂ r r=rw dt

Efeito de estocagem do poço


Em variáveis adimensionais:
 
∂ pD dpwD
qD (rD = 1, tD ) = − rD = 1 − CD ,
∂ rD rD =1 dtD

onde o coeficiente de estocagem adimensional está dado por

C3
CD = C
φ hct rw2

I A constante C3 converte 2πφ 1hc r2 em uma grandeza com as


t w
unidades do inverso do coeficiente de estocagem:
h i
pressão 1
comprimento3
→ coeficiente de estocagem
C3 =

Efeito de estocagem do poço

A equação que relaciona a vazão no poço com a derivada temporal


da pressão no fundo constitui a condição de contorno interna, para a
EDH, que leva em consideração a capacidade de expansão dos fluidos
existentes no poço. Quando esta capacidade é desprezı́vel, a equação
se reduz à condição de contorno ideal, empregada anteriormente.

O coeficiente de estocagem pode ser visto como a quantidade de


fluido que o poço produzirá (independente do reservatório) para uma
queda de pressão unitária.

Imediatamente após a abertura do poço a maior parcela da vazão


provém da descompressão do fluido no poço.

Geralmente, o coeficiente de estocagem adimensional CD varia entre


100 e 5000.

Efeito de estocagem do poço e fator de pelı́cula

Pressão no fundo do poço:

pwf (t) = p r = rw+ , t − ∆ps ,




= rw+ , t

pi − pwf (t) = pi − p r + ∆ps
Queda de pressão devida ao efeito de pelı́cula:

C2 qsf µ
∆ps = S
kh
Queda de pressão no fundo do poço, em variáveis adimensionais:
 
∂ pD
pwD (tD ) = pD (rD = 1, tD ) − S rD
∂ rD rD =1
Reservatório infinito com efeito de estocagem e fator de
pelı́cula
Principais hipóteses e simplificações
I Poço vertical com vazão de produção constante na superfı́cie q
I Coeficiente de estocagem constante
 
1 ∂ ∂ pD ∂ pD
rD =
rD ∂ rD ∂ rD ∂ tD

Condições iniciais e de contorno


I C.I.: pD (rD , tD = 0) = 0
I C.C.E. : limrD →∞ pD (rD , tD ) = 0
I C.C.I. :
 
∂ pD
I Eq. (1): − rD ∂ r = 1 − CD dpdtwD
D
rD =1 D
 
∂ pD
I Eq. (2): pwD (tD ) = pD (rD = 1, tD ) − S rD ∂ r
D rD =1

Reservatório infinito com efeito de estocagem e fator de


pelı́cula
rw qB

h S k

 √ 
√K0 ( u)
√ S
u uK1 ( u)
+ u
pwD =  √ 
K ( u)
1 + u2 CD √ 0 √
u uK1 ( u)
+ Su

R. Agarwal et al, An Investigation of Wellbore Storage and Skin Effect in Unsteady Liquid Flow: I. Analytical
Treatment, SPE-2466-PA,1970
Reservatório infinito com efeito de estocagem e fator de
pelı́cula
Queda de pressão adimensional dentro do reservatório:
 √ 
K
√0 (r D √u)
u uK1 ( u)
pD (rD , u) =  √ 
(
1 + u CD u√uK (u)
2 K 0 √
u)
+ S
u
1

Vazão no poço:

1
qD (u) =   √ 
0 ( u)
u 1 + u2 CD u√KuK √ +S
( u) u 1

R. Agarwal et al, An Investigation of Wellbore Storage and Skin Effect in Unsteady Liquid Flow: I. Analytical
Treatment, SPE-2466-PA,1970

Reservatório infinito com efeito de estocagem e fator de


pelı́cula
1.1

0.9

0.8

0.7

0.6
qD

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1 CD = 0, 100, 101, 102, 103


S=0
0

−0.1 −2 −1 0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10 10 10
tD
Reservatório infinito com efeito de estocagem e fator de
pelı́cula
2
10

1
10

0
10

−1
10
pwD

−2
10

−3
10

CD = 0, 100, 101, 102, 103


−4
10 S=0

−2 −1 0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10 10 10
tD

Reservatório infinito com efeito de estocagem e fator de


pelı́cula
15

CD = 0, S = 0
CD = 0, S = 5
CD = 1000, S = 0
CD = 1000, S = 5

10
pwD

0 1 2 3 4 5 6 7 8
10 10 10 10 10 10 10 10
tD
Reservatório infinito com efeito de estocagem e fator de
pelı́cula
Aproximações no poço para tempos curtos e longos

I Tempos curtos
qsf tD
≈ 0, pwD (tD ) ≈
qB CD

Perı́odo de estocagem pura. Os efeitos de estocagem desaparecem


quando (
tD > (60 + 3, 5S)CD , para S ≥ 0
tD > 60CD , para S < 0

I Tempos longos
 
1 4tD
pwD (tD ) = ln γ + 2S
2 e

Princı́pio de superposição
Princı́pio de superposição

O princı́pio da superposição estabelece que a resposta de um sistema


para um dado número de perturbações é exatamente igual à soma
das respostas a cada uma das perturbações, como se fossem as
únicas presentes.

O princı́pio da superposição se aplica unicamente a sistemas de


equações diferenciais lineares, porém estes incluem a maioria das
soluções padrão usadas na análise de testes de pressão, tais como o
escoamento radial com vazão constante, os sistemas de dupla poro-
sidade, reservatórios fraturados, etc.

Emprega-se na construção de soluções matemáticas para situações


com condições de contorno complexas ou com vazões variáveis, a
partir de soluções para problemas mais simples.

Superposição no espaço

A queda de pressão total em qualquer ponto de um reservatório é


a soma das quedas de pressão nesse ponto, causadas por cada um
dos poços, separadamente.

D
y

B
C

∆pA = ∆pAB + ∆pAC + ∆pAD


Superposição no espaço

Método das imagens

Quando dois poços idênticos estão produzindo (ou injetando), com


igual vazão, num reservatório infinito, existe sobre a linha formada
pelos pontos equidistantes aos poços uma fronteira impermeável.
Se um poço está produzindo enquanto o outro está injetando, esta
mesma linha é uma fronteira de pressão constante.

Esta caracterı́stica pode ser empregada para simular a presença de


uma fronteira, substituindo a fronteira por um poço imagem, pro-
dutor ou injetor, dependendo da condição de contorno.

O método pode ser aplicado a sistemas com mais de uma fronteira


linear. A disposição das imagens é tal que as fronteiras criadas para
coincidir com as fronteiras fı́sicas são linhas ou planos de simetria.

Superposição no espaço - falha selante

Poço imagem produtor, localizado à mesma distância da falha do


que o poço real, na direção contraria

L L
Superposição no espaço - fronteira com pressão constante

Poço imagem injetor, localizado à mesma distância da fronteira do


que o poço real, na direção contraria

L L

Superposição no espaço - canal

Produção de infinitos poços imagem, formando um padrão simé-


trico com relação às falhas

LN LS
Superposição no tempo
A queda de pressão durante a produção de um poço, com vazão
variável, corresponde à superposição da produção de poços imagens,
localizados na mesma posição, que produzem com vazão constante,
mas começando em diferentes tempos:
n
∆p = ∑ (qj − qj−1 ) pu (t − tj−1 ) , para t > tj−1 ,
j=1

onde t0 = 0 e q0 = 0 e pu é a resposta do sistema à produção com


vazão constante unitária. Se pD é a solução adimensional corres-
pondente, então
C2 Bµ
pu (r, t − tj ) = pD (rD , tD − tDj ) .
kh
Os princı́pios de superposição no espaço e no tempo podem ser
combinados para resolver problemas com múltiplos poços e múltiplas
vazões.

Superposição no tempo

Fekete Associates Inc. (2010), Well Testing Fundamentals


Superposição no tempo

Quando a queda de pressão é avaliada num poço, para uma


sequência de n vazões constantes, deve considerar-se o efeito do
fator de pelı́cula em cada intervalo de tempo. A queda de pressão
no poço, para t > tj−1 , é
( )
n
C2 Bµ
pi − pwf = ∑ [(qj − qj−1 ) pD (rD = 1, tD − tDj−1 )] + qn S ,
kh j=1

já que todos os termos qj S se cancelam, com exceção do último.

Para combinar múltiplas vazões, de vários poços, calcula-se primeiro


a queda de pressão, no ponto de interesse, causada por cada poço,
incluindo os eventuais poços imagem. Se o ponto de interesse é um
poço ativo, o fator de pelı́cula desse poço deve ser adicionado.
A queda de pressão total será a soma das quedas de pressão, cau-
sadas por cada um dos poços.

Referências bibliográficas I
A. J. Rosa, R. S. Carvalho, J. A. D. Xavier
Engenharia de Reservatórios de Petróleo
Editora Interciência, 2002.
L. Lake
Enhanced Oil Recovery
Englewood Cliffs, New Jersey, USA, Prentice-Hall, 1989.
G. P. Willhite
Waterflooding
SPE, 1986.
L. P. Dake
Fundamentals of Reservoir Engineering
Elsevier, 1978.
T. Ahmed
Reservoir Engineering Handbook
Gulf Professional Publishing, 2001.
Referências bibliográficas II
B. C. Craft, M. F. Hawkins, R. E. Terry
Applied Petroleum Reservoir Engineering, Second Edition
Prentice Hall, 1991.
J. Lee, R. A. Wattenbarger
Gas Reservoir Engineering
SPE, 1996.
H. C. Slider
Worldwide Practical Petroleum Reservoir Engineering Methods
PennWell Publishing Company, 1983.
J. W. Amyx, D. M. Bass, R. L. Whiting
Petroleum Reservoir Engineering: Physical Properties
McGraw-Hill Book Company, Inc., 1960.
W. D. McCain
The Properties of Petroleum Fluids, Second Edition
PennWell Publishing Company, 1990.

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