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TRABALHO DE DIREITO CIVIL II

ACORDÃO

NICHOLAS BONENTE PAES


NILTOM VIEIRA JUNIOR

VINÍCUS TIBURCIO DE CASTRO

Pesquisa jurisprudencial apresentada na


disciplina Direito Civil II, da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais – PUC
Minas, como requisito parcial para aprovação.

Prof. Me.: Gilberto Souza Amarante.

Arcos,

Outubro de 2019.
FOLHA DE AVALIAÇÃO

EMENTA: DIREITO DO CONSUMIDOR, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - APELAÇÃO


CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ALEGAÇÃO DE COBRANÇA INDEVIDA -
COMPROVAÇÃO DO AJUSTE E DO DÉBITO - REGULARIDADE DOS DESCONTOS
REALIZADOS EM CONTA DE RECEBIMENTO DE PROVENTOS - PEDIDO
IMPROCEDENTE - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO.

Número: 1.0713.16.010197-6/001

Relator: Des.(a) Amorim Siqueira

Data do Julgamento: 06/08/2019

Data da Publicação: 14/08/2019

AUTORES:

Nicholas Bonente Paes

Niltom Vieira Junior

Vinícius Tiburcio de Castro

AVALIAÇÃO:

Gilberto Souza Amarante

Data da entrega: 04 de outubro de 2019.


RESUMO DO ACÓRDÃO

O aludido acórdão trata de recurso de apelação, interposto por Maria da Conceição Teixeira
de Lima, face ao Banco Mercantil do Brasil, decorrente de sentença proferida pelo Juízo de 1º grau
da Comarca de Viçosa que julgou improcedente os pedidos iniciais da autora quanto a declaração de
inexistência de débito e pedido de indenização. A requerente alegou desconhecer a contratação de
empréstimos no banco supra, os quais geraram descontos automáticos nos seus proventos de
aposentadoria – por essa razão, pediu inexigibilidade da dívida e restituição em dobro dos valores
subtraídos (supostamente) de forma indevida.
A relação jurídica estabelecida entre as partes, por equiparação, é de consumo considerando
as definições do Código de Defesa do Consumidor que classificam como “serviço”, inclusive, as
atividades de natureza bancária (BRASIL, 1990).
Considerando o apregoado no Código de Processo Civil, o ônus da prova incumbe ao autor,
quando diante de fato constitutivo de seu direito; ou ao réu, quando da inexistência de fato
impeditivo (BRASIL, 2015). Nesses moldes, o banco trouxe aos autos provas da contratação e da
existência da dívida, fatos não contrapostos pela autora.
Estas provas consistiam em demonstrativos de que a contratação de empréstimo consignado
se deu em caixa eletrônico, mediante o uso de cartão e senha pessoais para saques diversos.
Mediante os fatos, o relator manifestou sua estranheza quanto aos argumentos de
desconhecimento do pacto, apresentados pela autora, e por postura incompatível com o sustentado
no pedido.
Deste modo, apontou-se como improcedente o pleito, negando-se provimento ao recurso e
mantendo-se a sentença inicial.
RELEVÂNCIA DO ACÓRDÃO

O acórdão contempla responsabilidade civil e, em especial, possível “falta” na cobrança de


dívidas, vista do Código de Defesa do Consumidor, Art. 42, parágrafo único (BRASIL, 1990):

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo,
nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

Além disso, chama atenção para a inversão do ônus da prova, considerando que a instituição
bancária envolvida, ao contrário da requerente, tinha ampla possibilidade de demonstrá-la.
Contudo, também no aspecto da relevância, destacam-se dois outros aspectos:

i) A autora, por intermédio do seu representante legal, não questionou eventual “vício de
informação” ou outra responsabilização deste gênero, considerando que as informações bancárias
eletrônicas, com alguma frequência, apresentam limites pré-aprovados para empréstimo na mesma
tela de onde se vê o extrato bancário. A veiculação de tal informação, em especial perante público
idoso, sem instrução formal e/ou habilidade com recursos tecnológicos, pode transmitir a falsa
impressão de saldo do próprio cliente. Sendo essa possibilidade verdadeira, com base na “Teoria da
perda de uma chance”, a estratégia adotada na representação prejudicou o resultado da ação
(MARTINS, 2014; PEREIRA, 2015);
ii) Mais estranho do que a alegação da autora, “se” motivada pelo real desconhecimento dos fatos
como dito no apontamento anterior (essa análise não consta dos autos), é o seu representante legal
não tê-la orientado quanto a improcedência do pedido logo após o mérito em primeira instância e
ter, além disso, conduzido o ajuizamento em segundo grau. A esse, talvez, se possa discutir, também
em futuro processo, responsabilidade por dano imaterial, considerando o desgaste emocional a toda
e qualquer parte, em especial perante idosos, gerada pela jurisdição contenciosa injustificada.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Lei n. 8.078 de 11 de Setembro de 1990. In:


EDITORA SARAIVA. Vade Mecum Compacto. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

BRASIL. Código de Processo Civil. Lei n. 13.105 de 16 de Março de 2015. In: EDITORA
SARAIVA. Vade Mecum Compacto. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

MARTINS, Jomar. Advogado indenizará cliente por adotar estratégia errada. Boletim de notícias
Conjur, v. online, 2014. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2014-mar-06/advogado-
indenizar-cliente-adotar-estrategia-equivocada>. Acesso em: 28 set. 2019.

PEREIRA, Agnoclébia santos. O dano decorrente da perda de uma chance: questões problemáticas.
Revista dos Tribunais, v. 958, 2015. Disponível em:
<http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servi
cos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RTrib_n.958.02.PDF>. Acesso em: 28 set. 2019.
ANEXO

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