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O Setor Elétrico / Agosto de 2010
Proteção e seletividade
Capítulo VIII
Proteção de motores
Por Cláudio Mardegan*
• Bomba: 5 s
• Compressor: 10 s
Figura 1 – Proteções típicas para motores de média tensão. • Ventilador: não dá para estimar
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O Setor Elétrico
Elétrico // Agosto
Agosto de
de 2010
2010
• Moinhos: não dá para estimar Porém, na prática, para garantir a proteção do motor, deve-se
passar abaixo de toda curva de capacidade térmica do motor,
O valor da corrente de partida pode ser obtida do data sheet protegendo-a integralmente em toda a sua extensão. A curva
do motor. Algumas vezes é encontrado na placa. Quando não se do relé deve passar aproximadamente 10% abaixo da curva de
dispõe, pode-se adotar o seguinte: capacidade térmica nominal para a proteção do motor.
Duração Figura 2 – Curva tempo versus corrente típica para proteção de motores
Depende do projeto da máquina. Os valores normalmente podem de média tensão.
A Figura 3 mostra a característica P x V (Potência versus Tensão). Pela Figura 4(a) percebe-se que, se a tensão decresce para
Proteção e seletividade
Quando a tensão cai, a potência e a corrente também caem. manter a potência (ativa = potência no eixo) constante, a corrente
tem de aumentar (P = V x I). Já na Figura 4(b) nota-se que se a tensão
cai, a potência reativa também cai.
Ainda analisando-se a Figura 4(a), pode-se entender a razão
pela qual é prática comum utilizar-se de relés de subtensão
(função 27) em CCM’s. Quando a tensão cai, a corrente aumenta
e assim o relé 27 trabalha como backup para sobrecarga nos
motores de indução.
Em regime
49 – Função sobrecarga térmica
Em regime, o motor de indução pode ser representado como
50 – Função de sobrecorrente instantânea
carga de potência constante (potência ativa). A potência reativa
46 – Função desequilíbrio de corrente
pode ser representada como carga de corrente constante. A Figura
48 – Função sequência incompleta (proteção de rotor bloqueado
4 mostra as respectivas características.
na partida)
51LR – Função rotor bloqueado (após o motor partir)
50GS – Função de sobrecorrente instantânea “ground sensor”
66 – Função do número de partidas
38 – Função de temperatura dos enrolamentos (RTD – Resistance
Temperature Detectors)
Função 49
Para se proteger adequadamente um motor termicamente
deve-se ajustar a proteção de forma que a curva característica t x I
do relé passe abaixo da curva térmica de dano completa do motor,
a qual traduz a suportabilidade térmica do motor na condição de
regime, partida ou aceleração e rotor bloqueado.
O IEEE Std 620 padroniza a forma de apresentação da curva
de dano (limite térmico) dos motores para três condições: (a) rotor
bloqueado, (b) partida e (c) em regime. Essas curvas devem ser
solicitadas ao fabricante.
A maior parte dos relés digitais atuais possui um algoritmo
interno que simula o limite térmico do estator, o qual é representado
pela equação:
kVAr = 0.9 x √
3 x kVN-MOTOR x Io
Io = Corrente à vazio nominal do motor [A]
I51LR = (1.5 a 2) . In
t51LR = 2 s
Notas:
Figura 7 – Máxima corrente de sequência negativa no motor: perda de
fase.
1 - Observar que podem ocorrer desligamentos devido à má
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distribuição dos cabos de média tensão dentro da janela do TC Função 66 (partidas por hora)
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toroidal, principalmente para motores de grande porte. Para o correto ajuste desta proteção deve-se verificar o
2 - Quando o dispositivo de manobra do motor é contator deve-se “data sheet” do motor, o qual apresenta o número de partidas
preferencialmente bloquear esta função, se o sistema é solidamente permitido por hora, em função do regime de funcionamento
aterrado, deixando-a a cargo dos fusíveis, pois se ocorrer um curto- para o qual o motor foi projetado.
circuito de elevada magnitude os contatores não terão capacidade Função 27 (subtensão)
de interrupção, podendo até mesmo explodir. Outra forma é ajustar É antes uma proteção coletiva de motores e não
uma temporização intencional para a função 50GS de maneira a individual, pois é instalada na entrada de um CCM. Assim,
garantir que os fusíveis operem primeiro quando a corrente de falta em instalações em que se tem motores de indução deve-se
for superior à capacidade de interrupção do contator (sem fusíveis). prover um relé de subtensão, pois, conforme explicado
3 – Quando o sistema é aterrado por resistência, o valor deste ajuste anteriormente, se a tensão cai, a corrente de regime do motor
normalmente não deve ultrapassar a 10% do valor da corrente do aumenta (carga de potência constante), podendo danificar
resistor de aterramento. os motores.
Assim, utiliza-se um relé 27 ajustado, conforme segue:
Função 49S (RTD´s)
A classe de isolamento dos motores é apresentada na Figura 8. • Pick up: 80% Vn
Nesta figura, mostra-se o valor da temperatura ambiente (adotado • Temporização: 2 s
como sendo 40 ºC) e, em função da classe de temperatura,
apresenta-se um limite de aumento de temperatura. Para cada classe O número 80% na grande maioria das vezes atende
é também mostrado o limite máximo permitido de temperatura. devido ao fato de que as quedas de tensão na partida
Como exemplo, a classe de isolamento F possui um limite de normalmente não excedem 12%. Como as concessionárias
aumento de temperatura de 100 ºC e a temperatura máxima podem ter até 7% de queda (Aneel: +5% e -7%), chega-se a
permissível para esta classe é de 155 ºC. 19%.
Função 49
(a) Motor de média tensão com contator – ajuste de fase I49 = 1 a 1,05 x IN-MOTOR
Curva térmica: Acima de TP (> TP) e abaixo de TRB.
Função 46
I46 � 0.15 x IN-MOTOR (ou 25% de desequilíbrio)
t46 = 3.5 s
Função 48
I48 = (1.5 a 2) x IN-MOTOR
1.1 x TP < t48 < TRB
Função 51LR
I51LR = (1.5 a 2) x IN-MOTOR
t51LR = 2 s
Função 50
I50 = ∞ (Bloqueado = Contator)
t50 = Máximo
Função 38
θALARME= θCL.ISOL-10 oC
θTRIP= θCL.ISOL (kVN_MOTOR � 7)
θTRIP= θCL.ISOL-5 oC (kVN_MOTOR > 7)
Função 37 (Só p/ Bomba Centrifuga)
I37 = 0.1 x IN-MOTOR
t37 = 3.5 s
Função 66
Ajuste = 2 partidas/hora
Figura 9 – Ajustes típicos de fase para motores de média tensão com contator e fusíveis.
Função 49
(b) Motor de média tensão com disjuntor – ajuste de fase
I49 = 1 a 1,05 x IN-MOTOR
Curva térmica: Acima de TP (> TP) e abaixo de TRB.
Função 46
I46 � 0.15 x IN-MOTOR (ou 25% de desequilíbrio)
t46 = 3.5 s
Função 48
I48 = (1.5 a 2) x IN-MOTOR
1.1 x TP < t48 < TRB
Função 51LR
I51LR = (1.5 a 2) x IN-MOTOR
t51LR = 2 s
Função 50
I50 = 1.76 x IP-SIMÉTRICA
t50 = Mínimo Ajuste Relé (< 50 ms)
Função 38
θALARME= θCL.ISOL-10 oC
θTRIP= θCL.ISOL (kVN_MOTOR � 7)
θTRIP= θCL.ISOL-5 oC (kVN_MOTOR > 7)
Função 37 (Só p/ Bomba Centrifuga)
I37 = 0.1 x IN-MOTOR
t37 = 3.5 s
Função 66
Ajuste = 2 partidas/hora
Figura 10 – Ajustes típicos de fase para motores de média tensão com disjuntor.
Função 50GS
I50 = ∞ (Bloqueado)
t50 = Máximo
Figura 11 – Ajustes típicos de terra para motores de média tensão com contator e fusíveis.
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(d) Motor de média tensão com disjuntor – ajuste de terra (f) Motor de baixa tensão com contator – ajuste de terra
(e) Motor de baixa tensão com contator – ajuste de fase • aquecimento = 30 a 120 minutos (1.800 a 7.200 segundos)