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Especialização em Gestão da Qualidade de Produtos e Processos

Análise do Valor
Prof. Osíris Canciglieri Júnior
osiris.canciglieri@pucpr.br
Análise do Valor - Sumário
1. INTRODUÇÃO
2. HISTÓRICO
3. CONCEITOS BÁSICOS
– Produto
– Função
– Valor
4. METODOLOGIA
– Fase de Preparação
– Fase de Informação
– Fase de Análise
– Fase de Criatividade
– Fase de Julgamento
– Fase de Implementação
Introdução
• Segundo os chineses a palavra crise é representada por
dois ideogramas: um, perigo/risco; outro, oportunidades
veladas, ocultas (é a oportunidade para o ser humano
medir-se, conhecer-se e, portanto, progredir).

• Surgiu durante a Segunda Guerra Mundial:


• Crise de Matérias Primas Lawrence D. Miles (General
Electric Co)  Análise do Valor (função do produto
visando incrementar o seu valor).
Introdução
• “A Análise do Valor é, portanto, um método que se
aplica a um produto visando ressaltar a sua função
principal, eliminando funções desnecessárias e/ou
indesejáveis, sem desconsiderar funções secundárias
que sejam necessárias, resultando no incremento do
seu valor. Esse valor está diretamente associado à
qualidade, à confiabilidade, à durabilidade desejada, à
segurança e a custos”.
Introdução
• Método:
– Fase de elaboração da análise e da conclusão
– Não deve ser confundida com revisão de projeto nem
como processo da redução de custos

• Análise do Valor é:
– Pensamento centrado em funções
– Trabalho desenvolvido por grupo de especialistas
– Aplicação de criatividade
– Plano de trabalho sistematizado
Histórico
• Durante a Segunda Guerra Mundial a indústria civil teve que
recorrer a materiais alternativos;
• General Electric (Lawrence D. Miles) -> redução de custos sem
alterar ou até melhorar a qualidade dos produtos;
• 1955 - Miles implantou a metodologia da Análise do Valor no
arsenal bélico;
• 1959 - Foi fundada a SAVE (Sociedade Americana de
Engenheiros do Valor);
• 1960 - Início de implantação da metodologia na Europa e Japão;
• 1963 - Obrigatoriedade de uma análise de valor em todas as
compras acima de US$100.000,00 para o Departamento de
Defesa dos EUA;
• 1965 - Criada a Sociedade Japonesa de Engenheiros de Valor;
Histórico
• 1977 - Utilização da metodologia pelos Ministérios e Agências
por ordem do Senado Americano;
• 1970 - Utilização da metodologia em outras áreas (otimização do
valor da energia e na administração);
• 1978 - Criação da Fundação Francesa de Análise do Valor;
• 1984 - Foi criada a Associação Brasileira de Engenharia e
Análise do Valor;
• Atualmente essa técnica está sendo utilizada por países do
mundo inteiro;
• No Brasil o primeiro evento ocorreu em 1964 e em seguida a
G.E. do Brasil passou a aplicar essa técnica.
Conceitos Básicos
• Produto: é o resultado de qualquer atividade humana,
quer seja por meio de um esforço físico ou mental (ex.:
trabalho industrial, artístico e literário, bem como um
objeto, um sistema, um processo, um procedimento, um
projeto).
• Função: é o exercício de atividades ou tarefas que um
produto, sistema ou serviço executa (ex.: trocar calor,
controlar sistema, etc.). Elas podem ser divididas em:
– Funções de uso: geram o valor de uso do produto (ex. suportar
peso, fornecer energia);
– Funções de estima: são as subjetivas, isto é, de difícil
quantificação (ex: melhorar aparência, aumentar beleza, etc.).
Conceitos Básicos
• As funções podem ainda serem classificadas em:
– Função básica: responsável pela principal finalidade de um
produto (razão de ser).
– Função secundária: auxilia o desempenho da função básica
(geralmente existe por requisito de projeto).
• Outras classificações de funções:
– Função necessária: é a que o usuário faz questão de ter e se
dispõe a pagar por ela.
– Função desnecessária: na grande maioria das vezes é função
decorrente de modificações que a tornaram dispensável, ou por
requisito de projeto.
Custo
• Não confundir custo com preço!
– Ex.: material, mão-de-obra direta ou indireta, encargos sociais,
etc.

• A informação de custo é de suma importância na Análise


do Valor para quantificar as funções envolvidas em seu
estudo.
Valor
• Econômico, político, moral, estético, jurídico, religioso, social.

• Valor: é o mínimo a ser gasto para adquirir ou para produzir um produto


com o uso, a estima e a qualidade requerida.

• O valor econômico pode ser dividido em:


– Valor de uso: menor quantidade de dinheiro necessária para que o
produto apresente o uso que dele se espera;
– Valor de estima: é a quantidade de dinheiro necessária para dotar
um produto de beleza, de estima, etc.;
– Valor de custo: é a quantidade que representa a soma de custos de
mão-de-obra, matéria prima, despesas gerais, etc., necessárias
para a manufatura do produto;
– Valor de troca: é a quantidade de dinheiro que equivale a troca do
produto no mercado.
Metodologia (Plano de Trabalho)
1.1 Escolher o objeto
1.2 Determinar o objeto
1.Fase de Medidas 1.3 Compor o grupo de trabalho
Preparação preparatórias 1.4 Escolher o local de trabalho
1.5 Planejar atividades
2.1 Coletar as informações
2.Fase de Conhecer a 2.2 Obter os custos
Informação situação atual 2.3 Descrever as funções
3.1 Analisar as funções
3.Fase de Analisar a 3.2 Determinar as funções críticas
Análise situação atual 3.3 Identificar o grau de liberdade
4.Fase de Gerar 4.1 Obter idéias
Criatividade alternativas 4.2 Selecionar e agrupar idéias
5.1 Julgar idéias
5.Fase de Definir e 5.2 Viabilizar tecnicamente
Julgamento viabilizar idéias 5.3 Viabilizar economicamente
6.1 Emitir o relatório
Apresentar e 6.2 Consolidar as propostas e recomendações
6.Fase de
implantar 6.3 Acompanhar a implantação
Implantação
proposições 6.4 Aferir resultados
Fase de Preparação
• Escolher o objeto de estudo
– Unidade de pré-fracionamento;
• Determinar o objetivo a ser cumprido
– Diminuir o custo de fabricação da unidade de pré-fracionamento;
• Compor o grupo de trabalho para a realização do projeto
– Selecionar pessoal capacitado para a realização do projeto;
• Escolher o local de trabalho
– Definir um local silencioso, com uma mesa de reunião onde se
possa utilizar quadros negros, flip charts e outros artifícios
empregados na ilustração do problema;
Fase de Preparação
• Planejar atividades
– Cronograma de trabalho.

CRONOGRAMA
DIAS 1 2 3 4 5
FASE M T M T M T M T M T
PREPARAÇÃO X
INFORMAÇÃO X X
ANÁLISE X X
CRIATIVIDADE X X
JULGAMENTO X X
IMPLANTAÇÃO X X
Fase de Informação
• Coletar informações;

• Obter os custos;

• Descrever as funções:
– “Para que serve isto?”; ou
– “O que isto faz?”
Fase de Análise
• Esta fase pode ser dividida em análise das funções,
determinação das funções críticas e identificação dos
graus de liberdade.

• Analisar as funções: ao se analisar as funções de um


subsistema ou sistema (destilação atmosférica,
destilação a vácuo, etc.) deve-se relacionar a
importância relativa à função com seu respectivo custo.
A esta relação dá-se o nome de índice de valor da
função. As funções com índice de valor inferior a 1 são
chamadas de funções críticas.
Fluxograma de uma Unidade
de Pré-Fracionamento

Fonte: Desenvolvido pelo Professor.


DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES
Componentes Código Função Custos (US$x1000)
Permutador P – 01 Trocador de Calor 64.87
Permutador P – 02 Trocador de Calor 68.00
Permutador P – 03 Trocador de Calor 55.66
Permutador P – 04 Trocador de Calor 38.15
Permutador P – 05 Trocador de Calor 35.67
Permutador P – 06 Trocador de Calor 70.02
Permutador P – 07 Trocador de Calor 13.76
Bomba B – 01 A/B Elevar Pressão 46.08
Bomba B – 02 A/B Elevar Pressão 18.43
Bomba B – 02 A/B Elevar Pressão 31.23
Torre T – 01 Fracionar Óleo 210.85
Vaso SD – 01 Separar Líquido/Vapor 4.70
Vaso SG – 01 Separar Água/Nafta 80.80
Tubos +
Tubulações Conduzir Fluídos 156.40
Válvulas
Instrumentação Lista Controlar Processo 180.46
Instrumentação Cabos/ Fornecer Energia
60.00
Elétrica Iluminação Elétrica
TOTAL 1,133.08
COMPONENTES FUNÇÃO CUSTOS (US$x1000)
Permutadores Trocador de calor 344.13

Bombas Elevar pressão 95.74

Torre Fracionar óleo 210.85

Vaso Separar Líquido/Vapor 4.70

Vaso Separar Água/Nafta 80.80

Tubulações Conduzir Fluídos 156.40

Instrumentação Controlar o processo 180.46

Instrumentação Elétrica Fornecer energia elétrica 60.00

TOTAL 1,133.08
• Determinação das funções críticas: a determinação do
grau de importância é feita através da aplicação da
Análise Numérica Funcional, quando todas as funções
são comparadas entre si, duas a duas, e a cada
comparação escolhe-se a função mais importante com o
seu respectivo grau de importância. Este grau pode ser
atribuído obedecendo os seguintes critérios:

1 = função pouco mais importante


3 = função mais importante
5 = função muito mais importante
• Através do exemplo da unidade de pré-fracionamento
pode-se determinar as funções críticas a partir do
fluxograma:

A. TROCAR CALOR
B. ELEVAR PRESSÃO
C. FRACIONAR ÓLEO
D. SEPARAR LÍQUIDO/VAPOR
E. SEPARAR ÁGUA/NAFTA
F. CONDUZIR FLUÍDOS
G. CONTROLAR PROCESSO
H. FORNECER ENERGIA ELÉTRICA
• Supondo que o grupo de AV (Análise o Valor) tenha
aplicado a análise numérica funcional e chegado ao
seguinte resultado:
A. TROCAR CALOR E. SEPARAR ÁGUA/NAFTA
B. ELEVAR PRESSÃO F. CONDUZIR FLUÍDOS
C. FRACIONAR ÓLEO G. CONTROLAR PROCESSO
D. SEPARAR LÍQUIDO/VAPOR H. FORNECER ENERGIA ELÉTRICA

A B C D E F G H IMPORTÂNCIA % IF
A A1 C5 A3 A3 F1 A1 A1 9 12.16
B C5 B3 B3 F1 B1 B1 8 10.18
C C5 C5 C5 C5 C5 35 47.92
D D1 F3 G1 D1 2 2.70
E F3 G1 E1 1 1.35
F F3 F3 14 18.91
G G3 5 6.78
H 0 0.00
74 100.0
• Através dos resultados da análise numérica funcional, pode-se chegar ao
percentual de importância de cada função (% IF) e posteriormente ao
índice de valor de cada função:

IV = % IF
%C
• A tabela abaixo apresenta os resultados:
FUNÇÃO % IF %C IV
A Trocar calor 12,16 30,37 0.40
B Elevar pressão 10,81 8.45 1.28
C Fracionar óleo 47.29 18.60 2.54
D Separar líquido/vapor 2.70 0.41 6.58
E Separar água/nafta 1.35 7.13 0.19
F Conduzir fluídos 18.91 13.80 1.37
G Controlar processo 6.78 15.92 0.43
H Fornecer energia elétrica 0 5.29 0

• As funções críticas seriam:


– H (Fornece energia elétrica)
– E (Separar água/nafta)
– A (Trocar calor)
– G (Controlar processo)
• Através dos resultados da análise numérica funcional, pode-se chegar ao
percentual de importância de cada função (% IF) e posteriormente ao
índice de valor de cada função:

IV = % IF
%C
• A tabela abaixo apresenta os resultados:
FUNÇÃO % IF %C IV
A Trocar calor 12,16 30,37 0.40
B Elevar pressão 10,81 8.45 1.28
C Fracionar óleo 47.29 18.60 2.54
D Separar líquido/vapor 2.70 0.41 6.58
E Separar água/nafta 1.35 7.13 0.19
F Conduzir fluídos 18.91 13.80 1.37
G Controlar processo 6.78 15.92 0.43
H Fornecer energia elétrica 0 5.29 0

• As funções críticas seriam:


– H (Fornece energia elétrica)
– E (Separar água/nafta)
– A (Trocar calor)
– G (Controlar processo)
• Mas se for levado em conta também Pareto, a
ordem na prioridade de abordagem das funções
ficaria da seguinte maneira:

ORDEM FUNÇÃO IV %C

1a Trocar Calor 0.40 30.37

2a Controlar Processo 0.43 15.92

3a Separar Água/Nafta 0.19 7.13

4a Fornecer Energia Elétrica 0 5.29


Identificar o Grau de Liberdade
• GL1 – Necessidade: verificar se é preciso mesmo realizar a função
estudada. Se não for preciso, este sistema não será mais implantado pois
existe uma solução diferente que satisfaz a necessidade exigida. Se for
preciso deve-se avaliar o grau seguinte.
• GL2 – Princípio: questionar a concepção ou a disciplina que rege como
desempenhar a função, verificando se existe outro princípio que possa ser
utilizado.
• GL3 – Conformação: buscar nova forma, formato ou desenho do que está
sendo utilizado para realizar a função.
• GL4 – Recursos: identificar a possibilidade de ser utilizado materiais,
especificação ou meios, diferentes daqueles propostos para o real.
• GL5 – Procedimento: verificar se no processo de fabricação ou montagem
do elemento usado para realizar a função, existem procedimentos que
possam ser otimizados.
• Como exemplo de aplicação do conceito grau de
liberdade, vamos analisar a função “conduzir líquidos de
uma unidade industrial” que está sendo proposta para
ser realizada através de um tubo de aço 1020 de 8
polegadas de diâmetro.

Conduzir
GL1 Necessidade É necessária? Sim
líquidos

GL2 Princípio Duto Tambor, galão, caminhão, balde, etc.

GL3 Conformação Tubo 8” Duto quadrado, tubo de 6”, etc.

PVC, fibra de vidro, manilha de


GL4 Recursos Aço 1020
concreto
Atuar no plano de montagem visando
GL5 Procedimentos
a sua otimização
Fase de Criatividade
• A finalidade da fase de criatividade é de obter o maior
número possível de idéias para realizar as funções do
produto atendendo ao objetivo estipulado. Convém
salientar que o objetivo que se busca é o de aumentar o
valor da função e isso pode ser conseguido tanto pela
redução do custo como por um aumento na função
desde que pertinente.

• A fase de criatividade pode ser dividida em:


a) fase de obtenção de idéias
b) seleção e agrupamento de idéias
Fase de Julgamento
• As idéias selecionadas na fase anterior, deverão agora
ser julgadas pelo grupo, e aquelas que forem
consideradas viáveis farão parte das propostas e/ou
recomendações a serem incorporadas ao relatório do
grupo. A ferramenta proposta para utilização no
julgamento das idéias é denominada de FERI. Cada
uma dessas 4 letras representa uma pergunta que
requer uma resposta do tipo SIM ou NÃO .

F - a idéia atende a função?


O que se pretende saber é se a idéia for implantada a função
será realizada?
Fase de Julgamento
E - a idéia pode ser executada técnica e politicamente?
O que se pretende com “ser executada tecnicamente” é verificar
se a solução proposta utiliza tecnologia, materiais, padrões, etc.
de uso conhecido e aceito no âmbito das indústrias. Já com
“executada politicamente” é se não está sendo sugerido o óbvio
para o executor da idéia, que naturalmente já faria aquilo. Ou
então, se a idéia, caso seja implantada, venha trazer problemas
de risco à segurança ou ao meio ambiente.

R - a idéia atende o objetivo proposto?


No início dos trabalhos um dos objetivos foi definido para o
grupo como: reduzir custos; reduzir peso; aumentar a qualidade;
aumentar a segurança, entre outros, em outras palavras a
pergunta quer saber se a idéia atende a esse objetivo
estipulado.
Fase de Julgamento
R - a idéia atende o objetivo proposto?
No início dos trabalhos um dos objetivos foi definido para o
grupo como: reduzir custos; reduzir peso; aumentar a qualidade;
aumentar a segurança, entre outros, em outras palavras a
pergunta quer saber se a idéia atende a esse objetivo
estipulado.
Fase de Julgamento
I - o investimento é:
1. zero ou menor que o atual? O investimento atual é o que se refere a solução
original a qual a idéia proposta irá substituir. Se o novo investimento for zero ou
menor que aquela idéia será aprovada nesse item.
2. maior que o atual? No caso da idéia proposta requerer um investimento maior
que a solução original, deve-se fazer uma análise custo-benefício ou verificar
se há possibilidade de amortização do investimento ao longo da vida do
empreendimento.

• Para facilitar o desenvolvimento dessa fase propõe-se o quadro a


seguir:
ANÁLISE DO VALOR
FASE DE JULGAMENTO
OBJETO: FOLHA:
FUNÇÂO:
IDÉIA F E R I

• No preenchimento desse quadro, quando não se tem as


informações necessárias coloca-se um ponto de interrogação “?”
para uma avaliação posterior quando essas informações forem
levantadas.
• Após este estudo é necessário fazer uma análise de viabilidade do
ponto de vista técnico e econômico.
Fase de Implantação
• Na fase de implantação é necessário emitir relatórios
sobre o estudo até o momento, efetuar a consolidação
as propostas, fazer recomendações, acompanhar a
implantação e por fim aferir os resultados.

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