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1. Introdução à sintaxe.

O objeto de estudo da sintaxe é a relação que as palavras tem entre si


nas orações, bem como a relação que as orações tem entre si nos períodos. É
por meio destas combinações que surgem os discursos, isto é, o meio pelo qual
a necessidade humana de comunicar-se é satisfeita.

A. Frase

A frase é o conteúdo básico do discurso. Toda afirmação que possui início


e fim, propósito claramente definido, completude de sentido e pausa pontuada,
seja por entonação ou por símbolo, é uma frase. Sua estrutura linguística pode
ser simples como: “Pare!” ou “ Corra para longe!”, ou complexa como: “A mente
do homem é como um depósito de idolatria e superstição; de modo que, se o
homem confiar em sua própria mente, é certo que abandonará a Deus e
inventará um ídolo, segundo sua própria razão” – João Calvino. Deste modo, se,
mesmo sem o verbo, uma mensagem for transmitida, ainda trata-se de um frase.

B. Oração

Quando a frase possui verbo ou locução verbal ela passa a ser chamada
de oração. Por exemplo, em: “A igreja cresceu saudavelmente”. Porém, é
importante destacar que oração não precisa ser sentido completo.

C. Período.

Quando a frase se organiza em orações, ela é chamada de período.


Quando o período é formado por uma única oração ele é simples. Por exemplo:
“O evangelho está cada vez mais esquecido”; “Spurgeon foi um grande
pregador”. Entrementes, se o período é formado por duas orações ou mais, ele
é composto. Por exemplo: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda
criatura”; “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único Filho (...)”.
2. Termos essenciais.

A oração é constituída de elementos e cada um possui sua função.


Geralmente, há dois elementos essenciais: o sujeito e o predicado. Por meio da
análise sintática, estes dois elementos são distinguidos. Por esta análise, se
estuda a maneira como as palavras estão organizadas nas frases e como as
frases estão organizadas nos discursos. A importância de entender qual função
cada elemento da frase ou discurso exerce é vital, posto que a disposição das
palavras altera o sentido.

A. Sujeito.

Este é o elemento que comanda ou rege o verbo. É o termo central da


oração, sendo aquele sobre o qual se fez determinada afirmação. Por exemplo:
“Por sua morte e ressurreição, Cristo nos salvou da condenação eterna”. Ou: “O
apóstolo Paulo morreu decapitado”. Nas respectivas frases, Cristo e Paulo são
os núcleos do sujeito pois é em torno deles que os demais elementos do
enunciado agem.

O sujeito pode ser simples, composto, desinencial, indeterminado ou sem


sujeito. O sujeito simples tem apenas um núcleo. Por exemplo: “Manaus é uma
grande cidade”. O sujeito composto tem dois núcleos ou mais: “Manaus e
Itacoatiara são grandes cidades”. O sujeito desinencial não é explícito, mas
implícito: “Prossigamos (eu e você) em conhecer a Deus”.

O sujeito indeterminado ocorre quando os elementos contidos no


predicado não podem ou não querem determinar o núcleo da frase. Isso ocorre
quando o verbo está na terceira pessoa do plural e o sujeito não é expresso na
oração: “Crucificaram Jesus”. Também se dá quando o verbo está na terceira
pessoa do singular seguido do “-se” como um índice de indeterminação:
“Acredita-se que Esdras foi o escritor de 1º e 2º Crônicas”.

A oração sem sujeito gira em torno de um verbo impessoal, isto é, um que


não aceita sujeito. Este estão: a) os que exprimem fenômenos naturais: “Choveu
demais”; b) os verbos ‘haver’ e ‘fazer’ indicando o tempo passado: “Faz cinco
anos que me casei” ou “Há dois anos foi embora”; c) o verbo ‘haver’ significando
existir: “Há muitos servos de Deus aqui”; d) o verbo ser indicando horário: “São
oito horas”; e) o verbo ser e estar como referencias ao tempo: “Está quente
demais”

B. Predicado

Conforme visto acima, o predicado é a parte da oração que contém a


declaração a respeito do sujeito. Aquilo que se fala sobre o sujeito determina o
tipo de predicado que a frase terá. O predicado verbal tem por núcleo central um
verbo. Deve-se destacar que apenas verbos nocionais, ou seja, que exprimem
processos, pode ter função de núcleo no predicado. Os verbos que exprimem
estado, os não-nocionais, fazem parte do predicado, mas não como núcleo. Por
exemplo: “O apóstolo Pedro pregou no Pentecostes”.

O predicado nominal sempre tem por núcleo um nome, que é o predicativo


do sujeito tendo como intermediário um verbo de ligação, indicando seu estado.
Por exemplo: “O cristão é feliz”. O predicativo do sujeito pode ser um adjetivo,
um substantivo ou palavra substantivada. Por exemplo: “O pastor é santo”. O
predicado verbo-nominal tem dois núcleos: um verbo (transitivo ou intransitivo)
e predicativo (substantivo, adjetivo, locuções adjetivas) que se refere ao sujeito
ou a um complemento verbal. Por exemplo: “O crente chegou atrasado à reunião
de oração”.

3. Termos integrantes da oração.

Os verbos nocionais podem ou não ser acompanhados por


complementos. Os que não são acompanhados de complemento são chamados
de intransitivos. Por exemplo: “Ele morreu”. O verbo ‘morreu’ é intransitivo, pois
não requer complemento para comunicar uma ideia. Ela esgota em si mesma o
sentido. Os que são acompanhados de complemento são chamados de
transitivos. Os complementos dos verbos transitivos são subclassificados em:
objeto direto, objeto indireto, objeto direto e indireto. O objeto direto é o
complemento verbal que se liga ao verbo sem necessidade e preposição. Por
exemplo: “Ele soltou palavras ao vento”. O verbo soltar requer complemento, seu
processo não se esgota no sujeito. O termo ‘palavras’ é o objeto direto. Outro
caso a ser mencionado ocorre são os pronomes oblíquos: a, o, as, os, me, te,
se, nos, vos, que como complementos verbais, tem função de objeto direto.

Por sua vez O objeto indireto é o complemento verbal que se liga ao verbo
por meio de preposição. Por exemplo: “Ele precisa de água”. O verbo ‘precisar’
precisa de complemento com preposição para dar sentido ao sujeito. O termo
‘água’ é o objeto indireto da oração. Também é possível que o verbo se faça
acompanhar por um complemento que não precisa de preposição obrigatória e
de outro que precise. Por exemplo: “O menino ofereceu (sem preposição) pães
e peixes para (preposição) Jesus”. Neste caso, trata-se de um objeto direto e
indireto.

4. Termos acessório da oração.


A. Complemento nominal.

Não são apenas os verbos que se fazem acompanhar de complementos.


Substantivos, adjetivos e advérbios também o fazem. O termo da oração que se
conecta a um nome, sempre por meio de preposição, é o complemento nominal.
Por exemplo: Tenho (verbo transitivo direto) amor (objeto direto) por (preposição)
você (complemento nominal). O ‘você’ completa o sentido do substantivo
‘saudade’. Isso também pode ocorrer com adjetivos e advérbios. Em adjetivos:
“Você precisa ser fiel aos princípios da Bíblia”. O adjetivo ‘fiel’ é complementado
por “aos princípios da Bíblia". Em advérbios: “Ele mora perto de uma grande
fazenda”. A expressão “uma grande fazenda” complementa o adjunto adverbial
de lugar ‘perto’.

B. Agente da passiva.

O agente da passiva é o termo que executa ação indicada pelo verbo em


sua voz passiva. Ou seja, em uma frase, quando o sujeito sofre a ação, ao invés
de praticá-la, o verbo está na voz passiva e o termo que executa esta ação é o
agente da passiva. “O pastor pregou o evangelho” é uma frase na voz ativa, onde
o ‘pastor’ é o sujeito ‘pregou’ é o verbo transitivo direto e ‘o evangelho’ é o objeto
direto. Quando a frase é colocada na voz passiva fica da seguinte maneira: “O
evangelho foi pregado pelo pastor”. Neste caso, ‘o evangelho’ torna-se o sujeito
paciente – que recebe a ação, ‘pregado’ é o verbo na voz passiva e o ‘pastor’ é
o agente da passiva.

5. Analise de período composto.

Conforme já exposto, a oração pode ser classificada em simples, que tem


apenas um verbo, e composta, que tem dois verbos ou mais. A maneira como
as orações compostas pode ser por coordenação, subordinação ou período
misto.

A. Coordenação.

Se uma oração não depende sintaticamente da outra, tendo ambas


sentido próprio, elas são coordenadas. Quando isto ocorre, mesmo se lidas
separadamente, não perdem seu significado. Por exemplo: “Acordei pela manhã,
tomei banho e fui trabalhar”. Na presente frase há três orações e, sintaticamente,
todas são completas pois não funcionam como complementos.

As orações coordenadas podem ser assindéticas ou sindéticas. A oração


coordenada assindética não vem introduzida por conjunção. Por exemplo: “O
evangelista orou, pregou, chorou”. Entrementes, a oração coordenada sindética
vem introduzida por conjunção. Por exemplo: “O evangelista orou, pregou e
chorou”.

As orações coordenadas sindéticas tem diferentes subclassificações. É


aditiva quando transmite a ideia de adição, soma. Por exemplo: “Minha esposa
limpou a casa e fez o almoço”. É adversativa quando transmite a ideia de
adversidade, contraste, dificuldade. Por exemplo: “Ele ia ficar em casa, mas
saiu”. É alternativa quando transmite a ideia de alternância. Por exemplo: “Ou
você é da luz, ou você é das trevas”. É conclusiva quando transmite a ideia de
uma conclusão. Por exemplo: “Ele crê em Cristo, portanto é salvo”. É explicativa
quando transmite a ideia de justificativa ou explicação. Por exemplo: “Cheguei
atrasado porque acordei tarde”.

B. Subordinação.
O período composto por subordinação tem orações que dependem uma
das outras. Toda período composto tem a oração principal e a subordinada,
iniciada por um conectivo (conjunção ou pronome relativo). Por exemplo: na
frase “Percebeu que precisaria de ajuda”, ‘que precisaria de ajuda’ é a oração
subordinada a ‘percebeu’ dando-lhe sentido e completude. Em outro caso, “Sei
de uma coisa: que Deus existe”. Igualmente, a oração subordinada ‘que Deus
existe’ completa a oração determinante ‘Sei de uma coisa”.

C. Coordenação e Subordinação.

Há períodos compostos em que os dois casos de organização sintática


ocorrem. Por exemplo: “Percebi que um carro nos seguia e mudei de rota”.
‘Percebi’ é a oração determinante, ‘que um carro nos seguia’ é a subordinada,
mas ‘mudei de rota’ não depende sintaticamente da oração anterior, por isso está
em coordenação com ela.

6. Concordância e Regência.

A. Concordância Nominal.

Basicamente, é a concordância de nomes entre si. Ou seja, o artigo, o


numeral, o adjetivo, e o pronome, concordam em gênero, número e grau com o
substantivo referido. Na maioria dos casos, o substantivo é o núcleo da oração
e o adjetivo é o adjunto adnominal. Há algumas regras para a concordância do
adjetivo com o substantivo.

1) Ao se referir a apenas um substantivo, o adjetivo concorda em gênero


e número. Por exemplo: “As pernas inquietas revelavam sua ansiedade”. Há um
substantivo no plural e de gênero feminino. O adjetivo se adequa a ele.

2) Ao se referir a mais de um substantivo, há algumas possibilidades de


concordância. Caso o adjetivo seja anterior ao substantivo:

a) O adjetivo pode concordar em gênero e número com o substantivo que


estiver mais próximo. Por exemplo: “Encontramos rasgados os livros e as
resenhas”.
b) Se os substantivos forem nomes próprios ou indicando grau de
parentesco, o adjetivo concordará no plural. Por exemplo: “Os queridos Aluísio
e Ageu visitaram a igreja”. Quanto ao grau de parentesco, “vi minhas amadas
primas e irmãs na reunião dos jovens”.

Porém, caso o adjetivo seja posterior ao substantivo:

d) Ele concordará com o substantivo que estiver mais próximo ou com


todos. Se houver substantivos femininos e masculinos o adjetivo assumirá a
forma de masculino e plural. Por exemplo: “A empresa oferece ajuda e serviço
ótimos”. Ou: “A empresa oferece ajuda e serviço ótimo”.

e) Se os substantivos forem do mesmo gênero, o adjetivo concorda em


gênero e pode ficar no singular ou plural. Por exemplo: “A casa e a moto nova(s)”.

3) Ao se referir a enunciados feitos pelo verbo ser:

a) Se nada modificar o substantivo, o adjetivo ficará no masculino singular.


Por exemplo: Oração é bom para alma.

b) Se algo modificar o substantivo, o adjetivo concordará com o mesmo.


Por exemplo: “A oração é boa para a alma”.

4) Ao se referir a pronomes pessoais, o adjetivo concordará em gênero e


número. Por exemplo: “Marcos os viu hoje muito tristes”.

5) Ao se referir a pronomes indefinidos neutros, seguidos pela preposição


“de”, o adjetivo, via de regra, fica no masculino singular.

6) Quando a palavra “só” tem sentido de “sozinho” sua função é adjetiva


(pois qualifica o sujeito), e deve concordar com o termo a que complementa. Por
exemplo: “Deus e eu, a sós”.

7) Quando dois o mais adjetivos modificam um substantivo, podem


ocorrer os seguintes casos:

a) O substantivo continua no singular e se acrescenta um artigo antes do


último adjetivo: “Amo a culinária asiática e a africana”.

b) O substantivo vai para o plural e retira-se o artigo do último adjetivo:


“Amo as culinárias asiática e africana”.
B. Concordância Verbal.

Ocorre quando a flexão do verbo é alterada para se adequar à do sujeito


do frase. Por exemplo: “O apóstolo pregou o evangelho”; “Os apóstolos
pregaram o evangelho”. A concordância pode acontecer com sujeito simples e
sujeito composto.

1. Sujeito simples. Pelo fato de o sujeito comandar o verbo, este se sujeita


a ele, não importando seu lugar na oração. Se o sujeito estiver plural masculino,
o verbo também deverá estar. Por exemplo: “Naquele mês vieram as provações”.
Há algumas situações específicas que devem ser consideradas.

a. Se o sujeito for coletivo, o verbo ficará no singular. Por exemplo: “O


presbitério votou contra a proposta”. Porém, se o coletivo for especificado o
verbo pode ser flexionado para o plural. “A massa de professores protestaram
contra o governo”.

b. Em caso de coletivos partitivos o verbo pode, ou não, ser flexionado


para o plural. Por exemplo: “A maior parte dos membros votou pela permanência
do pastor”; “A maior parte dos membros votaram pela permanência do pastor”.

c. Se o sujeito é um pronome de tratamento o verbo sempre será


flexionado à 3ª pessoa do singular ou plural. Por exemplo: “Os reverendos
pediram silêncio”.

d. Se o sujeito é o pronome “que”, o verbo concordará com o termo que


antecede o pronome. Por exemplo: “Foi ele que caiu na poça de lama”, ou
“Fomos nós que caímos na poça de lama”.

e. Se o sujeito é o pronome “quem”, o verbo ou se flexionará à 3º pessoa


do singular ou concordará com o termo que antecede o pronome. Por exemplo:
“Fui eu quem te evangelizou”.

2. Sujeito composto: Se há dois substantivos, o verbo vai para o plural.


Por exemplo: “Tomás e Rose se casaram”.

a. Se os núcleos do sujeito são pessoas gramaticais diferentes o verbo


ficará no plural conforme a ordem de prioridade. Por exemplo: “Eu e ele (3ª
pessoa do sing.) somos (1º pessoa do plural) irmãos”. Ou “Tu (2º pessoa do
sing.) e ele são (2ª pessoa do plural).

b. Se os núcleos do sujeito estão coordenados assindéticamente, o verbo


irá concordar com os dois núcleos. Por exemplo: “O menino e o velho sorriam”.

c. Se os núcleos do sujeito tem sentido semelhante e estão no singular, o


verbo tanto pode ser flexionado ao plural quanto ao permanecer no singular. Por
exemplo: “A fé e a esperança fortaleceram seu coração” ou “A fé e a esperança
fortaleceu seu coração”.

d. Quando há gradação no núcleo, o verbo poderá ser flexionado ao plural


ou concordar com o mais próximo. Por exemplo: “Um olhar, um aperto de mão,
um abraço bastavam” ou “Um olhar, um aperto de mão, um abraço bastava”.

e. Se os sujeitos forem sintetizados em apostos, o verbo concordará com


este. Por exemplo: “Nada, nem ninguém o convenceu”.

f. Se o sujeito tiver expressões ‘um e outro’, ou ‘nem um nem outro’, o


verbo poderá permanecer ser flexionado ao plural ou permanecer no singular.
Por exemplo: “Um e outro já morreram” ou “Um e outro já morreu”.

g. Se os núcleos estiverem conectados por ‘ou’, o verbo será flexionado


para o plural quando for de inclusão e permanecerá singular se for exclusão.
Exemplo de exclusão: “Quando morrermos, ou iremos para o céu ou iremos para
o inferno”. Exemplo de inclusão: “A pregação da palavra ou a administração dos
sacramentos são tarefas sagradas”.

h. Se os sujeitos da oração estiverem ligados por (tanto... como/ assim...


como, etc.), geralmente o verbo é flexionado para o plural, mas, se os núcleos
estiverem no singular, pode também permanecer no singular. Por exemplo:
Tanto Fabrício como José pregaram naquela igreja. Ou: “Tanto Fabrício como
José pregou naquela igreja”.

C. REGÊNCIA VERBAL.

Quando o verbo determina a maneira que ele se relaciona com seus


complementos, há uma regência verbal.

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