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DESCARTES: ARGUMENTOS PARA PROVAR A EXISTÊNCIA DE DEUS

1. O ARGUMENTO DA MARCA

“Olhando para o seu próprio ‘eu’, que é tudo o que lhe resta neste momento, Descartes descobre que
tem uma ideia de perfeição. Argumenta, então, que uma tal ideia implica uma causa. No entanto, a
coisa que originou essa ideia deve possuir tanta ‘realidade’ como ela, e isso inclui a perfeição. Isto
implica que só uma causa perfeita, isto é, Deus, pode servir. Por isso, Deus existe e legou-nos a ideia
de perfeição como um sinal inato da sua acção nas nossas mentes, assim como um artesão deixa a
sua marca gravada no seu trabalho.”

Simon Blackburn, Pense – Uma Introdução à Filosofia, Gradiva, 2001, pág. 42.

Uma reconstituição possível do argumento da marca é:

Tenho a ideia de ser perfeito (Deus).


Se tenho a ideia de ser perfeito (Deus), então ela só pode ser causada por um ser perfeito (Deus).
Se essa ideia só pode ser causada por um ser perfeito (Deus), então esse ser (Deus) existe.
Logo, Deus existe.

2. O ARGUMENTO ONTOLÓGICO

“O argumento ontológico é uma tentativa de mostrar que a existência de Deus se segue


necessariamente da definição de Deus como o ser supremo. Porque esta conclusão pode ser retirada
sem recorrer à experiência, diz-se que é um argumento a priori.

De acordo com o argumento ontológico, Deus define-se como o ser mais perfeito que é possível
imaginar; ou, na mais famosa formulação do argumento, a de Santo Anselmo (1033-1109), Deus
define-se como “aquele ser maior do que o qual nada pode ser concebido”. A existência seria um
dos aspectos desta perfeição ou grandiosidade. Um ser perfeito não seria perfeito se não existisse.
Consequentemente, da definição de Deus seguir-se-ia que Deus existe necessariamente, tal como se
segue da definição de um triângulo que a soma dos seus ângulos internos será de 180 graus.

Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia, 2ª edição, 2007, Lisboa, pp. 40-41.

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