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A natureza do homem encontrava-se intrinsicamente interligada à

finalidade (télos) da criação divina. Neste ponto, como parte da criação, ele
deveria integrar-se a ela e a si mesmo, dirigindo-se, através de sua cooperação
com a criação divina, à beatitude.

Essa concepção modificou-se com a retira da teologia e da religião como


flechas que visavam a finalidade do agir do homem, colocando-o como indivíduo
criador e não somente participador da criação. E é nesse aspecto que se tem a
natureza do homem dotada de autonomia como criador e não somente como
criatura.

Todavia, é claro que a autonomia de ação do homem tem limites, seja


individual ou socialmente. Isto, pois, determinadas ações devem ser defesas
para a manutenção de determinada constituição de vida em sociedade ou do
caráter. E o contrato social, que parte da abstração de um estado-de-natureza
para a restrição da liberdade absoluta para a convivência em sociedade do
homem, parte dessa ideia, como constitutiva da sociedade.

Para que se tenha segurança nos relacionamentos intersubjetivos, tem-


se limitações individuais. Essas limitações, na verdade, são um restringir
necessário para que, de fato, haja liberdade. Assim, o comportamento do homem
deve dar-se harmonia, que somente assim se dá, pois, dá-se em um conjunto de
limitações de notas, tanto individualmente como em contraponto, com outros
instrumentos. Rompendo essas limitações estabelecidas, que na verdade são
um limitar para permitir, conforme exposto, o que se veria, nessa metáfora, seria
meramente barulho; em suma, caos.

Mas vale destacar, ainda, que essas limitações devem ter um


fundamento. Caso sejam realizadas de maneira arbitrária, teremos a redução
dessa autonomia. A linha é tênue, ainda mais em dias de hoje, sobre o que se
deve limitar e o que se deve permitir, seja individual ou socialmente. De muitas
maneiras a humanidade torna-se errantes em extremos. Ora temos a limitação
arbitrária, como deu-se em vários sistemas totalitários; ora temos o tratar da
moral como moralismo, como vê-se na diluição de valores fundamentais, no
niilismo, de valores resguardados pelo homem, onde pretende-se o indivíduo
estar “acima do bem e do mal”.

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