Você está na página 1de 1

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO

Cristianismo – CRE1127
Professor: Marco Venício

De acordo com a Sagrada Escritura, a Igreja, muito além de uma simples


Assembleia de fieis, é na verdade a continuação do Corpo místico de Jesus na história (I
Coríntios 12, 27). Danilo Mondoni, em seu brilhante texto, ressalta o fato de que esse
Corpo é “ao mesmo tempo visível e invisível” (p. 13), o que também verificamos no
episódio da conversão de Saulo, perseguidor da Igreja primitiva, que em sua visão recebeu
de Jesus as palavras “Por que Me persegues? ”. É possível perceber, no texto de Mondoni,
que embora as condições fossem a princípio desfavoráveis para a propagação do
Cristianismo, o cenário foi modificado por fatores diversos, que apontam para uma
verdadeira Providência Divina.
Após o martírio do Apóstolo Tiago, o grupo dos Doze escolhidos por Jesus se
dispersou com a missão de evangelizar os povos. Contudo, ao falar do processo de
expansão da religião cristã, é imprescindível reconhecer que foi o último dos apóstolos,
Paulo, antigo Saulo de Tarso, perseguidor da Igreja, quem mais influenciou a abertura
dos caminhos para a ascensão do Cristianismo. Este apóstolo era respeitado por sua
influência junto aos gregos, de que tinha descendência, e também junto aos judeus, a
quem por longos anos serviu como grande conhecedor da Lei. Sua sabedoria e grande
habilidade retórica muito contribuiu para a aceitação do Cristianismo, principalmente
entre os pagãos.
De modo geral, a religião cristã encontrou no mundo greco-romano um ambiente
politeísta e, ao menos para algumas camadas abastadas, esotérico. Socialmente o perigo
de iminentes revoltas era constante, dada a ação romana sobre os seus territórios. Poucos
eram considerados cidadãos, e até 2/3 da população chegava a ser composta de escravos.
Mondoni ressalta: “Na Antiguidade a sociedade humana estava permanentemente
ameaçada de precipitar-se no caos e necessitava ser salva de uma derrocada já em
andamento [...] quem conduzia os homens de maneira ordenada era considerado um
salvador”. (p. 35)
Religiosamente, o culto ao imperador era uma tentativa de corresponder às
necessidades de ligação ao transcendente apresentadas pela população de modo a também
atender o desejo do governo romano de estabelecer um ponto de união entre os povos de
seu império. Não aceitar essa religião imposta “constituía uma prova de ateísmo e um ato
subversivo” (p. 37) Concomitantemente, a massa continuava seus cultos, em que se nota
a predominância de três fatores: “procura de um deus pessoal que assegurasse felicidade
e salvação, morte e ressureição”. (p. 38)
Mesmo nesse cenário, a Igreja Católica tornou-se, três séculos após a Paixão de
Cristo a “Igreja única e perseguidora do paganismo” (p. 41). Sendo favorecido pela
intensa circulação de pessoas no Império, devido ao sistema viário, o Cristianismo
difundiu-se através de uma ação capilar e pessoal, graças às inciativas da organização
eclesial e aos contatos espontâneos e influxos dos convertidos (p. 40).

Você também pode gostar