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Tratado de Direito Privado Tomo29
Tratado de Direito Privado Tomo29
PARTE ESPECIAL
TOMO XXIX
PARTE VI
SÍNDICO
CAPÍTULO II
FUNÇÕES DO SÍNDICO
CAPÍTULO III
§ 3.382.
§ 3.383.
§ 3.384.
§ 3.385.
§ 3.386.
Conceito de arrecadação. 1. Arrecadar, arrecadar. 2. Função do síndico
Atos da arrecadação. 1. Posse e arrecadação. 2. Presença do órgão do Ministério
Público
Bens arrecadáveis. 1. Bens arrecadáveis e bens inarrecadáveis. 2. Cartas precatórias.
3. Posse mediata e posse imediata Inventário dos bens arrecadados.
1. Inventariação . 2. Formalidades do inventário. 3. Conteúdo do inventário
Guarda dos bens arrecadados. 1. Síndico e guarda dos bens. 2.Venda de bens
arrecadados antes da fase da liquidação.
Inventario negativo e inventário deficiente. 1. Comunicação da negatividade ou da
deficiência. 2. Requerimento de continuação do processo da falência. 3. Cessação do
processe falencial por inexistência ou insuficiência de bens
CAPÍTULO IV
CAPITULO V
PARTE VII
CAPITULO 1
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
INQUÉRITO JUDICIAL
PARTE VIII
Liquidação concursal
CAPÍTULO 1
CAPITULO II
comercio .
3..424.Vendas em leilão público. 1. Ordínariedade da venda em leilão público. 2.
Cônjuge e consentimento ou assentimento à alienação de imóveis. 3. Realização do
leilão público. 4. Comissão do leiloeiro e depósito do preço. 5. Código Civil, art.
1.106. 6. Continuação no dia seguinte e transferência do leilão público
3.425.Vendas por meio de propostas. 1. Figura jurídica. 2. Reclamações dos credores.
3. Venda de todos os bens, de alguns,ou só de um bem. 4. Vinculação dos ofertantes .
5. Conteúdo do auto judicial. 6. Informações do síndico e audiências do falido e dó
órgão do Ministério Público. 7. Credores e mais interessados . 8. Julgamento. 9.
Venda de bens gravados com direito real de garantia
3.426.Poderes do síndico quanto às liquidações. 1. Funções liquida-tórias do síndico.
2. Dividas ativas, transações e -abates. 3.Transação
§ 3.427.Venda de bens gravados com direito de hipoteca ou de anticresce. 1. Extração
do valor. 2. Remição. 3. Pretensão executiva real e suspensão do seu exercício. 4.
Determinação da venda pelo síndico. 5. Venda urgente do bem gravado. 6. Venda
promovida por algum credor. 7. Venda do bem gravado de anticresce. 8. Arrematação
§ 3.428.Venda de bens empenhados ou caucionados. 1. Direitos reais de garantia sobre
bens móveis. 2. Direitos empenhados. 3. Créditos caucionados. 4. Warrants. 5. Penhor
rural (agrícola ou pecuário). 6. Penhor de máquinas e aparelhos utilizados nas
indústrias. 7. Bens pertencentes a terceiro
§ 3.429.Bens imóveis gravados com direito real. 1. Princípios quanto aos direitos reais
limitados que não são de garantia. 2. Caso especial do direito real de venda sobre
imóvel
§ 3.430.Venda de bens retidos. 1. Direito de retenção e venda dos bens (remição ou
venda). 2. Venda
§ 3.431.Realização do ativo por deliberação da assembléia de credores.
1.Intervenção da vontade celetiva dos credores. 2. Convocação da assembléia de
credores. 3. Reunião dos credores em assembléia. 4. Deliberações. 5. Ata da
assembléia
§ 3.432.Deliberações dos credores com dois terços dos créditos- apresentados. 1.
Negócio jurídico entre credores. 2. Bens e modos de alienação. 3. Criação de
sociedade para continuação do negócio do falido. 4. Alienação do ativo a terceiro. 5.
Outros modos de alienação. 6. Recurso
CAPÍTULO III
ENCARGOS DA MASSA
§ 3.433. § 3.434.
Encargos da massa e dívidas da massa. 1. Massa e passivo próprio da massa. 2.
Precisões
Enumeração dos encargos da massa. 1. Texto legal. 2. Pressuposto da exigibilidade do
tributo durante falência
CAPÍTULO IV
DÍVIDAS DA MASSA
§ 3.435.
§ 3.436.
§ 3.436.
Encargos da massa e dívidas da massa. 1. Dicotomia inicial. 2.Dedução direta349
Análise das dívidas da massa. 1. Espécies de dívidas da massa. 2.Direitos reais de
garantia
CAPITULO VIII
CAPfTULO V
CAPÍTULO VI
TERMINAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO
CAPITULO VII
CAPITULO VIII
CONCLUSÕES
SINDICO
83). De qualquer modo, quem reside fora do foro da falência e não tem domicilio ai
não pode ser síndico (ci 4~S Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal,
Si de maio de 1949, R. 9., 128, 146). As Câmaras Cíveis Reunidas do Tribunal de
Justiça do Paraná, a 27 de outubro de 1950, tiveram ensejo de julgar improcedente
reclamação em que se argõia que havia
Estado “... do que não tem decorrido nenhum prejuízo para o bom desempenho do seu
cargo e boa administração dos interesses da massa falida, estando assim atendido o
motivo que determinou o legislador a exigir que fossem de preferência nomeados os
credores de maior quantia e idoneidade moral e financeira, residentes ou domiciliados
no foro da falência”.
Para que o juiz nomeie, desde logo, o síndico, é preciso que tenha a relaçao dos
credores. Se dos autos não consta a relação, ou se a que se apresentou é evidentemente
incompleta, tem o juiz de providenciar para a juntada da relação, ou da relação
completa. A esse respeito é que estatui o art. 60, § 1.0, do Decreto-lei n. 7.661: “Não
constando dos autos a relação dos credores, o juiz mandará intimar pessoalmente o
devedor, se estiver presente, para apresentá-la em cartório dentro de duas horas, sob
pena de prisão até trinta dias”. Advirta-se em que a relação que constava dos autos, ou
a que foi depois junta, ou completada, pode não corresponder à verdade. Há, apenas,
presunção horainis de que a relação é verdadeira .
Se o devedor não apresenta a relação, a despeito de ter sido intimado, com a
combinação, pode o juiz não ter outro caminho que o de nomear o credor que pediu a
abertura da falência, ou um dos credores penhorantes, ou um daqueles de que constem
dos autos os créditos, respeitado o art. 60 do Decreto-lei n. 7.661.
Se a decretação da falência foi pedida por sócio, ou por acionista, que não tem a
relação de credores, o juiz tem de nomear um dos credores conhecidos, observando o
art. 60.
Nenhuma possibilidade tem o juiz de nomear pessoa estranha, se há credor que
satisfaça os requisitos a que se refere o art. 60 do Decreto-lei n. 7.661. Se, conforme
dados suficientes, que constem dos autos, nenhum dos credores, isto é, o credor que
pediu a abertura da falência, ou qualquer dos credores que constem da lista, é pessoa
de idoneidade moral e financeira, pode o juiz nomear pessoa estranha. Não é óbice a
isso só haver o art. 60, § 2.0, dl, Decreto-lei n. 7.661 cogitado da espécie das três
recusas: “Se credores, sucessivamente nomeados, não aceitarem o cargo, o juiz, após a
terceira recusa, poderá nomear pessoa estranha, idônea e de boa fama, de preferência
comerciante”.
O nomeado pode ser comerciante ou não ser comerciante. e credor, é indiferente que o
seja, ou não. Se pessoa estranha, fato há a exigência de ser comerciante, e a alusão do
art. 60, 2.0, do Decreto-lei n. 7.661 funciona apenas como recomendação (ambíguo o
acórdão da 8. Câmara Cível do Tribunal da Justiça do Distrito Federal, a 17 de agosto
de 1949, A. .T., 115).
Se o credor não tem titulo hábil para ser admitido, ou que asulte de exame imediato,
não deve ser nomeado síndico 78 Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal, de outubro de 1946, R. F., 112, 451). A lei fala de credor a nomeação é antes
da admissão definitiva à falência e do julgamento das impugnações , mas a non plena
cognitio basta influir na escolha entre credores.
O sócio comanditário da firma comercial não pode ser sindico na falência dessa firma
não porque tenha, sendo credor, interesse contrário a firma (sem razão, a 2.8 Câmara
da Corte de Apelação do Distrito Federal, 10 de setembro de 918, R. .1., 13, 336) :
todos os credores do falido teriam interesse contrários mas sim porque, tornando-se,
eventualmente, solidariamente responsável, seria envolvido na falência (Código
Comercial, art. 314).
Pode ocorrer que ao maior credor, ou um dos maiores redores, falte idoneidade moral
ou financeira. Idoneidade moral é a honestidade para o exercício da função de síndico,
exatidão no cumprimento dos deveres, a probidade no trato os dinheiros alheios.
Idoneidade financeira é a situação eco5mica que assegure aos credores e ao falido,
CAPITULO VIII
Se alguém é credor do falido e coincide ser sócio de firma estrangeira, com sede no
estrangeiro, não está privado da legitimação a ser síndico; porque a sua personalidade
não se confunde com a da sociedade, de que faz parte. Tem de assinar termo em seu
próprio nome (8.8 Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, 10 de
dezembro de 1950 (E. F., L43, 278 s.) e cumprir o que exige o art. 62, parágrafo único,
do Decreto-lei n. 7.661.
A 8. Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a 24 de agosto de 1951
(A. .1., 102, 205), disse que não pode ser síndico pessoa jurídica, que, tendo filial no
foro da falência, não tem ai, devidamente regularizada, a sua representação (devia
dizer “o seu órgão’9, nem tio-pouco pessoa que há menos de um ano era sócio da
firma falida. A última proposição é sem base em lei. Seria preciso que se pudessem
invocar, por exemplo, os arts. 59, parágrafo único, 6.0, e 60, § 39, II, do Decreto-lei a.
7.661.
(A terminologia imprópria cria problemas que só se resolvem bem quando se
substituem por termos próprios os impróprios. A pessoa jurídica não pode delegar
funções de síndico, nem pode para todos os atos fazer-se representar. O
“representante” de que fala o art. 60, § 59, é o órgão . Só o nome do orgao é que pode
constar de termo de que trata o art. 62. Ora, o órgão presenta, não representa.)
2. PESSOAS QUE NÃO PODEM SER NOMEADAS. No art. 60, § 39, o Decreto-lei
n. 7.661 diz que: “Não pode servir de síndico: 1, o que tiver parentesco ou afinidade
até o terceiro grau com o falido, ou com os representantes (7) da sociedade falida, ou
deles for amigo, inimigo ou dependente; II, o cessaonário de créditos, que o for desde
três dias antes de requerida a falência; III, o que, tendo exercido cargo de síndico em
outra falência, ou de comissário em concordata preventiva, foi destituído, ou deixou de
prestar contas dentro dos prazos legais, ou, havendo-as prestado, as teve julgadas más;
IV, o que já houver sido nomeado pelo mesmo juiz síndico de outra falência há menos
de um ano, sendo, em ambos os casos, pessoa estranha à falência; V, o que, há menos
de seis meses, recusou igual cargo em falência de que era credor”.
a) Em primeiro lugar o art. 60, § 30, 1, do Decreto-lei n. 7.661, pré-exclui,
decisivamente, a nomeação do parente, até o terceiro grau, consangüínao ou afim, ou
do amigo intimo, ou do inimigo ou dependente (e. g., o empregado) do falido. A
amizade, que obsta à nomeação, é a amizade intima.
No tocante às pessoas jurídicas, a terminologia da lei é má.
Não se afasta a possibilidade de ser nomeado síndico quem é parente, ou amigo
intimo, ou inimigo, ou dependente do advogado ou procurador da sociedade, mas sim
o parente, ou amigo intimo, ou inimigo, ou dependente do órgão da sociedade.
O diretor da sociedade não é representante; é órgão.
A proibição legal continua após a morte do falido ou da pessoa que era órgão da
sociedade.
b)Se houve cessão de crédito, três meses, ou menos, interesse da decretação da
falência, não pode ser nomeado síndico cessaonário; nem o cessaonário em segunda
cessão ou outra que se seguiu.
A lei somente cogita da cessão. Quem sucedeu a causa de norte em algum crédito,
pretensão, ação ou exceção, não está inibido de ser síndico.
O fato de ter sido cedido o crédito, não por estranho, mas por pessoa mencionada no
5* 60, 4 39,1, não importa. O que se há de verificar é ter havido cessão e o não ter sido
anterior aos três meses.
c) O art. 60, § 39, III, estabelece a inidoneidade absoluta de quem, tendo exercido o
cargo de síndico, noutra falência, ou de comissário, em concordata preventiva no caso
ou noutro caso, foi destituído, ou deixou de prestar contas dentro dos prazos legais, ou,
havendo-as prestado, foram julgadas más. Se houve destituição, necessAriamente se
deu por ter o síndico excedido algum prazo, ou infringido algum dever. Se sobreveio
algum dos impedimentos do art. 60, § 39, 1 ou III, não há, propriamente , destituição;
nem o há, se o síndico alegou e provou que não podia continuar no cargo, por força
CAPITULO VIII
maior (e. g., foi designado para outra unidade política, ou para o estrangeiro). O que se
tem de responder é se a causa foi inidoneidade superveniente. A sentença rescindente
intercalar, transita em julgado, desconstitui o julgado.
d) O art. 60, § 39, IV, dirige-se aos juizes, para que não centralize a sua confiança, de
modo que a mesma pessoa possa ser aquinhoada com funções.
e) No art. 60, § 39, V, faz-se impedido o credor, ou o estranho, que, sendo credor
noutra falência, recusou o cargo de síndico. Não está impedido: o que fora nomeado,
noutra falência, sem ser credor; o que não recusou, alegou, apenas, não poder, in casu,
aceitar o cargo de síndico (e. g., por ter de mtodar ou ter mtodado de domicilio ou
residência, estar para casar com filha ou sobrinha do falido).
Também não podem ser síndicos, e é nula a nomeação:
f) Os absolutamente incapazes e os relativamente incapazes (Código Civil, arts. 59, 1-
1V, e 6.0, 1, III e IV: menores de dezesseis anos, loucos, surdos-mudos que não podem
exprianos e menores de vinte e um, que não tenham tido suplemento de idade; os
pródigos interditos; e os analfabetos, porque não podem assinar o termo (Supremo
Tribunal Federal, 28 de agosto de 1909, O D., 110, 473), nem passar procuração.
Não podem ser síndicos e podem ser, por isso, destituídos:
g) Os que exercem cargo público a que lhe proíba o exercício do cargo de síndico.
h) O credor que tem interesses contrários ao da massa falencial (Decreto-lei n. 7.661,
art. 66).
Ao falido noutra execução celetiva, que ainda pode exercer o comércio, ao
concordatário ou pessoa que pediu concordata (Decreto-lei. n. 7.661, art. 65) e ao
insolvente falta idoneidade financeira; não se pode dizer, a. priori, que lhes falte
idoneidade moral.
CAPITULO II
FUNÇÕES DO SÍNDICO
no instante mesmo após a assinatura do termo . Não importa se houve, ou não, recurso
que interpôs da decisão de abertura da falência, nem se recorreu não da decisão que
nomeou o síndico.
oficial, julgar e hora em que, diariamente , os credores terão à sua posição os livros e
papéis do falido e em que os interessados não atendidos”.
A publicação na sentença de abertura da falência (= decretação da falência) tem de ser
feita, sempre, pelo escrivão, quem cabe o dever de providenciar a respeito, no órgão
daí. Tem ele de certificar que a publicação foi feita. Se não
>evidencia a respeito, cabe ao juiz suspendê-lo por seis meses Decretar a perda das
custas. Se algum prejuízo resultar da ta de publicação imediata da sentença, responde o
escrivão a indenização (Decreto-lei n. 7.661, art. 16 e parágrafo co).
A responsabilidade do escrivão não é por culpa. Somente te alegar para se eximir da
responsabilidade força maior individual, como ter sido obstada, por motins ou
revolução, a publicação do órgão oficial.
O escrivão responde pelos prejuízos, a que a falta de publicação deu causa, mesmo se
o juiz da falência não o tiver suspendido o das funções.
Ao síndico o que incumbe é providenciar para publicidade sentença além daquela que
resulta da inserção da sentença órgão oficial e quanto à publicação, no órgão oficial,
do aviso. a sentença comporta a despesa, também lhe é dado, embora
a lei não o diga expressamente, nem, a fortiori, o faça dever do síndico, publicar
noutro periódico o aviso.
9.(VIII) DEVER DE INFORMAR. Diz o Decreto-lei n. 7.661, art. 63, VIII, que é
CAPITULO VIII
função e dever do síndico “fome ler, com presteza, todas as informações pedidas pelos
interessados sobre a falência e administração da massa e dar extratos dos livros do
falido, para prova, nas verificações ou impugnações de crédito; os extratos merecerão
fé, ficando salvo à parte prejudicada provar-lhes a inexatidão”. A .f é que se atribui
importa, de regra, só se poder afastar a prova feita pelo documento, ou título, em ação
própria, ou em ação em que se possa atacar. No art. 63, VIII, explicita-se ficar salvo à
parte prejudicada provar a inexatidão dos extratos. Isso significa que o Ônus da prova
incumbe a quem alega a inexatidão. Não se trata, propriamente , de 16 pública (Tomo
XI, § 1.225). As informações são prestadas por dever do síndico, que as deve dar
exatas, e estabelecem Ônus de prova contrária para o informado.
16.(XV) DEVER DE REMIÇÃO. Estabelece o Decreto-lei n. 7.661, art. 63, XV, que
é função e dever do síndico, remir penhOres e objetos legalmente retidos, com
autorização do juiz em benefício da massa”. P~m benefício da massa e com
autorização do juiz, pode o síndico remir penhOres e solver dividas sujeitas a direito
de retenção a favor do devedor.
Pergunta-se: j,pode o síndico, com a autorização do juiz, remir bens hipotecados? A
despeito de a lei somente se referir
a remição dos bens hipotecados é permitida nos mesmos casos em que teria tal
faculdade o devedor, se não estivesse falido (e. g., Código Civil, arta. 814 e 815). Pode
haver interesse da massa em que se faça a remição.
17.(XVI) DEVER DE PROPOR AÇÕES. Estabelece o Decreto lei n. 7.661, art. 63,
XVI, que é função e dever do síndico “representar a massa em juízo, como autora,
mesmo em processos penais, como ré ou como assistente, contratando, se necessário,
advogado cujos honorários serão previamente ajustados e submetidos à aprovação do
juiz”. A expressão “representar a massa” é imprópria. O síndico é parte de oficio. Não
representa a massa, porque a massa não é pessoa jurídica, nem aglomerado de pessoas
físicas. O síndico está a colaborar na execução forçada celetiva. O Estado está a
preparar, com atos do juiz, do síndico, do escrivão, do órgão do Ministério Público e
de outras pessoas, a prestação jurisdicional. que prometera aos credores, em caso de se
decretar falência.
As expressões “Autora, a Massa falida de F.”, “Ré, a Massa falida de F.”. “Assistente,
a Massa falida de FY, “Recorrente, a Massa falida de F.”, denunciam superficialidade
de conhecimentos de processualistica, ou se explicam por elipse (“Autor, 5., síndico da
Massa falida de F.”, “Réu, 5., síndico da Massa falida de F.”, “Assistente, S., síndico
CAPITULO VIII
síndico. O alcance do. art. 64 é esse. Por exemplo: não pode o síndico transigir sobre
dividas e negócios da massa sem permissão do juiz (ad. 63, XVIII); nem fazer
abatimentos em créditos, mesmo se de difícil liquidação (ad. 121), nem vender fora de
tempo, por serem de fácil deterioração, ou de guarda dispendiosa, os bens (art. 63,
XIII), pois a decisão compete ao juiz.
Ministério Público, ou de qualquer credor, no caso de exceder qualquer dos prazos que
lhe são marcados nesta lei, de infringir quaisquer outros deveres que lhe incumbem, ou
de ter interesses contrários aos da massa”.
Note-se que só se destitui por excesso de prazo (= desatendimento do prazo), infração
de regra jurídica cogente ou interpretativa, ter interesse contrário aos da massa.
Preliminarmente, observe-se que o ter crédito contra a massa, declarado de acordo
com a lei, não se considera interesse contra a massa, ainda que haja impugnação a esse
crédito.
Antes de o síndico assumir o cargo, há revogação da nomeação; depois de assumir e
em virtude de ter havido reclamação dentro das quarenta e oito horas contadas após a
publicação do aviso a que se refere o art. 63, 1, há revogação da nomeação e
desconstituição da investidura>.
Na destituição, não há retirada de voz: há desconstituição do ato de nomeação e da
investidura, porque o que existia era definitivo. Ez hypothesi, expirara o prazo para a
reclamação.
Destituição, pede-se; a revogação é atendimento a reclamação. Ali, há fato novo, que
serve de base ao pedido; aqui, o fato é velho, o fato era tal que a nomeação não
poderia ter sido feita, a voz não poderia ter sido emitida.
em leilão, enquanto que agravado sustenta que é o preço da avaliação. A razão está
com a agravante. O melhor índice de valores é o que se obtêm ela venda. Antes disso,
só se pode falar em estimativas, e o preço ou valor real é que deve servir de base para
o cálculo das comissões. Aliás, essa interpretação é a que deve prevalecer, mesmo para
evitar- situações estranhas, em que o valor letivo poderá descer a tal nível que se torne
insuficiente para o pagamento da remuneração do síndico”.
O fato de terem sido julgadas boas e bem prestadas as perguntas não exclui a
responsabilidade do síndico.
São fatos, por exemplo, de que decorre responsabilidade: amora na publicação do
aviso para as declarações de crédito Decreto-lei n. 7.661, art. 80), ou na expedição das
circulares a que fala o art. 81 e §§ l.~ e 2.0; cobrança de divida com abatimento
(Decreto-lei n. 7.661, art. 121).
O dano ou prejuízo há de ser: a) à massa falencial; ii 19 ao falido, se obteve
concordata, ou a revogação da sentença de decretação da falência, ou se o prejuízo
ocorre despeito do prosseguimento da falência (e. g., o falido tem interesse em que se
extingam ou se extingam mais cedo as suas obrigações, Decreto-lei n. 7.661, art. 135,
II, III e IV); u c) a credor com direito real de garantia; ou d) a titular de direito real
limitado que não seja de garantia (e. g., o dano bem gravado ofendeu o direito real
limitado).
o síndico, logo se fazem conclusos os autos para que o juiz as julgue. tal interpretação
seria de repelir-se. Apresentadas as contas pelo síndico, impugnadas, o rito do
processo é o ordinário, pela necessidade de produção de provas, e assim se faz no
processo comum (Código de Processo Civil, ad. 808, § 2.0). “Decorrido prazo do
aviso”, diz o ad. 69, § 30, do Decreto-lei n. 7.661, realizadas as necessárias
diligências, serão julgadas pelo juiz, ouvido o representante do Ministério Público, e,
se houve impugnação, o síndico”. Sem audiência do síndico <8.8 Câmara Civil do
Tribunal de Justiça de São Paulo, 12 de dezembro de 1931, R. dos 2’., 81, 72), ou do
órgão do Ministério Público, 3 julgamento, se houve impugnação, é nulo; mas a
nulidade é nulidade não-cominada (Código de Processo Civil, ida. 278 e 274).
É nulo o processo de prestação de contas se foi proces3ado com infração do ad. 69, §
2?, do Decreto-lei n. 7.661
(cf. 2,8 Câmara Cível da Corte de Apelação do Distrito Federal, 21 de janeiro de 1916,
R. .T., II, 548), ou do art. 69, § 1.0 (Tribunal de Justiça de São Paulo, 17 de setembro
de 1914, F?. dos T., 11, 148).
8. RECURSO. Da sentença cabe agravo de petição (Decreto lei n. 7.661, ad. 69, §
4.0). Se o síndico teria de restituir determinada importância à massa, ou de satisfazer
qualquer exigência, deve o juiz julgar não prestadas devidamente as contas; ou julgá-
las prestadas o que é menos recomendável com a ressalva da restituição, dentro do
prazo, para assa, de quarenta e oito horas <com isso em verdade se julga
prestadas). A terceira solução, que seria a de se subordinar o julgamento das contas à
restituição prévia, teria grandes inconvenientes teóricos e práticos; e um deles,
ocorrido na Justiça de São Paulo, é o de se ter de decidir sobre qual o recurso então
inter disponível . O juiz condicionou o julga.mento à restituição (devia, legalmente, de
ofício, ou a requerimento, se o houve, mandar depositar, conforme o ad. 63, IV, do
Decreto-lei n. 7.661, a quantia devida, e, findo o prazo, processar a destituição,
segundo o art. 66 e §§ 1.0 e 29) o síndico agravou de petição; a 6~a Câmara Civil do
Tribunal de Justiça de São Paulo, a 25 de fevereiro de 1949, entendeu que “cabe
agravo de petição não só da decisão que julga as contas do síndico como também da
que deixa de manifestar-se sobre elas, condicionando o julgamento à restituição pelo
síndico de determinada importância à massa”; em voto vencido, um dos
desembargadores, não conheceu do agravo de petição, “por se não terem julgado
contas” (R. dos 2’., 179, 874).
sem prestar contas, ainda ai o juiz de nomear substituto, ad hor, para que apresente
contas.
O art. 308, § 2.0, do Código de Processo Civil é aplicável. pessoa que foi síndico tem
de ser ouvida.
institucional. Com o expediente de cata de frases, traríamos nos textos romanos tudo
que desejássemos. Entre o seqüestro e o arresto existem elementos comuns nentos
diferenciais. Confundi-los seria pernicioso teórica e unicamente, pois não coincidem
os requisitos de aplicação, as conseqüências de um e de outro.
São elementos comuns ao arresto e ao seqüestro :
O intuito de segurança econômica , quando qualquer (dos previstos na lei) permite
crer-se na ofensa a direitos.
O caráter de medida preventiva, como a detenção ‘aí, os protestos, a caução, a venda
judicial de objetos judiciais que tenham sido embargados, depositados ou penhorados,
se de fácil deterioração, etc. Um desvia o perigo do aparecimento da coisa, é o
seqüestro ; outro consiste em rogo ou impedimento, até que o devedor solva a dívida.
Supõe a questão sobre a coisa (direito real, posse); outro,ligação. 3~ elementos
diferenciais: t)Posto que preventivos e de segurança os dois remédios do seqüestro e
o do arresto, o primeiro tem por observar determinada coisa, ao passo que o segundo
como que é suficiente para cumprimento do que é devido. Termos mais precisos,
embora de linguagem mais técnica, prevenção, no que concerne ao objeto (seqüestro
>, ou no respeito à utilidade final da relação de direito (arresto).
)O seqüestro supõe a litigiosidade da coisa ou, por s expressões, a incerteza subjetiva
em relação a ela; arresto não implica qualquer laço entre o objeto da causa vai ou se irá
decidir, e os bens, que se arrestam: não há certeza, mas certeza de quem é o dono
deles. Ali, depositados os bens porque há dúvida quanto ao termo da relação isto), a
que se prende a coisa; aqui, é da inexistência de divida que se parte para a concessão
do arresto. Bens que o sabe a quem pertencem, ou quem os possui, podem
mente o serem arrestados.
No seqüestro, tem-se por fito a incolumidade da coisa, até que se decida a causa
principal, para que não sejam prejudicados os direitos dos interessados. No arresto,
não se determinam os bens; são quaisquer, e onde se encontrem, para que se não
subtraia à futura prestação o patrimônio necessário à solução da divida. Daí dizer
SÂMUEL STRYK que o seqüestro fit custodiae causas; o arresto, vero imponitur, ut
arrestatus debitum solvat. No seqüestro , tira-se dos litigantes, e entrega-se a terceiro,
que serve de depositário, a coisa que se seqüestrou . No arresto, proíbe-se ao possuidor
que lhe altere o estado, o lugar, ou a dependência jurídica.
Excepcionalmente, se o caso não é de alcance, mas de verificação de que o síndico
subtraiu à massa algum bem, é que se pode pensar em seqüestro .
isto (ou seqüestro ) em penhora; feita a penhora, a medida cautelar fica sem objeto (cf.
Comentários ao Código de Processo Civil, IX, 2.~ ed., 292 5.)
CAPITULO VIII
CAPITULO III
inventário. massa de posse, pelo síndico, de bens, livros ou documentos, não constam
do inventário, foi es bulha. Como ato de versão ilegítima na esfera jurídica do falido
tem-se de tratar quer ato que se disse ou que se supunha de arrecadação e não consta
do inventário. Contra o síndico tem o falido, isso, as ações civis, inclusive
possessórias, e as penais. síndico deixou de arrecadar algum bem, e não consta do
inventário, tem o falido o dever de entrega-lo ao sindico, para que o arrecade, ou
depositá-lo em juízo (cautelarmente». para que, ciente do ocorrido, o síndico proceda à
arrecadação.
1.0).
Á diferença do que se passa a propósito das vendas normais (art. 117, § 1.0), o
leiloeiro, no caso do art. 73, §§ 1.0 e 2.~, não é pessoa escolhida pelo síndico: nomeia-
o o juiz. Nenhuma responsabilidade por culpa in eligendo tem o síndico, nem, com
maioria de razão, se pode invocar o art. 72. No momento ?m que se entrega ao
leiloeiro o bem, possuidor imediato é ele, não o síndico. Se a venda é de bem de que o
síndico somente ;em a posse mediata, tal posse se transfere ao leiloeiro. No momento
em que o leiloeiro faz a tradição da posse do bem, com transferência do direito, e o
dinheiro, que recebe como preço, é sub-rogado real do bem vendido, de modo que
depositário é o leiloeiro, e não o sindico (cf. Seção Criminal do Tribunal de Justiça de
São Paulo, 1.0 de setembro de 1948, ?. dos T., 176, 463: “Se o leiloeiro não efetuou o
recolhimento o Banco do Brasil do produto da venda dos bens da massa,
sua priMo justifica-se em face da lei. Não, porém, a do síndico, que não teve em seu
poder qualquer quantia”).
Aqui convêm que acentuemos ponto de direito, referente á posse.
Ex hypothesi, o síndico somente é possuidor mediato e o juiz nomeou o leiloeiro, que
inicia a sua função. A tomada da posse mediata, pelo leiloeiro, é mediante qualquer ato
do síndico, sem que o direito brasileiro exija o elemento do a.nimia ou do carpia, o
que simplifica, profundamente, a solução do problema.
Passando ao leiloeiro a posse mediata, ~ qual a posição do síndico, após isso,
possessoriamente? A resposta tem de atender a que o juiz continua possuidor mediato,
acima do leiloeiro, porém a que também o síndico não perdeu a posição possessória:
apenas a sua posse mediata passou a ser entre a do juiz e a do leiloeiro. Se alguma
turbação ou esbulho ocorre, são legitimados material e processualmente à tutela da
posse o síndico e o leiloeiro.
CAPITULO IV
“As vendas, salvo autorização do juiz, não poderão ser efetuadas por preço inferior ao
constante da avaliação” (art. 74, § 40, 3& parte).
A posse imediata dos bens do negócio passa ao gerente, que é depositário, O síndico
teve, por esse fato, mediatizada a sua posse, O gerente foi proposto pelo síndico, e
nomeado pelo juiz. É preposto do síndico. Fica sob a “imediata fiscalização do
síndico” (Decreto-lei n. 7.661, art. 74, § 2.0>, que se torna responsável pela culpa in
vigilando.
Quanto ao problema da posse, temos de conceber que, se era própria a posse do falido,
ficou ele com a posse própria mediata, o juízo tem, após ele, a posse (imprópria)
mediata, o síndico, que arrecadara os bens entregues ao gerente, é possuidor
(impróprio) mediato após o juízo, e o gerente tem a posse (imprópria) imediata. Esse
gerente não é parte de ofício; nem é, rigorosamente, órgão da execução forçada
celetiva. É gestor de negócios alheios, com poderes outorgados pelo juízo, por
proposta do síndico. Não representa o falido, nem o síndico; é encarregado de venda,
ou de venda e de compra, com a posição jurídica de depositário. A relação jurídica
entre ele e o juízo é a de administrador de certos interesses da massa, proposto pelo
síndico. Em relação ao síndico, é preposto. A lei assim o concebeu. Poderia ter
preferido contra qualificação..4~o síndico incumbe a fiscalização de toda a atividade
do mmomento. É preposto seu. Diz o art. 74, § 2.0: “O gerente, cujo rio, como os dos
demais prepostos, será contratado pelo sindico, mediante aprovação do juiz, ficará sob
a imediata realização da síndico e lançará os assentos das operações em os especiais,
por este abertos, numerados e rubricados”. A expressão “imediata fiscalização”
permite ao síndico chame atenção do gerente para fatos, positivos ou negativo que se
estão a passar no estabelecimento, ou para o que e vir a ocorrer. O gerente não o tem
de cumprir a ordem ai, ou que lhe pareça nociva aos interesses da massa. O acesso juiz
é indenegável. O síndico, por seu lado, pode requerer substituição do gerente, que
deixou de merecer a sua confiança ou a que algo sobreveio que ao síndico parece
incompatibiliza-lo ou contra indicá-lo ao posto . Não o pode dispensar sem o juiz
examine o caso, não para conservá-lo contra o que síndico com razão argúi, mas para
que se respeite o ato de falência com que o gerente fora investido das funções .
Por onde se vê que a imediata fiscalização apenas habilita sindico a comunicar ao
juízo o que se passa, ressalvando a sua responsabilidade. Nos casos de alguém
articular contra o gerente, têm de ser ouvidos os outros interessados (o falido, sindico,
o órgão do Ministério Público).
O gerente é preposto, mas a nomeação foi feita pelo juiz. a situação do gerente,
vigiado pelo síndico, mas inserta no cesso falencial com a nomeação pelo juiz.
adequados e precisos.
No Decreto-lei n. 7.661, empregou-se a expressão “restituição” e falou-se, em seguida,
de embargos de terceiro, ação que se pode referir a direito ou a posse. O art. 76, § 2.0,
misturou, numa só proposição, duas regras jurídicas: a) uma, que poderia ser
enunciada> por ser de direito material, como se lá estivesse escrito: “A propriedade
das coisas vendidas a crédito e entregues ao falido nos quinze dias anteriores ao
pedido de decretação da falência, se ainda não foram alienadas pela massa, tem-se
como não transferida”, o que seria algo de semelhante a qualquer das regras jurídicas
do art. 52, III, VII e VIII, pertinentes à ineficácia relativa de alguns negócios jurídicos;
b) outra, que permite o pedido de “restituição” nesses casos de alienação, a crédito,
nos quinze dias anteriores à decretação da falência.
Na expressão “restituição”, com o sentido que se lhe deu nos arts. 76-78, estão
conceitos que também se aglomeram em tOmo não suficientemente preciso: a) a
entrega, de volta, do bem que poderia ser objeto de pretensões reivindicatórias (ação
de reivindicação); b) a entrega de bem que está sujeito a direito real limitado que
atribui ao titulo uso e fruto, ou só uso, ou só fruição do bem (ações vindicatórias de
direito real); e) a entrega de bem de que o falido já não tem direito à posse (ações de
restituição ou vindicativas da posse) ; d) a entrega do bem de que o falido somente
havia a sentença. A respeito, cumpre notar-se que os críticos do direito anterior
também incorrem em erro, por meterem sob a expressão “restituição” credores por
exemplo de coisa certa, em casos em que não se pode pensar> de modo nenhum, em
restituição. Sobre o dever de restituição, com as devidas precisões, Tomo XXII, §§
2.727-2.780.
Se quem arrecadou, como bem da massa, não foi o síndico, ou se nenhum inventário
foi feito e junto aos autos da falência, não houve arrecadação, e ainda podem ser
exercidas as ações próprias, sem ser incidentemente.
Se houve arrematação, mas é nula (e. g., se a fez o síndico), sem que a assistisse o
órgão do Ministério Público, as ações a serem empregadas são as dos arte. 76-78 e 79,
portanto incidentemente.
É preciso que não se confunda a falta de arrecadação com a falta de arrecadação do
bem em natura. Se houve inversão ilegítima do valor do bem no patrimônio do falido,
sem que se pudesse coordenar com a vontade do dono ou possuidor, qualquer bem que
se arrecade do patrimônio do falido contêm esse valor. Dai o perigo de se afirmar, a
priori, que, não tendo sido arrecadada a coisa, não há pensar-se em ação de restituição,
ou em embargos de terceiro. Arrecadado pode ter sido o valor.
Não só. Devido ao penhoramento abstrato, que resulta da decretação de abertura da
falência, pode o juízo da falência entender que algum bem foi atingi do, embora não-
arrecadado. Se algum ato do juiz é praticado nesse sentido, ou se fora do juízo algum
ato estatal é praticado nesse sentido, a esfera jurídica de alguém pode ter sido atingida,
O interessado tem de ir contra Esse ato. O juízo competente é o da falência, mesmo se
o ato foi de autoridade sujeita a outro juízo (e. g., o oficial do registro de imóveis).
O que, em questão prévia, se pede é que o juiz da falência declare que o penhoramento
abstrato não atingiu (ou atingiu)o bem de que se trata; e, em seguida, que desconstitua
o ato da autoridade pública, ou que algo se lhe ordene fazer.
Se o falido deu algo em penhor ou caução, e não é caso a ineficácia relativa (Decreto-
lei n. 7.661, art. 52, III e VII), decretação da falência não atinge o direito real de
garantia. proprietário, quem quer que seja, inclusive, no momento, h’ypothesi, o falido,
tem de solver a dívida. Se o bem é de outrem, ao terceiro, proprietário> é que incumbe
livrar o bem, cabendo-lhe declarar o seu crédito quirografário pelo que foi mister à
remição, ou à solução da divida> ou pelo que terá de r prestado por ele, ao vencer-se a
dívida (cf. U. NAVARRINI, tituzioni di Diritto failimentare, 104).
Se o credor pignoratício alienou o bem e <excepcionalmente> no direito brasileiro,
devido ao art. 622 do Código Civil) terceiro o adquiriu, ou se o alienou com
fundamento nos ts. 774, III, e 802, IV, 3.~ parte, do Código Civil, tem de estar à massa
o eventual excedente. Se o proprietário era outrem, o excedente eventual é prestado a
esse, cabendo-lhe, rida, o crédito, que tem de declarar, pelo que foi de mister solução
da dívida (r o preço recebido pelo credor pignoralo menos o que recebeu o
proprietário). Sem razão> G. DE ~MO (Diritto fafli’mentare, 864) e RENzo
PROVINCL4LT (Ma.. ~ale di Dirjito fallimentare, 463).
(b) O que se acha em poder do falido, a titulo de comodato, depósito, mandato,
comissão> ou outro negócio jurídico, tem de ser restituído> pois nenhuma posse se
retira, justamente, ao dono, para que se possa pensar em reivindicacao . Se o possuidor
contraente quer mostrar a natureza da esse que lhe compete, então é de reivindicação
que se trata. Da via, em direito falencial, pela generalidade da regra juri~a do art. 76
do Decreto-lei n. 7.661, é de pouca importância Justinção e não pode o juiz apegar-se
ao nomen zuna.
A relação entre o que responde na ação de reivindicação reivindicante não é de
responsabilidade pessoal; nem é de responsabilidade pessoal a ação do dono da coisa
depositada, emprestada, ou por outro modo entregue a outrem> sem transferência, se
não há mais relação jurídica obrigacional, que simplifique a não-entrega.
O direito brasileiro prevê não mais existir no poder do ido o bem, nem o que o sub-
rogou, e estabelece a restituição o que Já foi distribuído aos credores (Decreto-lei n.
7.661, art. 78> § 2.0). (É preciso precaução contra expressões e proposições de juristas
que destoam de sistemática científica do direito. Não se pode dizer, como A.
BRUNETrI, Lezioni di Dirilto concursuale, 176, que quem reivindica contra o falido
exige satisfação a crédito de restituição, “chi rivendica una cosa mobile posseduta daí
faílito fa valere un credito di restituzione”. A confusão, entre a pretensão
reivindicatória e a pretensão restituiria, pessoal, é evidente.)
objetos materiais”, O passo à frente, que se deu com o art. 57 do Código Civil, é
inegável; e afirmação do eculii recepta est, sed res singulas is, cui legatum peculium
petet”) chocar-se-ia com a lei brasileira.
Outro erro que se precisa profligar é o que consiste em afirmar que somente se
reivindicam bens corpóreos (e. g., CELIO DE SÃ PEREIRA, Manual, VIII, 11 s.;
TRAJANO DE MIRANDA VALVERDE, Comentários à. Lei de Falências, 1, 455, a
12). Os bens incorpóreos, suscetíveis de propriedade, são vindicáveis. Há a
reivindicação do bem intelectual e a do i industrial (Tomos XVI, §§ 1.885, 1.900-
1.904, 1.911, VII, §§ 2.018, 4, 2.125, 2.126 e 2.131), incorpóreos.
(b) Desde que o ato de arrecadação implica negação de credito real de outrem, tem o
ofendido a ação dos arts. 76-78 a do ad. 79. Quem toma posse do bem que está
gravado de fruto, uso ou habitação, como se gravado não estivesse, Ia o direito do
usufrutuário, do usuário ou do habitador. e também incorre em incursão ilícita na
esfera jurídica outrem quem toma a posse do falido e nega a posse adiada de outrem,
ou o direito real de outrem, embora não trate de direito com posse do bem.
Sobre vindicatio usufructus, Tomos XIV, § 1.584, 1, e XIX, 2.251, 3, 2.257, 7, e
2.259> 1. Sobre vindicatio servitutis, nos XVIII, § 2.190, 5, e XIX, § 2.557, 7. Sobre
vindicatio tis, Tomos X, § 1.189, 6, XII, § 1.289, 2, e XIV, § 1.573, 1, 7.
tal escapatória foi repelida, em recurso de revista, pela Seção Civil do Tribunal de
Justiça de São Paulo, a 8 de setembro de 1948, 177, 382). A “obrigação” de restituir
foi por nós estodada no Tomo XX, § § 2.727-2.730. A restituibilidade e a pretensão à
restituição supõem que o legitimado tenha o direito de propriedade, ou o direito de
posse, ou o direito à sentença (e. g., o ladrão tem de restituir ao servidor da posse). O
bem restituendo não pertence ao falido ou ao insolvente civil, nem, portanto, à massa.
Dai a restituibilidade. Se o dinheiro, que havia de ser recolhido, ficou no cofre do
falido, confundido, ou não, com o que pertence ao falido, tal confusão sem o
consentimento (cf. Código Civil, art. 615) do instituto, dono das contribuições de
modo nenhum tem eficácia jurídica; é meramente táctica. Nem se diga que, não tendo
havido menção no auto de arrecadação, arrecadação das contribuições não houve:
houve-a, porque, se arrecadou o todo, se arrecadou, necessariamente , a parte. Houve-
a, mesmo se arrecadados foram apenas bens não pecuniários. A 2.’ Câmara Civil do
Tribunal de Justiça de São Paulo, a 20 de maio de 1947 (R. dos T., 168, 136),
distinguiu: “O que estatui o art. 99 é: a) que os concordatas e concursos de credores,
são havidos como credores privilegiados pelas contribuições da responsabilidade dos
regadores; b) que as importâncias por eles descontadas salários dos empregados devem
ser restituídas Não exigiu í podia exigir a lei a condição de ter sido a importância
acadada . Tal exigência implicaria invalidar o próprio preço . Efetivamente, são em
dinheiro os descontos que os empregadores fazem nos salários dos seus empregados.
Esse dinheiro, coisa fungível , se confunde com o mais dinheiro do empregador. Aliás,
se o empregador não recolheu o tanto das contribuições nas instituições de
previdência, é que, em geral, chegou, sequer, praticamente, a separá-lo do dinheiro
exis~e em caixa, embora tenha havido o necessário lançamento escrita da casa. De
qualquer forma, pela não-individualiza-das unidades monetárias, resultou confusão
entre as impor-tias das contribuições e as demais do giro comercial ou industrial.
Acresce que, ao declarar-se a falência, normalmente se encontra, na massa, dinheiro,
salvo algumas migalhas. um, se cancelado não estivera o preceito pela fungibilidade
bens, na prática se daria a sua frustração completa. É de se considerar que, atenta a sua
indistinção, a quantia das contrições recebidas pelos empregadores pode ter-se sub-
rogado outros bens, como mercadorias. Nesse caso especial de restituição, a regra é
não ser feita ela com as mesmas moedas”. Convém maior precisão.
a) Se o empregador descontou ao salário do empregado contribuição do instituto, o
dinheiro passou ao patrimônio instituto, porque há constituto possessório: o
empregador, era dono do dinheiro, transferiu ao instituto a posse meta e ficou como
possuidor imediato, na qualidade de deposito. Se apropria da contribuição deduta ,
furta.
O constituto possessório é causa de perda da posse. O empregador perde e o instituto
adquire. Em verdade, não transfere. ele apenas a posse própria mediata; transferiu toda
a posse, tatant4neamente, como depositário, recebeu o com que ficou nesse
(imprópria) imediata. Cf. Tomo X, §§ 1.091, 1.097, e 1.107. depositários das
contribuições que os empregados têm de pagar.
O empregado paga, porque o empregador descontou ( ao entregar s e, o empregador
paga s e faz-se depositário de e).
O empregador faz-se depositário, pois continua com a posse imediata, mas a posse
(própria) mediata está com o instituto.
b)Se o empregador teria de prestar a contribuição, e não no fez, é devedor
inadimplente. A ação do instituto contra ele é pessoal. Dai ter-se, de iure condendo, de
fortalecer a situação do instituto, em caso de insolvência do empregador. A solução,
deu-a o art. 102, § 39, II, do Decreto-lei n. 7.661, onde se diz que “têm privilégio
geral” note-se bem “privilégio” “os créditos dos Institutos ou Caixas de
Aposentadoria e Pensões, pelas contribuições que o falido dever”.
c)Se o empregador está em mora com o pagamento dos salários dos empregados,
mesmo se está feito o expediente para os pagamentos, não se pode pensar em já ser
depositário das contribuições dos empregados. As contribuições são tiradas dos
CAPITULO VIII
terceiro.
“Havendo contestação e deferidas ou não as provas porventura requeridas, o juiz
designará, dentro dos vinte dias seguintes, audiência de instrução e julgamento, que se
realizará com observância do disposto no art. 95 e seus parágrafos” (Decreto-lei n.
7.661, art. 77, § 3.9. A audiência de instrução e julgamento é, então, indispensável (5.
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, 4 de abril de 1950, Á. .1., 98,
166). O parecer contrário do síndico ou do falido é contestação, de jeito que se tem de
marcar audiência de instrução e julgamento (4~B Câmara Civil do Tribunal de Justiça
de São Paulo, 12 de novembro de 1950, R. dos T., 190, 874>.
Se faltou a audiência de instrução e julgamento, é nula a sentença, de modo que se
tem de proferir outra (6.s Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, 20 de
dezembro de 1949, R. doa 2’., 184, 795). A decisão da 38 Câmara Cível do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal, a 26 de julho de 1949 (A. 3., 94, 115), que dispensou a
audiência por se não haver protestado por provas, foi contra direito.
“Não havendo contestação, o juiz, ouvido o representante do Ministério Público, e se
nenhuma dúvida houver sobre o direito do reclamante, determinará, em quarenta e oito
horas, a expedição de mandado para a entrega da coisa reclamada” (Decreto-lei n.
7.661, art. 77, 1 6.0).
Deferido pedido de concordata suspensiva, a ação de restituição frito seneu prossegue
com o concordatario .
Se houve venda de bens, a entrega do dinheiro ao concordatário só se faz após a
dedução do que possa ter de ser apresado aos autores das ações incidentais, inclusive
se ainda está m curso o processo. Tem-se de depositar o importe no estabelecimento
bancário que haja de recolher os dinheiros da massa falida, para que oportunamente o
levante quem seja legitimado
.Se não houve contestação, a sentença não precisa ser em audiência de instrução e
julgamento (sem razão, a 5a Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a
19 de dezembro de 1950, R. F., 186, 156).
mas, quanto à primeira, sub mente aludiu a um dos pressupostos e são dois os
pressupostos da primeira espécie.
execução forçada celetiva, também teve por fito provocar a ação de impugnação e
incluir no número dos credores concorrentes os credores declarantes que vencerem. A
vitória é em relação a qualquer impugnação e ao exame, que, de oficio, o juiz faça.
O erro começa com a decisão que decreta a falência, sentença em que comumente se
faz ressaltar o elemento eficacial declarativo como se fosse o maior, sem se atender,
portanto, a que, se somente ou preponderantemente estivesse a declaração do fato da
falência, não se estabeleceria o estado novo, o novo período na vida do devedor, com
todas as suas conseqüências . Certamente, o processo, antes e após à decretação da
falência, muito declara, porém não há nenhum momento em que, com as decisões, não
se esteja a construir a relação jurídica processual falencial, que é de execução forçada
celetiva ou expetativamente celetiva (relação jurídica processual falencial em que o
credor é um só), ou a deixar-se entrar, ou não se deixar entrar em tal relação o credor
convidado.
A declaração do número, da importância e da qualidade os créditos apenas serve para
se estabelecer a legitimação de ida um dos credores concursais a entrar no concurso de
credores falencial. Antes mesmo do trânsito em julgado da sentença e admissão, já o
credor admitido participa da execução celetiva e o que é típico ex tuno, isto é,
aproveitando-se de todos os efeitos da sentença anterior, a de decretação de abertura da
falência, desde o inicio da sua eficácia .
O ponto que acima ferimos é assaz importante.
Ao chegar ao juízo falencial cada credor convidado e o convite, como é evidente, é
feito a quaisquer credores que apreciem apresentar-se, como elemento da massa
subjetiva, para se satisfazer, até quanto possível, com a massa objetiva encontra
aberto o concurso de credores falencial (eficácia constituiva>, porque houve a
insolvência ou o dado para se supor insolvência (eficácia declarativa), e iniciada a
execução orçada (eficácia executiva). Disso se aproveitam os credores ue se
apresentam a tempo, ou, pelo menos, quanto ao que inda não foi rateado, os que se
habituaram conforme o art. 98.
Se foi nomeado síndico o credor que requereu a abertura a falência, e nenhum outro se
apresenta, o juiz tem de nomear pessoa estranha para opinar sobre o crédito do síndico,
e não e deve encerrar o concurso de credores, como se sugere na doutrina estrangeira,
na qual uns querem que se trate a pluradade de credores como pressuposto inicial da
abertura da falência (e. g., A. CANDIAN, Ii Processo di Faflimento, 28), e ouros,
como pressuposto para o prosseguimento, com revogação, não haver razão para se
levar a cabo o processo de execução forçada celetiva, se só há um credor (RENZO
PROVINCIALI, fanuale di Diritto failimentare, 152).
Pondo o problema precisamente a respeito do concurso de redores falencial, é preciso
que se distinga da pretensão pré-processual e da pretensão processual do credor do
devedor comerciante insolvente a pretensão de direito material desse redor. A relação
jurídica processual pode formar-se para se julgar interesse de pessoa que não tem
razão, de modo que se pode ter a pretensão à tutela jurídica, sem se ter a pretensão que
se examina na sentença, que pode ser pela procedência ou pela improcedência da ação.
Por outro lado, “execução forçada celetiva” não significa execução forçada em que
todos os credores declararam os seus créditos, ou pelo menos dois, porque há a
permissão da ação do retardatário ou das ações dos retardatários, e a pluralidade pode
desaparecer pela eficácia das sentenças de procedência nas ações revocatórias
falenciais (Decreto-lei n. 7.661, art. 58).
O pressuposto da pluralidade de credores verificada no momento da decretação de
abertura da falência não existe, como pressuposto necessário, no sistema do direito
concursal. E está bem que assim seja. Há interesse do credor único do insolvente em
que se tragam à estrada executiva os outros credores; e é de interesse do Estado que
não se atenda, exclusivamente, ao credor que primeiro pede a execução forçada. A
pluralidade pode vir a existir, tanto mais quanto se permite a habilitação de credores
retardatários. A pluralidade pode desaparecer, se todos menos um dos credores que
fizeram as suas declaraç6es de crédito foram expelidos da concorrência (não foram
CAPITULO VIII
O credor atende ao convite. <Já encontra aberta a via executiva celetiva. Tem-se de
verificar se era caso, ou não, de ser convidado (= se, pelos pressupostos da admissão
dos créditos, estava incluso na lista dos convidados). Tem de ser admitido, ou ser-lhe
fechada a entrada à via executiva celetiva. Há prazo preclusivo determinável de dez a
vinte dias dentro do qual tem de apresentar-se. Se não se apresenta, é estranho às
primeiras providências do procedimento falencial e expõe a trato não perfeitamente
igual (Decreto-lei n. 7.661, art. 98, § 4.0), ou a não ter qualquer acolhida no tocante à
massa objetiva.
Pode ser que o credor, que declara o crédito, já tenha titulo executivo judicial, ou
simplesmente titulo declaratório judicial. Não se afasta, com isso, o procedimento de
verificação, com as eventuais impugnações e o exame pelo juiz, tenha sido
impugnado, ou não, o crédito que se declarou.
A razão para Esse exame, qualquer que seja o crédito declarado pelo credor, não é
apenas a de ter o juiz de se pronunciar sobre a existência atual do crédito (e. g., 5.
SAnA, Iatitazioni di Diritto fallimentare,’ 3.a ed., 217); é, em geral, apreciar a
executabilidade forcada do crédito, no momento da sentença. só pode ter-se extinguido
a pretensão ou a ação, ter-se consumado a prescrição da pretensão, ou da ação, mo
também pode ter ocorrido rescisão do julgado favorável crédito. Óbvio é que não se
pode admitir que se possa imaginar o crédito constante de sentença por ter havido
compensação, ou outro fato extintivo, antes da decisão judicial. atitude de 8. SANA
(L’Esecuzione forzata, l.~ ed. 401, a ed., 143) e de RENZO PEOVINCLAU (Foro
italiano, 1948, 966; Manuale de Diritto faílimentare, 431) não se justifica bem
mereceu a censura de F. CARNELUTTI, Richiamo allá rudenza, Rivista di Diritto
processuale, IV, Parte II, 12 s.). menosprezo pela coisa julgada material seria
evidente; espanta que 8. SANA escrevesse tratar-se de um dos casos em que a
doutrina, se quer conservar o seu crédito, deve procurar solução positiva, mesmo
modificando as próprias vistas sobre coisa julgada (“anche modificando le proprie
vedute suíla cosa udicata”).
O elemento condenatório é maior do que o declarativo. convite dizia de que se tratava:
de se condenar o falido inserir-se o credor na relação jurídica processual executiva.
Quem convida não provoca. O convidado não é convidado ara impugnar; é convidado
para declarar, para entrar na relação jurídica processual, se, pelos elementos que diz ter
prova, foi, em verdade, convidado. Uma vez que se trata de execução forçada celetiva,
é provocado a impugnar. Convida-se algum para festa, ou para mesclo, ou para partida
de jogo para negar que outrem pudesse ser convidado à festa, sessão, ou ao jogo. A
negação, essa, o convidado pode a, além da invtatld, há provocatio. AI, provocatio ad
agendum, especificamente provocação à ação de Impugnação.
124, § 2.0).
Não há a sanção do art. 98, § 49, do Decreto-lei n. 7.661; mas pode ocorrer a situação
prevista no art. 124, § 39.
para se entrar na relação jurídica processual falencial, que se criou com a decretação
da falência. Já são entradas pelo lado. Feitas as declarações de crédito e, extinto o
prazo a que se refere o art. 14, parágrafo único, V, e dado, no prazo de cinco dias, o
parecer do síndico, de que f ala o art. 86 do Decreto-lei n. 7.661, novo prazo começa,
também de cinco dias, para as impugnações. Todas as declarações de crédito,
inclusive a do síndico, podem ser impugnadas; as próprias declarações de crédito, em
si, são impugnáveis, razão por que há impugnações de declarações de crédito fundadas
em sentenças transitas em julgado. A essas só não se pode argüir o que feriria a coisa
julgada material.
Não fere a coisa julgada material qualquer impugnação que se funde em ter ocorrido,
posteriormente à sentença, ou com alguma prova não alegada nem examinada pela
sentença, algum fato extintivo do crédito (e. g., adimplemento, novação, compensação
com execução aparelhada, transação, concordata judicial, prescrição ou preclusão
superveniente à sentença com que se instruiu a declaração de crédito).
Escusado, por óbvio, é dizer-se que é impugnável o crédito se o título judicial consta
de sentença em que não houve citação do falido, ou de pessoa a quem ele sucedera, ou
em que foi nula a citação inicial.
ficava dependente do nascimento com vida: remisse, a adoção era atingida pela
ressalva dos direitos do nascimento filhos excluísse a adoção (sem razão li.
DERNBURG, Das BiLrgerliche Recht, IV, 3.~ ed., 839, nota 4), ou que fosse sem
conseqüências a concepção (sem razão, a opinião dominante na doutrina alemã , G.
PLANA, Kommentar, IV, ta ed., 620; TH. ENGELMANN-KEIDEL, em .T. von
Staudingers Kommentar, IV, 2, 9.~ ed., 1163). A Lei. 3.183, de 8 de maio de 1957,
veio alterar, profundamente, o instituto da adoção, e foram especialmente atingidos,
com a nova redação, os arts. 868 e parágrafo única, 369, 872, 374, 848 (Lei n. 3.133,
art. 2.0) e 377.
A possibilidade de prele (persona futura) entra como elemento de suporte fático dê
alguns fatos jurídicas (e. g., testamento a favor de prele eventual de pessoa designada e
existente ao tempo de se abrir a sucessão, art. 1.718, 2a parte). Não é, por si, fato
jurídico; porque não é fato, é possibilidade de fato.
O nascimento com vida é fato jurídico atricto seneu. Dele irradia-se a capacidade de
direito e provêm os direitos que se prendem à pessoa. & nascimento sem vida é fato
extintiva dos efeitos que haja produzido a concepção .
As sociedades sem personalidade jurídica têm capacidade de ser parte passiva.
Ativamente, legitimados são, em litisconsórcio necessário, todos os seus membros (cf.
ARmUR NussBAUI~1, Die nichtrechtsfãhigen Vereine im Prozess und Konkurs,
Zedtschrift fUr de utschen Zivilprozess, 84, 107). Demandantes são os membros da
sociedade não-personificada que figuram na petição ou se apresentaram ou foram
notificados até encerrar-se o debate oral, ou, se debate oral não há, até serem conclusos
os autos, inclusive em se tratando de membros novos da sociedade.
A sociedade não personificada, que somente tenha capacidade passiva de ser parte,
pode reconvir, pedir, dentro do procedimento, indenização, ou restituição do
enriquecimento injustificado, pedir custas e executar a decisão, opor-se e suscitar
processos incidentais, opor embargos de executado e embargos <de terceiro. Em
todas essas espécies há, evidentemente, capacidade ativa de ser parte, mas apenas
porque se “defende”. de estar em juizo ou capacidade processual é menos do que
capacidade de ser parte. Pode-se ter a capacidade de ser parte, e não se ter a
capacidade processual; porém não vice-versa. Onde não há aquela não pode haver
essa. A capacidade de estar em juízo ou recai sobre atos processuais para efeitos em
nome próprio, ou por conta de outrem. É a legitimatio ad processum. (Outra coisa é a
legitimatio ad causam, legitimação ativa ou passiva no tocante à pretensão de direito
material que foi invocada na demanda, e é o seu abjeto.) A legitimação ao processo
(não à “causa”!> é conceito de direito processual
(L. ROSENBERG, Lehrbuck, 114>; dependente da vontade da parte; irrenunciável
(duvidoso, A. SKEDL>; não suscetível de qualquer efeito do reconhecimento, da
revelia, da confissão, da desistência, do compromisso, ou da transação. Tem-se
procurado fazer da capacidade processual simples Bomba da capacidade em direito
civil, mas verdade é que, ao se tratar dos Estados (PmK, Der Staat ala Prozesspartei,
.Yurtatisches Blatt, 1903, 17) e das pessoas jurídicas , logo se percebe que Eles têm a
capacidade de ser parte, porém mio a processual (K. HELLWIG, Syat era, 1, 177,
procuram sair-se da dificuldade dizendo que elas não são processualmente capazes,
nem incapazes; certo, E. POLLÂX, Syatem, 182>. O assunto merece atenção. A pessoa
de cujo paradeiro ido se sabe, mas cujo foro pode ser determinado (isto ~, escapa ao
amplo aurio do art. 134, § 1.0, 1.8 parte, do Código do Processo Civil), 6
processualmente indica». (E. POLLÂK, Syatem, 182).
Nos outros palmes, são em maior numero Base. Incapazes processo por falta de noticia
no começo do processo. A sociedade irregular, porque é simples nome comum de
BÓCIOS, processualmente capaz! (E. POLLÃX, Syatem, 182; O. Prato, Lehrbuch,
855). O surdo-mudo, se pode comunicar-se, processualmente capaz; ainda quando não
9OBBB advogar, fato 6, não tenha . Todas as regras alma valem «em tor<!) para
nacional. e estrangeiros. Tratando-se de estrangeiros, salva quanto às pessoas físicas
de que falaremos adiante, basta que a lei deles não exclua a capacidade processo como
CAPITULO VIII
Os credores que tinham proposto, antes da decretação da falência, ações para haver
quantia ilíquida, coisa certa, ou prestação de facere ou de non facere, têm de pedir a
reserva, nos termos do ad. 130 do Decreto-lei n. 7.661, e têm assegurado, vencedores,
o lugar na classe que lhes toca (ad. 24, § 30)~
expressivo.
O mandatário do falido não pode ser admitido à falência elo crédito que apresenta sem
ter requerido e obtido a sua prestação de contas (2.8 Câmara da Corte de Apelação do
Distrito Federal, 6 de junho de 1923, R. de .0., 71, 353).
(Em todo caso, advirta-se que o escrivão não tem qualquer exame da declaração de
crédito, mesmo quanto aos seus requisitos formais. Tudo que acaso observe é extra-
oficialmente o faz. Não pode, sequer, levantar dúvida, como em outras oportunidades
se lhe permite. É mero instrumento de recepção e entrega. Se ao juiz o escrivão mostra
alguma falta da declaração de crédito, não é oficialmente, processualmente, que
ponta.)
Se há órgão ou representante do credor, a firma daquele a desse tem de ser
reconhecida, salvo se a procuração é por instrumento público (Tribunal da Relação de
Minas Gerais, de setembro de 1910, R. F., 32, 422; Tribunal de Justiça São Paulo, 14
de setembro de 1914, R. dos 2’., 11, 149).rende-se o mesmo, também, para os
representantes dos dois e para os substabelecidos.
Se nenhum documento pode ser junto, depende dos princípios saber-se se o juiz pode
atender ao crédito. Não há resposta a priori.
A massa falida não é terceiro em relação ao credor, de nodo que não é de exigir-se ter
sido registrado o crédito (2.8 Camara Cível da Corte de Apelação do Distrito Federal,
29 de agosto de 1922, R. de D., 68, 176), salvo se há lez specialis t respeito do crédito.
Se os títulos de crédito estão juntos a outros processos , bastam as certidões de inteiro
teor; e. g., no caso de co-devedores contra um dos quais se pleiteia, ou de co-
devedores a que e abriu falência, em diferentes processos (2.8 Turma do Supremo
CAPITULO VIII
Convém que os credores não misturem as sentenças que se as penhoram com base no
art. 37 do Decreto lei. 7.661 e o sege seramsta para as ações dos afls. 52 e ES. Se tal
ocorre, de o juiz ordene que se processem segundo os art. 55 e 56, puder ser extraída a
parte heterogrópicos
4. là COTUORCIALIDADE NECEESÁ~à ReúflemBS tO~ as j~ a todos os
créditOS. Todas as j~pugftfr Os se dirigem ao juiz. Uma só é aaudi~nCi3. Uma só
embora ara cada crédito a decisão. Apens a propósitO dos créditos to j~pugnados e
das ~~pugnMões pleIiSflCUte a! aStSdM pelM 0~tetaçõ~4 que se jem o julgamento
antes das que precifl~i’ le audiência de ~ 5~ificaÇãO. A certeza sabre o crédito e a
classe a liquidez do crédito permitem ao juiz a quebra do prtndPw to tr«*0 nãO se
marca audieflela para jIXSUU~ e jU1g~ sento de créditos a respeito dos quaiS. a juízo
do juiz, não isveria qualquer proveito para o declarante do crédito OU para
impugnante. A seleção, que se atribui ao juiz, não tem incou‘enieU~. porque há o
recuflO e no tribUUftl se há de respOfl Ler, p~~iimiflft1~I1iente se o juiz havia de
dispensar a audiência te ji’struçào e julgamento. ou se não o podia fazer. Se não lhe ra
dado, in casu, negar a audiência de instruÇãO e julgameflto~ provimento do recurso é
para que seja marcada tal audiência. Ao procedimento de cada ~eclaraç~ de crédito
juntam-se inform5~0 do falido, O parecer do síndico, ~~0~panhadO ~o extrato da conta
corrente, e os documentos. Depois, jufr am-5~ todos esses procedimentos às
declaflÇõ~ de crédito primeira via. Após as ftnpugnaç~S. os procedimentos dessel
rnpõelfl o desentraI~l¶~iento das peçaS dos autos das detarações de crédito a que se
refere o Decreto lei ~. 7.661, ,rt. 88, § 1Y.
Queni, como credor, impura não sbmeflte faz pedido de utela jurídica própria. O que
ele pede é a u&o..adIUissãL> do
A lei esta~~’’ - . ã dito, ao falido necessário> uma vez qut atribuiu eciaM eiww-~’- r --
os credores. EssS é a razão pela qual ao ali’
a gua’kt~6T credor se permite o agravO de petição, “ainda que não tenha sido
~~1pug1iante ~Decretoíeí ~ ‘1.661. art. 9’». Quanto ao 5lnditO e ao falido,
comPrecude-se fkcilm2i~~
a rctttO legis. Uni e ouÚO não estão com outra f~nçLO que a de 5p~raçfto do pasSiVO
e sua tiquidS’~’~ yui’ção, portantO, objetiva: opinam sabre poder entrar no concurso
de credores o credor que declarou o crédito.
A lei poderia limitat a eficácia sentencial de cada deci5TM 5ôbre j~~pugnacao ao
credor iniPUran~ ~as isso estabeleceria relativídadt pertúrbadora. o crédito j~pugnado
estaria no pas5ivo~ em relaçãO ao credor impugnanto. e nus não estaria, em reIs 0 aos
outros credores. Tal aolu@ tinha de ser repelida.
Nada obsta a que, sendo elas iguais, sejam numa só declaração, assinada por todos, ou,
se a igualdade é só entre duas ou mais, por dois ou mais. A regra é serem em separado.
Se algum, alguns ou todos os credores, antes do prazo para as impugnações, enviaram
informes acordes ou divergentes, pró ou contra os créditos apresentados, tais informes
de modo nenhum contém impugnações. Essas, para que se tratem como petita, têm de
ser produzidas no prazo para as impugnações (art. 87). Antes, são apenas
comunicações de conhecimento, embora contrárias às declarações de crédito dos
outros credores. Aí está grande diferença concernente ao tempo em relação à
informação do falido e ao parecer do síndico.
Pode dar-se, porém, que a impugnação pelo credor esteja com todos os requisitos,
exceto o do início do prazo do art. 87do Decreto-lei n. 7.661; então, nada obsta a que o
juiz defira o pedido de distribuição e de autuação, para que oportunamente a ela se
juntem as outras impugnações que haja ao mesmo crédito.
falido; após eles é que se juntam os extratos de contas e os documentos que aquele e
esse ofereceram.
O que se disse sobre a informação do falido há de entender-se a respeito do parecer do
síndico.
A apresentação do extrato da conta do credor, em qualquer caso, ou a declaração de
que nenhuma conta existe, é dever do sfndieo (Decreto-lei n. 7.661, art. 84, in une).
; não são, precisamente, impugnação, como o ataque pelo § 3.397. Impugnação pelo
falido ou pelo síndico
satisfeito o art. 85, § 2.0, que exige a nomeação de dois credores. A solução é nomear
o juiz estranho que dê o parecer, ou estranho e o outro credor (cf. Despacho do Juiz de
Direito de são Paulo, TOUNO DA COSTA MANSO, a 14 de agosto de 1952, D. da .1.
de 21 de agosto).
enfrentar o problema dos direitos reais de garantia. Note-Se bem que não dissemos dos
créditos com direito real de garantia. Se os credores com créditos garantidos com
direito real (direitos reais de garantia ou transferi los são da propriedade em segurança.
ci. Tomo XXI, §§ 2.668- -2.672) declaram 05 seus créditos, com referência ao direito
real que os garante, ou aos direitos reais que os garantem. é óbvio que o juízo falencial
tem de exigir a informação do falido, o parecer do síndico e do órgão do Ministério
Público, bem como a audiência dos outros credores, sobre o crédito e sobre a
garantia. Se os credores com direitos reais de garantia, ou com propriedade em
segurança, não se apresentarem então surte o problema do ataque ao direito real de
garantia. que segundo os princípios tem eficácia contra a massa.
Em que juízo tem de ser proposta a ação desconstitutiva negativa, ou, mais raramente
concebida a ação declaratória negativa?
Não há discutir-Se se os credores têm a ação de imputação, que somente concerne a
créditos declarados.
 ação ou é a de ineficácia relativa (Decreto-lei n. 7.661, ad. 62, III), ou é a
revocatória falencial (Decreto-lei 7.661 mesmo se não tivesse sido decretada a
abertura da falência, Código Civil, arts. 105 e 106).
O juízo é o falencial.
O simples fato de haver penhoramento abstrato, ou, a for-ri, arrecadação dos bens
gravados, e ter o síndico mencionado gravame ou a transmissão em segurança, ou o
bem sobre tI incide o gravame, impõe que o juízo seja o falencial. rente os créditos da
Fazenda Pública que caibam no art. 60 Decreto-lei n. 960, de 17 de novembro de 1938,
podem escapa competência do juízo falencial.
O rito é o da ação de impugnação falencial se concorrem s pressupostos: a) ter o
credor declarado o crédito, aleganhaver a garantia real; b) a ação ter por fundamento
um dos se apontam no ad. 87 do Decreto-lei n. 7.661. Ressalta, tanto, a diferença entre
o concurso de credores civil (cf., g., o Tomo XXVII, § 3.279, 4) e o concurso de
credores excencial, pois não coincidem o que se estatui no Código Civil, 1.555 (ou
Código de Processo Civil, ad. 1.024) e o que se constitui no ad. 87 do Decreto-lei n.
7.661, nem o direito comum i as ações falenciais dos arts. 52 e 53 do Decreto-lei n.
7.661. ida mesmo que não haja crédito declarado, o ataque 6 conforme os arts. 52, 54-
58, ou os arts. 53, 54-58 do Decreto-lei 7.661, ou conforme os arts. 87-95 do Decreto-
lei n. 7.661, se a ação não cabe no ad. 52, ou no ad. 53, ou no ad. 87, conforme o que a
lei processual estabeleceu. Convém ler-se o que escreveu nos Tomos IV, § 366, 1, XX,
§§ 2.558 e 2.559, XVII, § 8.279, 4.
Quanto aos ataques pelo falido ou pelo síndico, o art. 87 Decreto-lei n. 7.661 não
importa, porque só se entende com credores. O que o falido poderia alegar se
decretação de abertura da falência não tivesse havido, Ele e o síndico podem argüir
informação, que é “como impugnação”, ou no parecer, que também se considera
“como impugnação ”.
CAPÍTULO II
art. 40, § 1.0, onde a expressão “nulidade” é errônea: o caso é de ineficácia) : há causa
de ilegitimidade e o juiz pode declará-la “de oficio, independentemente de prova de
prejuízo”.
O juiz somente pode decidir se há, ou não, legitimidade, se é exata, ou não, a
importância, se a classe, em que o credor disse estar o seu crédito, é aquela em que ele
cabe.
Foram absurdas as decisões que, no processo da habilitação de crédito, permitiram
descer-se ao exame da causa do título cambiário (cf. 5.~ Câmara Cível do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal, 2 de março de 1951, Á. 3., 101, 478>, e as que, no processo
de habilitação de crédito, violaram o art. 847 do Código Civil, ou o art. 19, § 1.0, do
Decreto n. 169-A, de 19 de janeiro de 1890, por estar em causa a anulabilidade.
Não se confunda com o problema da competência do juízo falencial para a decretação
da desconstituíção das hipotecas e mais direitos reais de garantia, inscritos, ou com
eficácia erga omites, o problema do que se pode alegar na impugnação conforme o art.
87 do Decreto-lei n. 7.661. A ordinariedade é exigida, fora dos casos em que se trata
de ataque conforme o art. 87, salvo se a lei processual comum ou outra lez apecialis a
dispensa. O assunto já foi antes versado a propósito dos credores, com direito real de
garantia, que deixaram de declarar os seus créditos e dos que os declararam.
O credor que se referiu a direito real inexistente, ou por não haver inscrição, ou por
essa ser nula, pode impugnar, consoante o art. 87 do Decreto-lei n. 7.661, a garantia
real do crédito. Pode ser que não impugne o crédito. Pode ser que não impugne a
inscrição do direito real e impugne o crédito, donde não ter a massa, se o credor
impugnante tem bom êxito, de atender ao direito real, devendo o síndico providenciar
para que se retifique o registro (cp. Decreto n. 4.857, de 9 de novembro de 1939, art.
227: “Se o teor do registro não exprimir leio de processo contencioso, que será
inscrito”; art. 229: “As utilidades, de pleno no direito, do registro, uma vez provadas,
invalidam-no, independentemente de ação direta”).
b> por neXo haver crédito, o) por não poder figurar em concurso de credores
falencial. proposições da jurisprudência, a respeito de a), são eliptis, porque o
raciocínio há de ser assim: “há prazos preclusivos para as declarações de crédito e o
seu processo, se há nulidade processual, que a tempo não se pode sanar, a sentença o
pode sacrificar o interesse de todos, de modo que se julga do indeferimento do pedido
de admissão, por se não poder
da impugnação’. Ora, alguns acórdãos dizem que, havendo nulidade, julga-se
“procedente a impugnação” (e. g., 2.B Câmara Cível da Corte de Apelação do Distrito
Federal, 19 de maio de 1916, 1?. de D., 41, 596, e 8 de agasto de 1922, 67, 71). A
impugnação pode ser por falta de observância de regra jurídica processual, ou não
caber a entrada no concurso de credores, devido a mérito. Se o juiz a nega, por
infração de regra jurídica processual, ou o faz por ter havido impugnação fundada
nisso, ou de oficio.
O juiz, no julgamento das admissões de crédito, não tem poder discricionário. Há de
decidir justa alie gata et yrobo.ta. Mas tem a função de exame de oficio, que a lei lhe
atribuiu. Se consta dos autos e documentos que o crédito não existe, ou não tem
pretensão ou ação, ou não pode ser atendido em processo falencial, ou outra é a
importância dele, ou outra a sua classe, pode o juiz, de oficio, resolver, como se
impugnação tivesse havido.
A admissão do crédito pode ser no todo ou em parte.
Se o crédito é condicional, a sentença de admissão é com reserva.
O direito falencial brasileiro não permite que se decida com a reserva de se juntar,
depois, o documento, ou de se juntarem os documentos.
Temos, aqui, problema sutil, mas de grande relevância.
O credor que se apresentou, declarando o seu crédito, foi Invitado, de modo que não é
posto fora sem ainda ter transitado em julgado a decisão, e a decisão do juiz, na
impugnação, favorável ao impugnante, não vai retirar o convite, antes de se ter dado a
preclusão processual. O impugnado, que teve decisão contrária ao seu crédito,
continua convtdado, e pode intervir no processo falencial, como se decisão favorável
ao impugnante não tivesse havido. Só é expulso, digamos assim, com o trânsito em
julgado da decisão que o não admitiu ao concurso de credores falenclal.
As ações para se exigir isso, ou aquilo, exercem-se ao mesmo tempo que se procede à
verificação e à liquidação dos créditos.
Numa e noutra atividade, o juiz exerce função executiva »r forçamento, não se
podendo pensar, de modo nenhum, em remuneração administrativa, com atos judiciais
de cognição, instrui lo e julgamento, ou de instrução, cognição e julgamento. ~.inda
quando se pronuncia sobre existência, importância
Trata-se de procedimento jurisdicional executivo, e não jurisdicional declarativo, posto
que, como a respeito de tantas ações, haja a declaração ou as declarações em resposta a
questóes prévias. Nem caberia dizer-se que, não se exigindo, em todos os casos, &
liquidez do titulo para se abrir a falência, não se possa conceber a fase entre a
decretação da falência e a admissão dos credores, exclusive, como de execução
forçada.
O que surpreende, à primeira vista, aos que não lidam com os problemas de
sistemática do direito falencial, é ser o credor, e não o devedor, que se opõe, ser o
credor, e não o devedor, que tem e exerce a ação de impugnação. Todavia, é inegável
que, tanto na ação executiva por titulo extrai judicial como na impugnação incidental
de crédito, a sentença há de ser executiva, ali contra o réu condenado, aqui, contra o
falido. Na ação executiva por título extrajudicial, quem contesta é o devedor. Na ação
executiva concursal, são o falido, os outros credores, o síndico e o órgão do
Ministério Público. Na ação declaratória de existência de crédito (Código de Processo
Civil, art. 2.0, parágrafo único), a contestação é somente do devedor, como, na ação
declaratória de crédito, somente o credor. A redução da sentença de admissão do
credor na falência a sentença declaratória, a despeito da persistência de alguns juristas
em afirmar que a sentença é (de f Orça) declaratória, tem de ser repelida.
A carga de declaratividade preponderante, que não fosse seguida de eficácia imediata
de executividade, não daria explicação à entrada do credor na relação jurídica
processual falencial; mas faltaria a eficácia condenatória, que, na verdade, está à base
da executividade, assim nas ações executivas de títulos judiciais e de títulos
extrajudiciais, na execução forçada singular, como na ação executiva falencial. Não se
pode esquecer a condenatoriedade, para se exagerar o papel da declaratividade; a
fortior4, considerar-se eficácia mediata, ou mesmo imediata, a executividade. Por isso,
a ordem é outra: executividade, condenatoriedade, executividade.
Se tivéssemos de abstrair e pudéssemos abstrair do que já foi feito, da execução para
que houve o convite, poder-se-ia pensar em condenatoriedade declaratoriedade
executividade; porém a abstração é impossível. Houve o convite, quando já se
estabelecera a executividade imediata.
O credor que faz a declaração de crédito, mesmo que penda recurso da decisão que
versou, favorável ou desfavorável-mente, sobre a admissão do credor ao concurso de
credores falencial, está convidado e tem todas as legitimações de que fala o Decreto-
lei n. 7.661, art. 30 (intervir como assistentes em quaisquer ações ou incidentes em que
a massa seja parte ou interessada; fiscalizar a administração da massa, requerer e
promover no processo da falência o que for a bem dos interesses dos credores e da
execução da lei falencial, indenizando-lhe a massa as despesas de que auferir
vantagem; examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis do falido e da administração
da massa, independentemente de autorização do juiz), irts. 52 (ação de ineficácia
relativa) e 53 (ação revocatória falencial).
3.COISA JULGADA FORMAL E MATERIAL. Levanta-se questão de se saber se a
sentença que julga pedido de admissão do crédito> admitindo-o, ou não, faz coisa
julgada.
Quanto à coisa julgada formal, é evidente que ela a tem, porque não seria permitido
rediscutir-se a entrada, ou não, do crédito nas classes do passivo falencial
Conseqüência de ter decisão eficácia de coisa julgada formal está em que: não se ode
mais atacar a decisão se dela não mais cabe recurso; e se descobre falsidade, dolo,
simulação, Erro essencial de ato ou documento ignorado ao tempo do julgamento do
crédito ‘Decreto-lei n. 7.661, art. 99), a lei apenas permitiu espécie [e ação rescisória
CAPITULO VIII
momento se encerrar a falência. O ad. 133 é contundente, para ser explicito, mas
bastaria ter-se dito que pelo saldo tem o credor ação executiva.
É aqui o lugar próprio, mais do que a propósito do pagamento aos credores da falência,
para bem caracterizarmos natureza do titulo executivo, que é a certidão do saldo.
decisão, a respeito da admissão em concurso é executiva.. Mas essa executividade é
Joutro ao oww’.’ de credores. Fora do concurso de credores, a certidão só se refere ao
que não pôde ser executado de modo quê, com o titulo administrativo quanto ao saldo,
que é titulo inserto na certidão, o credor tem titulo executivo de cognição plena, titulo
de execução sentencial, e nua simples titulo executivo extrai cautela.
Convém quê se frise: quanto ao ativo falenclal. à massa objetiva, a executividade da
falência que admite 80 constituicao de credores é ~ * Sê; quanto ao ativo pós
falêncial, não: a certidão (dela, implititamente) e do quanto que teria de ser pago ao
credor e não doí é titulo executivo judicial preclui que o credor pode iniciar a ação
executiva a qualquer tempo. se ainda existe e é eficaz o crédito.
No direito falenclal brasileiro vigente, tem o juiz de julgar, explicitamente cada
crédito, embora não tenha havido impugnação. Não se pode dizer que, no direito
falencial anterior, file não os julgara. Se o seu julgamento explícito dos outros créditos
implicava a inclusão dos créditos não impugnados, se o simples “inclua-se”, não tem
importância. O “inclua-se” implícito ou explicito com fundamento de declaração e de
condenado, ou sem files era ato de execução forçada, liiB5V~ ~ do credor na relação
jurídica processual da falência. Quanto à força e eficácia tudo se passava como
estabelece passa.
4.EFICÁCIA DE COISA JULGADA MATERIAL DO PROCESSO DA
FALÊNCIA APÓS O ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA A eficácia da decisão é
definitiva, com as conseqüências da coisa julgada material e não do interior ao
procedimento falencial. Por isso mesmo, se houve decisão que admitiu o crédito, as
vias que tem o síndico, o falido, outro credor ou o Orgia do Ministério Público é a da
eficácia falencial conforme o ad. 99 do Decreto-lei ,. 7.661, se ainda não encerrada a
falência, ou a ação rescilita de sentença, conforme os arte. 798, 799 e 801 do Código
de Processo Civil. Essa pode ser proposta antas de encenada a falência. OU depois de
encenada a falência.*preciso que não se repita o que se escreveu em direito de outros
Estados, sobre não fazei coisa julgada contra o falido o que se decide em impugnação
do crédito do credor declarante por outro credor, ou pelo síndico (e. g.’ G.
BOT4ULIÃI, Dei Fallt ou tem parte. Quem seja sujeito da relação jurídica processual
a falência e quem seja chamado ou convidado a ela são trata-os como partes, porque
ser parte na preparação para entrada i relação jurídica processual da falência já é estar
na situação de parte da execução forçada, se a sentença o incluiu. sentença cria o
titulo executivo celetivo, ou celetiviza o título executivo existente ( dá entrada no
concurso de credores lenda! ao credor com titulo executivo), O titulo executivo para a
execução forçada celetiva e, se não houve pagamento integral, para a execução forçada
celetiva, após o encerramento da falência. Sem razão, E. T. LIEBMANN (La
Contestaone dei crediti nel faílimento, Studi di dirítto commerciale onore di CESARE
VIVANTE, 1, 216), E. Aiioaío (La Cosa giucata rspetto ai terzi, 186) e V. ANDRIOLI
(Appunti sul giudidi verificazione dei crediti nel faílimento, Studi in memotía B.
SCORZA, 9). Não se precisa, a respeito do falido, invocar, para explicação da eficácia
em relação ao falido, haver substituição” do falido pelo síndico: aí, não há qualquer
substituição; o falido informa sobre os créditos (Decreto-lei 7.661, arts. 84 e §§ 1.0 e
2.0, e 85), pode estar presente audiência e prestar declarações (art. 95 e § 2.0), e tem
pretensão recursal a favor ou contra as decisões (art. 97).
A eficácia da decisão, no caso do art. 133 do Decreto-lei 7.661, existe, mesmo que se
venha a reformar, na superior instância, ou em ação rescisória de sentença (Código de
Processo Civil, arts. 798, 799 e 801), a sentença decretatória da falência. O falido é
parte no processo de verificação dos crêlos: não se justificaria, assim em direito
brasileiro como em direito italiano, que a sentença não lhe fosse disponível no
processo da falência e fora dele (cf. RENZO PROvINCIALE, Manuale Diritto
CAPITULO VIII
como credor retardatário, ou em ação em juízo comum, alegando que a decisão não
tem eficácia de coisa formal no tocante ao mérito.
Os credores não admitidos ao concurso de credores falencial tOm, se os pressupostos
se compõem, a ação rescisória de sentenças (Código de Processo Civil, arts. 793, 799
e 801), como a têm os credores admitidos, o síndico ou o falido contra a decido que
admitiu algum credor.
agravo de petição a que se refere o art. 97, 5 19. Se opostos tes da primeira publicação,
a melhor atitude do juiz é a de deferir desde logo, ou processá-los para que sejam
julgados n a presteza que a lei exige. Ou o juiz manda proceder-se segunda publicação
ou aguarda o julgamento dos embargos declaração.
Se o juiz reforma o despacho, ou se, na via recursal, se dá movimento ao agravo de
petição, que atingiu a sentença e, pois, quadro, ou só atingiu o quadro, tem de ser feita,
de novo, a publicação, porque esse é que se há de respeitar como quadro. is tal
publicação pode ser apenas em correção ou correções quadro que fora atingido pelo
julgamento do recurso.
6.RECURSO. Lê-se no Decreto-lei n. 7.661, ad. 97: as decisões do juiz, na
verificação dos créditos” portanto, am favoráveis ou sejam desfavoráveis aos credores
declarantes “cabe agravo de petição ao prejudicado, ao síndico, falido e a qualquer
credor, ainda que não tenha sido imaginante”. O 5 19 acrescenta: “O agravo, que não
terá efeito suspensivo, pode ser interposto até cinco dias depois daquele em que for
publicado o quadro geral dos credores, e será processado nos autos da impugnação”.
Em vez de se contar da publicação da sentença o prazo para a interposição do recurso
ou trânsito em julgado, conta-se da publicação do quadro geral de credores. O quadro
geral de credores é ato processual indispensável à eficácia da sentença. Foi isso o que
o Decreto-lei n. 7.661, com o ad. 97, 5 19, estabeleceu: a sentença somente pode
transitar em. julgado cinco dias depois de publicado o quadro geral de credores.
Qualquer admissão com reserva permite recurso pelo credor admitido, ou por outra
qualquer figura da relação jurídica processual ou de credor declarante, que haja sido
admitido, ou que não haja sido admitido mas haja recorrido.
O agravo de petição, na espécie do art. 97 do Decreto-lei n. 7.661, não tem efeito
suspensivo. Em conseqüência , o credor, cujo crédito foi incluído, participa de todos os
atos de que os outros credores, a respeito de cuja sentença de admissão não se
recorreu, podem participar.
O art. 97 fala de “prejudicado”, síndico, falido, ou qualquer credor. Por prejudicado
entende-se o credor não admitido, ou não admitido como pedira, o credor, cujo crédito,
com a admissão do outro, ou com admissão do outro em determinada classe, foi
atingido, e o terceiro interessado (cf. Tribunal de Apelação de São Paulo, 3 de junho de
1936, .1?. 9., 68, 139), como o co-credor não declarante, o credor com direito de ação
do crédito declarado e os credores pignoratícios dos créditos hipotecários.
Pergunta-se se o credor não admitido pode recorrer quanto à decisão a respeito de
outro credor, que fora admitido. A decisão, dir-se-á, a propósito dEle, tem efeito
imediato (= o agravo não teria efeito suspensivo), de jeito que não teria pretensão
recursal quem não é legitimado à ação, e a lei poderia ter previsto que a decisão teria
efeito imediato, exceto para o recurso contra outras decisões. A argumentação cai por
terra: os efeitos que são negados são os efeitos que teria, dai em diante, a inclusão, não
os efeitos que derivaram da declaração de crédito ou da impugnação. Quem pode
Impugnar pode-o <iates de seu crédito ser admitido; se não se lhe admitiu o credito >
não se vai tratar o credor como credor admitido, porém não cessa o tratamento dele
como credor declarante enquanto não for julgado o seu agravo de petição. Só o
trânsito em julgado da decisão que não admite elimina o que se passou antes da
negação de admissão. Aliás, o que se vai eliminar, no passado, é apenas o que
concerne ao credor definitivamente inadmitido, não o que foi efeito a favor ou contra
os outros credores. Os atos praticados pelo credor declarante, de conformidade com o
art. 30 do Decreto-lei n. 7.661, tiveram eficácia para ele e para os outros credores,
inclusive, por exemplo, se venceu na interposição de recurso contra a admissão ou
classificação de crédito de outro credor, ou se foi vencido. Vindo a ser definitivamente
inadmitido, o que se apaga como se o ato dEle não tivesse sido praticado é a efiedeia
em relaç6~o a ele. Por isso, o julgamento da sua inadmissão não prejudica o recurso
que interpusera quanto a outro credor, ou qualquer intervenção sua em causa em que
seja figurante ou interessada a massa falencial.
Certamente, os credores que foram vencidos (em juízo extrafalencial), quanto à
CAPITULO VIII
não pode receber do falido ação contra ele, no juízo comum, para reembolso do que
Se o recorrente vence em recurso contra decisão de oficio, a massa paga as custas.
CAPITULO III
aqui, em vez de serem sujeitos ativos da ação incidental, são sujeitos passivos. Lê-se
no art. 98, § 2.0, do Decreto-lei n. 7.661, que Me dá parecer: tal parecer ou é de
concordância, ou de discordância (de oposição de exceção ou de contestação).
CAPITULO IV
em concordata”.
No § 1.0, explicitou-se: “A falência ou a resíduo da concordata de sociedade em que
houver sócio solidário importa a rescisão da concordata deste com os seus credores
particulares”. E no § 2.0: “A falência do sócio solidário ou a rescisão da sua
concordata importa a rescisão da concordata da sociedade’.
Mais uma vez frisemos que de rescisão somente se pode falar se algo existia, ao tempo
do neg6cio jurídico, que seja como o traço interior par onde desça a corte, a cise2o, do
negocio jurídico. Também de rescisão de sentença somente se pode cogitar que não
se trata de desconstituição por invalidade, a despeito de ser o traço interior anterior ou
na própria sentença. As sentenças rescindíveis, como os negócios jurídica
rescindíveis, existem e valem. Quando a 1 alta é posterior à sentença ou ao negócio
jurídico, é em resolução ou de resilição que se há de pensar, e não em rescisão.
A concordata, com a eficácia de constitutividade, estabelece status, que liga o
concordatário ao juízo em que foi preferida a decisão de primeira instância. Daí ser o
juízo da concordata aquele em que se não devolver todas as controvérsias sobre o
cumprimento da concordata, alterações, resolução ou encerramento da falência, na
concordata suspensiva, ou cumprimento da concordata preventiva.
É preciso que também não se confundam resolução e decreta$o de anulação de
alguma declaração de vontade do credor, ou da própria declaração de vontade do
devedor que pediu, ou de quem foi pedida a concordata. Tem-se, preliminarmente, de
saber se a decisão que defere o pedido de concordata é simplesmente homologatória ,
ou não: se o 4, rege o art. 800, parágrafo único, do Código de Processo Civil; se não
no é, o art. 798 é que pode ser invocado. A resposta à questão é no sentido de não se
tratar de sentença simplesmente homologatória, razão por que cabe a ação rescisória,
com base no art. 798 do Código de Processo Civil, e não há pensar-se em decretação
de anulação de qualquer das declarações de vontade. Se algum doa pressupostos do
art. 798 do Código de Processo Civil se oferece, rescindivel é a decido; se sobre vem
alguns dos fatos mencionados no art. 150 do Decreto-lei n. 7.661, é resoltel a
concordata. A razão para a incolumidade das declarações de vontade às anulabilidades
por incapacidade, Erro, dolo, simulação, coisa a, fraude contra credores, está em que o
negócio jurídico da concordata foi coberto pela sentença, escapando, portanto, às
normas jurídicas que concernem aos atas processuais que não dependem de sentença e
aos que só têm sobre si sentença simplesmente homologatória. O art. 150 do Decreto-
-lei n. 7.661 nada tem com isso, apenas disciplinou, larga e minuciosamente, a
resolução da concordata.
No sistema jurídica brasileiro, concordata impetra-se, pede-se. Há “embargos à
concordata”, termo que examinaremos. mas no Tomo XXX. Há julgamento nos autos
conclusivos, ou em audiência , conforme o art. 144 ou o art. 145 do Decreto-lei n.
7.661. Não se poderia classificar a sentença cama simplesmente homologatória , posto
que na linguagem vulgar freqüentemente se fale de homologação da concordata.
à pretendo nascida com a descoberta da fraude. Todavia, mesmo que tivesse sido
conhecida, àquele tempo, a fraude, a descoberta de documento ou de documentos
(encontro ou achado de documento que àquele tempo se ignorava, ou de documentos
que àquele tempo se ignoravam), pode bastar para que nasça a pretensão à rescisão.
6. fluo ESSENCIAL. O Erro substancial ou essencial é o que pode ser alegado na
ação rescisória falencial, ou na ação revocatória falencial. furo essencial ou substancial
é “o que Interessa à natureza do ato, ao objeto principal da declaração, ou alguma das
qualidades a Ele essenciais” (Código Civil, mrt. 37). Sobre a matéria, Tomo 1V, §§
430-448.
O erro somente pode ser alegado pelo devedor, não pelo credor a respeito de negócios
jurídicos de outro credor ou de outros credores.
Contra isso, pode-se querer argüir: a) que o erro diminuiu o ativo, ou aumentou o
passivo; 1>) que o próprio Decreto-lei referido à legitimação ativa do síndico e do
credor (verbis “síndico ou qualquer credor”, “erro essencial”).
Cumpre distinguir-se do erro na constituição do negócio jurídico a respeito do qual se
proferiu a sentença o erro do credor, ou do síndico, na impugnação ou na não-
impugnação do crédito a propósito do qual se proferiu a sentença. Em 1», o credor
estava em erro, e cabe a ação rescisória falencial.
O devedor, esse , pode alegar o erro essencial ignorado, ou a descoberta de documento
que ignorava, suficiente para a prova do Erro essencial.
Se se verifica que o titular de um dos créditos admitidos, ou alguns titulares de
créditos admitidos, ou todos os titulares de créditos admitidos são responsáveis, em
partes iguais, ou não, por algum crédito que apareceu contra o falido, ou por ter
continuado alguma ação contra Esse, ou por se ter proposto a ação de credor
retardatário, tem-se a ação rescisória falencial, por Erro essencial, para se deduzir do
que coube ao credor, ou aos credores admitidos, o que lhes incumbia pagar (S.~
Câmara Civil do Tribunal de Apelação de São Paulo, 17 de novembro de 1943, R. dos
T., 149, 131).
O Erro de direito não é causa de invalidade; portanto, não o é de rescindibilidade (cf.
4. Câmara Civil do Tribunal de Apelação de São Paulo, 10 de fevereiro de 1944, E.
dos T.,150, 183). No sistema jurídico brasileiro, a discussão é impertinente (Tomo IV,
§ 430, 9).
ineficácia relativa, tem ela eficácia de coisa julgada antes de se encerrar a falência. O
juiz está adstrito a respeitá-la, sem que os credores que receberam algo ou tudo fiquem
incólumes a prestar o enriquecimento injustificado.
Se a decisão foi favorável ao credor, ou a quem propôs a ação rescisória falencial, o
que se apura entra no patrimônIo falenclal, para que se liquide o passivo.
A ação rescisória do direito comum (Código de Processo Civil, arta. 793 e 799) não
está subordinada à pendência da execução forçada celetiva: o seu prazo é o do
QÜINQÜÊNIO . A ação rescisória falencial, sim.
Az vezes, o julgado na ação rescisória falencial somente mtoda a classe, ou somente
retifica a decisão rescindenda; então, pode-se restringir a algum ponto ou a alguns
pontos a desconstituição do julgado. t o caso de se ter como apenas privilegiado
geralmente o crédito que se considerara com privilégio especial. Tem-se de
desconstituir o privilégio especial.
As dificuldades maiores são com a eficácia das decisões que rescindam a sentença
favorável à massa falencial e tragam ao concurso de credores falencial o autor da ação
rescisória segundo o art. 798 ou o art. 799 do Código de Processo Civil. Tudo se
recompõe, para que se cumpra a decisão proferida no juízo rescindente. Não se pode
pretender que o autor, vitorioso
na ação rescisória do art. 798 ou do art. 799, seja tratado como o credor retardatário
(ari. 98 do Decreto-lei n. 7.661).
(c) Para terminar, chamemos a atenção para as ações rescisórias falenciais que se
fundam em não resistir o crédito, ou em ser nulo o negócio jurídico de que se teria
irradiado.
O art. 99 do Decreto-lei n. 7.661 fala dos casos em que se descubra “falsidade, dolo,
simulação, fraude, erro essendaí”, e não dos outros casos de inexistência (o de
falsidade não é o único), nem dos casos de nulidade. Havemos de interpretar que a
ação7 rescisória falencial apanha quaisquer casos de inclusão contra a lei, uma vez que
se ignorasse a causa, ou o documento ou os documentos relativos ao pleito.
9.PRoCESSO. Lê-se no Decreto-lei n. 7.661, art. 99, parágrafo único, 1a parte: “Esse
pedido obedecerá ao processo ordinário...
O autor tem o ánus de alegar e provar que não era conhecida, no processo falencial, a
causa de invalidade do titulo, ou de classificação ilegítima, ou a falsidade, ou o ser
diferente a importância do crédito (Tribunal de Apelação do Rio de Janeiro, 1.0 de
agasto de 1944, R. dos T., 151, 720: “A descoberta do vicio ou do documento há de ser
posterior à admissão do crédito no passivo, cabendo ao autor, ..., a prova dessa
descoberta posterior”).
O principio concerne a qualquer outro caso de ação rescisória falencial.
Por processo falencial entende-se qualquer processo que tenha de ser iniciado no juízo
falencial, inclusive a ação declaratória de ineficácia relativa e a revocatória falencial.
10. AÇÕES PENAIS. Diz o art. 101 do Decreto-lei n. 7.661: “O juiz ou tribunal que,
por fundamento de fraude, simulação ou falsidade, excluir ou reduzir qualquer crédito,
mandará, na mesma sentença, que o escrivão tire cópia das peças principais dos autos
e da sentença ou acórdão, a fim de ser, no prazo de dez dias, encaminhada ao
representante do Ministério Público, para os fins penais”.
O art. 101 tem de ser interpretado no sentido de ser exemplificativa a referência à
falsidade, à simulação e à fraude. Sempre que, julgando exclusão ou redução de
crédito, o juiz verifica que o ato pode ser crime, tem de dar ordem ao escrivão no
sentido de que se cogita no art. 101. Porém o art. 101 é rever. Ia o de principio geral.
Mesmo se não é caso de exclusão ou de redução de crédito, tem sempre o juiz falencial
de tomar a providência de encaminhamento da documentação se encontra elementos
de suporte fitico de regra jurídica penal, de que me irradie ação pública.
CAPITULO V
3.411. Generalidades
com direitos reais de garantia. II. Créditos com privilégio especial sobre determinados
bens. III. Créditos com privilégio geral. IV. Créditos quirografários”. No § 1.0
acrescenta-se:
“Preferem a todos os créditos admitidos à falência a indenização por acidente do
trabalho e os outros créditos que, por lei especial, gozarem essa prioridade”. O inicio
do art. 102 poderia levar a equívocos se o não interpretássemos em consonância com o
art. 125: à primeira vista, parece que se puseram antes de todas as classes de créditos
que se vão mencionar no art. 102 “os encargos e dividas da massa”, o que é verdadeiro
a propósito das classes do art. 102,111 e IV”; porém não no que tange às classes do art.
102, 1 e II, pois o art. 125 somente estatui que se descontem do produto dos bens
gravados de direitos reais de garantia e do produto dos bens sujeitos a privilégio
especial “as custas e despesas da arrecadação, administração, venda, depósito ou
comissão do síndico, relativas aos mesmos bens”. Assim, no tocante aos créditos
garantidos com direito real de garantia e aos créditos munidos de privilégio especial,
não há dedução de custas judiciais do processo de falência, nem dos seus incidentes e
das ações em que a massa for vencida (art. 124, § 1.0, 1); nem das quantias fornecidas
à massa pelo síndico e pelos credores, salvo se para as custas e despesas de que fala o
CAPITULO VIII
art. 125 (art. 124, § 1.0, II); nem das despesas com a arrecadação, administração,
realização do ativo e distribuição do seu produto, inclusive a comissão do síndico (art.
124, § 1.0, III>, pois não dizem respeito ao bem gravado ou afeto ao privilégio
especial; nem das despesas com a moléstia e o enterro do falido que morreu na
indigência, no curso do processo (art. 124, § 1.0, IV); nem dos impostos e mais
tributos de que fala o art. 124, § 1.~, V; nem das indenizações por acidente do trabalho
que, no caso de continuação de negócio do falido, se tenha verificado nesse período
(art. 124, § 1.~, VI); nem das chamadas dividas da massa (art. 124, § 2.0, 1-111).
Os impostos e outros tributos que recaem sobre o bem gravado, ou sobre o bem sujeito
a privilégio especial, esses, pela incidência no bem, lhe apanham o valor, de modo que
têm de ser deduzidos desse, antes de se solverem as dividas garantidas com direito
real, ou especialmente privilegiadas. Mas, enquanto não se solvem tais dividas, não se
distribui o restante.
nacional . O direito real de garantia persiste em sua incidência e não poderia ser
atingido pela divida fiscal posterior, porque tal invasão seria no patrimônio de quem
não é o devedor. Não se há de dar ao ml. 60 e seu parágrafo único do Decreto-lei n.
960, nem ao art. 1.0, parágrafo único, do Decreto n. 22.866 interpretação que faria ruir
grande parte do sistema jurídico. Se o imposto ou tributo é de incidência no bem,
como todo, é o bem e, pois, o seu valor que se apanha com o crédito fiscal. Se é só de
incidência no domínio, incólumes ficam os direitos reais. Se é só de incidência em
direito real limitado, o domínio escapa à incursão fiscal.
real de garantia, é do valor do bem que hão de sair, sem que antes da satisfação delas
se possa retirar o que corresponde ao crédito hipotecário, ou pignoratício (Código
Civil, art. 1.564; Tomo XX, § 2.542, 1).
Se não houve acordo , o crédito não pode atingir o valor do direito real. Todavia, se o
produto do bem gravado excede o valor do crédito hipotecário e esse fica satisfeito, o
crédito ordens despesas de conservação tem privilégio especial <Código Civil, arts.
1.566, III, e 1.563, III).
10. ANTICRESE. O credor com direito real de anticrese tem direito a perceber os
frutos e rendimentos, para se ir pagando da divida de interesses (anticrese
compensativa), ou da divida de capital e da dívida de interesses (anticrese extinta>. O
anticresista como que adimple a si mesmo, em lugar do devedor ou do constituinte da
anticrese <Tomo XXI, §§ 2.617-2.632). Se a anticrese é somente compensatória, não
se diz quais os juros, e o uso e a fruição compensam a dívida deles. Se a anticrese não
é extintiva do capital e se determinaram os juros, pode ser exigida a prova do valor do
uso e da fruição. Se foram fixados os juros, mas é de interpretar-se o ato de
constituição como avaliativo do uso e da fruição, em verdade não se fixaram juros,
posto que se lhes haja dado valor preciso, que é só aparente.
Se a anticrese é extintiva do capital, está em causa a extinção da dívida mesma. Se de
juros não se falou, é que a dívida é sem juros estipulados. Pode ela ser extintiva do
capital e dos juros.
O anticresista pode executar o imóvel, pelo crédito garantido: supõe-se, então, que
renunciou ao direito (real) de anticrese. Se outrem executa o bem, ou permite ele que
se prossiga na execução, renunciando, expressamente, ao direito de anticrese, ou o
permite, sem opor o seu direito de anticrese, e então é tácita a sua renúncia, ou opõe o
seu direito de anticrese, afastando que se possa pensar em renuncia. Se há renúncia,
expressa ou tácita, desaparece o direito de anticrese. Em todo caso, há a espécie do
anticresista, que tem a posse do bem, em relação ao credor posterior, problema que
versamos no Tomo XXI, § 2.627, 3.
Observe-se que não se pode falar de direito de retenção
a propósito de anticrese. Explicamos, no Tomo XXI, § 2.627, 3,
a palavra “retinet”, que se encontra na L. 11, § 1, D., & pignoribus et kypothecis et
quez.liter ea co’ntrahantur et de pactis
eorum, 20, 1. Qualquer referência a direito de retenção, a respeito de anticrese e
percepção de frutos, é prova de que o jurista, que disso não escapou, não sabe o que é
direito de retenção.
No art. 119, § 39, do Decreto-lei n. 7.661, diz-se que serão levados a leilão os bens
dados em anticrese. Portanto: a lei ordenou que se venda o bem gravado. Com as
formalidades para o leilão e com a própria venda, até que se dê a tradição do -imóvel
livre do gravame, o anticresista, parte no ato incidental de venda, continua na posse
imediata do bem. A intromissão do síndico é apenas para que entre a posse própria,
mediata, do dono do bem (não da pessoa simplesmente devedor, o que se dá se houve
garantia de divida alheia> e a posse imediata do anticresista se intercalem duas posses,
a do juízo e a do leiloeiro. Quando juristas dizem que, no período da liquidação, deve
o síndico intimar o anticresista para entregar o imóvel, que será submetido a leilão (e.
g., TRAJANO DE MIRANDA VALVERDE, Comentários à Lei de Falências, II, 73),
CAPITULO VIII
12. (a) PENHORES. Quer o penhor seja com entrega da posse imediata, quer não, há
direito real de garantia. Como direito real de garantia, é que tem de ser tratado no
direito concursal civil ou comercial. Se tem eficácia real a constituição do penhor, não
há diferença entre os penhores . A lei comum ou a lei especial é que responde a essa
questão prévia.
O art. 772 do Código Civil estatui: “O credor pignoratício não pode, paga a divida,
recusar a entrega da coisa a quem a empenhou. Pode retê-la, porém, até que o
indenizem das
despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa
sua” (Tomo XX, § 2.579, 3, 4). Ai, há, tipicamente. direito de retenção (Tomo XXII, §
2.738, 2).
CAPITULO VIII
que há de receber, primeiro, até satisfazer-se, o que o credor cujo crédito foi
empenhado ou caucionado receberia. Note-se que, antes de todos os outros créditos,
vêm os direitos reais de garantia, inclusive
os direitos reais de garantia (penhores) que recaem em créditos garantidos com direito
real, mas, se Esse é pessoal, passam à frente aqueles créditos que preferem ao crédito
pessoal dado em garantia. O direito real de garantia, ai, continua de fora, e só intervém
a determinado momento.
1. CONCEITO. Créditos com privilégio especial são os créditos a que a lei conferiu a
eficácia de incidência em determinado bem. A especialidade é por sua privilegiação
em relação à coisa.
Conforme melhor diremos ao termos de tratar da liquidação do passivo e de
conformidade com o que foi dito a propósito dos privilégios (Tomo XXVII, §§ 8.235-
3.255), os créditos especiais apanham o bem e, se o bem não basta, de regra perduram
como créditos quirografários.
Há certa parecença entre os créditos com privilégio especial e os créditos com direito
real de garantia. Porém aqueles não geram direito real.
No direito real de garantia não há privilégio. O que toca ao titular do direito real, de
garantia já é dele e tem-se de extrair do bem, isto é, do valor do bem. O dono do bem
gravado de direito real de garantia não deve; o valor, a que se refere o ato de
constituição do direito real de garantia, já é do titular do direito real de garantia. Por
isso mesmo, o devedor da quantia pode ser outra pessoa; então, por exemplo, E é dono
do prédio gravado de hipoteca, portanto dono de prédio menos o valor da hipoteca, e
quem deve é C, a A, credor de C e titular do direito real que grava o prédio de B.
Quer a respeito dos privilégios especiais quer a respeito dos privilégios gerais, o
principio de fontes e interpretação das leis é o de não caber interpretação por analogia
ou extensiva 28 de janeiro de 1949, A. 1., 94, 257, a propósito de “depósito” bancário,
que não se pode considerar verdadeiramente depósito). Privilegia aunt stricti juris.
Nem cabe convenção dos figurantes para se estabelecer privilégio especial ou geral
(1.8 Câmara Civil do Tribunal de Apelação de São Paulo, 12 de agosto de 1946, R. F.,
111, 160).
especial, Esse, lhe advém do art. 97 Código Comercial: “Os mesmos trapicheiros e os
administradores de armazéns de depósito têm hipoteca tácita nos efeitos existentes nos
seus trapiches e armazéns, ao tempo da bra do comerciante proprietário dos mesmos
efeitos, para em pagos dos aluguéis e despesas feitas com a sua conserlo (art. 88, n. 4),
com preferência a qualquer outro credor”. art. 14 da Lei n. 1.102, de 21 de novembro
de 1903, a impropriedade de expressão, pela mistura das matérias, veio à tona:
a empresas de armazéns gerais têm o direito de retenção a garantia do pagamento das
armazenagens e despesas com conservação e com as operações, benefícios e serviços
presos às mercadorias, a pedido do dono; dos adiantamentos os com fretes e seguro, e
das comissões e juros, quando as mercadorias lhes tenham sido remetidas em
consignação. Esse direito de retenção pode ser oposto à massa falida do devedor.
também têm as empresas de armazéns gerais direito de indenização pelos prejuízos
que lhes venham por culpa ou dolo do depositante” (cf. Tomos XV, §§ 1.829, 5, 1.830,
3, e 1.832, 4; ,§ 2.576, 4; e Tomo XXII, § 2.738, 13). A respeito das nota adimpleti
contractus, e não direito de retenção (E. ScaoiiMEYER, Reckt der Schuldverh4ltnisse,
188; F. SCHLEGELBERGER, Das .Zurilckbekaltungsrecht, 101 e 148; P.
LANGHEINEKEN, Ãnspnwh und Einrede, 335; sem razão, P. OERTMANN, Das
Recl&t der Sckuldverhdltnisse, 183; L. ENNECCERUS, Lehrbuch, II, 31.~-3S.~ ed.,
112; O. WARNEYER, Kommentar, 1, 562). Cf. Tomos XX, § 2.576, 4, e XXII, §
2.738, 13.
O erro de SALUSTIANO ORLANDO DE ARAÚJO COSTA foi repetido por juizes e
comercialistas, ou civilistas, que trataram de direito de retenção. As leis mesmas
cometeram a cincada. Por onde se vê quão alta é a responsabilidade dos que têm de
tratar de terminologia jurídica, sem estarem a par da exatidão dos conceitos.
Sabre outros erros, por se confundir com direito de retenção a exceção nota adimpleti
contractus ou a nota rite adiinpleti contractus, que mencionamos, cf. o Tomo XXII, §
2.738, 13, foi claro. E. g., Decreto n. 15.673, de 7 de setembro de 1922, arts. 135 e
136; Código Comercial, arts. 116, 117, 118 e 632, alínea 1.8; Decreto n. 14.473, de 10
de dezembro de 1930, art. 2.”, VII. Sabre o Decreto n. 21.081, de 19 de outubro de
1982, arts. 40, 24 e 25. Tomo XXII, § 2.738, 14.
O direito de retenção pode ter origem negocial (Tomo XXII, § 2.734, 5); então,
nascido ele, nasce o privilégio especial. Isso nada tem com o principio da conversão
(Tomo IV, §§ 374 479e 403, 2).
O direito de retenção e, pois, o privilégio especial são pré -excluíveis (Tomo XXII, §
2.734,6) e renunciáveis (§ 2.739, 4). No art. 1.131 do Código Civil estatui-se: “Não
obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o comprador cair em
insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até que o comprador lhe
dê caução de pagar no tempo ajustado”. No direito brasileiro, o contrato de compra e
venda é contrato consensual. Alguns juristas confundem-no com o contrato de compra
e venda no direito suíço, o que é lamentável. Ou seja a prazo, ou seja à vista o contrato
de compra e venda, antes da tradição há dívida, obrigação, e não transferência. O art.
198 do Código Comercial já dizia: “Não procede, porém, a obrigação da entrega da
coisa vendida antes da entrega, o comprador monto dar notoriamente de esta a não
prestar fiança ao pagamento nos prazos convencionais. Tudo isso se acha na
generalidade do ad. 1.092, alínea, do Código Civil, onde se trata da exigibilidade da 1o
(pretensão à seguridade ou segurança, Tomos 1171, § 304, 1”, § 3.091, 4, e XXVI, §§
3.124, 4, 3.128, 1, 7, 8, 3.129, 3, 5, e 3.131, 3).
A coisa retida pode ser dinheiro se não está no patrimônio do credor retentor. Se está
no patrimônio desse, é devida credor como prestação sua, e não há falar-se de direito
retenção. Seria caso de exceção nota adimpleti contractus, [e pretensão à seguridade.
Porém seria erro dizer-se que, do ilíquido o crédito, não há compensação e, pois, há
direito retenção. São proposições que levianamente se lançaram, sustentáveis.
Afirmaram que o dinheiro não pode ser a coisa ~da J. X. CARVALHO DE
MENDONÇA (Tratado de Direito Comercial, VIII, 174> e OLávo DE ANDRADE
(Notas sobre o Di-de retenção, 38), sem aprofundarem o estudo do assunto Tomo
CAPITULO VIII
exemplo, o crédito por benfeitorias deriva da posse mesma, tal crédito é contra quem
quer que haja pretensão reivindicatória, ou vindicatoria , ou de restituição. Idem, se
origina de situação real do possuidor (e. g., usufrutuário, usuário, ou habitador, a que
cessou o usufruto, o uso ou a habitação). O ad. 516 do Código Civil é expressivo e só
tem como pressupostos do direito de retenção e, pois, do privilégio especial a posse, o
haver benfeitoria necessária ou útil e a boa fé o possuidor, O possuidor de má fé tem
pretensão à indenização das benfeitorias necessárias, porém sem direito de retenção
portanto, sem privilégio especial. No plano do direito das obrigações fora, em
conseqüência, do plano do direito concernente à posse, que é poder Láctico os
pressupostos são os mesmos (Código Civil, ad. 873: “Se para o melhoramento, ii
aumento, empregou o devedor trabalho, ou dispêndio, vigorará o estatuído nos arts.
516 a 519”).
Durante o concurso de credores, civil ou falencial, o credor que tem o direito de
retenção não pede esse direito (= o direito e retenção não se transforma em privilégio
especial). O credor exerce o jus retentionie sobre o bem até que chegue o momento
e se proceda à venda dele, conforme a lei (Decreto-lei a. 7.661, ad. 120). Não cessa,
com isso, o direito de retenção, porque a posse imediata, que o credor tinha, se
mediatizou e passou ao síndico a posse imediata.
Sempre que a venda possa ocorrer sem se retirar a posse do retentor, a melhor solução
é só se retirar a posse imediata do devedor-credor no momento da entrega do bem ao
adquirente.
Se o retentor anui em que se entregue o bem ao síndico, com a ressalva do direito de
retenção, o juízo falencial não pode entregar o bem ao adquirente sem que se pague,
no mesmo momento, a dívida ao retentor.
jurídica do ad. 1.566, III, se abstrai qualquer posse, razão por que o beneficiante sem
posse pode r credor e ter privilégio especial o seu crédito <e. g., o pedreiro que viu o
telhado da casa do ausente com abertura feita pelo vendaval e o consertou ou lhe pôs
telhas novas).
Se o bem incorpóreo é suscetível de posse, seria absurdo se não reconhecesse a’>
crédito do beneficiante o privilégio especial. Mas há os benefícios aos bens
incorpóreos não suscetiveis de posse. A respeito deles pode haver atos de conservação,
mo se o terceiro apresenta o crédito para que ele não preclua a para que a pretensão
que dele se irradia não prescreva.
Se as ações de sociedades, sejam nominativas sejam ao portador, têm ensejo de
bonificação, por exemplo, de uma por ida cinco, se até certa data se deposita na sede
social determínada quantia, seria contra a ratio legis que se negasse ao crédito terceiro,
que fez o depósito, o privilégio especial.
A coisificação, que se dá com os títulos ao portador, não estende aos outros títulos e, a
priori, a simples documentos, são pertenças do crédito; mas o credor com documento
que, m a intervenção do terceiro, ficaria sacrificado, ou diminuído , ou não teria os
créditos novos, ligados ao seu, deve ser atado como o dono da coisa móvel ou imóvel.
Não nos referimos às espécies do ad. 102, § 2.0, III, do Decreto-lei n. 7.661. porque,
ai, ao direito de retenção dos documentos corresponde privilégio especial, se o crédito
do devedor é conexo ao direi-a que se refere o documento.
O que está em causa é o incremento econômico da coisa, a que corresponde o crédito
do beneficiante.
O privilégio é especial. Por isso, concerne ao bem. Se algum direito real de garantia
incide no bem, de modo que o beneficio seja incremento do valor, nem por isso o
crédito do beneficiante passa à frente do direito real de garantia, porque rege o
princípio dos arts. 102, 1, e 125 do Decreto-lei n. 7.661, salvo se houve o consenso do
devedor e do credor com direito real de garantia a que se refere o art. 1.564 do Código
Civil. Não há, no direito brasileiro, a regra jurídica do ad. 2.756, alínea 2.8, do Código
Civil italiano (“II privilegio ha effetto anche in pregiudizio dei terzi chê hanno diritti
suíla cosa, qualora chi ha fatto le prestazioni o le spese sia stato in buona fede’9. A
solução italiana aparece como resultado de confusões doutrinArias entre direito real e
privilégio especial, e a alusão à boa fé é expressiva e de certo modo funde e confunde
as duas regras jurídicas que o sistema jurídico brasileiro não funde nem confunde, a do
ad. 1.566, III, do Código Civil e a do ad. 102, § 2.0, III, do Decreto-lei n. 7.661.
1. CONCEITO. Créditos com privilégio geral são os créditos que, deduzido do valor
do crédito o valor com que se satisfazem os créditos com direito real de garantia e os
CAPITULO VIII
créditos com privilégio especial, têm de ser satisfeitos com o restante, antes dos
outros. No Tomo XXVII, expusemos quais são.
las, distinguindo-se das outras encontradas em poder do falido e arrecadadas ...“; 1.8
Câmara Civil, 9 de março de 1948, que invocou o art. 78, § 2.0, R. dos T., 173, 984; 8.’
Câmara Civil, 9 de setembro de 1949, 183, 823, 10 de novembro de 1950, 14 de março
de 1952, 200, 457).
CAPITULO VI
INQUÉRITO JUDICIAL
com o trânsitO em julgado de decisão que não o admita., porque, ai, o credor é como e
não tivesse sido convidado à declaração de crédito.
Se, na falência de sociedades, há sócios de responsabilidade ilimitada, os credores da
sociedade e os credores particulares dos sócios têm a mesma legitimação ativa para
requerer
Inquérito judicial e para os outros requerimentos de que cogita a lei. Pode qualquer
deles pedir a prisão preventiva dos acusados.
6.CRIMES DE FALÊNCIA . Falir não é crime. Crime pode ser a causa da falência ou
crimes podem ser as causas decretação da falência. Crimes falenciais do falido ato,
pois, crimes que se ligam às causas da falência, ou à conduta do falido.
Há crimes falenciais que não são do falido. Pode cometê-los ~redor ou pessoa
estranha. Fade cometê-los funcionário da justiça. O juiz, a Orgia do Ministério Público
CAPITULO VIII
podem cometer-los.
A competência para o processo e julgamento do juiz e do órgão do Ministério Público
e o processo respectivo são conforme os princípios do art. 124, IX, da Constituição
de 1946 e as regras da legislação especial (Lei n. 1.079, de 10 de abril le 1950) e da lei
de organização judiciária da entidade estatal interna.
A investigação das causas da falência pelo sindico há de ter a precisão de que a
frustacao econômico-financeira do sindico seja capaz. A lei só lhe exige o que ele
possa chegar a conhecer e expor. Passa-se o mesmo, a respeito de atos do devedor,
antes e depois da falência, que se hajam de considerar ligados à situação do devedor.
Há falências em que nenhuma causa da falência foi oriunda de ato ou omissão do
devedor.
Outras, em que somente se criou a emergência da falência com atos e omissões do
falido (e. g., perdas em jogo pelo falido>).
Alguns atos ou omissões do falido podem configurar crimes. O art. 103 do Decreto-lei
n. 7.661 dá ao sindico o dever de especificar os atos ou emissões que possam ser tidos
como crimes falências, apontando os responsáveis e, a propósito de cada um, o texto
de lei que se há de aplicar.
Porém o dever do síndico vai mais longe: pode o crime não ser, propriamente , ligado
à falência; quer dizer, o ato ou omissão pode ser crime por si mesmo,
independentemente, portanto, de ter sido decretada a falência, ou se não veio a ser
levado a cabo o procedimento falencial (e. g., foi reformada a sentença que decretou a
falência, sobreveio concordata suspensiva que se cumpriu). O síndico tem de apontar o
ato ou omissão que compõe a figura do Código Penal ou de lei penal especial
(Decreto-lei n. 7.661, art. 192: “Se o ato previsto nesta lei constitui crime por si
mesmo, independentemente da declaração da falência, aplica-se a regra do art. 51, §
1.0. do mediante urna sé ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, a que se
cominam penas restritivas da liberdade, impõe se lhe a mais grave, ou, se idênticas,
somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As
penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e as
crimes concorrentes resultam de designos autônomos”).
Se o síndica, o credor ou o órgão do Ministério Público somente encontra crime
comum, e não falencial, cabe inquérito policial, e não inquérito judicial, de modo que
se há de requerer a abertura do respectivo inquérito policial, ou, de ofício, o requisita o
juiz da falência, pois que lhe falta, ex hypotkesi, qualquer competência para o inquérito
judicial.
O inquérito policial sempre necessário se o mesmo ato ou omissão configura dois
crimes distintos, só um das quais é falencial. Cf. Código de Processo Penal, sais.
4.o~23.
O sindico tem de indicar os autores dos crimes falenciais, seja o falido, seja pessoa que
se lhe equipare (Decreto-lei n. 7.661, artg. 37 e 191), ou quem quer que, estranha ao
processo da falência, haja praticado crime previsto pela lei de falência, sejam autores
ou co-autores (Código Penal, ad. 25).
No Código de Processo Penal, art. 505, está dito: “A denúncia será sempre instruída
com cópia do relatório do síndico e da ata da assembléia de credores, quando esta se
tiver realizado”. A atinência à lei falencial revogada ressalta, mas, no tocante ao
“relatório”, continuou de existir na lei nova, com a mesma significação. A
jurisprudência, sob a lei antiga, não considerava nulidade que viciasse decisão
condenatória a falta do “relatório” (Supremo Tribunal Federal, 5 de julho de 1922, 1?.
dos T., 51, 120, Câmaras Criminais Conjuntas do Tribunal de Justiça de São Paulo, 1.0
de setembro de 1948, 177, 486).
Primeiramente para obviarmos aos graves inconvenientes de não atenderem à
diferença comentadores da lei falencial e da lei processual penal advirtamos que o
“relatório”,que alude o Código de Processo Penal (Decreto-lei n. 3.689, de 3 de
outubro de 1941) art. 505, se chama, na lei de falências (Decreto-lei n. 7.661, de 21 de
junho de 1945, parte. 63, XII, 103), “exposição”. Na lei vigente, a exposição e o laudo
do perito são as peças com que se inicia a formação dos autos do inquérito judicial. Se
não há a exposição e o laudo, ou, pelo ixenos, aquela, > sobre que é que têm de falar
nos cinco Lias do art. 104 do Decreto-lei n. 7.661 os credores?
* admissível que o órgão do Ministério Público que tem três lias exatamente para
opinar sobre “a exposição do síndico” opine sobre nada e não veja a falta da exposição
e do laudo? Pode, com segurança, contestar o falido, e requerer, nos cinco tias que se
lhe dão, sem conhecer a exposição do síndico?
o juiz, a quem vão os autos, pode não ver que faltam exposição e o laudo? .& Que fez
o juiz que não destituiu o síndico se a lei falencial, explicitamente, no art. 110, manda
destitui-lo quando é omisso em alguma informação que havia de constar da exposição?
A argumentação que acima se faz somente serve para se exigir que o requerimento de
abertura de inquérito judicial, e o não precedeu exposição do síndico, contenha o que
conteria exposição.
A exposição e o laudo, desde que sejam base de alguma observação que serviu ao
recebimento da denúncia ou da queixa, lo elementos necessários (Supremo Tribunal
Federal, 27 de abril de 1944, R. )~‘., 100, 328). Está escrito no art. 505 do Código de
Processo Penal. Se o recebimento da denúncia ou da queixa é nulo, isso depende do
exame do caso diante dos princípios do art. 563, 564, III, i» e d), 565 e 566 do Código
de Processo Penal.
A respeito do laudo, só é ele elemento necessário, de modo que a sua falta possa
causar nulidade, se assim resulta do fato que se refere a denúncia ou a queixa (cf. 2.8
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, 28 de setembro de 1950,
9., 142, 379). (Grave confusão entre o “relatório” de outrora, que é, hoje, “exposição”
do Decreto-lei n. 7.661, arts. 63, XII, e 103, e o relatório” dos arte. 63, XIX, e 114, que
o síndico apresenta depois do despacho em que o juiz decidir sobre o inquérito
judicial, no voto do relator do acórdão do Supremo Tribunal Federal, a 28 de junho de
1950, R. 9., 143, 386. ~ Como se poderia juntar o que necessariamente só depois
acontece?!)
As infrações de prazos, como o do art. 108 do Decreto lei n. 7.661 (Supremo Tribunal
Federal, 14 de agosto de 1951, Á. .1., 101, 269; 17 de maio de 1950, R. 9., 135, 522;
Seção Criminal do Tribunal de Apelação de São Paulo, 16 de julho de 1946, E. dos T.,
166, 21), não tornam nulo o processo sem o ato, se não há razão para isso, segundo a
lei processual penal, que tem o seu sistema de decretação de nulidades semelhantes,
embora não idêntico, ao do direito processual civil.
Se é nula a decisão que recebe a denúncia ou a queixa, ou se não houve inquérito
judicial (portanto, não houve recebimento de denúncia ou de queixa>, ou o crime não
é só falencial, ou é apenas falencial; de qualquer modo, tem de haver, no juízo
criminal, denúncia ou queixa, se pode ele conhecer da espécie. É preciso partir-se do
art. 113 do Decreto-lei n. 7.661 que permite a propositura da ação penal mesmo se foi
rejeitada, pelo juiz da falência, a denúncia ou a queixa. Á fortiori, se não houve
inquérito judicial ou se foi nulo. A decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, a 7
de março de 1950 (E. 9.. 133, 554; Á. 3’., 24, 67), foi absurda. Ofendeu,
CAPITULO VIII
mencionado pelo art. 140, III, do Decreto-lei n. 7.661, corta a pretensão. Todavia, se o
pedido da concordata fora deferido, o que se pode pedir é a resolução da concordata (o
termo “rescisão” é, ai, impróprio).
Alguns pontos precisam ser tocados. O que extingue a pretensão à concordata
suspensiva é o trânsito em julgado da sentença de condenação, e não a simples
prolação. O que de si só cria situação delicada, mas juridicamente possível: entre a
preeleicao da sentença e o trânsito em julgado da sentença pode o juiz da falência
deferir o pedido de concordata suspensiva, pois Me não recebera a denúncia ou a
queixa e até Base momento não há eficácia sentencial. Em todo caso, pode o
interessado propor a ação de resolução da concordata com fundamento no art. 150,
VII.
Observe-se ainda que a condenação no juízo criminal, com a eficácia extintiva, a que
nos referimos, dependente do trânsito em julgado, pode ser em crime não falencial.
Mais: posto que o recebimento da denúncia ou da queixa, no juízo criminal, não tenha
eficácia de suspender o exercício da pretensão à concordata suspensiva, e só o trânsito
em julgado da sentença condenatória extinga a pretensão, a sentença, antes de transitar
em julgado não suspende o exercício da pretensão à concordata suspensiva (nem o
exercício da pré da queixa fora no juízo falencial, o exercício da pretensão concordata
suspensiva já estaria suspenso.
1.AÇÃO DO SÍNDIcO. Supõe-se, conforme antes se disse, que não tenha havido, no
prazo legal, pedido de concordata suspensiva, ou que, se o houve, que o juiz o tenha
indeferido, bem como não ter ocorrido destituição do síndico por omissão no relatório
(Decreto-lei n. 7.661, art. 110).
O síndico fica investido dos poderes de liquidação desde o momento em que se
publique o aviso de início da liquidação, se não foi indicado outro dia a quo. Porque o
despacho do juiz apenas é para marcação do prazo da liquidação, isto é, do diu ad
quem. Sem razão, TRAJANO DE MIRANDA VALVERDE (Comentários & Lei de
Falências, II, 128).
podem remir (Código Civil, art. 821, alínea 2.~) Em ambas as espécies de concurso de
credores, podem os credores fornecer o dinheiro para a remição (cf. Decreto-lei n.
7.661, art. 124, § 1.~, II, 2Y parte). Se os credores estabeleceram modo de liquidação
do passivo, no que tange aos bens gravados de direito real de garantia, entende-se que
fizeram oferta, que depende de aceitação pelos credores titulares desses direitos reais
de garantia. Tal oferta é inconfundível com a venda por propostas de que trata o
Decreto-lei n. 7.661, no art. 118.
CAPÍTULO II
<A propósito convém lembrar dois artigos do Código de Processo Civil, os arts. 954 e
942. Diz o art. 954: “Quando a penhora houver de recair em estabelecimento
comercial ou industrial, ou em propriedade agrícola, sementeiras ou plantaçoes , o
juiz, salvo ajuste em contrário, determinará a forma de sua administração, a fim de que
nenhum dano resulte à produção ou ao comércio”. No art. 942, pôs-se a seguinte regra
jurídica: “Não poderão absolutamente ser penhorados: XIII. Separadamente, os
móveis, o material fixo e rodante das estradas de ferro, e os edifícios, maquinismos,
animais e acessórios de estabelecimentos de indústria extrativa, fabril, agrícola e
outras, indispensáveis ao seu funcionamento”. A penhora de cada um poderia diminuir
o valor do ativo. Não é cada bem que se penhora; o que se penhora é o todo.)
Se há penhor industrial, ou há a remição, para que mais fácil seja a venda do fundo de
empresa (Decreto-lei n. 7.661, art. 120, § 2.0), ou se mantém a Integra do fundo de
empresa, mas, nos atos para a venda e na venda, se determina que uma parcela da
soma correspondente ao todo se entenda para satisfação do titular do direito real de
penhor industrial (e. g., cem milhões mais três milhões ), ou se tem de deduzir
primeiro o que há de tocar ao titular do direito de penhor industrial.
Na venda global dos bens da massa, tem-se de fazer a notificação de cada devedor
(Código Civil, art. 1.069), para que tenha eficácia em relação a ele (sem razão,
TRAJANO DE MIRANDA VALVERDE, Comentários à Lei de Falências, II, 133).
Com a falência, podem resolver-se os contratos de trabalho. Mas a aquisição, em leilão
público, ou em venda por proposta, do fundo de empresa (ativo e passivo, ou só ativo),
é sucessão (cf. Decreto-lei n. 5.452, de 1.0 de maio de 1943, arta. 448 e 449). Ai, passa
à frente a figura da cessão do patrimônio , e não só do ativo. O pessoal da empresa
também é valor. Aliter, se só se vendeu o ativo do estabelecimento, consistente em
bens corpóreos.
O contrato de locação é ligado ao estabelecimento, e não à pessoa do locatário, que
pode mudar se o estabelecimento passa a outrem. Assim, se o falido tinha dois
estabelecimentos, a venda de um deles pode ser com o respectivo contrato de locação.
Áliter, se a locação é apenas para depósito de empresa que tem a sede alhures, porque
ai não há pluralidade de estabelecimentos.
Se o contrato de locação apenas pode ser cedido, por força de disposição contratual, a
transferência há de ser em leilão público, ou por meio de propostas.
5.CÓDIGO CIVIL, Ar. 1.106. Diz o Código Civil, 1.106, que, se o bem foi vendido
em hasta pública, não e ação redibitória, nem a de abatimento no preço (ação ~zti
minoris). A regra jurídica incide em se tratando de leilão público segundo o Decreto-
lei n. 7.661, art. 117; aliter, nas vendas por meio de propostas (art. 118).
Surge a questão de se saber se, para a continuação no dia seguinte, é preciso que novos
anúncios se façam. A resposta é negativa, por analogia com o art. 965, §§ 10’ e 2.0, do
Código de Processo Civil: “A arrematação que, por motivo justo, não se realizar no dia
designado, será transferida, anunciando-se pela imprensa a transferência e o dia
marcado” (art. 96L § 1.~>. “Se, por sobrevir a noite, a arrematação não se concluir,
continuará no dia seguinte, ou em outro; neste último caso, em aviso no mesmo jornal
que houver publicado o edital, far-se-á o anúncio do novo dia designado” (art. 965, §
2.0).
Temos:
A)CARTA DE ARREMATAÇÃO
ordena não manda que se expeça o alvará; apenas permite que, prestado o resto do
preço, se peça o alvará. Não há a eficácia imediata nem mediata mandamental que há
na carta de arrematação, que só se assina e entrega se já pago o preço. Se o juiz manda
que se expeça o alvará , ou oferente se apressou e depositou todo o preço, o que faz
fora da figura comum a decisão, ou só se 1 de entender que pôs a condição: se o
oferente depositar o resto do preço, tempestivamente, expeça-se o alvará.
Analisando-se com rigor o que se passa, a mandamentalidade do auto de arrematação
no leilão público, ou na decisão sobre venda mediante propostas, é ínfima. De
mandado somente se pode cogitar quando se presta integralmente o preço. Então, por
outro despacho o juiz manda que se expeça o alvará. A eficácia é, portanto, de outro
despacho, e não da decisão sobre a venda. Nem há quanto a essa eficácia
mandamental imediata, nem mediata. Como que apenas se espera que o mandado
venha a ser objeto de despacho.
licença do juiz”; art. 121: “O síndico não pode, sem ordem judicial, cobrar
dívidas,,com abatimento, ainda que as considere de difícil liquida e observe-se que em
ambos os textos as expressões são as próprias: trata-se de permissão, e não de licença
nem de idem). No art. 68, XVIII, fala-se de audiência do falido; no t 121, não.
Todavia,’ guardemo-nos de interpretação literal:J a TUJW te pia e a mesma, e o falido
, quer em casos de transação quer de abates, tem de ser ouvido.
Pode e deve o síndico apresentar ao juiz a relação das dívidas ativas que tenham de ser
cobradas com abatimento. A falência do credor nada tem com as circunstâncias que
podem sugerir que se proponha o recebimento amigável com abate. O juiz tem de
examinar cada caso. A permissão ou autorização pode ser em despachos diferentes, ou
num só despacho para todas as contas examinadas.
Se alguma ou algumas dívidas não podem ser cobradas amigavelmente, ou se as
exigências do devedor são inadmissíveis, o caminho que se abre ao síndico é o leilão
público de tal crédito ou de tais créditos da massa, ou a alienação por meio de
propostas.
wrque exerceu a sua pretensão executiva real por não ter sido notificado.
A propositura da ação executiva real pelo credor impede notificação da venda, em
leilão, pelo síndico.
Assim, nos trinta dias que tem o síndico, para notificar credor com direito real de
garantia, com a indicação do lia e hora em que se há de realizar a venda, pode Esse
propor ação executiva real. Enquanto o credor com garantia real não propõe a ação
executiva real, cuja exercitabilidade não mais está suspensa, o síndico pode notificá-lo,
com a indicação da data e hora da venda. A ação executiva real, que fosse proposta, já
encontraria em fase adiantada a execução real, seria supérflua.
A ação executiva real tem de ser proposta no juízo da falência (Decreto-lei n. 7.661,
art. t0, § 2.0). Se, antes da abertura da falência, já havia sido proposta a ação executiva
real, tão fica suspensa, até o encerramento da falência, como as demais execuções,
porque a elas concerne o art. 24, § 2.0, 1, do Decreto-lei n. 7.661 (Tomo XX, § 2.552);
salvo se sobre preço do bem há rateio.
5.VENDA URGENTE DO BEM GRAVADO. “Se a venda do móvel for urgente” ou,
CAPITULO VIII
em geral, do bem gravado de hipoteca ou de anticrese “como nos casos do art. 762, n.
1, do Código Civil, o credor, justificando os fatos alegados, poderá pedir ao juiz a
venda imediata do imóvel hipotecado”, ou gravado de anticrese. t o que está no art.
119, § 2.0, do Decreto-lei n. 7.661, e temos de considerar que tal pedido pode ser eito
dentro dos trinta dias a que se refere o art. 119, § 1.0, um antes (cp. Decreto-lei n.
7.661, art. 78).
judicial aí do mesmo penhor, se o devedor não convier em que se faça comum acordo”
(Tomo XXI, § 2.607, 1).
O Decreto-lei n. 7.661, ad. 120, § 2.0, somente se refere créditos com garantia de
penhor (ou caução), e não aos que têm direito de retenção. Nisso, levou a palma ao
direito anterior, posto que o lamentem, sem razão, alguns juristas. A entrega da coisa
empenhada ao síndico não é entrega a toda a posse que o credor pignoratício tinha.
Apenas vai ao juiz posse mediata imprópria, inferior à do credor, a que a esse de
credor pignoratício se mediatiza, por passar ao síndico a posse imprópria imediata.
Pode haver conveniência em que não se tire ao credor tem direito real de penhor ou de
caução de crédito a posse imediata do bem (e. g., trata-se .de banco, em que estão jóias
e alto valor, ou o credor tem os meios de conservação dos animais empenhados ou das
máquinas empenhadas). Seja como for, e a posse imediata vai ao leiloeiro, ou ao
síndico e, depois, ao leiloeiro, ao credor fica a posse mediata entre a posse própria
imediatas do devedor e a que se transferir ao órgão da execução. mediata do juízo.
Nos casos em que o penhor se constituiu sem que o devedor deixasse de ser possuidor
imediato, raramente se lhe pode retirar essa posse. O leilão faz-se, então, no lugar em
que permaneceram os bens gravados.
Tratando-se de bens negociáveis em bolsa, a posse imediata, imprópria, vai ao corretor
oficial.
valor dos bens gravados, permanecendo o direito real de enfiteuse, de usufruto, de uso,
z de habitação. Seria impossível dar-se a mesma solução a deposito de bem imóvel
gravado de direito real de renda. A solução que aparece no art. 752 do Código Civil
impunha-se em técnica legislativa: “No caso de falência, insolvência ou execução do
crédito gravado, o credor da renda tem preferência aos outros credores para haver o
capital, indicado no artigo antecedente”; to é (art. 751), “capital em espécie, cujo
rendimento, calcula-o pela taxa legal dos juros, assegure ao credor renda equivalente”.
Com isso, poder-se-ia dar o resgate; com isso, dá-se solução ao problema do respeito
ao direito real de renda, em iso de insolvência, ou de falência, ou de execução do bem
gravado.
O direito real de renda sobre imóveis fica próximo, em partilha, dos direitos reais de
garantia, sem que seja direito real de garantia. Não é o valor do bem que garante ao
titular o direito real de renda sobre imóveis o direito que ele tem; direito mesmo
consiste em perceber renda que há de ser colhida ao bem gravado. O direito real de
anticrese, que é direito sal de garantia, está mais próximo, em aparência, dos direitos
sais limitados que não são de garantia, porque o titular dele percebe os frutos para se
pagar.
cima da posse mediata do juiz. Com a entrega do bem ao leiloeiro, a posse imediata
vai a esse, e então é o síndico que por sua vez se mediatiza. Dá-se o mesmo com o
corretor oficial, em se tratando de títulos ou valores negociáveis em bolsa
Se a venda é por meio de propostas conforme O art. 118 do Decreto-lei n. 7.661,
conservam-se a posse mediata., própria, do dono da coisa retida, se é devida pelo
credor retentor, i posse imprópria, mediatizada, do credor retentor, a posse mediata,
imprópria> do juiz, e a posse imediata, imprópria. do síndico; ou, se não é dono da
coisa, possuidor mediato, ~ credor da posse imediata, que está com o retentor, têm-se
posse mediata, imprópria a posse mediatizada desse, i do juiz, mediata imprópria e a
do síndico, imediata e imprópria. Se o credor, dono da coisa, contra o qual se dirige ,
direito de retenção, não tinha posse e é credor dela, então o retentor tem a posse
imediata, imprópria, o juiz, a posse imprópria mediata, e o síndico, a posse imprópria
imediata.
Também a respeito de privilégio especial oriundo de direito le retenção, pode ocorrer
que se proceda à venda estando ainda 3. posse imediata com o retentor. O juízo
falencial apenas se faz possuidor mediato, acima do síndico, que também se torna
pos3uidor mediato. No momento da venda é que se faz possuidor ‘leiloeiro para
transmitir a passe toda do adquirente.
O art. 118 do Decreto-lei ~x. 7.661 não exige que, no momento de se abrirem os
envelopes das propostas, ou depois, mesmo quando conclusOS ao juiz os autos,
estejam sob a posse imediata do síndico os bens sobre os quais há o direito de
retenção. Assim, quando o art. 120 diz que “os bens que constituírem objeto de direito
de retenção seria vendidos em leilão, 3endo intimados os possuidores para entregá-los
ao síndico”, apenas se refere ao quoct plentrft que fit, ao que as circunstancias
freqüentemente tornam aconselhável: a ida da posse imediata ao síndico ou ao
leiloeiro. Em se tratando de vendas por meio de proposta, seria inconveniente tirar-se
ao retentor i posse imediata, salvo se a permanência da posse imediata com ele
dificulta o exame do bem pelos interessados na aquisição, ou se o retentor mesmo cria
dificuldades.
falências. Por exemplo: alienação dos bens separadamente. alienação dos bens
englobadamente, alienação dos bens pelos lotes a e b, ou a, b e c, alienação em leilão
público separadamente ou da todo, ou de lotes, saliente o por meio de propostas para
todos, alguns, ou cada um. Nem o falido, nem o síndico, pode requerer a convocação
da assembléia de credores. Nem a pode ordenar, de oficio, o juiz.
A convocação faz-se por edital publicado no orgao oficial e em outro jornal de grande
circulação (Decreto-lei n. 1.661, ad. 205). A reunião em assembléia tem de ser, pelo
menos, no nono dia posterior à publicação do edital. Pressuposto essencial de validade
e eficácia constarem dele lugar, dia e hora. 1 lugar é qualquer um, que o juiz designe,
desde que nele possa juiz presidir os trabalhos. Tem ele de proclamar aberta a reunião,
sendo conveniente mencionar ele, ou o escrivão, qual o importe do passivo habilitado
correspondente aos sócios presentes. o que resulta do art. 122, § 1.0: “A convocação
dos credores ará feita por edital, mandado publicar pelo síndico, com a antecedência
de oito dias, e do qual constar do lugar, dia e hora consignados
Há um ponto no art. 122 do Decreto-lei n. 7.661 que merece explicação . Lá se diz que
o modo de realização do ativo tem ) de ser compatível com a lei e b) não prejudicar
atos já ratificados pelo síndico. Os atos já praticados pelo síndico são )dos os atos do
síndico antes de ter tido conhecimento de requerimento de convocação da assembléia.
Daí a conveniência e ser comunicado ao síndico o requerimento para que “atos
anteriores” não sejam considerados apenas os atos anteriores o momento em que o
síndico toma conhecimento do despacho do juiz. A comunicação feita ao ser entregue
o requerimento tem o efeito de poder ser desconstituído qualquer ato o síndico, que o
modo de realização do ativo, adotado pela assembléia, não leva em conta.
processual civil, respeitadas, outrossim, as regras jurídicas do Código Civil, arts. 821 e
822.
O produto da venda dos bens gravados de direito real é guardado pela massa até que o
credor com direito real de garantia se “habilite”. Se tarda, o síndico há de intimar o
credor com direito real de garantia para que o faça dentro de dez dias (Decreto-lei n.
7.661, art. 125, § 4.0).
O credor que somente compareceu depois de iniciados os trabalhos não pode discutir
os pontos sabre os quais o juiz proclamou encerrados os debates, mas pode votar a
respeito deles se ainda não se deu por finda a votação.
O síndico, se não comparece sem ser por motivo de forca maior (cf. Código de
Processo Civil, art. 38), tem de ser destituído (Decreto-lei n. 7.661, art. 66), e pode ser
destituído imediatamente, sendo nomeada outra pessoa que esteja ou possa estar
presente à reUnião. Caso venha a ser provada forca maior, a desconstituição do ato de
destituição e do ato de nomeação não tem, ai, eficácia ez tune.
A lei não exigiu a presença do órgão do Ministério Público. do 0k comparece, cabe-lhe
requerer o que se lhe afigure a bem [os interesses da justiça (Decreto-lei n. 7.661, art.
210).
Os credores com direito real de garantia que não haviam declarado os seus créditos e
foram convocados para a assembleia de credores, ou não comparecem, ou
comparecem. Se comparecem, têm de ser considerados declarantes para a participa-lo
na assembléia, sem que isso signifique qualquer prejuízo ara o seu direito, como
titulares de direito real de garantia.
Quanto aos titulares de direitos reais limitados que não do de garantia, Esses,
evidentemente, não são credores e não podem, portanto, tomar parte na assembléia.
Qualquer entendimento entre os credores e eles é punetação ou negócio jurídico parte,
que apenas pode ser mencionado no modo de realiza-lo do ativo, sem tal menção
influir na eficácia do que acordam credores e titulares de direitos reais que não são de
garantia.
Embora a lei não exija a presença do órgão do Ministério Público, teve ele pleno
conhecimento da convocação e do dia. lugar e hora designados, porque a lei fez
pressuposto essencial a eficácia da convocação de credores a publicação do edital,
a reunião não se pode dar antes do nono dia. Se a matéria das discussões e
deliberações não se esgotar dia para o qual foi convocada a reunião, o juiz marcará
continuação para outro dia, independentemente de nova comunicação por edital <arg.
ao Código de Processo Civil, art. 270, 8 parte).
Se o juiz não comparece, não se instala a assembléia. Isso ao quer dizer que, havendo
presentes credores a que correspondam dois terços dos créditos, não possam eles
deliberar, de conformidade com o art. 123 e o que a respeito dele diremos. escrivão, de
qualquer modo, lavrará a ata, que os presentes ao de assinar (arg. ao art. 265 do
Código de Processo Civil).
se tem de esperar o juiz quinze minutos após a hora arcada. Não comparecendo o juiz,
tem-se de convocar, novamente, a reunião dos credores em assembléia.
A reunião podem comparecer todos os credores da sociedade falida e os credores dos
sócios de responsabilidade solidária. Todavia, as deliberações têm de ser em relação
aos respectivos patrimônios. Diz o Decreto-lei n. 7.661, art. 122, § 4.0: “Nas
deliberações relativas ao patrimônio social, somente tomarão parte os credores
sociais; nas que se relacionam com o patrimônio individual de cada sócio,
concorrerão os respectivos credores particulares e os credores sociais”. Os credores da
sociedade são também credores dos patrimônio s dos sócios solidários. O cômputo dos
créditos, para a votação, é o dos valores de cada crédito, como se um só fosse o
patrimônio , a despeito da subsidiariedade da responsabilidade (Decreto-lei n.. 7.661,
arts. 50 e 128, III).
À assembléia de credores podem comparecer quaisquer credores apresentados
(credores quirografários, credores com privilégio geral, credores com privilégio
especial, credores com direito real de garantia). Quem se apresentou foi convocado.
CAPITULO VIII
Titulares de direitos reais que não sejam de garantia não são credores. Nem sobre os
bens gravados com direitos reais que não sejam de garantia tem poderes de
deliberação a assembléia.
Não se exige ao representante do credor que também seja credor. A representação na
falência contém representação para o requerimento de convocação da assembléia e
para a assembléia (cf. Decreto-lei n. 7.661, arts. 31 e 82, II). Uma só pessoa pode
representar dois ou mais credores, sem se poder investigar se representa interesses
contrários. Os arta. 1.325-1.32S do Código Civil são invocáveis. O falido pode
representar credor ou credores, quer para o requerimento de convocação da
assembléia quer para a assembléia.
O inventariante fala pela herança; o síndico da falência do credor opina pela massa
falida desse. Um e outro, para qualquer deliberação que importe remissão parcial, ou
em transação, precisam de atender à respectiva lei.
Os representantes de dois ou mais credores votam como se fossem os credores
representados que estivessem a votar: os votos são pelo que lhes corresponde em
importe das dívidas; no caso de empate, pelo número de credores representados.
O representante de A e de B pode votar a favor de urna oposição, como representante
de A, e contra essa proposta, como representante de B. O que importa, para ele, são as
instruções recebidas.
Se A tem três créditos e B dois, o representante de A só ex um voto com o peso da
soma dos créditos de A, e como representante de B, outro, com o peso da soma dos
votos de 8.
Nada obsta a que A, credor, seja também orgao de 8 representante de C. Em todo
caso, o contrato social ou os estatutos da pessoa jurídica D, de que A é órgão ou
represente, pode proibir que A exerça a função de órgão de 1) e de E, representante de
D e de E, ou de órgão de representante dele.
Na solidariedade ativa, só há um voto, pois o crédito é só. O credor que se apresentou
é que pode comparecer e votar. Se todos os credores solidários se apresentaram e há
discordância entre eles, a solução é o síndico requerer que sejam enviados para
outorga de poderes a um só representante que vote ir todos. Se isso não se fez , ou
ainda não chegou a ter resultado, o credor solidário que primeiro> assina a lista de
presentes Que pode discutir e votar.
Os créditos subordinados a condição resolutiva ou a canção suspensiva são tratados
com os outros créditos (Decreto lei n. 7.661, art. 25, § ~2.o>. A propósito dos créditos
a termo, comparecem desse facilmente ; quanto aos créditos sob condição solutiva,
igualmente. No tocante aos créditos sob condição suspensiva, não é de se entender, a
priori, que tenham o mesmo ato, porém o Decreto-lei n. 7.661, art. 25, § 2.0, tem essa
conseqüências
O direito de voto, mesmo se o voto é dependente do monte do crédito, ou dos créditos,
como se dá nas assembléias credores, não é suscetível de alienação em separado do
crê-te ou dos créditos. A própria procuração, ainda se com a cláula de irrevogável, é
revogável. Não há procuração em causa 6pria para votar em deliberações de
assembléia de credores, isto que possa votar o procurador em causa própria para
alienação do crédito ou dos créditos.
como credor, pois que é esse o meio de se desempatar: contarem-se os credores que
votaram a favor e os que votaram contra. Diz o Decreto-lei n. 7.661, art. 122, § 3.0:
“As deliberações seria tomadas por maioria calculada sobre a importância dos créditos
dos credores presentes. No caso de empate, prevalecerá ; decisão do grupo que reunir
maior número de credores”.-
O juiz tem de examinar cada uma das proposições (enunciados) que se tenham de
submeter à deliberação da assembléia. O exame há de ser prévio; porém o fato de o
juiz não se ter pronunciado sobre a possibilidade das proposições, ou de alguma ou
algumas das proposições, não o inibe, na ocasião, de se iniciar a votação, ou depois, de
decidir que é ilegal.
O Decreto-lei n. 7.661, art. 122, exige que o “modo de realização do ativo”, que se
adote, não seja contrário a ele. A referência do Decreto-lei n. 7.661 às suas próprias
regras jurídicas deve interpretar-se como se no art. 122 estivesse escrito: “... o modo
de realização do ativo, que tem de ser compatível com os direitos dos credores e suas
classificações e com a finalidade da execução forçada celetiva”.
132. Deliberações dos credores com dois terços dos créditos apresentados
DECRETO LEI n.7 661. O que se há de entender que são legitimados quaisquer
credores declarantes, mesmo se pende recurso que foi interposto de decisão que os não
admitiu ao concurso de credores falencial.
Os créditos dos credores com direito real de garantia que não se apresentaram são
computados para se saber qual o importe total dos créditos e a determinação dos dois
CAPITULO VIII
terços. Têm de ser notificados, para que se manifestem, de acordo com a lei
processual civil, e hão de respeitar-se os arta. 821 e 822 do Código Civil.
Se os credores que querem alguma medida, fora daquelas de que cogita o art. 122 do
Decreto-lei n. 7.661, não têm, ainda, a maioria dos dois terços dos créditos, o caminho
que lhes resta é o da convocação. Podem eles, mesmo que já a tenham, preferir que
todos tomem parte em discussão e votação. Então, a convocação é com a exigência de
um quarto dos créditos (arg. ao art. 122 do Decreto-lei n. 7.661), requerida ao juiz,
pondo-se nos anúncios qual a finalidade da reUnião. A instalação da assembléia
somente se pode dar se a lista de presença acusa terem comparecido credores a que
toquem dois terços dos créditos. À votação, esse também é o mínimo de credores que
hão de estar presentes. Se a proposição, que se submeteu a votos, não obtém esse
número favorável, nada feito.
O que se disse a respeito do art. 122, fi 49, do Decreto-lei n. 7.661, tem invocabilidade
quanto às deliberações de que cogita o art. 123, tenha havido, ou não, convocação.
Não se distinguem credores quirografários, credores com privilégio especial (e. g.,
credores com direito de retenção), credores com privilégio geral e credores com direito
real de garantia. J. X. CARVALHO DE MENDONÇA (Tratado de Direito
Comercial, VIII, 237 s.) distinguia os credores quirografários e os credores
privilegiados ou com direito real de garantia; mas sem razão (certo, TRAJANO DE
MIRANDA VALVERDE, Comentários a Lei de Falências, II?, 160). Se há
desvantagem para os credores privilegiados e para os credores com direito real de
garantia, é assunto que o juiz tem de apreciar, ao se pronunciar sobre a deliberação,
tanto mais quanto o ativo não pode ser alienado por menos da avaliação (Decreto-lei n.
7.601, e os credores com direito real de garantia credores privilegiados têm de ser
satisfeitos em primeiro lugar e de acordo com a generalidade ou a especialidade do
privilégio, ou com a gravação em garantia.
possível as dividas, uma vez que, encerrada a falência, ele fica a dever o que não foi
pago.
Se a alienação é do estabelecimento comercial, ou industrial, ou do fundo de empresa,
tem de ser observado o § 1.~ do art. 116, ou o art. 116, § 2.0, do Decreto-lei n. 7.661, a
respeito do contrato de locação do imóvel.
Na transferência de todo o ativo, pode-se deliberar quanto ao modo e forma do
pagamento do preço, porém de maneira que não se prejudique o credor com direito
real de garsotia, ou antes de todos o credor de renda constituída sobre imóvel. Diz o
art. 123, § 1.~, 2.~ parte: “Podem ditos credores” os credores a que correspondem,
pelo menos, dois terços do capital “autorizar o síndico a ceder o ativo a terceiro”. A
transferência não é feita pelos credores deliberantes; há de ser pelo síndico, a que toca
toda a responsabilidade no respeito dos direitos reais de garantia, do direito real de
renda sobre imóvel e dos encargos e dívidas da massa e dos privilégios.
Se o começo não foi pago à vista, o adquirente ou os credores entram para a massa
com a importância que baste para satisfação dos encargos e dívidas da massa (Decreto-
lei n. 7.661, arta. 124 e §§ 19, 29 e 39) e para as custas e despesas da arrecadação,
administração, venda, depósito ou comissão do síndico, relativas ao bem gravado de
direito real de garantia, ou de direito real de renda sobre imóvel (Código Civil, arta.
751, 752 e 1.428) mais, no tocante a esse, o capital suficiente para que, à taxa legal,
haja a renda que fora estabelecida no acordo de constituição do direito real de renda
sobre imóvel.
O direito real do garantia e o de renda sobre imóvel continuam a gravar o bem
enquanto não se dá a satisfação completa.
Antes da satisfação de tais créditos, nenhum poder tem o síndico para a transferência
do ativo, sob pena de responsabilidade (Decreto-lei n. 7.661, art. 68).
A solução mais conveniente é a do depósito prévio de quanto tenha de ser satisfeito
desde logo.
transmissão de que se trata. Nos cinco dias após o da publicação, os credores que não
assinaram o instrumento podem impugnar a deliberação da maioria (Decreto-lei n.
7.661, art. 123, § 3.0)
A impugnação da deliberação da maioria pode fundar-se em que não se perfez a
maioria, uma vez que algum dos participantes da assembléia, ou algum dos figurantes
do negócio jurídico não tenha qualidade de credor declarante, ou de credor que a
credor declarante se equipare, ou que não lhe corresponda o importe do crédito, ou dos
créditos que se lhe atribuem. Pode também se referir ao que foi deliberado, por ofensa
à lei falencial ou a direitos de credores.
A convocação da assembléia tem de ser pelos credores que representem mais de um
quarto dos créditos. O art. 123 do Decreto-lei n. 7.661 não no diz, mas é de interpretar-
se o art. 123, § 39, com sua referência explícita ao art. 122. Para a deliberação é que se
precisa de dois terços. No cálculo dos dois terços atende-se ao que se estatui no art.
122, § 49, se há credores da sociedade e credores dos sócios solidários.
Não podem os credores deliberar que o negócio do falido continue. Tal continuação,
sem sucessão, só na primeira fase do processo falencial pode ser pedida e deferida pelo
juiz. Cessa, se o falido não pede concordata (Decreto-lei n. 7.661, art. 178), ou se,
pedida, lhe tiver sido negada na primeira ou na superior instância. Se concedida, tem o
falido trinta dias para efetuar os pagamentos a que se refere o art. 183, pari. grafo
único. As obrigações oriundas da continuação do negócio do falido são dividas da
massa que se têm de pagar, preferencialmente, após os encargos da massa (art. 124, §
29, II), se resultam de atos jurídicos válidos praticados pelo síndico..
Na deliberação de se constituir sociedade que continue com o negócio do falido, há
primeiro passo para a transparência do fundo da empresa (Tomos XV, §§ 1.799-
1.812, 1.822, 1.423 e 1.824). Há sucessão. Uma vez que há sucessão, os direitos dos
credores com direito real de garantia, como os de que cogitam os arts. 821 e 822 do
Código Civil, têm de ser respeitados
tem de ser feito, por edital, o aviso, para que fiquem cientes do que se deliberou os
credores que não assinaram o instrumento público ou particular. No prazo de cinco
dias, podem Eles impugnar a deliberação. Findos os cinco dias, os autos são conclusos
ao juiz para a homologaçÃo. Diz o art. 123, § 39: “A deliberação dos credores pode
ser tomada em assembléia, que se realizará com observância das disposições do artigo
anterior, exceto a do § 39; pode ainda ser reduzida a instrumento, público ou
particular, caso em que será publicado aviso para ciência dos credores que não
assinaram o instrumento, os quais, no prazo de cinco dias, podem impugnar a
deliberação da maioria”. E o § 49: “A deliberação doe credores depende de
homologação do juiz e da decisão cabe agravo de instrumento, aplicando-se ao caso o
disposto no parágrafo único do art. 17”.
A propósito da transferência do fundo de empresa a terceiro, cabe repetir-se o que
acima dissemos sobre os direitos dos credores com direito real de garantia, mesmo se
não haviam declarado os seus créditos. Cumpre ter-se em vista o fato de que, por se
tratar de transferência do total do patrimônio falencial, incide o art. 822 do Código
Civil, como o art. 821.
CAPITULO III
ENCARGOS DA MASSA
CAPITULO VIII
repetidas vezes. Por que não se há de pagar (pergunta-se) o que custou a moléstia do
falido se ele não morreu? O fácil sorriso de juristas de sistemas jurídicos
evidentemente inferiores ao nosso zuniu o art. 1.569, IV, do Código Civil e o art. 124,
§ lA IV, do Decreto-lei n. 7.661. A ratio legia está em que, se o falido se salva, poderá
pagar o que custou a doença de que se salvou. Não se afastaram as pretensões dos
médicos e hospitais, e pôs-se a alternativa: salvo o falido, têm-nas eles contra o falido,
que poderá, até, entrar em concordata suspensiva, ou vir a ter alta situação econômica;
morto, o sistema jurídico entende que os que cuidaram do doente e tinham pretensões
contra Ele, que faleceu em estado de indigência, não devem ficar sem solução e sem a
tutela jurídica. e dai a regra jurídica do art. 124, § l.õ, 1V. Certo jurista estrangeiro
chegou a querer o autor do casamento de Figaro para comediar a regra jurídica
brasileira, e sem razão, como vimos. Mas, em verdade, o autor do casamento de
Figaro gastaria toda a vida para comediar os erros crassos, crassíssimos, do sistema
jurídico do referido jurista.
Quanto às despesas de funerais, havia a discussão, durante séculos, se teriam de ser da
primeira ou da segunda classe dos credores, o que hoje não nos interessa, diante do
art. 124, § 1.0, IV.
O art. 124 e o § 1.~, IV, não incidem se há alguém obrigada a prestar os funerais
(Código Civil, arte. 1.342, 1.537, 1, e 1.722, cf. art. 1.581, § 2.0).
As despesas com a moléstia do falido só se podem exigir à massa se o falido morreu
indigente e não havia qualquer pessoa obrigada a alimentos (e. g, Código Civil, arts.
396-405,
248, IX, 1.015, II, 1.587, II), inclusive se negocialmente.
São despesas com a moléstia os serviços de médico, cirurgião, radiografias e exames
técnicos, enfermeiro, hospital e as despesas de tratamento ou de correção, ainda
quando se tornaram, com a morte, inúteis.
V.Os impostos e contribuições publicas a cargo da massa e exigi veia durante a
falência. (a) Os impostos, as taxas e as outras contribuições devidas à Fazenda Pública
antes da decretação da falência são à frente de quaisquer créditos (note-se passa
como se o falido tivesse pago todos esses débitos o seu passivo fosse o que é, menos
essas quantias em verdade Linda devidas. No Decreto-lei n. 960, de 17 de dezembro
de 1938, irt. 60, diz-se: “A Fazenda, na cobrança da sua divida ativa, não está sujeita a
concurso de credores, nem a habilitação de crédito em falência, concordata, ou
inventário”. No art. 60, parágrafo único: “A divida da União prefere (7) qualquer outra
m todo o território nacional, e a dos Estados prefere a dos Municípios. Somente entre a
União, Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderá versar o concurso de
preferência .
O ad. 60 do Decreto-lei n. 960 não diz que, havendo executivo fiscal, não se possa
abrir concurso de credores, falencial ou não; apenas há de ser entendido como se
estivesse escrito: “A Fazenda Pública pode executar as dívidas de que ala o art. 1.0 e
parágrafo único do Decreto-lei n. 960 ainda que esteja aberto concurso de credores, ou
inventário”. Não á a exigência de habilitação concursal (Supremo Tribunal Federal, 31
de agosto de 1942, J., 12, 248, e 2 de julho de 1946), u em ação de inventário e
partilha. Isso não quer dizer que Fazenda Pública não possa preferir apresentar o
crédito ao concurso de credores, ou ao inventário.
A pendência do executivo fiscal não impede que se abra concurso de credores, nem o
inventário, O próprio Decreto[ei n. 960, art. 45, 1, f), prevê julgamento de concurso de
redores.
Se o juízo concursal ou o do inventário não atende ao que reclama a Fazenda Pública,
em se tratando de dívida referida o art. 1.0 e parágrafo único do Decreto-lei n. 960,
pode a Fazenda Pública prosseguir no executivo fiscal, ou intentá-lo contra a massa
concursal <Supremo Tribunal Federal, 11 de julho e 1926, A. .1., V, 303; 2 de abril de
1932, J., V, 12; t~ Câmara Civil do Tribunal de Apelação ,de São Paulo, 21 de
novembro de 1939, A. 1., 53, 295), ou heredit4ria. Aliter, se não se rata de executivo
fiscal (Supremo Tribunal Federal, 27 de abril de 1923, R. do S. T. F., 54, 437, e 6 de
CAPITULO VIII
pelo falido, conforme desconto salários pagos, não são devidas, nem pelo falido nem
pelos (18p051 tino. Tais contribuiç6es já pertencem ao instituto ou caixa de
aposentadorias e pensões , que pode pedir a restituição (Decreto-lei n. 7.661, arta. 76-
78). As contribuições dos empregadores e as dos empregados que ainda não receberam
os salários, essas, sim, são devidas, e o instituto ou caixa de aposentadoria e pensões
tem de pedir o pagamento.
Em suma: a relação jurídica, quanto às contribuições dos empregadores e às
contribuições dos empregados não pagas, é relação jurídica pessoal (dita
obrigacional) ; a relação jurídica em que é sujeito ativo o instituto ou a caixa de
aposentadorias e pensões , no tocante às contribuições dos empregados já pagas, é
relação jurídica real.
(b)Após a decretação da falência, os impostos e outros tributos que incidirem são
encargos da massa concursal, regidos pelo art. 124, § 1.~, IV, do Decreto-lei n. 7.661.
Os créditos por impostos e outros tributos devidos antes da abertura da falência não
sofrem a dedução de despesas para a apuração do saldo líquido, ou para arrecadação,
conservação, guarda e venda dos bens. Os créditos por impostos ou outros tributos
devidos no de curso da falência, esses, sim, sofrem’ a dedução dos créditos
mencionados no art. 124, § 1.0, 1, II, III (exceto quanto à distribuição do produto e
comissão do síndico, porque essa é pelas serviços totais) e IV. VI.As indenizações por
acidente do trabalho que, no raso de continuação de negócio do falido, se tenha
verificado nesse período, isto é, no período da falência. Os créditos por acidentes do
trabalho ocorridos antes da decretação de abertura da falência são tratados como os
créditos fiscais da Fazenda Pública, nascidos antes da decretação da falência (Decreto.
-lei n. 7.661, art. 102, § 1.0). Os créditos por acidentes do trabalho ocorridos após a
decretação da falência têm-se no mesmo plano dos créditos fiscais irradiados após a
decretacao da falência (art. 124, § lA’, V). O Decreta-lei n. 7.086, de 10 de novembro
de 1944, no art. 8.0, diz que se considera empregada toda pessoa física que presta
serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência desse e mediante
salário; e no mml. 8.0, parágrafo único, explicitou que se não distinguem importância
(“consideração ”).
Se a indenização que a massa falida tem de pagar não entra na espécie de que trata a
lei de acidentes do trabalho, rege-se pelo direito civil e entra no concurso de credores,
sem invocabilidade do art. 102, § 3.~, XI, ou do art. 124, § 1.0. VI, do Decreto-lei n.
7.661.
DIVIDAS DA MASSA
1.ESPÉCIES DE DIVIDAS DA MASSA. O art. 124, § 29, diz quais são as dividas da
massa:
1.As custas pagas pelo credor que requereu a falência. A execução falencial é
subjetivamente universal, de moda que as despesas têm de ser suportadas por todos os
credores, desde que não se trate de encargos da massa (art. 124, § 1.0). Escusado é
advertir-se que o titular da pretensão à restituições do que poderia ser reivindicado ou
vindicado, não se inclui entre credores concursais, nem está sujeito aos próprios
encargos da, massa: o que se pede não faz parte da massa.
No art. 124, § 2.0. 1, do Decreto-lei n. 7.661 fala-se de “custas pagas pelo credor que
requereu a falência”; no art. 124, § 1.0, 1, de “custas judiciais do processo da falência,
dos seus incidentes e das ações em que a massa for vencida”. As custas pagas pelo
credor que pediu a decretação da abertura da falência são custas do processo falencial,
até que se decrete a abertura da falência.
Nas custas de que fala o art. 124, § 2.0, 1, inserem-se as do advogado do credor que
CAPITULO VIII
pediu a decretação da falência; pois o art. 208, § 2.0, sofre a exceçao que se contém no
art. 124, § 2Y, 1. Custas de advogados dos credores, no art. 208, § 2.0, são as custas
para a admissão ao concurso de credores, ou para a disputa e a distribuição, com os
seus incidentes e recursos, e não as custas para se admitir o concurso de credores. esse
princípio tanto é de direito falencial (cf. Decreto-lei n. 7.661, art. 23, parágrafo único,
XI) como de direito civil. As custas e despe.. asa judiciais em litígio dos credores com
a massa são cobráveis, pois que as prevê o art. 124, § 1.0, 1 (verbis “em que a mas-as
for vencida”).
Dissemos que as custas de que cogita o art. 124, § 2.õ, 1, são as que o credor fez para
obter a decretação da abertura da falência. Portanto, as custas de primeira instância e
as custas de superior instância, inclusive as que se fizeram por ocasião de processo e
julgamento de recurso extraordinário. Há, porém, o problema das despesas com a ação
rescisória da sentença que denegou a abertura da falência. Se o credor vence,. as custas
têm de ser pagas pela massa falencial, porém como divida da massa. Também se
carrega como divida da massa o que o credor pagara como custas no processo em que
se proferiu a sentença rescindida.
II.As obrigações restantes de atos jurídico,admitidos praticados pelo sindico. As
dividas oriundas de negócios jurídicos eficazes praticados pelo síndico são dividas da
massa. Se nulos, são ineficazes e, pois, deles não se irradiam dividas. Se anuláveis,
tratam-se como dívidas da massa as que deles se irradiaram enquanto não transita em
julgado a decisão desconstitutiva.
Se o síndico, em negócios jurídicos, ilegalmente manifesta vontade pela massa, regem,
analogicamente, os arts. 1.305-1.307 do Código Civil e os arts. 150 e 163 do Código
Comercial.
(Os arts. 1.305-1.307 do Código Civil referem-se ao mandatário que não exibe ao
terceiro, com quem trata, o instrumento do mandato, e ao terceiro que figura em
negócio jurídico em que o mandatário excede os poderes que tem. O síndico não
representa o falido. O síndico é órgão da execução celetiva. Mas os arts. 1.305-1.307
correspondem a princípio geral concernente a negócios jurídicos por parte de quem
neles figura com poderes outorgados, ainda quando a lei os atribui. Diga-se o mesmo
a propósito dos arts. 150 e 168 do Código Comercial.)
No art: 43 do Decreto-lei n. 7.661 diz-se que os contratos bilaterais não se resolvem
pela falência e podem ser executados pelo síndico, se esse achar conveniente para a
massa (cp. ad. 201). O contraente pode interpelar o síndico para que declare se
cumpre, ou não, o contrato. Se declara não cumprir, ou se isso resulta de sua
manifestação de vontade pelo silêncio, há as perdas e danos, que se computam como
crédito quirografário (Decreto-lei n. 7.661, art. 43, parágrafo único). Se o síndico,
espontaneamente, ou interpelado, afasta o não-adimplemento, abstém-se de resolver o
contrato; então, a espécie se subsume no art. 124, § 2Y, II.
Há duas espécies que merecem a maior atenção. a) Se o segurado faliu, estando em
atraso nos prêmios, pode a massa solver as dívidas (Código Civil, ad. 1.451). Se não as
solve e sobrevém o sinistro, está exonerado de responsabilidade o segurador. Como o
adimplemento das dividas atrasadas do segurado, de modo nenhum se há de considerar
de dívida da massa, no sentido do ad. 124, § 2.~, II, o dos prêmios vencidos após
aquele adimplemento. b) Se o segurador faliu, antes de se dar o risco, rege o art. 1.465
do Código Civil.
Em conseqüência, dívidas de prêmios de seguros não são dívidas da massa. A falta de
pagamento acarreta prejuízo para a massa falencial, porque no tempo em que se
deixou de pagar pode ocorrer o sinistro. Não há razão para se distinguirem das outras
dividas.
O falido pode requerer a continuação do seu negócio, ouvindo o síndico e o órgão do
Ministério Público sobre a conveniência do pedido; se o juiz defere, nomeia gerente,
proposto pelo síndico, O gerente fica sob a imediata fiscalização do síndico (Decreto-
lei n. 7.661, art. 74 e §§ 1.0..7.o). As dividas que se irradiarem dos negócios jurídicos
em continuação da empresa são dividas da massa, no sentido do art. 124, § 2.0, II.
CAPITULO VIII
A massa falencial tem, mesmo contra a Fazenda Pública, meios e fundamentos que
teria em se tratando de qualquer ro credor com garantia de direito real.
A inexistência, a nulidade, a anulabilidade e a ineficácia hipoteca legal são alegáveis;
podem, inclusive, ser propostas contra os titulares do direito de hipoteca legal as ações
dos ;. 52, 53 e 99 do Decreto-lei n. 7.661.
Em todas essas questões muito importa que se considerem, só separadamente, mas sim
também distintamente, o direito pessoal, que se garante, e o direito real, com que se
garante. momento em que se garante com direito real algum crédito imo se fosse
assumido, naquele instante. Isso não quer dizer o crédito garantido fique, por isso,
incólume a ataques que em concernentes à existência, à validade e à eficácia. rt. 23,
parágrafo único, III, do Decreto-lei n. 7.661, certamente se refere à. eficácia (= o
crédito existe e é eficaz, exceto a ser reclamado no concurso de credores falencial),
porém contribuição da hipoteca legal tem a eficácia que lhe falta, uma que opera como
se o falido houvesse satisfeito o credor.
b) Quanto às hipotecas legais do art. 827, 1-VI e VIII, Código Civil, o que se discute é
se a inscrição da hipoteca desloca a posição do crédito, que, sem ela, não estaria
situação prevista no art. 125 do Decreto-lei n. 7.661. Tem-se responder
afirmativamente.
A inscrição da hipoteca legal é geradora de direito real garantia, como qualquer outra.
Não cola privilégio ao crê; apenas tem o efeito que lhe é peculiar: o de garantia real.
as, as garantias reais são tão distintas dos privilégios, que ~édito pode não ter
privilégio e a garantia real o põe à frente todos os outros créditos concorrentes, ou ter
privilégio esperou geral, que Me, com o plus da garantia, não perde, embora ha de ser
aplicado o art. 125 do Decreto-lei n. 7.661. importa o que se tem escrito, sem
conhecimento do assunto, em tantos livros. Se houve obtenção de algo, com que se
aumentou o patrimônio do falido, se foi a expensas de outrem a obtenção e se houve a
imediatamentalidade entre a obtenção e a retirada, caracterizado está o enriquecimento
injustificado, e para se aplicar o art. 124, § 2.0, III, não importa o que se deu entre as
duas ou mais pessoas enriquecidas e prejudicadas, uma vez que não haja justificação.
CAPITULO V
O art. 125, § 4?, supõe: a.) que o credor com direito real garantia não se haja habilitado
rio prazo marcado na decisão que decretou a abertura da falência (Decreto~lei n.
1.661, art. 80); b) que se haja intimação junto ao credor titular do direito real de
garantia; o) que o prazo do decêndio haja transcorrido.
Entre os dois momentos a) e b) necessariamente se tomaram as providências para a
alienação do bem gravado. Como é sabido, tal alienação está sujeita a procedimentos
excencias, o que não pode dispensar ciência do titular do direito real de garantia. Em
verdade, há momento intercalar, em que outros pressupostoS têm de ser satisfeitos.
Se o credor não atende à chamada intimação procede-se ao rateio final, sem que no
intervalo possa ele reclamar o seu direito real que se atingiu. O créditos Case, persiste,
e o credor pode, retardatário que é (Decreto-lei n. 7.661, art. 98). declarar o seu
crédito, como quirografário. A intimação contêm, conforme já dissemos, condenação ,
de onde poder resultar preclusão da pretensão a ser pago pelo ativo falencial. A
possibilidade de proposição da ação de credor retardatário é exclucao por teu’ dizer
momento Todavia, deixando de declarar o crédito no prflo que se lhe dá, pode o credor
com direito real de garantia propor a ação de credor retardatário (Decreto-lei x~.
7.661, ad. 98) e pedir a reserva de quota, como credor quirografário a fim de concorrer
ao rateio final. Tudo se há dê fazer a. tempo de se obstar ao rateio final sem a reserva.
O ad. 125, § 4.Õ~ do Decreto..leI ~ 7.661 contém, claramente, regra jurídic8 de
preclusão do direito real de garantia:
a intimação para a habilitado dentro do decêndio é com a cominação implícita de não
mais se respeitar o direito real de garantia se o intimado não atende à intimação.O
credito não preclui. Nem preclui qualquer privilégio que o crédito acaso tenha.
É preciso que se não confunda essa intimação, que, verdadeiramente, é comitante com
a notificação que se há de fazer para que se vendam os bens gravados de direito real e
exerçam os credores-OS direitos a que se referem os arta. 821 e 822 do Código Civil
(cf. Decreto-lei ~x. 7.661, ad. 119).
-
e
Se o credor que obteve a reserva é acusado de protelação do processo, ou de criar
embaraço ao procedimento, é revogável a decisão.
A lei não fez de ofício a revogação. Ao síndico é que cabe requerê-la. Em todo caso,
qualquer credor também pode fazê-lo, Invocando o ad. 30, II, 2.~ parte, do Decreto-lei
n. 7.661.
Execatividade
*A reserva de, bens conforme o art. 497 do Código de Processo Civil é mandamental;
a carga é ligeiramente diferente:
DeclamtividedeConeriru ti uldadeCondenarari e ad.**Mandaram.tatUada* ** * *
Execuris.’idade
Tal é a carga da reserva de bens segundo o ad. 180 do Decreto-lei n.7.661. A ação
também é mandamental.
A decisão, que desconstitui, é de eficácia ex tunc, por ser revocatória.
Feitas essas considerações, que mais se prendem à classificação da decisão de
revogação da reserva, volvamos aos pressupostos para que possa o juiz tomar a
decisão de desconstituir a decisão que proferira.
CAPITULO VI
TERMINAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO
Decreto-lei n. 7.661, art. 86; sem razão, a 2.8 Câmara Civil do Tribunal de Apelação
de São Paulo, a 4 de maio de 1943, R. dos T., 143, 89).
CAPITULO VII
1 3.447. Prescrição
Em todo caso, pode dar-se que algum crédito que nasceu após a abertura da falência,
como qualquer dos créditos do art. 124, £ l.~, ou do art. 124, § 2.0, 1 e II, ou mesmo
III, não lenha sido pago, e o prazo prescripcional começa do trânsito julgado da
sentença de encerramento da falência.
com a do representante do Ministério Público, tendo, cada um, cinco dias para falar,
proferir em igual prazo. a sentença’ <ad. 137, § 2?).
Quem quer que tenha instruído em que se não declare a extinção de todas as
obrigações e, pois, de algumas ou de alguma delas, pode contestar a ação .por isso, e
legitimação do passivo o próprio credor que não foi admitido na falência, ou a pessoa
que não é credor. O interessado é elemento pré-processual (Código de Processo Civil,
ad. 2.0).
L Durante o procedimento, antes de se proferir a sentença, ode o falido satisfazer
alguma das exigências para se declarar extinção das obrigações? Sim, dentro do prazo
para a audiência do falido. Por exemplo: ao ter de responder à contestação, ex que se
lhe argüiu não ter o falido completado a percentagem o art. 185, II, quanto a um dos
credores, pode o falido obter quitação, ou fazer o depósito do que faltava; se, antes de
ser proferida a sentença, o prazo do art. 135, III, ou o do art. 135,
se completa, tem o juiz de declarar a extinção das obrigações, se foi o fundamento ou
uni dos fundamentos do pedido inicial; completando-se na pendência do prazo para o
falido as responder às argüições feitas pelos interessados o prazo do rt. 135, III, ou o
do ad. 135, 1V, e havendo provas nos autos, ode o juiz declarar a extinção, se então lho
pede o falido.qualquer alegação contrária pode ser feita no agravo de petição.
CONCLUSÕES