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Colin Standish: A Divindade (Trindade)

Muitos adventistas do sétimo dia devotos opõem-se corretamente à doutrina católico-


romana da Trindade. Entretanto, em seu zelo por demonstrar seu aborrecimento à doutrina
papal, eles têm assumido a visão não-escriturística de que Cristo foi uma emanação [ou
derivação] do Pai em algum tempo passado, nas eras da eternidade, e que o Espírito
Santo é uma força, e não uma pessoa.
Cremos que, a fim de evitar má compreensão, o termo Bíblico “Divindade”, ao invés do
termo não-bíblico “Trindade”, deva ser usado para expressar a relação entre o Pai, o Filho
e o Espírito Santo.
“E, tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina
é essa de que falas?” Atos 17:19
“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder
como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas,
para que eles fiquem inescusáveis.” Romanos 1:20
“Pois Nele habita toda a plenitude da Divindade corporeamente.” Colossenses 2:9
O Termo “Trindade” não é encontrado em lugar algum nas Escrituras, nem no Espírito de
Profecia. O texto a seguir são contos históricos acerca da disputa sobre o assunto da
Divindade no quarto século. (Arianismo é a visão de que Cristo não é Deus, mas é o mais
alto ser criado).
“A unidade da qual se orgulhava o Romanismo foi gloriosamente mostrada pelos
diversificados concílios e confissões do quarto século. O Papa, naquela ocasião, como
também em outras, eclipsou o Protestantismo, criando credos. Quarenta e cinco concílios,
diz Jorotin, ocorreram no quarto século. Desses, treze foram contra o Arianismo, quinze
foram por essa heresia, e dezessete foram por Semi-Arianismo. As estradas eram
esbarrotadas de Bispos aglomerando-se para os sínodos, e as despesas de viagem, as
quais eram custeadas pelo imperador, exauriam os fundos públicos. Essas exibições se
tornavam o escárnio dos pagãos, os quais se divertiam ao contemplar os homens que,
desde a infância, tinham sido educados no Cristianismo, e designados a instruírem outros
naquela religião, apressando-se daquela maneira, indo a lugares distantes e a convenções
com o objetivo de verificarem sua fé.” Edgar, As Mudanças de Papa, pg. 309, citado por
Benjamim G. Wilkinson em Verdade Triunfante, pg. 91.

A pergunta geral das décadas que sucederam o Concílio de Niceia era como estabelecer
as relações das três pessoas da Divindade: o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. O Concílio
decidira, e o papado apropriara-se da decisão como sendo sua. As personalidades da
Trindade não eram confundidas, e a substância não era dividida. O clero de Roma alegava
que o cristianismo tinha encontrado na palavra grega homoousios (em português,
“consubstancialmente”) um termo apropriado para expressar essa relação.
Então, o partido papal passou a chamar de arianos todos aqueles que não aceitavam esse
ensinamento, enquanto tomaram para si o título de trinitarianos. Uma errônea acusação
começou a circular, de que todos os que eram chamados de arianos acreditavam que
Cristo era um ser criado. Isso gerou indignação naqueles que não eram culpados dessa
acusação.
Patrick [da Irlanda] foi um espectador de muitas dessas assembleias conflitantes. Será
interessante, a fim de compreendermos corretamente a situação dele, examinar por um
momento essa palavra, esse termo, que dividiu tanto uma igreja e levou muitos sinceros
cristãos a serem queimados na estaca. Em inglês a palavra é “consubstancial”, dando a
entender que mais de uma pessoa herda a mesma substância sem divisão ou separação.
O termo original grego é homoousios, de homos, que quer dizer “idêntico”; e ousia, a
palavra para “ser”.
Entretanto, surgiu um grande problema, já que existem dois termos gregos de fama
histórica. O primeiro, homos, que significa “idêntico”, e o segundo, homoios, que quer dizer
“similar” ou “semelhante a”, tinham ambos uma história tempestuosa. A ortografia dessas
palavras é muito semelhante. A diferença no significado, quando aplicado à Divindade, é
totalmente confusa aos crentes sinceros. Todavia, aqueles que pensassem em termos
de homoiousia, ou “semelhante”, em vez de homoousia, ou “idêntico”, eram prontamente
rotulados pelo clero como heréticos e arianos. Entretanto, quando o imperador
Constantino, em assembleia geral do Concílio de Niceia, perguntou a Hosius, o bispo
presidente, qual a diferença entre os dois termos, Hosius replicou que eles eram
semelhantes. Com isso, todos, menos uns poucos bispos, caíram em gargalhadas e
brincaram com o bispo presidente, acusando-o de heresia.
Enquanto livros e mais livros foram escritos nos séculos passados sobre este problema,
seria deslocado discuti-lo aqui. Contudo, ele teve tamanho efeito sobre outras doutrinas
relativas ao plano da salvação e sobre visíveis atos de adoração, que foi criado um abismo
entre o papado e as instituições da igreja que Patrick fundou na Irlanda.
“Embora Patrick fosse tudo, menos um ariano, ele deixou de concordar com a ideia de
‘mesma substância’ encontrada na palavra ‘consubstancial’ ou homoousia. Em geral,
quando surge uma violenta controvérsia, existem três partidos. Nessa situação, havia os
dois extremos ‒ o papado e os arianos ‒, e o terceiro partido foi o do meio, crentes cujo
ponto de vista era o mesmo de Patrick. Segundo o Dr. J. H. Todd, a respeito da
palavra homoousia ‒ a palavra-teste da hierarquia papal ‒, ao comentar as crenças de
Patrick, disse: ‘Essa confissão de fé certamente não é homoousiana’. Outro fato que
verifica essa oposição das igrejas britânicas às extremas especulações do Concílio de
Niceia, com respeito à Trindade, é a história do Concílio de Rimini, em 359, ocorrido
aproximadamente no período do nascimento de Patrick. Esse parece ter sido o último
concílio da igreja frequentado por delegados celtas da igreja britânica antes da retirada das
legiões de Roma em 410, e foi seguido pela inundação da Inglaterra pelos pagãos anglo-
saxões. Esse Concílio de Rimini lançou decretos denunciando e rejeitando as conclusões
do Concílio de Niceia referentes à Trindade. O papa de Roma tinha recentemente
assinado decretos similares no Concílio de Sirmium. Ninguém vai acusar os evangélicos
por recuarem da visão papal da Trindade, quando a história mostra que a visão deles era
forte o bastante para fazer com que dois papas assinassem decretos contrários à política
do papado referente a Niceia.” Benjamim Wilkinson, Verdade Triunfante, pg. 91
Os adventistas do sétimo dia rejeitam o conceito da Divindade homoousiana. A Igreja
Católica decidiu que a Divindade era uma substância e uma personalidade indivisível. Isso
não é adventismo do sétimo dia e nem é, mais importante ainda, bíblico. Nem o Pai, nem o
Espírito Santo foram parte de Cristo em Sua humanidade. Nem O foram antes da
encarnação.
Além disso, rejeitamos também a visão católica da Divindade por outras razões:
1. A Igreja Católica Romana pinta um retrato do Pai como sendo tão agressivo e punitivo,
que temos que pedir as súplicas de uma dócil mulher, Maria, para desviar de nós Sua ira.
Mas as Escrituras ensinam que “Deus é Amor” (1 João 4:8).
2. A Igreja Católica desfaz Cristo como nosso Mediador (1 Timóteo 2:5), substituindo-O por
Maria, os santos e os sacerdotes para executarem a função. Ela também alega que os
padres podem criar Cristo.
3. A Igreja Católica Romana destrói a função do Espírito Santo como nosso guia em toda a
verdade (João 16:13). O “infalível” papa guia os fiéis em toda a “verdade”.
Assim, rejeitamos completamente o conceito católico romano da Divindade e preferimos
não usar o seu termo “Trindade”. Mas essa rejeição não nos convida a denegrir a Pessoa
do Espírito Santo, ou a completa Divindade de nosso Salvador. As claras palavras das
Escrituras e do Espírito de Profecia exigem que não caiamos nesses erros.
Muito da agressividade dos debates acerca da pessoa do Espírito Santo gira em torno da
questão de se 1 João 5:7 foi inserido na Bíblia, ou se é parte do texto original escrito pelo
apóstolo João. O debate foi acirrado no tempo da Reforma, com alguns dos reformadores
apoiando a autenticidade desse verso, e outros negando o valor de seu lugar no cânon
escriturístico.
“Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três
são um.” 1 João 5:7.
O debate ocorre, pois muitos manuscritos gregos não contêm a passagem. Isso tem
levado a duas interpretações diferentes. Por um lado, muitos têm alegado que ela é uma
inserção que tem insinuações católico-romanas, e que foi adicionada ao cânon das
Escrituras para fortalecer o conceito da Trindade. Contrários a esse argumento, os que
apoiam a autenticidade de 1 João 5:7 têm acentuado que houve muitos acréscimos,
retiradas e modificações durante os três primeiros séculos da era cristã por aqueles que
tentaram negar doutrinas tais como a existência eterna de Cristo e da Divindade. Este
debate não será resolvido para a satisfação de todos, contudo há muita evidência primitiva
da existência de I João 5:7 nos escritos dos primeiros pais da igreja.
Em seu abrangente livro, Uma História do Debate sobre I João 5:7, 8, Michael Maynard
cita a evidência do segundo século. Por exemplo, Teófilo, Bispo de Antioquia, por volta de
168 d.C., usou a palavra “Trindade” em sua carta a Autolicus (Maynard, pg. 37). Isso tem
um particular significado devido ao fato de que foi a igreja em Antioquia que protegeu tão
fortemente a integridade dos escritos do Novo Testamento das corrupções e modificações
que se sabe terem sido feitas pelos escolásticos ocidentais da Escola de Teologia de
Alexandria. Em sua apologia apresentada ao imperador Romano, por volta de 177 d.C.,
Atenágoras escreveu o seguinte:
“Quem, então, não se envergonha de ouvir homens falarem de Deus o Pai, e Deus o Filho,
e do Espírito Santo; e quem declara haver união tanto entre Seus poderes como entre sua
distinção em ordem é chamado de ateu.” Citado em Ibid. dos Pais Anti-Nicenos. Maynard
lança citações de todos os séculos subsequentes que confirmam a continuidade da crença
na autenticidade de 1 João 5:7.
Aludindo claramente a I João 5:7, Sipriano escreveu: Diz o Senhor: “Eu e o Pai somos
um”. “E semelhantemente isso é escrito do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. “E esses
três são um”. Ibidem.
Entretanto, a autenticidade da pessoa de todos os membros da Divindade não depende de
um único texto das Escrituras. Exploraremos um pouco alguns outros textos. Já citamos
muitos outros. A forte objeção à doutrina da Trindade, expressa por muitos protestantes no
tempo da Reforma, e até em nossos dias, centraliza-se no fato de que essa compreensão
é vista como tendo origem no paganismo. Não há dúvidas de que os babilônios
sustentavam o conceito de uma trindade, e em torno desse conceito eles desenvolveram
muitas crenças e práticas místicas. Deste paganismo, os egípcios desenvolveram o trio de
deidades – Horus, Isis e Set, o qual foi incorporado dentro da fé católico-romana quando o
paganismo fluiu para dentro da igreja cristã primitiva. Isso levou a Igreja Católica Romana
a dar continuidade aos mistérios da Trindade sem considerar seu fundamento no
paganismo. Mas o paralelo entre o paganismo e o catolicismo romano não é evidência
suficiente para negar a Trindade do cristianismo.
Muitas verdades foram falsificadas por Satanás no paganismo primitivo. Por exemplo,
Deus ordenou um dia de repouso – o sétimo dia da semana. Ordenando entre os pagãos o
primeiro dia da semana como dia de adoração e repouso, Satanás fez a contrafação desse
mandamento de Deus. Seria loucura negar a santidade do sábado simplesmente porque a
Igreja Católica Romana adotou o falso sábado dos pagãos. Além disso, o cristianismo foi
estabelecido quando Cristo nasceu de Maria; porém, dois mil anos antes do nascimento de
Jesus, Satanás falsificou essa relação mãe-Filho na religião pagã com a introdução da
Madona e o menino. É interessante notar que a Igreja Católica Romana incorporou todas
essas três contrafações em seus serviços religiosos – nominalmente Trindade, Madona e
Menino. Como a palavra “Trindade” não é usada nas Escrituras, parece sábio parar com o
seu uso a fim de evitar confusão, devendo-se escolher o termo “Divindade”, para que a
distinção entre o misticismo da Trindade e a autenticidade da Divindade seja enfatizada.
A compreensão protestante da Divindade é diretamente oposta à da Igreja Católica
Romana. Como já afirmamos anteriormente, os católicos creem num Pai celestial que é
tão inclinado à raiva e tão vingativo que isso requer a doce natureza feminina para acalmar
Seu espírito e Sua ira. Os protestantes, por outro lado, creem em um Pai celestial que é
amor, tão terno e amoroso, como é representado por Seu Filho, Cristo.
Os católicos romanos acreditam em um Cristo que pode ser criado por padres, mesmo
padres maus, e cuja obra de mediação é empreendida por santos mortos e sacerdotes. Os
protestantes adotam a representação bíblica de Cristo como sendo Eterno, sendo também
nosso único Mediador.
A Igreja Católica Romana usurpa a obra do Espírito Santo como o único que nos conduz a
toda a verdade, e adota a visão de que o papa e os concílios da igreja possuem esta
função. Quão diferentes são as duas posições! Que um protestante nunca creia que sua
visão da Divindade é semelhante à visão católico-romana da Trindade.
Não há dúvidas de que a maioria dos pioneiros adventistas do sétimo dia foram unitaristas
[Unicistas]. Mas nós descobrimos que, para a surpresa de muitos em nosso povo, a irmã
White rejeitou esse conceito não-escriturístico e sustentou o conceito de uma Divindade de
três pessoas.
Não se pode negar que muitos dos primeiros pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia
eram antitrinitarianos, incluindo Tiago White, Urias Smith e J.H. Waggoner. Apesar de não
podermos ignorar a contribuição dos pioneiros, devemos repousar nossas evidências
sobre a Bíblia e o Espírito de Profecia.
Parece que o Senhor viu que o tempo para a iluminação dos pioneiros sobre a questão da
Divindade não deveria ser até os últimos anos da profetisa. Essa luz veio a Ellen White na
década de 1890. Quando surgiu tal luz, os crentes ficaram chocados e cheios de
consternação. Como declarou o Dr. Maxwell:
“Sua declaração em Desejado de Todas as Nações, pg. 530, ‘Em Cristo havia vida,
original, não emprestada, não derivada’, gerou consternação na década de 1890, mas
atiçou o adventismo efetivamente rumo à apreciação de um conceito de
Trinitarianismo”. Dr. M. Maxwell, O Santuário e a Expiação, pg. 532.
Semelhantemente declarou o Dr. M. L. Andreassen: “Lembro-me de quão atônito fiquei
quando foi publicado pela primeira vez O Desejado das Nações, pois ele continha algumas
coisas que nós críamos serem inacreditáveis; entre outras coisas, a doutrina da Trindade,
que não era geralmente aceita pelo adventismo de então”.
Andreassen era da opinião de que os escritos de Ellen White haviam sido adulterados,
então ele requisitou acesso aos documentos manuscritos originais dela. Disse ele: “Eu
estava particularmente interessado na declaração de O Desejado das Nações que, por um
momento, causou grande preocupação à teologia denominacional: ‘Em Cristo a vida é
original, não emprestada e não derivada’, pg. 530. Essa declaração pode não parecer
muito revolucionária para você, mas para nós ela foi. Dificilmente poderíamos crer nela…
Eu estava certo de que Ellen White nunca escrevera [isso]… Mas agora eu encontrei [a
declaração] na própria caligrafia dela, exatamente como fora publicada. E assim foi com
outras declarações. Quando as checava, descobria que eram expressões da própria irmã
White”. Chapel Address, Loma Linda, 30 de Nov. de 1948.
Parece que os pioneiros, não tendo uma clara percepção da Divindade, compreenderam
errado Sua natureza. Eles também tiveram problemas em entender o que constitui uma
pessoa. O Pastor R. F. Cottrell escreveu em 1869: “Que uma pessoa é três pessoas, e que
três pessoas são somente uma pessoa é a doutrina que nós professamos ser contrária à
razão e ao senso comum.” Review and Herald, 6 de Julho de 1869.
Como nós todos agora bem sabemos, a Divindade sempre envolveu três pessoas em uma
Divindade, mas nunca três pessoas em uma pessoa.
O Espírito Santo ‒ uma Pessoa Divina
Examinemos a dimensão do ministério do Espírito Santo, que somente um ser pessoal
poderia realizar.
(1) O Espírito Santo possui uma mente. “E aquele que examina os corações sabe qual é
a mente do Espírito; porque ele faz intercessão pelos santos, segundo a vontade de
Deus.” Rm. 8:27.
(2) O Espírito Santo conhece as profundezas de Deus. “Mas Deus no-las revelou pelo
seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, sim, as profundas coisas de Deus.
Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele
está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.” 1 Co.
2:10,11.
(3) O Espírito Santo pode conduzir. “Então, foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto,
para ser tentado pelo diabo.” Mateus 4:1.
(4) O Espírito Santo ama. “E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo
amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações, por mim, a Deus.” Rm 15:30.
(5) O Espírito Santo pode criar. “O Espírito de Deus me fez; e o fôlego do Todo-
Poderoso me deu vida.” Jó 33: 4.
(6) O Espírito Santo é chamado de Senhor. “Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o
Espírito do Senhor, aí há liberdade.” 2 Coríntios 3:17.
(7) O Espírito Santo fala. “E disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse
carro.” Atos 8:29. “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão
alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios.” 1
Timóteo 4:1. “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Apocalipse 2:29.
(8) O Espírito Santo guia. “Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará
em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos
anunciará o que há de vir.” João 16:13.
(9) O Espírito Santo ouve. (veja o verso de João 16:13 acima).
(10) O Espírito Santo consola. “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador,
para que fique convosco para sempre. João 14:16.
(11) O Espírito Santo ordena. “E ordenou-me o Espírito que fosse com eles, nada
duvidando; e também estes seis irmãos foram comigo, e entramos em casa daquele
varão.” Atos 11:12.
(12) O Espírito Santo proíbe. “E, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram
proibidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. E, quando chegaram a Mísia,
intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu.” Atos 16: 6, 7.
(13) O Espírito Santo testifica. “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que
somos filhos de Deus.” Romanos 8:16. “Este é aquele que veio por água e sangue, isto é,
Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica,
porque o Espírito é a verdade.” 1 João 5:6.
(14) O Espírito Santo profetiza. “Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o
Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos
que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir.” 1 Pedro 1:11.
(15) O Espírito Santo intercede pela humanidade. “E da mesma maneira também o
Espírito ajuda em nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como
convém, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.” Romanos
8:26.
(16) O Espírito Santo doa dádivas de talentos espirituais. “Ora, há diversidade de
dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o
mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.” 1 Coríntios 12:4-7.
(17) O Espírito Santo pode ser ofendido. “E não ofendais o Espírito Santo de Deus, no
qual estais selados para o dia da redenção.” Efésios 4:30.
(18) O Espírito Santo ensina. “Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o
que vos convenha falar.” Lucas 12:12.
(19) O Espírito Santo convida homens ao reino dos Céus. “E o Espírito e a esposa
dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de
graça da água da vida.” Apocalipse 22:17.
(20) O Espírito Santo pode ser blasfemado. “Portanto, eu vos digo: todo pecado e
blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada
aos homens.” Mateus12:31.
(21) O Espírito Santo pode ser irritado. “Mas eles foram rebeldes e irritaram o seu
Espírito Santo; pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra
eles.” Isaías 63:10.
(22) Seres humanos podem mentir para o Espírito Santo. “Disse, então, Pedro:
Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e
retivesses parte do preço da herdade?” Atos 5:3.
(23) O Espírito Santo é chamado Deus. “Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida,
não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste
aos homens, mas a Deus.” Atos 5:4.
(24) Seres humanos podem tentar o Espírito Santo. “Então, Pedro lhe disse: Por que é
que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor?” Atos 5:9.
(25) O Espírito Santo pode ser desagradado. “De quanto maior castigo cuidais vós será
julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do
testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” Hebreus 10:29.
(26) O Espírito Santo determina quem será ordenado ao ministério de Deus. “E,
servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a
Saulo para a obra a que os tenho chamado.” Atos 13:2.
(27) O Espírito Santo possui uma vontade. “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas
essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” 1 Coríntios 12:11.
(28) O Espírito Santo envia adiante obreiros de Deus. “E assim estes, enviados pelo
Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.” Atos 13:4.
(29) O Espírito Santo toma decisões. “Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo, e a
nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias.” Atos 15:28.
(30) O Espírito Santo revela. “A não ser o que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me
revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações.” Atos 20:23.
(31) O Espírito Santo escolhe supervisores. “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho
sobre que o Espírito Santo vos constituiu supervisores (bispos), para apascentardes a
igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.” Atos 20:28.
(32) O Espírito Santo santifica. “Que eu seja ministro de Jesus Cristo entre os gentios,
ministrando o evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios,
santificada pelo Espírito Santo.” Romanos 15:16.
(33) O Espírito Santo comunga com o homem. “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o
amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!” 2 Coríntios
13:14.
(34) O ser humano pode falar contra o Espírito Santo. “E, se qualquer disser alguma
palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o
Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro.” Mateus 12:32.
(35) O Espírito Santo convence. “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e
da justiça, e do juízo.” João 16:8.
(36) O Espírito Santo instrui. “E deste o teu bom Espírito, para os instruir; e o teu maná
não retiraste da sua boca; e água lhes deste na sua sede.” Neemias 9:20.
(37) O Espírito Santo perscruta. “Porque qual dos homens sabe as coisas do homem,
senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de
Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o
Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado
gratuitamente por Deus.” 1 Coríntios 2:11,12.
(38) O Espírito Santo luta. Então, disse o SENHOR: Não lutará o meu Espírito para
sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e
vinte anos.” Gênesis 6:3.
(39) O Espírito Santo sela o crente. “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual
estais selados para o dia da redenção.” Efésios 4:30.
(40) O Espírito Santo é uma dádiva para aqueles que pedem. “Pois, se vós, sendo
maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o
Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” Lucas 11:13.
Essa revisão do ministério do Espírito Santo não pode levar-nos a outra conclusão senão a
de que Ele é um distinto ser da Divindade. Dentro dos limites da experiência finita nós não
podemos compreender a plenitude do Espírito Santo mais do que podemos compreender
completamente o Pai ou o Filho. Devemos reconhecê-Lo como a terceira pessoa da
Divindade. Uma coisa é certa, não devemos ir além da Palavra de Deus, fazendo
especulações e teorias humanas.
Alguns, sem um claro “assim diz o Senhor”, têm argumentado que as Escrituras declaram
que Cristo está à direita do Pai, ao passo que não há menção alguma sobre o Espírito
Santo. Mas o contexto de cada referência como essa indica o relacionamento de Cristo
com o Pai. Lembre, a língua hebraica tem poucas palavras abstratas, portanto, os homens
que escreveram em hebraico usaram palavras concretas para expressar conceitos
abstratos. Apesar de o Novo Testamento ter sido escrito em grego, a mentalidade hebraica
continuou no uso do grego pelos apóstolos. Estar à direita do Pai expressa a verdade que
ninguém se põe, em importância e poder, entre Cristo e o Pai. Esses textos não tratam do
tema da Divindade. Aqui estão alguns exemplos:
“O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e
sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a
purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas
alturas.” Hebreus 1:3.
“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e
Jesus, que estava à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do
homem, que está em pé à mão direita de Deus.” Atos 7:55, 56.
Muitas aberrações são testemunhadas hoje no tocante ao que se compreende acerca do
Espírito Santo. Há aqueles que proclamam que o Espírito Santo é feminino, ou seja, é o
Deus mãe, mas nós devemos rejeitar esta ideia descontrolada, porque não há a mais leve
evidência nas Escrituras para apoiá-la. O fato de que o Espírito Santo cobriu Maria na
conceição de Jesus Cristo é certamente prova positiva de que Ele não poderia ser
corretamente representado como sendo do gênero feminino.
Há os que têm ido mais longe, pois proclamam que a Divindade possui quatro membros –
o quarto é Deus filha. Eles declaram estar completando a divina família. Porém, uma vez
mais, tal especulação não está enraizada e nem fundamentada nas palavras da Escritura
Sagrada e, portanto, deve ser decididamente rejeitada.
Quando contemplamos o ministério do Espírito Santo como representante de Cristo em
favor da raça humana, nos é garantido que a todo ser humano tem sido feito um convite
especial para a vida eterna, a qual é fornecida através da morte e do ministério sumo-
sacerdotal de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É o poder do Espírito Santo que
inspira homens e mulheres a renderem suas vontades a Jesus e a compartilharem o
evangelho da salvação com outros membros da raça humana. Será sob o grandioso poder
disponibilizado pelo Espírito Santo que as testemunhas fiéis de Deus levarão o evangelho
eterno de Apocalipse 14:6-12 a toda nação, e tribo, e língua, e povo. Acima de tudo,
quando contemplamos o ministério da Divindade, vemos que o poder infinito do Céu foi
disponibilizado para a salvação da raça humana. Nós não podemos “negligenciar tão
grande salvação” (Hebreus 2:3).
O Espírito de Profecia certamente não silencia quanto a este assunto. A despeito da
posição tomada por muitos dos primeiros líderes e pastores da Igreja Adventista do Sétimo
Dia, a irmã White infalivelmente correspondeu ao testemunho das Escrituras Sagradas:
“Não precisamos considerar que o Espírito Santo, que é uma pessoa tanto quanto Deus é
uma pessoa, está andando através desses jardins.” Manuscrito 66, 1899; de uma palestra
aos estudantes na Escola de Avondale.
“O Espírito Santo possui uma personalidade, de outra forma Ele não poderia testemunhar
aos nossos espíritos que somos filhos de Deus. Ele também deve ser uma pessoa divina,
de outra forma Ele não poderia perscrutar os segredos que estão ocultos na mente de
Deus. Pois qual homem conhece as coisas de um homem, salvo o espírito de homem que
está nele? Dessa forma nenhum homem conhece as coisas de Deus, além do Espírito de
Deus”. Manuscrito 20, 1906.
“O Espírito Santo é uma pessoa, pois Ele testemunha com nossos espíritos de que somos
filhos de Deus. Quando surge esse testemunho, ele traz consigo sua própria evidência.
Em tais momentos cremos e estamos certos de que somos os filhos de Deus.” Ibid.
“Cumpre-nos cooperar com os três poderes mais altos no Céu – o Pai, o Filho e o Espírito
Santo – e esses poderes atuarão por nosso intermédio, fazendo-nos coobreiros de
Deus.” Evangelismo, 617.
“Os eternos dignitários celestes – Deus, Cristo e o Espírito Santo – munindo-os [aos
discípulos] de energia sobre-humana, … avançariam com eles para a obra e convenceriam
o mundo do pecado.” Evangelismo, 616.
“O Pai, o Filho, e o Espírito Santo, os três santos dignitários do Céu, declararam que Eles
fortalecerão homens a vencerem os poderes das trevas.” Comentário Bíblico, vol. 5, pg.
1110.
No nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, o homem é mergulhado em sua sepultura
de água, morto com Cristo no batismo, e ressuscitado da água para viver uma nova vida
de lealdade a Deus. Os três grandes poderes no Céu são testemunhas; Eles estão
invisíveis, porém presentes.
“… O trabalho é apresentado a toda alma que tem admitido sua fé em Jesus Cristo pelo
batismo, e se tornou um receptáculo do penhor das três pessoas – o Pai, o Filho, e o
Espírito Santo.” Ibidem, vol. 6, pg. 1074.
“O príncipe da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na
terceira pessoa da Divindade, o Espírito Santo.” Evangelismo, 617.
“Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira
pessoa da Divindade, a qual viria, não com energia modificada, mas na plenitude do divino
poder.” O Desejado de Todas as Nações, pg. 671.
“O mal se vinha acumulando por séculos e só poderia ser restringido e resistido pelo eficaz
poder do Espírito Santo, a terceira pessoa da Divindade, que viria com não modificada
energia, mas na plenitude do poder divino.” Testemunho para Ministros, pg. 392.
“Ele [Cristo] determinou dar Seu representante, a terceira pessoa da Divindade. Esse dom
não poderia ser mais excelente.” Minha Consagração Hoje, pg. 36.
“A Divindade moveu-se de compaixão pela raça, e o Pai, o Filho e o Espírito Santo deram-
Se a Si mesmos ao estabelecerem o plano da redenção.” Conselhos Sobre Saúde, pg.
222.
“O Espírito Santo é o representante de Cristo, mas despojado da personalidade humana, e
dela independente. Limitado pela humanidade, Cristo não poderia estar em toda parte em
pessoa. Era, portanto, do interesse deles que fosse para o Pai, e enviasse o Espírito como
Seu sucessor na Terra.” Desejado de Todas as Nações, pg. 669.
Que todo adventista do sétimo dia possa unir-se sobre esta mais crítica verdade.
Jesus ‒ o Adorável e Eterno EU SOU
Na magnífica introdução ao seu evangelho, o apóstolo João claramente abordou alguns
dos conceitos desviados que circulam dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia hoje
concernentes a Cristo. Ele estava determinado a não deixar dúvidas de que Cristo foi
totalmente divino por um lado, e plenamente humano por outro. Perceba sua poderosa
elucidação da divindade de Cristo:
“No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no
princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito
se fez. Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens.” João 1:1-4.
Com semelhante ênfase, João também declara a humanidade do Cristo encarnado: “E o
Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do Unigênito
do Pai, cheio de graça e de verdade.” João 1:14.
João tinha sido o discípulo mais próximo de Jesus, e quando ele começou sua biografia da
vida de seu Mestre, ele desejava dissipar todos os falsos conceitos que foram então
propostos por diferentes grupos dentro da igreja cristã. Entre os propagadores de tais
erros estavam os gnósticos, os quais criam que Jesus não possuía uma pré-existência
antes de Sua encarnação e, assim, Ele não era eterno com o Pai. Havia outros que
acreditavam que de alguma forma incrível, nas eras remotas do passado, Cristo tinha
emanado do Pai. Enquanto outros ainda alegavam que Cristo era um ser criado.
Muito da incerteza sobre quem é Cristo vem do uso da palavra “Unigênito”. No Novo
Testamento, duas palavras gregas são traduzidas como “unigênito” ou “gerado”:
(1) Monogenes (João 1:14, 18; 3:16, 18; Hebreus 11:17; 1 João 4:9) e (2) Gennao (Atos
13:33; I Coríntios 4:15; Filemom 10; Hebreus 1:5; 5:5; 1 João 5:1, 18). Essas palavras têm
significados distintos no grego. Monogenes significa único nascido ou exclusivo. É um
derivado de monos, que quer dizer único, singular, sozinho. Gennao quer dizer dar à luz,
nascer, gerar, conceber, ser liberto de. Nota-se que monogenes bem poderia ser traduzido
apropriadamente por único ou exclusivo. O nome “Filho de Deus” não implica na
interpretação de que, em algum momento, nas eras do passado, Jesus emanou do Pai. De
fato, a palavra gennao não é usada, em lugar algum na Bíblia, para tratar da pré-existência
de Cristo.
A palavra grega monos é a raiz para um grande número de palavras do português,
incluindo monocromático, que quer dizer uma só cor; monociclo, que quer dizer uma
bicicleta de uma só roda; monólogo, uma conversa de uma só pessoa; monossílaba, uma
palavra de uma só sílaba. A palavra grega, algumas vezes traduzida por “unigênito”,
simplesmente significa que Cristo foi o único Filho de Deus; não houve outro. Não há um
significado místico para a palavra “unigênito” quando se refere a Jesus. Na verdade, em
muitos textos, a palavra monogenes é simplesmente traduzida como “único”. Nos textos
abaixo, todos os grifos são nossos:
“E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de
sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade.” Lucas 7:12.
“Porque tinha uma filha única, quase de doze anos, que estava à morte. E, indo ele,
apertava-o a multidão.” Lucas 8:42. “E eis que um homem da multidão clamou, dizendo,
Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que eu tenho.” Lucas 9:38.
Desta forma, por exemplo, João 3:16 poderia ser corretamente traduzido assim: “Porque
Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu único Filho”. Não há conotação na
palavra monogenes para se engendrar o pensamento de que Jesus não é Deus eterno.
Entretanto, quando os escritores do Novo Testamento usaram a palavra gennao, também
traduzida por “unigênito” ou “gerado”, isso implica em algo de diferente significado. Note
estes versos:
“Porque, ainda que tivésseis dez mil aios em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais;
porque eu, pelo evangelho, vos gerei em Jesus Cristo.” 1 Coríntios 4:15. “Peço-te por meu
filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões.” Filemom 10.
“Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao
que o gerou também ama ao que dele é nascido.” 1 João 5:1.
“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado
conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca.” 1 João 5:18. Em nenhum desses
textos, “gerado” se refere à singularidade de Cristo. Contudo, há pelo menos três ocasiões
nas quais gennao refere-se a Cristo. É interessante notar que todos os três textos referem-
se a uma profecia do salmista, que foi escrita em hebraico: “Recitarei o decreto: O
SENHOR me disse: Tu És Meu Filho; Eu hoje Te tenho gerado.” Salmo 2:7. Note os três
textos do Novo Testamento que citam o Salmo 2:7: “… como também está escrito no
Salmo segundo: Meu filho és Tu; hoje Te tenho gerado [gennao]”. Atos 13:33.
“Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és Meu Filho, hoje Te tenho gerado [gennao]? E
outra vez: Eu Lhe serei por Pai, e Ele Me será por Filho?” Hebreus 1:5. “Assim, também
Cristo não Se glorificou a Si mesmo, para Se fazer sumo sacerdote, mas glorificou Aquele
que Lhe disse: Tu és Meu Filho, hoje Te tenho gerado [gennao].” Hebreus 5:5.
Em cada uma dessas referências não há indícios de que Jesus veio à existência em
qualquer tempo no passado. Na verdade, Paulo, como registrado em Atos 13:33, aplica a
profecia do salmista à ressurreição de Jesus. Desta forma, Salmo 2:7 foi uma profecia
concernente à futura ressurreição de Cristo e NÃO a uma histórica declaração de Suas
origens na eternidade passada.
Atos 13:33, clara e inequivocamente, fornece a interpretação divina de Salmo 2:7. Cristo
foi gerado de Deus em Sua ressurreição. Não convém colocarmos nossas faltosas
suposições humanas em oposição à clara palavra de Deus. Devemos permitir que a Bíblia
interprete a si mesma. O livro de Apocalipse apoia totalmente o fato de que gerado, nesse
contexto, refere-se à ressurreição de Cristo:
“… e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o
príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, e em Seu sangue nos lavou dos nossos
pecados.” Apocalipse 1:5.
A Bíblia também aplica o termo “gerado” ao nascimento de Cristo: “Porque a qual dos
anjos disse jamais: Tu és Meu Filho, hoje Te tenho gerado? E outra vez: Eu Lhe serei por
Pai, e Ele me será por Filho? E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E
todos os anjos de Deus O adorem.” Hebreus 1:5,6.
Assim, a referência a Jesus como gerado indica exclusivamente Seu nascimento e Sua
ressurreição.
Há aqueles que negam a pré-existência de Cristo antes de Sua encarnação; portanto, eles
devem negar também que Ele é o Criador deste mundo. Assim fazendo, eles estão em
direta violação ao claro testemunho das Sagradas Escrituras: “No princípio, era o Verbo, e
o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas
as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez… estava no mundo, e
o mundo foi feito por Ele e o mundo não O conheceu.” João 1:1-3,10.
Portanto, não há a mais fraca evidência de que o termo “unigênito”, ou “único gerado”,
refira-se de forma alguma a um começo de existência para Cristo. Verdadeiramente Ele é
de “eternidade a eternidade”, com o é Deus Pai e Deus Espírito Santo.
Paulo seguramente compreendeu a plenitude da majestade de Jesus Cristo, como é visto
em sua primeira epístola a Timóteo. Aqui Cristo, nos mais grandiosos termos da linguagem
humana, é declarado ser o Senhor dos senhores e Rei dos reis. “… que guardes este
mandamento sem mácula e repreensão, até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo; o
qual, a Seu tempo, mostrará o bem-aventurado e único poderoso Senhor, Rei dos reis e
Senhor dos senhores; Aquele que tem, Ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível; a
quem nenhum dos homens viu nem pode ver; ao qual seja honra e poder sempiterno.
Amém.” 1 Timóteo 6:14-16.
Não podemos esquecer que, enquanto os anjos não possuem a imortalidade, Cristo a
possui, pois Ele é Deus e não um ser criado.
João, detalhando a grande vitória de Cristo sobre as forças de Satanás, também
reconhece a majestosa plenitude de Jesus:
“Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos
senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com Ele, chamados, eleitos e
fiéis.” Apocalipse 17:14.
Aqueles que, através das eras, têm sustentado a ideia de que Cristo não é eterno com o
Pai, e que a pessoa do Espírito Santo não existe, falham em compreender a plenitude das
declarações da Bíblia de que “Deus é Amor” (1 João 4:16). O amor não existe sem a
possibilidade de expressar-se. Se, por uma eternidade, Deus o Pai viveu sozinho antes da
criação (ou surgimento) dos outros seres, não haveria amor algum, pois não havia
ninguém para receber aquele amor. O amor, a própria essência de Deus, exige que haja
outros seres que sejam objeto de Seu amor. Esse princípio, sozinho, já negaria os
conceitos daqueles que argumentam que Cristo passou a existir em algum tempo nas eras
do passado, e que Ele não é eterno.
Irmãos e irmãs, não nos deixemos enganar por argumentos artificiosos. Nós servimos a
um Salvador cuja própria pré-existência eterna provê a vida eterna a todo pecador
arrependido.
Evidências do Antigo Testamento de que Cristo É o Deus Eterno
Talvez a primeira compreensão da divindade de Jesus venha do registro da noite de luta
de Jacó. Depois de perceber que havia lutado não com um homem, nem mesmo com um
anjo, ele então chamou o lugar pelo nome de Peniel, “Pois eu vi a Deus face a face, e
minha vida foi poupada.” Gênesis 32:30.
Enquanto a revelação divina brilhava na mente de Jacó, ele reconheceu que havia lutado
com o Senhor do Universo. O nome Peniel significa “A face de Deus”. Claramente isto se
referia a Deus o Filho, mesmo que, provavelmente, essa compreensão não fosse clara
para Jacó.
Um entendimento semelhante veio a Manoá. As primeiras indicações são de que ele
estava falando com o Anjo do Senhor. Depois ele viria a reconhecer que, como Jacó, ele
tinha se comunicado face a face com Deus.
“E nunca mais apareceu o Anjo do SENHOR a Manoá, nem à sua mulher; então,
conheceu Manoá que era o Anjo do SENHOR. E disse Manoá à sua mulher: Certamente
morreremos, porquanto temos visto Deus.” Juízes 13:21, 22.
É provável que Gideão tenha visto o Filho de Deus, apesar de ele não tê-Lo identificado
como tal: “Então, viu Gideão que era o Anjo do SENHOR; e disse Gideão: Ah!
Senhor JEOVÁ, que eu vi o Anjo do SENHOR face a face. Porém o SENHOR lhe disse:
Paz seja contigo; não temas, não morrerás.” Juízes 6:22, 23.
Foi o profeta Isaías, frequentemente citado como o profeta do evangelho, quem, mais que
qualquer outro profeta do Antigo Testamento, identificou Jesus como membro eterno da
Divindade. Isto é especificamente visto em Isaías capítulo sete até o nove, de cujo texto
algumas partes foram transformadas em música gloriosa por G. F. Haendel em “O
Messias”. Em Isaías capítulo sete, o significado da palavra Emanuel não é ainda
explicado. “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá,
e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.” Isaías 7:14.
Entretanto, ao continuar o tema no capítulo oito, novamente Emanuel é introduzido: “e
passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele, e chegará até ao pescoço; e a
extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel.” Isaías 8:8. Dois versos
além, e nos é fornecido o significado da palavra Emanuel. “Tomai juntamente conselho, e
ele será dissipado; dizei a palavra, e ela não subsistirá, porque Deus é conosco.” Isaías
8:10.
Assim, o apóstolo Mateus foi capaz de conectar o nome e seu significado juntos:
“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de
EMANUEL. (EMANUEL traduzido é: Deus conosco).” Mateus 1:23.
Contudo, Jesus era homem, mas também era Deus. Em Isaías capítulo nove, estão
algumas das mais poderosas palavras das Escrituras, pois declaram o fato de que Cristo é
Deus, no mais alto sentido, e que Sua existência é desde a eternidade. “Porque um
menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o
seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”
Isaías 9:6.
A criança citada aqui só poderia ser Jesus. O Pai e o Espírito Santo nunca encarnaram.
Nesta profecia, são outorgados a Jesus os mais altos títulos da Divindade: O Poderoso
Deus e o Pai Eterno [Pai da Eternidade]. Observemos o adjetivo “eterno” e outorguemos a
ele o seu significado claro. Cristo é eterno! Deste fato, não se pode haver dúvida alguma.
Em Isaías 40, profetizando a respeito do ministério de João o Batista, mais uma vez Jesus
é citado como Deus: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR;
endireitai no ermo vereda a nosso Deus.” Isaías 40:3.
Tão importante é este texto, que os três evangelhos sinóticos, Mateus, Marcos e Lucas, o
citam para confirmar o ministério de João o Batista. Dos três, Lucas é o mais claro em
especificamente referir-se a Jesus como Deus. “… segundo o que está escrito no livro das
palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do
Senhor; endireitai as suas veredas. Todo vale se encherá, e se abaixará todo monte e
outeiro; e o que é tortuoso se endireitará, e os caminhos escabrosos se aplanarão; e toda
carne verá a salvação de Deus.” Lucas 3:4-6.
Até mesmo um rei pagão, Nabucodonosor, teve o privilégio de ver o Filho de Deus.
“Respondeu e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro
do fogo, e nada há de lesão neles; e o aspecto do quarto é semelhante ao filho de
Deus.” Daniel 3:25.
O profeta Miqueias também dá um poderoso testemunho da existência eterna de Cristo: “E
tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será
Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da
eternidade.” Miqueias 5:2.
Mais uma vez, se as Escrituras são confiáveis, e elas com toda certeza o são,
reconhecemos que a existência de Cristo é claramente exposta aqui como sendo desde os
dias da eternidade. Iria qualquer cristão que crê na Bíblia atrever-se a contradizer as
Escrituras e argumentar que o bebê de Belém não foi o Deus Eterno encarnado?
Com todas essas poderosas declarações do Antigo Testamento, podemos atestar que
Moisés, no Salmo 90, também estava se referindo a Cristo: “Antes que os montes
surgissem, ou mesmo antes de teres formado a Terra e o mundo, mesmo desde a
eternidade para a eternidade, Tu és Deus.” Salmo 90:2.
Esse texto, seguramente, firma a questão. Todos os cristãos concordam que Cristo viverá
eternamente no futuro. Portanto, Ele seguramente viveu eternamente no passado. Nada
há, no Antigo Testamento, que venha de forma alguma lançar dúvidas sobre a evidência
de que Jesus é uma parte da eterna Divindade.
Alguns argumentam que a palavra eternidade ou para sempre, em hebraico, pode possuir
o significado de “pela duração da vida ou do evento”. Isto é correto. “Porém Ana não subiu,
mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então, o levarei, para que
apareça perante o SENHOR e lá fique para sempre. Pelo que também ao SENHOR eu o
entreguei, por todos os dias que viver; pois ao SENHOR foi pedido. E ele adorou ali ao
SENHOR.” 1 Samuel 1:22, 28.
Mas existe um princípio bíblico que torna fácil determinar qual dos dois significados deve
ser aplicado. Este princípio está demonstrado na promessa de vida eterna. Como
garantimos que essa promessa não significa até nós morrermos? Sabemos que não é
assim, porque a inspiração declara inequivocamente que não haverá mais morte. “E Deus
limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor,
nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas.” Apocalipse 21:4.
Assim, a vida eterna certamente quer dizer eternamente ou para sempre. Deus também
nos dá evidência de que Cristo não teve Sua vida derivada do Pai. “Em Cristo há vida
original, não emprestada, não derivada.” DTN, pg. 530.
Evidências do Novo Testamento de que Cristo É o Deus Eterno
Como já vimos antes, João começa o seu evangelho com uma declaração definitiva de
que Jesus era Deus.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava Deus, e o Verbo era Deus.” João 1:1.
Alguns contestam esta interpretação declarando que a tradução correta de João 1:1 é a de
que o Verbo era “um deus”. Mesmo que fosse apropriado usar o artigo indefinido, não
mudaria em nada a condição de Jesus como Deus, pois Deus é imortal, eterno, onisciente
e onipotente. João também esclarece que Jesus estava com Deus no começo: “Ele estava
no princípio com Deus.” João 1:2.
João ainda afirma que Ele foi o Criador de toas as coisas: “Todas as coisas foram feitas
por Ele; e sem Ele, nada do que foi feito se fez.” João 1:3.
Depois ele O apresenta como a origem da vida. Esta também é uma declaração de que
Cristo é o possuidor da vida, e não a recebeu de ninguém. “Nele estava a vida; e a vida
era a luz dos homens.” João 1:4. João confirma isso em sua primeira epístola: “E este é o
testemunho: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em Seu Filho.” 1 João 5:11.
O próprio Jesus declarou que Ele é a vida. “Disse Jesus a ela: Eu Sou a ressurreição e a
vida; aquele que crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá.” João 11:25.
Somente Aquele que tem vida original, não emprestada e não derivada poderia declarar
validamente a Si mesmo como sendo a vida. “Jesus disse a ele: Eu Sou o caminho, a
verdade e a vida; ninguém vem ao Pai se não for por Mim.” João 14:6.
Paulo também reconheceu Jesus como quem possui o título de “Vida”: “Quando Cristo,
que é nossa vida, Se manifestar, então vós também vos manifestareis com Ele em
glória.” Colossenses 3:4.
Paulo declara que Cristo não é um Deus menor, mas que Ele possui a plenitude da
Divindade: “Pois Nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade.” Colossenses
2:9.
Jesus reivindicou ser um com o Pai: “Eu e o Meu Pai somos um.” João 10:30. “Disse-lhe
Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo
convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem Me vê a Mim vê o Pai; e como dizes
tu: Mostra-nos o Pai?” João 14:8. “E, agora, glorifica-me Tu, ó Pai, junto de Ti mesmo, com
aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.” João 17:5.
Depois da ressurreição de Cristo, Tomé reconheceu-O como Deus: “E Tomé respondeu e
disse a Ele: meu Senhor e meu Deus.” João 20:28. Corretamente compreendida, a Palavra
de Deus apoia a eterna divindade de Cristo. Disso nós não podemos entreter dúvida
alguma.
O “EU SOU”
Outra poderosa evidência da existência eterna de Jesus está na declaração de que Ele é o
“Eu Sou” e o Alfa e o Ômega. “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor,
que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso.” Apocalipse 1:8.
“… que dizia: Eu Sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, e o que vês, escreve-o num
livro e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a
Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodiceia.” Apocalipse 1:11.
E disse-me mais: “Está cumprido; Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem
quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida.” Apocalipse 21:6. “E Ele
é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele.” Colossenses 1:17.
Esses termos, o “Alfa” e o “Ômega” e o “Eu Sou”, são termos de grande significado. São
usados para expressar a existência eterna de Jesus Cristo. Se a existência de Cristo fosse
menos que eterna, Ele poderia ser acusado de impostor ao reivindicar esses títulos. Quão
evidentemente o livro de Apocalipse declara a eternidade de Cristo! “João, às sete igrejas
que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há
de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do Seu trono.” Apocalipse 1:4.
Note também como quão enfaticamente, no fim de Apocalipse, João reforça a existência
eterna de Jesus: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o
derradeiro.” Apocalipse 22:13.
As palavras EU SOU, quando apresentadas como característica de Jesus, referem-se à
Sua eterna existência. Esse é o mesmo termo que é aplicado para Deus no Antigo
Testamento. “E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos
filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.” Êxodo 3:14.
“Vede, agora, que Eu, Eu o Sou, e mais nenhum deus comigo; Eu mato e Eu faço viver; Eu
firo e Eu saro; e ninguém há que escape da Minha mão.” Deuteronômio 32:39. “Vós sois
as Minhas testemunhas, diz o SENHOR, e o Meu servo, a quem escolhi; para que Me
conheçais, e Me creiais, e entendais que Eu Sou, e que antes de Mim deus nenhum se
formou, e depois de Mim nenhum haverá.” Isaías 43:10. “E até à vossa velhice Eu Sou; e
ainda até às cãs Eu vos carregarei; Eu fiz, e Eu levarei, e vos trarei e vos livrarei.” Isaías
46:4.
No Antigo Testamento, na tradução de “ani hu”, a palavra “sou” é acrescentada, mas está
claramente implícita, pois na Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento, “ani hu”
é traduzido por “ego eimi”, que claramente significa “eu sou”. O uso de “ego eimi” por
Jesus e João é um claro testemunho de que Ele estava reivindicando sobre Si a eterna e
completa Divindade, igual ao Pai. [N.T.: O verbo ser ou estar, no hebraico, tem um uso
extremamente implícito. É um verbo cuja expressão é pouco usada. Por exemplo, quando
alguém quer dizer em hebraico “Eu sou” ou “Eu estou”, ele diz apenas “Eu” e, pelo
contexto da conversa ou do texto, entende-se claramente: “Eu sou”].
Muitos exemplos do uso desse termo por Cristo podem ser encontrados no livro de João.
“Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, conhecereis
quem Eu Sou, e que nada faço por Mim mesmo; mas falo como o Pai Me ensinou.” João
8:28. “Desde agora, vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer,
acrediteis que Eu Sou.” João 13:19. “Responderam-lhe: A Jesus, o Nazareno. Disse-lhes
Jesus: Eu Sou. E Judas, que o traía, estava também com eles.” João 18:5.
Algumas traduções dos textos acima trazem a expressão “eu sou ele”. Em cada uma
dessas declarações, a palavra “ele” foi acrescentada pelos tradutores, o que diminui o
impacto do Eu Sou e o real significado das palavras de Jesus. Mas no grego essas
palavras são consistentes com o uso delas no Antigo Testamento. O profundo impacto de
Cristo declarar-Se a Si Mesmo como o Eu Sou perante os líderes judaicos e os soldados
resultou em uma notável reação daqueles que O estavam questionando: “Quando, pois,
lhes disse: Eu Sou, recuaram e caíram por terra.” João 18:6.
Está claro que Jesus estava fazendo muito mais do que Se identificando, e que Ele foi
bem entendido por Seus ouvintes, como fica demonstrado pela dramática resposta deles.
Seus antagonistas Judeus compreendiam muito bem a implicação de Suas palavras. É
quase certo que muitos deles ficaram profundamente convictos quando ouviram essas
palavras repetidas (João 18:6), no entanto, acabaram levando avante seu ímpio intento.
Jesus advertiu que a aceitação de que Ele é o Eu Sou é uma questão de salvação: “Por
isso, vos disse que morrereis em vossos pecados, porque, se não crerdes que Eu Sou,
morrereis em vossos pecados.” João 8:24.
Muitos outros textos do Novo Testamento enriquecem nossa compreensão da Divindade
eterna de Jesus: “dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é
sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém!” Rom. 9:5. “E, sem dúvida alguma, grande
é o mistério da piedade: Deus foi manifestado na carne, justificado em espírito, visto dos
anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória.” 1 Timóteo
3:16. “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do
grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo.” Tito 2:13. “Mas, do Filho, [o Pai] diz: Ó Deus,
o Teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do Teu
reino.” Hebreus 1:8. “Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és Meu Filho, hoje Te
gerei? E outra vez: Eu Lhe serei por Pai, e Ele Me será por Filho?” Hebreus 1:5. “E
sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu entendimento para conhecermos que
Ele é verdadeiro; e nós estamos Nele que é verdadeiro, isto é, em Seu Filho Jesus Cristo.
Este é o verdadeiro Deus e vida eterna.” 1 João 5:20.
Mas talvez a declaração mais específica nas Escrituras venha da introdução de João em
Apocalipse: “…e nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai, a Ele, glória e poder para
todo o sempre. Amém!” Apocalipse 1:6.
Em muitas ocasiões, as Escrituras referem-se ao Filho e a Deus (o Pai), mas este texto se
refere ao Pai e a Deus (o Filho). Não há dúvidas de que a Bíblia, quando examinada de
forma completa, invariavelmente apoia a plenitude da existência eterna de Jesus antes de
seu nascimento em Belém. Jesus, de todas as formas, foi e é nosso Deus Eterno, “O Pai
Eterno”.
A Questão da Adoração
Por duas vezes, João, o revelador, foi vividamente lembrado de que só Deus é o objeto de
nossa adoração. “E eu lancei-me a seus pés para o adorar, mas ele disse-me: Olha, não
faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos que têm o testemunho de Jesus; adora a
Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia.” Apocalipse 19:10.
E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-
me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E disse-me: Olha, não faças tal,
porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras
deste livro. Adora a Deus.” Apocalipse 22:8,9.
Que Jesus é Deus, isso é confirmado pelo registro escriturístico de que Ele recebeu
adoração sem repreender o adorador. “Dizendo-lhes ele essas coisas, eis que chegou um
chefe e O adorou, dizendo: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a Tua
mão, e ela viverá.” Mateus 9:18. “E eis que veio um leproso e O adorou, dizendo: Senhor,
se quiseres, podes tornar-me limpo.” Mateus 8:2.
“Então, chegou ela e adorou-O, dizendo: Senhor, socorre-me.” Mateus 15:25. “Então,
aproximaram-se os que estavam no barco e adoraram-No, dizendo: És verdadeiramente o
Filho de Deus.” Mateus 14:33.
Evidências do Espírito de Profecia de que Cristo É o Deus Eterno
Apesar de muitos de nossos pioneiros, como J. H. Waggoner e Urias Smith, não crerem na
existência eterna de Jesus Cristo [N.T.: Eles não foram nesse engano até o fim de suas
vidas; depois reconheceram e aceitaram a verdade], a irmã White, sob inspiração, tornou
clara a eterna existência de Cristo. “Jesus não é somente nosso Pastor, Ele é nosso ‘Pai
Eterno’”. O Desejado de Todas as Nações, pg. 483.
“Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada… A divindade de Cristo é a
certeza de vida eterna para o crente… Aquele que estava, Ele próprio, prestes a morrer na
cruz, retinha as chaves da morte, vencedor do sepulcro, e afirmou Seu direito e poder de
dar vida eterna.” O Desejado de Todas as Nações, pg. 530.
“Apresentando a Cristo ao tempo em que Ele estava em igualdade com Deus e com Ele
recebendo homenagem dos anjos, o apóstolo traçou Seu caminho até que Ele alcançou as
mais baixas profundezas da humilhação… Ele mostrou como o Filho de Deus tinha posto
de lado Sua glória, submetendo-Se voluntariamente às condições da natureza humana; e
então Se humilhara como servo, tornando-Se obediente até à morte, ‘e morte de cruz’
(Filip. 2:8).” Atos dos Apóstolos, pg. 333.
“Cristo é o Filho de Deus, preexistente, existente por Si mesmo… Falando de Sua
preexistência, Cristo conduz a mente através de séculos incontáveis. Afirma-nos que
nunca houve tempo em que Ele não estivesse em íntima comunhão com o eterno Deus.
Aquele cuja voz os judeus estavam então ouvindo estivera com Deus como Alguém que
vivera sempre com Ele.” Evangelismo, pg. 615.
“Ele era igual a Deus, infinito e onipotente… É o Filho eterno, existente por Si
mesmo.” Evangelismo, pg. 615, citado de Manuscrito 101, 1897.
“O nome de Deus, dado a Moisés para exprimir a ideia da presença eterna, fora reclamado
como Seu pelo Rabi da Galileia. Declarara-Se Aquele que tem existência própria.” O
Desejado de Todas as Nações, pgs. 469, 470.
“Desde os dias da eternidade o Senhor Jesus Cristo era um com o Pai; era ‘a imagem de
Deus’, a imagem de Sua grandeza e majestade, ‘o resplendor de Sua glória.’” O Desejado
de Todas as Nações, pg. 19.
“Ao transpor as portas celestiais, foi Jesus entronizado em meio à adoração dos anjos.
Tão logo foi esta cerimônia concluída, o Espírito Santo desceu em ricas torrentes sobre os
discípulos, e Cristo foi de fato glorificado com aquela glória que tinha com o Pai desde toda
a eternidade.” Atos dos Apóstolos, pgs. 38, 39.
“O Senhor Jesus Cristo, o divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade, uma pessoa
distinta, contudo um com o Pai. Ele era a transcendente glória dos Céus.” Review &
Herald, 5 de abril de 1906.
“Falando de Sua pré-existência, Cristo conduz a mente de volta às eras infindáveis. Ele
nos assegura de que nunca houve um tempo em que Ele não estivesse em íntima
comunhão com o Deus Eterno.” Signs of the Times, 29 de agosto de 1900.
“Aqui Cristo lhes mostra que, embora eles achem que Sua vida tenha menos que
cinquenta anos, contudo Sua vida divina não pode ser considerada pelo cômputo
humano.” Signs of the Times, 3 de maio de 1899.
“Desde a eternidade, esteve Cristo unido ao Pai, e quando assumiu a natureza humana,
era ainda um com Deus.” Mensagens Escolhidas I, pg. 228.
“Cristo era essencialmente Deus, e O era no mais alto sentido. Ele estava com Deus
desde a eternidade. Bendito para todo o sempre.” Review & Herald, 5 de abril de 1906.
“A Palavra existia como um ser divino, mesmo como o Eterno Filho de Deus, em união e
unidade com Seu Pai. Desde a eternidade fora o Mediador do concerto, Aquele em quem
todas as nações da Terra, tanto judeus como gentios, caso O aceitassem, seriam
abençoados. ‘O Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.’ João 1:1. Antes que os
homens ou os anjos fossem criados, o Verbo estava com Deus e era
Deus.” Evangelismo, pgs. 615, 616, citado de Review & Herald, 5 de abril de 1906.
Quão humilhados ficamos quando reconhecemos que foi o Poderoso Deus, o Pai Eterno,
quem veio à Terra na natureza da humanidade, a fim de nos redimir. Esta verdade
melhora grandemente nossa compreensão do infinito sacrifício de ambos, o Pai e o Filho,
na oferta sacrifical do Calvário.

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