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Comboni

Dedicação total – amor à Cruz

Cristo, modelo de dedicação total


Cristo, ao tomar consciência da sua missão, entrega-se sem reservas até à cruz.
É no Baptismo que Ele é confirmado na sua missão de Filho de Deus, ao sentir a voz do Pai:
“Tu és o meu Filho muito amado”.
A partir daí, com a força do Espírito Santo, Ele entrega-se de alma e coração à missão do
anúncio da Boa Nova aos pobres e à libertação dos infelizes da terra.
“O Filho do Homem veio para dar a vida” (Mc 10,45)

Os discípulos são chamados a seguir as suas pisadas:


“Se alguém quiser seguir-Me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.
Quem quiser ganhar a sua vida, há-de perdê-la, e quem perder a sua vida por Mim
e pelo Evangelho, salvá-la-á!” (Mc 8,34-35)

Comboni
A certeza da sua vocação missionária africana, leva-o à dedicação total até abraçar a cruz.
Porque as obras de Deus nascem e crescem aos pés do calvário.

1. A certeza da sua vocação e a dolorosa separação dos pais:


“Sinto-me inclinado a seguir o árduo caminho das missões e, precisamente o da África
Central. Desde há muito que estou suspirando por este instante com maior ardor que o dos
namorados quando suspiram pelo momento da boda. Eu não tenho medo da vida nem das
dificuldades das missões, nem de nada, mas o que se refere aos meus pais faz-me tremer”.
“Depois de me ter aconselhado com Deus e com os homens, cheguei à conclusão de que as
missões são a minha verdadeira vocação. Além disso, o P. Marani assegura-me que a minha
vocação para as missões é das mais claras e evidentes. E, apesar da situação dos meus pais,
que eu lhe expus com toda a sinceridade, disse-me: Vá. Eu dou-lhe a minha benção. Confie
na Providência: o Senhor que lhe inspirou este projecto grandioso saberá cuidar dos seus
pais e consolá-los!”
(Cartas ao Pároco de Limone)

2. Morre o primeiro companheiro: P. Oliboni – renovação da sua entrega à missão


“Morreu, pois, um irmão nosso, queridíssimo pai, e a sua morte, longe de nos intimidar, dá-
nos maior ânimo para permanecermos firmes na grande tarefa. Não duvide, querido pai:
tornei-me missionário para trabalhar pela glória de Deus e consumir a minha vida pelo bem
das almas” (Carta ao pai – 29 de Março de 1858)

3. Plano para a regeneração da Nigrícia (1864)


“Para aquelas almas abandonadas se dirigiram sempre todos os pensamentos da nossa vida
e por elas gostaríamos de derramar o nosso sangue até à última gota!”

“A África e os pobres negros apoderaram-se de tal modo do meu coração, que vivo só para
eles!”

“A miséria lastimável dos pobres negros pesa imensamente no meu coração, e não há
sacrifício que eu não me sinta disposto a abraçar pelo bem deles. Se V. Ex.cia não aprovar o
plano, eu farei outro; se não acolher este, prepararei um terceiro, e assim por diante até à
morte (Ao Cardeal Barnabó – 1865)

“Se o Papa, a Propaganda Fide e todos os bispos do mundo se opusessem, eu baixaria a


cabeça durante um ano, e depois apresentaria um novo plano: mas desistir de pensar na
África, nunca, nunca ...” (ao P. Francisco Brícolo – 1865)

“Comboni não pode viver senão para a África e para aquilo que está relacionado com a
África” (Ao Cónego João Crisóstomo – 1865)

4. Comboni fundador (1867) – a certeza de que a obra é de Deus


“Não pouparei nem esforços, nem viagens, nem vida, para triunfar na empresa; morrerei
com a África nos lábios. Uma multidão de cruzes caíram sobre a minha cabeça; mas sinto-
me mais animado que antes” (Ao Cónego João Crisóstomo – 1867)

“a cruz e as tribulações são necessárias para que a obra avance”


(a D. Luís de Canossa – 1867)

“Eu não tenho senão uma vida para consagrar à salvação daquelas almas: quereria ter mil
para consagrá-las todas a tal fim. Portanto, não cessarei de pedir a V. Ex. cia e a essa
Cátedra de Pedro dirijam o olhar para aqueles 100 milhões de almas que povoam as imensas
regiões da África Central, sobre as quais pesa a terrível maldição”
(Ao cardeal Barnabó – Por altura do Concílio Vat. I - 1870)

5. Na responsabilidade da Missão da África Central (1872-1881)


“O primeiro amor da minha juventude foi para a infeliz Nigrícia ...
Já sou vosso pai, e vós sois os meus filhos, e como tais pela primeira vez vos abraço e
estreito ao coração...
Regresso para o meio de vós para nunca mais deixar de ser vosso, e para estar sempre
inteiramente consagrado ao vosso maior bem. O dia e a noite, o sol e a chuva, encontrar-me-
ão sempre igual e pronto para as vossas necessidades espirituais: o rico e o pobre, o são e o
enfermo, o jovem e o velho, o patrão e o servo terão sempre, e com o mesmo direito, acesso
ao meu coração. O vosso bem será o meu, as vossas penas serão também as minhas. Começo
a comungar os problemas de cada um de vós e o mais feliz dos meus dias será aquele em que
eu puder dar a vida por vós”
(Homilia em Cartum – 11 de Maio de 1873)

6. Momentos difíceis – seca, fome, doenças e morte (1879)


Seca, chuva e epidemia – morrem 3 sacerdotes, duas religiosas, e mais de metade dos irmãos
leigos.
“Embora oprimido por estas dolorosas angústias e atingido por tão grandes calamidades,
nunca perdi a coragem; pelo contrário, alegro-me por participar na paixão de Jesus Cristo”
(1878)

“O que mais inundou o meu coração de profunda aflição e angústia, até quase morrer de dor,
foi o rude golpe que as privações, as doenças e a própria morte causaram ao pessoal activo
da missão. Tudo isto, porém, graças a Deus, não conseguiu abalar a nossa coragem, nem
destruir a força do nosso espírito; pelo contrário, todas estas violentas provas, estas
tremendas calamidades e todas as penosas tribulações contribuíram grandemente para
fortalecer a nossa coragem, para pormos totalmente a nossa confiança no Deus
misericordioso, que nos precedeu no caminho da cruz e do martírio” (A D. Luís de Canossa –
1879)
“Escrevo poucas linhas porque me encontro destroçado por causa das febres, das
tribulações, do cansaço e da angústia do coração. As obras de Deus, por lei adorável da
Providência, devem nascer e prosperar aos pés do calvário. A cruz e o martírio são a vida do
apostolado nas nações infiéis, e a África Central converter-se-á certamente à verdadeira fé
pela cruz e o martírio. Embora destroçado no corpo, pela graça do Coração de Jesus o meu
espírito permanece firme e vigoroso; e eu estou disposto, como tenho estado há trinta anos, a
sofrer seja o que for e a dar mil vezes a vida pela redenção da África Central” (Ao Card.
João Simeone – Jan de 1879)

7. Formar missionários santos e capazes – Regras do Instituto das Missões para a


Nigrícia (1871)
“O pensamento perpetuamente dirigido ao grande fim da sua vocação apostólica deve
produzir nos alunos do Instituto o espírito de sacrifício. Formar-se-ão nesta disposição
essencialíssima com o ter os olhos sempre fixos em Jesus Cristo, amando-O ternamente e
procurando compreender cada vez melhor o que quer dizer um Deus morto na cruz pela
salvação das almas. Se com viva fé contemplarem e saborearem um mistério de tanto amor,
serão felizes de oferecer-se a perder tudo e a morrer com Ele e por Ele” (Cap. X das regras)

Com o sinal da cruz


A primeira viagem missionária de Comboni teve dois extremos geográficos
significativos: o Calvário e a estação de Santa Cruz
“Beijei a terra onde pousou a cruz na qual foi estendido e cravado Jesus Cristo ... e depois,
passos além, detive-me onde a cruz foi erguida... desatei em lágrimas. Depois de todos os
outros, aproximei-me eu também, e beijei muitas vezes aquele buraco abençoado”
(Carta aos pais – 1857)

Já na missão de Santa Cruz


“Aqui morre-se da noite para o dia. Não dá tempo para a gente se preparar: é preciso
estarmos sempre prontos. Em poucas horas, uma febre arrasta-te e leva-te à beira da morte”
(Carta ao pai – 1858)

As fundações dos institutos de Verona e do Cairo sob o signo da cruz


“O Homem-Deus não poderia ter encontrado melhor maneira de mostrar a sua sabedoria do
que fabricando a cruz: esta é o verdadeiro conforto, o sustento, a força das almas justas; é
esta que forma as almas grandes e as torna aptas a permanecerem firmes e realizarem
grandes coisas para a glória de Deus e a salvação das almas”
(Carta ao P. Luís Artini, camiliano – 1868)

Calúnias e o casamento com a cruz


“Vejo e compreendo que a cruz é tão minha amiga e está sempre tão perto de mim, que já há
algum tempo a escolhi para minha esposa inseparável e eterna”
(Carta ao Card. Barnabó – 1868)

“As obras de Deus têm de ter cruzes, porque todas nascem aos pés do calvário” (1878)
“Quase toda a minha acção actual está consagrada a suportar o violento choque da
tribulação que invade o Vicariato desde há mais de seis meses, e a debelar as suas
consequências, isto é, a fome, a sede e a carestia de tudo ... As obras de Deus devem nascer e
crescer aos pés do Calvário” (1878)

“Mas perante estas grandes calamidades ficarão o espírito e o coração do missionário


abatidos pelas dificuldades, pelos desastres e pelos males? Nunca. O verdadeiro apóstolo
nunca deve recuar perante qualquer obstáculo nem perante a morte. Ele deve triunfar
mediante a cruz e o martírio” (1878)

“O caminho que Deus me traçou é a cruz.


No dia 15 deste mês, completei 50 anos ... Meu Deus, ficamos velhos e aumentam as minhas
penas e cruzes. Mas sei que estas cruzes vêm de Deus e por isso conto com a sua divina
ajuda: o cruz, salve, única esperança!”
(1881)
Hino à cruz

O Salvador do mundo
Realizou as suas maravilhosas conquistas das almas
Com a força desta cruz,
Que destruiu o paganismo,
derrubou os templos profanos,
desorientou as potências do inferno,
e tornou-se altar não apenas de um templo,
mas altar do mundo inteiro.

Esta cruz que tomou o seu voo do alto do Gólgota


E que encheu o mundo com a sua potência,
Que recebeu adoração nos templos,
A maior veneração nas cidades reais,
É respeitada como símbolo nas bandeiras
E hasteada nos mastros dos navios.
Ela deu a consagração aos sacerdotes
E uma coroação sagrada aos monarcas.
Comunicou entusiasmo ao peito dos heróis.

Terra, mar e céu reconhecem a cruz


Que em toda a parte é honrada.
Entre as dores e os espinhos
Nasceu e cresceu a Obra da Redenção
E por isso ela mostra um desenvolvimento admirável
E um futuro consolador e feliz.

A cruz tem a força de transformar a África Central


Na terra de benção e de salvação.
Dela brota uma virtude,
Que é doce e não mata,
Que renova e desce sobre as almas,
Como um orvalho restaurador.
Dela brota uma grande potência
Porque o Nazareno, suspenso no madeiro da cruz,
Com uma mão estendida para o Oriente e outra para o Ocidente,
Recolheu os seus eleitos de todo o mundo no seio da Igreja.

Com as mãos perfuradas, como outro Sansão,


Abalou as colunas do templo,
Onde desde há tantos séculos se adorava o poder do mal.
Sobre estas ruínas Ele plantou a cruz
Operadora de maravilhas
Que tudo atraiu a si.
Comboni

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