Teorema de Stevin

1. O Líquido Ideal

No estudo dos líquidos consideraremos um

líquido ideal, aquele que goze das seguintes
propriedades:

Sejam P, o peso da porção líquida contida

na região do cilindro, F1, a força que o
líquido externo ao cilindro aplica na parte
superior do cilindro, F2, a força aplicada na
parte inferior, h a altura do cilindro e A, a
sua área de base.

2. Teorema de Stevin

Simon Stevin (1548 a 1620), físico e

matemático holandês, contribuiu para o
desenvolvimento da Estática e Hidrostática.
Consideremos um recipiente em repouso,
contendo uma massa de um fluido
homogêneo, incompressível e em equilíbrio,
sob a ação da gravidade.

Como o líquido se encontra em equilíbrio,

então,

Como P = m · g e p = , então, F = p · A,
substituindo em ( I ), temos:

p2 · A = p1 · A + m · g (II)
Dentro deste recipiente, vamos delinear
uma região em forma de um cilindro.
Como e o volume do cilindro é V = A ·
h, então,
Substituindo em (II), temos:

p2 · A = p1 · A + · A · h · g, dividindo por
A, temos: 3. Teorema dos Pontos Isóbaros

Os pontos 1 e 2 são dois pontos quaisquer

no interior do líquido. Exemplo 1 – Uma piscina de profundidade
5 m está completamente cheia de água,
cuja massa específica é de 1 g/cm 3, num
local onde g = 10 m/s 2 e a pressão
atmosférica de 105 N/m2. Calcule a pressão
que o fundo da piscina suporta.

Resolução

h=5m
= 1 g/cm3 = 103 kg/m3
g = 10 m/s2
patm = 105 N/m2
p = patm+ ·g ·h
p = 105 + 103 · 10 · 5
p = 105 + 0,5 · 105
p = 1,5 · 105 Pa

Através do exemplo visto, percebemos que,

A relação · g · h (massa específica do a cada 10 m de profundidade em água, a
líquido x a aceleração da gravidade x o pressão se eleva de
desnível h entre dois pontos) é chamada de 1 · 105 N/m2, ou seja, aumenta um valor
pressão hidrostática (ou pressão efetiva), igual ao da pressão atmosférica.
ou seja, a pressão exercida pela camada de
líquido. Podemos aproveitar o exemplo para
Se o ponto 1 coincidir com a superfície do construir o gráfico da pressão em função da
líquido, então, p1 = p atm (pressão profundidade.
atmosférica), e se o ponto 2 coincidir com o
fundo do recipiente, temos:

4. Paradoxo Hidrostático

Os três vasos da figura abaixo têm bases

com a mesma área S e contêm o mesmo
líquido até a mesma altura h.
 Como o tubo não continha ar, forma-se
então no fundo do tubo uma região de
vácuo.

Se a experiência for feita ao nível do mar

(patm = 1 atm), a altura h é de 76 cm, para
qualquer que seja o comprimento do tubo
No vaso 1, há um peso maior de líquido; (maior do que 76 cm).
assim, como a pressão é o quociente entre
o peso e a área, a pressão no fundo do Tubo com Água
recipiente 1 deveria ser maior. No entanto,
a pressão no fundo é a mesma nos três Se o mercúrio usado na experiência de
recipientes. Torricelli for substituído por água, vamos
determinar a nova altura da coluna.
A explicação desse paradoxo está no
Teorema de Stevin pois a pressão que um patm = 1,013 · 105 Pa
líquido exerce sobre o fundo de um
reservatório, independe da forma do = 1 g/cm3 = 103 kg/m3
reservatório, dependendo somente de g h. g = 9,8 m/s2
patm = µ · g · h
5. Experiência de Torricelli 1,013 · 105 = 103 · 9,8 · h
h = 10,3 m
A experiência de Torricelli (físico e
matemático italiano) consiste na Assim, a pressão atmosférica ao nível do
determinação da pressão atmosférica num mar é igual à pressão exercida por uma
determinado local. coluna de 10,3 metros de água.

Torricelli tomou um tubo completamente patm = 10,3 m · c · a

cheio de mercúrio e um recipiente também
contendo mercúrio. m.c.a = metro de coluna de água

Se arredondarmos, patm = 10 m · c · a

Uma bomba de sucção, usada para puxar

água, jamais poderá ser usada para fazer
isso em uma altura superior a 10,3 metros.

O pistão é que retira ar do tubo para a água

subir. A água sobe em razão da diferença
de pressão externa e interna do tubo.
O tubo cheio de mercúrio é tampado e
mergulhado no recipiente. Depois de
mergulhado, o tubo é aberto. Nota-se,
então, que a camada de mercúrio desce
e estaciona a uma certa altura,
conforme a figura. Essa altura depende
da altitude do local em que foi feita a
experiência.

A maior altura h ocorre ao nível do mar,

onde a pressão atmosférica é máxima.
Exemplo 2 – Realiza-se a experiência de
Torricelli no alto de uma montanha, local
em que a gravidade vale
10 m/s2 e verifica-se que a altura da coluna
de mercúrio é de 70 cm. Sabendo que a
massa específica do mercúrio vale 13,6 ·
103 kg/m3, calcule a pressão atmosférica no
local em cmHg, mmHg e N/m2.
Resolução
Sejam µ1 a massa específica do líquido 1 e
h= 70 cm = 700 mm = 0,7 m µ2 a massa específica do líquido 2; a partir
g= 10 m/s2 do teorema de Stevin, temos:
µ= 13,6 · 103 kg/m3
patm = 70 cmHg p1 = patm = µ1 · g · h1
patm = 700 mmHg.
p2 = patm = µ2 · g · h2

Como pontos de mesma altura, num

mesmo líquido homogêneo em equilíbrio,
patm = · g · h = 13,6 · 103· 10 · 0,7 suportam a mesma pressão:

patm = 9,5 · 104 Pa p1 = p2

patm = µ2 · g · h1 = patm = µ2 · g · h2

6. Vasos Comunicantes

Dado um vaso em forma de U, contendo Exemplo 3 – Dois líquidos não-miscíveis

um líquido homogêneo em equilíbrio, o estão em equilíbrio conforme a figura
nível das suas colunas é o mesmo. abaixo. Calcule a relação entre as massas
específicas dos líquidos A e B.

Se colocarmos dois líquidos não-miscíveis

(que não se misturam), pode ocorrer um
equilíbrio com desnível das colunas. Resolução

hA = 10 cm
hA = 10 cm
hB = 12 cm
PA = PB
Patm + µA · g · hA = Patm + µB · g · hB
µA · ha = µB · hB
µA · 10 = µB · 12
Exemplo 4 – Quando tomamos
refrigerante por um canudo, aspiramos o
líquido e esse sobe até a boca. Explique por
que o líquido sobe.

Resolução

Quando aspiramos, diminuímos a pressão

no interior da boca, puxando o ar para o
interior do pulmão.

Como o ar externo pressiona a superfície do

líquido, este sobe pelo canudo até atingir a
boca.

pboca < patm refrigerante sobe