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Brasília-DF.
Elaboração
Iolana Campestrini
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS........................................................................................... 11
CAPÍTULO 1
PERÍCIA DE COMBUSTÍVEIS...................................................................................................... 11
CAPÍTULO 2
PERÍCIA DE INCÊNDIO............................................................................................................. 27
CAPÍTULO 3
PERÍCIA DE MEDICAMENTOS, COSMÉTICOS E SANEANTES....................................................... 35
CAPÍTULO 4
PERÍCIAS EM MATERIAL GENÉTICO........................................................................................... 51
CAPÍTULO 5
QUÍMICA DE EXPLOSIVOS........................................................................................................ 63
UNIDADE II
FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO............................................... 69
CAPÍTULO 1
ANÁLISE DE MATERIAIS SUSPEITOS DE CONTER SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES E PSICOTRÓPICAS.... 69
CAPÍTULO 2
DROGAS DE ABUSO EM MATRIZES BIOLÓGICAS....................................................................... 83
CAPÍTULO 3
DOPING ESPORTIVO: EXAMES ANTIDOPING............................................................................. 99
CAPÍTULO 4
PLANTAS ALUCINÓGENAS...................................................................................................... 107
UNIDADE III
EMPREGO DA MICROSCOPIA EM IDENTIFICAÇÕES QUÍMICAS FORENSES........................................... 115
CAPITULO 1
CONCEITOS GERAIS.............................................................................................................. 115
CAPÍTULO 2
APLICAÇÕES DA MICROSCOPIA EM CIÊNCIAS FORENSES..................................................... 121
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 129
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Neste material serão descritos procedimentos empregados em perícias para elucidar os
fatos envolvidos em crimes.
Por fim, será apresentada a Microscopia como uma importante técnica na solução de
casos criminais, com foco especial em balística – ciência que estuda os projéteis e seus
efeitos ao serem utilizados em um crime e que tem como objetivo a identificação da
arma de fogo utilizada na cena do crime.
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deteriorados, contaminados, ou são completamente desconhecidos, exigindo um
conhecimento abrangente do perito. Além disso, nem sempre as técnicas, reagentes
estão disponíveis para aquela análise mais simples e rápida, exigindo do perito
criatividade, dinamismo, além de conhecimento.
Objetivos
»» Apresentar os conceitos e fundamentos básicos de perícias criminais de
diferentes áreas, bem como os procedimentos empregados.
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PROCEDIMENTOS UNIDADE I
UTILIZADOS EM PERÍCIAS
CAPÍTULO 1
Perícia de Combustíveis
Tanto uma simples diluição ou a adulteração e falsificação dos combustíveis resulta numa
formulação de qualidade inferior àquela especificada pela ANP. Como consequência,
essa má qualidade leva a prejuízos diversos aos consumidores: transtornos gerados por
problemas mecânicos nos motores dos veículos, prejuízos em razão da sonegação fiscal
vinculada à adulteração, além de estimular a concorrência desleal que, muitas vezes,
pode estar relacionada com grandes organizações criminosas.
Fonte: Pixabay 1.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
De acordo com essa resolução, estão submetidos às regras dessa resolução os seguintes
combustíveis (ANP, 2017a):
»» Etanol combustível.
»» Óleo combustível.
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
é aberta e o eixo puxa o pistão para baixo. Com a abertura da válvula, a mistura de ar e
vapor de gasolina é “aspirada” em direção à câmara de combustão. Nesse momento, o
pistão encontra-se no “ponto morto inferior” e faz com que a válvula de admissão seja
fechada, completando o primeiro estágio do motor.
Por fim, no 4º tempo, chamado de Escape, ocorre a liberação de gases residuais devido
à combustão incompleta da gasolina. Essa liberação ocorre, pois após a queima, a
pressão contra o pistão é aliviada, fazendo com que este suba para a posição superior do
cilindro novamente, carreando com ele os resíduos gerados na combustão da mistura
combustível.
Gasolina
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
Querosene
Óleo Diesel
Petróleo
bruto
Óleo combustível
Para que qualquer gasolina automotiva seja comercializada em território nacional, deve
atender integralmente à Resolução ANP n° 40/2013, que compreende o Regulamento
Técnico ANP n° 3/2013.
Considera-se gasolina adulterada aquela que não está dentro das especificações
legais. Dentre as principais adulterações praticadas na gasolina estão:
Vale saber que a Lei fixa em 2% o limite máximo de solvente a ser misturado na gasolina
e em 27% a adição permitida de etanol combustível à gasolina automotiva, desde que o
etanol anidro; é proibida a adição de etanol hidratado à gasolina. Na gasolina premium,
o máximo permitido de etanol anidro é de 25%
Fonte: Pixabay 2.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
Já a adição de óleo diesel, por exemplo, à gasolina pode ser identificada submetendo
uma amostra do combustível à luz ultravioleta. A gasolina não apresenta interação
com a luz ultravioleta, enquanto que o óleo diesel sim; a incidência dessa luz no óleo
diesel faz com que este emita uma radiação fluorescente, tornando com aspecto turvo.
Ao ser notada essa turbidez na amostra de gasolina ao ser submetida à luz ultravioleta,
há indicativo de adulteração por óleo diesel.
Álcool
O etanol, cuja fórmula molecular é C2H6O (Figura 4), é produzido especialmente
via fermentação de açúcares. No Brasil, o etanol combustível é obtido a partir da
cana-de-açúcar, sendo uma opção de combustível considerada ecologicamente correta;
além de emitir menores teores de poluentes ao meio ambiente, os canaviais auxiliam
na absorção do gás carbônico (CO2) emitido a partir da queima dos combustíveis, o
que contribui com as questões climáticas.
Pela razão mencionada acima, o etanol combustível tem sido cada vez mais utilizado
como um biocombustível em motores de combustão interna com ignição por centelha
(Ciclo Otto) como uma alternativa à gasolina e a outros combustíveis fósseis.
H3C-CH2-OH
Fonte: Pixabay 3.
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
Com essa norma, a Resolução ANP nº 712, de 27/11/2017, estipulou o prazo de 10/3/2018
para que todos os emissores de certificados de qualidade e boletins de conformidade
contemplem essa característica em todo o produto comercializado no Brasil.
Diesel
O óleo diesel é um combustível líquido derivado de petróleo, constituído por hidrocarbonetos
com cadeias entre 8 e 16 carbonos, mais pesados que aqueles hidrocarbonetos
constituintes da gasolina. Além de hidrocarbonetos, fazem parte da composição do óleo
diesel: nitrogênio, enxofre e oxigênio, embora em concentrações muito menores.
O Diesel é utilizado principalmente nos motores ciclo Diesel (de combustão interna
e ignição por compressão) de veículos rodoviários, ferroviários e marítimos e em
geradores de energia elétrica.
Para atender às diversas aplicações do produto, vários tipos de diesel são encontrados
no mercado. No território nacional, a ANP estabelece (ANP, 2017b):
S + O2 → SO2
SO3 + H2 O → H2 SO4
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
N2 + 2O2 → 2NO2
Dentre as legislações que regem o óleo Diesel, destacam-se aqui aquelas relacionadas a
sua utilidade para fins aquaviários ou rodoviários:
Biodiesel
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
O Biodiesel pode ser utilizado como combustível em substituição ao óleo diesel de origem
fóssil, apenas após passar por processos de purificação. Sua utilização é permitida
para motores que funcionam com o ciclo diesel (motores de ignição por compressão),
sendo uma alternativa ao óleo diesel de fonte renovável e livre de enxofre, logo, menos
poluente.
Como matéria prima são empregados diferentes óleos vegetais. No Brasil, a maior
produtividade de Biodiesel é realizada com óleo de babaçu (15000 kg/ha.ano), seguido
de óleo de dendê (10000 kg/ha.ano) e em menor quantidade óleo de soja, algodão,
amendoim, gergelim, mamona (~2000 kg/ha.ano), dentre outros (SOUZA, 2007).
A Lei n 11.116/2005, em seu artigo 11, dispõe sobre a decisão da ANP em implementar
a adição de marcador do biodiesel puro (B100), produzido no Brasil ou importado,
a ser misturado ao óleo diesel, permitindo a identificação e quantificação rápidas do
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
Fonte: Pixabay 4.
Por ter inúmeras opções de óleo diesel disponíveis aos consumidores como visto
anteriormente, é difícil para o consumidor identificar uma possível fraude ou
adulteração. Até mesmo quando falamos apenas em óleo diesel automotivo, são duas
as opções possíveis: A versão S-10, com menor teor de enxofre, e a versão S-500, com
maior teor de enxofre.
Assim como para os demais combustíveis, a adulteração do óleo diesel pode trazer prejuízos
ao consumidor, tanto em questões de problemas mecânicos com seus automóveis, como
financeiros por estarem pagando caro por um produto de má qualidade.
»» Álcool ou querosene.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
»» O óleo diesel S-10, com baixo teor de enxofre: límpido (sem turbidez) e
apresenta coloração de incolor a amarelo claro.
»» O óleo diesel S-500, com alto teor de enxofre: límpido (sem turbidez) e
apresenta coloração vermelha.
A adição de água pode ser identificada separando uma quantidade do óleo diesel e
mantendo-o em repouso num frasco de vidro por alguns minutos. A água, por apresentar
propriedade físico-química polar é imiscível no óleo diesel, que apresenta propriedade
físico-química apolar, a exemplo de óleo de cozinha e água. Logo, ao manter o produto
em repouso pode-se notar a separação de fase, no caso de uma adição fraudulenta de
água ao produto.
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
A gasolina comum, por exemplo, tem densidade de 0,75 g/mL. Uma densidade menor
do que este valor irá indicar a adulteração por líquidos/solventes menos densos como o
etanol. E um valor maior indicar a adição de líquidos mais densos.
Posteriormente, é realizada uma análise de teor de água pelo método de titulação por
oxirredução com Iodo (Método de Karl Fisher). Os combustíveis devem obedecer a
legislação quanto ao teor de água; a simples adição de álcool não anidro (que contém
água em sua composição) à gasolina pode ser detectado por meio do método Karl Fisher
(titulação oxirredução). A legislação atual prevê teor de até 0,4% de água no etanol
anidro e de até 4,9% de água no etanol hidratado. Enquanto que a gasolina deve ser
isenta de água.
O método de Karl Fisher é baseado na reação de oxirredução entre uma solução de Iodo
e a água presente no meio, de acordo com a equação:
A quantidade de etanol anidro adicionada à gasolina, por exemplo, pode ser medida
com a adição de uma solução de NaCl e água. Esse procedimento permite a separação
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
de fases entre a gasolina e o álcool anidro, pois o álcool se mistura à solução de NaCl,
enquanto a gasolina não se mistura. Como consequência, ocorre a separação de fases.
Após esses testes preliminares, as técnicas a serem utilizadas para análise de combustíveis
são baseadas na cromatográfica gasosa com detector por ionização em chama ou,
em alguns casos específicos, é necessário o emprego de equipamentos acoplados a
detectores espectrômetros de massas, devido a sua especificidade. Tais equipamentos,
são denominados cromatógrafos a gás.
Essas técnicas são capazes de separar os componentes presentes nos combustíveis; essa
separação ocorre quando a amostra é submetida a passar por um capilar metálico que
contém em seu interior um material polimérico adsorvente, por meio de uma pressão
negativa promovida pela passagem de um gás inerte (nitrogênio, hidrogênio ou hélio).
Dessa maneira, os compostos mais voláteis, que são menos absorvidos no material
polimérico, percorrem o capilar mais rapidamente, que aqueles componentes menos
voláteis e mais pesados. Ao saírem desse capilar, são submetidos à queima no detector
por ionização em chama, e devido à energia emitida ao serem queimados, geram um
sinal analítico que será proporcional ao seu teor presente na amostra. O gráfico gerado
relacionando a intensidade do sinal analítico gerado e o tempo em que a amostra
permaneceu no capilar, é denominado de cromatograma, é a partir desse gráfico que
toda a análise é realizada.
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
Ao perfil dos íons gerados para uma dada molécula (quais íons e em quais proporções), o
qual é visualizado pelo espectrômetro de massas, dá-se o nome de “espectro de massas”
de uma molécula. Diz-se que o espectro de massas é o RG de uma molécula orgânica,
tamanha a sua especificidade. Daí a sua vasta aplicação na área de identificações em
química.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
Quadro 1. Resumo: adulterações, especificações e análises relacionadas à gasolina, etanol e óleo diesel
combustíveis (Fonte: elaboração própria).
Adição de álcool etílico anidro acima do Gasolina comum: até 27% Análise de proveta: mistura de gasolina e
teor permitido Gasolina premium: até 25% água 50:50 (v:v).
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CAPÍTULO 2
Perícia de Incêndio
O objetivo principal das perícias de incêndio é garantir a segurança, fazendo com que a
estabilidade da estrutura submetida ao incêndio seja preservada, evitando a extensão
dos danos. Dessa maneira, a perícia inicia-se no entendimento das possíveis causas e da
extensão dos danos causados pelo incêndio.
Fundamentos de incêndio
Os incêndios só ocorrem a partir da combinação de três fatores, tais quais:
a. presença de um combustível;
b. presença de um comburente;
a. Ação Humana – Deve ser utilizada essa opção de “causa”, quando não
tivermos certeza se a ação humana foi ou não intencional. Alguns exemplos
são: imperícia, imprudência, negligência, fraude, terrorismo, falhas de
projeto, de construção, de manutenção (preventiva, programada, etc.),
de instalação, e etc.
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
É evidente que os danos causados por um incêndio decorrem do intenso calor do fogo.
Contudo, a intensidade dos danos depende das circunstâncias e do período de duração
em que o incêndio se manteve ativo, causando danos.
Fonte: Pixabay 5.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
As fases de um incêndio
As fases padrões de um incêndio são de extrema importância para se avaliar quão
danificada está a estrutura incendiada, os possíveis riscos, além de poder indicar o
ponto inicial de um incêndio. As principais fases são:
Inicia-se a fase de queima livre, na qual os gases aquecidos preenchem a parte superior
do ambiente, onde a temperatura pode exceder a 700º C. Como consequência, nessa
temperatura diversos materiais são aquecidos drasticamente a ponto de atingir seu
ponto de ignição, e novas chamas são iniciadas; nesse momento, o ar próximo às chamas
é aquecido, diminuindo a sua densidade. Dessa maneira, o ar quente sobre, atingindo as
regiões próximas ao teto, enquanto o ar não aquecido, mais denso, permanece próximo
ao solo. Essa é a fase de generalização do incêndio
Caso ocorra, após o flashover um calor intenso envolve todo o ambiente do local de
incêndio; níveis de oxigênio no ar caem para abaixo de 8%. Além disso, tem-se alta
concentração de gases combustíveis, devido a queima de matérias orgânicos, e a presença
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
de brasas com queima lenta. Nessa fase do incêndio, caso ocorra a entrada de grande
quantidade de oxigênio no local, como a entrada de ar devido à abertura de janelas e
portas, ocorre a fase de backdraft; a mistura de altas temperaturas com materiais em
queima lenta e elevadas concentrações de gases inflamáveis com a presença de ar rico
em oxigênio (abertura de portas e janelas) pode provocar uma explosão.
Na perícia, deve-se buscar identificar qual foi o caminho de propagação das chamas,
tentando localizar o ponto de início do fogo. Essa identificação dos caminhos das
chamas pode ser realizada avaliando-se os materiais queimados e suas características,
quanto aos pontos citados anteriormente.
O exame deve ser realizado do local menos queimado para o local mais queimado. No
caso de incêndios generalizados com queima total dos materiais de fácil combustão
não é possível a determinação da movimentação do fogo, bem como da sua origem e
destino. Neste caso, o recurso adequado é a análise laboratorial de amostras coletadas
no local e em zonas previamente selecionadas, para determinação de gases, líquidos e
de sólidos.
Um ponto importante é avaliar a presença de botijões de gás; eles podem ser partes
integrantes do local ou estarem posicionados em locais sem explicação (levados
intencionalmente para um local) sendo a fonte de material combustível para o início
do incêndio.
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
Fonte: Pixabay 6.
Incêndio em veículos
Quando não ocorre devido a ações intencionais ou acidentes veiculares, em geral,
ocorre pelo envelhecimento da mangueira de borracha que leva o combustível para o
motor e este, aquecido, provoca o incêndio. Portanto, deve-se examinar com atenção
as mangueiras.
Incêndio em imóveis
Nas residências, os riscos de incêndio podem ocorrer como consequência:
»» Do uso de velas.
Esses incêndios ocorrem principalmente pela ação intencional ao atear fogo por
vingança ou desequilíbrio mental (piromaníaco); pela negligência da população quando
iniciam as chamas para fins recreativos como fogueiras em acampamentos, caçadas ou
pescarias. e/ou por causas naturais como altas descargas elétricas devido a raios.
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CAPÍTULO 3
Perícia de medicamentos, cosméticos
e saneantes
Tipos de embalagem
De acordo com a Associação Brasileira de Embalagens são diversas as nomenclaturas
utilizadas (ABRE, 2018):
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
Primária
Secundária
Terciária
Fonte Pixabay 7.
Fonte: Pixabay 8.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
Medicamentos
Os medicamentos são regidos por diversas normas, sendo a Lei nº 6.360, de 23 de
setembro de 1976, a norma que dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos
os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, definidos em Lei
anterior (Lei 5.991 de 1973). Em seu artigo 12, traz:
Os peritos devem estar atentos a todo vestígio que indique uma possível anormalidade
e devem tomar as medidas cabíveis com relação aos suspeitos de conduzirem a fraude.
Fonte: Pixabay 9.
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
»» Número do lote.
Cada tipo de embalagem tem padrões específicos. Isso significa que padrões de um
tipo jamais poderão ser utilizadas em embalagem de outro tipo. Por exemplo: se a
produção é de uma ampola, as regras de embalagem de ampola devem ser atendidas,
e jamais deve se aplicar as regras de outros tipos de embalagem, como blister,
por exemplo.
»» Concentração.
»» Via de administração.
»» Volume, se aplicável.
»» Nº do lote.
»» Data de validade.
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
»» Presença de tinta reativa: tinta que ao ser friccionada com metal revela a
palavra “Qualidade”, e a logomarca do fabricante.
Essa falta de norma faz com que a fiscalização sobre esses produtos ocorra de maneira
pífia, abrindo margem a adulteração não só de embalagens, mas também de formulação.
Suplementos nutricionais
Um suplemento nutricional ou dietético é definido como um produto utilizado para
fornecer uma dieta. São produtos à base de vitaminas, minerais, extratos de plantas,
aminoácidos e/ou enzimas e metabólitos, comercializados em diferentes formas de
apresentação, tais como comprimidos, cápsulas, cápsulas gelatinosas, líquidos ou pós
(DSHEA, 1994).
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
DSHEA e FDA. A FDA é a agência de fiscalização responsável pela punição das empresas
que apresentarem qualquer irregularidade em seus produtos.
Não é de hoje que ouvimos notícias que relatam casos de intoxicação por ingestão de
alimentos contaminados, como o caso da adição de soda no leite, produto de limpeza
no achocolatado, produtos contaminados com gluten cujos rótulos não especificam
a isenção desse componente, dentre outros. Contudo, a devida atenção não tem sido
passada para os relatos de intoxicação, dentre outros problemas de saúde, relacionados
aos suplementos alimentares.
Outra problemática está relacionada ao fato de que alguns produtos como Whey
protein, são receitadas a pacientes debilitados por doenças graves, que tem dificuldade
na alimentação. Porém, caso o produto não atenda aos seus rótulos, o receituário não
atinge seu propósito e muitos saem perdendo. Além do mais, o risco de um quadro
alérgico em uma pessoa já debilitada torna-se ainda mais grave.
Toda essa problemática está relacionada a falta de legislação atual para normatizar e
regulamentar esse tipo de produto. Por ora, a ANVISA declara que qualquer produto
deve ter sua composição declarada nas embalagens e rótulos, de maneira que a
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
Cosméticos
Os produtos cosméticos, apresentam-se dentro do grupo de produtos tais quais produtos
de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes, os quais são regidos pelas mesmas normas.
De acordo com a Resolução RDC 07 de 2015:
São preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas
diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais
externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou
principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e ou corrigir odores corporais
e ou protegê-los ou mantê-los em bom estado.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
Podem ser classificados de acordo com a finalidade de uso, parte do corpo abrangida e
modo de usar e ainda, são classificados de acordo com o grau de risco que oferecem, sendo:
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
Tais resoluções foram também atualizadas pela Resolução RDC Nº 07, de 2015, trazendo
em seus artigos 7 e 8 as obrigatoriedades e requisitos para os rótulos das embalagens,
respectivamente.
Quadro 2. Quadro informativo que relaciona as informações obrigatórias a serem incluídas nas rotulagens primárias.
Item Embalagem
Nome do produto e grupo/tipo a que pertence no caso de não estar implícito nome Primária e Secundária
Conteúdo Secundária
Fabricante/Importador/Titular Secundária
Ingredientes/Composição Secundária
Um estudo realizado pela Fiocruz, no qual foi avaliada os desvios de integridade dos
cosméticos vendidos no Brasil, mostrou que os problemas dos produtos vão desde
parâmetros físico-químico, microbiológico e toxicológico, mas principalmente, de
rotulagem. Cerca de 95% (n=133) dos produtos avaliados, apresentaram alguma
inconformidade em seus rótulos (Rito et al., 2014). Esse é um problema grave,
levando em conta que os consumidores se baseiam na leitura dos rótulos dos
produtos cosméticos na hora da compra, visando identificar alguma substância
que lhe cause alergia, ter ciência de possíveis reações adversas, além de utilizarem
os rótulos no pós-compra para coletar instruções de uso apropriado, visando obter os
resultados esperados.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
Quadro 3. Informações indicativas que devem conter nos rótulos de protetor solares (Fonte: ANVISAa).
Baixa (FPS > 2 < 6) Pele pouco sensível “Oferece baixa proteção contra queimaduras solares”
Moderada (FPS > 6 < 12) Pele sensível “Oferece moderada proteção contra queimaduras solares”
Alta (FPS > 12 < 20) Pele muito sensível “Oferece alta proteção contra queimaduras solares”
Muito alta (FPS > 20) Pele extremamente sensível “Oferece muito alta proteção contra queimaduras solares”
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
Além das informações citadas acima, algumas expressões são obrigatórias nas embalagens
de protetores solar:
“É necessária a reaplicação do produto para manter a sua efetividade”
Saneantes
Saneantes são todos os produtos utilizados na limpeza dos ambientes. Como por exemplo:
»» Detergente líquido.
»» Cera.
»» Água sanitária.
»» Desinfetante.
Fonte: PxHere_1.
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
Alertas:
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
Componentes não detectáveis por essas técnicas, como sais inorgânicos e metais são
analisados via ensaios de via úmida (titulações ácido-base, titulações de precipitação) e
por técnicas de absorção atômica e análise por chama.
Como vimos, os ingredientes ativos das formulações desses produtos, bem como
aqueles utilizadas para a adulteração e/ou falsificação de formulações, são, em sua
maioria, substâncias orgânicas. Os fármacos e cosméticos agem no nosso organismo
provocando algum efeito esperado. Enquanto que saneantes podem conter ativas,
empregadas na adulteração de suplementos nutricionais são, em sua maioria, fármacos,
ou seja, substâncias orgânicas que agem em algum sistema do nosso organismo.
Dessa maneira, a grande maioria dessas substâncias são facilmente solubilizadas em
solventes orgânicos como metanol ou acetonitrila. Tais solventes são compatíveis com
técnicas instrumentais cromatográficas, o que facilita o procedimento de análise.
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CAPÍTULO 4
Perícias em material genético
Amparo legal
A análise de material genético para fins de identificação de pessoas e banco de dados
de indivíduos condenados está amparada pela Lei 12.654/2012. Esta Lei, alterou a Lei
anterior 12.037/09, implementando, pela primeira vez no ordenamento jurídico pátrio,
a permissão para coleta de material genético para fins de identificação criminal.
Pelas leis anteriores, a identificação criminal era permitida apenas por meio da
datiloscopia e da identificação fotográfica. Com a deliberação da Lei 12.654/12, foi
acrescentada mais uma possibilidade, a identificação por perfil genético.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
Perícias em material genético têm uma vasta aplicação, tais como na identificação
de suspeitos em casos de crimes sexuais (estupro, atentado violento ao pudor, entre
outros); auxiliar na determinação do tempo da morte e/ou de uso de substâncias
tóxicas; identificação de cadáveres carbonizados, em decomposição, mutilados, parte
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
A figura abaixo mostra o esquema das etapas envolvidas na perícia em material genético.
Extração do DNA
Quantificação do DNA
Amplificação do DNA
Laudo
Fonte: própria.
Para que a análise do DNA possa alcançar seu alto grau de confiabilidade, é preciso primeiro
confiar nas amostras obtidas, para então serem analisadas por técnicas moleculares em
laboratórios e realizar a identificação do indivíduo presente na cena no crime.
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
Vale ressaltar que mesmo com a melhor qualidade possível de amostras, a utilização
do DNA forense na pesquisa criminal não pode ser prova única, ou seja, não pode
provar sozinho a culpa ou a inocência de alguém. Entretanto é uma ferramenta
valiosa para relacionar um indivíduo suspeito a uma cena de crime, tendo em vista
que a identificação de indivíduos por meio da análise do DNA é estabelecida em todo
o mundo em processos criminais, pois permite a identificação de pessoas mesmo após
100 anos a sua morte.
Figura 18. Ilustração de uma célula com os componentes onde são encontrados o DNA em destaque.
Contudo, a fórmula estrutural do DNA é composta por dupla hélice, ou seja, duas fitas de
DNA ligadas pelas suas bases nitrogenadas, uma complementar a outra. Essa estrutura
do DNA pode ser melhor entendida visualizando a Figura 19.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
número inteiro, conhecidas como sequências “in tandem”. Essa repetição pode ser com
poucas bases nitrogenadas ou com várias, sendo denominada como:
São essas partes da estrutura do DNA que apresentam sequências “in tandem” de
interesse das análises forenses. São essas sequências que caracterizam um indivíduo.
Ou seja, essas regiões do DNA caracterizam a individualização, ou seja, a atribuição
de características genéticas que tornam um indivíduo único. O agrupamento de um
conjunto de regiões genéticas, ou sequências “in tandem, conectadas entre si geram
uma espécie de “impressão digital genética”. A análise de DNA consiste em determinar
essa sequencias e a partir da comparação dessas “impressões digitais genéticas” é
possível observar se diferentes amostras biológicas são originárias do mesmo indivíduo
ou de indivíduos diferentes; ou ainda, se há uma relação biológica entre os agentes
emissores de amostras comparadas (Santiago, 2017).
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
Questões legais
A coleta de material genético para fins de análises periciais está norteada pela Resolução
SSP 194/99, dentre outras normatizações estaduais específicas. Nela, estão descritos os
procedimentos a serem utilizadas, seus devidos cuidados para que o material coletado
tenha valia como prova material em ação judicial.
A norma traz:
De acordo com a referida norma, a coleta de material genético na cena do crime deve,
obrigatoriamente, ser executada por Perito Criminal, o qual será o responsável pela
elaboração do Laudo pericial. Contudo, o Perito Criminal que executou a coleta do
material genético ficará proibidos de executar a análise do material genético, a qual
deverá ser realizada por outro profissional especialista no assunto.
Além disso, a norma traz que “A coleta de material biológico em pessoas vivas será
feita somente em locais apropriados e com o expresso consentimento destas”, que
deverão assinar um “Termo de coleta”. Neste termo, deverão estar inclusas as seguintes
informações (Artigo 6):
a) nome do doador;
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
Procedimentos
Deve se ter o máximo de cuidado ao se deparar com amostras biológicas no local do crime.
As condições originais do material devem ser preservadas, evitando contaminações ou
degradações da amostra no ato da coleta.
Sangue
Sangue seco
Aderido em paredes, azulejos ou suportes rígidos: pode ser coletado com suabe (cotonete
de haste longa) umedecido com água destilada, ou raspagem com lâmina. Caso haja a
necessidade de secar o material antes do armazenamento, evitar jatos de ar quente,
pois pode degradas o DNA. O material deve, então, ser acondicionado em envelope de
papel, frasco de vidro ou saco plástico.
58
PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
Sangue líquido
Pode ser coletado com uma seringa ou pipeta e injetado num tubo vacutainer, que
contém uma solução com propriedades anticoagulante e preservativas. Um suabe
também pode ser usado, desde que o material seja seco antes do armazenamento.
Nesse caso, lembre-se de não utilizar aquecimento, devida à sensibilidade do DNA ao
calor. Quando coletado na forma de sangue líquido, o material deve ser armazenado
em freezer ou congelador a vinte graus Celsius (-20ºC) ou, na impossibilidade, em
geladeira, a quatro graus Celsius (4ºC), até o envio para o laboratório.
Sangue presente em corpos, na rua, em móveis, em parede e etc. podem ser coletados
usando o suabe ou um chumaço de algodão. No caso de manchas de sangue em tecidos,
esses podem ser recortados e armazenados em envelope de papel, frasco de vidro ou
saco plástico. O material coletado deve ser armazenado em freezer ou congelador a
vinte graus Celsius (-20ºC) ou, na impossibilidade, em geladeira, a quatro graus Celsius
(4ºC), até o envio para o laboratório.
Sêmen
Havendo preservativos com o material genético, este pode ser coletado para análise.
A parte externa pode conter material genético da vítima, por isso deve-se tomar
o cuidado para que não haja contaminação de um material com o outro. O material
deve ser armazenado em freezer ou congelador a vinte graus Celsius (-20ºC) ou,
na impossibilidade, em geladeira, a quatro graus Celsius (4ºC), até o envio para o
laboratório.
Material em lençóis ou roupas podem ser coletados cortando a região que contém o
material biológico. Armazenar em saco de papel ou plástico e guardar no congelador ou
freezer, até enviar para o laboratório. Antes de armazenar, observar se está seco.
Saliva
Havendo a presença de marcas de mordida, deve-se atentar que mesmo o local estando
seco é possível encontrar células da saliva do agressor na região das marcas dos dentes
e proximidades. Para a coleta, friccionar um suabe úmido nessa região. Deve-se coletar
também o material da vítima a fim de servir de exclusão, que pode ser por meio de suabe
bucal, esfregaço na mucosa oral, ou pela coleta de sangue por profissional da saúde.
O Armazenamento deve ser feito em freezer ou congelador -20ºC ou em geladeira a 4ºC
e envio rápido até o laboratório.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
Cabelo e Pelos
Cabelos devem ser coletados, sempre que possível, com o bulbo da raiz, ou mais
próximos possível da raiz, pois é onde encontram-se células contendo DNA pela irrigação
sanguínea no couro cabeludo. Os pelos devem, necessariamente, ser coletados com a
raiz (bulbos), devido sua extensão mais curta. A extensão do cabelo contém apenas
proteínas, não havendo células com material genético.
Ossos
Nos ossos e dentes, o material genético encontra-se na parte interna, ou seja, na medula
óssea. Cerca de 4 cm de osso contém muito material genético em sua porção interior, a
qual deve ser aberta para coletar as células contendo o DNA. No caso da Figura 20, em
um local de crime em que se encontra uma ossada humana, a coleta de DNA pode ser
utilizada para a identificação da vítima.
Outros tecidos
Além dessas amostras, objetos como luvas, boné, relógio, óculos, ou seja, que estão
em constante atrito com o corpo do indivíduo, podem conter células, provenientes
da descamação da pele, suficientes para extração e estudo do DNA, chamados de
DNA Touch.
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
Amostras Post-Mortem
No caso de vítimas fatais, as amostras devem ser coletadas em duplicata. Todo material
colhido deve ser armazenado em congelador a -20 ᵒC.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
http://highered.mheducation.com/olcweb/cgi/pluginpop.
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62
CAPÍTULO 5
Química de explosivos
63
UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
»» Nitrocompostos.
»» Ésteres nítricos.
»» Nitroaminas.
»» Azidas.
Tais substâncias são consideradas explosivas por compor em suas estruturas moleculares
grupos denominados “explosóforos”, que são funções químicas que apresentam baixo
calor de formação de suas ligações, e, por isso, estão propensos a se decompor facilmente
com um pequeno impulso. São eles:
»» -N=C- em fulminatos.
São aqueles empregados em processos de iniciação dos explosivos devido a sua facilidade
de iniciação de explosão. São materiais muito sensíveis, que podem explodir sob a ação
do fogo ou pelo impacto de um golpe. São muito perigosos de manusear e são usados
em quantidades comparativamente pequenas para iniciar a explosão de quantidades
maiores de explosivos menos sensíveis. Usualmente são sais inorgânicos, a exemplo
das espoletas, Cordel Detonante, Boosters, etc. Os mais usados industrialmente são:
Azida de Chumbo, Estifinato de Chumbo, Fulminato de Mercúrio, Nitropenta, etc.
Não tem força para detonar a rocha, apenas iniciar a explosão de outros explosivos
mais potentes.
Alguns materiais podem atuar tanto como primários como secundários em um processo
de detonação. É o caso da Nitropenta, que no Cordel Detonante atua como explosivo
primário ou iniciador, e atua como secundários em cargas de demolição.
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UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
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PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS │ UNIDADE I
»» De tanques de combustíveis.
67
UNIDADE I │ PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM PERÍCIAS
»» De fogos de artifício.
Fonte: Pixabay_14.
»» De isqueiro de plástico.
Após ocorrer uma explosão, assim que o local de explosão for liberado pelos bombeiros/
socorristas, isolá-lo até a chegada dos peritos:
68
FUNDAMENTOS
E ANÁLISES UNIDADE II
RELACIONADAS ÀS
SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
CAPÍTULO 1
Análise de materiais suspeitos de conter
substâncias entorpecentes
e psicotrópicas
69
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
70
FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Fonte: Pxhere 2.
71
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
isolamento da cocaína das folhas, sendo mais comum na região centro-oeste do Brasil).
Menos comum, a freebase é obtida a partir da dissolução do cloridrato de cocaína em
água, da adição de bicarbonato ou amônia e posterior extração com éter.
Figura 29. Estrutura molecular para a A. Anfetamina. B. Metanfetamina. C. Ecstasy (MDMA) e D. DOB.
A. B.
D.
C.
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UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
O teste de Simmon, teste para identificar alcaloides e aminas di-substituídas, tais como
o MDMA e a Metanfetamina, de aminas mono-substituídas, a exemplo da anfetamina,
é geralmente empregado após o teste de Maquis para distinguir com mais precisão
qual o anfetamínico presente no material. Nesse teste, a amostra do entorpecente é
submetida a reação química com 1 gota de nitroprussiato de sódio 1%, uma gota de
acetaldeído etanólico 50% e uma gota de carbonato de sódio 2%, com formação de uma
coloração azul-cobalto intensa.
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FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Superfície de vidro
ou plástico
Material
adsorvente
Deposição da suspensão
do material adsorvente
usando um bastão de vidro
Depois de seca, a placa deve ser transferida para uma estufa por um determinado tempo
para que ocorra a ativação do sólido adsorvente. A sílica, por exemplo, é ativada a 105
-110° C por 30 a 60 minutos, e a espessura da camada de sílica a ser depositada deve ser
de aproximadamente 0,25 mm (PAVIA, 2009).
Para a análise, uma gota da amostra é colocada próxima a uma extremidade da placa
e sua posição é marcada com um lápis Figura 31. Espera-se até que todo o solvente da
amostra seja evaporado e, então, a placa é colocada em um recipiente saturado com
vapores da fase móvel (solvente orgânico).
Superfície recoberta
Com material adsorvente
Linha para
Deposição da amostra
Região imersa na
fase móvel
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FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Solvente
Os métodos mais utilizados são vapores de iodo, câmeras com emissão de luz UV (para
substâncias fluorescentes à radiação UV) ou reveladores específicos que reagem com a
substância de interesse tornando-as coloridas.
Vapores de iodo são aplicáveis a substâncias com ligações insaturadas, como alcaloides.
O iodo complexa-se com esses compostos insaturados resultando em compostos que
apresentam coloração amarronzadas. Assim, pontos marrons surgem nas placas ao
serem colocadas em uma câmara contendo cristais de iodo.
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UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
»» Flavonoides: NP-PEG.
»» Anti-oxidantes: β-caroteno.
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FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Na análise de entorpecentes para fins forenses, a CCD tem sua aplicabilidade aceita,
pois pode ser utilizada em conjunto com o teste colorimétrico e com a análise visual de
um material bem conhecido, como no caso da apreensão de cocaína e maconha. É uma
técnica que fornece resultados de maneira rápida, cerca de minutos, além de ter um
custo bastante baixo.
79
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Técnicas instrumentais
Diferentes técnicas instrumentais podem ser aplicadas para confirmação de materiais
suspeitos. Entretanto, poucas técnicas analíticas empregadas em análise química são
específicas para uma única espécie química; em consequência, uma parte importante
da maioria das análises lida com as espécies concomitantes que ou atenuam o sinal do
analito ou produzem um sinal que é indistinguível daquele do analito.
Pensem vocês que um resultado positivo pode incriminar um sujeito, sendo privado
de sua liberdade em decorrência da aplicação da lei penal. Já um resultado negativo
pode inocentar um indivíduo. Assim, um resultado falso positivo pode incriminar um
inocente, enquanto um resultado falso negativo pode inocentar um criminoso. Daí a
importância em se proceder uma análise química adequada e que ofereça resultados
fidedignos.
A cromatografia gasosa com detector por ionização em chama (GC-FID) ou com detector
de nitrogênio e fósforo (GC-NPD) e a cromatografia líquida de alta eficiência com detector
ultravioleta (HPLC-UV/DAD) são comumente utilizadas na separação e quantificação
de substâncias conhecidas. Suas aplicações decorrem do fato de que são técnicas que
permitem a separação da substância de interesse dos demais componentes da amostra,
além de permitir a quantificação de substâncias, mesmo a baixas quantidades.
80
FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Na matéria “PF identifica 59 novas drogas no País em 3 anos; danos são desconhecidos”
traz:
81
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Nesses casos, por serem substâncias relativamente novas, para as quais ainda não
foram desenvolvidos métodos de identificação, as técnicas instrumentais acopladas à
espectrometria de massas, em conjunto com o conhecimento especializado do analista
forense, são cruciais para a correta identificação de materiais suspeitos.
82
CAPÍTULO 2
Drogas de abuso em matrizes biológicas
Algumas dessas substâncias são usadas com a finalidade de produzir efeitos benéficos
para o organismo, como o tratamento de doenças. Enquanto outras, provocam efeitos
malefícios à saúde, sendo chamadas de venenos ou agentes tóxicos. E é interessante
que a mesma substância pode funcionar como medicamento em algumas situações e
como tóxico em outras.
»» Álcool.
»» Canabinoides (maconha).
»» Cocaína.
»» Alucinógenos.
»» Tabaco.
»» Solventes voláteis.
Do ponto de vista legal, as drogas de abuso são classificadas como lícitas – comercializadas
de forma legal, podendo ou não estarem submetidas a algum tipo de restrição.
Como por exemplo, álcool (venda proibida a menores de 18 anos) e alguns medicamentos
que só podem ser adquiridos por meio de prescrição médica especial – e ilícitas, aquelas
proibidas por lei de serem produzidas, comercializadas e consumidas.
83
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Figura 33. Prevalência anual de usuários de drogas no mundo e prevalência de pessoas que sofrem com
problemas de saúde ou sociais relacionados ao consumo de drogas.
(milhões)
4
1
0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
De acordo com dados nacionais, estimou-se que, em 2004, 2,7% dos brasileiros com
idade entre 15 e 64 anos eram usuários de cannabis e que 0,7% deles eram usuários
de COC. Em 2011, a prevalência dos consumidores de cocaína entre 15 e 64 anos
chegou a 1,75%, e a 3% dos brasileiros estudantes universitários. Nesse ano, o Brasil foi
reconhecido como o segundo maior consumidor de COC no mundo, atrás apenas dos
Estados Unidos. Ainda em 2011, foi estimado que o número de pessoas que usaram COC
sob a forma de pasta base (crack ou merla) ao menos uma vez no ano chegou a 340.000,
considerando apenas a população das capitais brasileiras (CEBRID& UNIFESP, 2006;
SENAD, 2009, UNODC, 2013; UNODC, 2014, FIOCRUZ, 2014).
Por serem substâncias que afetam o comportamento humano, as drogas de abuso estão
diretamente relacionadas às ciências forenses, sendo um dos grandes desafios dos
processos criminais.
84
FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Os métodos de análise para fins de análise toxicológicas são indicados por órgãos
internacionais competentes, que elaboram guias com protocolos já estabelecidos para as
substâncias conhecidas, tais quais o UNODC, SWGTOX (Scientific Working Group for
Forensic Toxicology). Os grupos de pesquisa na área da toxicologia forense são essenciais
para o desenvolvimento de novas metodologias focadas no aprimoramento dos métodos
de análise já estabelecidos, bem como para a identificação de novas drogas de abuso.
TRIAGEM
RESULTADO FINAL
CONFIRMAÇÃO
POSITIVO NEGATIVO
RESULTADO FINAL
RESULTADO FINAL
Fonte: própria.
Fase de confirmação
Quadro 4. Valores de referência para métodos de triagem e confirmação de drogas de abuso em urina em
análises toxicológicas.
Classe da droga Triagem por imunoensaio (ng/mL) Análise confirmatório por GC-MS (ng/mL)
Anfetamina: 500
Anfetaminas 1000
Metanfetamina: 500
Maconha 50 THC-COOH: 15
Cocaína 300 Benzoilecgonina: 150
Morfina: 2000
Opioides 2000 Codeína: 2000
6-acetilmorfina:10
Por outro lado, são necessários kits de reagentes importados, os quais não se encontram
disponíveis para todas as substâncias de interesse da toxicologia forense, o que faz com
que muitos laboratórios optem pelas técnicas alternativas. Além disso, são susceptíveis
à interferência e à reação cruzada com outros compostos presentes nas amostras
biológicas; daí a necessidade de análise confirmatória.
A figura 35 a seguir ilustra um inmuno teste para várias drogas de abuso, cujo ensaio
mostrou um resultado positivo para uma amostra biológica,
Cocaína
Cocaína
THC
THC
Anfetam.
Anfetam.
Opiáceos
Opiáceos
Área de
Cocaína
Cocaína
THC
THC
Anfetam.
Anfetam.
Opiáceos
Opiáceos
Fonte: própria.
87
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
E a figura abaixo, mostra um teste rápido para uma droga individual, no caso o THC.
THC THC
C
C – indicador controle
Teste rápido para T – Indicador de positividade para a
THC
C C C
T
T
T
Fonte: própria.
A. Área de
aplicação da amostra
Fonte: Própria.
88
FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
C. Área de controle (C): local de controle da reação e que permite a validação do teste.
89
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Figura 38. Esquema representativo das etapas de uma análise por técnicas cromatográficas acoplada à
espectrometria de massas.
1. Separação Cromatográfica
2. Ionização
4. Detecção
Fonte: própria.
Separação cromatográfica
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FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Cromatografia gasosa
Na cromatografia gasosa, como o próprio nome diz, a fase móvel é um gás inerte como
Nitrogênio (N2), Hidrogênio (H2) e Hélio (He2). A escolha do gás de arraste depende
do restante da instrumentação, especificamente do detector (falaremos mais pra
frente). Além disso, na CG a amostra e os compostos a serem introduzidos na coluna
cromatográfica para GC devem estar em sua forma gasosa, de maneira que esta técnica
é aplicável a compostos voláteis ou semi-voláteis (Pontos de ebulição de até 300 ᵒC).
Compostos não voláteis devem ser previamente derivatizados por meio de reações
químicas específicas, de maneira que são inseridos grupos funcionais voláteis à molécula
do composto a que se quer investigar, previamente a análise por GC.
A separação das espécies ocorre em função da interação dos compostos com a coluna
cromatográfica, conforme o gás de arraste empurra-os para a outra extremidade da
coluna cromatográfica. Sendo a fase móvel um gás inerte (não interage), a separação
ocorre em função da afinidade dos compostos presentes na amostra com a coluna,
de maneira que quanto maior a afinidade mais o composto ficará retido na coluna e
mais demorará para sair da coluna cromatográfica. Além da interação com a coluna, a
separação dos compostos é dada, também, em função da pressão do sistema, ou seja,
do fluxo do gás de arraste. Fluxos entre 0,6 a 4,0 mL/min são geralmente empregados.
Gradientes de eluição podem ser realizados para promover a separação dos compostos,
sem aumentar em demasiado o tempo da corrida cromatográfica. Na GC, esse gradiente
pode ser realizado aumentando a temperatura do forno gradativamente, promovendo
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UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Cromatografia Líquida
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FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Ajustes na temperatura e na vazão da fase móvel também influenciam nas eleições dos
compostos. Temperaturas entre 25 e 50 ᵒC são geralmente empregadas e vazões entre 0,3
a 2,0 mL/min, dependendo da pressão do sistema. A pressão do sistema cromatográfico
depende da viscosidade da mistura de solventes da fase móvel, do tamanho da coluna
cromatográfica e, principalmente do tamanho da partícula da fase polimérica da
coluna, os sistemas de HPLC convencionais são programados para suportar entre 400
e 600 bar de pressão. Os sistemas chamados de UPLC (cromatografia líquida de ultra
performance) suportam até 1200 bar, os quais possibilitam o emprego de colunas
cromatográficas com fases poliméricas com tamanhos de partícula menores do que 2
um. Tais colunas permitem separações de um maior número de compostos em menor
tempo quando comparada as colunas convencionais (3 a 10 mm).
Ionização
Acetonitrila (ACN) ou metanol (MeOH) são utilizados como solventes orgânicos e água
ultrapura enriquecida com um eletrólito (e.g. ácido fórmico, hidróxido de amônio) é
utilizada como solvente aquoso; o aditivo eletrolítico tem por finalidade favorecer a
ionização dos analitos antes de serem direcionados à fonte de ionização, proporcionando
maior eficiência na formação de moléculas protonadas ou desprotonadas.
ocorre a fragmentação das moléculas, mas apenas a sua ionização, sendo por isso a ESI
conhecida como fonte de ionização branda.
Detector
(eletromultiplicadora)
Íons selecionados
Em LC-MS/MS, uma vez que não ocorre a fragmentação das moléculas na fonte de
íons, os analisadores são constituídos por dois analisadores quadrupolos sequencias,
separados por uma célula de colisão (Figura 40). A célula de colisão é geometricamente
um hexapolo, preenchida com um gás neutro, tais como nitrogênio, hélio e argônio;
nela, as moléculas ionizadas selecionadas no primeiro quadrupolo são submetidas
a impacto por elétrons, sendo fragmentadas em moléculas de menor razão m/z.
Os fragmentos gerados são então analisados no segundo quadrupolo e, posteriormente,
direcionados ao detector, onde são transformados em sinais elétricos.
Cromatograma de MRM
Intensidade
relativa
Seleção do Seleção do
Fragmentação íon
íon Tempo
precursor produto
Fonte: Própria.
94
FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Biotransformação da cocaína
A cocaína pode ser consumida sob a forma de pasta base ou crack, fumada em cachimbos,
ou sob a forma de cloridrato de cocaína ou pó, por via intranasal (IN) ou endovenosa (EV).
Figura 41. Biotransformação da cocaína e seus biomarcadores após o consumo via A) Inalação e B) Com bebida
alcóolica e fumada na forma de crack.
CE
EEE
Etanol Etanol
H2O
EME AEME
COC Pirólise
H2O
H2O H2O
H2O
ECG BE AE
Fonte: própria.
95
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Figura 43. Biotransformação dos opiáceos: codeína, heroína e morfina e seus biomarcadores.
Heroína
Codeína
6-acetil-Morfina
Morfina
Morfina conjugada
Fonte própria.
96
FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Biotransformação da maconha
Delta-9-
Ácido 11-nor-delta-9-THC-COOH
Tetraidrocanabinol (THC)
Fonte: Própria.
97
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Fonte: Pixnio 1.
Metanfetamina Efedrina
Anfetamina
Femproporex Fenilpropalonamina
Fonte: Própria.
98
CAPÍTULO 3
Doping esportivo: Exames Antidoping
99
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
No Brasil, o doping esportivo passou a ser controlado em 1972 pelo Conselho Nacional
do Esporte (CNE), e somente em 2003, com a criação da Comissão de Combate ao
Doping, foram propostas as primeiras regras de controle de doping nas partidas, provas
ou equivalentes do Esporte. Tais normas foram oficialmente registradas pela Resolução
do Ministério do Esporte n 2, de 2004.
100
FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Agentes anabólicos
Em geral, os agentes anabólicos são utilizados para fins de ganho de força e massa
muscular do atleta. A testosterona é o agente anabólico mais utilizado no meio
esportivo. Pertence a classe dos esteroides anabólicos androgênicos, que promovem
a síntese de proteínas e o crescimento muscular e esquelético. Além da testosterona,
a boldenona, a nandrolona, ametenolona e o estanozolol são esteroides sintéticos
já utilizados no doping esportivo. Outros anabolizantes que se diferenciam dos
esteroides na estrutura molecular e no mecanismo de ação também usados no doping
são: clembuterol e tibolona.
101
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Hormônios
102
FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Agonistas beta-2
Usado por atletas para aumentar a resistência e diminuir a fadiga muscular, uma vez
que tem ação broncodilatadora. São substâncias utilizadas para o tratamento da asma,
contudo para fins de ação doping, a dose necessária chega a ser 20 vezes superior a dose
terapêutica. O salbutamol, clembuterol, terbutalina, fenoterol, salmoterol são alguns
dos agonistas beta-2 proibidos pela AMA.
Diuréticos
Agentes mascarantes
Assim como os diuréticos, os agentes mascarantes são utilizados no meio esportivo com
o propósito de mascarar o consumo de outras substâncias proibidas. Dessa maneira, o
consumo de substâncias, tais como probenicida, epitestosterona e expansores de plasma
(e.g. albumina, dextran), não são permitidos em competições esportivas, embora não
sejam classificadas como agentes dopantes.
Estimulantes
Substâncias estimulantes, como a cafeína, são utilizadas por atletas em doses acima da
dose terapêutica para aumentar a competitividade, diminuir a fadiga, além de promover
o estado de alerta do indivíduo. Os primeiros relatos de doping no esporte foram
ocasionados devido ao consumo dessa classe de substâncias, tais como anfetaminas e
cocaína, e, atualmente, no mundo do esporte de elite são o maior motivo de preocupação
das autoridades responsáveis pelo controle de doping. Periodicamente, a AMA atualiza
a lista de substâncias estimulantes proibidas, tendo em vista a rápida entrada de novas
103
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Narcoanalgésicos
Canabinoides
Glicocorticoides
104
FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Álcool
Bloqueadores beta-andrenérgicos
Exames antidoping
Os exames antidoping esportivos são realizados em amostras biológicas dos atletas a
fim de avaliar o consumo de substâncias proibidas pela AMA. As amostras biológicas
geralmente utilizadas nas análises são a urina e o sangue, sendo a urina a mais utilizada
devido à coleta não invasiva e à disponibilidade de material biológico. Por outro lado, a
análise do sangue é menos susceptível à adulteração e, em alguns casos, a interpretação
do resultado é mais simples.
105
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
106
CAPÍTULO 4
Plantas alucinógenas
»» Estado confuso,
»» Paranoicos agudos,
»» Alucinose persistente
»» Depressão psicótica.
Fonte: Alucinogenosfarma.
107
UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Os usuários designaram o termo badtrip à reação adversa causada pela alucinação, tais
como alucinações bizarras, sensação de perda de controle, distorção do próprio corpo,
desespero, medo da morte, tendência suicida, ou reações físicas como palpitação, suor
excessivo, náuseas e paralisia. Além da badtrip, o termo flashbacks é usado para os
transtornos de percepção pós-alucinação. São episódios curtos, que podem repetir
exatamente as alucinações sob efeito.
Beladona e Datura
A Atropa belladonna L., conhecida como Beladona, tem em sua composição alcaloides
capazes de causar efeitos alucinógenos como a hiosciamina, a escopolamina e traços
de alcaloides tropano. O componente majoritário é a atropina, substância utilizada em
colírios para causar dilatação da pupila.
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FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
A Datura, conhecida no Brasil como saia branca, trombeteira, maxixi bravo, dentre
outros nomes, possui os mesmos alcaloides alucinógenos da Beladona, porém ganha
destaque devido ao potencial risco a saúde. Seus efeitos surgem logo após o consumo
do chá preparado a partir das flores da planta, e perduram por até 48 horas.
Jurema e Epaná
A Minosa hostilis e a Virola theiodora, utilizadas em cerimonias por tribos indígenas
do Brasil, são constituídas por alcaloides do grupo da triptamina e da carbolina,
com propriedades alucinógenas e alto poder tóxico ao ser humano. Logo após o uso,
aparecem sintomas de excitabilidade, que passar a se tornar contrações musculares
faciais, intumescimento dos membros, descontrole das atividades musculares, náuseas,
alucinações visuais e sono profundo.
Ayahuasca
Dá-se o nome de Ayahuasca à bebida preparada por meio da mistura da Banisteriopsis
caapi e da Psichotria viridis, popularmente conhecida como chá do Santo Daime” ou
“vegetal”. Seus efeitos estão relacionados à substância dimetiltriptamina. Há relatos do
uso da ayahuaca em toda a Amazônia Ocidental, chegando à costa do Pacífico no Peru,
Colômbia e Equador, bem como na costa do Panamá. Chegaram a ser identificadas 72 tribos
indígenas de diversas etnias que faziam uso da ayahuasca sob diversas denominações.
Apesar de sua popularidade, ainda existem poucos estudos acerca de seus efeitos. Contudo,
são relatadas alterações no estado emocional, euforia em poucos minutos, alterações na
memória, pânico, alcance do estado visionário e perda da coerência da fala.
Figura 51. Representação das plantas: a) Banisteriopsis caapi e b) Psychotria viridis. (Fonte Santodaime) e Bebida
de ayahuasca produzida pela decocção das plantas Banisteriopis caapi e Psychotria viridis.
Fonte: Culturaacriana.
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UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Mescalina
Psilocibina
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FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
que permitam a extração dessas substâncias das folhas, caules e/ou flores das plantas,
além de minimizar a presença de outras substâncias constituintes das plantas que
possam interferir na análise química. Tais procedimentos exigem um conhecimento
técnico e químico por parte do analista, tanto relacionado à composição da parte da
planta a ser analisada como da substância a ser investigada e das técnicas disponíveis.
QuEChERS
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UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
Nas etapas de Extração e clean up são utilizados reagentes apropriados de acordo com
a aplicação, como por exemplo:
Figura 52. Técnica de extração QuEChERS. (1) Extração/partição na presença de um sal; (2) Agitação; (3)
Centrifugação; (4 e 5) Extração em fase sólida dispersiva; (6) Agitação; (7) Centrifugação.
Fonte: própria.
A extração em fase sólida (SPE, do inglês Solid Phase Extraction) tem sido o preparo
de amostra preferencialmente empregado para análise de drogas psicotrópicas
em diferentes matrizes. Além da limpeza da amostra, a SPE possibilita também a
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FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO │ UNIDADE II
Figura 53. Esquema ilustrativo das etapas envolvidas em SPE: (x) interferentes; (•) analitos; porção em azul claro
ilustra a amostra; em cinza, a fase extratora e em branco, o solvente.
Fonte: própria.
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UNIDADE II │ FUNDAMENTOS E ANÁLISES RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS DE ABUSO
A figura a seguir resume as etapas das análises para identificação de drogas de abuso,
de substâncias utilizadas no dopping esportivo e de substâncias alucinógenas presentes
em plantas. A seleção de cada opção descrita depende da amostra e, principalmente, da
substância a ser analisada. Sendo assim, é crucial o conhecimento do Perito tanto na
amostra como nas análises para que a identificação seja realizada de maneira adequada.
Figura 54. Resumo das etapas envolvidas em análises de identificação e quantificação de drogas de abuso em
materiais entorpecentes, amostras biológicas e plantas alucinógenas.
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EMPREGO DA
MICROSCOPIA EM UNIDADE III
IDENTIFICAÇÕES
QUÍMICAS FORENSES
CAPITULO 1
Conceitos gerais
Depois deste, muitos outros modelos foram aperfeiçoados para as mais variadas
aplicações, que vão desde a biologia até a microeletrônica e a astronomia. Com o
avanço da eletrônica e da engenharia, instrumentos ópticos de grande precisão foram
desenvolvidos, tanto no âmbito da microscopia ótica como na microscopia eletrônica.
Microscopia ótica
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EMPREGO DA MICROSCOPIA EM IDENTIFICAÇÕES QUÍMICAS FORENSES │ UNIDADE III
As lentes objetivas são responsáveis pela ampliação da amostra. Para uma alta ampliação
e uma alta resolução necessita-se de lentes objetivas com uma grande abertura numérica.
Esse parâmetro determina o poder de separação de imagens do microscópio.
»» Luz transmitida ou campo claro: A luz gerada por uma fonte (lâmpada
+ espelho parabólico, em geral) é “colimada” por lentes condensadoras e
passa através de aberturas de tamanho variados, chamadas diafragmas.
Na sequência, a luz colimada passa por filtros e, finalmente incide sobre
a amostra. Nesse caso, para a análise da amostra, a mesma deve ser
disposta como uma lâmina fina o suficiente para que seja transparente.
A microscopia ótica com luz transmitida tem importante aplicação na
caracterização de minerais translúcidos.
Microscopia eletrônica
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UNIDADE III │ EMPREGO DA MICROSCOPIA EM IDENTIFICAÇÕES QUÍMICAS FORENSES
feixe de elétrons são geradas imagens com resoluções espaciais, ou seja, na ordem de
centenas de milhares de vezes.
Ambas as técnicas MET e MEV podem ser acopladas a técnicas de difração de raios X,
permitindo o estudo da composição elementar das amostras. A técnica empregada é
denominada “mapeamento composicional e semi quantitativo – EDS”.
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EMPREGO DA MICROSCOPIA EM IDENTIFICAÇÕES QUÍMICAS FORENSES │ UNIDADE III
Componentes
O MEV é formado por uma coluna ótico-eletrônica, uma unidade de varredura, uma
câmara de amostra, um sistema de detectores e um sistema de visualização da imagem.
A Figura 56 mostra os componentes e os subcomponentes de um MEV.
Catodo
Câmera sob vácuo
Anodo acelerador
Lente
condensadora
Imagem final
Placa fotográfica
ou tela fluorescente
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UNIDADE III │ EMPREGO DA MICROSCOPIA EM IDENTIFICAÇÕES QUÍMICAS FORENSES
Para fins de análises forenses, na maioria dos casos utilizam-se a radiação emitida pelo
MEV na forma de elétrons secundários, elétrons retroespalhados ou raios-X. Os elétrons
secundários geram as imagens topográficas de alta resolução da superfície da amostra;
os retroespalhados fornecem uma imagem característica da composição ou do contraste
de número atômico. Os raios-X fornecem informações qualitativas e semiquantitativas
da composição da amostra na região de incidência do feixe de elétrons, de maneira não
destrutiva. Assim, os detectores mais utilizados são os baseados na medida de energia,
do inglês “energy dispersive spectroscopy” (EDS) ou espectroscopia por dispersão de
energia.
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CAPÍTULO 2
Aplicações da Microscopia em
ciências forenses
Balística
Balística forense é a parte integrante da criminalística que estuda as armas de fogo, sua
munição e os efeitos dos tiros por elas produzidos, sempre que tiverem uma relação
direta ou indireta com infrações penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência.
O aumento no número de crimes envolvendo armas de fogo é um problema mundial,
de maneira que a detecção de resíduos de tiro (GSR) em locais de crime é crucial na
resolução de um caso criminal e na identificação da arma utilizada, informação muitas
vezes útil na identificação do criminoso. A Figura 57 mostra um cartucho de munição
de arma de fogo, identificando os seus componentes.
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UNIDADE III │ EMPREGO DA MICROSCOPIA EM IDENTIFICAÇÕES QUÍMICAS FORENSES
Logo, uma vez que o projétil disparado, resíduos de pólvora devido à explosão são
espalhados próximo à arma, assim como os mesmos resíduos permanecem no projétil
acompanhando todo o caminho que esse percorre. Da mesma maneira, resíduos de
pólvora também são espalhados no material atingido pelo projétil.
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EMPREGO DA MICROSCOPIA EM IDENTIFICAÇÕES QUÍMICAS FORENSES │ UNIDADE III
Esses resíduos de disparo de arma de fogo são formados, entretanto, não apenas
pela pólvora, mas também pelos metais dos cartuchos e dos projéteis. Assim, para se
determinar que um resíduo é, de fato, oriundo de arma de fogo, deve ser considerado
tanto a morfologia como a composição química dos resíduos suspeitos. Essas são
características únicas, exclusivas e determinantes. Um resíduo de disparo de arma de
fogo apresenta partícula esférica e composição química composta por chumbo (Pb),
bário (Ba), antimônio (Sb), cobre (Cu) dentre outros elementos oriundos da própria
arma, dos cartuchos e etc. A identificação de apenas dois dos três elementos principais
não assegura que o resíduo seja de disparo de arma de fogo.
Essa problemática com os métodos por via-úmida faz com que técnicas mais sofisticadas
e confiáveis sejam cruciais em investigações criminais. Uma artimanha é fazer uso da
morfologia característica única dos resíduos de pólvora. Além disso, as partículas de
pólvora podem apresentar tamanhos variados de acordo com o tipo de arma empregada
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UNIDADE III │ EMPREGO DA MICROSCOPIA EM IDENTIFICAÇÕES QUÍMICAS FORENSES
para efetuar o disparo (revólveres produzem mais partículas esféricas do que pistolas)
e o calibre (quanto maior o calibre, maior o tamanho médio das partículas). A
Figura 58 mostra a imagem obtida a partir da análise por MEV de resíduos de tiro
de submetralhadora (Amostra D1) e fuzil automático leve (amostra B9) coletados
diretamente do corpo do atirador.
Figura 58. Análise por MEV de resíduos de tiro de submetralhadora (Amostra D1) e fuzil automático leve (amostra
B9) coletados diretamente do corpo do atirador.
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EMPREGO DA MICROSCOPIA EM IDENTIFICAÇÕES QUÍMICAS FORENSES │ UNIDADE III
Figura 59. Fotomicrografia e espectro de EDS dos resíduos encontrados na borda do orifício do crânio.
Caso
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UNIDADE III │ EMPREGO DA MICROSCOPIA EM IDENTIFICAÇÕES QUÍMICAS FORENSES
Figura 60. Identificação de resíduos de arma de fogo coletados na roupa da vítima por MEV-ESD.
A partir dos resultados obtidos nos testes concluiu-se que os orifícios presentes na
região analisada do vestido foram produzidos por disparo de arma de fogo a curta
distância, provavelmente a cerca de 10 cm, ao invés de 3 metros. Embora não foi possível
identificar a arma utilizada, foi possível determinar que o disparo não foi perpendicular
ao tecido, como seria caso alguém tivesse atirado contra o vestido, e sim inclinado, com
ângulo menor que 90º da direita para a esquerda, olhando o vestido de frente, o que
seria algo impossível considerando a descrição do caso.
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EMPREGO DA MICROSCOPIA EM IDENTIFICAÇÕES QUÍMICAS FORENSES │ UNIDADE III
Por outro lado, não se pode deixar de lado o fato que por trás de todo esse avanço
encontra-se as regras de boa conduta de um Perito Criminal, e as definições e normas
rígidas (procedimentos-padrão) que devem ser levadas em consideração para a
preservação e o exame dos locais de crime. Portanto, se o local do crime não for
preservado, se a coleta das amostras para compor a prova material da cena do crime
não forem realizadas de maneira apropriada, e preservadas de maneira adequada, todos
esses avanços tecnológicos serão inúteis.
Figura 61. “Stub” utilizados para coleta de material para análise por MEV.
Exemplo de matérias que podem conter resíduos de arma de fogo e são amostrados
em balística são: a própria arma, a mão do suspeito, a roupa da vítima, os materiais
localizados próximos a uma possível trajetória da munição, dentre outros. Entretanto,
mesmo após essa coleta, pensem vocês que, procurar uma diminuta partícula em uma
grande área de uma película plástica adesiva não é uma tarefa fácil, sendo ainda uma
limitação da técnica. Nesse caso, o uso de um marcador químico não-destrutivo, antes
da análise de MEV-EDS, poderia ser muito vantajoso.
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UNIDADE III │ EMPREGO DA MICROSCOPIA EM IDENTIFICAÇÕES QUÍMICAS FORENSES
O perito criminal Dr. Hélio Rochel desenvolveu e propôs o uso de uma nova resina
polimérica para exame residuográfico, cujos resultados preliminares indicam que pode
ser utilizada para análise por MEV/EDS. No entanto, o tempo de polimerização da
resina (cerca de 20 min) pode constituir um empecilho para peritos de local.
A resina de alginato foi utilizada de maneira que esta foi espalhada com espátula
sobre a região de interesse e após cerca de 1 min, foi gentilmente descolada da pele
e armazenada em placas de Petri de policarbonato de 25 mm de diâmetro, estéreis.
Em seguida. A mesma região também foi amostra para fins comparativos. De acordo
com os pesquisadores, a busca por partículas positivas foi mais fácil do que em amostras
coletadas com fita dupla-face convencional; apresentam boa estabilidade sob o feixe de
elétrons do MEV tanto em baixo vácuo como em alto vácuo, desde que previamente
secas em estufa. O único inconveniente foi a presença de cálcio detectado na composição
química, cujo pico de energia por EDS pode se sobrepor ao de Sb, necessitando de uma
análise mais detalhada.
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Referências
129
REFERÊNCIAS
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técnica 2018. Disponível em: http://www.anp.gov.br/images/Notas_Tecnicas/Nota-
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
Figuras
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Parade_Blotter_LSD_Dumbo.jpg
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amphetamine_2.svg
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