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RELATÓRIO DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Textos não relevantes (no momento):


A previdência privada do Chile: Um modelo para a reforma do sistema brasileiro?
https://revistas.fee.tche.br/index.php/indicadores/article/download/823/1088

Después de Chile: la segunda generación de reformas en América latina. Revista


Internacional de Seguridad Social
https://dialnet.unirioja.es/ejemplar/170156

Reformas a los sistemas de pensiones en América Latina y el Caribe. Serie


Financiamiento y Desarrollo, Santiago de Chile
https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/5229/S9500016_es.pdf?sequen
ce=1&isAllowed=y

A Reforma daPrevidênciaChilena: Efeitos Macroeconômicos eLições paraoCaso


Brasileiro
(https://www.mackenzie.br/fileadmin/OLD/62/ARQUIVOS/PUBLIC/SITES/ECONOMICA
/2016/Artigos/A_Reforma_da_Previdencia_Chilena.pdf)

BIBLIOGRAFIA SELECIONADA:
Considerações gerais:

(1) DEMOCRACIA E GLOBALIZAÇÃO: POLÍTICAS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL NA


ARGENTINA, BRASIL E CHILE
(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
64452017000100187&lang=pt#fn2)

- Boas citações, com sínteses de ideias centrais


- periodização completa, considera desde a antiga seguridade social até 2016.
- Faz relações com Brasil em todas os períodos, analisa governo Lula

(2) NOVOS PARADIGMAS NA PREVIDÊNCIA SOCIAL: LIÇÕES DO CHILE E DA ARGENTINA


(http://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/viewFile/92/97)

- Apresenta dados e informações detalhadas


- Bom para o capítulo 2 e 3

(3) O SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL CHILENO: DA DITADURA MILITAR AOS DIAS


ATUAIS
(http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/dialektike/article/view/5552/1639)

- Enfoque em características políticas das medidas


- Síntese das periodizações
- detalhes sobre o sistema de capitalização

(4) Densidade de contribuição na previdência social do Brasil


(https://repositorio.cepal.org/handle/11362/42728)

- Embasar teoricamente o sistema de seguridade social pré neoliberalismo,


principalmente com Prebisch e CEPAL

(5) O CONSENSO DE WASHINGTON A visão neoliberal dos problemas latino-


americanos
(http://www.fau.usp.br/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aup0270/4dossi
e/nogueira94/nog94-cons-washn.pdf)

- Embasar teoricamente o neoliberalismo e as medidas de redução do estado

(6) Reformas da Previdência Social no Chile: lições para o Brasil


(https://scielosp.org/article/csp/2019.v35n5/e00045219/)

- Detalha um pouco a capitalização


- Vai entrando até os anos 2000.
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CITAÇÕES
Ponto 1.1: Antigo sistema de proteção Social

1 = Além do passado colonial e dos processos de libertação nacional que não


romperam com a dependência econômica externa, o acentuado elitismo político
e a enorme desigualdade social, Argentina, Brasil e Chile construíram, a partir
dos anos 1930, o chamado Estado nacional desenvolvimentista, compartilhando,
no mesmo período, dinâmicas de crescimento econômico, urbanização e
incorporação tutelada das classes trabalhadoras ao sistema político. O Estado
foi o núcleo organizador da sociedade, funcionando, de um lado, como alavanca
do processo de construção de um capitalismo industrial nacionalmente
integrado, mas dependente do capital externo, utilizando a estratégia de
substituição das exportações (com políticas protecionistas e subsídios a certos
grupos privados) (Sallum Jr., 2004; Ferrer, 2006). O papel organizatório do Estado
exprimiu-se ainda no controle da classe trabalhadora através de sindicatos
atrelados ao aparato estatal e de políticas sociais que atendiam, ainda que
moderadamente, suas demandas (Santos, 1979; Draibe, 1985).

1 = Argentina, Brasil e Chile compõem o grupo de países pioneiros na


implantação de sistemas de previdência social, os quais foram, por isso,
denominados de mais desenvolvidos ou maduros7.

1 = A política social deve apenas complementar e corrigir as distorções eventuais


do mercado. Em outras palavras, os benefícios da previdência estão vinculados
ao emprego, no qual tendem a coexistir distintos sistemas criados pelo Estado
para segmentos específicos da classe trabalhadora (Draibe, 1993)8. A expansão
dos benefícios previdenciários pela pressão de grupos mais poderosos e pelas
ações populistas e corporativistas do Estado alcançou seu ápice nos anos 1950-
60, período em que o crescimento econômico fundado na substituição de
importações era financiado com pouca restrição orçamentária e com
crescimento da dívida externa (Hujo, 1999).

1 = No Chile, o modelo de incorporação dos trabalhadores combina confrontação


e cooptação. De sua criação no início do século XX até 1970, o sistema vai da
modalidade de cooptação a uma limitada incorporação autônoma. Em seguida,
passa à confrontação e finalmente à exclusão com a ditadura de Pinochet
(Abranches, 1982). Ao longo do período, a expansão dos programas sociais é
marcada pelas tentativas de cooptação dos trabalhadores, que, entretanto,
resistem, especialmente nos momentos de polarização política. Associando
tentativas de cooptação com repressão e distribuição de privilégios, o sistema
chileno forjou divisões entre segmentos de empregados e operários e combinou
uma trajetória de expansão vertical - criação de novos benefícios - com expansão
horizontal, massificando vantagens. Antes da reforma efetuada pela ditadura,
havia 35 caixas de previdência, com diferenciados planos de benefícios, que
cobriam aproximadamente 75% da força de trabalho, excluindo os trabalhadores
rurais e o setor informal. Todas as tentativas de unificação e homogeneização
do sistema, ensaiadas pela social-democracia e pelos socialistas nas décadas
de 1950-60 foram frustradas (Draibe, 1993).
2 = O Chile foi o primeiro país na América Latina a implementar uma privatização
do sistema previdenciário de forma radical, decorrente da adoção da ideologia
de mercado e dos poderes de exceção de que dispunha o regime militar perante
a sociedade civil.

3 = A proteção social chilena tem como marco a ascensão de Arturo Alessandri


aogoverno, em 1920, que chega ao poder com propostas de reformas,
representando ascamadas médias e se comprometendo a enfrentar as
oligarquias chilenas. Trata-se de uma conjuntura de efervescência política,
marcada por uma série de protestos, greves e outras séries de movimentos
populares.

3 = O Chile foi um dos países da América Latina que primeiro implementou um


sistemade proteção social, no ano de 1921. E entre os governos de 1958 e 1973
é notável o esforço para realizar reformas com o objetivo de desenvolver seu
sistema de proteção social. Mas, com a instauração da ditadura militar (1973-
1990), há um rompimento desse processo, com a implementação do ideário
neoliberal no país.

4 = Uma vez que mercados de trabalho latino-americanos são heterogêneos e


marcados pela existência de setores de alta produtividade e baixa produtividade,
existem, nos países latino-americanos, muitos trabalhadores ocupados em
atividades informais ou trabalhando em situação precária por conta própria, que
não contribuem ao sistema previdenciário. Desse modo, a estrutura econômica
impõe restrições à capacidade contributiva do trabalhador. Por isso, a
capacidade do trabalhador latino-americano contribuir para a previdência é
estruturalmente diferente de economias da OCDE, cujos patamares mais
elevados de formalização e de renda levam a capacidades contributivas
distintas.

3 = A previdência social foi a primeira política de proteção social no Chile, pois


ao longo do século XX “são criadas diversas caixas previdenciárias, semi-
públicas, para atender alguns setores com maior poder de pressão [...] Nas
caixas principais, foram criadas, em paralelo aos regimes gerais, sub-regimes
preferenciais para alguns setores” (ALVIM, 2011, p.50). Até 1973, vários
governos tentaram reformar o sistema previdenciário, na tentativa de unificá-lo,
uma vez que estava organizado em diversos segmentos, distribuídos em acordo
com grupos ocupacionais. As tentativas foram fracassadas, pois os diversos
grupos saíam em defesa de seus direitos

6 = O Chile constituiu seu sistema de proteção social a partir do início do século


XX baseado no modelo ocupacional de seguro social 5. Junto com Argentina,
Brasil e Uruguai, o país foi o pioneiro ao desenvolver um sistema jurídico e
institucional e alcançar progressiva cobertura dos trabalhadores formais até os
anos 1980 2. Entretanto, o sistema fundado no modelo europeu, em que a
maioria da população ascendia a empregos estáveis e possibilitava a proteção
dos membros da família, não obteve total êxito na América Latina 6. Os altos
índices de informalidade laboral na região impossibilitaram uma ampla cobertura
e proteção aos riscos relacionados à saúde e trabalho para aqueles excluídos
do mercado formal.

6 = A proteção social no Chile foi estruturada a partir de 1924 com a instituição


de leis relativas ao trabalho e à proteção dos trabalhadores. A Lei nº 4.054, do
Seguro Obrigatório dos Trabalhadores (Seguro Obrero Obligatorio), possibilitou
a criação de uma Caixa com financiamento tripartite entre empregados,
empregadores e o Estado, que posteriormente se constituiria no Serviço de
Seguro Social. Nas décadas subsequentes, progressivamente ampliou-se o
financiamento tripartite que marcou a institucionalização da solidariedade entre
os segurados, até a reforma realizada na ditadura militar 5.

Ponto 1.2: Golpe Militar e Neoliberalismo

1 = Contudo, foi o fechamento do processo político e da luta partidária, durante


a ditadura militar, que gerou maior espaço no poder para os técnicos,
especialmente os chamados Chicago boys, economistas formados na
Universidade de Chicago sob a orientação liberal de Milton Friedman. Esse
grupo foi responsável pela formulação e execução das políticas econômicas
durante todo o governo Pinochet e, em particular, pela reforma da previdência
social, ainda nos anos 19809.

1 = Se as mudanças foram implantadas mesmo antes da eclosão da crise de


1982, que também aí gerou situação de grande recessão econômica, foi
obviamente a situação política de ditadura e violenta repressão que transformou
o Chile no primeiro país latino-americano a adotar as políticas liberais no
continente e tornar a área previdenciária um campo de experimentação para o
receituário privatizante.

1= Tido como exemplar, o caso chileno foi utilizado como reforço do ideário
liberal, que se torna o mapa cognitivo das reformas destinadas a ajustar as
economias dos países em desenvolvimento aos ditames do capital globalizado
e justificadas como condição necessária para impulsionar a poupança e o
crescimento econômico interno e, sobretudo, como expressão do compromisso
dos governos com tal ideário (Maxfield, 1997; Brooks, 2003).

2 = Sob a ditadura do governo de Pinochet, o Chile mudou seu sistema


previdenciário público (financiado pelo método da repartição) para um sistema
compulsório de capitalização, gerenciado por administradores de fundos de
pensão privados. Contudo, a reforma chilena parecia, naquele momento, ser
uma experiência audaciosa promovida por um regime autocrático e pouco
atraente aos olhos de políticos democráticos de outros países.

3 = Mas em 1973 houve um golpe de Estado promovido pelas Forças Armadas


contra o governo de Allende, sendo instaurada uma ditadura militar sob o
comando do general Augusto Pinochet, também apoiado pelo governo dos
Estados Unidos e pela camadaconservadora chilena.
3 = Assim começa a história do neoliberalismo na América Latina,.

3 = Para os intelectuais do neoliberalismo, os gastos sociais e o intervencionismo


estatal são responsáveis pelas crises econômicas e fiscais dos estados
nacionais. Assim, apresentam como solução a redução dos custos sociais e
diminuição na intervenção econômica, para que o livre mercado promova a
acumulação desejada. Com isso, colocam como prioridade orçamentaria dos
governos a estabilidade monetária, reduzindo os investimentos com as políticas
públicas e restaurando as “naturais” taxa de desemprego8 , para a criação de
um “exército reserva” de trabalhadores. E realizam contrarreformas9fiscais, com
incentivo ao capital externo, que significa reduzir os impostos sobre rendas e
rendimentos mais altos a fim de reestabelecer a “natural” e “necessária”
desigualdade. (ANDERSON, 1995).

3 = Nesse quadro, o Estado reduz os gastos com as políticas de proteção social,


e amplia sua atuação econômica e política em prol dos interesses capitalistas.
Através de forte intervenção estatal tanto na execução de contrarreformas nos
direitos sociais e trabalhistas, quanto na busca por atender as demandas do
capitalismo financeiro internacional.

3 = o receituário do Consenso de Washington12 acabou sendo imposto aos


países latino-americanos, que colocaram em prática medidas como altas taxas
de juros, privatização das empresas públicas, liberalização financeira e
comercial, corte em gastos sociais, etc. (CASTELO, 2010, p. 21). Dessa forma,
a pequena e deficitária proteção social na América Latina tem seus traços
perversos acentuados “por conta dos impactos produzidos pela crise econômica
e pelos ajustes neoliberais”

3 = A Cepal, a partir dos anos de 1990, passou a defender o desenvolvimento


econômico e, consequentemente, a abertura dos países latino-americanos para
o mercado externo e seus interesses, ao mesmo tempo em que o Estado
aumenta os investimentos em políticas sociais, com caráter compensatório e
focalista (pobreza e extrema pobreza), incentivando o empreendedorismo, bem
como garantindo condições necessárias para os investimentos privados que irão
render “oportunidades” ao país, a partir da ampliação do mercado de trabalho
(CARCANHOLO, 2010; CASTELO, 2010; 2013).

5 = No Consenso de Washington prega-se também uma economia de mercado


que os próprios Estados Unidos tampouco praticaram ou praticam, além de
ignorar completamente versões mais sofisticadas de capitalismo desenvolvidas
na Europa continental e no Japão.

5 = para justificar o encolhimento do Estado, invocam-se os excessosde


regulamentação, asfixiantes das forças produtivas. sua ineficiência como
empresário e sua irresponsabilidade fiscal, foco principal de inflações crônicas.

5 = A proposta neoliberal identifica corretamente o equilíbrio das finanças


públicas como indispensável ao combate à inflação.
5 = Acolhidas tais idéias, poder-se-ia até chegar na América Latina, pelo menos
nos países menores, à dispensa do próprio Estado mínimo, da concepção do
Estado-gendarme, passando a manutenção da ordem pública interna a
depender, quem sabe, de forças multinacionais, da ONU ou da OEA, em
"operações de paz" aplicadas cada vez mais a conflitos internos do que a
conflitos internacionais. São tantas as limitações que se desejam impor ao
Estado, que este pareceria estar sendo objeto de uma estratégia de solapamento
da própria idéia de nação, da qual o Estado nada mais é do que a sua forma
jurídica organizada.

5 = Muito defendida em nome da eficiência da gestão privada dos negócios, a


privatização é também promovida em função de objetivos fiscais de curto prazo.
A saber, a necessidade de assegurar aos Tesouros depauperados recursos não
inflacionários e não tributários necessários ao equilíbrio das contas
governamentais, sem necessidade, portanto, de aumentar impostos ou cobrá-
los com mais rigor. Com a vantagem adicional de proporcionar, ao mesmo
tempo, bons negócios ao setor privado. Na realidade, do ponto de vista da
retomada do desenvolvimento, mais válido seria canalizar os recursos do setor
privado para os novos investimentos.

5 = Ou seja, revela-se implicitamente a inclinação a subordinar, se necessário,


o político ao econômico. Para não tornar muito explícita essa tendência, passa-
se, na avaliação dos resultados, por cima do fato notório de que dois dos mais
celebrados exemplos de reforma neoliberal na área, Chile e México, se
realizaram mediante regimes fortes e que, neste último caso, mal se iniciou a
transição para um regime político efetivamente mais aberto.

5 = Os resultados do neoliberalismo na América Latina, apesar dos esforços dos


meios de comunicação em só mostrar os aspectos considerados positivos, não
podem deixar de ser vistos como modestos, limitados que estão à estabilização
monetária e ao equilíbrio fiscal. Miséria crescente, altas taxas de desemprego,
tensão social e graves problemas que deixam perplexa a burocracia
internacional baseada em Washington e angustiados seus seguidores latino-
americanos.

Ponto 1.3: Regime de Capitalização

3 = Em 1980, é desmontado o modelo público, com a proibição de novas


filiações, sendo substituído pelo modelo de capitalização individual, através da
criação de um sistema privado e com cortes de direitos. Assim, a previdência
social chilena deixou de ser administrada pelo Instituto de Normalização
Previsional (INP), para ser administrado por sociedades anônimas de direito
privado, as Administradoras de Fundo de Pensões (AFPs), através de
contribuições individuais de caráter obrigatório apenas dos trabalhadores, pois
neste sistema os empregadores não contribuem e os autônomos não são
obrigados a contribuir.
6 = Em 1981, o ditador Pinochet, no bojo de reformas econômicas e sociais,
adotou um novo regime de previdência social, derivada da capitalização
individual. Nesse regime, o filiado era responsável pelo financiamento da sua
pensão por meio de cotizações individuais obrigatórias e voluntárias (para
aqueles com capacidade de poupança), direcionadas para um fundo gerido
pelas Administradoras de Fundos de Pensões (AFP - Administradoras de
Fondos de Pensiones), instituições privadas que poderiam investir tais recursos
no mercado financeiro 7. Dessa forma, cada aposentado teria como pensão o
valor do rendimento da sua conta individual.

6 = O aparato constitucional estabelecido para a reforma criou uma


institucionalidade para a proteção social baseada nos direitos à liberdade e
seguridade individuais, em detrimento da repartição coletiva e da prestação de
serviços majoritariamente públicos. Ainda que o sistema de capitalização
individual tenha se consolidado para a maioria da população, os militares
permaneceram no regime de previdência sob a administração do Estado.

6 = A Lei nº 3.500 de 1980, que constituiu o novo regime de pensões,


estabeleceu que todos os trabalhadores afiliados com mais de 65 anos para os
homens e com mais de 60 anos para as mulheres deveriam cotizar 10% do seu
salário na sua conta de capitalização individual, mais o valor relativo à
administração pelas AFP. Entretanto, progressivamente o sistema foi
considerado injusto, insuficiente e incapaz de proteger os afiliados dos riscos
sociais 7

6 = Nos anos 1990, outros países da América Latina - como Argentina, Bolívia,
Colômbia, México e Peru - adotaram reformas dos sistemas de pensões
similares à chilena, de caráter privatista, baseadas na capitalização individual
20,21
. Tais reformas foram incentivadas por agências internacionais como o
Banco Mundial que, no documento Envejecimiento Sin Crisis, de 1994,
recomendou a criação de regimes com múltiplos pilares, como o chileno 22.

Outras citações interessantes:

1 = De forma mais concreta, as oscilações da política da previdência social


ocorridas nos três países, desde as últimas décadas do século passado, são
vistas analiticamente como expressão da forma diferencial com que os vários
governos puderam se pautar diante do capital financeiro globalizado, com maior
ou menor subordinação a seus ditames, em função do estado da luta entre as
forças políticas internas, dos interesses dos grupos vencedores e das
possibilidades ou limites de seus respectivos sistemas institucionais.

1 = Paralelamente a esse processo de crescimento de economias como a da


China e também da Índia - que não haviam seguido à risca o receituário do
Consenso de Washington -, os impactos das crises financeiras do final dos anos
1990 (a asiática em 1997, a da Rússia e do Brasil em 1998-99) contribuíram
também para solapar o consenso da ortodoxia liberal14. É nesse contexto,
mesmo antes da eclosão da crise de 2008, que alguns analistas diagnosticam a
emergência de uma nova agenda social na América Latina, com implicações
claras para o fortalecimento de novas estratégias econômicas e de
desenvolvimento social (Draibe, 2011)15. Em outras palavras, as mudanças do mapa
cognitivo junto com as transformações no cenário econômico internacional
possibilitaram a emergência gradativa nos países em desenvolvimento de um
processo de reversão de várias políticas públicas adotadas anteriormente, como
a da previdência.

1 = No caso do Chile, após mais de 25 anos de implantação da reforma pró-


mercado, o governo socialista de Michelle Bachelet, como parte da coalizão de
partidos de centro-esquerda (denominada Concertación) conseguiu aprovar em
2008 a Ley de Reforma Previsional, que estabeleceu um Sistema de Pensiones
Solidarias, recuperando, pelo menos em parte, os princípios de solidariedade e
de direitos de cidadania, esquecidos pelos ideólogos liberais

1 = No contexto de um governo de esquerda, surgem no Chile críticas ao sistema


privatizado, intensificadas inclusive pelas evidências cada vez mais nítidas da
incapacidade desse sistema em oferecer aposentadorias decentes para a
maioria dos trabalhadores. O chamado "sucesso" que o envolveu na época
passa, então, a ser fortemente questionado, uma vez que o modelo de
capitalização individual deixou de lado a maioria da população mais pobre e
permitiu às empresas de administração dos fundos de pensão abocanhar
enorme filão da riqueza do país, tornando-se as principais beneficiárias do
modelo implantado pelos militares.

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