Você está na página 1de 10

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/262471818

Etiopathogenic features of acne vulgaris

Article  in  Anais Brasileiros de Dermatologia · October 2008


DOI: 10.1590/S0365-05962008000500010

CITATIONS READS

15 77

3 authors, including:

Adilson Da Costa
Emory University
57 PUBLICATIONS   201 CITATIONS   

SEE PROFILE

All content following this page was uploaded by Adilson Da Costa on 13 January 2016.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


Revista ABDV83N5FINALPaginada.qxp 07.11.08 11:28 Page 451

451

Artigo de Revisão

Fatores etiopatogênicos da acne vulgar *


Etiopathogenic features of acne vulgaris *
Adilson Costa 1 Maurício Motta de Avelar Alchorne 2
Maria Cristina Bezzan Goldschmidt 3

Resumo: A acne vulgar é uma das dermatoses mais freqüentes na população em geral. Encontra-se na
literatura grande número de trabalhos científicos referentes sobretudo a sua etiopatogenia. No entan-
to, dado o grande número de informações geradas a respeito, dificilmente consegue-se reuni-las em
entendimento comum. Esta revisão literária foi proposta a fim de abordar os mecanismos etiopatogêni-
cos clássicos da acne vulgar (produção sebácea, hiperqueratinização folicular, colonização bacteriana
folicular e inflamação glandular) e o mecanismo coadjuvante principal, a influência hormonal.
Palavras-chave: Acne vulgar; Propionibacterium acnes; Sebo

Abstract: Acne vulgaris is one of the most frequent dermatoses in the general population. Numerous
scientific articles are available on acne, mostly relating to its etiopathogeny. This notwithstanding,
the large amount of scientific information generated by works on acne vulgaris has made it difficult
to converge knowledge on its etiopathogeny into a single understanding. Therefore, this review has
been proposed to analyze the four classic mechanisms of this dermatosis (sebum production, follicular
hyperkeratinization, bacterial colonization and glandular inflammation), as well as its secondary
mechanism, namely hormonal mediation.
Keywords: Acne vulgaris; Propionibacterium acnes; Sebum

INTRODUÇÃO
A acne vulgar é dermatose crônica, comum em entre 35% e 90% nos adolescentes, com incidência de
adolescentes. É doença do folículo pilossebáceo, que 79 a 95% entre os adolescentes do Ocidente;4 pode
possui, como fatores fundamentais, hiperprodução chegar a 100% em ambos os sexos.5 Em geral, obser-
sebácea, hiperqueratinização folicular, aumento da va-se que a acne acomete 95% dos meninos e 83% das
colonização por Propionibacterium acnes e inflama- meninas com 16 anos de idade.6,7
ção dérmica periglandular. Ocorre em todas as raças, O aparecimento é precoce (11 anos para meni-
embora seja menos intensa em orientais e negros, e nas e 12 para meninos), com prevalência maior entre
manifesta-se mais gravemente no sexo masculino.1-3 os homens, graças à influência androgênica.8,9
Não existe perfil epidemiológico universal da A freqüência na população aumenta com a
acne. Aceita-se o fato de que sua prevalência varie idade e a existência de histórico familiar. Geralmente,

Aprovado pelo Conselho Editorial e aceito para publicação em 17.04.2008.


* Este trabalho é parte integrante da revisão de literatura da dissertação do autor principal apresentada, para obtenção do título de mestre em dermatologia, à
Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – São Paulo (SP), Brasil.
Conflito de interesse: Nenhum / Conflict of interest: None
Suporte financeiro: Nenhum / Financial funding: None
1
Dermatologista. Mestre em dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, coordenador dos Ambulatórios de Acne e
Cosmiatria e do Núcleo de Pesquisa Clínica em Dermatologia do Serviço de Dermatologia do Hospital e Maternidade Celso Pierro, da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas (PUC-Campinas) – Campinas (SP), Brasil.
2
Professor titular do Depto. de Dermatologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Escola Paulista de Medicina – São Paulo (SP), Brasil.
3
Ex-residente de dermatologia do Serviço de Dermatologia do Hospital e Maternidade Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas
(PUC-Campinas) - Campinas (SP), Brasil.

©2008 by Anais Brasileiros de Dermatologia

An Bras Dermatol. 2008;83(5):451-9.


Revista ABDV83N5FINALPaginada.qxp 07.11.08 11:28 Page 452

452 Costa A, Alchorne MMA, Goldschmidt MCB

sua resolução é espontânea, no final da adolescência adrenal, maior entre os homens.18,21,22 O decréscimo da
ou da segunda década de vida.8 A acne não faz distin- secreção, que já ocorre a partir da adolescência, acen-
ção de classe social.8,9 tuando-se após os 50 anos,23 principalmente entre as
A influência genética na acne é muito importan- mulheres.24
te, acreditando-se que ela seja maior quanto maior for Em indivíduos sem acne, não há diferença na
o grau da dermatose. Para acne grau I, essa participa- excreção de cera e ésteres de colesterol no sebo, mas
ção é de 88%; para a grau II, 86%; para a grau III, níveis maiores foram observados no sexo masculino
100%. Em indivíduos sem acne, a ocorrência familiar é em dois picos: de 0-10 e de 26-40 anos. O pico de
de 40%.9 A influência genética ocorre sobre o controle colesterol em ambos os sexos ocorre entre 11 e 15
hormonal, a hiperqueratinização folicular e a secreção anos, sendo maior entre meninas que já menstruam
sebácea, mas não sobre a infecção bacteriana.10 do que entre as que não menstruam e os meninos.
Embora sem diferenças significativas, um conteúdo
ETIOPATOGENIA diminuído de ácidos graxos livres e um aumentado de
Os fatores implicados na etiopatogenia da acne triglicérides ocorre em ambos os sexos a partir da
vulgar são:11-14 puberdade.22-24
1. hiperprodução de sebo glandular; As taxas de escaleno são semelhantes para
2. hiperqueratinização folicular; ambos os sexos. Ele é menos excretado entre os 11 e
3. colonização bacteriana folicular; e 15 anos, tanto nos meninos, quanto nas meninas pré-
4. liberação de mediadores da inflamação no púberes, aumentando a partir daí, com pico máximo
folículo e derme adjacente. entre os homens de 26 a 40 anos de idade, decrescen-
do, então, acompanhando o comportamento da secre-
Hiperprodução sebácea ção sebácea glandular. Seu conteúdo é maior em
O sebo constitui, juntamente com os lípides da meninas com excreção sebácea aumentada.22-24
queratinização, o filme lipídico da superfície cutâ- O sebo de indivíduos acnéicos é alterado, em
nea.15 A composição do sebo em um indivíduo normal comparação ao de indivíduos normais. Em ambos os
é, grosso modo, 57,5% de triglicérides e ácidos graxos grupos, a proporção de ácidos graxos livres (11%-
livres, 26% de ésteres de cera, 12% de escaleno, 3% de 18%), escaleno (10%-12%), colesterol e seus ésteres
ésteres de colesterol e 1,5% de colesterol.16 (juntos, menor que 5%) é similar. No entanto, a pro-
Como o sebo possui lípides não encontrados porção de triglicérides no primeiro é de 46%-52%,
no sangue, alguns autores assumem que todos os seus contra 60%-68% no segundo, e a de ésteres de cera é
componentes lipídicos são sintetizados de novo nas maior entre os acnéicos (20%-26%) em relação aos
glândulas, como é o caso do escaleno e ésteres de não acnéicos (9%-12%).19 Em estudo realizado na
cera. A existência de pequenas quantidades de ácido Nigéria, houve aumento significativo nos níveis de tri-
linoléico no sebo afronta essa teoria, pois ele também glicérides e colesterol total e diminuição dos lípides
está presente no sangue periférico.17 cutâneos indeterminados (ácidos graxos livres + esca-
O colesterol e seus ésteres presentes no sebo leno + ésteres de cera + diglicérides) entre os acnéi-
são de origem epidérmica (glandular) e são liberados cos. Talvez haja maior atividade enzimática bacteriana
pela glândula conforme a fração de excreção sebácea devido ao clima (úmido e quente).25
de cada indivíduo.18 Porém, os ácidos graxos livres Ultimamente, discute-se a participação dos áci-
vêm da hidrólise dos triglicérides, que é maior quan- dos graxos livres na etipatogênese da acne vulgar.
to maior for o tempo de exposição cutânea do sebo;19 Acredita-se que os ácidos graxos livres, acumulando-
há diferença individual genética na composição dos se no infundíbulo glandular por período longo,
ácidos graxos livres.20 teriam a capacidade de irritar o epitélio desse, acarre-
Os ácidos graxos que compõem os ácidos gra- tando, assim, hiperqueratinização (estágio inicial da
xos livres e os triglicérides são, principalmente, o comedogênese) e, por fim, a inflamação.26
C14:0, C14:89, C16:0, C16:1, C18:0 e C18:1. Com a Neste sentido, analisando-se a proporção média
idade, o C14:0 e o C14:89 diminuem em ambos; o de ácido sebaleato e de ácido linoléico, no escalpo de
C16:0 e o C16:1 aumentam em ambos; o C18:0 dimi- voluntários normais e com acnes leve e grave, obtive-
nui entre os triglicérides; e o C18:1 aumenta entre os ram-se valores distintos para sebaleato (0,74%, 0,85% e
ácidos graxos livres. Isso pode sugerir favorecimento 0,61%, respectivamente) e para ácido linoléico (0,56%,
à colonização bacteriana, que é maior em algumas 0,27% e 0,19%, respectivamente). Houve, ainda, dife-
fases da adolescência.21 rença estatisticamente significativa nos níveis de ácido
Há incremento fisiológico na taxa de secreção linoléico entre os grupos normal e de acnéicos leve e
sebácea, em ambos os sexos, no final da primeira grave, o que não ocorreu para o sebaleato. Com isso,
infância, devido ao início da produção estrogênica percebe-se relação aumentada sebaleato/ácido linoléi-

An Bras Dermatol. 2008;83(5):451-9.


Revista ABDV83N5FINALPaginada.qxp 07.11.08 11:28 Page 453

Fatores etiopatogênicos da acne vulgar 453

co não devida ao aumento na proporção do primeiro, Hiperqueratinização infundibular


mas, sim, a uma diminuição na proporção do segundo. Dos fatores etiopatogênicos da acne, a comedo-
Esse achado poderia ser decorrente da baixa eficiência gênese, resultado da hiperqueratinização folicular
de incorporação do ácido linoléico circulante nos lípi- (decorrente da hiperproliferação dos ceratinócitos
des cutâneos de indivíduos acnéicos ou, ainda, da alta e/ou separação inadequada dos corneócitos ductais),
taxa de secreção sebácea desses indivíduos, diluindo-o é um dos mais importantes.33,34
no sebo; outra hipótese seria a pobre ativação da via O ácido linoléico, necessário para a síntese de
metabólica de inclusão de duplas ligações nas posições ácidos graxos de cadeia longa ω-6 35 e cuja deficiência
6 e 7 dos ácidos graxos saturados, existente nas glân- em animais acarreta descamação, está reduzido nos
dulas sebáceas.27 comedões.36 Sendo um ácido graxo essencial, o ácido
Outra explicação seria a de que, no início da linoléico tem importante papel na manutenção da
divisão celular dos sebócitos, há contato deles com função de barreira epidérmica, modulação do meta-
lípides circulantes, incluído o ácido linoléico, o que bolismo eicosanóicoe e dos sinais celulares.7
não mais é possível quando a síntese do sebo se ini- Alteração na barreira epidérmica facilita a pene-
cia, diluindo-o gradativamente.28 Se houver alta taxa tração na derme de organismos e ácidos graxos pró-
de secreção sebácea, há decréscimo na concentração inflamatórios presentes no sebo, promovendo infec-
de ácido linoléico, provocando deficiente estado de ção e inflamação.26 Postula-se que tal déficit de barrei-
ácidos graxos essenciais nas células do epitélio folicu- ra ocorra pela má-formação da ceramida 1 (principal
lar. Com isso, favorecer-se-ia a hiperqueratinização do ceramida córnea), já que os pacientes acnéicos nela
infundíbulo glandular, o que diminui a eficiência da possuem apenas um sétimo da quantidade de ácido
barreira epidérmica, promovendo o crescimento bac- linoléico,37 pois ele foi substituído por outros ácido
teriano e a liberação adicional de ácidos graxos livres. graxos.38
Esses ácidos graxos livres “ácidos linoléico-deficien- Com base nesses achados, supõe-se que tera-
tes” penetrariam os sebócitos viáveis, comprometen- pêuticas, tópicas ou sistêmicas, à base de ácidos gra-
do a produção dos lípides ricos em ácido linoléico, xos essenciais possam ser úteis no tratamento da
importantes na barreira epidérmica. Dessa maneira, acne.26
os fatores quimiotáticos penetrariam através desse Pesquisadores avaliaram biópsias de comedões
epitélio, promovendo a inflamação.28,29 de indivíduos portadores de acne grau I com trata-
A participação lipídica do escaleno na secreção mento de quatro semanas de aplicação diária de 2,5%
sebácea, por sua vez, é tanto maior quanto maior for de ácido linoléico ou placebo. No início imediato com
o tamanho das glândulas, padrão inverso ao que é o uso de placebo, houve aumento no tamanho folicu-
assumido pelos triglicérides. Esse aumento na produ- lar em 1,6%, seguido por seu decréscimo de 19,9%
ção de escaleno pode estar associado ao maior poten- durante a fase de uso do ácido linoléico. Por outro
cial comedogênico em indivíduos acnéicos.30 lado, o grupo de início com ácido linoléico, seguido
A partir desses informes, percebe-se que, quan- pelo período placebo, teve decréscimo folicular de
to mais grave é a acne, menor é a concentração de 28,8%, seguido por acréscimo de 4,9%. Isso sugere
ácido linoléico no sebo e que a taxa de ácido linoléi- que o linoléico pode servir como comedolítico.39
co no sebo, no período da puberdade, diminui na Outros autores viram que o escaleno é pouco
proporção inversa do número de lesões acnéicas.31 A comedogênico, ao contrário de seus peróxidos
redução dos níveis de ácido linoléico parece ser, por- (oriundos de sua exposição à radiação UVA).40 O ácido
tanto, o elemento primordial na comedogênese.27-29, 31 oléico tem perfil anticomedogênico devido a sua capa-
Em relação à teoria da relação de fatores cidade em diminuir em 40% o número de grânulos
ambientais e acne, possivelmente o sebo seria o com- membranosos de secreção (grânulos de Odland) nas
ponente mais influenciado. A presença de hiperinsuli- camadas mais superiores do estrato córneo, mostran-
nemia, geralmente secundária à ingestão excessiva de do sua importante participação no processo de desca-
alimentos com alto índice e carga glicêmicos (por mação epitelial, já que tal decréscimo diminuiria as
exemplo, açúcar branco), bem como a ingestão de ligações desmossômicas e tight junctions, as quais
leite e derivados,32 poderia estimular a produção de favorecem a comedogênese.41-44
Sebo diretamente. A hiperinsulinemia também pode, Em relação ao papel do metabolismo de carboi-
junto com o fator de crescimento insulina-símile 1 dratos na hiperqueratinização folicular, sabe-se que a
(IGF-1), estimular a síntese de andrógenos por vários insulinemia influencia as concentrações de IGF-1 e
tecidos do corpo, os quais, sabidamente, também esti- IGFBP-3, os quais, por sua vez, regulam diretamente a
mulam a produção de sebo.32 proliferação de queratinócitos e sua apoptose (o pri-
meiro estimula e o segundo inibe a proliferação de
queratinócitos basais).32,45 A hiperinsulinemia eleva a

An Bras Dermatol. 2008;83(5):451-9.


Revista ABDV83N5FINALPaginada.qxp 07.11.08 11:28 Page 454

454 Costa A, Alchorne MMA, Goldschmidt MCB

IGF-1 livre e reduz a IGFBP-3, contribuindo para a Os TLR são receptores de reconhecimento
hiperproliferação de queratinócitos no folículo.32,45 padrão expressos na superfície de células dendríticas,
monócitos, células natural killer, granulócitos e célu-
Colonização bacteriana infundibular las. São proteínas transmembrânicas capazes de
Propionibacterium acnes é bactéria gram-posi- mediar resposta às moléculas padrão associadas aos
tiva, anaeróbia, do gênero Corynebacterium, que faz patógenos. Quando os TLR são ativados por ligantes
parte da biota normal residente da pele, sendo o prin- microbianos, desencadeia-se resposta intracelular
cipal microorganismo envolvido na etiopatogenia da que, em última instância, leva à translocação nuclear
acne vulgar.15 do fator de transcrição NF-κB, o qual modula, então,
Quando há hiperprodução sebácea pela glân- a expressão de vários genes de resposta imune.51,52
dula, há proliferação dessa bactéria, favorecendo o Há, pelo menos, 10 TLR identificados em
aparecimento da acne.46 Na superfície cutânea dos humanos.53 O TLR2, implicado na patogênese da
pacientes acnéicos, o P. acnes pode chegar a 120.000 acne, expressa-se nas lesões dessa dermatose, parti-
espécimes/cm2.47 Outros espécimes, como P. avidum e cularmente nas regiões perifoliculares. Isto sugere
P. propionicum, também estão presentes em grande que o gatilho inflamatório desencadeado pelo P.
quantidade na pele de indivíduos acnéicos.48 acnes, através do TLR2, pode ter papel importante na
O importante papel do P. acnes na inflamação acne vulgar.52
da acne se dá por sua ingestão por leucócitos polimor- Outra ação dos TLR na acne vulgar poderia ser
fonucleares no lúmen glandular, acarretando libera- a de promover a liberação de peptídeos antimicrobia-
ção de enzimas hidrolíticas intracelulares e mantendo nos. Existe maior produção do peptídeo antimicrobia-
sua integridade. Além disso, os anticorpos específicos no β-defensina-2 por células epiteliais em resposta à
contra o P. acnes, presentes nos microcomedões, inte- estimulação com agonistas TLR2 e TLR4, sendo que os
ragem com elas, liberando as proteases hidrolíticas peptídeos não só podem ser induzidos através dos
que atuam na parede epitelial infundibular, fragilizan- TLR, mas podem, também, ativar células através dos
do-a e levando à saída de substâncias irritantes para a TLR. Uma vez que há up-regulation da β-defensina 1 e
derme subjacente, desencadeando o processo infla- 2 nas lesões de acne vulgar em comparação aos con-
matório local.12 troles, sugere-se o envolvimento desses peptídeos na
A população de P. acnes é maior na face e no patogênese da acne vulgar.52
tronco superior, locais com maior concentração lipídi- Outros receptores celulares, os Nod1 e Nod2,
ca, mostrando, aí, relação direta entre população bac- que são receptores intracelulares de peptidoglicanos
teriana e seborréia local.49 No entanto, há aumento da e agem independentemente dos TLR, também levam à
densidade de P. acnes com a idade entre pré-adoles- produção de NF-κB. O P. acnes possui peptidoglicano
centes e adolescentes, em ambos os sexos, o que tam- que é semelhante a um ligante conhecido do Nod1,
bém ocorre com a quantidade de lípides na pele, prin- além de dipeptídeo reconhecido pelo Nod2, influen-
cipalmente dos triglicérides. Pressupõe-se, então, que ciando, portanto, a resposta imune através desses
o aumento na população de P. acnes na superfície receptores.52
cutânea esteja relacionado com o aumento da produ-
ção de triglicérides e, talvez, de colesterol.21 Inflamação folicular e dérmica subjacente
Há que lembrar que alterações na composição Conforme já comentado, a alteração da capaci-
lipídica podem determinar a sobrevida do P. acnes. dade de barreira epidérmica encontrada nos portado-
Estudou-se o poder inibitório in vitro dos lípides res de acne é o facilitador do surgimento da inflama-
cutâneos sobre cepas de S. aureus, S. epidermidis, P. ção periglandular dérmica,26,28,29,37,38 graças à passagem
acnes, P. granulosum e Corynebacterium sp, obser- de substâncias irritantes do lúmen glandular para essa
vando-se inibição no crescimento bacteriano na pre- região, principalmente por ação dos ácidos graxos
sença de lípides oriundos de adolescentes e adultos livres.26,37,38 Estudos realizados com aplicações cutâ-
acnéicos. Contudo, os extratos de adolescentes sau- neas diárias desses ácidos graxos (de cadeia C2 a
dáveis e de pessoas idosas permitiram crescimento de C18), em diferentes concentrações, mostraram suas
todas as cepas bacterianas. Isso mostra a capacidade ações irritativas primárias.54,55
antibacteriana do sebo acnéico, provavelmente devi- No entanto, não há diferença significativa na
da aos ácidos graxos livres, diminuído nos mais ido- concentração média de ácidos graxos irritantes em
sos, talvez por alteração na composição do sebo com indivíduos com ou sem acne. O que se observa é
a idade.50 que os indivíduos com acne têm velocidade aumen-
Recentemente, tem-se estudado o papel dos tada de secreção de sebo, causando aumento abso-
Toll-like receptors (TLR) na etiopatogenia da acne vul- luto cumulativo dos ácidos irritantes na superfície
gar, principalmente associando-os ao P. acnes.51,52 cutânea.55

An Bras Dermatol. 2008;83(5):451-9.


Revista ABDV83N5FINALPaginada.qxp 07.11.08 11:28 Page 455

Fatores etiopatogênicos da acne vulgar 455

Muitos componentes flogísticos, celulares e Muito curiosa é a diminuição das quantidades


humorais são estudados para se compreender o real de zinco sérico nos portadores de acne (85% do tipo
palco inflamatório estabelecido na acne, mas muita inflamatória). Postulou-se, então, que isso poderia
informação científica ainda falta para se elucidar tal diminuir a capacidade de diferenciação epitelial,
fenômeno. aumentar a produção sebácea, diminuir a resposta
A imunidade celular em pacientes com acne foi imune cutânea (20% do zinco está na pele), contri-
estudada através do teste de formação de rosácea espon- buindo para a gravidade etiopatogênica da acne.62
tânea e rosácea ativa. A primeira esteve abaixo do normal Acredita-se que a suplementação dietética com zinco
em 64% dos pacientes com acne (no controle, em 27%), favoreça a conversão dos ácidos graxos essenciais em
e a de rosácea ativa, em 45% (no controle, em 27%). prostaglandinas, principalmente as da série E1 (não
Quanto maior a intensidade de acne, menor a capacida- envolvidas na resposta inflamatória, mas importante
de de formação de ambas as rosáceas. Tais achados suge- na diferenciação celular), mostrando-se, aí, o benefí-
rem que nesses pacientes há fragilidade da imunidade cio da associação desses elementos na evolução clíni-
celular, diretamente proporcional ao grau da acne.56 ca da acne.63,64
O material comedoniano é capaz de atrair leu- Por fim, constata-se significativa diminuição dos
cócitos mononucleares, mas não os polimorfonuclea- níveis séricos de antiproteases totais, antitripsina e
res, resposta que é dose-dependente e dose-saturável. antiquimiotripsina nos sujeitos com acne inflamató-
Porém, em baixas concentrações desse material, um ria, em comparação aos da variante não inflamatória.
efeito citotóxico sobre ambas as células leucocitárias é Isso impediria a inibição das enzimas lisossômicas
observado, graças à ação dos ácidos graxos, principal- proteolíticas neutras granulocíticas liberadas nos folí-
mente os solúveis (de cadeia mais curta e de maior culos pilossebáceos durante o processo inflamatório
insaturação). Conclui-se, então, que o sebo é que rege (principalmente elastases e colagenases), o que
diretamente a resposta celular na acne.57 aumenta o processo inflamatório e leva à maior des-
Por outro lado, as espécies oxigênio-reativas, truição das fibras elásticas, acarretando maior incidên-
em especial o radical hidroxila, o peróxido de hidro- cia de cicatrizes.64
gênio e o radical superóxido, geradas por fagócitos,
como os neutrófilos, têm importante papel de media- Influência hormonal: fator coadjuvante na
ção inflamatória da acne. In vitro, pacientes com acne etiopatogenia da acne vulgar
grau II têm sua produção aumentada em comparação Embora não seja elemento etiopatogênico fun-
com a de indivíduos normais; isso, porém, não é damental no surgimento da acne, os hormônios exer-
observado na acne grau I. Muitos antibióticos utiliza- cem papel que pode ser vital para o surgimento e/ou
dos no tratamento da acne impedem a produção das manutenção do quadro dessa dermatose em alguns
espécies oxigênio-reativas pelos neutrófilos (princi- de seus portadores.
palmente os derivados da tetraciclina); o que também A cascata metabólica dos andrógenos está
acontece com o ácido linoléico que, além disso, supri- representada na figura 1.
me a fagocitose de neutrófilos, assim justificando tal- O papel dos andrógenos na acne é estimular as
vez a existência da inflamação nos pacientes com glândulas sebáceas a produzir sebo, graças a suas
acne, sabidamente carentes desse ácido no sebo.58,59 ações sobre receptores celulares.65,66 Como se sabe, os
O ácido palmítico (que está aumentado nos andrógenos são derivados do colesterol, sendo a uni-
comedões) diminui a produção do radical peróxido dade pilossebácea e a pele seus órgãos-alvo de atua-
de hidrogênio, tanto por neutrófilos quanto no siste- ção.67 A maioria dos andrógenos circulantes é produ-
ma xantina-xantina oxidase, o que não se vê com a zida nas glândulas adrenais (sulfato de diidroepian-
quimiotaxia e fagocitose de neutrófilos e a geração drosterona e androstenediona) e gônadas (testostero-
dos radicais hidroxila e superóxido. Tais achados na e 5α-diidrotestosterona). No entanto, testosterona,
sugerem que esse ácido graxo pode estar envolvido na no homem, e 5α-diidrotestosterona, na mulher, são
patogênese da inflamação da acne, como facilitador produzidos na pele68 e exercem pequena, mas funcio-
da injúria oxidativa tecidual.60 nal, ação sobre o processo de diferenciação dos sebó-
A resposta inflamatória humoral in vitro (pro- citos, representado pela lipogênese.69
dução de IL-1α, TNF-α e GM-CSF) dos queratinócitos A enzima 5 α-redutase tem papel limitante na
à ação do P. acnes é maior na fase estacionária de seu androgênese. Tanto no segmento infra-infundibular
crescimento em relação à fase exponencial de cresci- glandular quanto em cultura de queratinócitos infra-
mento, resposta não verificada na utilização de bacté- infundibulares de folículos de indivíduos normais,
rias mortas, em ambas as fases. Isso demonstra o encontrou-se a 5 α-redutase, demonstrando, assim,
papel importante das citoquinas dessa bactéria na sua produção nesses locais,70 às vezes em altas concen-
patogênese da acne inflamatória.61 trações.6 Assim, a 5 α-redutase do tipo 1 é importante

An Bras Dermatol. 2008;83(5):451-9.


Revista ABDV83N5FINALPaginada.qxp 07.11.08 11:28 Page 456

456 Costa A, Alchorne MMA, Goldschmidt MCB

SULFATO DIIDROEPIANDROSTERONA ESTRONA


3 β-HSD 17 β-HSD

17 β-HSD AROMATASE
ANDROSTENIDIONA TESTOSTERONA ESTRADIOL

5 α-REDUTASE

DIIDROTESTOSTERONA
3 β-HSD: 3 β-hidroxiesteróide diidrogenase
17 β-HSD: 17 β-hidroxiesteróide diidrogenase

FIGURA 1: Metabolismo androgênico

na patogênese da acne; a do tipo 2, na calvície.71 pode ser decorrente da diluição ocasionada pela pro-
Namazi6 analisou dados da literatura e verificou dução lipídica glandular.72
que há, in vitro, concentrações mais altas de 5 α-redu- Os picos da secreção sebácea e do sulfato de
tase nas glândulas sebáceas, bem como potencial ação diidroepiandrosterona sérico ocorrem em adultos
inibitória dessa enzima pelos ácidos graxos poliinsatu- jovens e, então, decrescem de forma estável, princi-
rados, principalmente o ácido γ-linoléico. Sendo esse palmente no sexo masculino. No entanto, a secreção
derivado do ácido linoléico, diminuído no sebo de por- sebácea não cessa, mostrando que esse hormônio,
tadores de acne, explica-se a hiperconcentração enzi- embora importante, não é o único responsável pela
mática glandular, favorecendo o aparecimento da acne. sebogênese, presumindo-se, nesse caso, papel rele-
Observa-se que as enzimas 5 α-redutase e 17 β- vante da testosterona nessa manutenção.73
HSD (17 β-hidroxiesteróide diidrogenase) são mais ati- A acne no período pré-menstrual ocorre em
vas nos queratinócitos infra-infundibulares em relação 30% das mulheres. Isso decorre de aumento da secre-
aos epidérmicos, em indivíduos com e sem acne. A ati- ção de sebo rica em ácidos graxos livres, diminuição
vidade da 17 β-HSD é maior que a da 5 α-redutase no dos óstios foliculares entre o 15o e o 20o dias do ciclo
infundíbulo. Pressupõe-se que a atividade dessas enzi- (possibilitando maior retenção do sebo) e aumento
mas no grupo acnéico deveria ser maior, mas, pelas da progesterona nessa fase do ciclo.2
limitações de um estudo in vitro, no qual são abolidas Em condições nas quais há aumento da produ-
as influências endógenas de fatores sobre sua ativida- ção de diidroepiandrosterona e diidrotestosterona em
de nos tecidos (co-enzimas, retinóides e citocinas, no mulheres, encontra-se aumento na incidência de acne,
caso da 17 β-HSD; testosterona/diidrotestosterona, no bem como em sua gravidade, quase sempre associada
caso da 5 α-redutase), isso não se confirmou.65 à presença sérica aumentada do IGF-1; tal fato não se
A participação dos andrógenos na acne, contu- observa nos homens, mesmo nos que têm aumento de
do, é tanto maior quanto maiores a proximidade e a androstenidiona e diidroepiandrosterona.72
inclusão de seus portadores do período puberal e A análise urinária de 24 horas de crianças entre
idade adulta. cinco e 10 anos, todas com antecedentes familiares de
Percebeu-se que a atividade da glândula sebá- acne, portadoras ou não da dermatose, mostrou
cea medida pela relação ésteres de cera/(coleste- aumento da secreção de testosterona, dos 17-cetoste-
rol+ésteres de colesterol) e os níveis séricos de sulfa- róides totais e das frações androsterona e etiocolano-
to de diidroepiandrosterona aumentam entre sete e lona, porém não da fração diidroepiandrosterona, a
10 anos de idade, em ambos os sexos, graças à ativa- qual era pouco detectável e não detectável na idade
ção funcional da supra-renal, havendo relação direta de cinco a seis anos. Disso se deduz relação estatisti-
entre tais fenômenos (sérico e sebáceo).71 camente significativa entre os 17-cetosteróides totais,
Acredita-se que a síntese de colesterol nas a androsterona e a etiocolanona com a quantidade de
meninas seja estrógeno-dependente, e a dos meninos, sebo ésteres de gordura/(colesterol total+ésteres de
andrógeno-dependente. Com relação à hidrólise de colesterol), enquanto só os meninos apresentaram
triglicérides a ácidos graxos livres, constata-se ser relação significativa para testosterona e diidroepian-
andrógeno-dependente, podendo corresponder a drosterona.74
característica precoce de instalação de puberdade Pode-se, ainda, destacar o papel da dieta, corre-
anterior ao aumento da seborréia. O decréscimo na lacionando-a à influência hormonal na etiopatogenia
concentração de colesterol superficial com a idade da acne. Estudos observaram associação positiva entre

An Bras Dermatol. 2008;83(5):451-9.


Revista ABDV83N5FINALPaginada.qxp 07.11.08 11:28 Page 457

Fatores etiopatogênicos da acne vulgar 457

ingestão de leite e derivados e ocorrência de acne vul- Antigas suspeitas que permeiam o cenário da
gar em jovens.75,76 Isso poderia ser devido à presença acne voltam a ser estudadas, fornecendo respostas
de moléculas bioativas no leite (incluindo andrógenos científicas que levam a reavaliar conceitos abandona-
e outros hormônios esteróides) e ao papel do leite no dos; exemplos clássicos são a relação entre dieta e
aumento dos níveis plasmáticos de IGF-1 (dada a pre- acne 2,3,6-9 (a ocidentalização alimentar parece aumen-
sença dessa biomolécula no leite).75-78 tar a incidência de acne em povos com dieta pobre em
peixe)81 e a existência de fatores ambientais protetores
CONCLUSÃO da acne, observada em povos indígenas isolados.82 Ao
A freqüência elevada da acne na prática clíni- lado disso, novos conceitos médicos, como o envolvi-
ca diária do dermatologista79 torna essa dermatose mento dos TLR na infecção bacteriana da acne,5,51,52
uma das mais estudadas do âmbito médico-científico vêm atualizar os já existentes.
internacional, com mais de 1.500 artigos científicos A situação atual da etiopatogenia da acne,
específicos indexados já publicados.80 embora pareça ainda confusa, é, na realidade, a repre-
Graças ao sentimento instigante que essa der- sentação de constante investimento da classe derma-
matose gera nos cientistas, percebe-se predileção no tológica na pesquisa dos detalhes obscuros dessa
tocante à etiopatogenia da acne. Grande avanço já foi doença. Isso, em última instância, mostra o terreno
obtido ao se estabelecerem a hiperprodução de sebo, a científico fértil ainda por se explorar e que, além de
hiperqueratinização folicular, a colonização bacteriana produtos consagrados e eficazes já disponíveis para
do folículo e a inflamação perifolicular e dérmica adja- seu tratamento, gerará conceitos, novas classes medi-
cente como os fatores cardinais maiores para o apareci- camentosas e alternativas terapêuticas para sua abor-
mento da acne;11-14 falta, contudo, a elucidação total dos dagem, abrilhantando ainda mais a prática clínica da
fatos que os desencadeiam e que os unem entre si. dermatologia. 

REFERÊNCIAS
1. Winston MH, Shalita AR. Acne vulgaris. Pathogenesis 11. Rustin MHA. Dermatology. Postgrad Med J. 1990;66:894-
and treatment. Pediat Clin North Am. 1991;38:889-903. 905.
2. Steiner D. Acne na mulher. Rev Bras Med. 2002;59:135-9. 12. Molina MTC. Patogenia del acné. Rev Chil Dermatol.
3. Steiner D, Bedin V, Melo JSJ. Acne vulgar. Rev Bras Med. 1996;12:163-6.
2003;60:489-95. 13. Hassun KM. Acne: etiopatogenia. An Bras Dermatol.
4. Cordain L, Lindeberg S, Hurtado M, Hill K, Eaton SB, 2000;75:7-15.
Brand-Miller J. Acne vulgaris: a disease of Western civi- 14. Talarico Filho S, Hassun KM. Acne. Rev Bras Med.
lization. Arch Dermatol. 2002;138:1584-90. 2001;58:17-21.
5. Stathakis V, Kilkenny M, Marks R. Descriptive epidemiol- 15. Sampaio SAP, Rivitti EA. Foliculoses. In: Sampaio SAP,
ogy of acne vulgaris in the community. Australas J Rivitti EA. Dermatologia. São Paulo: Artes Médicas;
Dermatol. 1997;38:115-23. 2001. p. 291-300.
6. Namazi MR. Further insight into the pathomechanism of 16. Uribe LFU, Cabezas AM, Molina MTC. Glândulas
acne by considering the 5-alpha-reductase inhibitory sebáceas y acne. Dermatología. 1986;2:22-4.
effect of linoleic acid. Int J Dermatol. 2004;43:701-2. 17. Stewart ME, Steele WA, Downing DT. Changes in the rel
7. Burton JL. Dietary fatty acids and inflammatory skin dis- ative amounts of endogenous and exogenous fatty acids
ease. Lancet. 1989;1:27-31. in sebaceous lipids during early adolescence. J Invest
8. Dreno B, Poli F. Epidemiology of acne. Dermatology. Dermatol. 1989;92:371-8.
2003;206:7-10. 18. Stewart ME, Downing DT. Measurement of sebum
9. Sobral Filho JF, Nunes Maia HGS, Fonseca ESVB, secretion rates in young children. J Invest Dermatol.
Damião RS. Aspectos epidemiológicos da acne vulgar 1985;84:59-61.
em universitários de João Pessoa – PB. An Bras 19. Powell EW, Beveridge GW. Sebum excretion and sebum
Dermatol. 1993;68:225-8. composition in adolescent men with and without acne
10. Sobral Filho JF, Silva CNA, Rodrigues JC, Rodrigues vulgaris. Br J Dermatol. 1970;82:243-9.
JLTD, Aboui-Azouz M. Avaliação da herdabilidade e con 20. Green SC, Stewart ME, Downing DT. Variation in sebum
cordância da acne vulgar em gêmeos. An Bras Dermatol. fatty acid composition among adult humans. J Invest
1997;72:417-20. Dermatol. 1984;83:114-7.

An Bras Dermatol. 2008;83(5):451-9.


Revista ABDV83N5FINALPaginada.qxp 07.11.08 11:28 Page 458

458 Costa A, Alchorne MMA, Goldschmidt MCB

21. Nordstrom NK, Noble WC. Application of computer tax lar epithelium of experimentally induced comedo (EIC)
onomic techniques to the study of cutaneous by oleic acid. Exp Dermatol. 1997;6:29-35.
Propionibacteria and skin-surface lipid. Arch Dermatol. 43. Katsuta Y, Iida T, Inomata S, Denda M. Unsaturated fatty
1985;278:107-13. acids induce calcium influx into keratinocytes and cause
22. Cotterill JA, Cunliffe WJ, Williamson B, Bulusu L. Age abnormal differentiation of epidermis. J Invest
and sex variation in skin surface lipid composition and Dermatol. 2005;124:1008-13.
sebum excretion rate. Br J Dermatol. 1972;87:333-40. 44. Maeda T. An electron microscopic study of experimen
23. Yamamoto A, Serizawa S, Ito M, Sato Y. Effect of aging on tally-induced comedo and effects of vitamin A acid on-
sabaceous gland activity and on the fatty acid composi comedo formation. J Dermatol. 1991;18:397-407.
tion of wax esters. J Invest Dermatol. 1987;89:507-12. 45. Edmondson SR, Thumiger SP, Werther GA, Wraight CJ.
24. Cotterill JA, Cunliffe WJ, Williamson B. Variation in skin Epidermal homeostasis: the hole of the growth hor
surface lipid composition and sebum excretion rate mone and insulin-like growth factor systems. Endocr
with time. Acta Derm Venereol. 1973;53:271-4. Rev. 2003;24:737-64.
25. Ikaraocha CI, Taylor GOL, Anetor JI, Onuegbu JA. 46. Azulay DA, Azulay RD. Acne e doenças afins. In: Azulay
Pattern of skin surface lipids in some south-western DA, Azulay RD. Dermatologia. 3 ed. Rio de Janeiro:
Nigerians with acne vulgaris. West Afr J Med. Guanabara Koogan; 2004. p. 326-9.
2004;23:65-8. 47. Whiteside JA, Voss JG. Incidence and lipolytic activity of
26. Horrobin DF. Essential fatty acids in clinical dermatol- Propionibacterium acnes (Corynebacterium acnes
ogy. J Am Acad Dermatol. 1989;20:1045-53. group I) and P. granulosum (C. acnes group II) in acne
27. Morello AM, Downing DT, Strauss JS. Octadecadienoic and in normal skin. J Invest Dermatol. 1973;60:94-8.
acids in the skin surface lipids of acne patients and nor- 48. Bojar RA, Holland KT. Acne and propionibacterium
mal subjects. J Invest Dermatol. 1976;66:319-23. acnes. Clin Dermatol. 2004;22:375-9.
28. Downing DT, Stewart ME, Wertz PW, Strauss JS. Essential 49. McGinley KJ, Webster GF, Ruggieri MR, Leyden JJ.
fatty acids and acne. J Am Acad Dermatol. 1986;14:221-5. Regional variations in density of cutaneous
29. Downing DT, Stewart ME, Wetz PW, Colton SW, Abraham Propionibacteria: correlation of Propionibacterium
W, Strauss JS. Skin lipids: an update. J Invest Dermatol. acnes populations with sebaceous secretion. J Clin
1987;88(Suppl 3):S2-6. Microbiol. 1980;12:672-5.
30. Summerly R, Yardley HJ, Raymond M, Tabiowo A, 50. Basta M, Wilburg J, Heczko PB. In vitro effects of skin
Ilderton E. The lipid compositon of sebaceous glands as lipid extracts on skin bacteria in relation to age and
a reflection of gland size. Br J Dermatol. 1976;94:45-53. acne changes. J Invest Dermatol. 1980;74:437-9.
31. Montpoint A, Guillot B, Truchetet F, Grosshans E, 51. Takeda K, Kaisho T, Akira S. Toll-like receptors. Annu Rev
Guilhou JJ. Acides gras essentiels en dermatologie. Ann Immunol. 2003;21:335-76.
Dermatol Venereol. 1992;119:233-9. 52. McInturff JE, Kim J. The Role of Toll-Like Receptors in
32. Cordain L. Implications for the role of diet in acne. the Pathophysiology of Acne. Sem Cutan Med Surg.
Semin Cutan Med Surg. 2005;24:84-91 2005;24:73-8.
33. Honeyman J. Comedogénesis. Rev Chil Dermatol. 53. Heymann WR. Toll-like receptors in acne vulgaris. J Am
2001;17:69-79. Acad Dermatol. 2006;55:691-2.
34. Plewig G, Fulton JE, Kligman AM. Cellular dynamics of 54. Kellum RE. Acne vulgaris. Studies in pathogenesis: rela
comedo formation in acne vulgaris. Arch Dermatol tive irritancy of free fatty acids from C2 to C16. Arch
Forsch. 1971;242:12-29. Dermatol. 1968;97:722-6.
35. Rosenfield RL, Kentsis A, Deplewski D, Ciletti N. Rat 55. Stillman MA, Maibach HI, Shalita AR. Relative irritancy
prepucial sebocyte differential involves peroxisome of free fatty acids of different chain length. Contact
proliferator-actived receptors. J Invest Dermatol. Dermatitis. 1975;1:65-9.
1999;112:226-32. 56. Abad-Machado A, Fundora Guerra V, Diaz Almeida JG,
36. Cunliffe WJ, Holland DB, Clark SM, Stables GI. Molinet DuarteI, René Manrique J. Acne vulgar e imu-
Comedogenesis: some aetiological, clinical and thera nidad celular. Rev Cubana Med. 1996;35:1-3.
peutic strategies. Dermatology. 2003;206:11-6. 57. Tucker SB, Rogers III RS, Winkelmann RK, Privett OS,
37. Wertz PW, Miethke MC, Long SA, Strauss JS, Downing Jordon RE. Inflammation in acne vulgaris: leukocyte
DT. The composition of the ceramides from human stra- attraction and cytotoxicity by comedonal material. J
tum corneum and from comedones. J Invest Dermatol. Invest Dermatol. 1980;74:21-5.
1985;84:410-2. 58. Akamatsu H, Komura J, Miyachi Y, Asada Y, Niwa Y.
38. Perisho K, Wertz PW, MadisonKC, Stewart ME, Downing Supressive effects of linoleic acido n neutrophil oxygen
DT. Fatty acids of acylceramides from comedones and metabolism and phagocytosis. J Invest Dermatol.
from the skin surface of acne patients and control sub 1990;95:271-4.
jects. J Invest Dermatol. 1988;90:350-3. 59. Akamatsu H, Horio T. The possible role of reactive oxy
39. Letawe C, Boone M, Piérard GE. Digital image analysis gen species generated by neutrophils in mediating acne
of the effect of topically applied linoleic acido on acne inflammation. Dermatology. 1998;196:82-5.
microcomedones. Clin Exp Dermatol. 1998;23:56-8. 60. Akamatsu H, Niwa Y, Matsunaga K. Effect of palmitic
40. Motoyoshi K. Enhanced comedo formation in rabbit ear acido n neutrophil functions in vitro. Int J Dermatol.
skin by squalene and oleic acid peroxides. Br J 2001;40:640-3.
Dermatol. 1983;109:191-8. 61. Graham GM, Farrar MD, Cruse-Sawyer JE, Holland KT,
41. Woo-Sam PC. A quantitative study of membrane coating Ingham E. Proinflammatory cytokine production by
granules in follicles undergoing experimental comedo human keratinocytes stimulated with
formation. Br J Dermatol. 1978;99:387-94. Propionibacterium acnes and P. acnes GroEL. Br J
42. Choi EH, Ahn SK, Lee SH. The changes of stratum Dermatol. 2004;150:421-8.
corneum interstices and calcium distribution of follicu 62. Filgueira AL, Filgueira MVFSL. Avaliação do zinco sérico

An Bras Dermatol. 2008;83(5):451-9.


Revista ABDV83N5FINALPaginada.qxp 07.11.08 11:28 Page 459

Fatores etiopatogênicos da acne vulgar 459

em portadores de acne. An Bras Dermatol. 1984;59:267-70. 73. Stewart ME, Downing DT, Cook JS. Sebaceous gland
63. Horrobin DF, Cunnane SC. Zinc, essential fatty acids, activity and serum dehydroepiandrosterone sulfate lev
and prostaglandins. Arch Dermatol. 1979;115:641-2. els in boys and girls. Arch Dermatol. 1992;128:1345-8.
64. Vignale RA, Lasalvia E, Espasandin J. Antiproteasas seric 74. Poch PE, Strauss JS, Downing DT. Skin surface lipid
as en la acne vulgaris. Arch Argent Dermatol. composition, acne, pubertal development, and urinary
1982;32:17-23. excretion of testosterone and 17-ketosteroids in chil
65. Thiboutot D, Knaggs H, Gilliland K, Lin G. Activity of 5- dren. J Invest Dermatol. 1977;69:485-9.
alpha-reductase and 17-beta-hydroxysteroid dehydroge 75. Adebamowo CA, Spiegelman D, Danby FW, Franzier AL,
nase in the infrainfundibulum of subjects with and with Willet WC, Holmes MD. High scholl dietary dairy intake
out acne vulgaris. Dermatology. 1998;196:38-42. and teenage acne. J Am Acad Dermatol. 2005;52:207-14.
66. Thiboutot DM. Regulation of human sebaceous glands. 76. Adebamowo CA, Spiegelman D, Berkey CS, Danby FW,
J Invest Dermatol. 2004;123:1-12. Rockett HH, Colditz GA, et al. Milk consumption and
67. Yarak S, Bagatin E, Hassun KM, Parada MOAB, Talarico acne in adolescent girls. Dermatol Online J. 2006;12:1.
Filho S. Hiperandrogenismo e pele: síndrome do ovário 77. Danby FW. Acne and milk, the diet myth, and beyond. J
policístico e resistência periférica à insulina. An Bras Am Acad Dermatol. 2005;52:360-2
Dermatol. 2005;80:395-410. 78. Burral B. The relationship of diet and acne. Dermatol
68. Zouboulis CC, Böhm M. Neuroendocrine regulation of Online J. 2006;12:25
sebocytes – a pathogenic link between stress and acne. 79. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Perfil nosológico
Exp Dermatol. 2004;13:31-5. das consultas dermatológicas no Brasil. An Bras
69. Rosenfield RL, Deplewski D, Kentsis A, Ciletti N. Dermatol. 2006;81:549-58.
Mechanisms of androgen induction of sebocyte differ- 80. PuBMed [database on the Internet]. Beteshda (MD):
entiation. Dermatology. 1998;196:43-6. U.S. National Library of Medicine. C1993 – [updated
70. Stewart ME, Grahek MO, Cambier LS, Wertz PW, 2008 Ouct; cited 2008 Ouct 7]. Available from:
Downing DT. Dilutional effect of incresead sebaceous http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?CMD=searc
gland activity on the proportion of linoleic acid in seba &DB=pubmed
ceous wax esters and in epidermal acylceramides. J 81. Cunliffe WJ, Simpson NB. Disorders of the sebaceous
Invest Dermatol. 1986;87:733-6. glands. In: Champion RH, Burton JL, Burns DA,
71. Burkhart CG. 5 alpha-reductase and finasteride in pat Breathnach SM, editors. Rook/ Wilkinson/ Ebling
tern alopecia and acne. J Drugs Dermatol. 2004;3:363-4. Textbook of Dermatology. 6th ed. Oxford: Blackwell
72. Cappel M, Mauger D, Thiboutot D. Correlation between Science; 1998. p.1940.
serum levels of insuli-like growth factor 1, dihy 82. Cordain L, Lindeberg S, Hurtado M, Hill K, Eaton SB,
droepiandrosterone sulfate, and dihydrotestosterone Brand-Miller J. Acne vulgaris: a disease of Western civi
and acne lesions counts in adult women. Arch lization. Arch Dermatol. 2002;138:1584-90.
Dermatol. 2005;141:333-8.

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA / MAILING ADDRESS:


Adilson Costa
Rua Cayowáa, 710 apto. 162, Perdizes
05018 001 - São Paulo – SP
Tel./fax: 11 38629762
E-mail: adilson_costa@hotmail.com

Como citar este artigo / How to cite this article: Costa A, Alchorne MMA, Goldschmidt MCB. Fatores etiopatogêni-
cos da acne vulgar. An Bras Dermatol. 2008;83(5):451-9.

An Bras Dermatol. 2008;83(5):451-9.

View publication stats

Você também pode gostar