Você está na página 1de 24

PEELING QUIMICO APLICADO A ESTETICA FACIAL: UMA REVISÃO

BIBLIOGRÁFICA

CHEMICAL PEELING APPLIED TO FACIAL AESTHETICS


: A REVIEW

Vanessa Silveira de Lima


Formanda do Curso de Biomedicina – EaD, do Centro Universitário
Ingá/UNINGÁ, Maringá, PR, Brasil.

RESUMO
O peeling químico é um procedimento amplamente utilizado na estética
facial, devido a quantidade de ativos disponíveis e a diversidade no
mecanismo de ação destes agentes, torna-se um importante recurso no
tratamento de inúmeras afecções estéticas. Os principais ativos utilizados
são ácidos que realizam uma esfoliação da pele, a nível de epiderme ou
derme, estão disponíveis em concentração e pH variados trazendo
versatilidade na escolha do tratamento conforme o quadro clinico do
paciente. Apesar de considerado um procedimento minimamente invasivo, o
peeling químico demanda cuidados específicos dias antes do procedimento e
no pós, desde formulas que auxiliam na penetração uniforme do agente, até
substancias anti-inflamatórias e outras que inibem processos metabólicos
que levam a implicações como hiperpigmentação por exemplo. Este estudo
foi desenvolvido a partir dos principais autores relacionados ao tema, com
base nas referências bibliográficas de 44 artigos científicos, publicados entre
2002 e 2022, obtidos a partir de pesquisa no banco de dados de Google
Acadêmico, Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Publicações
Medicas (Pubmed). Com base no estudo relacionado a estética facial, pode-
se concluir que o peeling químico além de promover melhora no aspecto
geral da pele, realiza um turnover celular resultando no rejuvenescimento,
trata manchas, ceratoses, efelides, e cicatrizes, tem ação bactericida sendo
muito eficaz no tratamento e controle da acne, e em nível médio a profundo
remove lesões subclínicas com alto potencial cancerígeno.
Palavras-chave: Peeling. Rejuvenescimento. Estética facial.

ABSTRACT
Chemical peeling is a widely used procedure in facial aesthetics, due to the
amount of actives available and the diversity in the mechanism of action of
these agents, it becomes an important resource in the treatment of numerous
aesthetic conditions. The main actives used are acids that exfoliate the skin,
at the level of the epidermis or dermis, and are available in different
concentrations and pH, bringing versatility in the choice of treatment
according to the clinical condition of the patient. Despite being considered a
minimally invasive procedure, chemical peeling demands specific care days
before the procedure and after, from formulas that aid in uniform penetration
of the agent, to anti-inflammatory substances and others that inhibit metabolic
processes that lead to implications such as hyperpigmentation. This study
1
was developed from the main authors related to the theme, based on the
bibliographical references of 44 scientific articles, published between 2002
and 2022, obtained from research in the database of Google Academico,
Scientific Electronic Library Online (SCIELO) and Medical Publications
(Pubmed). Based on the study related to facial aesthetics, it can be
concluded that chemical peeling, in addition to promoting improvement in the
general appearance of the skin, performs a cell turnover resulting in
rejuvenation, treats blemishes, keratoses, rashes, and scars, has a
bactericidal action being very effective in the treatment and control of acne,
and at a medium to deep level, it removes subclinical lesions with high
carcinogenic potential.
Keywords: Peeling. Rejuvenation. Facial aesthetics.

INTRODUÇÃO

O peeling é um recurso estético utilizado como tratamento externo da


pele com a finalidade de melhorar a estrutura do tecido, que pode acelerar os
processos naturais de esfoliação e até mesmo remover partes da epiderme e
derme, isso ocorre por meio do uso de substancias causticas que degradam
as proteínas através da coagulação ou lise. Os efeitos obtidos de menor ou
maior grau de regeneração da pele, dependem da substancia utilizada e do
procedimento aplicado, que determinam a profundidade da derme atingida
direta ou indiretamente (DEPREZ, 2007). Segundo Borges, essa técnica de
aplicação inclui um ou mais agentes químicos, conhecida também como
quimioesfoliação ou dermopeeling, que após a destruição de partes da

2
epiderme ou derme promove uma lesão programada e controlada, e resulta
no rejuvenescimento da pele, na redução ou desaparecimento de discromias
pigmentares, rugas, algumas cicatrizes superficiais, ceratoses e alterações
causadas por acne.
É um procedimento de abrasão química vem sendo muito utilizado
para o rejuvenescimento facial e quando aplicado de forma correta apresenta
risco mínimo para o paciente. Em 1999 se tornou comum e popular nos
Estados Unidos, em 2006 ficou atras apenas da toxina botulínica entre os
cinco principais procedimentos minimamente invasivos (BAUMANN;
SAGHARI, 2009). O uso de preenchedores e toxina corrige parcialmente
sinais da pele fotodanificada, porem mudanças na textura e
hiperpigmentação, causadas pela diminuição da microcirculação, elastose
solar, atrofia epidérmica ou atipia celular, podem ser tratadas com peelings
químicos (SCARBOROUGH; EICKHORST; BISACCIA, 2010). Conforme
Small (2014) os melhores resultados em pele fotoenvelhecida podem ser
obtidos a partir da combinação do peeling químico com outros tratamentos,
como microdermoabrasão, preenchedores dérmicos, laser, produtos tópicos,
tratando de forma segura o envelhecimento avançado.
Dewandre (2011) propõe que o mecanismo de ação do peeling
envolve elementos como acidez, toxicidade e interações metabólicas, através
dos quais são induzidos os estágios de: destruição, eliminação e
regeneração, resultando num processo inflamatório controlado. Abbas e
Salman (2010) defendem que esse manejo controlado dos agentes químicos,
resulta em diferentes níveis de esfoliação, que o peeling não apenas provou
sua eficácia em melhorar a pele fotodanificada, mas também demonstrou em
alguns estudos efeitos satisfatórios no tratamento de ceratocantomas.
Apesar de todos os benefícios elencados, o procedimento de peeling
químico com a utilização de substancias acidas deve ser aplicado somente
por profissionais qualificados, habilitados e com treinamento adequado, pois
de acordo com o quadro clinico apresentado, deve se levar em consideração,
a concentração, o agente utilizado e o fototipo do paciente, o uso
inadequado pode levar a formação de cicatrizes, manchas hipercromicas,
surgimento de infecções dérmicas ou de outras complicações (BORGES,
2006).
Sendo um recurso estético que pode interferir diretamente na saúde
do paciente, o objetivo desse estudo foi apresentar dados acerca dos
componentes químico, considerando o ácido especifico para cada disfunção,
o tipo e estado da pele, assim como a importância dos cuidados em domicilio
do pré e pós peeling, dos quais originam todos os benefícios, entre eles
rejuvenescimento facial, clareamento de manchas, tratamento de acnes e
ceratoses.

METODOLOGIA

Considerando os objetivos planejados, efetuou-se uma vasta pesquisa


de artigos científico e revistas medicas centralizados no tema proposto:
“Aplicação de peeling químico na estética facial”. Foram utilizados alguns
mecanismos de busca que portassem informação científica na área da saúde
para realizar este estudo, tais como, Google Acadêmico e da base de dados
Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Publicações Medicas

3
(Pubmed).
Para busca de informações foram utilizados os seguintes descritores:
peeling químico; chemical peeling; quimioesfoliação; estética facial; facial
peeling; abrasão química. A partir desta metodologia foi possível analisar
uma população de 44 artigos, e com base nas informações de referências
bibliográficas relacionadas nestes documentos, foram selecionadas as obras
escritas pelos principais autores relacionados ao tema, as quais foram
utilizadas neste estudo. Os critérios de exclusão para os artigos selecionados
foram publicações de artigos científicos na integra e de acesso livre, no
período de 2002 a 2022, nos idiomas de português, inglês e espanhol.
Após seleção dos principais autores, foi possível encontrar as obras
didáticas na integra para download nas seguintes plataformas: Meu livro.Biz,
Vdoc.pub, Northwestern Scholars, MDedge.

DESENVOLVIMENTO

Atualmente existem vários estudos realizados com ácidos sobre a pele, que
são classificados como peelings químicos. A quimioesfoliação ocorre porque
o pH destas substancias é muito inferior ao da nossa pele, ocasionando uma
destruição controlada da epiderme ou partes da derme. O grau de
profundidade depende do tipo e da concentração do agente aplicado,
resultando numa regeneração dos tecidos dérmicos e epidérmicos,
promovendo rejuvenescimento, redução de ceratoses, alterações actínias,
discromias pigmentares e algumas cicatrizes superficiais (BORGES, 2010).
Procedimentos que causam esfoliação das camadas externas
utilizados regularmente melhoram a função e a aparência geral da pele e
tratam com eficácia o fotoenvelhecimento cutâneo, através da renovação
celular da derme e epiderme. O processo natural de descamação do estrato
córneo é composto por uma serie complexa de etapas, este processo pode
ser interrompido com o envelhecimento, doenças de pele e agressões
ambientais. Quando isso ocorre a pele se torna áspera e seca, o que
geralmente leva ao surgimento das disfunções estéticas mais comuns.
Utilizando procedimentos que fazem abrasão, independentemente do
método, os efeitos de reconstrução e cicatrização são semelhantes aos
meios naturais para regular o processo renovação epidérmica, sendo assim,
estimulam a produção de componentes da matriz extracelular como colágeno
e glicosaminoglicanos, melhorando a função barreira da pele. O resultado de
um estrato córneo mais liso e uma derme mais espessa, o aumento de
colágeno, elastina e hidratação, podem ser observados em achados
histológicos após uma série de esfoliações, promovendo a melhora no
quadro clinico de textura da pele, linhas finas, tamanho dos poros, cicatrizes
superficiais, acne e hiperpigmentação (WLKINS; KLUVER, 2013).
Segundo Borges (2010), o que determina o tipo de agente químico
que será utilizado, e a concentração deste, será o método de aplicação, o
fototipo cutâneo (classificação de Fitzpatrick) e quadro clinico apresentado
pelo paciente, o que por sua vez depende do conhecimento que o
profissional possui acerca da substancia e a técnica que será aplicada, para
que a profundidade atingida não seja desnecessariamente mais profunda
que a própria lesão a ser tratada.

4
ANATOMIA DA PELE
A pele tem função de principal barreira de proteção do nosso
organismo para o meio externo, além de termo regulação, absorção e
secreção de líquidos, absorção e bloqueio de luz ultravioleta, metabolismo de
vitamina D, funções estéticas e sensoriais, entre outras. Dividida em três
regiões, sendo a epiderme a camada mais externa, a derme a camada
intermediria e a hipoderme a camada mais profunda. Constituída por quatro
camadas a epiderme compreende o estrato córneo sendo mais superficial,
estrato granuloso, estrato espinhoso e o estrato germinativo ou basal. Na
camada basal se encontram as células tronco e células proliferativas, que
após diferenciação formam as demais, conforme necessidade da epiderme,
os queratinócitos na camada basal são mais alongados, ancorados pelos
hemidesmossomos que são compostos por fibras de queratina, há também
outras células como melanócitos, célula de langerhans e células de Merkel.
Na camada espinhosa inicia-se o processo de queratinizarão das células,
filamentos de queratina atravessam o citoplasma unindo umas as outras,
ocorre também formação das subestruturas que darão origem aos corpos
lamelares e grânulos de querato-hialina. No estrato granuloso há perda do
núcleo dos queratinócitos e estes tornam-se achatados, aqui também ocorre
a síntese de proteínas como profilagrina e involucrina, responsáveis pela
estruturação do estrato córneo (HARRIS, 2016).
O estrato córneo, a parte mais externa da pele, constituído a partir de
células queratinizadas e achatadas ligadas entre si por estruturas lipídicas
lamelares, o corneocito possui envelope proteico que se liga a estas
estruturas lamelares por meio de moléculas de esteres, o que justifica a
quebra por meio de agentes alcalinos ou ácidos, sendo assim, substancias
que não a agua só conseguem permear a pele através das camadas lipídicas
e a agua fica retida nas células, pelas fibras de queratina que são altamente
hidrofílicas. Uma importante característica da pele saudável é o fator natural
de hidratação (NMF) composto de proteínas higroscópicas que se ligam a
agua, substancias como o ácido lático e ureia, a profilagrina é uma proteína
grande e insolúvel, altamente fosforilada e sua conversão em filagrina
fornece os elementos necessário para formação do NMF. Esta parte mais
externa encontra-se perfurada apenas pelos orifícios de glândulas e de
pelos, do ponto de vista reprodutivo as células achatadas estão
queratinizadas e mortas, porem os corneocitos revestidos principalmente
pela involucrina apresentam funções bioquímicas importantes, como
conversão da profilagrina em filagrina por exemplo. Do processo de
maturação do queratinócitos derivam esteróis livres, esfingolipídios, ácidos
graxos e lipídios neutros que formam a bicamada lipídica presente no espaço
intercelular dos corneocitos que se encontram abaixo, a medida que essa
maturação ocorre haverá a descamação e renovação da epiderme que
envolvem diversos processos (HARRIS, 2016)
Outro componente que participa da manutenção e proporciona
algumas características a pele é o manto hidrolipidico, um fino filme oclusivo
que se encontra nas camadas mais externas, quando há perda de
organização dos lipídios que o compõe, o equilíbrio homeostático fica
prejudicado e isso interfere na retenção da agua pelas estruturas
multilamelares desse sistema (HARRIS, 2016).
De acordo com Small, Hoang e Linder (2014), no estrato córneo se

5
encontram os ceratinocitos e lipídios, que estão unidos ente si por
corneodesmossomas (Figura 2) e existe uma dupla camada lipídica que os
circunda, composta por duas laminas de fosfolipideos com cabeças
hidrofílicas e cauda hidrofóbicas, estas caracteriscas conferem a camada
córnea a capacidade de retenção de agua mantendo assim a hidratação e
elasticidade, proteção mecânica, barreira física contra microrganismos,
substancias nocivas e radiação UV. O fator de umidificação natural que se
encontra nos corneocitos, também ajudam a manter a hidratação da pele no
estrato córneo.
O processo de renovação da epiderme em pessoas jovens leva cerca
de um mes, tempo necessário para que os ceratinocitos migrem da camada
basal (Figura 1) ate a camada córnea, esse processo permite a integridade
da epiderme e preserva suas funções normais (SMALL; HOANG; LINDER,
2014).
Figura 1 – Corneocito migrando da camada basal

Fonte: Rebecca Small (2014)

Figura 2

Fonte: Rebecca Small (2014)

6
Os melanócitos (Figura 3) são células onde ocorre a síntese do
pigmento melanina, se concentram principalmente na epiderme basal,
também estão presentes na derme, a melanina é derivada da tirosina pela
ação inicial da enzima tirosinase e fica armazenada em organelas chamadas
melanossomas e posteriormente distribuída para os queratinócitos
epidérmicos circundantes, tem como principal função fisiológica proteger o
núcleo das células contra a radiação UV. Existem dois tipos de pigmento
melânico, a feomalanina de coloração amarelada ou vermelha que está
presente na pele clara, e a eumelanina marrom ou negra, encontrada na pele
mais escura, esta segunda tem maior capacidade de absorção da luz UV
(SMALL; HOANG; LINDER, 2014).

Figura 3 - Melanócito

Fonte: Rebecca Small (2014)

Localizada sob a epiderme, composta por derme reticular a mais


profunda e derme papilar a mais superficial, a camada da derme tem como
principal componente o fibroblasto, célula especializada na síntese de
proteínas como colágeno, elastina, ácido hialurônico, fibronectina e lamilinas,
essenciais na composição da matriz extracelular (SMALL; HOANG; LINDER,
2014).
Na derme também estão presentes as glândulas sudoríparas,
terminações nervosas e vasos sanguíneos, células imunes, como
mastócitos, leucócitos polimorfonucleares, linfócitos e macrófagos. Situada
abaixo da epiderme e acima da tela subcutânea, a derme é responsável pela
estruturação do tecido, com o envelhecimento essa camada diminui em
espessura e umidade, como resultado desempenha papel fundamental na
aparência e estética da pele (BAUMANN, 2009)

Figura 4 – Camadas da pele

7
Fonte: Rebecca Small (2014)

TIPO E FOTOTIPO CUTANEO

A melanina é o pigmento que da cor a pele, tem como principal função


proteger o núcleo das células da radiação ultravioleta (UV), que pode levar
ao desenvolvimento de câncer pela exposição extrema e dano do material
genético. É produzida dentro das células chamadas melanócitos e
armazenada em organelas chamadas melanossomas, que posteriormente
será distribuído para as demais células adjacentes. Os dois tipos de
melanina, a feomelanina e eumelanina, derivam da tirosina após a
hidroxilação em dihidroxifenilalanina (DOPA) e oxidação em dopaquinona,
ambas catalisadas pela enzima tirosinase, que é limitante na velocidade de
síntese de melanina. Alguns estudos mostraram que em peles foto expostas
cronicamente o conteúdo de eumelanina era altamente elevado em relação a
feomelanina, porem além do conteúdo de melanina, o tamanho, forma e
distribuição do melanossoma são determinantes para a composição de cor
da pele (NIP et al., 2010).
Embora a produção de melanina envolva mais de oitenta genes e seja
regulada por vários componentes de sinalização extracelular, fatores e
gatilhos externos como envelhecimento e exposição aos raios ultravioleta
levam a significativas alterações na síntese do pigmento, a estimulação
direta dos melanócitos pode acontecer por mediadores inflamatórios como
interleucina (IL-1-alfa) ou endotelina (ET-1) e espécies reativas de oxigênio
como superóxido e oxido nítrico, resultantes de exposições suberitemais
repetidas aos raios UV (HAKOZAKI; SWANSON; BISSETT, 2010).
As cores básicas da pele são branca, parda ou negra, porem os
fototipos cutâneos (FTC) são classificados com base na capacidade
estimada de queimadura solar ou bronzeamento da pele quando exposta a
8
luz UV. Dividida em dois tipos principais a radiação ultravioleta (RUVA) pode
ser UVB (290 a 320 nm) e UVA (320 a 400 nm), sendo a primeira o espectro
responsável pela queimadura solar (WOLFF, 2015).

Figura 5 - Escala de Fitzpatrick

Fonte: Dermatologia de Fitzpatrick (2014)

PROFUNDIDADE DO PEELING QUIMICO


A composição molecular e o pH dos diferentes níveis da pele, pode
explicar a variabilidade de penetração e benefícios correlatos ao uso de
determinado agente. Enquanto que a epiderme tem um pH levemente ácido
entre 4,2 e 5,6, sendo no estrato córneo 5,6 nas mais profundas, ricas em
corneocitos e melanócitos, pH próximo de 4,8, na derme que contem maior
quantidade de liquido e sangue podemos presumir um pH em torno de 6 a 7,
a pele seca é mais acida que a oleosa, que pode atingir pH 6 (DEWANDRE;
TENENBAUM, 2011).
Com base nas formas de atuação e propriedades Dewandre (2011)
dividiu as formulações mais utilizadas para peeling em três categorias:
metabólicas (ácido glicólico, lático, cítrico, mandélico, azelaico, málico),
causticas (ácido tricloroacético) e toxicas (fenol e ácido salicílico).Conforme
ação química e farmacológica desses agentes podemos perceber que a
acidez não é o único mecanismo de ação que causa modificações no tecido,
o pH parece ser o fator que permite a permeação de certas substancias na
pele, que de acordo com a sua composição molecular e a agua presente em
suas camadas, funciona como solução tampão, onde o agente penetra até a
profundidade necessária para sua relativa neutralização.
Os peelings químicos são classificados de acordo com a profundidade
que atingem na pele, o peeling superficial pode induzir a necrose de toda a
epiderme, do estrato granuloso até a camada basal, no peeling profundo
pode se atingir até a camada da derme papilar, a necrose se estende a
derme reticular somente em peelings profundos. Peelings de nível superficial
e médio podem melhorar a cor e textura da pele, porém não tratam rugas ou

9
flacidez (BAUMANN, 2009).
De acordo com Borges (2010), os peelings podem ser muito
superficiais, quando removem apenas o estrato córneo, serão superficiais ou
epidérmicos, quando removem toda a derme ou atingem do estrato
granuloso até a camada basal, peelings médios quando produzem necrose
até a derme papilar, e profundos quando chegam até a camada da derme
reticular.
Para Deprez (2007) qualquer peeling pode atingir a camada da derme
de forma direta ou indiretamente, a maioria dos peelings promovem as
mesmas alterações histológicas que levam a um efeito rejuvenescedor de
parte ou toda a pele, os processos de regeneração são induzidos em maior
ou menor grau dependendo da molécula utilizada e procedimento aplicado.
Por isso torna-se difícil encaixar todos os peelings em uma classificação
rígida de superficial, médio ou profundo, pois existem inúmeras variáveis que
interferem na profundidade de penetração do agente, como o tipo de pele do
paciente, o estado clinico da pele e presença de distúrbios associados
(dermatite seborreica por exemplo), a preparação da pele a curto médio e
longo prazo, a concentração do ácido, a forma de apresentação ( gel,
liquido), a combinação ou não com outros agentes químicos, como ele é
aplicado (se usado pincel, algodão), o número de demãos e com que força é
aplicado, as partes ou locais da pele que serão tratadas, o tempo que a
substancia ficara em contato e se há necessidade de neutralizar ou não, o
número de sessões aplicadas, os cuidados no pós imediato e a qualidade
dos cuidados entre as sessões, entre outros. Não é preciso muito para atingir
camadas mais profundas da derme, basta que o agente não seja
neutralizado da forma correta, o que pode levar a ocorrência de
hipopigmentação e cicatrizes. O autor ainda enfatiza que é preciso ter pleno
conhecimento acerca de peelings químicos e anatomia antes de realizar
qualquer procedimento, e cada profissional deve padronizar suas técnicas de
acordo com sua experiencia e pratica pessoal, de forma a reduzir o número
máximo de variáveis.
Os peelings superficiais podem ser utilizados para tratamento de acne
e suas alterações de hiperpigmentação, ceratoses, discromias e na melhora
de textura da pele, pela esfoliação superficial e profundidade mínima que
atingem é necessário uma serie de aplicações para chegar a um resultado
satisfatório. Peelings de profundidade media, devido a penetração dérmica
promovem a melhora de linhas de expressão ao redor dos olhos e nas
bochechas, tratam hiperpigmentação e melasma em alguns casos, porém
não respondem bem em linhas periorais, nasolabiais e rugas estáticas. Em
geral os riscos relacionados aumentam proporcionalmente a profundidade
atingida pelo procedimento, peelings de fenol eram indicados para pacientes
com rugas profundas, cicatrizes de acne graves, tumores de pele, entre
outras, devido a sua ação não ser somente na derme reticular, mas também
estimular uma significativa formação de colágeno. Porem pela alta toxidade
do fenol ao miocárdio, o período de recuperação prolongado, a necessidade
de monitorização com hidratação intravenosa, este tipo de peeling caiu em
desuso. Outras complicações podem estar associadas a uma esfoliação
profunda, como o risco de infecções bacterianas, infecções virais e por
candidíase, erupções acneiformes e milia, pigmentação pós inflamatória
pode surgir imediatamente ou meses após. Cicatrizes hipertróficas e herpes

10
simplex são complicações comuns, por isso é muito importante perguntar ao
paciente o histórico de ocorrências destes sintomas (SCARBOROUGH;
EICKHORST; BISACCIA, 2010)

AGENTES DE PEELING QUIMICO

Os alpha-hidroxiacidos (AHA) são derivados de extratos de frutas,


encontramos o ácido cítrico nas frutas cítricas, na maçã o ácido málico, nas
amêndoas o ácido mandélico, ácido tartárico em uvas, o que explica o uso
cosmético da compressa de frutas durante milênios. Nesse grupo de AHA
em especial o ácido lático, ácido cítrico e ácido glicólico, estimulam a
produção de ácido hialurônico (AH) nos fibroblastos dérmicos, devolvem a
suavidade a pele, atenuam rugas e linhas finas, e todos neutralizam o
processo de envelhecimento (STERN, 2010).
De compostos alifáticos simples a moléculas complexas, podem ser
encontrados de forma natural, no entanto seus análogos sintéticos são os
mais utilizados clinicamente em dermatologia e cosmetologia. Em química
são caraterizados com base no número de grupos carboxílicos incorporados,
de acordo com a sua configuração podem estar presentes sob estruturas
chamadas enantiomeros “L” e “D” ou “R” e “S” (UHODA et al., 2005).
Peelings com AHA promovem suave esfoliação sendo indicados para
os pacientes que não desejam uma descamação visível, os
corneodesmossomos parecem ser os alvos diretos, porem a ação indireta
desses ácidos afeta não apenas a epiderme, mas a derme papilar e
estruturas pilos sebáceas, trazendo efeitos histológicos semelhantes em
todas as camadas (DEPREZ, 2007).
Os beta-hidroxiados (BHA) tem maior capacidade de penetrar nos
poros em relação aos AHA, estudos mostram que eles controlam a
oleosidade, a acne e removem células mortas de forma mais eficaz, sendo
de uso mais comum o ácido salicílico biossintetizado (DEWANDRE, 2011).
No grupo dos alfas ceto ácidos temos o ácido pirúvico, considerado
um potente agente de peeling, devido ao seu baixo pKa e pequena dimensão
molecular tem penetração rápida, possui propriedades queratolíticas,
antimicrobianas, sebostáticas, pode tratar distúrbios pigmentares,
fotoenvelhecimento, cicatrizes de acne, acne microcistica e estimula a
formação de colágeno e elastina. É considerado eficaz e seguro, e promove
um peeling de nível médio, na concentração de 40% a 70% (PADOVA;
TOSTI, 2012)

ACIDO GLICOLICO
O AHA mais curto, com apenas dois átomos de carbono, hoje
sintetizado quimicamente, mas foi originalmente extraído da cana de açúcar
é extremamente hidrofílico. O efeito esperado depende do estado da pele, do
preparo realizado, da concentração e forma, tempo de ação, técnica de
aplicação, entre outras. O Ácido glicólico (AG) pode atenuar linhas finas, age
como um ótimo comedlitico, elimina a hiperqueratose responsável pelos
poros entupidos, auxilia na hiperpigmentação, apresenta excelentes
resultados no caso de acne, porém, não é eficaz no tratamento de rugas
profundas ou cicatrizes, portando, deve ser utilizado como tratamento
complementar, visto que não reproduz os efeitos alcançados com um peeling
11
médio ou profundo. O pKa do AG é e sempre será 3,83 enquanto que o pH
de uma solução pode variar de 0,5 a 7, ou mais, quanto maior o pH em
relação ao pKa menos agressivo. A concentração também é importante por
exemplo, uma solução de ácido glicólico a 10% com pH3, causa acidificação
rápida e profunda da epiderme, enquanto que uma solução a 3% a pH 3,
pode atingir as cinco primeiras camadas de corneocitos, no entanto,
“acidificar” não significa que terá um efeito de peeling e destruir as células,
pois até um certo ponto elas serão resistentes (DEPREZ, 2007)
Deprez (2007) indica o uso na concentração de 50% a 70%, no tempo
de exposição de 1 a 3 minutos no tratamento da acne, a 70% de 4 a 8
minutos para ceratoses, de 50% a 70%, no tempo de 4 a 8 minutos para
linhas finas. É necessário neutralizar no tempo certo, pois a penetração do
ácido de forma inadequada pode levar a hiperpigmentação pós inflamatória,
a eficácia do resultado depende do número se sessões, quanto maior,
melhor será o resultado.
O peeling de AG pode causar pouca ou nenhuma descamação e sua
resposta clinica é variável, podendo apresentar intensa resposta inflamatória
a em concentração de 20 a 35%, no tempo de 1 a 3 minutos em alguns
pacientes, enquanto que outros toleram uma concentração de 70% por
períodos de até 7 minutos. Nesta concentração mais alta o pH pode variar de
2,5 a 3,0, porem formulações abaixo de 2,0, oferecem riscos desnecessários.
Na aplicação pode apresentar leve eritema, leve desconforto, não deve
apresentar branqueamento (frosting) e necessita neutralização com solução
de bicarbonato de sódio de 5% a 15% (SMALL, 2014).
Borges (2010) indica o uso na forma em gel, na concentração de 40%
a 70%, o tempo de exposição dependera do objetivo desejado, e quando
parcialmente neutralizado (pH 2,75) necessita um intervalo maior de
exposição. É necessário neutralizar a região com solução de bicarbonato a
10%, as sessões podem ser semanais, quinzenais ou mensais, numa média
de 4 a 10 sessões. Indicado para todos os tipos de pele no tratamento de
ceratoses, melasma, acne, estrias rugas finas e fotoenvelhecimento.

ACIDO LATICO
O ácido lático (AL) é derivado de leite azedo ou mirtilos, possui
capacidade de remover as células mortas, promovendo assim uma pele
saudável, macia e radiante. Soluções com pH de 1,5 a 2,5, podem estimular
um processo inflamatório metabólico resultando na substituição dos
corneocitos, a 25º possui um pKa de 3,86 (DEWANDRE, 2011).
Presente em muitos cosméticos o (AL), faz parte da hidratação natural
da pele e desempenha papel importante retenção de água, demonstrou
benefícios antienvelhecimento semelhante aqueles observados no uso do
ácido glicólico. Ele também auxilia na descamação, trazendo um afinamento
do estrato córneo, resultando numa pele mais saudável e iluminada. Melhora
de forma significativa a aspereza da pele e sinais de fotodano, foi usado
inicialmente no tratamento da ictiose, e em vitro (especialmente o seu L-
isomero) demonstrou aumento de produção de ceramidas nos queratinócitos,
para promover descamação depende da concentração e pH (BAUMANN;
SAGHARI; WEISBERG, 2009).
Após penetrar na pele o AL é convertido reversivelmente a ácido
pirúvico, em concentração idêntica ele destrói a epiderme mais lentamente

12
que o AG, devido ao seu maior peso molecular, de 10% a 20% ou mais forte,
o AL promove necrose do estrato córneo e estimula a regeneração de novas
células epidérmicas, porem numa formulação de 50% a 70% ele produz a
mesma esfoliação observada no AG, além da renovação celular e
hidratação, é indicado para tratamento da acne, da hiperceratose e como
despigmentante inibidor da tirosinase, deve ser neutralizado assim como AG
(DEPREZ, 2007).

ACIDO MANDELICO
Um solido cristalino solúvel em água e outros solventes orgânicos,
com pKa 3,37, o ácido mandélico possui alto peso molecular o que torna sua
absorção mais lenta e segura, além de suas propriedades antibacterianas é
sugerido para uso em variadas patologias desde acne a rugas (DEWANDRE,
2011).
Pode ser usado em fototipos mais altos sem risco de
hiperpigmentação, devido ao poder antisséptico é muito indicado no
tratamento da acne e rosácea, promove notável melhora em foliculite gram-
negativa, melhora o estado da pele em geral e atua em rugas finas. Indicado
no peeling em forma liquida ou gel de 30% a 70%, ou para uso domiciliar de
2% a 10% (UEZEN, 2005).
Segundo Borges (2010) o uso do ácido mandélico é eficaz no
tratamento da acne inflamatória não cística, no rejuvenescimento, no
fotoenvelhecimento pois realiza renovação celular por meio da remoção de
capa córnea. Atua inibindo a síntese de melanina, podendo ser utilizado para
tratar hiperpigmentação e removendo o pigmento hipercromico já depositado
na epiderme. Conforme indicação do autor o uso em fototipos de I a IV na
concentração de 20%, com pH de 2 a 3, pode resultar num peeling
superficial, sendo no mínimo quatro aplicações, com intervalos de 10 a 20
dias.

ACIDO TARTARICO
O ácido tartárico faz parte do grupo dos alfa hidroxiacidos e pode ser
encontrado em uvas e tamarindos. É usado no tratamento da pele com
espessamento, antienvelhecimento, anti acne, também é muito usado em
produtos para clarear a pele e no melasma. Possui a capacidade de regular
o pH da pele e geralmente é usado em concentrações de 1% a 10%, sozinho
ou associado a outros ativos (CATALA, 2022)
Conforme Dewandre (2011), o acido tartárico é derivado do extrato da
uva, um alfa hidroxiacido alifático, com pKa de 3,04 que tem propriedades
metabólicas, e assim como o ácido málico proporciona uma leve esfoliação
capaz de promover abertura dos poros para liberação do sebo, resultando na
redução da acne.

ACIDO SALICILICO
O ácido salicílico (AS) é ligeiramente solúvel em água, porem muito
mais solúvel em etanol, portanto é lipossolúvel, capaz de penetrar em
comedões de forma mais rápida que outros ácidos, os efeitos anestésicos e
anti-inflamatórios do salicilato reduzem o eritema e desconforto, que
normalmente está associado ao peeling. Funciona como queratolitico,
comedolitico e promove um desprendimento das células da epiderme

13
desentupindo poros e causando efeito antibacteriano (DEWANDRE;
TENENBAUM, 2011).
Como membro da família da aspirina o AS tem efeito analgésico, anti-
inflamatório e antimicrobiano. O ácido salicílico diminui a frequência das
erupções cutâneas, tem ação esfoliante sobre os poros, é também indicado
para tratar rosácea e outros distúrbios inflamatórios. Em uma concentração
de 20% a 30%, para uso clinico, foi observado uma melhora nas manchas,
linhas finas e aspecto da pele mais lisa (BAUMANN; SAGHARI, 2009).
O AS é um composto lipofílico que remove os lipídios nas ligações
intercelulares dos corneocitos, recentemente avaliações histológicas
relataram após o peeling perda dessas células e ativação das células basais
e fibroblastos adjacentes. As técnicas de peeling envolvem uma
concentração de 20% a 30% em etanol, realizados com intervalos de 2 a 4
semanas, com resultado máximo obtido em 4 a 6 sessões, não é necessário
neutralização. É indicado para acne vulgar, hiperpigmentação pós
inflamatória, melasma, linhas finas, rosácea, lentigos, fotodano leve a
moderado e textura áspera da pele (PADOVA; TOSTI, 2012).
Segundo Borges (2010) em concentrações de até 2% o AS, tem ação
queratoplastica, de 1% a 5% tem ação fúngica e bacteriostática, no
tratamento da acne e queratoses concentrações de até 10%, para verrugas e
calosidades concentrações de 20%. A aplicação pode ser semanal quando
até 10%, acima disso deve ser quinzenal e recomendam-se de cinco a dez
sessões anuais.

ACIDO AZELAICO
O ácido azelaico é um ácido carboxílico, que demonstra efeitos
terapêuticos no tratamento da acne, hiperpigmentação, lentigos senis, sardas
e nevos. Ele pode interferir na síntese da tirosinase, o que pode explicar seus
efeitos terapêuticos, em pacientes sensíveis a hidroquinona se torna uma
ótima opção (GRIMES, 2012).
Ainda não é totalmente compreendido como o ácido azelaico exerce
sua função clínica, seu efeito parece ser atribuído a capacidade de interferir
na síntese do DNA de melanócitos hiperativos e sua atividade antitirosinase.
Além disso acredita-se que ele é capaz de inibir a geração de espécies
reativas de oxigênio por neutrófilos, o que leva a uma redução de inflamação
e da ativação dos melanócitos no local da lesão. Estudos in vitro mostraram
que o ácido azelaico é capaz de eliminar radicais de hidroxila e inibir
oxirradicais tóxicos em culturas de células. Nos EUA está disponível na
concentração de 15% e 20% para uso tópico em rosácea e acne, para
hiperpigmentação uso conforme prescrição medica (BAUMANN;
ALLEMANN, 2009).
De acordo com Borges (2010) o ácido azelaico é indicado para o
tratamento de manchas, tem ação bacteriostática, tem ação inibitória da
tirosinase e auxilia no tratamento da acne. A dosagem usual do ácido
azelaico é de 10% a 20%, e sua ação na redução da hiperpigmentação é
superior à da hidroquinona a 2%, sendo equivalente à de 4%, além disso
apresenta vantagem de não levar a ocronose e leucodermia, pois não age
em melanócitos e fibroblastos normais.

ACIDO PIRUVICO

14
De acordo com Dewandre e Tenembaum (2011) o ácido pirúvico (pKa
2,49) mais utilizado atualmente, consiste em uma solução alcoólica de
concentração de 40% a 50%. O anion do ácido pirúvico e conhecido como
piruvato, e participa de inúmeras vias metabólicas no organismo,
frequentemente usado no tratamento da acne pustulosa leve, reduz a
produção de sebo e não afeta a hidratação cutânea, período de aplicação a
cada duas semanas durante 3 a 4 meses.
O ácido pirúvico é considerado um agente de peeling médio, nas
concentrações de 40% a 70%, pode ser aplicado de forma segura e eficaz
para tratar fotoenvelhecimento, desordens pigmentares, acne microcistica,
cicatrizes leves, rosácea papulo-pustulosa, melasma e pele oleosa. Possui
propriedade de se converter fisiologicamente em ácido lático, é solúvel em
álcool e água, tem ação queratolitica, antimicrobiana, sebostatica e estimula
a produção de colágeno, elastina e glicoproteínas (PADOVA; TOSTI, 2012).
Conforme Baumann e Saghari (2009) no uso do ácido pirúvico em
concentrações de 40% a 60%, em pele previamente preparada com
retinoides, é possível chegar a um nível médio de peeling, deve-se ter
cautela na aplicação em fototipos mais altos ou pele sensível. Tem sido
utilizado com sucesso para tratamento de acne, melasma e
fotoenvelhecimento, além de converter fisiologicamente em ácido lático e ter
efeito hidratante, também penetra na derme e estimula produção colágeno e
elastina.

RETINOIDES
A tretinoina é uma forma acida da vitamina A (retinol), um dos
primeiros retinoides usados para tratar a acne e disceratose. Achados
microscópicos demonstram as alterações histológicas obtidas com o uso da
tretinoina, antes mesmo de ser aparentemente perceptível, o que explica a
eficácia do tratamento, onde se observa um espessamento da epiderme de
10 a 40%, com um aumento do estrato granuloso e afinamento do estrato
córneo. O retinol quando entra na célula alvo é convertido em ácido retinóico
que penetra no núcleo e se liga a receptores, onde é capaz de modular a
expressão de alguns genes, que parecem interferir no ciclo celular.
Estimulando a proliferação dos queratinócitos, facilita a regeneração que
pode ser muito lenta em outros peelings. No uso tópico este agente estimula
a proliferação de fibroblastos, produção de colágeno e outros componentes
da matriz extracelular. Acne e rosácea geralmente respondem bem ao uso
dessa substancia, tem ação antienvelhecimento, em peles com comedões a
textura e o tom de pele melhoraram gradualmente. A tretinoina reduz o
tamanho de lentigos e hipocromias senis, apresenta bom resultado na
pigmentação epidérmica do melasma, porém, devido a sua característica
fotossensibilizante pode agravar discromias em paciente com predisposição
a hiperpigmentação pós inflamatória (DEPREZ, 2007)
O ácido retinóico é uma molécula lipossolúvel, conhecida por
promover diferenciação e crescimento celular, os retinoides tem seus efeitos
mediados por diversas vias metabólicas que envolvem proteínas e receptores
capazes de modular a expressão genica, sendo a pele privilegiada com
esses receptores. Evidencias sugerem que a tretinoina desempenha papel
importante na prevenção do envelhecimento e que isso pode estar associado
a sua ação inibidora sobre genes (MMPs) que ativados produzem as enzimas

15
colagenase, gelatinase e estromelisina, que degradam o colágeno, gene este
que tem como uma de suas vias de ativação a luz UVB.
(BAUMANN; SAGHARI, 2009)
O uso de retinoides antes de qualquer peeling no periodo de 2 a 6
semanas, afina o estrato córneo, aumenta a renovação epidermica, reduz a
melanina depositada e acelera a cicatrização. O peeling de tretinoina a 1%
aplicado em intervalos semanais, em doze sessões, mostrou-se tão eficaz
quanto o ácido glicólico para o tratamento do melasma severo. Para uso
tópico diário nas concentrações de 0,01%, 0,05%, 0,025%, apresenta
melhora na hiperpigmentação, rosácea, melasma, fotoenvelhecimento, acne
e melhora no aspecto geral da pele. O autor indica retinoides em
formulações pré e pós peeling para uso combinado com uma variedade de
agentes de esfoliação (GRIMES, 2012)

ACIDO TRICLOROACETICO (TCA)


O ácido tricloroacético (TCA) é o mais forte agente utilizado como
peeling, seu pKa (0,54) é o mais baixo em relação a todos usados
atualmente, capaz de promover uma descamação media a profunda. Não
apresenta toxicidade mesmo quando aplicado em altas concentrações e não
é transportado para a circulação sanguínea. Sua atividade corrosiva é
consequência da acidez em solução aquosa, porem no peeling, a medida
que penetra nas camadas da pele, ocorre a coagulação das proteínas e o
ácido é rapidamente neutralizado, causando uma aparência esbranquiçada
(frosting) na pele. O efeito caustico do TCA é proporcional a concentração e
quantidade aplicada, a medida que aumenta a concentração aumenta a
profundidade atingida, com 50% chega na derme reticular (DEWANDRE;
TENENBAUM, 2011).
A aplicação do TCA na pele causa a desnaturação das proteínas
levando a ceratocoagulação, e pode se observar o surgimento de uma nevoa
branca pós procedimento. O grau da lesão e penetração depende de alguns
fatores como força do ácido, preparação da pele e local anatômico aplicado.
A concentração usada é crucial na aplicação do peeling, sendo que o TCA
entre 10% e 20%, promove uma esfoliação superficial que não ultrapassa o
estrato granuloso, de 25% a 35% causa um peeling superficial que abrange
toda a epiderme, na força de 40% a 50%, resulta num peeling de nível
médio, atingindo até a derme papilar, e a partir de 50% o TCA é considerado
um peeling profundo, promovendo necrose até a derme reticular, porem o
uso do acima de 35% pode trazer complicações, como cicatriz por exemplo.
Neste caso só é recomendo a aplicação do TCA acima de 35%, em
combinação com outros agentes como ácido glicólico ou solução de Jessner
por exemplo (HARMON; HADLEY; TRISTANI, 2012).
De acordo com Deprez (2007), se aplicado seguindo um protocolo
rigoroso, o peeling de TCA é altamente versátil, pela sua atuação em todas
as camadas da pele ele pode ser usado em qualquer parte do corpo para
muitas indicações estéticas. O fotoenvelhecimento é uma das melhores
indicações do TCA, nestes casos melhora e uniformiza a cútis, reduz e
elimina lentigos, melhora a elastose solar e linhas finas e resulta numa pele
mais lisa, iluminada e de tom uniforme. Para melhora de linhas periorais é
aconselhável o uso em combinação com outros procedimentos como
preenchimento com ácido hialurônico ou toxina botulínica, porém não se

16
iguala ao resultado obtido com fenol. O TCA é uma excelente alternativa
para tratamento do melasma, pois remove a melanina depositada na derme
papilar e na epiderme. Hiperpigmentação pós inflamatória e dermatite
respondem muito bem ao TCA, em cicatrizes leves de acne e poros dilatados
o resultado pode ser variável no caso de sardas, um peeling que atinge a
camada basal melhora temporariamente, enquanto que na derme papilar ou
reticular, elimina completamente. Queratoses também são indicações de
peeling, sabendo que lesões como esta quando removidas reduzem a
incidência de canceres basocelulares e espinocelulares, comparado a outros
tratamentos pontuais, o peeling trata todas lesões visíveis e subclínicas
melhorando o prognostico a longo prazo, em alguns casos de tumores
malignos primitivos, intradérmicos e intraepidérmicos, o TCA também é
indicado. Outras indicações incluem, xantelasma, acne de qualquer grau,
rosácea, alopecia areata, cicatrizes de lipoaspiração e estria com previa
dermoabrasão.

RESORCINOL
Conhecido também como resorcina, um derivado fenólico é levemente
mais ácido que o fenol, com pKa 9,15, solúvel em água, éter, álcool e
glicerol, possui propriedades antifúngicas, antissépticas, proteolíticas e
coagulantes. Em concentrações baixas (5%) é capaz de quebrar as ligações
de hidrogênio da queratina, em altas concentrações promove coagulação das
proteínas da pele. É indicado para tratar acne, foliculite, comedões, cicatrizes
leves superficiais, fotoenvelhecimento, ceratoses solares, discromias como
melasma, hiperpigmentação pós inflamatória de acne, alguns tipos de
sardas, elastose solar e atrofia se não forem muito profundas. Não é
recomendado para fototipos de IV a VI pelo risco elevado de distúrbios
pigmentares. Após o peeling a epiderme sofre regeneração, aumentando sua
espessura, a camada basal mostra atividade de mitose aumentada e
renovação acelerada, na derme papilar os fibroblastos são estimulando a
produzir o colágeno que se deposita abaixo da epiderme. (DEPREZ, 2007)
O Resorcinol é um derivado fenólico, apresenta propriedades,
queratolicas, antipruriginosas, antimicotica e antisséptica. Usado no
tratamento da acne e distúrbios pigmentares, pode ser combinado com
outros peelings químicos como solução de Jessner. Deve ser usado com
cautela em pacientes com fototipo acima de IV (BAUMANN; SAGHARI,
2009).

JESSNNER
A solução de Jessnner é uma combinação com 14g de resocinol, 14g
de ácido salicílico e 14g de ácido lático, em quantidade suficiente de etanol
(95%) para fazer 100cc da solução, porem pode ser adquirido já preparado
em empresas especializadas. O nível de esfoliação depende do número de
camadas aplicadas e normalmente é usado em combinação com outros
agentes ácidos pois não necessita neutralização. Embora seja muito seguro,
deve ser usado com cuidado em fototipos altos pela composição de
resorcinol (BAUMANN; SAGHARI, 2009).
Os peelings compostos tem a concentração de cada agente reduzida,
desta forma os efeitos são potencializados e os efeitos colaterais reduzidos.
O composto de Jessnner é uma solução auto neutralizante, que conta com

17
ácido lático a 14%, ácido salicílico a 14%, resorcinol a 14%, numa base
alcoólica. Já existem soluções de jessnner que não contem o resorcinol, e
outras que contem ingredientes que potencializam a ação como hidroquinona
e ácido kojico. Frequentemente aplicado em várias camadas no peeling de
jessnner o eritema é seguido de branqueamento pela precipitação do ácido
salicílico (SMALL; HOANG; LINDER, 2014).

PEELING DE FENOL
O fenol é um hidrocarboneto aromático, derivado originalmente de
carvão e sintetizado a partir do monoclorobenzeno, outros químicos utilizados
na dermatologia e cosmetologia clinica como hidroquinona e resorcinol,
compartilham de estrutura química similar. Comercialmente conhecido como
resina de cróton, é um extrato da semente da planta Cróton, a sua atividade
na pele está relacionada aos grupos de hidroxila livre que causam lesão
mesmo em doses baixas, outros produtos em uso para peeling profundo
também incluem septisol, água e óleos vegetais. Todas as formulações
modernas de fenol incluem moléculas de anéis benzênicos, a concentração
de fenol varia entre 45% a 88% enquanto que a de cróton está presente de
0,16% a 2,05%, na opinião da autora a formula oleosa de fenol penetra de
forma mais lenta e controlável na pele. As indicações principais do peeling
profundo incluem discromias, rugas, tumores de pele pré malignos e
cicatrizes. Pode ser aplicado em pessoas de pele e cabelo escuro, desde
que, o paciente tenha comprometimento com os cuidados na preparação da
pele e após o procedimento (LANDAU, 2012)
Na aplicação do peeling de fenol a primeira reação causa uma dor
intensa, após o efeito de frosting, em seguida uma leve analgesia, devido a
coagulação das terminações nervosas sensitivas presentes na epiderme e
derme, e durante o procedimento o paciente relata diferentes níveis do
incomodo. A segunda onda de dor vem com o processo inflamatório, devido
ao edema que distende os tecidos até as terminações nervosas mais
profundas, esta dor desaparece logo na primeira noite (DEPREZ, 2007)
Ainda de acordo com Deprez (2007) no peeling de fenol a epiderme é
dissolvida até a camada basal, em 24 a 36 hrs sob mascara oclusiva,
geralmente isso produz uma epidermolise dos queratinócitos e demais
células importantes do sistema imune, como células de langerhans. Na
camada basal organização paliçada dos queratinócitos se encontra mais
uniforme, devido ao nível de destruição os melanócitos tornam-se
incapacitados ou menos ativos na produção de melanina. Em contato com a
derme papilar o fenol destrói toda a estrutura elástica dentro dela e a partir
daí a derme é espetacularmente restaurada, uma nova e densa produção de
fibras colágenas surge abaixo da camada basal. Os fibroblastos são
estimulados a produzir todos componentes da matriz extracelular, os
miofibroblastos que ocorrem a partir de sua diferenciação e promovem a
retração cicatricial, os vasos sanguíneos são formados e fornecem os
nutrientes necessários, e de 4 a 6 semanas a estrutura da pele será
regenerada.
Stone (2011) conduziu estudo com mais de cento e cinquenta
aplicações com formulas modificadas de peeling de fenol, que apresentaram
excelentes resultados e se encontram publicados em Clinic in Plastic
Surgery. Na opinião do autor o óleo de cróton na formula associada a técnica

18
adequada, é o maior agente responsável pelas mudanças na profundidade
do peeling nas cinco regiões faciais descritas por ele. Disfunções estéticas
como hiperpigmentação ritides, queratoses actinicas e seborreicas de grau
leve moderado e grave, além do rejuvenescimento da pele em geral, podem
ser tratadas com as formulas de Stone.

Quadro 1 - Agentes de peeling e indicações:


Substancia Pka Concentração Principais disfunções estéticas
tratáveis
Acido Glicólico 3,83 20% a 70% Fotoenvelhecimento, ceratoses,
efelides, Melasma, linhas e rugas
finas, promove hidratação
Ácido Lático 3,86 20% a 70% Foto dano, ictiose, manchas,
promove hidratação e inibe a
tirosinase
Ácido 3,37 30% a 70% Acne, foliculite, rosácea
Mandélico inflamatória, linhas e rugas finas,
hiperpigmentação pós inflamatória,
antisséptico e inibidor de tirosina
Ácido Tartárico 3,04 1% a 10% Melasma, acne, pele espessa e
áspera, regula o pH da pele
Ácido Salicílico 2,97 10% a 30% Acne, ceratoses, verrugas e
calosidades, lentigos, linhas e
rugas finas, foto dano, tem ação
fúngica e bacteriostática
Ácido Azelaico 4,55 10% a 20% Hiperpigmentação, lentigos,
sardas, inibidor de tirosinase
Ácido Pirúvico 2,49 40% a 60% Acne, Melasma, rosácea,
fotoenvelhecimento, promove
rejuvenescimento e hidratação
Ácido 0,54 10% a 50% Rugas e cicatrizes leves, lentigos,
Tricloacetico elastose solar, xantelasma,
(TCA) melasma, acne de qualquer grau,
hiperpigmentação pós inflamatória,
dermatite, alopecia areata,
rosácea, lesões pre cancerígenas
Resorcinol 9,15 30% a 50% Acne e comedoes,
fotoenvelhecimento, ceratose solar,
elastose solar, foliculite, cicatrizes
leves, Melasma
Fenol 9,95 45% a 88% Rugas, discromias, queratoses
actínias e seborreicas, cicatrizes,
hiperpigmentação, tumores pre
malignos
Fonte: a autora.

CUIDADOS PRÉ E POS PEELING


A base para o resultado de um peeling é a preparação da pele, a fase
pré consiste em agentes tópicos aplicados no uso domiciliar, nos dias ou
19
semanas antes do peeling, a preparação em consultório engloba etapa
imediatamente antes do procedimento como limpeza e desengorduramento
da pele, o objetivo de ambas é o afinamento da barreira dérmica, para
aumentar penetração e uniformidade do ativo, acelerar a cicatrização, e
reduzir efeitos colaterais e complicações, principalmente a hiperpigmentação
pos inflamatória. Um preparo bem planejado pode potencializar o efeito do
peeling, reduzir a hiperpigmentação e afinar o estrato córneo, além disso, um
objetivo valioso é avaliar a adesão e tolerância do paciente no uso de
protetores solares, hidratantes e outros produtos antienvelhecimento.
Agentes como ácido lático, ácido salicílico, ácido kójico, hidroquinona,
tretinoína, retinol, ácido glicólico e ácido azelaico, podem ser usados além de
um protetor solar UVA/UVB de amplo espectro de no minimo 30 FPS, pois
eles atuam reduzindo pigmentos mais profundo. Se o paciente possui
discromias, é importante que a cobertura UVA contenha ingredientes
quimicos fotoestaveis (mexoryl ou helioplex (parsol 1789) ou agentes fisicos
de barreira (óxido de zinco ou dióxido de titânio) (RESNIK, 2011)
Segundo Borges (2010) aclimatação e um processo que que inclui a
utilização de formulações acidas de uso topico, por um periodo de 15 a 20
dias, com o objetivo de preparar a pele para a aplicação do peeling quimico
em consultorio. O paciente aplica o acido a noite e retira pela manha, em
caso de irritação o uso é suspenso, por isso é muito importante o
monitoramento da pele. A exposição solar é proibida e o autor recomenda o
uso de bloqueador solar com fator 30.
A preparação de pele tem como objetivo geral maximizar os
resultados e minimizar a ocorrencia de complicações no pós, uma criteriosa
analise cutanea e fotos deve ser feita antes do procedimento. O uso de
retinoides nessa etapa contribui para o afinamento do estrato córneo, reduz o
teor de melanina epidermica, acelera a cicatrização, e tambem melhora a
penetração do agente de peeling, porem devem ser descontinuados dias
antes, e retomados apos o procedimento. Formulações compostas de
hidroquinona a 4% ou superior (5% a 10%), reduzem a melanina e podem
ser usados de 2 a 4 semanas antes, são muito eficazes no tratamento de
discromias. Outros agentes de clareamento como acido kojico, acido
azelaico, arbutina e alcaçuz tambem são indicados, amplo espectro protetor
solar UVA e UVB são de uso diario (GRIMES, 2012)
A aplicação topica de de compostos, como ácido retinóico 0,05%,
ácido glicólico10%, ácido pirúvico 7% e hidroquinona 2 a 4%, sozinhos ou
em combinação usados por pelo menos 2 semanas antes do procedimento,
permitem uma penetração mais uniforme e profunda devido a esfoliação
superificial causada pela quebra de coesao dos queratinócitos, tambem
reduz o tempo de reepitelização, minimiza o risco de hiperpigmentação, e
avalia a tolerancia cutanea do paciente (TEDESCHI, et al, 2012).
Segundo Deprez (2007) a preparação antes do peeling, pode ser
essencial, completamente inutil ou ate mesmo perigosa, e isso vai depender
de cada caso e cada agente de peeling usado. A prevençao da herpes é
necessaria em pacientes com historico de infecção, em peeling que atinge a
derme papilar e mesmo naqueles superficiais que desencadeam processo
inflamatorio. Proteção solar eficaz no minimo duas semanas antes, para
evitar a produção excessiva de melanina e inibir a atividade dos melanócitos.
Os riscos pigmentares podem ser reduzidos preparando a pele com

20
formulações de inibidores de tirosinase (hidroquinona, ácido kójico, ácido
azeláico, arbutin, Morus Alba, extratos de alcaçuz, etc.). O tratamento deve
iniciar de 3 a 4 semanas antes do peeling, podem ser usadas concentrações
de hidroquinona (2-4%) mais ácido kójico (2–3%) ou hidroquinona (2–4%)
mais ácido glicólico (8–10%).
Após o procedimento de peeling, formulas cosmeticas com retinoides
ou AHA superior a 10% devem ser evitadas ate completa esfoliação, porem o
uso de protetor solar é imprescindível mesmo em peelings superficiais. Com
a descamação causada pelo agente, o estrato córneo é reduzido e sua
função de proteção prejudicada, por isso a quantidade de radiação que
penetra na pele aumenta. Essa radiação induz ao risco de modificação
genetica da celula e estimula a ativação de melanócitos, o que pode levar a
hiperpigmentação. Apos qualquer peeling é necessario o uso de protetor
solar fator 25 – 50, com indutores de UVA, UVB, HPS( proteinas de choque
termico), por 6 a 12 semanas reaplicado a cada 3 hrs (DEPREZ, 2007).
De acordo com Grimes (2012), o uso de esteroides topicos de baixa a
alta potencia, é extremamente eficaz apos o peeling, tratando a inflamação e
evitando a hiperpigmentação, assim como descamação e irritação excessiva.
Produtos de limpeza e hidratantes podem ser usado apos 48h, e ao fim de
toda esfoliação agentes clareadores de uso topico, medicamento para acne
ou retinoides.
Imediatamente apos o procedimento é recomedado o uso de formulas
hidratantes especificas para cada tipo de pele, com o objetivo de promover a
recuperação da camada que foi lesionada. Para uso em consultorio
recomenda-se as seguinte formulas: 1-cloridrato de nafasolina 0,1%, 2- aloe
vera 30%, extrato de algas 2%, extrato glicolico, hamamelis 2%, 3-
alfabisabolol 0,5%, extrato de algas 10% e FPS 30. No tratamento domiciliar
a correta limpeza da pele é muito importante, para as mais resistentes
geralemnte prescreve o uso de sabonetes com acido glicolico a 10%, peles
mais sensiveis 5%, o uso de protetor solar é obrigatorio durante todo o
tratamento. O autor prefere não utilizar formulas topicas que contenham
acidos abrasivos como acido retinoico, acido glicolico, ou acido salicilico,
para evitar o retardo da cicatrização (BORGES, 2010).

CONCLUSÃO

Conforme literatura apresentada é possivel concluir que dentre os principais


ativos utilizados, estão os AHA (acido glicolico, acido latico, acido mandelico,
acido tartarico), no grupo dos BHA o acido salicilico, o cetoacido acido
piruvico, o TCA (acido tricloroacetico), os retinoides, entre outros. Com
características e mecanismos de ação distintos, esses agentes promovem a
renovação das camadas da derme e epiderme, induzindo a proliferação de
fibroblastos, produção de colágeno, elastina, glicosaminoglicanos e outros
componentes da matriz extracelular, além modular a expressão genica de
enzimas responsáveis pela hiperpigmentação e manutenção estrutural,
resultando numa melhora geral do aspecto e textura da pele.
O peeling quimico é um excelente recurso para o tratamento de
hipercromias, acne, linhas e rugas leves, fotoenvelhecimento, queratoses,
melasma, cicatrizes, lentigos e ate mesmo lesões subclínicas que podem
evoluir para o câncer. O sucesso do tratamento esta condicionado a escolha

21
da formula (concentração, composição, pH) do ativo, fototipo, tipo de pele,
quadro apresentado e o gerenciamento adequado da pele nos dias que
antecedem o procedimento (pré-peeling), assim como os cuidados no pós.

REFERÊNCIAS

HARRIS, Maria I.N.C. Pele: do nascimento a maturidade. São Paulo: Editora


Senac São Paulo, 2016.

BORGES, Fabio dos S. Modalidade Terapeutica nas Disfunções


Esteticas. 02 ed. São Paulo: Phorte Editora Ltda, 2010.

SMALL, Rebecca; HOANG, Dalano; LINDER, Jennifer Peeling Quimicos:


Microdermoabrasão & Produtos Topicos. Rio de Janeiro: Di Livros Editora
Ltda, 2014.

BAUMANN, Leslie. Cosmetic Dermatology Principles and Practice. 02.


Ed. Estados Unidos: The McGraw Hill Companies, 2009.

NIP, John. et al. The New Face of Pigmentation and Aging. In: FARAGE,
Miranda A.; MILLER, Kenneth W.; MAIBACH, Howard I. (org.). Textbook of
Aging Skin. Estados Unidos: Springer Verlag Berlin Heidelberg, 2010. p.
509-520.

HAKOZAKI, Tomohiro.; SWANSON, Cheri L.; BISSETT, Donald L.


Hyperpigmentation in Aging Skin. In: FARAGE, Miranda A.; MILLER, Kenneth
W.; MAIBACH, Howard I. (org.). Textbook of Aging Skin. Estados Unidos:
Springer Verlag Berlin Heidelberg, 2010. p. 495-502.

WOLFF, Klaus; JOHNSON, Richard A.; SAAVEDRA, Arturo P. Dermatologia


de Fitzpatrick. 07. Ed. São Paulo: AMGH Editora Ltda, 2015.

DEWANDRE, Luc.;TENENBAUM, Alain. The Chemistry of Peels: A


Hypothesis of Action Mechanisms and a Proposal of a New Classification of
Chemical Peelings. In: TUNG, Rebecca C.; RUBIN, Mark G. (org.). Chemical
Peels. Estados Unidos: Elsevier, 2011. p. 18-39.

DEPREZ, Philippe. Textbook of Chemical Peels: Superficial Medium and


Deep Peels in Cosmetic Practice. Estados Unidos: Informa UK Ltd, 2007.

SCARBOROUGH, Dwight.; EICKHORST, Kimberly M.; BISACCIA, Emil.


Cosmetic Surgery in the Elderly. In: FARAGE, Miranda A.; MILLER, Kenneth
W.; MAIBACH, Howard I. (org.). Textbook of Aging Skin. Estados Unidos:
Springer Verlag Berlin Heidelberg, 2010. p. 1147-1173.

STERN, Robert. Hyaluronan and the Process of Aging in Skin. In: FARAGE,
Miranda A.; MILLER, Kenneth W.; MAIBACH, Howard I. (org.). Textbook of
Aging Skin. Estados Unidos: Springer Verlag Berlin Heidelberg, 2010. p.
225-238.

22
TOSTI, Antonella.; GRIMES, Pearl E.; PADOVA, Maria P. Color Atlas of
Chemical Peels. 02. Ed. Estados Unidos: Springer Verlag Berlin Heidelberg,
2012.

UHODA, E.; FRANCHIMONT, Pierard; PETIT, L. Cosmeceuticals and


Active Cosmetics. 02. Ed. Estados Unidos: Taylor & Francis Group, 2005.

UEZEN, Cristina. Exfoliación: Enfoque Químico. In: GOTLIB, Natan.;


DAMONTE, Silvia Perez.; MUHAFRA, David. (org). Dermato Estetica.
Argentina: Edicion del autor, 2005.

CATALA, Pedro. Chemical Face Peels: A beginner’s guide. Twelve Beauty,


28 nov 2022. Disponível em: https://www.twelvebeauty.com/chemical-face-
peels-a-beginners-guide Acesso em: 28 nov. 2022.

ALLEMANN, Inja B.; BAUMANN, Leslie. Antioxidants. In: BAUMANN, Leslie.


(org.). Cosmetic Dermatology Principles and Practice. 02. Ed. Estados
Unidos: The McGraw Hill Companies, 2009. p. 279-291.

HARMON, Christopher B.; HADLEY, Michael; TRISTANI, Payam.


Trichloroacetic Acid. In: TOSTI, Antonella.; PADOVA, Maria P. (org). Color
Atlas of Chemical Peels. 02. Ed. Estados Unidos: Springer Verlag Berlin
Heidelberg, 2012. p. 33-40.

LANDAU, Marina. Deep Chemical Peels (Phenol) . In: TOSTI, Antonella.;


PADOVA, Maria P. (org). Color Atlas of Chemical Peels. 02. Ed. Estados
Unidos: Springer Verlag Berlin Heidelberg, 2012. p. 41-56.

STONE, Phillip A. Phenol Peeling. In: TUNG, Rebecca C.; RUBIN, Mark G.
(org.). Chemical Peels. Estados Unidos: Elsevier, 2011. p. 71-88.

RESNIK, Barry I. The Role of Priming the Skin for Peels. In: TUNG, Rebecca
C.; RUBIN, Mark G. (org.). Chemical Peels. Estados Unidos: Elsevier, 2011.
p. 23-26.

TEDESCHI, Aurora. et. al. Management of the Patient. In: TOSTI, Antonella.;
PADOVA, Maria P. (org). Color Atlas of Chemical Peels. 02. Ed. Estados
Unidos: Springer Verlag Berlin Heidelberg, 2012. p. 201-204.

ABBAS, Ossama.; SALMAN, Salah. Non Surgical Modalities of Treatment


Primary Cutaneous Cancer. In: FARAGE, Miranda A.; MILLER, Kenneth W.;
MAIBACH, Howard I. (org.). Textbook of Aging Skin. Estados Unidos:
Springer Verlag Berlin Heidelberg, 2010. p. 601-608.

23
24

Você também pode gostar