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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 4 - Julho / Agosto 2001 221

Revisão

Laser de baixa intensidade: princípios e generalidades - Parte 1


Low intensity laser: principles and generalities -Part 1

Maria Cristina Sandoval Ortiz*, Patricia Michelassi Carrinho**, Alexandre A. Stuart Dos
Santos***, Raquel Calvo Gonçalves***, Nivaldo Antonio Parizotto****

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*Mestranda em Fisioterapia Universidade Federal de São Carlos, **Fisioterapeuta - Estagiária Laboratório de


Eletrotermofototerapia, Universidade Federal de São Carlos, ***Fisioterapeuta UFSCar, ****Professor Doutor
Adjunto do Departamento de Fisioterapia da UFSCar e do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia UFSCar

Resumo
O laser é um dos meios físicos que o fisioterapeuta conta para o
tratamento de seus pacientes, mas por ser uma tecnologia relativa-
mente nova, ainda se encontra em fase de determinação de seus
reais efeitos, aplicações efetivas e limitações. O objetivo desta revi-
são é fazer uma compilação e organização dos artigos sobre laser
por tópicos, mostrando o estado atual e os resultados das pesqui-
Palavras-chave: sas desta área, que sirva como um guia para o fisioterapeuta clíni-
Laser de baixa co. Foi dividida em duas partes, apresentando na primeira as gene-
intensidade, ralidades do laser e na segunda os trabalhos feitos in vitro, em ani-
bioestimulação, mais e em humanos, em patologias específicas. A primeira parte
teoria fotoquímica, compreende uma pequena história, as características e parâmetros
monocromaticidade. que identificam o laser, incluindo as controvérsias surgidas em tor-
no deste assunto, os efeitos fisiológicos, assim como as teorias que
as suportam, enfatizando em especial a teoria fotoquímica, que
acreditamos ter o melhor embasamento científico para explicar a
interação do laser com tecidos biológicos.

Endereço para correspondência:


Prof. Dr. Nivaldo Antonio Parizotto, Laboratório de Eletrotermofototerapia, Departamento de Fisioterapia – UFSCar,
Rodovia Washington Luiz, km 235, CP 676, 13565-905 – São Carlos SP, Tel: (16) 260-8341 ramal 8704,
E-mail: parizoto@power.ufscar.br
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Abstract
Laser is one of the tools with which the physical therapist can
treat his patients. However, due to it being a relatively new
technology, its long-term effects and limitations are still to be
determined. The purpose of this review is to compile and organize
Key-words: articles on laser by topics, showing the current state of the field
Low Level Laser along with results of research done in the area, so as to serve as a
Therapy, guide for the clinical physical therapist. It has been divided in two
Biostimulation, parts: the first presenting general facts on clinical lasers, the second
Phothochemistry presenting the work done in vitro, on animals and humans with
Theory, specific pathologies. The section on general facts includes a short
Monochromaticity. history, a listing of characteristics and parameters that define laser,
including controversies that have arisen from them. Also to be
presented in this section are the physiological effects of laser, along
with the supporting theories, putting special emphasis on the
photochemical theory, which has the most solid cientific basis for
explain the interaction of laser with biological tissue.

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Um pouco de história antiga União Soviética, os cientistas Basov e


A palavra Laser é um acrônimo para Projorov também demostram esta possibilida-
amplifição da luz por emissão estimulada de de, por cujo trabalho ganharam, em 1964, o
radiação, sendo este o princípio em que foi Prêmio Nobel [10].
baseada sua criação [1-8]. Em 1960, Theodore H. Maiman produz o
A luz vermelha foi usada na medicina ain- primeiro laser de material sólido utilizando o
da em tempos antigos, criando a “síndrome rubi. Em meados dos anos setenta, Javan,
da luz vermelha” bem conhecida no último sé- Bennett e Herriott construíram o laser de
culo, sendo também um dos métodos de cura Hélio–Neônio, apoiados no descobrimento do
usados por Finsen, o pai da fototerapia con- laser vermelho visível feito por White e
temporânea [9]. Rigden. Esta é a primeira fonte comercialmen-
O fenômeno físico da emissão estimulada foi te disponível de luz coerente recebendo inici-
postulado por Albert Einstein em 1916. Basea- almente o nome de laser frio ou laser suave
dos neste princípio, em 1950, Townes, Gordon [4,6,8,9].
e Zeiger constroem o MASER ou amplificador Este fato gerou interesse em um laser na
de microondas por emissão estimulada de ra- faixa infravermelha, fora do alcance da emis-
diação, criando portanto, a possibilidade de tra- são visível, aparecendo somente no final da
balhar na região visível de radiação [1-5]. década de setenta os primeiros laseres de Ga-
Em 1958, Townes e Schawlow propõem um As e de GaAlAs [1-5,8,11].
modelo para o desenvolvimento de um laser O trabalho inicial da terapia laser começou
propriamente dito, trabalho este que consti- na Europa Oriental, sendo fortemente basea-
tuiu o ímpeto para o descobrimento dos dife- do no trabalho do professor Endre Mester, de
rentes tipos de laser. Simultaneamente, na Budapest, chamado o pai da bioestimulação
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laser. Desde então o laser chegou a ser uma [1,2,5]. O primeiro emite comprimentos de
modalidade de tratamento popular, principal- onda de 904 nm, com uma potência (de pico)
mente na União Soviética e no oriente próxi- entre 10 –15 Watts (W) de saída, é invisível,
mo, onde aconteceu um número grande de pulsado e, segundo Tuner e Hode [8], possui
aplicações [11,12]. uma penetração de 30 a 50 mm. O Ga-Al-As
Por tais razões, historicamente a maioria emite comprimentos de onda entre 780 e 870
dos trabalhos iniciais com laser de baixa in- nm, sendo geralmente usados comprimentos
tensidade começou na Europa Oriental e na de 820 nm e 830 nm na banda infravermelha,
União Soviética. Portanto, os primeiros rela- portanto invisível e suas potências de pico
tos entusiastas de que o laser induzia altera- variam entre 20 e 100 mW. São contínuos em
ções na função de células e tecidos, aparece- seu método de operação, mas podem chegar a
ram em jornais inacessíveis e indecifráveis ser pulsados. Os laseres Ga-Al-As são seguros
(diferentes línguas), além disso, quando tra- e têm sido eficientes pelo menos num estudo
duzidos, freqüentemente geravam descrença, bem controlado [14].
porque apresentavam falhas metodológicas, Em geral os laseres semicondutores tem
descrições incompletas, cegos limitados e con- depósito energético pouco absorvível pelo com-
troles não existentes [13]. ponente aquoso e hemoglobina [15], e por isso,
Posteriormente, em 1988, o tratamento com a profundidade de penetração alcança entre 2
laser recebeu o nome de terapia laser de bai- e 3 cm [8]. Uma vantagem da aplicação da radi-
xo nível (LLLT), dado por Oshiro e Calderhead ação infravermelha próxima é sua maior pene-
[4,13]. tração nos tecidos, comparada com a radiação
No Ocidente, um dos primeiros trabalhos foi do He-Ne, e sua alta confiabilidade [16].
o do Dr. Friedrich Plog, do Canadá, que estu- O laser de Hélio–Neônio emite uma luz vi-
dou o uso do laser na acupuntura, em 1973 [4,6]. sível, vermelha, com um comprimento de
A partir daí se inicia a aplicação do laser onda de 632,8 nm. A descarga excita os áto-
terapêutico em diversas doenças, como tam- mos de hélio, os quais transferem sua energia
bém em pesquisas e experimentações, obten- aos de neônio e estes emitem então a luz ver-
do desta maneira, avanços a respeito dos efei- melha [1]. Sua potência é limitada, pratica-
tos fisiológicos, mecanismos de produção e no mente 30 mW a 50 mW, sendo este último va-
aperfeiçoamento do aparelho. lor raras vezes atingido. A penetração da luz
de hélio- neônio no tecido humano é de 0,8
Como se faz um laser mm sem divergência e até 15 mm com algu-
A produção do laser resulta de um elétron ma divergência [5,17]. Este tipo de laser é al-
ou uma molécula, que sofre um salto quântico tamente colimado, gerando portanto, um mai-
quando previamente estimulado, passando de or risco ocular [4,8].
um baixo a um alto estado de energia, passan-
do a emitir ondas na mesma freqüência, com- Em quê o laser difere da luz comum?
primento de onda e direção, originando o fei- As características que identificam e diferen-
xe laser que possui mais potência que outras ciam a luz laser das outras ondas luminosas
radiações ópticas não modificadas ou estimu- são: a monocromaticidade, a colimação, a co-
ladas [6]. erência e a polarização [4,6-8].
O tipo de laser é determinado pelo compri- A monocromaticidade indica que cada meio
mento de onda usado e, logicamente, pelo que gera laser vai corresponder a um único
meio usado para produzi-lo [6]. Os dois com- comprimento de onda. Esta característica é
primentos de onda utilizados nos laseres considerada o atributo mais importante da luz
terapêuticos estão na faixa do visível e do laser porque determina quais biomoléculas
infravermelho. O laser infravermelho emite absorverão a radiação incidente, e portanto, a
comprimentos de onda a partir de 770 nm até interação fotobiológica e os efeitos
1550 nm. Estão constituídos fundamentalmen- terapêuticos específicos [4,7].
te pelo cristal de arseneto de gálio (Ga-As), e A colimação refere-se ao alto grau de
pelo arseneto de gálio e alumínio (Ga-Al-As) paralelismo do feixe laser, mantendo um pe-
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queno tamanho da saída do feixe numa dis- mas biológicos é de uma natureza não coeren-
tância relativamente grande. Esta caracterís- te sob condições normais, portanto esta carac-
tica é fortemente responsável pelos perigos terística é perdida nos primeiros micrômetros
oculares gerados pelo laser [4]. da superfície da pele [4,9,20].
A coerência é a sincronicidade das ondas Segundo Karu [9], para se conseguir o efei-
de luz que pode ser temporal, quando estas se to desejado não importa se a luz é coerente ou
encontrarem em fase, ou espacial, quando os não, pois as duas têm demostrado ser igual-
fótons estão ajustados em planos espaciais mente efetivas.
paralelos entre sí e, portanto, são assim man- Por ser uma radiação óptica, o laser faz par-
tidos sobre grandes distâncias [4,7,8]. te do espectro eletromagnético. A parte do
A polarização acontece quando as ondas de espectro mais comumente usada na prática da
luz estão todas orientadas num só plano, as- laserterapia de baixa intensidade, está entre
sim, as vibrações em seus campos elétricos os comprimentos de onda de 630 nm a 1300
acontecem numa só direção [4]. A polarização nm. Este por sua vez, inclui a luz visível e par-
pode ser linear ou circular [8]. te próxima do espectro infravermelho [6] e é
Há dúvidas se todas as características são chamada de janela espectral para tecidos bio-
necessárias para criar uma reação lógicos.
fotobiológica em um organismo ou se a
monocromaticidade somente é suficiente para Parâmetros de irradiação de um laser
produzir tais reações [17]. Inicialmente os efei- Os parâmetros que descrevem o laser são o
tos observados do laser foram atribuídos a alta tipo e o comprimento de onda, a potência
coerência da radiação por hélio–neônio, em- média e a potência pico ou potência radiante,
bora atualmente não existam bases físicas que a área irradiada e o tipo (forma) do feixe, o qual
expliquem tal conclusão [9]. pode ser contínuo ou pulsado [6,8]. Outros
No entanto, existem autores que conside- autores também incluem como parâmetros a
ram que a coerência, a monocromaticidade e densidade de potência ou irradiância e a den-
a polarização são muito importantes nos teci- sidade de energia também chamada de fluên-
dos vivos como células alvo, pois são justa- cia ou exposição radiante [4,7].
mente estas características as que assegura- Os laseres terapêuticos operam em potên-
riam a penetração [11,18]. cia de saída ou potência radiante inferior a 1
Tuner e Hode [8] consideram que a coerên- W, mas este parâmetro não é considerado tão
cia é diminuida no caso de reflexão difusa, mas importante para avaliar o potencial biológico
não cai até zero, além do que a luz não coeren- e os efeitos clínicos do laser [4]. Tuner e Hode
te é menos eficiente e provavelmente só atua estão em desacordo sobre tal afirmação, pois
nas estruturas superficiais. Em seu trabalho, consideram que com uma alta potência de sa-
Labbe [19] mostrou que as absorbâncias são ída é possível obter uma alta densidade de
extremamente baixas, e isto poderia explicar a potência [8]. Trelles [8] observou que os efei-
necessidade para uma luz relativamente coe- tos do Hélio – Neônio sobre mastócitos foram
rente, de alta potência, introduzir energia sufi- mais rápidos a 50 mW do que a 4 mW, sendo os
ciente para obter a conversão de um fóton ini- dois grupos de células irradiadas com 2,4 J,
ciador em energia bioquímica, gerando com- concluindo que altas densidades de potência
postos como o ATP, de alto teor de energia. com tempos curtos de irradiação poderiam ser
Para a interação radiação – matéria, a alta mais eficientes na liberação do laser.
coerência, ambas espacial e temporal, da luz Eventualmente um ponto de saturação cau-
são necessárias, mas não condição suficiente. sado pela absorção de energia pode ser alcan-
Foi demostrado que os efeitos coerentes da luz çado [17]. Deve ter-se em conta que dois laseres
aconteciam acima de intensidades como 2 X da mesma potência, mas com áreas de feixe
1015 W.m-2, mas levando-se em conta que as diferentes, têm efeitos similares com tempos
intensidades de luz laser típicas usadas na de aplicações diferentes e mais, a quantidade
prática clínica estão entre 10 – 102 W.m-2, a ab- de energia total não será a mesma [21].
sorção de luz de baixa intensidade por siste- Oshiro observou que potências inferiores
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a 60 mW com comprimentos de onda entre 790 gia acima deste nível. Também doses superi-
e 904 nm diminuem a dor de forma efetiva e a ores a 4 J.cm-2 têm sido usadas no tratamento
reação microvascular. A 100 mW foram obser- de artrite reumatóide com a finalidade de uti-
vados efeitos quase termais como por exem- lizar as capacidades inibitórias do laser para
plo exacerbação da dor, espasmo muscular limitar o processo reumatoideo [17].
involuntário e síncope nervosa, e por isso ele Danos em ratos albinos irradiados não fo-
concluíu que a potência ideal era 60 mW [11]. ram evidentes na retina até que a dose tenha
Apesar disso, não existem dados conclusivos alcançado 2.8 J.ms-1 e os danos maiores reque-
a esse respeito, dando margem a especulações riam uma dose maior de 4-6 J/ms-1 resultando
sobre a potência ideal a ser usada. em mudanças, chegando a precatarata e alte-
A densidade de potência ou irradiância e a rações submicroscópicas. Como os autores
potência de saída da luz por área de irradia- utilizaram um laser pulsado, preferiram colo-
ção é dada em W.cm-2 [6,23]. Em experimentos car a dose expressa pelo tempo, que aparen-
com culturas celulares este parâmetro é con- temente foi um fator diferencial no trabalho.
siderado o mais importante, inclusive mais do A dose baixa de laser aumentou a produção
que a dose total [20]. de material intercelular através do aumento
A fluência ou densidade de energia ou dose na síntese de RNA no pigmento do epitélio. A
é a energia total transmitida por um feixe laser análise quantitativa revelou que o aumento de
por unidade de área e é dada em J.m-2 (siste- um marcador no pigmento do epitélio foi mais
ma MKS] ou J.cm-2 no caso específico da fisi- significante 4 horas depois da irradiação laser.
oterapia ou das aplicações biomédicas [6,8,23]. Um segundo aumento foi evidente 24 horas
A dosimetria ótima para terapia laser é ain- depois [26].
da desconhecida sendo portanto, uma ques- O efeito da estimulação da divisão de E. Coli
tão controversa. A dose de laser depende da foi ampliado com o aumento da dose em 540
distância entre a pele e o aparelho laser, do J.m-2, embora no intervalo entre 540 e 900
sistema óptico do aparelho (sistemas de len- J.m-2 o crescimento desta bacteria foi pratica-
tes ou espelhos), do tipo de fonte de laser, da mente constante (190%) utilizando uma radi-
divergência do feixe laser, da reflexão, trans- ação contínua a 1300 nm [16].
missão, dispersão, absorção e da profundida- O trabalho de Schaffer [29] mostrou resul-
de do tecido tratado entre outros fatores [24]. tados sobre os efeitos biomodulativos que
Também outros parâmetros, tais como, com- acontecem com fluências superiores a 10
primento de onda, duração do tratamento, J.cm-2, no entanto as irradiâncias variaram de
densidade de energia, número de tratamen- 10 a 150 mW. cm-2 .
tos e modo de liberação podem ser críticos [25]. A fagocitose de leucócitos foi consideravel-
Há autores que consideram que a resposta mente aumentada por uma densidade de ener-
fisiológica é dose-dependente, algo que tem gia incidente de 0.05 J.cm-2 e inibida utilizan-
sido conferido em alguns trabalhos [26,27]. do-se de 2-4 J.cm-2. Foi provado que pequenas
Karu [19,20] concluiu em seus estudos in densidades de energia incidente aplicadas em
vitro, pela avaliação do crescimento celular, séries a leucócitos nativos, acumulavam-se e
que na maior parte das curvas dose-resposta atuavam no sentido de inibir a fagocitose, como
aparecia geralmente um limiar, um máximo e se houvesse aplicado grandes energias, em con-
uma fase de declive, apresentando portanto formidade com a Lei de Arnd – Schultz [27].
uma dependência da dose. Embora este for- A atividade da catalase nos leucócitos irra-
mato de resposta não aparecia em todos os diados com laser foi aumentada a partir da
casos estudados, já que apresentava uma se- dose de 0,05 J.cm-2, elevando-se particular-
gunda fase, observada nas culturas, que de- mente com 5 J.cm-2 e a mesma foi diminuída
pendia do tempo de exposição. por 50 J.cm-2 [27].
Kubasova [28] refere-se à saturação dos efei- Em experimentos com monocamadas celu-
tos bioestimulativos induzidos pela luz pola- lares, as doses ótimas nas regiões vermelha e
rizada acontecendo a 4 J.cm-2, onde as células vermelha distante do espectro, foram encon-
estão incapacitadas para absorver mais ener- tradas perto de 102 J.m-2. Embora deve ter-se
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em conta que nos tecidos reais há muita per- de produção o laser. As taxas de repetição dos
da pela reflexão e dispersão, e por isso, Karu pulsos variam de 2 Hz a 500 KHz. Apesar da
sugere doses aproximadamente 400 vezes baixa potência média dos laseres, a potência
mais altas [20]. de pico do laser pulsátil pode ser alta, sendo
A experiência norte-americana sugere que na ordem de W ou superior a mW [6].
a dose total numa sessão de tratamento não A radiação caracterizada com baixa repeti-
deva exceder 8 J.cm-2 a 9 J.cm-2 [22]. ção do pulso (26 Hz) e longa duração do pulso
A efetividade clínica depende das doses de (31,1 ms) atuou sobre a divisão da E. Coli. No
energia adequadas, aplicadas corretamente e caso de altas taxas de repetição do pulso (5000
usadas gradual e regularmente. Doses baixas Hz) e curta duração do pulso (0.16 ms) a curva
ou ainda sobredosificação podem não produ- dose-dependência teve um limiar, um máxi-
zir efeitos ou ainda gerar prejuizos. Segundo mo de estimulação próximo a 1,2x105 J.m-2,
Simunovic, a dose ótima aplicada diretamen- uma fase de inclinação próxima à doses de
te na área afetada é mais importante que o 3x105 J.m-2, chegando a inibição. Estes resul-
comprimento de onda do laser [30,31] . tados indicaram a possibilidade de existir mais
Deve se ter em conta também que os resul- de um mecanismo envolvido. No caso de se
tados da exposição à terapia laser são cumu- ter uma potência média, dose constante e a
lativos, como tem sido demonstrado em vári- duração e freqüência do pulso variáveis, exis-
os trabalhos [11,32]. te um ponto onde os efeitos são similares ao
Outros autores consideram que o compri- grupo controle e este ponto está próximo dos
mento de onda é o fator determinante nos efei- 1000 Hz. A partir desta freqüência e com du-
tos fisiológicos. rações de pulso muito pequenas os efeitos
A máxima estimulação de macrófagos foi mudam de sinal e passam a ser inibitórios [16].
obtida com luz não coerente de 660 nm, luz Portanto, quando se irradiam células com laser
coerente e polarizada de 820 nm e luz não coe- pulsátil, existe dependência em relação a vá-
rente de 870 nm, embora esta última gerando rias doses de irradiação, além da taxa de repe-
estimulação em menor extensão. Em oposição, tição do pulso e da duração do pulso [20].
a luz não coerente de 880 nm teve um efeito Foram feitos estudos comparativos entre
inibitório sobre a proliferação de fibroblastos. laser contínuo e pulsado utilizando o mesmo
Assim, este processo foi dependente do com- comprimento de onda e dose. Foi encontrado
primento de onda usado. Os efeitos da luz so- que com o uso do laser contínuo não foi apre-
bre a proliferação de macrófagos com 660 nm, sentada mudança significativa no modelo usa-
820 nm, 870 nm e 880 nm foram apresentados do, no entanto quando utilizou-se o laser pul-
36 horas depois da irradiação, visto que num sado gerou-se efeitos inibitórios que foram
tempo inferior não apresentou diferenças, o dependentes da duração e taxa de repetição
que permite concluir que a luz induz mudan- do pulso e do intervalo interpulsátil [20].
ças na capacidade das células individualmante Sobre a freqüência ótima de tratamento não
sintetizar e secretar fatores de crescimento, não há um consenso, mas Karu [9] e Mester [27] con-
sendo dependente das mudanças induzidas sideram que o tratamento a cada dois dias ou
pela luz no número de células disponíveis [33]. duas vezes por semana se conseguem as res-
Segundo Karu [20] os comprimentos de onda postas mais positivas [27,17]. Trabalhos sugerem
ótimos estão próximos a 760 nm e de 810 a 840 que doses de irradiação baixas repetidas com
nm uma vez que nestas regiões os cromóforos um intervalo semanal induzem melhores efei-
superficiais têm uma absorção débil havendo tos comparados com altas doses de energia apli-
portanto, máxima penetração da luz na pele. cadas em curto espaço de tempo [30,31].
Os resultados de alguns trabalhos Os efeitos da freqüência de tratamento são
demostraram que a duração e a freqüência do avaliados no trabalho de Kubasova [28] onde a
pulso são parâmetros importantes da fonte de irradiação simples de fibroblastos de embrião
radiação [16]. humano com laser de hélio – neônio de 1 J.cm-
O feixe pulsado ou contínuo depende da 2
não afetou as superfícies celulares. A mesma
fonte de material e configuração do sistema dose repetida 4 vezes com intervalos de 24 ho-
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ras causou mudanças funcionais das membra- potência do aparelho, assim como também
nas celulares porém, não micromorfológicas. pelos fenômenos de dispersão e de absorção
O fenômeno foi considerado como sendo um [4,8,11,17,22].
resultado direto ou indireto da alteração da Acredita-se que o pico da penetração no te-
membrana celular induzida pelo laser, assim cido acontece no intervalo espectral do
por exemplo os sítios de ligações foram menos infravermelho próximo, entre comprimentos
acessíveis ou sua afinidade diminuiu. Também de onda de 600 nm a 1200 nm, devido à fraca
foi usada uma dose de 5 J.cm-2, mas as conse- absorção pela água. Assim, a absorção tecidual
qüências não variaram significativamente, por- será determinada pelas características de ab-
tanto a relação dose-efeito não foi observada. sorção pelas moléculas orgânicas, gerando
A potência usada sempre foi de 5 mW. Portan- uma janela ótima de penetração que acontece
to, o efeito da irradiação laser sobre vários sis- nos comprimentos de onda entre 820 nm a 840
temas de membrana celular pode ter um im- nm. [4,17,35].
portante papel na duração total da resposta Na região do espectro onde a absorção da
celular fisiológica. luz pelo tecido é baixa (600 – 1200 nm) a dis-
persão predomina [4]. Assim, se um laser apre-
Como a luz penetra nos tecidos? senta uma penetração profunda, sua energia
A primeira interação da luz com a pele acon- é absorvida diferenciadamente pelos tecidos.
tece na superfície do estrato córneo, onde cerca Se um laser tiver boa absorção nas camadas
de 5 a 7% de radiação incidente é refletida [35]. iniciais ele não penetrará profundamente [17].
A luz, uma vez dirigida ao tecido, pode ser Comprimentos de onda curtos dispersam
além de refletida, transmitida, dispersada ou muito mais do que os longos e penetram me-
absorvida. A reflexão interna múltipla pode nos profundamente, alcançando penetração
acontecer como resultado da não profunda só em tecido mole [17,35,36]. Portan-
homogeneidade da pele e dos tecidos profun- to, comprimentos de onda curtos, no interva-
dos. A medida que a luz visível é absorvida e lo do visível, podem ser mais apropriados para
dispersada pelos tecidos do corpo, há uma que- o tratamento de lesões superficiais e compri-
da no efeito da radiação atenuando a luz a dife- mentos de onda longos, no intervalo do
rentes freqüências e em diferentes graus [6,11]. infravermelho próximo, podem ser mais úteis
A distribuição gaussiana permite fazer para o tratamento de lesões profundas [22].
um cálculo da atenuação do laser que tem um Goldman et al. [32] e Laakso [17] indicam
caráter exponencial, assim a profundidade na que para fontes laser entre 300 nm a 1000 nm,
qual a intensidade do feixe é 36% da intensida- cerca de 99 % da radiação penetrante na pele
de original incidente é chamada de profundi- será absorvida nos primeiros 3,6 mm de teci-
dade de penetração. Quando esta intensidade do. Laseres da região infravermelha penetram
de penetração alcança o dobro da distância, mais de 15 mm no tecido vivo, no entanto,
determina-se que o feixe está a 13% da intensi- laseres de comprimento de onda ultravioleta
dade incidente, e ao chegar a triplice distância penetram minimamente nos tecidos biológi-
tem-se 4,5 % da intensidade original [4]. Assim, cos [6,17,37].
pode-se fazer um cálculo aproximado em rela- A luz visível é mais absorvida que compri-
ção aos tecidos corporais irradiados. mentos de onda infravermelhos, mas devido
Apesar disso, a extensão da ação à refração, reflexão e posterior dispersão, os
fotoquímica permite atuar indiretamente, afe- diferentes comprimentos de onda tornam-se
tando estruturas tão profundas como a 5 cm difíceis de se localizar nas áreas restritas de
[17]. Isso devido aos processos químicos que tecido irradiado [22].
podem ser iniciados nos níveis mais superfi- A especificidade do pigmento pode afetar
ciais, ampliando os efeitos aos níveis mais a penetração e a absorção [17]. Assim, as
profundos [6]. biomoléculas contidas num tecido irradiado
A penetração da luz laser dentro do tecido com laser diferenciam-se de outras em seu
é determinada principalmente pelo compri- espectro de absorção e, portanto, nos compri-
mento de onda e de maneira secundária, pela mentos de onda que elas podem absorver [4].
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Segundo Karu, mais importante que a alta cotes de energia pode ser aportado num curto
monocromaticidade da luz, é o comprimento período de tempo [17].
da onda que deve estar no espectro de absor- A penetração profunda poderia também
ção da molécula fotorreceptora, o qual tem estar afetada pelas dimensões do feixe referi-
mostrado ser uma estreita faixa de radiação do como ótimo aos 4 mm quando calculado
[20]. Logo, os pigmentos são altamente espe- usando o modelo Monte Carlo [4].
cíficos, e isto pode ser visto no caso da luz laser
visível de comprimento de onda curto, entre Que efeitos produzem os laseres nos
400 nm e 700 nm, que é altamente absorvida tecidos?
pela melanina, hemoglobina e mioglobina [17]. Os quantuns ou fótons interagem com as
Isto foi comprovado durante a avaliação das biomoléculas de uma maneira precisa, depen-
doses de energia inicial, uma vez que a potên- dendo de seu conteúdo de energia. Uma vez
cia inicial do feixe laser é parcialmente perdi- absorvida, a energia nas faixas ultravioleta e
da devido à absorção pela hemoglobina e pela visível do espectro, pode fazer com que as
melanina, por exemplo no caso de pele alta- moléculas específicas alcancem um estado de
mente pigmentada [30,31]. excitação eletrônica, onde são capazes de so-
São assinaladas como moléculas responsá- frer reações químicas como oxidação, redução,
veis pela absorção da luz os aminoácidos e isomerização, ruptura de ligações covalentes
ácidos nucleicos, assim como os cromóforos. ou interações com outras moléculas [38].
Os aminoácidos têm alta absorção na faixa No aspecto molecular podem acontecer três
intermediária do espectro ultravioleta e tam- situações [4,9,39]:
bém nos comprimentos de onda menores do • Excitação das cadeias de elétrons nas
UV, os ácidos nucleicos tem seu espectro de mitocôndrias, gerada pelo espectro visível e
absorção nas mesmas faixas dos aminoácidos, infravermelho próximo. Isto pode resultar na
além da região infravermelha, e os cromóforos, ruptura de algumas moléculas relativamente
tais como a hemoglobina e a melanina absor- grandes ou inclusive mudanças na cadeia de
vem luz na região visível do espectro [4]. carbonos. Estas mudanças podem ser rever-
O valor da profundidade de penetração síveis ou irreversíveis dependendo da inten-
óptica do sangue, comparado com outros teci- sidade da radiação. As moléculas excitadas
dos, mostra a necessidade de considerar o efei- têm um maior potencial para gerar reações
to da sua presença nos tecidos durante os tra- químicas levando a um efeito observável em
tamentos na região espectral vermelha e nível biológico.
infravermelha próxima [36]. Se para atingir o • Vibrações moleculares, que consistem em
tecido alvo, há tecidos bem irrigados no cami- estiramento e batimento de ligações que cau-
nho óptico do feixe de laser, devemos utilizar sam deslocamentos dos núcleos atômicos, mas
doses superiores para compensar este fato. não afetando suas posições de equilíbrio. Es-
Outros pesquisadores consideram que os tas vibrações são geradas pelo espectro
comprimentos de onda infravermelhos têm infravermelho.
pouca especificidade pelo pigmento e os pri- • A rotação da biomolécula total, ou partes
meiros meios absorventes são as proteínas e da biomolécula ao redor de um eixo, gerada
a água [22]. pelo campo eletromagnético criado pela luz
A penetração e absorção da luz laser podem incidente, o que poderia levar a um pequeno
também ser afetadas pela potência de saída aumento da temperatura que ainda não se
dos aparelhos laser. A penetração da luz laser conhece claramente se acontece em nível ce-
depende da potência média de saída do laser lular ou subcelular.
e não da potência pico. Quanto maior o núme- As radiações ópticas são não ionizantes, sua
ro de fótons que penetram num tecido de uma ação pode ser fotoquímica como para as radi-
só vez, maior o número de fótons que estarão ações ultravioletas de comprimentos de onda
presentes em alguma profundidade. Assim, se elevados ou termal como para a faixa
a potência do laser é relativamente alta, mais infravermelha do espectro. A região visível
de 15 a 60 mW, então o mesmo número de pa- permanece entre estes dois extremos, sendo
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considerada uma região de transição caracte- vem ser atribuídos a um processo não termal
rizada pelos dois efeitos: termais e resultante da interação ou absorção nos teci-
fotoquímicos [6]. dos específicos. Este efeito fotoquímico é de-
A terapia laser de baixa energia acontece pendente do comprimento de onda e da fre-
em intensidades tão baixas, que não se tem qüência, que podem causar modulação
certeza se alguns efeitos biológicos que ocor- bioestimulatória.
rem são devidos a efeitos diretos da radiação Concluindo, durante os estados de excita-
ou como resultado do aquecimento. Basford ção eletrônica, uma notável fração de energia
[13] reportou aumentos de temperatura tão excitada é convertida em calor, a qual gera
pequenos como 0,1 a 0,5 graus Celsius, Karu aumento local na temperatura dos cromóforos
[16] usando 3 W.m-2 de intensidade encontrou absorventes, o que vem a ser um possível
aumento da temperatura média de 10-3 graus mecanismo da ação do laser. Deve-se levar em
C. Um aumento na temperatura de 0,4 a 0,6 conta que o aquecimento local e transitório das
graus C, na pele irradiada por um diodo laser moléculas absorventes é muito diferente da
GaAs de 850 nm e 70 mW, também foi referido média de aquecimento da célula total, o qual
por Boussignac et al. [16]. No trabalho de não é observado nas doses e intensidades usa-
Ricevuti confirma-se que os efeitos da irradi- das em experimentos com culturas celulares
ação laser são termais e não correlacionados [45]. Portanto, em tecidos, não se consegue
com as modificações da estrutura da detectar mudanças significativas na tempera-
glicoproteína de membrana que possui fun- tura local.
ções receptivas [39].
Em contraposição, outros autores afirmam O quê é o efeito biomodulatório?
que os efeitos do LLLT (do inglês, Low Level 25 anos atrás, vários autores postularam os
Laser Therapy) são baseados em mecanismos efeitos bioestimulativos da terapia laser. A
não termais, os quais não geram um aumento biostimulação ou reações laser catalisadas re-
significante da temperatura dos tecidos ferem-se à aplicação de energia eletromagné-
[4,7,40,41]. tica pelo laser de baixo nível aos tecidos do
Um exemplo disto é o trabalho de Rochkind corpo, o qual pode influenciar as funções ce-
onde a medida da temperatura indicou uma lulares, tais como, estimulação ou inibição de
mudança de não mais que 0,1 grau centígra- atividades bioquímicas, fisiológicas e
do, a qual é bem baixa para o mínimo precisa- proliferativas. Porém, devido a estimulação e
do para influenciar a atividade celular [43]. a inibição serem possíveis de ocorrerem, o ter-
Braverman [43] encontrou que a tempera- mo biomodulação deveria ser usado tendo em
tura subcutânea da pele não mudou significa- conta os dois efeitos. A magnitude do efeito é
tivamente durante ou depois da irradiação com referida sendo dependente do comprimento
laser no lado que foi exposto durante 50 minu- de onda, das doses e da dose-intensidade do
tos em coelhos, recebendo doses de 1,65 J.cm-2 laser [24,46].
de HeNe, ou 8,25 J.cm-2 de infravermelho e Segundo Karu [9] existem razões para achar
combinadas ambas doses e aparelhos. O com- que o fenômeno de biomodulação é de uma
primento de onda e a saída de energia do laser natureza fotobiológica, isto porque de acordo
podem ter um efeito significante sobre a quan- com seus estudos, a inibição que acontece é
tidade de radiação laser a ser convertida em um resultado direto da fotodestruição de um
vibração termal. Porém, o efeito bioestimulante ou mais citocromos da cadeia respiratória. As
pode não ser dependente de um efeito termal doses pequenas cumulativas em aplicações
mensurável mas, possivelmente é uma reação repetidas também resultam num efeito inibi-
fotoquímica com um componente receptivo em tório [27]. Em suma, pode-se dizer que a irra-
nível celular. diação de baixo nível resulta numa modula-
Finalmente, Hall [44] afirma que as saídas ção das atividades celulares [29].
de baixa potência dos LLLT não produzem O efeito bioestimulante do laser sofreu ten-
apreciável mudança de temperatura nos teci- tativas de explicação através de várias teori-
dos tratados, portanto alguns benefícios de- as. A primeira delas foi o princípio de Arndt–
230 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 4 - Julho / Agosto 2001

Schultz, o qual propõe que os tecidos reagem ca na forma de luz pode estimular
à quantidade de energia absorvida por unida- macromoléculas, iniciar a conformação de
de de tempo de tal forma que estímulos fra- mudanças em proteínas e transferir energia
cos excitam a atividade fisiológica, enquanto aos elétrons [41].
aqueles muito fortes vão anulá-la [4,5]. Baxter considera os cromóforos como es-
Kleinkort e Foley [5] postulam uma segun- truturas moleculares que absorvem luz no
da teoria para explicar este efeito, dizendo que espectro visível e são derivadas das porfirinas,
o laser de baixa potência pode estimular a for- e que no homem os cromóforos seriam a
mação de ATP como depósito de energia. O ATP hemoglobina e a melanina [4].
estimulará a atividade enzimática para obter a Esta teoria é colocada em dúvida por Young
restauração dos processos fisiológicos normais [33] pois não houve significante absorção por
em nível celular e do organismo em geral. esses cromóforos nos comprimentos de onda
É bem conhecido que as células são sensi- usados de 660 e 880 nm .
tivas a comprimentos de onda específicos. As Estão sendo propostos alguns elementos
células em culturas podem comunicar-se en- como fotoreceptores primários. Um deles é a
tre si por energia eletromagnética, a qual in- melanina, considerada como o cromóforo mais
fluencia os processos celulares metabólicos e protetivo para comprimentos de onda superi-
catabólicos. Foi proposto no caso de uma alte- ores a 300 nm, mostrando uma ligeira dimi-
ração que o estado de energia da célula seja nuição da absorção para comprimentos de
mudado, alterando conseqüentemente a co- onda maiores que 1200 nm [38].
municação celular a qual vai ser influenciada Gamaleya [47] postulou que nos níveis
diretamente pela terapia laser [24]. subcelulares as unidades estruturais mais sen-
Há também uma hipótese que fala que os síveis à irradiação laser devem ser as estrutu-
componentes celulares podem ser ras membranosas da célula, primariamente o
reorientados por polarização linear do laser, e retículo endoplasmático e as membranas, que
como resultado seu metabolismo chega a ser constituem uma parte considerável do
ativado [40]. citoplasma e as membranas das organelas, que
Finalmente a teoria fotoquímica é a mais formam os limites de fase intracelular.
estudada e oferece uma explicação para a sen- Em outro trabalho, o citocromo a-a3 ou
sibilidade das células à luz laser, dizendo que a citocromo-oxidase é considerado como o
energia eletromagnética estimula fotorreceptor primário para o intervalo
fotoreceptores ou cromóforos os quais só vão espectral infravermelho próximo entre os l de
responder a uma faixa de luz específica, reali- 700 e 900 nm. Karu também acredita que este
zando assim, a conversão de energia citocromo é o candidato para fotorreceptor
fotoquímica. Estes cromóforos são um grupo primário nas regiões infravermelhas próxima
de moléculas inter-relacionadas que podem ser e visível do espectro. Mas esta função não pode
enzimas, membranas moleculares ou qualquer ser realizada quando o citocromo encontra-se
outra substância extracelular, que estão capa- totalmente oxidado ou totalmente reduzido,
citados para absorver a luz e apresentam algu- mas somente quando ele adquire uma forma
mas etapas comuns na realização de efeitos intermediária [20,29,45].
causados pelas diferentes faixas de luz [20,24]. Concordando com Labbe [19] que acredita
Também os cromóforos têm sido definidos que tanto os citocromos do sistema de
como componentes dos pigmentos da cadeia fosforilação como os citocromos a-a3 e o com-
respiratória, de diferentes tamanhos e formas, plexo de Cooper, ou citocromo-oxidase, que
os quais vão atuar ou ressonar com uma formam um componente funcional do siste-
estimulação específica ou energia de radiação. ma de transporte de elétrons terminais, pode-
Eles podem transferir a estimulação funcio- riam constituir uma série de cromóforos que
nalmente para os diferentes processos e com- absorvem luz no amplo intervalo espectral
ponentes da célula envolvida na cadeia respi- onde tem se reportado que a bioestimulação
ratória mitocondrial. Dependendo de seu com- acontece.
primento de onda, a radiação eletromagnéti- Karu [20,45] também refere que as molécu-
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 4 - Julho / Agosto 2001 231

las fotorreceptoras primárias poderiam ser fer- eucariotas e na membrana citoplasmática na E.


ro de baixa rotação, componentes derivados de coli. A partir deste momento, devem diferenci-
porfirinas da cadeia respiratória, tendo uma ar-se dois tipos de reações. A primeira são as
absorção perto de 950 e 1300 nm ou também reações induzidas pela luz que envolvem as
algumas outras moléculas que tem absorção moléculas fotorreceptoras, e a segunda são as
nesta região espectral. Demostra também como consequentes reações bioquímicas e/ou
as oxidases terminais e as flavoproteínas, como biofísicas, tais como transdução da fotossinal e
fotossensibilizadores endógenos, absorvem amplificação ao núcleo por uma cascata de rea-
quanta de luz na região espectral do violeta ao ções no citoplasma e na membrana celular, as
azul, sendo estes responsáveis pela geração de quais acontecem minutos ou horas após a irra-
oxigênio molecular [20,48]. diação. No primeiro caso, estes mecanismos não
A cadeia respiratória é, portanto, um recep- são conhecidos mas se propõem quatro possí-
tor da luz visível monocromática de baixa in- veis reações geradas pelos fotoreceptores em
tensidade. Isto explica satisfatoriamente a resposta à luz: mudanças no estado redox e ace-
dependência da dose e do comprimento de leração na transferência de elétrons; alterações
onda no efeito estimulativo de tal radiação [9]. na atividade bioquímica e estrutural pelo aque-
A hemoglobina, presente nas células cimento transitório dos cromóforos; aumento da
sangüíneas vermelhas, pode também atuar produção de superóxido e, finalmente, a gera-
como um cromóforo, tomando parte na absor- ção de oxigênio molecular. Também é
ção de fotoirradiações de comprimentos de hipotetizada como reação intermediária entre
onda entre 600 a 700 nm, porque ela amplifica as duas etapas, a possível existência de uma
os efeitos da irradiação laser sobre as cultu- cadeia de transdução de fótons para uma res-
ras de linfócitos. Uma possível justificativa posta celular, na qual é feita a absorção da luz
para tal afirmação é que se o metabolismo pela mitocôndria, podendo gerar os eventos da
oxidativo das células é melhorado pela forma- segunda etapa no núcleo, tais como, mudanças
ção de radicais livres, na interação do laser de na taxa de síntese de DNA e RNA para aumen-
baixa intensidade de 660 nm com a tar a proliferação celular [9,20,45,50].
hemoglobina, que serve como um cromóforo, Pode-se sugerir que a intensidade de fluxo
ativaria o organismo intacto a responder com dos íons através da membrana celular depen-
mecanismos de defesa para eliminar os de da intensidade do sinal recebido do
metabólitos oxidativos danificados. Um com- fotorreceptor, o qual por sua vez depende das
ponente deste mecanismo antioxidante reações primárias acontecendo nos
multinível é a enzima SOD [superóxido- fotorreceptores durante a irradiação com luz
dismutase], a qual elimina os superóxidos em sob diferentes comprimentos de onda. Esta é
excesso. Isto ficou demostrado quando foi feita uma reação em cadeia, que acontece nas dife-
a irradiação do sangue total a 660 nm a uma rentes etapas de transporte do fotossinal. A
fluência de 5,0 J.cm-2, aumentando a ativida- irradiação com luz monocromática visível e
de da SOD na amostra irradiada, indicando infravermelha próxima leva ao melhoramen-
que ela tem um papel nos efeitos to da adesão celular, a qual depende das con-
bioestimulatórios da irradiação laser neste dições da irradiação, tais como dose ou com-
comprimento de onda [49]. primento de onda, também como do tempo
Como os efeitos de biomodulação têm um passado após a irradiação [50].
amplo intervalo espectral, assume-se que de- A fotossensitividade das células não é um
vem ser diferentes cromóforos os alvos fenômeno do tipo “tudo ou nada”, e as células
fotorreceptores, e isto poderia depender de podem responder aos estímulos da luz em vá-
cada orgão, ou da concentração e localização rios graus. A magnitude da fotorresposta de-
dos fotorreceptores, o que, por sua vez, vai pende do estado fisiológico prévio à irradiação,
diferir entre células normais e patológicas [34]. o qual é condicionado no caso de cultura celu-
Uma vez absorvida a luz, acredita-se que os lar, por exemplo, pela quantidade de nutrien-
eventos primários fotoquímicos e fotofísicos tes disponíveis e a idade da cultura, a baixa
acontecem na mitocôndria, no caso das células concentração de oxigênio e pH, ou seja, há uma
232 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 4 - Julho / Agosto 2001

ainda dias depois do final


da irradiação, e, usualmen-
te envolvem nova
biossíntese. Entre as repos-
tas a curto prazo está a
fotoestimulação da taxa
respiratória e a síntese de
ATP [20].
Em um dos experimen-
tos de Karu [9], a irradiação
causou uma ativação consi-
derável dos componentes
da cadeia respiratória
NADH e citocromo C-
oxidase. A atividade da
superóxido-dismutase
citosólica permaneceu pra-
ticamente no nível contro-
le e a atividade da fosfatase-
Fig. 1: Esboço esquemático sobre a teoría fotoquímica
ácida diminuiu. Este estu-
de ação do laser de baixa intensidade. do mostra que a
estimulação do crescimen-
forte dependência do efeito da irradiação so- to está acompanhada pelo aumento da ativi-
bre o estado redox celular no momento da irra- dade respiratória celular.
diação. Assim, a resposta celular será fraca ou No transporte de elétrons mitocondriais,
ausente quando o potencial redox é ótimo, e vão ser produzidos o radical livre como
forte quando está alterado [9,20,45]. De tal ma- superóxido O·2 e H2O2 e sua taxa de produção
neira que esta experiência clínica e experimen- depende primariamente do estado metabóli-
tal mostrou que o laser tem seus maiores efei- co da mitocôndria. Pela ativação do fluxo de
tos sobre orgãos e tecidos afetados por uma elétrons na cadeia respiratória das células ir-
condição deteriorada, tais como quando o pa- radiadas com laser, pode-se esperar um au-
ciente sofre algum tipo de desordem funcional mento na produção de oxigênio. A mitocôndria
ou lesão tecidual [8]. Finalmente uma altera- possui um mecanismo para a reabsorção de
ção do estado redox para oxidação está oxigênio e este pode ser uma fonte de elétrons
correlacionada com estimulação, enquanto a para a fosforilização oxidativa de ADP sob con-
redução relaciona-se com inibição [9,20,45]. dições fisiológicas [45].
Há uma proposta que as mudanças nas pro-
Tipos de efeitos produzidos pelo laser priedades químicas e físicas das membranas
de baixa intensidade mitocondriais externas induzidas pelo laser,
O laser de baixa intensidade gera efeitos resultam em fusão preferencial de membra-
fotoquímicos, fotofísicos e fotobiológicos, afe- nas mitocôndriais que estão localizadas uma
tando não só a área de aplicação como tam- ao lado das outras, constituindo assim, uma
bém as regiões circundantes [8]. mitocôndria gigante. A mitocôndria gigante é
Os efeitos fotobiológicos podem convenci- uma estrutura capaz de proporcionar altos
onalmente ser divididos em curto prazo ou níveis de respiração e energia de reposição,
direto e longo prazo ou respostas indiretas à ao passo que numa mitocôndria pequena a
radiação [20]. transferência de energia acumulada e a dife-
As respostas a curto prazo são aquelas em rença nos potenciais eletroquímicos dos
que o efeito pode ser observado uns poucos prótons são ineficientes. Uma mitocôndria
segundos ou minutos depois da irradiação. Os gigante é capaz de transferir energia ao longo
efeitos a longo prazo são observados horas ou das membranas mitocondriais, conectando
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 4 - Julho / Agosto 2001 233

regiões remotas a nível externo dos gradien- teve um efeito proliferativo sobre culturas de
tes dos componentes de energia produzida e fibroblastos, apresentando uma perfeita rela-
de energia consumida. Portanto, a formação ção entre o aumento do número de
de mitocôndrias gigantes nos linfócitos pelo fibroblastos e a atividade de DNA [18].
laser fornece energia para os processos Um significante aumento do índice
necessarios para as reativações do núcleo [51]. mitótico das células normais foi observado
Esta afirmação foi demonstrada pelas análi- depois da aplicação de 4 J.cm-2. Contrariamen-
ses tridimensionais dos linfócitos humanos te, numa fluência de 20 J.cm-2 determinou uma
irradiados com 632,8 nm que revelaram uma ligeira diminuição do índice mitótico para cé-
diminuição aproximada de 4 vezes no núme- lulas normais. Portanto a um baixo nível de
ro total de mitocôndrias e presença de algu- irradiação promove um efeito estimulante,
mas mitocôndrias gigantes uma hora depois enquanto efeito inibitório aparece induzido
da irradiação. A diminuição no número total por um alto nível de irradiação. Schaffer et al.
de mitocôndrias foi acompanhada por aproxi- observaram efeitos estimulantes ou inibitóri-
madamente 20% de aumento no número de os 6, 18 e 24 horas depois da irradiação. A au-
perfis mitocondriais [51]. sência de influência significante da irradiância
O aumento do ATP foi encontrado ao fazer de 10 a 150 mW.cm-2 sobre as alterações do ín-
irradiação com hélio-neônio, a qual gerou um dice mitótico foram notadas usando irradia-
potencial eletroquímico e causou aumento na ção com luz homogênea. Por outro lado, a sín-
síntese de ATP. A irradiação de mitocôndria de tese de DNA não foi dependente da irradiância
fígado isolado in vitro por laser hélio – neônio aplicada 24 horas depois da irradiação, com-
de baixa potência causou aumento no poten- parada aos controles que não foram irradia-
cial de membrana mitocondrial e gradiente do dos. Isto indica que a irradiação não teve in-
próton gerando aumento do ATP mitocondrial. fluência sobre a taxa de síntese de DNA [29].
Este evento parece estar estritamente Contrariamente, em outro experimento, a
correlacionado com a transferência da cadeia irradiação com laser de baixa intensidade em
de elétrons mitocondriais. Portanto, um po- culturas de fibroblastos estimulou a síntese
tencial extra eletroquímico, gerado através de de DNA e aumentou a proliferação celular uti-
um mecanismo atualmente desconhecido, é lizando como parâmetros de exposição 0.45
finalizado como síntese de ATP. Além disso, J.cm-2 e 812 nm sendo estes efeitos dependen-
aconteceu uma não inibição da cadeia respi- tes da exposição radiante e do tempo de expo-
ratória mitocondrial pela radiação laser [52]. sição, ou seja, certos comprimentos de onda
Entre os efeitos fisiológicos do LLLT a lon- podem estimular a proliferação celular, porém
go prazo estão o aumento da mitose e divisão quando combinados certos parâmetros de ex-
celular. A irradiação de fibroblastos humanos posição. Em altas fluências de energia e
com um laser de hélio - neônio aumentou sig- irradiância diminuiu a proliferação de
nificativamente o número de células em com- fibroblastos e a produção de colágeno. Estas
paração com seus respectivos controles não observações parecem indicar que os efeitos
irradiados. Um possível mecanismo é que a iniciais e a curto prazo da radiação laser de
irradiação causa uma recolocação no metabo- baixa potência não são uma estimulação dire-
lismo celular com a luz tendo o papel de ta da produção de ATP. Segundo Karu, a sínte-
controlador de disparo. Mudanças no nível de se de DNA e RNA é aumentada ao máximo
AMPc sugerem que os quanta de luz podem nos comprimentos de onda de 400, 630, 680,
atuar como um estímulo proliferativo porque 760 e 820 nm [53].
o AMPc está programado para estimular um No trabalho de Hallman [54] nota-se que a
evento desconhecido ou eventos que levam à irradiação com laser de baixa energia (0,9 mW)
síntese de DNA numa ampla variedade de cé- alterou a proliferação de culturas de
lulas e possivelmente estes eventos poderiam fibroblastos humanos. A razão mais evidente
gerar um aumento da mitose [9]. é que a irradiação laser de baixa energia não
A irradiação pulsada de 904 nm com uma teve um efeito significante sobre a função ce-
densidade de potência média de 0,003 W.cm-2 lular, mas sim, sobre a proliferação. Este efei-
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to proliferativo do laser tem aplicação nos pro- mula diretamente o metabolismo dos
cessos de cicatrização de tecidos, obtendo as- linfócitos, pois influencia um ou mais dos fa-
sim, bons resultados [5, 55-61]. tores que induzem estimulação.
Outro efeito fisiológico a longo prazo que Moskalik [47] determinou a atividade
deve ser levado em consideração é a fagocítica e as frações de soro sangüíneo em
reversibilidade da hiperpolarização da mem- ratos albinos com melanomas sendo irradia-
brana celular depois da estimulação laser. Esta dos com laser de Neodímio, encontrando au-
hiperpolarização poderia depender de um fe- mento no número de fagócitos e no índice
chamento seletivo dos canais de sódio, relaci- fagocítico 24 horas depois da irradiação.
onados com a ativação da lipoproteína de No trabalho de Honmura [64], num modelo
membrana. O efeito é determinado pelo tem- experimental de inflamação provocada, usan-
po, intensidade e freqüência dos impulsos da do laser Ga-Al-As (780 nm) a 10 mW e densi-
irradiação. Isto é conseguido pela inibição do dade de potência 31,8 W.cm-2, a irradiação rea-
movimento celular pelo laser porque este ata- lizada imediatamente antes ou logo após a
ca a área do centrossoma celular que deter- inflamação não foi diferente do efeito da irra-
mina modificações da morfologia celular. De- diação laser usada 3 horas depois. Isto indica
pois de alguns minutos de irradiação e no pe- que a irradiação feita imediatamente antes e
ríodo pós-irradiação, a motilidade celular che- depois da lesão foi efetiva em diminuir o vo-
ga a ser incoordenada e perde a capacidade lume de exsudato influenciando a
para ela mesma dirigir-se para o fator permeabilidade vascular. Nos grupos tratados
quimiotático, o que gera desorganização de para diminuir o edema não foram observadas
microtúbulos. Depois de uns poucos minutos mudanças significativas e a irradiação laser
os microtúbulos se organizam, mas os foi considerada não efetiva. A efetividade do
centríolos aparecem danificados. A irregula- laser também não melhorou pelo aumento da
ridade da motilidade está correlacionada ao freqüência do tratamento.
dano dos centríolos. O sistema de membrana Portanto, Honmura [64] considera que o
NADPH permanece intacto, o que explica os efeito inibitório do laser sobre a inflamação
dados normais de produção e liberação de ra- pode envolver os seguintes processos no seu
dicais livres. Em resumo, os efeitos biológi- mecanismo inibitório: a) Uma possibilidade é
cos induzidos pelo laser estão correlacionados que o laser possa inibir a emergência de fato-
a uma ação sobre a polarização da membrana res quimiotáticos nas primeiras etapas da le-
e a um efeito sobre o centrossoma [39]. são. b) Outra possibilidade é que laser de bai-
Também tem sido referido que o laser de xa potência possa interferir com os efeitos dos
baixa intensidade tem um efeito anti- infla- mediadores químicos ou superóxidos induzi-
matório e a evidência clínica e de laboratório dos pela inflamação. Isto sugere que diferen-
pode ser compreensivamente revisada em tes mecanismos possam estar envolvidos nos
vários estudos, embora não se conheça clara- efeitos inibitórios do laser de baixa potência
mente o mecanismo, além disso os resultados sobre a permeabilidade vascular da água e as
são controversos. proteínas do plasma.
Evidências acumuladas também indicam A inflamação crônica está caracterizada por
que a fotoestimulação com laser de baixa in- glicólise aeróbica continuada e por uma mu-
tensidade intermedia os processos de inflama- dança redox, mensurada como a proporção
ção por modular os níveis de várias NAD+/NADH, para um estado reduzido. O PO2
prostaglandinas [62], embora o estudo de Hall do fluido sinovial reumatoide, por exemplo,
não concorde com este mecanismo [44]. diminuí até 0 mm Hg. A hipóxia local é consi-
Goats também chegou à conclusão que o derada uma das primeiras causas de reuma-
laser de baixa potência combinado com tismo. Nestes casos, o feixe laser foi mais efe-
fototerapia infravermelha não modifica a tivo que quando foram tratadas lesões inici-
performance do sistema imune [63]. ais que não tinham muitas alterações no esta-
A impressão obtida por Mester [27] foi que do redox [20].
sob uma condição dada, o feixe laser não esti- Os referidos dados mostram que a irradiação
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laser inibe in vivo e in vitro a quimiotaxia ten- • Aumento no limiar da dor através de um
do assim um efeito antiinflamatório global e fa- complexo mecanismo de bloqueio eletrolítico
cilitando o processo de cicatrização. Tais modi- das fibras nervosas. A permeabilidade da
ficações determinam um aumento da membrana das células nervosas para Na e K é
fibroplasia, útil no tratamento de úlceras de pele diminuída, causando hiperpolarização.
e outras doenças inflamatórias crônicas [39]. • Aumento dos níveis de serotonina na
Solokova e Boiko [47] usaram He-Ne para excreção urinária, um potente inibidor no sis-
irradiar coelhos nos quais a inflamação tinha tema nervoso central.
sido produzida pela injeção subcutânea de • Diminuição da liberação de substâncias
turpentina. Os autores observaram piora do algogênicas tais como bradicinina, histamina
processo inflamatório e reatividade imunitária e acetilcolina.
reduzida dos animais irradiados. • Aumento na produção de ATP, o qual pode
Os efeitos antiinflamatórios do laser têm resultar no relaxamento muscular.
sido avaliados clinicamente em lesões infla- • Aumento da microcirculação local resol-
matórias músculo-esqueléticas e na síndrome vendo a isquemia dos tecidos e facilitando a
miofascial, encontrando divergências nos re- remoção de substâncias algogênicas da área
sultados. Alguns trabalhos mostraram alívio local.
da dor de forma duradoura [65-69,38, 30,70,71]. • Aumento do fluxo linfático, diminuindo o
Diferentemente do que ocorre com outros tra- edema [30,31].
balhos que afirmam não encontrar diferenças Outros autores também têm proposto como
significativas entre os grupos de tratamento possíveis explicações uma interferência na
e controle [47,72-78]. mensagem elétrica da dor [1,2], ou pelo au-
Situação semelhante se apresenta na área mento da latência sensorial [84].
de reumatologia, onde ultimamente se encon- Os estudos clínicos utilizados para avaliar
tra no auge o tratamento de diferentes enfer- os efeitos do laser sobre a dor têm abordado
midades com o laser, levando recentemente a estas possíveis explicações para suportar os
um aumento no número de estudos nestes resultados favoráveis encontrados
pacientes. Os resultados são contraditórios, [85,66,15,67,83,86,68,70].
porque alguns deles concluem que a irradia- O efeito de um feixe laser não está limita-
ção é segura mas não efetiva no tratamento do só ao lugar de difusão óptica. Por meio dos
destas doenças [25,60], diferente de outros que mediadores metabólicos, o efeito pode chegar
afirmam bons resultados relacionados direta- a áreas mais distantes do corpo gerando efei-
mente com a etapa da enfermidade e a pro- tos a nível sistêmico, mas poucos estudos os
porção das lesões [14,80, 81]. tem controlado. Uma possível explicação para
Estudos sobre o efeito do laser de baixa in- este efeito é o fato do tecido submetido ao laser
tensidade nos processos inflamatórios estão produzir substâncias que após a irradiação vão
ainda numa etapa inicial, havendo necessida- circular nos vasos sangüíneos e no sistema lin-
de de mais estudos experimentais e clínicos fático [8,11].
bem controlados para confirmar se as ações De acordo com Braverman, os fatores
são pró ou antiinflamatórias [64]. teciduais liberados na circulação podem ter
Um importante efeito do laser de baixa in- um efeito sobre o lado oposto não irradiado
tensidade é o analgésico. Ele atua sobre dife- de uma ferida, o que pode explicar o porquê
rentes sítios com um número amplo de meca- de alguns estudos terem falhado mostrando
nismos, que do ponto de vista científico não efeitos não significantes comparativamente
estão claramente definidos. Algumas das ex- com o lado submetido a laser no lado oposto
plicações dos efeitos mediados pelo LLLT são: de um mesmo animal [43].
• Aumento dos níveis de β-endorfina no flui- Em vários estudos, o laser tem sido avalia-
do espinal [82,83]. do considerando seus efeitos sobre a ativida-
• Aumento da excreção urinária de de da doença como foi medido por vários ín-
glicocorticóides que é um inibidor da síntese dices laboratoriais. Palmgren [44] mostrou que
de β-endorfina. a velocidade de hemossedimentação (VHS)
236 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 4 - Julho / Agosto 2001

caiu significativamente no grupo tratado com Oddinets [47] tratou 30 pacientes com
laser depois de 12 tratamentos, mas não fo- poliartrite reumática, mas no decorrer de seu
ram notadas mudanças na hemoglobina. tratamento não foram encontradas mudanças
Um estudo das mudanças dinâmicas nas fra- significativas na morfologia sangüínea ou nas
ções do soro de proteínas de pacientes com in- frações protêicas do soro.
flamação uterina durante a terapia laser, mos- Em pacientes com AR, avaliadas a
trou uma restauração gradual do espectro hemoglobina, a taxa de sedimentação
protêico normal sangüíneo, correspondendo ao eritrocítica, a contagem diferencial de células
desaparecimento das manifestações clínicas da brancas e a proteína C reativa, não houve
doença [47]. mudanças significativas [14]. Não foram en-
A determinação das frações de proteína no contradas diferenças significativas no fator
soro no 14o dia após a irradiação com laser de reumatóide, anticorpos antinucleares, preci-
Neodímio em ratos albinos com melanomas, pitados de polietileno glicol ou as taxas de se-
mostrou mudanças nas porcentagens relati- dimentação de Westergren [32].
vas das frações: uma significativa diminuição
das albuminas e um aumento nas a e g- Análise conclusiva
globulinas [47]. O laser de baixa intensidade é um recurso
Análises de amostras de sangue mostraram terapêutico relativamente novo, mas se encon-
que indicadores de patología sistêmica, tais tra num processo de avaliação de seus reais
como número de plaquetas, VHS e proteína C efeitos, que em situações in vitro está bem
reativa, diminuíram ligeiramente no curso do demonstrada sua efetividade, mas em experi-
experimento no grupo de tratamento ativo. Os mentação animal e clínica ainda dependem de
níveis de hemoglobina permaneceram sem um número maior de estudos, para confirmar
mudança durante o presente estudo. A dose mecanismos de ação e determinar os
utilizada foi de 8,1 J.cm-2 por 240 s, 5 KHz e parâmetros ideais de aplicação. Além disso, se
80% de ciclo de trabalho (duty cycle] [63]. faz necessário uma melhor definição das en-
Parâmetros imunológicos alterados em pa- fermidades realmente sucetíveis de tratamen-
cientes tratados com laser que apresentam to eficaz pelo laser.
artrites reumatóide têm sido referidos tais Apesar de haver vários resultados negati-
como diminuição do nível de IgG por vos em trabalhos realizados, há disparidades
Yakovenko et al. (citado por Cieslar), diminui- importantes detectadas por Tuner e Hode [8]
ção do nível de complexo imune e diminuição que indicam que os parâmetros utilizados não
do fator reumatóide [86]. atingiram valores limiares de estimulação, e
O laser de baixa potência contínuo de Hé- seus autores acabaram tirando conclusões pre-
lio – Neônio gerou efeitos sistêmicos pronun- cipitadas, dificultando inclusive o uso destas
ciados sobre a pele e nos tecidos subjacentes, referências como embasamento para traba-
assim como sobre os nervos periféricos seve- lhos posteriores.
ramente lesados e as regiões corresponden-
tes na medula espinhal. O principal resultado Esta revisão é a parte inicial de um traba-
foi o melhoramento e aceleração da recupera- lho, que daremos continuidade no próximo
ção morfológica e funcional dos tecidos seve- número, onde serão discutidos os mecanismos
ramente lesados. Os efeitos persistiram duran- de atuação do laser de baixa intensidade nos
te bastante tempo depois que a irradiação laser diferentes tecidos corporais.
terminou [87].
Há também estudos que não obtiveram
efeitos sistêmicos, como no trabalho de
Amano [88]. Também não foram encontradas
mudanças nos testes laboratoriais, tais como,
taxa de sedimentação, hemoglobina, conta-
gem de leucócitos e plaquetas por Bliddal [80].
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 4 - Julho / Agosto 2001 237

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