Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
NITERÓI
JUNHO DE 2017
2
NITERÓI, 2017
3
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF
CDD 658.4062
4
Banca Examinadora:
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
Niterói, RJ
2017
5
RESUMO
O presente estudo procurou identificar quais os impactos que as novas tecnologias que
compõem a chamada Indústria 4.0 provocam na estratégia das organizações. Foi proposta
uma metodologia para identificação do alinhamento entre a estratégia da organização e a
tecnologia da informação com base nos modelos de McFarlan, Herdenson e Venkatraman.
Em particular, foi analisada a influência do uso de aplicativo por uma empresa de
treinamentos em informática com base no Balanced Scorecard, análise PEST e SWOT e nos
Fatores Críticos de Sucesso. Como resultado foram identificados diversos impactos
estratégicos, em geral positivos, recomendando-se a adoção do curso via plataforma mobile
pela empresa e confirmando a aplicação da metodologia proposta.
ABSTRACT
The present study sought to identify the impacts that the new technologies that make
up the so-called Industry 4.0 causes in the strategy of the organizations. A methodology was
proposed to identify the alignment between the organization's strategy and information
technology based on the McFarlan, Herdenson and Venkatraman models. In particular, we
analyzed the influence of application use by a computer training company based on the
Balanced Scorecard, PEST and SWOT analysis and the Critical Success Factors. As a result,
several strategic impacts, generally positive, were identified, recommending the adoption of
the mobile platform course by the company and confirming the application of the proposed
methodology.
Key-words: Industry 4.0; Strategic Analysis; Balanced Scorecard; Critical Success Factor;
Strategic Alignment; Advanced Manufacturing;
7
SUMÁRIO
Capítulo 1 Introdução .................................................................................................................. 10
Lista de Figuras
Agradecimentos
Dedico este trabalho a todos que me apoiaram, incentivaram e contribuíram para que
eu chegasse até aqui, de modo especial aos meus familiares, que me deram toda base e
suporte durante a faculdade.
Aos professores que me orientaram e proporcionaram o conhecimento para
desenvolvimento deste trabalho e para minha formação. Aos colegas de trabalho, que
auxiliaram com ideias e materiais de pesquisa. Ao João Paulo, que concedeu a realização do
estudo de caso em sua empresa. E ao Fred, por todas as análises, parceria e compreensão,
principalmente nos momentos mais críticos.
10
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Na era industrial, o sucesso das empresas era determinado pela maneira como se
aproveitavam dos benefícios da economia de escala. Entretanto, com o advento da era da
informação as empresas não conseguem mais obter vantagens competitivas sustentáveis
apenas com a rápida alocação de novas tecnologias e com a gestão financeira eficaz. As
empresas da era da informação estão baseadas em um novo conjunto de premissas
organizacionais (Kaplan & Norton, 1997).
A chamada Quarta Revolução Industrial já é realidade em inúmeras indústrias e seus
reflexos na dinâmica das organizações são inegáveis. De acordo com Brynjolfsson & McAfee
(2014) a economia global está à beira de um surto de crescimento impulsionado por máquinas
inteligentes que finalmente tirarão o máximo proveito dos avanços no processamento de
computadores, inteligência artificial, comunicação em rede e digitalização de praticamente
tudo. O setor produtivo mundial está num processo movido por três forças: o avanço
exponencial da capacidade dos computadores, a imensa quantidade de informação digitalizada
e novas estratégias de inovação. Para Bertulicci (2016), conectando máquinas, sistemas e
ativos, as empresas podem criar redes inteligentes ao longo de toda a cadeia de valor que
podem controlar os módulos da produção de forma autônoma. As fábricas inteligentes têm a
capacidade e autonomia para agendar manutenções, prever falhas nos processos e se adaptar
aos requisitos e mudanças não planejadas na produção. Na Indústria 4.0, todos os processos
de decisão das fábricas serão tomados pelas próprias máquinas, com base em informações
fornecidas de dentro do sistema de manufatura em tempo real (Afonso, 2016).
O termo Indústria 4.0 originou na Alemanha, em 2011, e fazia parte de um projeto de
estratégias do governo alemão voltadas para tecnologia. Nos Estados Unidos o conceito é
conhecido como Smart Manufacturing e no Brasil como Manufatura Avançada. Como
principais características das fábricas inteligentes pode-se citar a aquisição e tratamento de
dados de forma praticamente instantânea, a existência de cópias virtuais permitindo a
rastreabilidade e monitoramento remoto de todos os processos por meio dos inúmeros
11
sensores, a tomada de decisões pode ser feita por sistemas cyber-físicos que também
fornecem informações sobre seu ciclo de trabalho, utilização de arquiteturas de software
orientadas a serviços, e maior flexibilidade, convergindo cada vez mais para uma produção
sob medida.
2015). Uma pesquisa realizada pela McKinsey & Company em 2015 estima um potencial
impacto econômico de até US$ 11,1 trilhões por ano em 2025 para aplicações de IoT.
Em linhas gerais, as tecnologias utilizadas na Indústria 4.0 contribuem de forma
significativa para redução de custos, encurtamento de prazos, aumento da produtividade,
crescimento da capacidade de processamento de informação e transformação de dados,
alocação de recursos mais eficiente e maior integração entre os mundos real e virtual.
De acordo com a Confederação Nacional das Indústrias (2016), dispositivos
localizados em diferentes unidades da empresa, ou mesmo de empresas diferentes, também
trocam informações de forma instantânea sobre compras e estoques, permitindo uma
otimização logística até então impensável, estabelecendo maior integração também entre os
elos de uma cadeia produtiva. O conceito de Indústria 4.0, contudo, vai além da integração
dos processos associados à produção e distribuição, envolvendo, também, todas as diversas
etapas da cadeia de valor: do desenvolvimento de novos produtos, como projeto,
desenvolvimento, testes e até mesmo a simulação das condições de produção, até o pós-
venda.
Outro impacto relevante é a ampliação da economia de rede, com maior cooperação
entre os agentes econômicos e integração dos processos produtivos, fator destacado por Röhm
(2016). Nesse contexto, as empresas precisam reformular suas propostas de valor e forma de
relacionamento com seus stakeholders.
A contribuição de todos os fatores apresentados anteriormente acarretará no aumento
da produtividade nas organizações e a redução dos custos, chegando ao impacto fim que é o
crescimento da lucratividade. Essa cadeia de impactos no uso da TI está resumida na Figura 1.
13
1.3 OBJETIVO
Hipótese:
• A TI impacta no aumento da competitividade da empresa.
1.5 DELIMITAÇÕES
TI - Tecnologia da Informação;
MADP - Plataforma de desenvolvimento de aplicativos móveis;
FCS – Fatores Críticos de Sucesso;
PETI – Planejamento Estratégico em tecnologia da informação;
IoT – Abreviação proveniente do Inglês para Internet das Coisas.
16
De acordo com Rostaing (1996) a bibliometria pode ser entendida como “a aplicação
dos métodos estatísticos ou matemáticos sobre o conjunto de referências bibliográficas”. A
análise bibliométrica é um método flexível para avaliar a tipologia, a quantidade e a qualidade
das fontes de informação citadas em pesquisa, e seu resultado é “estatística de medição dos
índices de produção e disseminação do conhecimento científico” (ARAÚJO, 2006).
Nesse sentido, foi realizada a revisão da literatura com dois propósitos (ALVES-
MAZZOTTI, 2002): a construção de uma contextualização para o problema e a análise das
possibilidades presentes na literatura consultada para a concepção do referencial teórico da
pesquisa.
A discussão acerca do tema engloba as áreas de Estratégia (análises e ferramentas),
Tecnologia da Informação, Gestão e Manufatura Avançada, de modo que é preciso analisar a
convergência dessas diferentes óticas para o entendimento do problema.
O estudo bibliométrico foi realizado nas Bases de Dados SCOPUS, SciELO e Web of
Science, durante os meses de Outubro e Novembro de 2016. Na área de Estratégia, buscaram-
se contribuições sobre Balanced Scorecard, Fator Crítico de Sucesso, Análise PEST e Grid
Estratégico. Sobre o tema Tecnologia da Informação, as buscas visavam relacioná-lo com
modelos de gestão e alinhamento estratégico. Já o tema Manufatura Avançada abrangeu
inteligência artificial, internet das coisas, sistemas ciber-físicos e busca por nomenclatura
semelhante (Indústria 4.0).
Ao estudo bibliométrico, acrescentaram-se as consultas ao Banco de Periódicos da
CAPES, publicações de jornais, revistas e institutos de pesquisa. O Quadro 1 apresenta um
resumo dos documentos utilizados como fonte bibliográfica.
O estudo bibliométrico sobre os temas citados acima foi realizado nas Bases de Dados
SCOPUS, SciELO e Web of Science, com acesso direto em 17 de outubro de 2016 para os
dois primeiros, e acesso pelo Portal de Periódicos CAPES em 16 de novembro de 2016 no
terceiro caso.
As pesquisas englobaram diversos tipos de documentos (artigo, review, paper,
editorial e livros), sem restrição de região, linguagem ou área. Foi considerado todo o período
disponível até a data da busca. Os termos utilizados para o estudo bibliométrico e o número de
registros encontrados em cada Base de Dados são apresentados no Quadro 2, totalizando
5504:
As buscas que apresentaram retorno superior a 200 referências foram filtradas por tipo
de documento (artigo), idioma (Português, Inglês) e áreas temáticas (Engenharias,
Tecnologia, Administração, Economia). Após análise dos títulos e resumos, selecionaram-se
os documentos relevantes para o estudo, resultando no Quadro 3.
Foi realizada uma análise dos autores mais citados nos artigos e buscas no Google com
a temática da Indústria 4.0 e suas tecnologias. Como resultado, pesquisas de mercado
realizadas por grandes empresas, análises de especialistas, publicações de revistas e outros
artigos foram incluídos ao conjunto de documentos para embasamento do estudo. O Quadro 4
consolida a bibliografia selecionada.
Manuela Waldner,
Jan Justus, Pascal
Engel, and Michael
Harnisch
O que é a Indústria 4.0 e como ela vai Cristiano Bertulucci 2016 Publicação Citisystems
Impactar o Mundo Silveira
Unlocking the potential of the Internet James Manyika, 2015 Pesquisa McKinsey &
of Things Jonathan Woetzel, Company
Richard Dobbs,
Michael Chui, Peter
Bisson, Jacques
Bughin and Dan
Aharon
Entrevista: Brasil pode criar a Indústria Ismália Afonso 2016 Publicação Agência de
4.0 verde e amarela Notícias CNI
A era das fábricas inteligentes está Melina Costa, 2014 Publicação Exame – Abril
começando Fabiane Stefano
The Second Machine Age Erik Brynjolfsson & 2014 Livro W. W. Norton &
Andrew McAfee Company
Alemanha aposta em fábricas Christopher Alessi & 2014 Publicação The Wall Street
inteligentes Chase Gummer Journal
The End of Competitive Advantage: Rita Gunther 2013 Livro Harvard Business
How to Keep Your Strategy Moving as McGrath Review
Fast as Your Business
Modelos de Gestão de Tecnologia da FC 2014 Artigo Universidade
Informação ALMEIDA; GOMES, Federal
C. F. S. . Fluminense
Alinhamento estratégico entre os Angela F. Brodbeck 2003 Artigo Universidade
planos de negócio e de tecnologia de & Norberto Hoppen Federal do Rio
informação: um modelo operacional Grande do Sul
para implementação
A Internet das Coisas na Industria: Mark Purdy & Ladan 2016 Pesquisa Accenture
inovação para crescer, progredir e Davarzani Institute for High
prosperar Performance
Novas tecnologias e desempenho Ely Laureano Paiva, 2014 Artigo Fundação
operacional: um estudo internacional Andrew Beheregarai Getúlio Vargas
22
Há um acréscimo considerável nos últimos três anos. Isso se deve ao fato da temática
“Indústria 4.0” ser encontrada apenas após o ano de 2007, com maior concentração de
publicações nos últimos anos (quatro documentos em 2014 e 2016 e cinco documentos em
2015).
25
33%
Produção anterior a
2006
Produção posteror a
2006
67%
Nº
Fonte Documentos
Accenture Institute for High Performance 3
ENEGEP 2
Fundação Getúlio Vargas 3
Harvard Business Review 5
McKinsey & Company 2
Revista Espacios 2
Quadro 5 – Divisão de documentos por fonte
Ao longo do tempo, a TI deixou de ser vista apenas como ferramenta de suporte para
as operações e passou a ser vista como importante fator de estratégia competitiva. De acordo
com Gunasekaran e Ngai (2004), um dos fatores determinantes para a competitividade em
nível mundial é como integrar suas estratégias de negócios, de produção e a estrutura de
26
Brynjolfsson & Hitt (1998) relataram em sua pesquisa que, aparentemente, os maiores
benefícios obtidos na utilização de computadores acontecem quando os investimentos em TI
estão associados a outros investimentos complementares, como novas estratégias, novos
processos de negócios e nova estrutura organizacional. Graeml (2003) salienta que a adoção
de estratégias de TI implica a revisão dos processos, que frequentemente devem ser
redesenhados e melhorados para que não ocorra o que se chama de “automatização do caos”.
O investimento em TI deve ser precedido pelas mudanças organizacionais que ela estimula e
de que precisa.
Segundo PADOVEZE (2007) O Balanced Scorecard (BSC) é um sistema de
informação para gerenciamento da estratégia empresarial. Traduz a missão e a estratégia da
empresa em um conjunto abrangente de medidas de desempenho financeiras e não
financeiras, que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica.
As quatro perspectivas do BSC equilibram objetivos de curto e longo prazo, medidas
concretas e subjetivas, resultados desejados e desempenho obtido. A primeira perspectiva
indica se estratégia desenvolvida e sua execução estão contribuindo para a melhoria dos
resultados financeiros, comumente associados à lucratividade, aumentos das vendas e geração
de fluxo de caixa. Na perspectiva do cliente identificam-se os segmentos e mercados nos
quais a empresa competirá, o cumprimento das propostas de valor feitas aos clientes e os
fatores críticos para fidelização. Na perspectiva seguinte os executivos identificam os
processos internos críticos nos quais a empresa deve alcançar excelência, impactando na
satisfação dos clientes e, em consequência, no retorno financeiro. A perspectiva de
aprendizado e crescimento identifica a estrutura (pessoas, sistemas, procedimentos) que a
empresa deve possuir para gerar melhoria e crescimento em longo prazo. As perspectivas
estão ligadas de forma que qualquer medida deva fazer parte de uma cadeia de causa e feito
que culmine na melhoria de desempenho financeiro (Norton & Kaplan, 1997).
Perspectiva financeira: Para empresas em fase de crescimento com objetivo de
desenvolver novos produtos uma medida comum é a margem de receita gerada pelo novo
produto durante um período de tempo. Deve-se comparar com os produtos antigos e
considerando os custos de implantação, verificar a viabilidade do mesmo.
Segundo Oliveira et al. (2006) Na metodologia do BSC, a perspectiva Financeira
também possibilita identificar se o desempenho dos ativos intangíveis da organização e as
32
outras áreas de desempenho não financeiro, como, por exemplo, a satisfação dos clientes, a
inovação de produtos e a retenção de talentos estão contribuindo para a geração de valor, em
função da estratégia escolhida pela organização.
Perspectiva de clientes: Para verificar a lucratividade de novos produtos deve-se
avaliar os percentuais de novos clientes gerados, os segmentos e participações de mercado e
regiões geográficas alcançadas. Especial atenção deve ser dada ao atendimento das propostas
de valor.
Perspectiva dos processos internos: Norton e Kaplan recomendam que os executivos
definam uma cadeia de valor completa dos processos internos, tendo início com o processo de
inovação – desenvolvimento de novas soluções para necessidades atuais e futuras dos clientes.
As medidas principais estão relacionadas às expectativas dos clientes e acionistas,
ressaltando-se as medidas que englobam tempo, qualidade e custo.
Perspectiva de aprendizado e crescimento: Três principais categorias são capacidade
dos funcionários, capacidade dos sistemas de informação e motivação, empowerment e
alinhamento. Nessa perspectiva ressalta-se a importância da utilização de tecnologias
estratégicas, contribuindo para o acesso à informação pelos funcionários, para os canais de
comunicação e para a redução de custos no processo produtivo.
Nas últimas décadas a SWOT tem sido utilizada como ferramenta para análise da
empresa com vista à tomada de decisões estratégicas. Ela fornece a base para a realização do
alinhamento desejado de variáveis organizacionais ou questões.
A análise se baseia em uma matriz constituída de quatro quadrantes (S–strengths, W–
weaknesses, T–threats e O–opportunities). Ao listar as questões favoráveis e desfavoráveis
internas e externas, os planejadores podem entender melhor como as forças podem ser
influenciadas para perceber novas oportunidades e compreender como a fraqueza pode
retardar o progresso ou ampliar as ameaças organizacionais (HELMS, NIXON; 2010).
Segundo WEIHRICH (1982), no quadrante de Forças deve se estabelecer os pontos
fortes da organização considerando os clientes externos e internos. Para determinar os pontos
fortes, devem ser identificadas as vantagens que dão destaque à organização, além dos
motivos que a elegem como escolha dos clientes em detrimento aos concorrentes. Engloba
desde a capacidade instalada, marcas de produtos, participação do mercado, vantagens em
custos, localização, qualidade dos produtos fornecidos, equipe de funcionários, até a forma
como as atividades são executadas e que geram valor único para o cliente (SOUZA, SILVA &
OLIVEIRA, 2013).
As fraquezas correspondem aos pontos mais vulneráveis da empresa em comparação
aos mesmos pontos dos seus concorrentes atuais ou em potencial. Podem ser consideradas
questões como qualidade, custo e flexibilidade.
Oportunidades estão relacionadas com externalidades positivas que podem contribuir
para o crescimento da organização. É preciso estar atento às novas perspectivas e tendências
para se aproveitar delas.
As ameaças são compostas por desafios que estão fora do controle da organização e
apresentam ameaças à sobrevivência da empresa. Pode ser por meio de uma nova
regulamentação, introdução de novas tecnologias, mudanças nos padrões de consumo,
redução no poder de compra dos consumidores, dentre outros fatores. (WEIHRICH, 1982).
34
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
O caso estudado tem como base os dados e informações coletados da própria empresa,
através de questionários e de entrevistas estruturadas com funcionários (professores) e com os
donos.
As informações coletadas se referem à demanda de mercado, posicionamento
estratégico da empresa e utilização da tecnologia da informação no negócio.
38
Perspectiva Métricas
Financeira - Retorno sobre o capital investido
- Fluxo de caixa
- Receita bruta
- Receita por funcionário
- Vendas por segmento
Cliente - Satisfação do cliente
- Retenção de clientes
- Participação no mercado
- Captação de clientes
Processos Internos - Qualidade
- Tempo de resposta
- Experiência no serviço
- Falhas na prestação do serviço
- Desenvolvimento de novos produtos
Aprendizado e Crescimento - Satisfação dos funcionários
- Disponibilidade de informações estratégicas
- Produtividade dos funcionários
- Desenvolvimento de habilidades estratégicas
De acordo com a ordem de leitura do mapa estratégico, a análise será feita de baixo
para cima. Desse modo, pretende-se clarificar a relação e o impacto de cada perspectiva com
44
FRAQUEZAS
• Domínio e gestão de uma plataforma desconhecida (necessidade de conhecimento
técnico);
• Grande dependência de fornecedores (equipes de TI);
• Professores não capacitados para aulas gravadas;
• Necessidade de muito espaço no celular dos clientes para armazenamento das aulas
ou operação do aplicativo;
• Filtro de clientes – dificuldade de acesso para pessoas menos familiarizadas com
celular, geralmente de mais idade;
Quadro 9 – Análise SWOT (Fraquezas)
Fonte: Autor, 2017
OPORTUNIDADES
• Atualização de outros programas que facilitem o uso de Excel no celular;
• Aumento da conectividade da sociedade com aparelhos (crescimento do mundo
digital);
• Surgimento de novas tecnologias que melhorem o acesso à internet e o desempenho
dos celulares;
• População “com a sensação” que está cada vez está mais sem tempo;
• Mercados cada vez mais flexíveis, centrados na necessidade do cliente;
Quadro 10 – Análise SWOT (Oportunidades)
Fonte: Autor, 2017
AMEAÇAS
• Cursos migrando para plataformas digitais;
• Segmento mais competitivo;
• Integração vertical de outros setores gerando novos entrantes;
Quadro 11 – Análise SWOT (Ameaças)
Fonte: Autor, 2017
Alguns fatores macro ambientais têm impacto direto na estratégia das empresas. Por
meio da Análise PEST foi avaliado qualitativamente o impacto da relação entre a adoção do
aplicativo e cada um dos quatro cenários – Político, Econômico, Social e Tecnológico.
Fatores políticos:
- Políticas públicas para inserção de tecnologias digitais nas salas de aula:
48
Estudos vêm sendo realizados sobre a adoção de meios digitais (inclusive uso de
celular) no processo educativo. Caso políticas públicas adotem a utilização dessas tecnologias
em larga escala nas salas de aula, empresas que já tiverem desenvolvido cursos para
plataforma mobile terão grande vantagem competitiva.
- Mudança na regulamentação de serviços de cursos online:
Mudanças na regulamentação podem ter impacto na concorrência, de forma a facilitar
novos entrantes ou forçar a retirada dos que não se adequam, nos custos e na operação da
empresa, ao estabelecer novos procedimentos e encargos.
- Melhoria da infraestrutura de telecomunicações, ampliando o acesso a internet:
Poderes público e privado estão investindo na infraestrutura de telecomunicações,
ampliando o acesso à internet, o que contribui para utilização de serviços digitalmente.
- Mudança na regulamentação técnica para desenvolvimento e patenteamento de
aplicativos:
O comércio por aplicativos no Brasil ainda é uma realidade recente. Com o grande
crescimento do setor, a tendência é que regulamentações sejam criadas, o que pode dificultar
o processo de desenvolvimento e disponibilização de produtos/serviços por aplicativos.
- Alteração nas leis trabalhistas:
O vínculo empregatício para confecção de um curso online pode diferir de um curso
presencial, sendo uma contratação mais esporádica. A mudança na regulamentação trabalhista
pode ser facilitadora ou acarretar novos custos, ou até mesmo inviabilizar o modelo de
prestação de serviço.
Fatores Econômicos:
- Aumento do índice de desemprego;
Desempregadas, as pessoas tendem a buscar capacitação profissional, geralmente
online, de forma que consigam conciliar com a busca por emprego.
- Recessão econômica;
Em épocas de crise, as empresas precisam se diferenciar, buscar novos
produtos/serviços para contrapor a redução de demanda gerada pelo cenário econômico.
- Mudança na política fiscal;
O aumento dos impostos no setor implica em aumento de custos e, consequentemente,
redução da margem na plataforma mobile.
49
- Disponibilidade de financiamento;
A utilização das novas tecnologias tem apresentando grande perspectiva de retorno, o
que facilita a disponibilização de capital por terceiros (instituições financeiras, investidores
privados, aceleradoras).
Fatores sociais:
- Crescimento do número de usuários de smartphone:
O número de usuários de smartphone está relacionado com a demanda de serviços via
digital.
- Migração de empresas para o e-Commerce;
Os hábitos de compra mudaram. As pessoas preferem comprar produtos ou usufruir de
serviços de forma digital, sem a necessidade de ir fisicamente a um local.
- Perfil dos usuários de aplicativos:
Segundo Meirelles (2016) a faixa etária jovem é maior usuária de smartphones. De
acordo com pesquisa da Nielsen (2015), as classes B e C totalizam 85% dos usuários de
internet por meio de smartphone, sendo a região Sudeste o maior mercado de smartphones
conectados.
- Alta influência do canal online na tomada de decisão do cliente:
Impulsiona as empresas a migrarem totalmente ou criarem vertentes de suas operações
online, e o crescimento do setor aumenta a taxa de atratividade de outras empresas.
Fatores Tecnológicos:
- Aumento da infraestrutura tecnológica e de comunicação:
Permite à população ter uma experiência mais confortável com acesso mais rápido a
internet, favorecendo a utilização de dispositivos móveis.
- Tecnologias com pequeno ciclo de vida:
A evolução tecnológica cada vez mais rápida pode tornar a tecnologia adotada
obsoleta em pouco tempo, exigindo maiores investimentos.
- Redistribuição de plataformas:
O armazenamento, a integração e a velocidade de informações estão cada vez maiores
com as novas plataformas, o que soluciona problemas como a falta de espaço e agilidade na
utilização de cursos via dispositivos móveis. Por outro lado, com a crescente velocidade de
50
desenvolvimento tecnológico, podem surgir, em pouco tempo, novas plataformas que tornem
o modelo de aplicativos (ou suas configurações) obsoleto e forcem a migração dos usuários.
CAPÍTULO 5 CONCLUSÃO
O objetivo deste estudo era a elaboração de uma metodologia para avaliar o impacto
das novas tecnologias na estratégia das empresas e, de modo mais específico, identificar o
impacto estratégico e o ganho de competitividade gerado pela adoção de um curso via
aplicativo para uma empresa de treinamento em informática.
A metodologia adotada iniciou pela análise do alinhamento já existente entre a TI e a
estratégia na empresa, tendo como base metodologias propostas anteriormente por outros
autores. Em seguida, foram utilizadas diversas ferramentas de análise e gestão estratégica
permitindo uma abrangente avaliação do impacto estratégico que a utilização da tecnologia
traria, tanto por fatores internos como externos a organização.
Por meio desta metodologia proposta também foi possível confirmar a hipótese de que
as novas tecnologias da chamada Indústria 4.0 podem aumentar a competitividade das
empresas, gerando crescimento e ganho financeiro. Ademais, observou-se como esse impacto
estratégico ocorre, os fatores que influenciam e são influenciados pelo uso da tecnologia e
quais resultados ele pode trazer.
Percebe-se que o uso de tecnologia não só automatiza os processos, como cria novos
tipos de inter-relações entre as áreas da empresa e um novo modo de se produzir. A estrutura
organizacional é transformada de modo a reduzir tempo, custo, desperdícios e produzir de
forma mais eficaz, flexível e inovadora.
Diante disso, é crescente a pressão do mercado para adoção das novas tecnologias.
Cabe a cada gestor avaliar qual direcionamento estratégico trará maior ganho de
competitividade e identificar quais tecnologias darão base para essa estratégia, dados os
recursos disponíveis para investimento.
No caso estudado, como resultado da análise identificou-se que não só o oferecimento
do serviço via tecnologia mobile (aplicativo) traz grandes benefícios do ponto de vista
estratégico, como pode vir a ser um fator essencial para manutenção da empresa no futuro,
dada as evoluções tecnológicas e culturais que vêm transformando os hábitos de compra e
modelos de negócios.
Recomenda-se a realização de novos estudos acerca do tema, aprofundando na
viabilidade financeira da aplicação tecnológica, quais seriam os impactos nas pessoas e como
trabalhar a gestão da mudança, bem como a extrapolação da metodologia para a manufatura.
52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AFFELDT, FABRICIO; VANTI, ADOLFO A.. Alinhamento estratégico de tecnologia da
informação: análise de modelos e propostas para pesquisas futuras. JISTEM - Journal of
Information Systems and Technology Management. 2009.
AFONSO, ISMALIA. Entrevista: Brasil pode criar a Indústria 4.0 verde e amarela. Agência
de Notícias CNI. 2016.
AGUILAR, FRANCIS. Scanning the Business Environment. New York, Macmillan. 1967.
BERTULUCCI, CRISTIANO. O que é a Indústria 4.0 e como ela vai Impactar o Mundo.
Citisystems. 2016.
BOYTON, A. C.; ZMUD, R. W.. An Assessment of Critical Success Factors. The University
of North California. 1984.
53
COSTA, MELINA; STEFANO, FABIANE. A era das fábricas inteligentes está começando.
Exame – Abril. 2014.
COZER, MATEUS T. S.. Interação com clientes na economia digital: um estudo de caso
múltiplo. Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação. 2007.
DAVARZANI, LADAN; PURDY, MARK. A Internet das Coisas na Industria: inovação para
crescer, progredir e prosperar. Accenture Institute for High Performance. 2016.
DAVARZANI, LADAN; PURDY, MARK. The Growth Game-Changer: How the Industrial
Internet of Things can drive progress and prosperity. Accenture Institute for High
Performance. 2015.
ELOLA, LUIS N.; SANCHO, GUILHERMO P.; SODHI, MANBIR; TEJEDOR, ANA
CLARA P.; TEJEDOR, JESUS P.. Creating a holistic excellence model adapted for
technology-based companies. TMStudies. 2014.
FINGER, ANDREW B.; PAIVA, ELY L.; TEIXEIRA, RAFAEL. Novas tecnologias e
desempenho operacional: um estudo internacional comparativo. Fundação Getúlio Vargas.
2014.
GONÇALVES, JOSE ERNESTO L.. Os impactos das novas tecnologias nas empresas
prestadoras de serviços. Fundação Getúlio Vargas. 1994.
GRUNERT, K.G.; ELLEGARD, C. The concept of key success factors: theory and method.
MAPP Working Paper. 1992.
GRUT, OSCAR WILLIAMS. 3 of the world's 10 largest employers are replacing workers
with robots. World Economic Forum. 2016.
HELMS, M. M.; NIXON, J.. Exploring SWOT analysis - where are we now?. Emerald Group
Publishing Limited. 2010.
HOU, CHUNG-KUANG. Using the balanced scorecard in assessing the impact of BI system
usage on organizational performance: An empirical study of Taiwan's semiconductor
industry. 2016.
IMPROTA, RENATO. Qual sua estratégia de mobilidade?. Harward Business Review. 2012.
JIANG, J. J.; KLEIN, G. Project selection criteria by strategic orientation. Information &
Management. 1999.
JOIAL, LUIZ A.; SOUZALL, JOSE G. A.. Articulando modelos de alinhamento estratégico
de tecnologia da informação. Cadernos EBAPE.BR. 2009.
55
MARTIN, C.. Indústria 4.0 já é realidade e promete mudanças radicais a todos os segmentos
industriais. Assoc. Tecnica Brasileira de Celulose e Papel. 2015.
MCFARLAN, F.W. Information Technology Changes the Way You Compete. Harvard
Business Review. 1984.
MCGRATH, R.G.. The End of Competitive Advantage: How to Keep Your Strategy Moving
as Fast as Your Business. Harvard Business Review. 2013.
MENEZES, F. M.; NUNES, F. L.; SCHRÔDER, R.; VIERO, C. F.. Análise da implantação
de um processo automatizado em uma empresa calçadista: Um estudo de caso a luz do
sistema hyundai de produção e a indústria 4.0. Revista Espacios. 2015.
MUNRO, M.C.; WHEELER, B. R.. Planning Critical Success Factors and Management's
Information Requirements. MIS Quarterly. 1982.
NIELSEN IBOPE. 68 Milhões usam a internet pelo smartphone no Brasil. 2015.
NOLAN, R.; MCFARLAN, F.W.. Information Technology and the Board of Directors.
Harvard Business Review. 2005.
56
OLIVEIRA, J.; PADOVEZE, C.; SACOMANO, M.; VIANNA, W.; FARAH, O.. A
Perspectiva Financeira do Balanced Scorecard (BSC) e a Gestão Baseada em Valor (VBM):
Uma aplicação no Planejamento Estratégico. XIII SIMPEP. 2006.
PORTER; MILLAR. How Information Gives You Competitive Advantage. Harvard Business
Review. 1985.
SILVEIRA, CRISTIANO B.. O que é a Indústria 4.0 e como ela vai Impactar o Mundo.
Citisystems. 2016.
SOUZA, DAVID; SILVA, ELICIANE; OLIVEIRA, MARIA C.. Análise de ambiente por
meio da metodologia SWOT: Uma aplicação no setor automobilístico. Revista Espacios.
2013.
VALENTIN, E.K.. SWOT analysis from a resource-based view. Journal of Marketing Theory
and Practice. 2001.
WEIHRICH, H. The TOWS matrix – a tool for situational analysis. Journal of Long Range
Planning . 1982.