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Governo do Estado do Rio de Janeiro - SEDEIS Relatório Técnico - RJ /09/2012

Departamento de Recursos Minerais – DRM-RJ 1

CORRELAÇÃO CHUVAS x ESCORREGAMENTOS


NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NO MÊS DE SETEMBRO DE 2012

Apresentação

O DRM-RJ divulga seu 8º relatório técnico mensal sobre a correlação chuvas x


escorregamentos no Estado do Rio de Janeiro, dando continuidade à sua parceria com o
Sistema de Metereologia do Estado do Rio de Janeiro - SIMERJ. Com as chuvas do mês de
Setembro, registradas no Sistema de Monitoramento do INEA, foi possível aprofundar os
estudos na região serrana e fazer novas avaliações sobre os índices pluviométricos críticos
propostos pelo DRM como limiares para a deflagração dos escorregamentos.

1. Introdução

Em Setembro, a precipitação variou de normal a abaixo da normal climatológica em


praticamente toda a região sudeste, com exceção do noroeste paulista, do Triângulo Mineiro
e da região metropolitana e serrana do Rio de Janeiro, onde a precipitação variou de normal
à acima da normal climatológica, atingindo 228,75mm na Estação Comari, em Teresópolis, e
298,25mm na Estação Independência, em Petrópolis.

Três frentes frias atuaram na região. A primeira passou rapidamente pelo litoral no dia 11,
sem ocasionar chuva e/ou vento significativos. A segunda frente fria também se deslocou
rapidamente pelo litoral entre os dias 20 e 21. As rajadas de vento foram fortes em
praticamente toda a região, chegando a 87 Km/h no Forte de Copacabana (RJ) no dia 20.
Além disso, um forte temporal de 32,4mm/h (Estação Arraial do Cabo – INMET) atingiu a
região dos Lagos no Rio de Janeiro no dia 21, causando alagamentos e queda de árvores. A
terceira frente fria atuou entre os dias 25 e 26 de setembro e foi a responsável pelos
maiores acumulados diários de precipitação nesse mês.

2. Correlação Chuvas x Escorregamentos nos Dias 25 e 26 de Setembro

O evento pluviométrico dos dias 25/26 foi marcado por três pancadas de chuvas, tal como
mostra a tabela 1; a primeira atingiu a região sul - Angra dos Reis - por volta das 16h; a
segunda se deu às 21h em Petrópolis e Teresópolis, e a terceira, por volta das 03h,
novamente em Teresópolis e Petrópolis.

Tabela 1. Precipitação acumulada nos dia 25 e 26 de Setembro de 2012 (INEA).


Precipitação Acumulada (mm)
Estação Data
1h 24h 96h 1 mês
Angra dos Reis 19,2 40,8 47,0 164,8
Barão do Rio Branco - Petrópolis 25/09 25,5 25,5 47,5 75,25
Comari - Teresópolis 33,0 33,0 64,0 171,0
Independência - Petrópolis 21,5 179,25 179,25 309,25
26/09
Comari - Teresópolis 33,3 33,3 64,0 171,0

Não foram registrados deslizamentos em Angra dos Reis e Teresópolis, mas em Petrópolis
foram registrados dois escorregamentos, um no bairro São Sebastião e um no bairro
Quitandinha. Os escorregamentos ocorreram em corpos de aterro posicionados a jusante de
residências e foram causados pela concentração das águas que desciam pelos telhados das
casas. O primeiro escorregamento mobilizou um volume de 3m3, e o segundo, um volume
de 6m3; ambos obstruíram a via a jusante. A Secretaria de Habitação confirmou que havia
risco remanescente de novos escorregamentos no bairro Quitandinha.
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3. Discussão

Entre a noite do dia 25 e a madrugada do dia 26, o SIMERJ emitiu 04 avisos de chuva
acumulada significativa para uma rede de órgãos públicos, a saber:
(1) às 17h55min, do dia 25, notificou o registro de chuva horária significativa em Angra dos
Reis de 18mm/h, com previsão de 10 a 15mm na hora subsequente;
(2) às 21h13min, do dia 25, notificou o registro de chuvas horárias significativas em
Petrópolis - 25,5mm/h -, e em Teresópolis - 27,8mm/h -, com previsão, respectivamente, de
5 a 10mm e de 15 a 20 mm na hora subsequente;
(3) às 03h25min, do dia 26, notificou o registro de acumulado significativo em Teresópolis,
com 60mm/24h;
(4) às 03h32min, do dia 26, notificou que praticamente todas as estações de Petrópolis
apresentavam acumulados significativos, com destaque para as estações de Morin
(67,2mm/24h) e Centro (62,2mm/24h). De acordo com a previsão, persistiam as condições
de chuva fraca a moderada, ocasionalmente forte nas horas subsequentes para a região.

Durante toda a noite a equipe do NADE/DRM recebeu e analisou estes alertas enviados
pelo SIMERJ e, diante do reconhecimento de que os índices encontravam-se muito
distantes daqueles considerados críticos, manteve-se apenas em estado de atenção. Por
conta disto, foi com muita surpresa que o NADE/DRM recebeu a informação de que o
CEMADEN havia emitido às 05h30min do dia 26, um alerta de risco alto de deslizamentos
para Petrópolis devido aos “acumulados expressivos nas últimas 24 horas (122,5mm na
Estação Morin), ao incremento dos acumulados nas últimas 4 horas (74,5mm) e à previsão
de continuidade de chuva”. A surpresa do NADE/DRM foi ainda maior ao observar que o
alerta antecipava “um cenário de risco local, com possibilidade de ocorrência de
deslizamentos induzidos em áreas mapeadas”, com destaque para as “localidades de
Quarteirão e Mosela, próximas ao Morin, e Quitandinha, Centro, Alto da Serra, Caxambu e
Bingen”. Esta surpresa se devia ao fato de que no recente Seminário sobre Gestão de Risco
em Petrópolis um novo mapa de risco a escorregamentos havia sido apresentado pela
própria Prefeitura e este não indicava os mesmos locais indicados pelo CEMADEN.

No dia 26, às 10h30min, o SIMERJ emitiu então mais um aviso, agora não de registro de
acumulados significativos, já que a chuva havia cessado, mas sim de previsão de ocorrência
de chuva moderada em todas as regiões do Estado do Rio de Janeiro, ocasionalmente forte
na Região Serrana, com possibilidade de acumulados significativos de chuva nos dias 26/27
na região Serrana e Costa Verde. Por conta desta comunicação, da informação de que as
sirenes haviam sido acionadas em duas localidades de Petrópolis (de alguma forma
influenciada pelo alerta do CEMADEN) e em função do questionamento (pela SEDEC), por
telefone quanto ao posicionamento do DRM em relação ao “desacionamento” das sirenes,
no dia 27 pela manhã, o Presidente do DRM enviou uma mensagem ao Secretário de
Defesa Civil, ratificando a posição do órgão em relação aos limiares de chuva:

“A chuva em Petrópolis antecipou várias questões técnicas e operacionais relacionadas à


atuação do sistema de defesa civil municipal, estadual e federal”. “Com o registro,
felizmente, de apenas 02 escorregamentos significativos, segundo informações não oficiais,
associados a uma chuva com acumulada em 24h muito elevada, este evento nos permite
calibrar posicionamentos técnicos e medidas operacionais, e por isso, merece atenção
permanente e estudo aprofundado. Em relação às demandas mais prementes, lhe repasso a
posição do NADE/DRM, ratificada após discussões com seus parceiros técnicos, ai incluídos
os pesquisadores – geólogos e geotécnicos – do Grupo Pensa Rio”:

(1) Critério de acionamento das sirenes: superposição de quatro índices:


(i) Previsão de chuva horária na próxima hora igual ou superior a 30mm;
(ii) Registro de chuvas em 23 horas de 70mm ou mais + previsão de chuva horária na
próxima hora igual ou superior a 30mm;

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(iii) Registro de chuvas em 72 horas de 45mm ou mais + previsão de chuvas em 24 horas


de 70mm ou mais + previsão de chuva horária na próxima hora igual ou superior a 30mm;
(iv) Registro de chuvas no mês antecedente acima de 250mm.
(2) Critério de “desacionamento” das sirenes e volta à normalidade:
(i) Paralisação da chuva por um período de 6 horas;
(ii) Manutenção do Estágio de Atenção pela COMDEC;
(iii) Feedback de campo, após vistoria dos locais onde foram registrados escorregamentos
durante a chuva, e confirmação que não há risco remanescente de escorregamentos nos
locais já afetados ou ainda não afetados.

4. Conclusão

A análise da correlação chuva x escorregamentos no mês de Setembro confirmou que picos


horários, sem acumuladas significativas em 24h e 96h, não são suficientes para deflagrar
escorregamentos no Estado e que os índices pluviométricos críticos sugeridos pelo DRM
mostraram-se razoáveis para indicar a ocorrência de escorregamentos na Região Serrana
Fluminense.

O DRM ratifica a sua proposta de que seja utilizada para acionamento de sirenes num
cenário de escorregamentos generalizados, a superposição de quatro índices: (1) Previsão
de chuva horária na próxima hora igual ou superior a 30mm; (2) Registro de chuvas em 23
horas de 70mm ou mais + previsão de chuva horária na próxima hora igual ou superior a
30mm; (3) Registro de chuvas em 72 horas de 45mm ou mais + previsão de chuvas em 24
horas de 70mm ou mais + previsão de chuva horária na próxima hora igual ou superior a
30mm; (4) Registro de chuvas no mês antecedente acima de 250mm.

Estado do Rio de Janeiro, 08 de Novembro de 2012.

Núcleo de Análise e Diagnóstico de Escorregamentos – NADE/ Serviço Geológico do


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Sistema de Meteorologia do Estado do Rio de Janeiro - SIMERJ

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