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PRÁTICAS DO CURSO

ESCRITA SONHADA

ministrado por Maria Helena Bernardes


Bienal Fibra/Atelier Plano:B
Porto Alegre, dez/2019
a
Prática 01 (1 aula)
Prática de observação: escolher uma posição ou posto de
observação e permanecer nele durante 10 minutos. Durante a
observação não se deslocar para outro local, mas ficar à vontade
para mover o corpo (abaixar-se, levantar-se, sentar-se), cabeça e
olhos para explorar a cena. Não anotar nada, deixar que a
memória funcione espontaneamente na medida da atenção
dedicada.
Eu não tenho nada a dizer e é isso que eu estou dizendo e isso é
poesia.
(John Cage – Conferência sobre o Nada)
Em “Conferência sobre o Nada” Cage tornou claro seu
pensamento sobre o fato de as pessoas prestarem atenção
apenas naquilo que possui significados profundos, objetivos e
metas. Ele defende que “nossa poesia é a compreensão
plena do possuir nada. Qualquer coisa é puro deleite,
desde que não tentemos possuí-la, pois, assim não
temeremos perdê-la”.
a
Prática 02 (1 aula)
Utilizando a escrita, descrever a cena e a experiência de sua
observação, trazendo os elementos de que se lembrem: elementos
visuais; sonoros; olfativos; emoções e lembranças que a cena possa
ter desperto.
Prática 03 (1a aula)
A partir da escrita anterior:
- Redigir uma descrição da observação utilizando o máximo de
adjetivos superlativos (feiíssimo, magérrimo; gravíssimo,
elegantérimo,); advérbios de intensificação e advérbios de modos
(muito, bem, excepcionalmente, raramente, extremamente, bastante,
demais, mais, menos, pouco, quanto, quão, quase, tanto, tão, etc.
etc.)
a
Prática 04 (1 aula)
A partir das escritas anteriores:
- Redigir durante cinco a dez minutos uma descrição da observação
qualificando as situações, objetos e cenas, evitando o uso de
adjetivos.
Prática 05 (1a aula)
A partir das escritas anteriores, escrever sobre a experiência vivida
sem utilizar a primeira pessoa – sem colocar-se como protagonista.
a
Prática 06 (2 aula)
Em um pedaço de papel, cada um escreve uma palavra que lhe vier à
mente, de forma espontânea e automática.

DIVIDE-SE O GRUPO AO MEIO; PARTICIPANTES SENTAM-SE EM


DUAS LINHAS, FRENTE A FRENTE.
O que está de um lado, dá a palavra que escreveu em pedaço de papel
para o colega à sua frente, que lhe devolve com a sua palavra escrita.
a
Prática 06 (2 aula- continuação)
.
Os de um lado redigirão perguntas iniciada pela palavra que receberam;
os de outro, redigirão respostas iniciando-as pela palavra que
receberam.
Depois, há um ciclo de perguntas e respostas em ordem aleatória,
formando-se vários diálogos.
Prática 07 (2a aula)

Munidos das perguntas e respostas elaboradas na Prática 06, os


participantes selecionarão trechos dos escritos já produzidos no curso
(cada um com seu próprio escrito), e trabalharão os dois materiais em
um só texto, inserindo escrita automática.
a
Prática 08 (3 aula)
Escrita montagem: examinar os escritos já produzidos, selecionar partes
dos seus textos que gostaria de incorporar num texto final. Apropriar-se
dos escritos dos colegas, fotografando-os com o celular e usando os
trechos em processo de montagem – recorta, cola, desloca, inverte,
recombina; ligar orações de sentenças distintas em uma nova sentença;
ou sentenças de textos distintos em um novo parágrafo.
a
Prática 08 (3 aula - continuação)

Atentar para os recursos disponíveis:


- objetividade;
- intensificação de qualidade (modulações por advérbios e superlativos)
- diminuição de adjetivos
- diminuição participação da 1a pessoa
- automatismo
OUTROS EXERCÍCIOS
OBSERVAR CAMINHANDO
(desenvolvido a partir do no método publicado livro “Meditar
Caminhando” do monge Tich Nhat Hanh)

- dirija-se ao ponto escolhido para iniciar seu percurso de observação e


prepare-se para ligar sua percepção e sua atenção como receptoras do
mundo (a partir do momento em que começar o exercício, você será
uma antena que caminha e registra internamente informações de todas
as ordens);
- pratique um pouco o método da caminhada antes de começar o
percurso:
[segue]
- caminhe em um ritmo de passeio, nem lento, nem rápido, consciente
da respiração. Conte: quantos passos você consegue dar enquanto
inspira? Quantos passos você consegue dar enquanto expira? Ache
uma medida confortável nessa relação, uma medida que você possa
repetir ao longo de toda a caminhada. Por exemplo: três passos na
inspiração; quatro passos na expiração. A medida deve ser definida pelo
conforto.

- Agora caminhe um trecho. Enquanto caminha, você conta os passos


dados enquanto inspira e enquanto expira. Você terá algo similar a isso
preenchendo seus pensamentos como um mantra: “um, dois, três”- “um
dois, três, quatro” - “um dois três” - “um, dois, três, quatro” e seguirá
repetindo essa sequência enquanto caminha, sincronizada com os
movimentos de sua respiração. Se você se perder, não tem problema,
pare de contar e, a partir de qualquer momento, comece de novo.
[segue]
- Você está quase pronto para caminhar: alinhe o queixo paralelamente
ao chão; coloque um sorriso muito leve em seus lábios; sinta que o
sorriso o torna mais alegre. E comece.

- Enquanto caminha, você respira, conta e sorri, mantendo a cabeça


ereta. Seus sentidos se abrirão, você ampliará sua capacidade de
escuta, de visualização, seu tato. Você verá mais elementos do que
normalmente vê. Não julgue. Não pense. Não ocupe sua cabeça com
nada que não seja contar os passos dados enquanto respira.

- Determine um momento para encerrar o exercício(talvez quando se


dispersar).
[FIM]
PRÁTICA DE MEMORIZAÇÃO

Comece praticando na caminhada, depois adapte a outras


situações. Na caminhada:
- conscientemente, eleja um ponto em que o exercício de
memorização começará. De preferência, observe um marco visual
e atente para o ambiente sonoro. Ligue sua “parabólica”
despertando a concentração, abrindo os sentidos, mantendo o
queixo paralelo ao chão e esvazie sua mente: caminhe sem
conversar consigo mesmo. Você agora é uma antena, recebendo
sem produzir informação.
[segue]
- o ponto em que você inicia a caminhada de memorização é muito
importante, é o Marco Zero. Observe tudo o que chega aos seus
sentidos na sequência com avidez, interesse máximo. Sem pensar
a respeito, sem julgar, apenas recebendo uma coisa após a outra,
um som após o outro, um cheiro após o outro, coisas que
acontecem simultaneamente. Beba a rua sem se preocupar se
está memorizando, pois está.
- eleja outro elemento que surgir como marco final de sua
observação e desligue a antena.
[FIM]
PRÁTICA DE RECUPERAÇÃO DA MEMÓRIA

Inicialmente praticado a partir do exercício anterior. Pode ser feito


ao final do dia, com a mente e o corpo relaxados. Sentado
confortavelmente, prepare-se para uma sessão de cinema
proporcionada por sua memória:
- lembre-se de onde e como você estava quando decidiu começar
o exercício de memorização realizado durante o dia. De olhos
fechados, ponha-se mentalmente naquele lugar e momento.
Recorde a luz, o cheiro, os sons e busque em sua memória a
imagem de seu objeto/situação “Marco Zero”. Provoque a memória
buscando o próximo elemento percebido depois dele, e depois e
depois. O filme andará sozinho até o Marco Final.

[FIM]

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