Você está na página 1de 931
REVISTA pO INSTITUTO HISPORICO & GEOGRAPHICO BRAZILEIRO S Fundado no Rio de Janeiro em 1888 _TONO_LXX 1907 ranre 1 Hoe farit, ut Longox ducent bene goste per nunos Et porsint nora pontorliate feui RIO DE JANEIRO IMPRENSA NACTONAT, 1 son SuperstisSes Populares ‘As suparstighes © erendices populares so, oomo 46 sabe, dle ‘uma tendaneia geral © universal, @ 0 povo brasileiro, originario dos portuguezes, recoben delles, em grande parte as que pos~ ‘sue, porquanto, na osphera do Incoasclente, na phrase de Max Nordau, as supersticies obedocem a urna lei hereditaria, que ‘8 nilemoria Ja espocio, um jugo a que niio nos podomos esquivar continnando dest’arte a persistir om eada ser partieular as {uddas dos antopassalos, sob a manifestacio de recoriagies Ine quentemente insonsclentes ou olwotras, mas, sempre presentos; ‘86 tondo necessidade de impulso exterior para mostrar om plen claridado, para inandar com sous raios o vida ds alma inteira. ‘A essns suparsticios e erendices que nosso pove hettow dos 808 anoestraes, alids em geral, sem um corto cunho de origina Hidade,porqaanio, om sua maior parte hauritam-nas de poros ainda mais remotos © de mais afastodas latitudes, por sua vez Introduzi ello maitas outres de concepgties proprias, que neu- nidameate avultam, formanto um conjuncto complex, de colo~ rasfio 0 aspootos varios. B assim, que das superstigies hordadas’ dos portuguezes, muitas jf em dosaso, © outeas alnda em voga, garam em grande numero axque roceberam elles dag romanos, deatre aa ‘quacs estio no sygundo cao, a pausas nas procissies, a rave- rencia 4 most, 0 feehar os othos ¢ a bocea ao defunta, as fostas .- —- do carnaval, que vém das suas saturnads, os iline anagos; O# om. poctros ncturnoa, as almag dos fnades que vém atormentar > 8 REVISTA po INSTITUT msTonIcO os vfvor 9m sina ow odo otn que gommimetite scredita 0 ' ~ ulgo,p ftom nest ~ ™ ‘AS’ paugis OW wstdgtes das prvcissiies rymanas, om Pontos @otorminadae, prineipalmente anty eortay eapelias, temol-as nés Penfbitamente casactorisidasy, © particularments, na procissio. do Senor dos Pasios, comd se obverva, potanty 0 capellas + "ot passes, equidisiantemente ispostos no longo pereurso da ; proeissio, porante of qmieso andor ostaciona, @pdra 2 marcha + Prveissional, emquanto os cantoros, acompanhadas 4 orchestra, ' xeon tan) im eanitico guero @ particular acada estaciio, Acompantiando o Brazil sorle da motropole, que arrfstow pelo longo ostailio de sx:sonta annos a perda da sun nacionsli- 3 . dade © das suas Iiberdades patrias, vietimas da dominagiv hes- I @ © pauhola, indudjtayelinente as tentenciss eastelhanas jntittra t © fam-se no animo popular da nova colonia de alémemar, trans mittindo-the « sua indole pelo contacto intimo da sux genta + confundidamente com a nossa nos cargos publicos, cectosias- tics ¢ militares, @ na mass popular pel soldadesea, mari- nheiros © gente do officio. t Effectivamente, na primpina pliaso das nossas 1ustas com o i bafayo Inyasor, que exictamente corresponile a ultima da, do- ininagio hespanhola, essa confusio aecontuon-so ainda mais nitidamente, uma voz quo os nossos parnambucanos batalharam y contra 09 Nollandezes, tanto por companheiros de armas a lies- f 7 Panhdos o até mesmo a italiano, formando regimontos inteiros ; «© wile ess gente, certimente, em eanghes nostalgicas da pa “fia, entoadas a som di viola nas tendas dog acampamentos, ee fom horse de oof, ou sob 0 basto arvorals avs osplondores da Ju tropléal, tremsmittia na intimidade camaradesea com oy nosis soliivlos, todas as sins aveotitras p paixtes romanescas 7 40 deseetite dessas multiplas legendas dos trovadores modie- vvaes, ¢ todas as sua eronilioas a superstigvies a proposito do mais particular inellonte que occorria no deslizac das palestras intimas nessa alfectiva convivencia. } “Tivomos tambom a dominagio batava, com um estadio do 4 inte. qnajro annot, © que, em uma époea dada, si hem que ‘«"Go um’ porpassar ligeiro, houve mesmo, por assim dizer, um. ; 4 epto Pongeagamenio popular de opinides tntigas entre o§ hol- \ FOLK-LONE PERNAMBUCIA gO Inndezea 03 pornambueanios, do quo certamenye, ean algo da indole dese pov do Norte da Europat 2 | Alonda da Adande, essn falvae cruel donzalta, a fula eco * genio mau da ilha presi liaria do Fernando de Noronia, levando © terror por toda parte nas suas correring nockurnas, lenda vl: + gariseima ali, que Gustavo Aiolpho rocolhen da tradigho po.” « pular entre o8 volhos presidiarios, ¢ indubitavelmenty un re- miniscencis holfaadezs ; © nestes versos do uma outea lena, O cajwéro de etgane, tambem recolhida por elle na mesma ilha, accontundaments tramparecem easy mesinas reminiscenciag: Nito #0 sabe 0 quo julgar @ + Desa extranha apparigho 5 i » May, aiflemam que, um eixio, Si se caver bio de achar; Que 6 ferreo cofre, um thesonra, ees. Key Quo contém da Hollanila o ont, ‘Sho antigas eajedaes, Que ajuntaram og hollandozes ; ‘Heranga dos portngnotes Amontoadas na pas . Z E dopois de Amiga guerra, 2 . . ‘Becondidas sob a terra, : a oR Alin degang nlomontos particulares de fugitives reminiss = * =" * conoias, quox portuguom ou hospaniiolas, quae italianas ow tol- zi Jandezis, ot ainda mesmo de outros povos da Ruropa, uma yer . ‘que as trypas do batayo Invasor eram compostas ile aventa- ‘reirog de nacionalidades diversas ; actuam tamberm no nosso ca- tractor @ na nossa indole um mij complexo de crencas @ au- orstigies dos noses indigenas, eajo sontimento roligioso se mantfestava exelusivamente sob um temor superstioioso, ¢ Kio “ arraigadas flearam ollas noanimo popular, pela sua conviven- cia intima com os colonos de todas as especies, que aida hgje, na phrase do Dr. Conta da Magalhites, os dauses dos Tupys vivent?*, - ‘etm nosis catnpos, vida tio roxt como a que Ihes davam o1 io ‘aborigenes no tezapo em que o8 sous Pagés cg aloravam, OANGIITLTO TUSTORTE, 10 |, Ruvisr Iguakinuenela exerceram tambom 09 afhfexnos pele im - pliuntagas dos seus uios 4 costumes pitrios, de faeitinm, aesimi- . * lagto pola promigonidade em que viviiim entre n6s,¢ confin— “ dfdamente mesmo na propria familia, | * {7 DesVarts, mio nus poitlamos eximir tambem da influencia: + 7 dos mos « costumes do initio @ do aftioano; @ 6 par laso que as f superstig6es © crendices do nosso povo constituem um: mixto gerale complexo de todas essas extranties indaenciss, rennidas, f monte, ¢ consnbstansiadas em um vincalo karmonioo © here- ditario, maa, de diffieitima discriminacio, para precisar ow pre- sumidamonts mismo, flaar-seas suas origens. t an Fo mesmo $0 iit com relacio 4 poesia popular, porqus, I + quor nos muitos monumentas.originariox dos poringuezes, quer mesmo nos do ousves povos distinctos,— nada mais tem de ‘origem soniio a indole, ¢ vis pallites roflexos dos assumptos = prlunitivos, Pondo dé parte, purtanto, esses ostudos complexos (le in- agacsos das fontes orlginacs, umm vox quo simplesmonte ron— ageninss assiumpto as dados esparsos, uns tanto conhecidos Ja, 0 rosto confusnmonte mantidos na tradigio popular ¢ tea otttes a penlerem-se, para o¢ legar ao futuro historiador desse * interessante © heflissimo ramo ia historia geral da nossa lite a + ratura, passomos em revista o que ainds 5» pide colber das pas fc = 2) & andas orondioes o saperstigties populares, reunidamenta com as + que ainda profominam arraigads na indole do povo, sent == ‘mesmo nos preozcupar com uma tal ou gual classificagiioe que j so possam subordinar todos esas dispersos materines, antes © quoso Pflo perdendo, um a um, até desappareserem no seu todo. i a | O culo dos astcos era de uma tendencia goral entra os | owns da antiguidade, 0 teibutando elles adoracio ao Sol como > + ~ um,ser qipremo, segundo uma intuigis da divindade, mate- “+ Halmente, Fisivelmento manifestais na tuz do din, tnham-n9 ¢, © comio» qite 0 fico ita Juz divin, supremo bem da natureza, ¢ mavifestagio brithaate do principio 1wminoso-do Cosmos, EPOUR-LONE 1HBANAMBUCANO Boy “8 ‘Deus om sunsoriplo ‘sighifica — brillge, F - Manteno of nosis aborigonés ese culto tradicional, mas saltteado modiflengdes concapeionacs, goradas pelo completo iso lamenio em que yivinm, que pelo decorrer de tempos dilata~ Aissimos fizera até mesmo-epazar-se da propria trrligio oral A indieagio preoiss ou approximate des poyos do quem pro- ‘Yinham ; o-cadentto elles a esses iniiuxos tradicionacs eram as- * trolateas convoncidaments, o o sol, lua ¢ ag estrellas tinham: ee reverencias yeniadeiramente cultuses. rages, porem, a essas modifleagdes concepoionacs, o sol ‘entre os nessos adios era uma entidade femiuina, como tambem ‘ema onto os japonezos, @ roversnclavam-no como a mie de totos os viventes qua Hinbitam 4 terra, e lua, como a mae de ‘tolog og vagotaes que cobrem a superficie terrestro. ‘Eves nas divindades geres, dix Couto do Mngalhiies, ‘quem atteibuinm a ereagiia dos yivenios © dus vegetnes, nio tinbam nomes que exprimissem earactares sobeenataraes. As Oxpresiids que indica qualidates abstracts, deviam vir ‘om um poriofo maito posierior dquolle om que a civilisioto ryana trazida pola vaca conqulstadora veiu encontrar os sel- vagens da Amerien. ‘Nio tinham, portanto, tormos abstractos para exprimil-os, © chamayam simplesmoate ap gol, Giwwry, que quer dizer — smi ties viventes— an Ina, Jacy, — mio los voratacs —. ¢ culto, porém, tributado a Gxarucy, nfo era por ter ella sémente ecoade o homem, mas, sim tambom a toot os viveates da terra. Entre os egypeios, porém, om que os dois astros tinham os sous prodisamentos de deuees de primeira hierarchia, com 03 sous tampios 9 cultos espesines, ova a laa yenerada.como nome do Isis, sob a forma do eresoante, © do mesmo modo o sol,” com. @ nome do Phré, ox Pird, om hionra do qual eelebravam solomnos festas nas quatro estaphes solares ; ¢ os japonezas, que, wloravama os phenomenos cosmicos, em goral, particularricnte vambom, reveroneinyam sua dewa do sol, coingim onli de ‘wa lithurgia pomposa © deslumbeante, ¢ tinham como symbols « on emblema —da alma da grande deasn da luz colestin) — am , aspelhio de metal polido. 12, © REVISTA DO IXsTITHTD TETORICO Si eatre 08 poves primitivos, como oy, Youas, exemplifloada- mente, notava-se uma absoluta ligagio de depondencia entre o homem @ a nnsareza, nos seus varios axpectos, Como 0 firmamen- to, ool, Ina, a8 estrellas, o raio, a8 muvens, emiim — tudo, quanto era propicio ou nefasio & vila do solvagem imballe dean- te de sercs enimaor, de vontade 6. coherencia mas accies, — comiudo prodominaya sobre todos um grande str, oSpl—s quo nos [Mumina, que anitece © fortilisa, © rejuveneor pariodicamenta todos os sores animados e inanimados, que dia vida, espanca as treyas da, nolte tenobvosa, em quo as feras ousam impunes © tomeross roidar 0 abrigo infor © proeario do selvagem>. Comtuilo, apozar desse culto quo tina 9 sol entre o genti- lism, era um deus ds vexos malfazejo, porque entrava on cabega los crentes produzindo dores tio agudas, que os fazia soffror hoprivelmonte. K ess cronca chogou at nfs porque 0 poo ainda, repeto— gue 0 sal entre wa cadega da yontey— 0 tom mesmo umas formas sacramentaes para curar o mal, recitando- ‘as por tres vezos, tendo, porém, 0 doonte sobre a cabeya.o inilise ‘ponsavel copomeia darua coberto com um guardannpo.” ‘A Iu, entre 08 103808 indios, era 0 logar destinado & morada © descanso, eterio das almas dos sotts flados, @ 0 eelipse dose astro, um signal do indignacto das mosmas alinas causado por ‘algum crime eommottido por elles ; 0 por isso, na. pormanoncia. do phenomeno, p emquaato a lua nfo clareava totalmente, se escondiam @ se acautelavam — para nia seram offendidos dos hichos ferozes «lirigitos por uma dossas alias, que entraya nos: conpos dasses bichas para, com monlodurss ou esiragos, vingar- 0 Ho prationto dolicto. ‘Tinka a Ina ontee elles, nas sts dias phases prinefpans, donominagdes particulares ¢ cultos differentes, chamando-se 4 Iua nova Catiti 9 dcheia Ceird, parocendo assim, como pensa Coutto de Magathiies, quo 08 indios consideravam cada phase da -1ua gomo tum astro distineto, © que nio resta davida é que eram distinotos og sous atteibntos, e particulars as saudagdes que Ihe divigiam fo ,oou appareeimento no espaco, sob ensa ou aquolia. forma. Exh ravereaoia a esse culto traziam os Indios, pendentes do ‘pescogo, entre ontros ohjectos ornamentaes, 0 seu jacy, sto, um FOLK-LORE PERNAMBHCANO 2 13 somieirnte de ono alyiein © poliéo reprowntandy nua wb ossa forma, Giusy SOPOT vs tol leapt te voto ve tro diiterentes pavos da antignidade, civilizados ou hao, constiiui tambem attributes de doases. como hoje se vé o creseente sob og ps da Virzem da Comesigio, © ainfa como objeoto hcraldina, omy 0 representa em diversas brivzies darons particulares, © © nas da Turquia, ostentundo-w asim no pinaculo dow minarctes 8 torvedes dos templos masulmanos. ‘Ao ereswente sobre que pontsa os pes a Virgora Maria, rofere se 0 nose) Barreto'em um bolitssimo soneto, ex que, dirigindo-sé lin a on fitho, dlz-the = sever, Rainha me lxesie. ‘Ta flrmaste meus pés na argentos IMs. Esse cnlto tribatado aos astros, e mutto partionlarmente 4 Ima pelas preiilecgtes populards, apezat dis prohiblodes da ‘ogrojit @ das sévoriasimnas ponas da Inquisicaio, em qua incorriam og gous seotarios, ofose tinha de todo oxtingaide entre nés, ainda am comegds du seule XVII, ao que parece, uma ver que a Con Hituisito do Arecispato de Behia, promulgada em 170%; prohibe rezar lua ds estrellas, — recommendando wos confessores © prégaulores que reprehendam semelhante vicio. pera de tola o modo se eatinga este resabio da gentitions no arcebisyade, no qual cada dia entram gentios de earias partés,—som duvide vindo-so 4s constantas deseitag de indtox do wuss aldohs do interion, a serem conveniontemente dontrinalos na fé christi. i, portanto, por todos aaies predieadus, assellados por um Fineulo horelitario, quo w Itt gore ainda hoje das proditesy6os Populares ; est niio tena mais wi eulto, como tove, antro os povos do alastadas eras, 0 sen apparecimenta, comtudo, inspire ainda uma aiegria geral, © ell recobe saudagies de homonagem om minifestagies pootians, Sioctivamente, tudo is so reminlsconelas do antigua cos fumes correspomtendo essay sandagdes &s manifestacoes oull- tuaas de certos povos, quo assistian—he 0 renascer mepsal, Avelainando-a, cantando, batendo as mins, dinsanilo, (elizes @ fortes por vor uo fltmamenly 0 sow astro prodilecto, 14 * * REVISTA no NsiIroTo MsTORICO Entre of noses ‘ainda om plano astaio primitive ao tempo da conquista © colonizagio do palz, era a lua o dows see- ranu ds noite, © adoravameus de rastos, com as mags erguidas + pura o firmament 1aminoso. = ‘As manchas da lua, que entre os chins 6 um siguat do tuto pola morte da deuss Amida, que deseeu do co por mandado de Deus para povoor 9 pai depots de um diluvio, que deixar « jorra deseria, ropresoniai entre nés, segundo aerenga ‘popular, Sito Jorge a cavatto. © ainda vulgarissimo o costume popular da apresentagao “das recemaascidos 4 Ina novayo que de par com as sandacdes ‘que Ihe sto dirigidas em linguagom pootiea, constitue vestizios das reVérenciaes homenagens que, outr’ora, Ihe eram tributadas ‘nessa trilogin astral de eultcs, de par com o sol @ as estrellas ; ultos eatos quue comegaram a decahir com a propagagio do ehris- tiantsmo as prohibigdes da eztoja, inisiadas no seculo VI pelo eoneilio Incense eelobrato emf. BE, talrez, come pallidos vostigios desvs espirito niligioso bri- utads nos astros, qua Yom esta vulgarissima alivinhagao do ‘diy 0 801, a Lua © as estrellas: * Campos cliros, ‘Vollio carrancuto, “Moca formosa, = Gado miudo. © povo diz ainda, hoje, saudanda a lun nova: Dots vos salve Tua nova ‘Tao bella e resplandecente | Quando tornartes por ci, - ‘Trazol-me des a semonte ('). < ‘Deus vos salve lua nova! Quatyo cousas eu Vos pecs) 6 Livraleme 4o dar de dente, 2°, Fogourdonte, * "Rus corrente, ’ B lingua de mé goute. ope Ml Sate et a (#) Aprewontaute-tie wing muids quolquer. VOLICLORE PERNAMDBUCANO 15 ‘As oriangasy pot, ditigem-lhe ‘uma saudagto iugenua e , ‘special, recttindo esta mui conkeckda parlenda: Abengio, dindinla lua, ‘Dai-me pio com furinha Para comer minha galtinhs, Quo esta presa na eozinha.! — Cho, eho, galtints, ‘Vai pra tua camarinha. Os recemnaseldos io apresentados primeira tun que Aespoota pss o sou nasetmento,—para os deixar crear o serem {olizes. —Qualquer pesoa pédo fazer este aproseniado, m8, ‘geralmente, incumbe és proprias mies 0 eumprimente desso precoito, recitundo esta formula tradunida em vorso + Lua, lua, ‘Tomai o men mal, ‘Me dat vosso bem, £ deixal mew Mihinho: Weliz 99 crliut. . . A crondios popular iatiea jambem a Jaa como tendo ama pafticutar intinensia sobre o crescimento dos cabellos, © pare.se- Jholhanto fim divigomse-Ihe as mopasy recikando esta quadsinha ‘9 novilunioz Abengio, dinlinba tua, = Dous vos dé hia ventura, ¥ fiuzel que niows cabellos Gretgam atéa cintum, Si no partir-e a nox do frieto 10 eoquoira (evens nucifera), nfo x0 encontra 0 midlo ow amondoa que st rovaste inerios meate, no set todo ou apenas uma parte qualquer sol a 4ua que ometl ; e 0 povochama a esse phonomend ‘yegutiil, edeo: conticly da la. ‘A lua come tambem o vosto das pesséas que dormem ree benilo sobre o mosmo os reflexos da jm 1az,. . 16, REVISTA pO INSTITUTO METORICO > ‘Sto, fordém, do uma Exprossio bellissima os Hoguintes pro- Joqutios sobre a Ian, @ indieados mosmo como infalliveis de certos Bets phenombnos metoorologivos e da Sua inluencia sobre 0 faxo © .tutluxo dag mares: Lu nova trovejada, Oito ding 6 imotbada ; Si ainda contings, E motlada toda a laa. Lua nova de agosto earregon, Lua nova de outube9 (rovejon. Lua fora, Iuw posta, Quarto de mané na costa; ra Law nova, Lum che, Prea-mar ds quatrd © moja. _— Lua empiniada, ‘Maré repontada. = Bom selagio a» phenemano physico das trovoadas, repote . 22 Horo: | oa Sia atmosphora | Esti carvegadn, A frovoudu Nilo mettle horror. : : Antigaments, cm tempos om que se nto Usava sina dos } ealeules sobre o horatio das mares, formulavam=-nos os prativos do porto do Rectfu, segundo as phases da Ina, & com este funda mento Hakan come dados infalliveis 08 Versus transcripts, indi hoje nity varas vores rapotidoe. : - Sobre 2 Jaa encontram-se estes dois Seety 7 i sae 2 Quando mingna a Lia, L Néio oomeces cows alta. FOLK-LORE PERNAMHUCANO 17 ‘Do tim individuo ingenuo, istrahido © abstracto, se diz:— que ende no munto der tua; — & umm dospreoccuprdo ¢ sem cogt- apdes adtiag, quo— fs vorsos 2ua;—o @ um ostouvado on do. uitt humor, chama-vo-Tha de étuady Lovar aos cornos da tna, & wnt phease muito commun aos gqvanddes louvorss ow elogios a alguem, bem como tadrar 4 tua ‘ott wi 620 Tadao dua, a9 maldizente xpaixonado, invojoso. Emil, tom 0 postion qualifiontivo de ta de met os primeiros ding de noivado, : Da tollogia astral do culto indigena, eulto esse quo fol gra- duslmente arrefeoenio & luz da civillsaggo eda implintacio do eliristianismo, até quo de tollo desapparocou, do referente és csteollas, 6 0 de quo menos se ceeupam 05 elementos historieos sobio o assumpto, consignados nas nossut ehronions. Na consagnagito desse culty estrollar, Venus, a Pupa-c-ia das Tegendas populares, Mercurio, bem como — todas us s- trolley que por sua grapieza ou figura se fizom redoumondayois 4 visks, —davam os intios ditferentes nomes dos suo geval mento so sarviam pira desiznar a todas ad estrellas, reunida~ mento, © fostojuvam o appareeimento das Sete esiyettes, como os Guayeurds, nomondamea to ; 6 ess cxnhiadimento dos astros, com. as suas designagses proprias, era geral entre 08 indios do couti- ‘nente sul-americano, uma vex que até Mesto nagies remotas, como os A piasis, de Matto Grosso, que chamayam ap sol, iakéra, A Ina, fehy, © 45 ostrollas, fahitatd ; « ainda mesmo os que oc cupayam os sous limites oceideataes, como 05 pernvianos, Yue agsiin 9 minifstaram ehamando ap sol Inti, ¢ lua Quildd, a ‘Si nos voltarmos ainda path o oxtremo norte do paiz, ‘vamos fambom vnoontear positives manifestagder do culto es- trollar ontro 0 gante aus a osouava, ¢ euje tradigho choga ‘mesmo aos a03805 dias, em varios eontus astronomieos reeolhjdos por Bytbosa Rodrigues, o eonsigaades na sua Porandva amaso~ nanse, om um dos quaes, o de Epspine, que se refereed Srigem de ‘consteliapio de Orioa, ov tres eis mayos. por exemplo, Venus tom 0 nome de Caiuenon, © Sitias 0 de Leni. Algamas (tibus, porém, mals intimamente nossas, reveren- elayam com umoulto partioulas a uma determinants constellusto, 593-2 Towo 1x. Fits 48" REVISTA nO INSTITDTO HIsTORICO ‘na crongé de que'a sna iniluencia estondia-so sobry a feuctitleagio das eryores, 4 maturagio dos sous fructos, ¢ a destruipio dos in- socios (ue thes cram projudiciaes, intluindo ainda sobrea sorte ‘da oxga 6 da pesca, As Pleiades, poréim, gozayam do particular relilesgio como a constollagao gue parecia mats emponiaa na prolificagto dos animaes ¢ na producedo dos pructes. ‘E’ assim quo 08 nossos Tupinambéis tinham as suas constella- * ‘gbes prediloctas e protectorns, regiam-si em vatios accidentes da vide pelo curso de seus astroa, 9 como quo seryindo-lhes de soguros guiss, confiavam quo ao ex ramo—iriam para a torra « pretendids sem ponlor 0 paso. (Os Tapwias da Serra da Tbiapabs festejavain a elevarso das constellagdes com dangas © canticos, porque ay reputayam divindatos. A bella constellagko de Orion que, por assim slizor, fixa a Tinka equatorial que passa’ polo hosio emispherlo, com o par ticular carsctoristico das tres ostrellas que fulguram em su base, em linha, © equidistan\emente disposias, os Tver Mois Mayes, owas Tres Murias da poesia das legendas populares, ora couhesida dos nosis indios, ¢ tithe a denominagao par ticular de Ararapary, sogunio Barbos, Rodvigues, no sou Vove- dutorio indigent. Av eorrer de uma egtolln no espago, dix 0 pove,—gue & wn espirito orrante penitencianidonse dos seus pecooitoa, pars depots de purificato entrar no Paraiso,—o dirige supplicas om sua in- tengo ; e que fix mal apontar « uma estrella, porque masoom ‘verrugas of cravos nos dedos, neasy como win cnstigo iniligido pelo astto por vor nisso um ia is dosrespeilo as suas divinaes prorogativas. D ate, porn alada tos redta, owovootadamonto.cayela vestigios deste calto estrellar, ¢ soguinte Orapi para « cura das inguns, dirigindo-so 0 doente & uma estrella qualquer, como que roconhiecanda-the os poteres do operar mirsculosis cures: ‘Minba estrelta, ‘Minha tngua diz: Que viva olla, E worra vos; FOLK-LORE PERNAMBUCANO 19 Mas on digo, Quo vive vox ’ 2 morea ella, O ar, entre 0 povos do Orie, da conhvoidu vida mais Smo, nha pruficidas divinos, quer constituinde tua onti- diedo distingkt, perticatar, como tro og japonezes, quo telbu, Por cxoellencit, donite proven bolo ov-serva, OS nossos indios, incontestavelmente ‘originatios de povos orleniaes, ontre oF quues Wnt © mar um eulto particular relog Aig, olieudas vice, titsum J4 aptgudns todas exans noses, ua voz que as nossas cheonicas quighentistas nity eonsignam, sobre o aseumpto; quando tratam das suas cranigas © Superstigies ; dearee an eeeemes oneontrar mi teiticao popalueavostigiog dessas crendices. —* Omar é sazroto, diz 9 POYY, ©.0 confirma a trove, oprrenie; Kavem tru dias quo oreo Chorando & beirw do mar ; AS aguas do mar sagrado Ea quem mo vou quoixat, Alyn dass prodicamonia ly sagtuloy o man © povowty de duendes que emergent das ondag, fluctua inpavilae, © subitax ‘monte dessppariciin, 9 nelle s8 obsarvrim of mais wairaordie naslod © Pavoresus phunomons; @ n9 eyelo das uoseas legendas Popalares tem tnd igs narrativas proprias, do ume coluragio vivaz@ andonte, que intundem adenieagaa on terror nos espirttog erolulus @ frageis, Tos ossas londas-vSm do dpovay vumotiesimen ¢ tomfeaim, Yulto ‘aa Eucopa, peiveipalmente. aps fompos modiovaes das ” ; 20 REVISTA DO INSTITUT HISTORICO , 6 oceano Atlintigo, reputndo innaveravel,—porondo do ‘monstros capazes de aterrar 08 mais afyutos homens do mor, i sania o Mir toncbrose, quo tento horror Inspiraya, Hod Povos 4. domsa époed, ¢ enjas marutivas enchiam & todos do pavor. E consoantemente com todas essas legendas medievaes, enjoy lampejos ainda nfo se extinguiram de todo, desereventlo =m poets nosio, o-padre José Gomes da Coste Gadelhs, no sou poema A marujads ow vida maritintay — do fing do seculo XVI, 3s soonas do uma viagem em que tomou parle como cspellio do navio, relata que o ‘cupitio, em patestia de bordo, sobre as ‘eougas do mar Aliema por cous corta § nao duvide jurar, Que jd viu estando alerta 7 AS nuyens co a boren: aberta © Bebendo as sguas do mer, o piloto, . Que falira & Mie da Lua, tain tes outros aden s+ ques co's olbos Sots eee ¥ J vita a Madre de Deus Falando ¢'0 0 Vorpo Santo. poréin, a maior marvithn do mar, @ incontestavelments 0 ; mytio dit senen, ou mae dagda, metacte inulher, molade pelxe, quonelis vive 0 reinn como sanhora 0 sobersfn : vA gorda habity em sumptuosos palveios situados ne funk ao mar, de encantadovas © deslambrantes bellezas, o & do um : gonio ora bonafizeje, ora maltizo)o, @ apparsce 48 ves dete que + -xando porfeltamento ver a parle auperior do seu corpo, Jaleo iwiher da cintura para cima, do una belleza prodi- «+ “giom o do bastas @ douradas madelsas Sa Ganta divinaments ede um mofo « inebriar @ enlougueccr ‘93 mariaheiros ; @ quando quer perder um mavio que atravesst os sous dominios, emorge dos-abysmos Jos mares, despronde & —— Cee FOLKLORE PERNAMBLCAND == | 2 ita voa de estranha e eneantadora melodia, 8 attrahidos e enle- vvados 08 navegantes, desprezam 0 govetao do bared, qile, eatre- gguo ao abandono, sossobra... Bala crenga, porém, vem do muito Jonge, on mythologia mesmo, refere quo Ulysses livrowse das seduopdes da sera, tapando os onvidos a sets companteiros © imandando-se oar ao mast da sua niu para mio abandonar o ou governo. © padre Gadetha refere tambem, no seu eltado poemneto, 0 dita de-um oficial de bordo: Que ouvio da seréa o canto, Da serves, segundo a f0rma que a mytiologia popular a imagina, temos dous tollos exemplares ans lados do portico da ogteja do S. Pedra do Racife, esoutpidos em pedra De par como mytho da sera, figura tambem o dos polxes homens® poixes mulheres, ¢ 0 do Diabo pelludo, que vivia uns aguas dos ios, segando a eveniice dus: indics. « Sio esses monstros marinlios, nay phrave do nosso chronista Jaboatiio, uas meninos, como de tres para quatro annus, da propria eb dos mosmos gontios, mai disfrmes do cara pela srosstira das feigdes, @ a cabeps poco povorda de eslellos; e assim mostram ‘om tudo sarem especies de homens marinhos ou pelxes monstros; mas, 6 cert que os gentios os temem, ¢ tim ontro os aout ubusos por espiritos raalizaos, © devem seguir a opiniio de alguns que tém para si, que ontry os"espititos vagos a que os hospanhoes chamam Duexdes, ha alguns cotporeos, © assim thes tém grande mado, ese assombram de morte oom a sua vista.» A crondice dessea mythos vinha jt de tempos affasiados, uma vezqneo pudre Ferniio Cardim, exoriptor das ultinas de- cados do seonlo XVI, ji os mencioin sb os nomes de Budiapine ou Beepopina, do tamanbo natural de msninos, semmenhume differenca delles, e que apezar dle oxistirem om grande numero, nfo faziam mal a ninguem. Do homem maricho, porém, pela primelra ver mgncionado por Gardim, com 0 nome vulgar, entre os indios, @e Ipupiord= | ou Youpinpra, accrescentando, que tlaham-lhe os mesmos indios ‘io grande mado,—eques6 da culdarem nelle morrem maitos, 22 REVISTA DO INSTITUTO, MSTORIOD 2 noahum que o yé eacapa ; alana morroram jf, @ perguntat- dorthos, & causa, disiam quo tinbam visto este monstro, Pa reckm-s6 com homens propriamonte, lo how oataturs, mas, tim ‘08 allio encovalos. As femoas parece mulheres, tém eaboltos compridos ¢ si formosas: anham-so estes manstros nas barns dos rios docee». Er. Vioonte ilo Salvador, historiaor dos primeiros annox lo seculo XVH1, por-sua vez escrove: «Ha tambo homong ma- Pinos que ja foram visios sar fara de agen apis of Indios, © nella hin mortoa alguns quo eniavam pyso sao; mas, nio thes omom mais que os olhos ¢ nariz, por onde s@ conhece yre. niu foram tubardes, porque tambom ha mufios nesto mar, ne comem pernas 6 bragos @ tola a carne.» Fala, emfim, 0 padre Simao de Vaseonoellos na sun Chri niea da Compinhia de Jeeus, improssa em 1962, dizondo positi- ‘Yamonte:—«Dos pelxes homons © paixes mulheres, vi granios Lapas janto a0 mar choing de omsadas dos mortoa ; 0 vi suas ea~ Velras, que nfo tinham mais diiferengs de homem on mullier, us um bureo no tontise par onde dizem que vegpiravam.® Fornanilos Pinheiro, em aanotagies 4 roganda edigha itn raforida ‘Chroniea, impressa em 1864, diy. sobro 0 assumptos » i Vieira perseguindo e trazeado de novo ao sacrificio uma donzella que delles se escapara depois de ferida. 9. Jodo Pile, para ter melhor quinhio no teino, precipita-se, com dous netos nos bracos, de uma altura maior de 50 palmos. 10. Especie de bacia ou terrago pensil, onde 0 rei Jodo prégava aos seus sectarios. ° para o mesi eira quotidianamente (Kepligacoes contidas ao Tomo XI da +Revista do Ist. Arch. e Gaop. Paraaimboeanoe em mamaria oserlina por Antone Action de Sdusa Leite.) Donita on Being Encantaso,na comarca se Milla Hella provincia b¢ Seenas que welle tiveram Iagar Reino Encantado, na comarca de Vila Bella, em Pernambuco | 11. Pequena casa de pedra de que se serviam como uma especie de cenaculo onde se banqueteavam nos dias festivos. 12. Grande subterraneo formado por baixo de uma sé pedra, que a seita. denomi- ava Casa Santa por ser o logar em que bebiam jurema e effectiavam os casamentos, do reino.. 13. Pequena rampa de pedra denominada dos sacrificios ou da matanga. 14. Estado em gue foi encontrado o cadaver do rei Joao Ferreira, victima de sua propria doutrina e diargucia de Pedro Antonio. terceiro'e ultimo rei 15. Logar em que se travou o combate entre as* forcas legaes commandadas pelo commissario’ Manoel Pereira da Silva, ¢ 08 sebastianistas commandados por Pedro Antonio, ultimo rei 16 Grupo dos sectarios dos res falecidos no combate, que tiveram com a forga publica em 18 de maio de 1838 ; 7. Sepultura onde dais mezes depois, em acto de missio, o padre Francisco © povo recolherain a ossada, que jazia no campo, excepto a do rei Joo Ker- Con reira. ‘Moenamnbace ¢ das FOLK-LORE PERNAMBUCANO aT ar livre; 6 mais além vé-se uma pequena rampa oade tinha logar 0 sactificio das vietimas, e por iss chamado Pedra dos Sacriticios, ou da, matange. A pouca distancia das pyramides, em fim, vé-se um pened colossal, em euja base se nota um grande subterraneo conside- ravelmente angmentado por uma profunda ‘excavagio que fl- zeram os sebastiunistas, em eujo recinto, a quo se impor o nome 49 Give Sontd, @ ondo se podiam reunir unas duzentas pessoa, ministava 0 chofe uma corta bebida aot sous adeptos, com 0 fim de os embringar a atiral-os assim inconsoientes, ps erusntos saorificios que ogiebravar esses fanations, com o fim de operar-sa © prodigioso desoncantamento do reino! Esse nectar chamalo winfo encantudo, era eomposto de jurema @ manacd, tina a0 ‘mesmo tempo ax propriedades do alcool ¢ do oplo, ¢ er muito usado pelos indios am seus festins, bem como pelos curandeiros do feiticos e mordodura de cobras. 0 rei tinha 0 tratamonto do aentidade, 0 todos the beljaviam o8 pes, fm suas prégacies usava ollo de uma corde tecida de cipés de japeoanga, ora falando ou cantando, o galtando muito aalogre ;e quando terminava as suis prédicas, prorompia 0 povo om. vivas a cl-roi D. Sebasti&o, cabriolando e tatenio palmas, A polygamin ora permittida, © o proprio rei Jo%o Forrelra ehegou a ter dete mulheres, que tinkam foros do raintia; porém, * lama desias, Irmi do primeito rei Joie Antonio, nfio podendo Supportar sem queixas © escandaloso concublaato de seu pre fens0 esposo, ahi um dia vietima dos seus peryersos instinctos com o corpo erivado por setenta ¢ tantas freadas | © casamento, festiyamente colebrado por Frei Simo, um ignorante impostor de nome Manoel Vieira, investido dn, digai. dade do summo sscontote da spita, tinka um ceremonial por da- mais ligeiro ¢ simples. Prosantes 08 aoivos, testemunhas © espoctalores, comparecia sua sontidade eloréi, que era reoebido com honorifieas demonstra. (hes de respoito, ¢o intitalate Fret Simin comogava a ecramonia, proferinde certas palavras cabalisticas quo termipatam com a Dhrase :— Ex wot caso pelos poderes gue Dawa me dew, —man-* dando em seguida que a woiva oseulase os labios do nolyo. 3 REVISTA NO INSTETOTO (STORICO ‘Em seguida o rei daya o Drago a noiva, serviaese 6 inka encantado, a0 som de toyues, cntioys © palmas, e dissolvia-ge a reunldo, mis, foandi o roi na casa santa com « noiva pare di pensalsi, eno outro diaa restititia ao seu esposo conveniente- ments dispenseda... ‘As suas pratieas religiogas constayam apenas dos canticos do bomitas © rezas diversas. Comia-se ponco, ¢ et prohibido Invar os pannos @ roupas antes de desoneantar-se 0 reino; todos os dias expediam=io andos de geite para arrebantiar homens, mulheres, meninos « cies para Ox snerificins, o outvos é razzie nas cireumvizinhancas, regrosando providos de galo, cereaes @ mantiaientos diversos ilestinados no consumo da populagio ; © nessas exeursdes 0s ‘suspeitos cram acompanhados do dass ou tres pessoas de con~ flanea, Foi na bolla ¢ aprazivel paragem da Pedra Bonita, por- taato, que se fitmou a reuni#o desses novos sebastianisias, © ‘nos subterraneos \los sous rochalos, o temple dos seus falsox sa cordotes e o golio real dossa imaginaria ¢ caricata monarvhia, O escriptor de umn interessante monographis sobre 0 facto, ©. quem seguimas pori-pessu nosta narvativa, eoneliio com as seguintes palayras & minustosa deseripeéo que faz dn locali- dade, para enjo fim foi propositalmento visital-n : <0 rebnlicio quo produz 0 vento sobre « folhagera dos euto- Jogoivos, quo, quaes espectros mudos, ou selvagons somi-ntis, 6e approsimamn ein grupos da mator das duns pyramides, como ai 0 quizessom combater oa derratar; o constante canturolar’ dos ‘yisitantes, quo protendom assim destorrar os innumeros exr= dumes de phantasmas de quo tm povoada a propria imaginagio, do dentro das fondas ¢ cavidades dos rocheilos, em que v0 pone- trando.em busca de algama ourioss antiqualhia ; © a invenoivol dispasicdio do espirito pars scorrentar-se ao passado, exhumar, ‘6 fazer passat por deante até o ultimo dos persanagens dn- ‘quelias seenas maltitas ; tudo isto toraa esses logares tio sinks tramente pavdrosos que hasta a quéda de um fructa, ou a car- oira Inespgrada de um animal, que nos evita, para produzir tum choque extraondinatio, sobretudo nas pessoas de organizagio “nervosa éde alma um tanto imprestionavel ,> iy aN FOLK-LORE PERNAMBUCANO 39 Pnigavam ostas funatioos sebastianistas, que, para vorifl- car-se o almejado deseneantamsnto do reino, era necessario re- ‘guise ag podras @ 08 campos eireumviainhos oom o sangue da vvolhios, mogos « ¢riangas, @ até mesmo da animaes ; que tudo isto ‘nio 8) era necossarin para mais approximar o termo da prodi- *closn apparicdo do rei D. Sebastiliv, como tambem sous the- soaros, 0 qua era de summy vantagem dquelles que se eubmet- ‘tessom, a esse herbico sacrificio, pois os velhos resuscitariam ‘mopos, O8 pratos alvos como a Ina, e todos recs, immortaes 6 ailerosos ! 1B assim entregavam-se ao sacrificio, intrepidos, volunta~ lamento. Os proprios paes conduziam os filhos 4 matanga, @ mopos ¢ velhos, todos corriam presauroses e dominaidos do mais ar- dente fanatismo para o saerificio, pagando assim com a propria ‘Vida 0 seu tribato de sangue com a esperanca de ver quebrar-se ‘esse cruel encantamento e auferirem as promettidas rocom- peusas, Silo indesoriptivels ¢ horripilantes a4 scenas de sangas ‘e de carnagom, o devesparo ios sacriticios © o heroico fanatismo de semelthantes entes... Cegos, allucinados, levados do interesse ‘por famentiilas promessas de vis impostores, que abusavam da ‘sua ignorancia.e ingenuidade, firmes na crenga de que um dia, ‘ brevemente despontar, reeuperariam a vida completamente transformados, rieos ¢ poderosos, tudo arrostavam, tudo sacrifi- ‘eavam ! No dia 14 do mato dp 1938, como narra am dos muitos ilha- didos polos agentes dessos fanaticos, quo fugira horrorizado das soeaas que presenciava, destarou o rei depois do dar bastante vinho & toda, sua, gente :— gue D, Sebastido estava muito desqrs- tox @ triste do sew pervo. =F porque? — perguntaram todos muito affictos e cho- Tosas. - — Porque sio incredulos! respondeu ello, ¢ repetia #s suss ‘phrases uma vor lamentosa, que parecia vir do longo...— Porgia 4 fracos! porque sto fatscs ! © flnatmente, porgue 0 persequem, nal fi. ae ie 40 REVISTA DO INSTITUTO TISToRTCO sto regando 0 campo oneantaito ¢ no laoando ax dias torres da cathertial do eeu reins com o sangite nocestarte para quebrar ie uma eee aate oruel encantamento ls. 0 que depois disto se Sequin fo! horvivel | 6 Velho Tuva, continia o sobastianista, foi o primairo que coproit, abragoi-se coin as polras ¢ entregon o passage & Carlos Viaira, que a cottou cates, pois jt 14 estava com win theia lindo. 6 Depils, a& mulheres e os homens iam agarrando os Altos que stavam alli, ou iam buscal-os fora, e vinham entregal-o# a0 mesmo Carlos Vieira, a José Vieira @ a outros, que thes cor tavam o$ potoogo#, ou quebravam-Ihes as cabogas nas mesmas podras, que untavam de sanzue. No ange dessa ombriaguer @ desvairamento, um ftiatico, para dar arrhas da sua {6 @ conquistar o mothor quinkio do vrelno, sobe ap camo te um roohtdo précipita-se com dois netos ‘nos bragos ; mas, 0 instincto de conservacio ssordando-Ihe os sentimentos obliterados pela loucura, obriga-o a salear-so, si bem ‘jute muito contuso, agartando-se aos ramos de um robusto ca- toleroiro, que encontrara no melo da queda, petdendo comtudo 08 dois netinhos, {im ontto, poga em tin ftho de ded annos de edie. colloca-o ‘nv padre dos sacrificios © decopathe 0 brigo 46 primeito golpe, surdo & yor da propria nature « is snpplicas da pobre vi- ctima, que ajoelliada @ de mios postas bradava-the :— Afew poe, oct mito me disie gue queria toute bom ? Uma yluva, alimeniando a touea pretencio do ser reinha, immola por si mosma a dois filhos seus menoros, e flea om das- ‘esperagio ao vér que the eseaparam, fugindo, os dois mais velhos, ‘Uma irma do Jato Antonio, 0 primeito rol, ¢ desixnada ao ‘sacrificio pelo seu suceossor, que respondia da supplions @ alle- gagies do gravides da pobve victima, gritando para ot snerificn- dores:—Tmmnotaia mesmo assim para que no soffra dues dares, 2 do grrto © ado encagtamenta! — B tio aleantado era 0 «8 ‘tado intefessante da infeliz mulher, que momentos dopois de receber o gulpeYatal, rolava a crianca pela rampa ¢ estendia-s no eho! od) a Sa POLK-LORE PERNAMBUCANO AL Umma outra mulher, ainda mioga © donzalla, chogad cota souis pees naquelle mesimo dia, édesirnada para o sucrifieto; e tendo conseguiide exeapat-se omquanio se pratioava a exeouio da precedente, hi persoguida pelos sunsuisedentos funaticns ¢, de novo conduzida ao matadouro, recebow a morte, Destdrte, durante ties diay dé matanca, commguira 0 exe evavel roi banhar a tnge das duas pyrumides & innundat os tor- onos adjacentes com o singue de 30 eriangas, 12 homens, entre 08 quaes figurava seu proprio pas, ¢ 11 mulhores, etijos cada- vorvs, dtelninds o dk infoliz donzotln, quo por corter do mar- tyrio, fol considerao indigno de ompareliar-se com o¥ demais, e bom assim os do 14 eds, foram colloeados junto 4s poiras em grupos symetricos, vegunio o sexo, elads ¢ qualidade daw victimas. Observe-se, porém, que além do fanatismé religioss teans- paresia tambem, entre esses visionarios, um como que pansa- mento socfalista, porque o aicrificio dos ches era poryue — no dia, do grande evento levantar-se-iam elles como vatentes e in- domitos dragies para dsvorarem os propristarios.... Inseasatos! Aquelles que pretendiam a destruigis do pro- prietario polos sous dragies nfo rellectiam que seriam elles imesmos as victimas, porque, si Iuctayam obstinadaments, o fi- iam para resurgir fortes, ricos ¢ poderosot ! Quando © monstro 4 dispanha a proseguir ainda no seri- fiolo de novas victimas, oa manba de 17 do maio, indiznado 0 mamétuéo Pedro Antonio com a desconsiiderario que soffrera do rei, immolando a duas irmas suas; @ julgando-se com melhor di- reito 4 suprema investidura real, por ser irmio de Joio Ane tonio dos Santos, o primeiro rei o instituidor da saita, anteci- pa-se em subir ao thtowo 6 froveja 4 titrba reunids, annuncian- do-the : — «Que D. Sebastiio, careado do sua cdrte, Ihe appare- cera na nolte antocalente, © reclamars a pregenca da rei, unioa +vietima que fulseva para verifiearse o seu desensantamen E um grito unisono dos fanaticos retumba na amplidao « Viva eb-rei D. Sebastido! Viea o ngsi0 frmao Pedro Antonio! > O rei deposto, porém, que no soabe dominar quelle lanes de audacia do sea emulo, acovarda-se miseravelmente, @ vendo og fanaticos ite troinia olle tanto, a ponto de nio poder susier-se for Le ee 42 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO, . de p@, prorompetn indignaidos avs grito — < Ao sacrifloto, Carlos : Vieira! Ao sacritielo, Jos Vieira ! antes que elle se torne in- Algno como aquella tol rapariga! Andal, pois, Elle se nmo- fina t > * Pedro Antonio ¢ asclamado rei, » immediatamente arras- talo uo sneriffoin o deposto monstrp, esmigalham-Iho o eraneo @ arraneam-lho as entranhas ; © conduzide o cadaver para fora do campo, detxam-no amarrado de pes @ mites em duas grosses ar- \ ‘vores, entree 4 voracidade das féras. Resolvenilo o novo rel abandonar aquelles sitios, fol acampar om, 0 seu povo um pouco’distante, a0 pé de ama floresta do umbuzeiros, onde devia esporar-se o apparecimento do D, Sebas- « {filo 6 a restaueacdodo reino da, Pedra Bonita, eujs grande cidade, * —— ‘assonto de sua cdrte, surgiria daquella formosa lagia, disiante moia legua, segundo a palavra dos seus prophetas. Reveladas todas eskas tristissimas ocourrensins no commis~ . sario de policia da localidade, o major Manool Pereira da Silva, polo fugitivo sebastianista, resolven aquolia autoridaie imme- : dittamente reanir uma forga de guardas naciouses © paisanos 6 marehar para disporsar o ajuntamento ; forca essa, que apezar de engrossuda om catninho, apenas attingia a uns quarenta ca- valleiros, todos dispostos, tem armudos 9 mintejados. Bm mare aooslomda © sob a guia daquelly fngitivo sebas- 5s tlanista, yenoru a caravany 0 camjaho da viagem, o chegando A floresta dos uimbuzeiros para deseangar ¢ preparar-se para inyostir 03 fanatioos m Podra Bonita, onde oontava que ainda estivessom, um grapo de eavalletros que se adetatars um pouco, . i do frente com Podto Antonio, com umn granda cord do eipds * na eabaca, semi-ni ¢ acompanhado de um numerosa sequito de homens, mulheres ¢ eriancas, tambem semi-niis, © armados de fcdes 6 cacetes, Acudamenas as tropas do nosso reina tne weita furiogo Pedro Antonio, agitandé | no ara sua ora e arremessindo-s0 com toda a sia gente sobro 0 grupo tle eavalleiros, ji entio reunidos aos seus ompa~ nhelros, ¢ tgava-se uma lueta tremenis, renhidissima, corpo 0 * corpo © desigual, uma yer ae os funaticos eram om numero muito superior; © desojosos do martyrio, com a idéa flxa da ‘ a ed US Se FOLKLORE PERNAMBUCANO: 43 uma immediate ressurreietc, combatiam arcojada ¢ valonte- mente, entoando as mutheies e eriuncas os cantions da ladal- nha © outras rezas, batendo palmas ow brandindo espstos & cavotes, ¢ extraudo mesmo na liga om auxilio dos seus, guvin- do-so om geval, gomo que um grito de guerra :— I fenyo. * E" chegado o tompo. Chegow o tempo, Viea! vioa! viva! 0s intrepidos cavalleiros, porém, no reciam, 6 aindw que ‘om numero inferior, © om dar-s9 mesmo tempo para waren las suas armus de fogo, pois que bem poucos puderam mais de lima yea servirse dag. sanz espingardas, comtulo, combatem valeniemente ; # dapols de wma hora dy lucta eaem veneidos os sebastianistas, deixando sobre 9 campo da acciéo 17 cadaveres, entre os quaes 0 do rei Pedtv Antonio, perdendo os atacantes 5 : de seus compahaires. De ambos os Indos flearam muitos feridos, * ‘ entre 05 quaes 0 major commissario cuja vida muito perigou, Um trogo de fugitivos fanaticos ¢ Vatido por uma forca que chogara commandada pelo capitio Simplicio Pereira da Silva, ¢ , Pereoem na refrega mais ofvo de seus companhoiros ; 0 prose- guindo aquelle eapitio no encatco dos demais até as serras do Pinned, extermina-os om actos de resistenofa. No numero destes figura o celebre Frei Simio, que morrou parto da fazenda Lagol- nha, escapando aponas o fanatioo Joie Pilé, aquelle que se ati- vara do alto de um rochedo com dois notos nos brags, ¢ que homiziando-s no Cariri, morrea tempos depois, tranquilla- ‘Nao fol pequeno o numero de prisioneiros que cahiram 4s ‘miins dos assaltantes, entre os quaes avulinvam mulheres ecrie © ‘teriam mesmo sido todos olles immediatamente tuck is dados, si a imo no so oppozesse 6 commissario da policia, quo difficilments conseguiu dominar a geral indignacho da sun Conduzidos os calaveres das cinco victimas que cahiram no : combate sontra os sabastianistas, tiveram condigna sopaltura oa egreja da Sorta Talhiada; 0 regreasando o commissnrio pura & sus tazenda de Bolém, com os prisioneiros, logo que ali chegou os en- viou ao prefeito da eomarea de Flores, pom uma cireumstan- ciada communieagiio official acerca do oevorride. Entréguas os « delinguentes & aesto da justica, dewse Iiberdade 44 mulheres, ¢ fee ee ee AL REVISTA DO INSTITHTO HSTORTCO ‘8 eviangas foram confiadas a fomilias honestas para ineumbi- romso da sits eltteaio, Entre os primetros figurava.o pao do rei Joo Antonin, Gon- ‘galo Jos dos Santos, que contemnado polo Jury de Flores, acabout 64 sous dias na grilhota, no presiiio de Fernanilo de No- ronha, Sou filho, parm, niio {Ui menos infotiz. Desoobertn o sou homizio, em Minas Geries, a policix foi wrraneal-o do Ik 6 t= mondo os #us conductores cabirom victimas de algum antit seu, resolyarain maar a ese porverso impostor, oujad dots ‘trina {antas desgracas originaram. Dols mezes depois dessus ocourrencias, fot i Pedra Bonita 0 shisiionarto padre Francisco Joss Correia, ¢ reuntudo as opsadas das vietimas sacrifiendas para o deseneantamento do roino de D. Sobastilio, assim roduzidas em tio breve tempo pela rapaci- dade dos animaes e aves carnivoras, sepultou-asom uma grande cova, sobre & qual levantow um cleyalo cruzsino de muvloirs. Como vestigios dos tempos genesiacos em que of animaes fajavam e viviam em sociodades constitaidas, com os sous rele céttes ospecines, como so observa nos cantos populares que Tes dizem partioularmante respeito, 6 do muite interoo o que se eolhe no exame do crondicas © superstigies que em Knguagem propria diz 0 povo com relagio nog animaes, quer nos sens ditos ‘© proloquing, quor em face de yulgarissimas legendas. Bm um esindo todo local, # obyia, que fio nos 6 dado descor ‘& pormengres sobre um assampto de to comploxy natureza, eumprindo-nos mencionar apenas, abordando so assumpto, 0 facto da doifleago quo tvs, entre outros animaos, © erocodilo, pelos roflexos do culto votailo a esse reptil, manifistados no ‘nosso meio social. © culto religiosy dedieado ao jacaré, do uma consagragiio eral nito 86 no Egypte como eatre os demais povos das regiies africana, © que se estendia até mesmo 4s tribus selvaens, teve ‘0 sou logar ontee n6s, si bum que somente praticado pelos es” ‘crayos do procodencias divorsas daguctls continente, ecnjos ves tigios ainda toje so manifestam nos maracatis exhibidos pelo FOLK-LORE, PERNAMBUCANO 45 Carnaval, em que digura, da-par com wm foticho primorossmnents ataviado, sm jacard empathado ; © et outros tempos, vias egualmente uma serpeate ostampads, nos seus estandartes, @ f. guradamente, um elophaate a caminhar, cheio de adornos » corouio de um particular respeito, imporiando asta exhtbigao ‘uma synibolica reprasentagao: do culio rel.gioso quo tambem elbes yotavam os africunos. Kim observancia, portanto, ao nogso parKioular objectivo, ‘itoumsoripto em limitatos moldos, prussemas em revisteo que € ‘peouliavinente nosso, ontrande desaasombradamente por ass mare magauon dy. abuses, aervindo-nos cm suas explanagbes da propria phrageologia popular om tola s gua nithle#, para firmar © ‘uma positiva’ asountuagao de Teigdo particular de semellantes preconcottoa, allée do um earactor goral, mals implantados enite ins por herangas de vetustissimos Legulos, orizinariamente de fontes differentes, porém, de uma consubstancingas to intima ha indole do pova, que sri dificil, sin&o impossivel mesmo, dosvia!-o dessa suas cronas. ‘¥'de mau agouro o passar de um boioure gumbindo pelos euyidos da gente, © por iso geralmente exclama o mulherio eu poraticicso umas phrasos deste jamz — Creda ! Vai-te para quem fe mandou; dise que ndo wa achasle; ee arrenego; dbronuncio; nade retro; cruz, cantolo.s.. Sito tambem do mau agouro o canto trigtoaho o Ingubre de uma coraja, dosferfdo ao chi da tarde, 04 o seu simples po ‘sobry o telbado do uma cas ; as borboletas pretas, as formigas de azas, 0 moreogo e o beljactior, quando nos Invadem a easy bem como o anum, quando vem sentar-so 108 arvoredos visi hos das casas habitadas; a alma de guto, quando anda. solita- ria 00 jrcamim, exhalando ‘ous seatidos queixumes um 1a- ‘mentar triste, aterrador. Quando um edo cava & ports, ou quintalde uma cass, 6 signal certo de que alguma sepultura se tem de abrir; ¢ 0 arnt dado berrar de uma. vaccs, 9 tive do oo e & pougads de um uurubd, no tolhado diig habitacdos, ou repotidaments passando em torne das mm of suas yOos altivos ¢ circulantes, io ovideutes prenuncics de morte ; mas.a esperanpa UMA especie do gafanhoto yerds, quando entra em casa ou poasa sobre uma 465 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICD Pessoa, inspira aleria & contianca, como monsagelra de folici- dades, esperanca de veniuras, © canto alegro do rouxinol @ do bemste-vi nas proximidades das Wabitagies, indicum visita ou chegada proxima do uma pessoa ausente ¢ estimada, bem eomo o do pitiguari, qua paroser distinctamente dizer na expressio do sou cantar : — Otha para o eaminho, quem vem... ? O burro éum animal abensoado, poryue foi numis barvinbs que Nossa Senhora fugiu para o Bzypto. 0 boi e o enmeiro sio ‘tambom abengoados, mas a gallina tem os pés excommungadtos, Porque espalhava ax palhinbas que aquellos animacs reuniam no sou estabalo para oarranjo do leitodlo recemnascido Mossias. © puto @ 0 poril sto tambem exsommungados, porqua, nu phrase de uma curiosa legeada, geralmente narrala por mu theres no sea contar de historias, quando o gallo com o sou canto annunsiava o nascimento Jo Messias, dizendo, — Christy nasceu ; 9.0 cordeirg rospondia, — em Boeken, Patoryitia o pato — Cobra firs, ©.9 yerticom a sua arrogante frsuldade, de pluma- gem errigada © azas arrastando, acudin immediatamento— Logo, logo, tog ‘'oonsoante com esta legenda que se canta nov nussos pase ‘oris uma jornada que comeca = Mela noite! canta o gallo, Dizendo — Christo nareou f Cantam os anjos uas alturas : Gloria in excelsis Deo ! ‘Ogaio Gum animal estimadissimo, quasi que se pole afliemar, que nfo ha casa onde no hnja tum, pelo menos. ‘Toda essa preililocyic votaila avsse felino ¢ acaso um fagi- tivo vedligio do culto qua ji teve o gato onteo vertos ‘poros, eomo umanimal sagrado. Etfecttvamenta, 0 gato de Heliopolis, epmo narra Oliveira Martins, 6 0 anita! easrado de Best, onde tinha como santuario um bosque erguide nam comoro, ao centro da cidade, enjos cvonfes traziam, onigo taltsmans qué afugentavam or mis expi- rites, caberas de gatos pendentes do peasogo, Os gaios comlam FOLK-LORE PERNAMBUCANO 47 PRO, Islle epeixe pogoado no Nilo, Cala casa tinha o sen gato como Ponates, @ quando morria, a familia rapava os sobrolhos em cignal de sentimento, ¢ enterraya-os ritualmonte. O.gato ¢ um animal forte, resiste & fome por muitos dias, « coahindy de une altura sinds mesmo consideravel, nada, offre porque tam ste folegos. Odato, porta, @ goritmonto lateta, furta com uma gol. teu poricia almiraveis, @ manifesia nested yersos os seus ‘losejos para o bom exito das suas excursves: © Uma casa de porta aborta, ‘Uma muther desouidada, e © uma panelia desoobarta. Quem mata um gato tem sote annos de atrazo em sim vida, Go gato proto di felicidade 4 casa quo o possue, apezar mesmo do demonio algumas yezes apparecor assim metamorphoseado © gato, porém, rio é amigo de ninguom, ¢ aponns crin atfeigies 4 casa em que vive; ¢ dshi tornar para ella quando seus donos mudam de residencia ou fuzemi-no progente a al- ‘goem. Cominlo, para prevenir a sua volta contuzom-no doatro dg um eacoo, » doita-so-th» azelte 4s narinas para porder 0 faro do camino, © nio fagir. « Quom piss o rabo de um gato nio casa no anno quo isto, oxcorte, ina curiosa historia de gato, narrada polo nosso chronista Jaboatdo: « Oeioé tambem um animal estimadisemo, muito amigo do homom, por cujo affecto ¢ extremos praticados, 6 represeniado comosymbolo da fidelidaide ; @ tem om suavida historica, frilos propriog de verdadeire huroismo, de par com admiraveis factos da sia. proverbial loaldndo e dodicagito aos seus amigos, muitas ‘yous loyados até mosmo ao proprio sacrificio da sua existonoin. Esse — condidatod humanidade —nu phrase de Michelst, ¢ ‘o unico animel que tem fastos literarios propriamento sous, quot em pros, quer em verso, quer mesmo om monozraphias ‘especlaes, como a de Maurice Macterlinek, Sobre a morte de win ‘flo, 0 aon querido Peldax; o a, Historia dos efes celabres, de Fro- ville, tradnzita pelo nosso compatriota Dr. Caetano Lopes de ‘Moura, nomeadamenta, 6 uma obra volamosa e curiosissima, © ‘acaso dle enainamentos mesmo so proprio homem. Pondo de parte, porém, o ques respoito do cio seria licito dizor em um estilo particalar, limitemo-nos a encaral-0 s0- mento polo que a sou respalty voga no anime popular, entirw nds. Vive o cio om constante guorra. com ogato, do quem alids JA foi amigo muito intimo; dahio proloquio popular: Viner como ©. povo diz alula, que < o carangusjo s6 é gotdo nus mezes {quo nio én x: malo, Janho Julho agosto », Si é poixe ou nfo, ou admente quando como tal é fopntado, dixomests versintos do um vulgarissimo Drlnguedo de erlauga, ‘eantado o dangado emt rosa: ‘ FOLK-LOR PRRNAMMUGENO #53 Ciranzuojo nage polxe, Carangualy peixe ds Caranguejo so ¢ peixe Naonehevits da maré, Ori magro carrean agita patho konto, o a volt tom a Docea tarta pore arcomodou & Nossa Senhora, quando lhe per- ¢ suatou sl a maré.cachin ou gasava 0 mussi nasze do evinat dw cavatlo mergattintas om aguas estagnadas, @ 0 cogumolo, di excrésio urintris do meso animal; 0 moreezo & asia motamorphove lo rato yelho; « daa liastve seco do oertos atbinstoa, Ja Mespides le folhayem, nascem wablos Insoatis, esto 9 gifantiote, fomendaineats, Ancontrario, Porm da careigy ta ctzanst, qaanio estolva, vistime do sow muito eintar do am feehloar agadisslms, miler o eps sonhe= lilo por japdeanga, de granites virtudes modicinies. 0 hagnio tomas costas cm remenios provonionts do um osasive, imi granite quodaquedent em mofo eamtuhi do ama viaitodrgue fez ai oo, enjis pretioularidatos rofhee assim um conta do oveto das noseis historias popalares + « no outro dia muito eedo, ndo fala alyohuiamonte, aio boowja, © nom abre a ‘dovta, Reza por tres veees ua Ave-Maria, thina depoie um bo hecho d'agaa, ¢ barruti Us canios da casa dizongo mental e re- potidamente: . +Puigas'o Diolios Fiquem citadvs, Que do hoje pire amanhi ‘Voos sv. muilatos NU —————— FOLK-LOWE PERN AMBLEANYY 55 ‘A cobra quando #utra nagoa deixa o veneno em werra,e por iss0, pleando entio aalgnom, niko produm mal wlgam ; mas a mulher, no sea estado Interossante, ainda mesmo mordida em terra pelo mais veneuoso op\idio, nad absolutaxente soltte. Deus preserva do perigo para nao morfur ein ella o innocente pagio que traz nas suas ontranhas... ‘A mather que, ao enoontrar-vo com uma cobra, virar 0 ¢6s da © ania, dizanidor estes press par orden de 8, Bento, quo ¢ oadvogato ‘contra 08 ophlitiog, fea ella immovel, e deixa-se matar sem ro- sistencia. Cumpre notar, porim, que os oshidios ¢ bem ssaim o8 ani . ‘aes dainnialios #0 de oreagio do demonio, com Aza legend, referindo:— Quanto Deus ao quin% diada eroagio do mundo fox os enimaes domestiost, 0 tados os replis da terre, onda: yim $= qunilo eave especie, nw pitase do Genseis, iavajosoSatanar dessas, maravilhas, pediu-lh> licenga para tambom fixer os sous ble s chinhoa; © annuindo Dous ds suas supplicis, abiion o anjo min a geaga eoaeodida, 6 ereou 08 ophidios « tollos os animacs dan- . nninhos @ nostvos ao homer. Qs ophidios, porém, sto Impoteates porante os poderes do ‘um curado, a quem absolatamente ni offandem, & ao eontrario, ‘© objdecem mesmo, como «(ue donitatides por uma forga supo- ior, a todas as stins onions. . ‘Ksereve Tollenare que preseneiou numa das pragas do Recife, em’ 1817, 0 euriog0 fucto de um wegro liavito por fel- . ticetro fazer dancar duns cobra de tres pés de gomprimento; Pefere, que No ongentio Salgato, em Tpajaca, havia um outro que oingin 0 corpo com um dasses reptis, que imimediata © passivamenté exdoutavy o que elle doterminava ; @ conelae, narrando esta singular occurrencia, communicada por um sou amigo, daquelle angonho, ds euja veracidade, dit elle, niio pédia duvidars Soir, om! moio,’6 capsoialmente os quo fora psioa Jo: inoio-i4a"® wma pry gazvm da a viet: dosinguiaridiins, cone a4 Ihe aatathem, qusbraenes Sad vert FOLI-LORE PERNAMBUCANO: 6L | Ondo se mata 9 boi ali se esfolla, Giariba qunndd se Yemeche, quer chum. Aovelha mags mavima na sta teta e na alicia. . “Uma ovellin m4 delta win robanho « perior. | Madsco velho nfo matty a mio em oumbaca. (4) | Calla macace no soir gallo. . © Quem nde quer bavutho eom jacipé, tint 0 cove da agua. Em torta do sapo, de oocoras com elle. Cobra que nao anda,'\io aproha supo. A primolya pansada ¢ que mata a ogbra. Dois tatii+ maslios nie moratn em um bara. . Dols Vioudds na 0 baljam, . Em festa do “acard my watra bambi. Pela bition more o poise. ¥ ‘Trairs no comes $94 purciita, Com mol so pagan a8 thesis, Nio'se apwham moscas com vinageas Bocea fshiada no euiram tosses. Papazaio que fala multo, vab para Lisbin. Papagaio come mitho. periquivo Leva a fara, ‘A firmigs quando quer #8 panlor oria azas. Mio sa apinham wares w bragis enxutas A pluntusioaye frvita Puoxlaagto papular tom feito do 4 Diao tit dos porzomigens mats notavels dontre os que Agurdm as no. imuiiou9 eonesrto dae sitis eroudices ¢ supersticbes ; 0.que, eomitudo, io chogow aodesviliramento do tributar-se-the um Agobeaa de poteas, satrasiny ahoutaw a> on Hbeisoi nada ths Kwopate oncalcar © girrob'—u do pigs do gals brayios pxtravixtos () Bete anusiia’ aiuito! yalgar “dia tooo Bresil, quando se quer wise, yiet 6 ranito dificil Wludie © coganar asim hamom cgpirients robes du origom tmpy, come sie Gute do fbi, quo o cneontevn al rimailo, ‘asim! — Magic rnunitéo ¢p) entambierd Ope, — sai -xim qui , omeamg de gas nok serrimos em portage, Lig tutus & 62 REVISTA DO INSTITHRO HiswORLLO alto, @bino outr'ons: ii tore, a ot8 (nine ontre oertow povos da eivilisads Baropa, cujes prticulividules pio vain pgora ao enso enn MEV estMdy fool, (its dessin dit-rin nos Gen miotdencing solo esie Krete foto da oozti9its humana ly xen lee homensgons ‘caltnaos a Satan, » ootobrinyto em sux Noara, entre oxtras: ma: anifestagdes do rovorenola, ese exnay Jo vardaktth angie @ doe gradago moral conheolitas pelo numa de Menta. negra. Sim, Entra n03, nunea xcinowa diatolniein, . Rotretanto, os moasoe idion eraim, le wn certo milo, dlaboe Tatras, niio someute: polos yestiziv: que a vospolto ttansparecom ‘nas sou ceding » siyyarstigdos vollziossay como msinto pela eon signaeto de alzumas demonstricdss positivas navindas yelos nosso chroniitas, las quales deptsertuos os dois seyuintes fates, de qua se oesupa o Padre Antonio Vieira, na sun. itetegte da aniss6 da serra vie Loianaba: «Um vello teiticeiro, doa intios dy Pernambuco alti dom. eiliadis, —levinton wna ermida ao Hitho now arradalies da por Weaciio, ¢ pox Hella, im idolo eomzosto ds poonas, o progou que fowom tolos yenoral-a, para quo ives lioas npviiades, pore ‘que’ aqholera o que tina pour sobre as somentelras, e-esmo @ tevra @ mui sajiiia @ fome, fou min! potoos os que flearam -sem fizor a sux romarin 4 ermida. < Estava 0 volho assontado Holla, 6 o2\intva eiimo 46 havin do fazar as corsmontss Wi vovoyis. quo ves haveram do: bailar eoatiniamonte ile dia s dy noite, als quo as novidades pati ‘Vessom maduras. 6.08 46 eangsvam o auliiom da danga haviam do beljar 9 idol, vo qual aMirmavam gignos, qe oviram ao Demonio’ fila. reom 0 Velho, outros qhud #6 lbw mosteon visivel ‘estilo de negro, -« Tiyoram oa puree uojjoia do tesa loro, forum loo quetmae @ idolo, e levantar em een lognr uinn crux dentra eoutin fea; mas, no dia seguinio, amasheosnuts ambas as chris fuitus em Peilagos.» © Coutte ficko é asstin mare vo por Vietoas . € Um Basphimno cho cou n-ligor om prasengs de muitos, que niio'tinha outro Doi sii © Piitho, mas, perailtelu logo Nous ‘que exporimontises om al snedide, Qui ska ayuelle por quoi a tromiva, pare cutive Men's dos outrys que o nham ouvido. POUK-LOMM PRENAMBUCANO 63. « Botrow nelle o Damyals Mo fariosd o desssyorademento, que sedespodaoavs, wel, @ inamty ovttava fugian todas delle, © nio hi¥ia (hom tho paras dianty. Fizsram-Htioe os padres 08 esoreisino: por asjugo de ito Glas, com qué a Iergot 0 Deinonio ‘por entv; posto que depais toracu per veaes a atormentalo, * mag, J) com manos arin. ‘< Flooa to onsinado oiin este eastiga, que dalli por deanta’ snio shin de-casn dos paidran, nom du egrejé ; oandando sempre ‘nemato com ns canto asco, dew publiea satistacda ao es- eandalo que tina dady, protystindo qua cstava fora da si, @ prdgnailo ent toda parke-que’a divindate er 46) tous, mionio a mais mollny de todas aw craatutas, ¢ © mais abomi- navel.» (0 Dlabo, soguaio's £ua physlononia physioa e os sons pro. dioados moraes trigadas polo pove ays #ausconWos, ditos e anno- xing, # sajo, doxo, imuite séria 6 tasitumny, triste mesmo, nio s@ Ti nbsilulamente, © ila fle gree purra vednywaut se rir, ‘Basa sua jeistezn, dmensa 2 dace, @ talvoda nostalgia do ‘céo,— ily onde fui oxpules pola sus reboldia contrac Creador, @ proelpitadiy nia wbysmos do infra, Olle, axjo deypelmeira hie- ‘varchia, 0 Lucifer queridare Jeboval, cojo nome quer dizer :— oguetecwa tus a estrella: da maha, Saguodo Guilhorma dea Paris ( Guitlhterinas Parisionals ), 0 physiog do, Dlibo — nfo 4 procisaments oomo-o nosso, inns pre: sonta amuite gemélianga.— 0 homom Wranco diz que alte ¢ © prety, Ha cdr do woite, naturalmente: para o nio ver com -ogiinl ‘cb; 0 08 afrieanos, no Gouteario, acaso levados de iguaes sont. meontes, dizem qué alle @ branco, de wen de sieve. Apparvcs sob (Ormas diversas para tontar © pordor ae crea: taras, mas, quastsampr9, sob a do um molequys tin gato prot, ‘ow como se 00s ume communmante ropresental-o, um homem ‘Yermello, de ouavelbys. rabu, pes de pato ozs como as do -morengo, 6 de, uma catalura. horrivel; a Mythologii, porsin, Wando-tho o nome du Plntia\e « soborania vos sntarnos, pinta de negro, o tio flo, Gas nite achando muthar olguma quo.o asveltaive, eaptod ol Proverpinit, Ola do Jupliow o de Cores; quando ostava eottyeuto flores aos peados da Sicilia. Mus, @-DAabo’ nao é (00 foie cowo o pinwanr, segundo nm proloquio popular, & Sl 64 REVISTA DO INSTITUTO WISTORICO Milto'o pinta mesmo do uinn deslumbran ballozm no seu Pa- ra iso Perdido, * Os chavellios 6 rabo que trax o Diaby furan postos por Deus para o assigailar de modo a toraal.o conhocido om qual— Auer parte que Appareca® ; ¢ para sor logo presontido ao appro alutiag-82 atou-tia um chovallio ao possooo, Mageado 0 Dixho com aquottes ‘signa, podiy humildeniente® aDews que thou tirasso ;@ nio sondo attondido, supplicon, quo he désse, a0 menos, qualquer cousa pure 08 énsobrin. | Acqulsscem¥S Dous a esse: poitido, deu-ihe amma.caps, porém multo outta, ¢ sim captiz, do firma que, quando o Divbo pdo-n'a } Sobre os hombros, apparecem-he os chlfres; 0 quando a eolloca nia eaboya. flea com o rabo de Sire... E assim expliew a legenda esses Signaex eiravtaristious do anjo das trevas, Ua tambem dinbos pequoainos, © um desea 6 0 conhedidige simoidiahinhoda mt ferada, di umm travesuta wiorins; 6 bem i ‘Susi, como refere Lopes Gama, datos tomes, chamadaé suce ewhis, 0 uas diabretes com o nome de inevdo, que fazom fyscas fa moras. i . A legiao de demonios ¢. numorveissiina, ! Segunto Jo%o Wyar, colebra medica de Cleves, do seoalo ‘XVI,.a monarctiis do inforno consty do 72 ‘peiveipes diadotinos, } ‘08 quaes tm sob us suns oriens 7.405.025 subiltos; pordm, so. send) Guillicrme de Paris,— que procoden a um caleulo, que | afinma ser exioto, existom nada mals naila monos de 4.435.556 ~ Ainbos, qt: um eaeriptor holiander, a seu tuo, assevera sex ainda rawito inferior & reatidade, A Chorographixdos Butados do Diate & conhosidisiima, gragas ~ | sua vulgarizagiio por Jacques T da Inglaterra, A gotealogia do demonio, nfo se 0 enearando sob 0 ponto ds vista mythologico, 6 completamente desvonhecida, @ ipenas | Sonsla, que sua progenitor tinha o nome de Joania Padeiva,, aciso por se Inoumbie do fabrico do pio uo inferno para slimon. ‘agiio da grei dewouiaca ; © dos seus earastores pliysiooa, qua Haba ella.o mariz, dofsituoso, poryue o Disbo tanto 0 endircitow ald qua 0 pix torta ve-por flan oahia vista do proprio Mo quo Smatou com um cino de expingarda, segundo uns, ou do buta, ‘fexundo outros. POLICLONE PERNAMBUGANO 65 Commetagia, porcim, & txpulsio do demonio do Paraiso mo- tisuda polaysua rsbeldia contra’ Deus, refire-se 4 mesina hls teria narvada potas Keseipiuras Sagradas. ‘Wma ver pa trea, sorvindo-nos ayora de um bello conto de Bega db Queirox solr O Senior Diato, tore ello prottssday die ‘Yersas. Em Babylonia, ¢ jogador, pathaco, carraseo ; fi mioe~ doiro fils em companbin de Felippo 1, do Litle VIL, © de Hin Figo 1; 2.0m tosses assos deavios chegou mesmo'a sor tadrie, voulbando ag gallinhis 49 abbide de Cluny. ‘Nest vidtds wayossuras—¢ anvenenator, fnpostor, vale oso @ traidor, © tofavia cin certos momentos da historia 6 vo- presentante immonto d) direlto hymans, quar a liberdade ea fecanilidade, & forea ea tel, Libertino, diffumailor, namowado youtil, tore navies ce- Iohres, como a0 Rutiguliladé a mie 40 Cossr, e on edado média, a della Olympia; na Bepach, magpie de usa rand ponuria nas regides montanhosas, comprave por qiilnan selulligses o amor das mnulhenvs des hiyheanders, © yowava-Ihos com a dinhetn taso que fabiioava Gon aquolles sobersnos, eam c-mosino cobs de que se fizlom as enideftys onde cram dozides Vivek ce mosdivivos falsos }dirl.fa cantas ropnssadas do aynorory teraura ie Mrolsas dos conventoi da Allomanha, ono seevlo X¥i—tentara evn olliares olicis de solas mies mslodramatioas dos Hurray; ome fim, tastas artes fex, quo $9 viu forgido w caste no Braban{o com 9 fitha de um mareador. Fol elle qiia inventow o* eafuites quo eitanguocoin 4 alma © a8 armas quo osinzuentam 0 corr ;—0 so de sua ‘ereagiiy 03 animaes damaintios io to la ospoets, : © dinbo, a8 snag mullivias towendas, ¢ eum eiracier tas constante, © chelo do contrvlicgses.— Aconselha a Chitisto que Viv, consulta Arisijtolix o Santo Agostino, deiende a exreja, @ ho Seoul NVT-G 6 manior zhador’ da Coluisits dos diztmos; 16 ‘RiDiL no proprid toxt> licked, © éanta peatmoe nn exroja, da Alexandria ; We noite, einicatoe ompaaito, bate porta dos dus miniquiios em Florenca, e doime na calla coin Savenarola, ‘tendo antes joxado com os frwles mondicautos mas encraziltiadas da Allemaniia, sentido na relva sobre a sella io seu cavall como contraste de tudo isso, tents Eva no paraiso, motamor= sm 5 Mowo tx. m1. ASSET 66 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO phoweado em Ferponto, eagama o prophet Daniel, apupa Job. tortura Sara, o intonta proceso contra a"Virgem tortura ‘og santos ¢ 08 mongies do Ovcidente, esearnces S. Macario, e para tentar Santa Polagia offaryce:Ihe ramalhetes de orevos; eepioagy 8 ollioa de 8. Stilpicio, combate o sicerdocio @ virgindade, @ scontellis nos mysticos quo extrem na humanidade, Un dia, eliegou o termo da axistencia do diabo, ¢ elle wore ‘em adude provecta, exquesidamonie fe Ryn de Queiror, como qua ‘trncando a neeralugia do Senhor Diabo, assim dix dos wltimos epi- sodios da sua vis—trazioa, Iuminose,o2leste,grotesen © suave: “« Nos seus Vellios diss, elie que tinha suppliciado Judas, quo vondon Christo « Hrato, quo apanhalow Cesar, conspirando contra ‘os governadores in Allomanha, inspitundo os juizes de Soorates, discutindo com Attila planos do batalla, deu-seno pescado daguls. ‘<8 Rabelais, quando o viu asim fatigado, engolhado, ealvo, gordo o somnolento, apupou- «Halo o damogeapho Vier escreve contra elle pamphlotos sanguinolentos, ¢ Voltaire criya-o de epigrammas. : ‘< Odiabo sorri, ollia om. volta do si para os calvarios de- surtos, eseveve as suns roémorias, e num dia aevoado, depois de for dito adous acs sous velhos camaradas, — 08 astros, —morre enfastiado © siteacioss, ‘« Beranger esoreve-the o epitaphio, os sabios € poetas celo- bean a sua itiorie, 0 o8 monges erguem-lho estatuas. «Proculensinow-Ihe a substancia: Prossul, as suas aventuras a noito; $. Thomaz revolou a seu destino ; Torquemada disso a sua maliade,e Padro de Lancre, a sua inéonsiancla jovial ; Joie Dique eserevou sobre a sua eloquencia ; Milton disxe a sua bel- Joza @ Dante, a sua tragedia. + Mas ess, fol 0 dlubode lit, das sombrias ¢ nebulofas regides Jo velo continente. © 10380, porém, nao morret ainda, Reco Ihieu-se & vida privada, como,os yollios ¢ cangados politions, mas de voz om quando dié-nos umn ar da sua grapa, © apparece-nos ... Das apparigies do diabo, entre nds eontam-se innumeros uctos revestidos de todas as suas clreumstancias ¢ mfaudencias 5 porém, o que é particularmente, e fasistentemente narvado polo populacho, é'que todo aquelle que quer /uscar venfuras, Yao & rus do Pairdo, no sthmo do Olinda, ¢ 4 mela nolte em ponto FOLK-LORE HERNAMBUGAXO 67 invooando a Satwiaz, aeole clle Immediatumente, sargitio das ontraniagds torra : © frmando’o candilato um pacto solenne como sangue das suis proprias veias, do: flsar-lhe pertenceni 0 ‘era corpo ealma,—comeca a experimentar deste logo os prodigio ‘lo sow poder t 1 esse 0 dinbo do Sabbath, das legendas modioraas européas, —doontidente dos sorvas eos foitiovines da mefa-ndite, —que poptlarizou-ss eatre nds pelis migragdes aryinas, apezi* das condemnagies da oztcja, ¢ dis poaas falminadas poly Regimento do Santo Officio da Inquisigiio—contra os que ixvacawam 0 rléabo & nha pacto cow elte. Os quo 4rmam asstm um pasto eomo demonio vem atrie~ seclhos, immediatamento, umn dra do falieliaiox @-vonturas, qua perdura por toda a sua existencia, © os mais oxigentes o val- loses, curvarlos ja a0 peo dos annos, yollam nieamo et: das 6 fortes para 0 complete gozo da vida. Os que assim portenvem ao diabo, quando morcem, vem elie earrezal-os para o Infwio; © de muitos tesses, rofore-se o facto do enoontrarse no caixto, como despojos mortass, uma carta poreiio da petras, porqueo eoxpo tina dosapparecido arrebatuto or Satanay, A phrise inuito Vulgar de—Diato da Casa Forte,—logar eoleb>s nos nossos antes pela baialhe ferida, em 1645, contra o batavo invasor, vom ceriamente, io apparecimento e proeeas do ‘Satsmaz na locatidade, Nos nosso antigos fundinos havin uma seena final da ap parigto do diabo, © nas extinctas procissses do Cinzas flgarara elle om Iutas Gom o Anjo da Guarda, que wrmido de wma tanga defouddia as sans iavestidas contra 03 Santos lanvcantos, « cujas seenas se rofere um pocta do tempo, quo desorsveudo a prosissiio menciona o grupo dé Adio © Eva, ¢ mais aquem ‘Unx Anjo e Satsoaz om pura essencia, que, sedenio de carnagem Guer « turbn Infantil it immotando, ‘Mas reetia dam Anjo, ante a eoragem. q j j ] 1 63 REVISTA bo INSTRUTO ISTORII 0 nosso chroaisty Jaboatty, na Estancia £¥ do sowtivro de- Aiow10 Capttaula de Porto Sagar, seata multo soriamente da alguns casos do apparichis io dinbo mo nosto Brazil, eaforlsidosse enbio, ao Piso di Palermo, qu —doixavase vox em horrivel forma, sobre 0.alto dn cidade, todo fogoso, ameagando estragos agg seus moradores, —~ Haas apparigies do dinbo om Porto Seguro, que o novo clironisia minuciosaments relats, sorvindo- himano, nem or isso 4 otira é radical, porque na phrase do rif, « quem 0 riaho tame sma ees, sempre the fica 0 yottr. 08 exorcisinos obiervados para —doitvr demontos fra des conpos humines,— sdmenie a ogre) us pote pratioar, por par Hoular © exclustya competsncia ; @ dist'arte a Constiluigas do Aroehigpado dts Behia, do qual 6 eulfraanes 0 bispaita de Por samiueo, absolutamente veda aos seoulares a pratios do seme- « Ihantes exoreisnies, sob pone de exeommughie maior ipso feta dnourrendsy 0 mals vines cruados de multa, Apozar disso, pierteuta egra)a oso privilysin, em tues de tina foims} resolu deoretata, pelo Maryaez do Pombal, su- Braito mialstto en tug o reisado de elstol D, Joss, pela qual, a phous do um historiadie pactugaca, — manda, com o désdo anta;— pelo que, muitas vez0s succode haaver 9 diato.« guatyo no calor das contondas ; © si porvontura ito triumpham i rasio @ a justiga, resigne-so 0 perseguido, que ‘ serd vingado pelo proprio demonio, porque — quem deva n Daut page eo diado, Convem nio ser anilejo e viver pola cass atheia, porque —enda um om Rie casa 0 diabo nio temo que fuzer;—o ter-s0 ij eonviegdes Armes, laabalaveis. eno andar-s» com wma vate acoesa ao Deus ¢ outra eo diabo, Em todo vaso ¢ pradente iver ‘bem com Deus ¢ tom com a dinbo, porque —o diabo mio tao mdu como se dig... VPERNAMBNCANO: 7 FOLKS Dove-ss evitay sempre aS cotnpanhias e ertos negocios em que figurem tres tndividuns, pordun tres o diabo fos ; © fagin” do cortas comsas como 0 i'vbo jane da oraz. ‘Mus; apezar de tudo, concluitnos com os eehios lo proverbios f = Vier Deas morra 0 diado t Por uti phenomeno da.nssiinttagio Lavra no animo popular arrangs do rmytiados de expecttos, fdas, visies © apparigies + ly ospiritos, aliras penadas, avjos, demonios o bruxas, 0 partie ‘ealarmonta os mythos do Lobishomem 0 da Cabed-oabriole uns meiiéagetros do bem, quires de nmles terriveis, 0 alguns infuudir'o modo eo weror as eviaugas, com o fim de as tornar ° ‘toeo's'¢ boas, « dabi ess.s logendas tedievacs — das.aventaras cxteaordinarias, dos fitidieos tarrores da, meia-noite, quo evocam ‘as dancas macabrad, om noites de Walpurgis, dos espectros.que trlpuliam rangentes o alvejantes nos sudariig 00 liyido Ina dos volhos eastellos roquelros, onde sibila.o yento das tempos - ‘des tenebrosis, © onde gemom inyisiveis us Iarvas do mys ‘orio. ‘0 mytho germanico dos vampiros,—eadaveres que se le yantando das sopulturas pelas horas silencicsas Wa noite, © deslisando vagarosamente, como phantasmas que sid, $8 @n~ tretika achupar o spgaodahumanidade até ina hora antes de nageer 0 80), oujas victimas apresentam um ¢carsetor Sotn~ brio. melancholic, erimagrecem visivolmento go dis pars dia ce por im morrem exteauadas ~ nia ¢ abso;utwnente -eonkie- ‘ldo entre 06s. Mus, di mesma espace da vamplro, (emos.as roxas 0 as carochas, quo atacam as eriangas, ‘dy proferenein as qua estio por baptisa, quando ao aposeato ni ha loz, porque sémenta fiistrevas pide praticar os seus intentos;— chupar-ihes 0 sansue. ‘No cag Us ropetidas Investilas eomegum as criangas a om~ pallideoor, a detnbar, © perceom por tn), sein molestia) mant~ festadamunie conliecida, @ sem inesmo ativar-s6 com a causa oflisionte da sua morte, ati que apparese um entenilido, go 76 REVISTA PO INSTITDTO MISTORICO. ralments uma velha boata 0 eavillosa, que, conveniontemente Informada, frm 6 dlagnostion— das bruxas ot carcchas... Para ovitar, porim, osses ataquos 10 nocives ag erianvas, Aconsctha a superstigio popular, que é bom tragar-se na porta do quarto em que dormiren ollas, um signo-salomonico, isto 4 ‘uma ospecis de estrella de seis raios, sformaiy pur dois trian ‘ulos, conveniontemente disposios, A suparstigae da braxa yorn dos romanos, mi tempos de um fanatismo estupida o sanguinario, colhe- mds ulgures, fzoram-se morrer multissimas dessas infolizes al- cunlisdas de bruxas, para as quaes havia resorvados nos co- digos de todas as nagdes da ‘Europa sapplicios crueis, No nosso » paiz datam do principio do seealo XV as primoteas leis contra © bruxedo. Nao obstante, tomou este notavel ineremonto nos seonlos NVI XVII, No seouto X VIL ‘comopou a declinar ; e hoje apenas pelos reconcavos sombrios do antigos 6 cormdos bosquos, ou em algum valle medonho ¢ solitarly, s¢ deixa ainda, as vo- ‘ps, enitrevér a0 nosso povo aldeiio, em noites tenebrosas, a sombra diminuida, quasi anniquilada, da velha bruxa, A legonda do juten oreanta, o Asteveres da Germania, 2 ca- minhar, a camiohar sempre, dese quo encetou a sua intermi- nayel jornada; bem como dos sigantes, uns homens do pro~ digioss ostatura, que habitam nas ruinss dé monumentos aloan- dovados, om afastados @ aleantilados sitios, sio vagamente co» mivoidas entre nds pelos tos fugitivos das suas londas no animo Popular, O mytho dos gigantes, sem nos préoccupar com a4 referen= ins biblicas ¢ mythologicas, e nom mesmo com a8 bellas lezon- das o tradigdos marayiltiosas que tem gerade em. todos 08 paizes, antigos ou moderags, cultos ou nao, nos quaes sho olles inva Tiavolmente exhibidos com os masmoa caracieristicos de uma eo- Jossal estatura, « como papses quo devoraim criangas, que tém einos sem fim, on passam rios o montanhas com uma 3b porn a, chegou tambem entre nis, eno viver intimo dos nossos abori- genes enecntra-so o mytho oom tals 08 sous predieados e parti- enlares caractoristicos. Efhetivamente, erwerenca goral entre ellos a oxisterisia do ums rasa oxtinota de antigos povoadores do Brazil, cajos in» FOLGLONE VERNAMBLCAND 7 dividuos, pola-sua ole vada eslatura exam verdaoiros giganiess cerenga e888, que eneontrinio-a os portuguezss entre os indivs, adoptarem-na, o pela sua cunsagra;ao nas elronicas das primi- tivas oceupagios do palz, chogou até os nossos dias, Fabuloza ‘ou Yotiliea, tem ella perpassdo seculos, como a das Amazones, que tambem chezou aos nogses dins. De par com as crenjices de alem-mar, que nos irouxeram og primitivos colonisadozes portuguezos sobro 0 mytho dos gi- gantes; ¢ 9 que, pela corrente tradicional hardaram. 03 nossos aborigemos dos seus aniejassados ; tinham tambem os negros afrieanos igvaos crougas, ‘originariss do sou palz ntal, 0 fata- ‘vam nos seus gigantes como nomo particular de muridtu ou mir. © mytho do gigaute enire os nossos indios tintin a parti: ular denominagio do Cokapors-waci, que quar dizer—o grande morslor do matto,~segunloCouto de Megalhies, Effeotivamente, consign aquelly eseripior ao sou bello livro, 0 Seleagem, uonn tenda tupy gob 0 titulo —Jeuté Cokapers- wari, 6 Jnbuti @ 0 gigante, cajo envedo é este : <0 jabnti, que nfo tom Lorca physica, aposia como gigante ver quom arrastatia a0 outro. Tomaram cada um a extremi- dade le uma conia: o jabuti devia puxar do dentro dagua, eo gigante de terra. Aproyeltando:se desta circumstancia, o jabuti ‘mergulla ¢ amor a corda na oxtremidade dacauia de uma balda, e nadando para-a terns por baixo d'agua, veiu'so escon- der na mangem, de onde presention a luta, até que o mizante ryconbecends que nio pola vender, dew parte de cancado ; 0 Jabutt mergulhou de novo, edesatando a corda sahiu para a torr, fe cantou vieloria.» Do gigante restasnos alnla 0 proto juin — Peto dedy se con nhece o gigante,—sem duyida do orlgem romana, em face do vul- garissimo brveardo latin: —ie digito gipanse © Lobichomem, que no maravilhoso.da imagiaagao popular 6 um homem extremamente pallido, mogro ¢ do feia catadara, 6 producto, oti de um Inco¥to, ou nageott deyois de uma serie do sete flhos. Ente infeliz, condemnado pela sux desvontura a divagagses hocturtas, ats quebrar-se 0 Sou eneantamento, cumpre o sou 78 REVISTA Do INSTITU HISTORICO fadario om certs dias, sahin to do noite, @ ao encontrar com umm Jogar onde um cavalo ou um jumonto se espojyu, espoja-se tambem, toma a sua firma, o comaga a divagar om vortizinosa caret. ‘Nosso sou tristissimo iulario, que comogu & mein-noitee se prolonga até quasi ao amanhecer do, dia, ao ouvir o cantar do gallo, porcorre o Lobishomem ste cidades © cheganio, de Volta ji ao logar do seu oncamtamonto, espofa-s1 do novo, t= foma.a sua femy humana e recsine-se 4 cust, abatide ¢ oxte- undo de forks, ooiregando-so a um somno reparadar, que por ‘isso ¢ protongadissino, A passagom do Lobishionem 6 preseotida deste Jonze’ pelo Jadrar de ofes, que em matilha o acompiniem om perseguigio, dando tompo, quasi sempro, a cada um fochar a sna porta polo horror que elle infunde ‘ios timidos. Mas, si houyer algaom de cotagom, que s0 enfreate com o fobisiomem, e the faca um forimento qualquer que produza derramamento do sangue, por Pouco mesmo que sQja, tiratheo encantamento © tomanto elle Immediatamente a sua (rma humana, avabd por uma vez o seu ‘rlste fadario. 0 Lobishomem aparece frequentemente nos nossos contos Populares como um monstro horrivel, quo infunde lerrot ds criangas, conseguinio-e com as suas narrativas aquietal-as om suad travessurig, De um dosser eontos quo vogam entre nis e tom por titulo —0 Lobieiomon « & menine,—consigna Sylvia Roméro estas ¢strophes, por all si Ismbrar mals do sen todo, © nem the ser possivel menno conseguir da tradig’o popular ‘uma ligdo eompleta: Moning vooe onde val ¢ «Ea vou 4 fonte. ~ Que vai fazer? figurs.a Cabra-cabriola, mas este & particularmente seus . Os homons santos eamintiam suspensos do solo, om altura conveniente, © 03 seus passcs sio Vio firmes e regurvs como ‘ai andassem sobre a propria terra, Desses factes estiio choins as ruossas legendas veliglosas, © 0 povo os repete eom uma inaba- Invel firmeza de crenga. “ 0 nosso chronists Jaboatio, escrevendo detalnadamente o vida de Frei Cosme de S: Damiio, notavel franeiscano do con- vento de Olinda, onde professou em 1587, refere que, ssndo elle empregato em sua mocidade, antes deabragar a vida religiosa, ‘no Eggenho Velho, do Cabo, » entrando em uma aceasiaio na easa do parger, o Seti pfoprietarin, o velho {Malgo Joio Paes ‘Barreto, para falar ao moro Cosme, —o fol achar a wm chato, posto do joothias sobre as taboas dos andaimes em que assontain ‘a9 fOfinas do azsucar, am oracdo, ¢ nko sé tolo absorio nella, ‘mas loviniao no ar tastantemente>. © mesmo escriptor, roferindo-sa wo fallesimento do. Fre! Comes, oecorrido na Hahia em 1659, cousigoa wm documento fir- ‘mailo pelos doutores em modicina Antonio ‘Rodrigues 6 Francisco ‘Yaz Cabral, os quaes, em tornios de £6 © juramenty ans Santos ‘Bvangallios, deciaram, que—sestando para ser dado @ sepultara, © corpo do dito Padre, @ taratlo-Iho 0 nariz, bucea, orethas, ea: ellos e of omunstorios do seu corps, nio acharam.signal algura de mau cheiro, ou corrup;o, 0 que julgavam ser cousa mais quo natural, em razio de sorem pissadne mais de vinte e sete eee. —@<&LKws shh 8&6 REVISTA DO INSTIEETO InstoRico horaé depois quo’ fillecou, 6 sar tompo ds maiow calor, (no- sembro) sondd aeeassorio a esse necideiie, o que faztam ng ‘muitas luzes @ grande timulto de gente, de que sempre o corpo cestove coveaito..» 7 ‘Nos nossos dias, quanto s trata do virtudao pid Atéonio Vuillemain, tutural da Frangl, jertsncente & Congregagso da Missin, fundador da Sociedade de S. Visente do Paulo, 0 fallecida nesta capital no dia’ de junho de 1809, cot Bf antioy do osfte, aPelare-so quid, por varias vores, fra visw ole caminhar sas ‘potisy, @ Assim estar om sais oracies. Sobre esa prodigio obvervado no padre Vuillemin, parti- eularizamos o soguinia fet, que nos referix uma respeltavel ‘esstit, asseguramdo-nos a sua notoria lade: FOLK-LORE PERNAMBUCAND ot Tzunimente ayultam, quer aa tradigfo popalar, quar ‘rionind eodifiéndow nasinosses chionivas, varios fiotbs do surpre- endenies prog 9, qu> & rizto humana nao é dato investigar fa todos nbs devamos teroroicins a css vonsraaiad traigd>s; potiue, amo Hos ensina Aloxan |vo Hereniano ans ean Tiondas fe narratioar,— quom doar) his tri lipies Li ted para onllo o aig: ‘Tm nosso chrontsts, 0 frandisennd Fral Antonio de Santa Sabin Jaboatio, quo virow em uma dpoee de aguiisima, ascen~ tuigdo do espitito religiceo entre nox, enfoixog nas suas bollis- ‘imag obtonions da Ordem Serafies granite nume-o desses fastos extraordinavios quo a tradigio comvervava, ou colhen nos -voiloa agiotosiog ou santories religiosamento guariitos nos ar chivos dos conventos dh sua ordem, 6 dos quiuos, destacando os maja euriosos, al nos polemad esjuiyar do alludir x, ans Lantos, alnda quo per dceidene, No aportalo assolio danascante vills io Olinda, peto vatento gentio da terra, nos albotes da nossa. vida colonial, Vasco For— hadndesde Lussne linge mio da uma vara ¢ tract com ella uma grande rica no tol, 6 conjura aos todos, que too aguelle que futentasse transpol-a cahiria timediatamente mort, Celebron 0 goatlo com deitom desi advertonsin,— «mas {hace polo que fosse, o efits provott o dito, porgue arremestando, sate on oito a Vasco fara o matarem, 0 masmo fol quorer pilsmar arrisoa quo cabirem mortos; 6 tors os mals em um tal eapinte ® moto, quo confrmando-se nx opinio, que orth elle andava §8, de qua aqudllo homer cra feiticsiro, viraram as ‘costae os tals, lovatitaram o eereo 6 se;poxoram om fugida >. ‘Env 1622, quindo ag Hollondoxss foram 6 absndonadi villa to tgwarasin huss tolhos para as constracgyes que fhxiam na iihia de Tiamarasa, subiram com esse iatento & coberta da exrojt matriz ds Sitntos Cosme e Damlaio, mas av eomegarem o deste hamento, caliiraretados, uns inortos ¢ outros vagus ¢ descone jantulos, fugindo os tomals, condazinlo os mortos 6 os furkilos, cehelos de snato o tertor. “ Frei Francises da Sarito Antinlo, religios’ tranciseann, dé vida'aunta edo gracias virtides, quando firtwy as sas oraciee fm fronw ao altar-mbe davogeaja do sen convento de Olina, po 92 EVISTA DO INSTIPLTO mSTORICO ‘varias vezes—salton dos bragis de Nossa Senhora das Neves o “seu menino gs9 col}ocava nos bragos do santo religioso, que o Tecebia com excessivo carinho edovocao ; © dopols da satisfelto © cordea! affects do sow espirito, 50 toruava para os heagos de sun Mite Santissima, Feel Bernanto dy Santa Clara, da mesma ovdem, 6 religioso do convento de Serinhiiom, de volta 49 osmolas, podiu em Porto Calvo acerto morador, um boi para'o carro dé conduccio da fariaha que trazia :ao qua Iho respondeu o homem indicando a um, porque'nio havia outro que tlie pudesse ester, Kea um noe vilho bravio, qué nugca havia chogado ao jugo. Mas o padre, aperar de advertido por um escrivo, eneaminha-se parn 9 no- vitha, chams-o ¢ passivamente cbedecondo o animal, yen em sen seguimento, deixs-se metier no jugo, o\junto com os demnis coniluzin o carrots ao convento ; @ dopois o tornowo paire a sen dono, completamente adestrato no sarvigo,— paganilo-tho em denelcios 0 que havin reeetido deste mais que beat om seouras. - Rosolvendo o capitio Franciso Dias Delgado, senhor do en- gonho Trapicio, substituir uma imavem de Santo Christo do convento de Ipojued, a qual, earcomida do caruncho, eahira da etuz deafazondo-se em pedacos, mandou vir uma outta do Lisbon, Mas exquecenido-se 0 seu correspondiente daoncommenda Sestanto m frota em vesparas do parti par Pernarabuco, ap- arecou-the um deseonhecido pergantanilo.lhe st queria algama imagem de Santo Christo, Recordando-sa entiio da encommenia que tinka, aeceitou o offervctmonto, ayoxir da imagem exeeder ‘is medidas que recobora, para iio demonstrar 0 sou doscuido, Effleando 0 dégoonhecito do voltar no outro dia para rooebor a. Amportancia da imagem, nio aparece, © nom mais noticias ‘suas teve o homem, apezar das diligencias que empreou para o deseobrit', “ . Chegando a imagem no convento © imniver quo éxcadia gs imensies do nicho do coro, onde tinlis de sar colloeada, inandow o referido capitéo Delgado coristraie uma expelia especial para ® collocar ; 6 tondo-ao de fizor a nosessarin eras, ericonirow-so, ‘som so buscar do proposito, uma arvora coma sua. porfolta con- Aguragio, da qual 26 fer 0. sacro Ienho todo inteit,— 0 tho pro FOLK-LORE PERNAMBUGANO 03 poroionad, que a serom postions o4 brages, nip flowra a cruz tio em disposta @ parieita. A essa traiiofonal imagem de Santo Christo, de tamanho natiteal, ede uma iniwliavel perfeigio artistiea, e que ainda a mesma que 48 yonera‘no eonvento do Ipojuca, com ‘grande res- peito 0 devogia, creserain-Iio ein certo dix os cabelios © as ienhas, e6md rez punt Jol traiicao popular. oA piddade christs dos nostos antepassades, Jegou-nos tambem a consigaapio lendvria do varios casos de mnilagtes © appariyoes da Virgen o de Santos, ¢ algumas dessas logendas sto mesino historienmone eoditiendas. Fernandes Vitira jem visbex oelestes, inflammavdo-o a e1 proheaday a empreza da libertardo de Pernambuco do dom! hollaniexye oomo manifestagdas da diving vontale om favor de tao patrlotien ida, absom-se de par em par, por si, © stocesei= ‘vamnente por duns yeres, as portas dit egroja mattis da Yaraoa, ‘ouidadosamente fechadas a chase, ¢ desprende-ss 0 dovel quo cobra 6 allay do Santo Antonio, ealindo perfoitamente dobrado deante da sua iimazom, como quo signieamlo aos habitantes de Pernambuco, na pliease de um chronista eosva,— «qua ¢ nio temessem de acommetter a empresa, pois ello Thes abria as portas di sua ogreja para os amparar e ajudar, @ qao cada qual obrasse 0 soi futo, 0 ponesss cm valva,e tritiasse do estar des= ‘embragaia © proparado para & guverar. santo Antonio apparece em sovhos a Kernaniles Vietra, © ondena-tiho que se ergn do Lito © marche sem demora em busca do inimigo, que Deus ihe asstgarava 1 victoria ; © despertando elle, alta noite mesmo, manda immediatamente tocar a reunir, metic em forma todp o exerelto, marcha 20 encontro dos N0l-, landotes ¢ os derrota nos campos da Casa Forte. ‘Uma imagem do mesmo santo, quese veneravana capella do engouho em frente 19 qual so feria combate, e cuja imagem fora mutilada pola (oimigo, verte sangue dos golpes que rece- tera; no maiur ealor da peleja, apparecs entre A nossa gente tum morador do visinho povoulo dy Arraial, com uma imagem i oh REVISTA DO INSTIPUTO msTOR ICE a Senhora dp Soecorro, que milngrosamente desprendia de seu ronto oopioso stor; © owvidas as descargas do combate por alguns soldado; que ficaram’na Varaea, no engenho de Pedro da Conha de Andrade, dénomlnado hoje Curada, ede onde nbaiou Sexercito paraya Casa Forte, corraram ellos pressurosos egtja. @ prostralos peranto a imagem de S. Sobastifo, pedem- The que proteja os seus companheiros, que no inomento pele- Jaya contra 0 inimigo,—Coso maravithoso—! exelama um his- tovidor do tempo, viram todas suar a émagem, como vf 0 gion rio martyr andéva pelefanio ne batatha, Identico prodigio obsorvou-se em 1700, em uma imagem de N, 8, do.O', na egreja dos. Jodo, em Olinda, presagiando assim, no conceite de um chronista codvo, as calaialilades lo quo fol vietima a capitania com 0 romplmento de uma reyolugéio, 20 ‘anno seguinte, conheslda na historia por Gerra dos Mascator. Na nolte do maasere de Cunhiai, no Rio Grande do Nort; em 1045, ouviu-re uma suave hurmonia no céu, sobre a Porta Jeza iia cidade, oujos eanticos repernutiram no Recife, como pre- sagio certo de que foram os anjos que acompanharam as almas daquelles martyres para o cén. Na batalha de Tabooas, ferida no mesmo aid, viu-se— no maior fervor do coaMicto, uma resplandescente Senhora, yostida do azul @ branco, com tum formeso menino aos bragos, aoompa- nhada de um vario autorizado, repartinds polyorae lilas pelos ossos soldados,— na phraso deum chronista do tempo e um outro aesresconta, tiarrando 0 mesino prodligio, que & Seahora era © Virgom Maria, que acudiu & nossa genta, ¢ 0 venerando volho, bem ge pide colligir, que seria Sunto Antifo; quo tinba naguollas asperas montanhas uma ogeaja, onde 08 moradores da, localidade todos os annos eelebravian uma festa em sou louver. A este prodigio da appariglo da Virgem, nessa primeiza ba- talhe quo tiveram os pernambucanos na guerra que puzeram om campo para os libertar do jugo hollandor, rofere-so tambem o Hivrodo Tomo, da ogreja rantria de N.S. da Luz, nas visinhane ‘sas de Tabocas, Iivro osse que se remonta/a 1775, da sta ona nizagio, 0 consijgna estes verses, dontroo8 muitos que os pocta dy tempo compazeram em seu louy . FOLICL.ORE PKRNAMBUCAXO More ‘A saéra tax de Maria, ‘Nas Taboras yencadoras, Foi nossa restanradora, Fez da noite claro dia. GLOSA a Qual estrella pertentosa, Qual celestial fulgor, Qual diving resplendor, Qual visio prodigiosa, Mostrou4e miraculos Convertendo a noite em dia ; Ea terra do alogria Encheu no mais lwllo instante, Surgindo clara ¢ brilhante A'sacra luz de Moria. Della a summa claridade Trouxe ao mundo a Mie de Deus, Porque com 03 meritos sous Do Filho gana 2 vontade ; Pols com santa piedade © Billa é nossa intercessor; come forte Senhora Defondendo a nossa terra, Fol da hollandera guerra Nag Tadocas concolor. Disto certa iradigao ‘Nos tranami:te alta memoria, Quo @ Pornambocana Historia Rofere com exaogio : 95 OG REVIBTA DO-4 Tenhamus, pois, davooio A to santa protectora, . Que nossa consolndora Bia § constante e pia, Rom como em ditoso dis Foi noren restawritora. nisroR.eD omnia seja.a Teitdade 2am evear Vingem io pur: Papa sr guarta sour ‘Die fragit humanidade ; Pois com ampla earidade Ellapara 0 bem nos guia, # por su. gen valia ‘Das trevas tos arredando, Entre sargas fulguramlo, a - Fez da sotte otaro sie. Igual prodigio opora-so m segunia Uatalha dos Guarara~ ‘pose a tradigio inilica mesmo @ collina das Barrvitas, que ‘8 ergue 10 norte @ ftontelra ao tello templo de N. 8. dos Pra- eres, como que fora alli que apparecera a Virgom Immacala- da para protezer as nossis armas, ouvin o-se eno um forte estampidd.na montanha, e divisandose « Virgem qual—ume exhalagho que fuzia o seu eurso na azwlada eaphera. * Quanto o ret mardow exeeutar v aabiv patriota Frei Caucea, yolo rou compromottimento na revolugto republieana de 184, © 8 eseolliidos algozes negaram-se obstinadamente ao cumpri- mento de somelhante incumbencia, xp2zar de levadbs a espal- deffatas e couces de armes abi Junto & forca erguald nas Cinco Pontas, ext porque divisaram no vspaco, dontto de uma anroola entre nuvens, 0 talhede uma mulher de candidasivestos, ¢ de resplondente bolleza, acenando-lies que nfo executassem o pide, Essa mulher, diz a legonda, era Nosta Senhora do Carmo, 4 cuja ordem pertencia o inolvidavel Caneea, Seja como for, o facto 4, que nfo fol elle enforeato 4 falta de um algoz, como fora condemnado pela commissio militar, © sim areabuzado, em virtnde de uma resolucio immodiata da mosma commissio, i FOLKLORE PRRWAMBUCANO 97 ‘Sio tambem muito Vulgares as Legendas de apparesimentos ‘do santas imagens em cartos logares, as quacs Conduzidas para ‘8 ograjas prosimag desapparesiam mysterlosamente, o volta- vam para 0 mesmo sitio, onde afloal $0 coastruia una capol- Jinks pava ellase nas quaes so detxavam floar. - Como typo dessus legendas consigaaremos aqui a da ox polla de Santo Antonio do Mute, no Cabo de Santo Agostinbo, parteacente a9 Kogentio Velho, segundo uma narrativa de Frei ‘@Jaboatiio. , «Ao tempo du constraspfo daquelle engenbo polo abastado eolonio Jodo Paes Barreto, na segunda metade do seculo XVI, ‘fol enoontrada entre os mattos, em um meio Jogo acima da propriedade, @ & parte do powate, uma ime to Santo An- tonio, som sv sabar quom no logar @ havia posto, gy. «Com summa alegria 6 admiragio conduziran a imagem para o ongenko, mat nfo quéwado o seu proprietario con- |-a om uma cash particular, porque logo a Yenararam por prowizioss, lavaramena para uma capellinha de S, José, mela logua distante, © collocaram-na no seu altar ; mas no eutro din notou-se que & imagen tinh dosapparceido, 8 tornando-se ao logat em quo (Ord oncontrada, 1d foram dar com ella. « Por mais duas veues repotiram & mesma diligencia, © ou- trax tantas snogalou 0 merino, @ assim dessnganados de que 0 santo havia escolhide aquelle logar para habltagdo da sua ima. gem, nells constrairan logo a suacapellinha, < Emum assalto quo doram 03 hollandeses 4 prgpriodade, foram 4 dipolla e muitlatam a Imagem do santo, mas sahirsm muito apprehonsivos 0 confuniidos, porque yarteu ella coploso sangua dos golpos que receboru..» ‘Uma pyOiigioss occurrensia narrada ainds por Jabontdo, & que‘o sant io quot absolutamento habitsgio algama na vizi- nhanga da ‘ita capella, referindy entao, que Iovantando cBtte morador amas casas nas sua immediagdex, antes que para ellas: wo passasio désabiram gem causa conhocida. Annes depois, querendo ceria mulher, quo tinha a seu car- g00 zeloda copallinta, morar Junto a mesma para mais com- ‘mogamante desenpeaharse do sm pieloso enoargo, mandow construir uma casinha, para a qual sa passou ; mas, comeyow a80 ‘Tonto exes he Be eee lr 98 REVISTA DO INSTITOTO TSTORICO ogo inquielal-a, alte noite, tlm valto do ermitsio como que ex pulsando da sus habitayto, 0 que yulyarisando-v pola con: stante repetivio do fucto, lembraram-se 0: mals antizos dn pas. svla oostrroncia, & adyertiram a pobro mnulbor que deixasse a sua cnsinia ¢ 80 retirasse a) logar, ao qua elly soyulescou, nada mais vondo, deste qua doixow aqnollas pavagons. & assim permanoee ainda oj, isslatamentc, na chapala do monte fronteiro ao Engenho Velho, a votuste © graciosa capéllinha da Santo Antonio. Abaixo do santiorio, nasabas do motte, brotou uma fonts ‘8 outs aguas sioattribuidas virtudes mniraculosas, quo muitos factos pareoomge ter eontiemato. Dizse mesmo, que as suas vans nfo téM out moreeimento, pols quo seca a fonta qdando’sio empregadas om extranhos mistores; « allirma-se quo isto succoilera, quanto slgumas yezes for ‘omprogadas em tayagem do roupa, Yoltemo-nos, porém, is almas do ouiro mundo, para con- aluirmas, coi o que ainda nesto partioular se onconire entre a8 suporstigdes @ crenitloes populares. Quando a.alma é quo morton, apparies ¢ fii ao quo ost vivo, erigam-se os cabellos, treme s pelle om convolsbes do fein, confrange-se 0 ventro © emmudee) a Tinguaz o yidente Gaestatua da morte. Os niais eorajssos 0 destemidos, porém, ‘ousam falur-lno, © para saberem o quo pretends, dirigom-Iho ‘esta, combecldissima phrase:— Ku te raqwiro de parte de Dew: 6 da Virgen Maria digis 0 que queres ;— 0 enbto {az a alma 0 smn polido, geralménte do missuse oracdes pare a sua salvacds e entrada na celestial mansio, \ppareoom tambon as almae para indicarem o logar da existeneia do thesoros qua om vida oceultaram, o ontras ‘yuaes fiom estas revolaciies emt souhas, quanto conhevom 9 aS possons a quom desejain benoficiay say thinilase medrosss. Revelluls v Logar, com a indicagio mesmo de certos signaes partioulares, dove o individuo guacdar v mais absolutosegredy, ir si @ rezar umay tantas oragies para afugentar o diabo, que no deixa do compareser om semolhantes ovcaside:, com ofim do impoliv a oxtraogio do. thesmuro, porque, emquanto porimanecor ocoulto, a alma absolutamente nfo se sslva. $1 FOLK-LORE PERNAMBUCANO: 99 Pordm a pessoa fizur tovelagies « fOr acompanhada, enconteara, elfectivamonte, toios ag signavs indirades, como sofain mesmo sortos objgotos, mas 0 thosoury eonvertor-se-ha em earvao, ea outrem seri depois revelado, As almas do purgatorio sio excellentes intereessoras do -grugas © milagres perante Deus o og santos da cétta do edo. A sPromessa de um yintom, dois vintons, ou uma quantia qualquer, tins tantos Padre nosso, torgos, rosaries © missns, domo- ‘Yemvnas pledosas a conseguirem dos edus grag espociaes, sapplicadas com fe © erenga nag apertalas epises da vida. As alms dv outro mundo appsrooem sémente & nolto, tra Jando vestes talares ¢ cnvolvidas om mantos rocagantes de “um panno branod e spat, o © seu corpo 6 uo uma frieze de glo. . Asevrelris tambon Glam, 0 de uma quo estava des presulamente atirala & margom do uma estrada, eontarse © segitints fietoz ‘ciego, mas sim, mesmo care pestoasda mats ésmeradn educagio, 6 do olevado talento © gramte lilustragdo. “Phoopbilo Gautier, por exsimplo, receitva multo do mai alkado, pony 0, considertva — uma ‘especie de magnetivmo mmalfizejo, que projootam para fora de si,em querer, 9 que paskuem esse dom funesto;—6 proclsmara que a virtude de fim tallaitan 08% 6 Inteiramente vA, porque reside na £8 quo inspira, r ‘De equal © pemiefosa influencia soos chamados pee frior, ‘verdadeires Jellitores, quo encaiporam 08 jogndores, apreciando:= Junto a alles, as suns cartas, o sou jogar. Ao contrarlo, poém, hha individuos de influxos folizes, qun an sen Indo, as cartas a " 5 { > 106 REVISTA DO INstrrirto IsToRIco. sexdem fo vantajisamonts, que o jozo se deslisa ventures mente, asiegurando felicissimo exito 1 ‘De par com os ollivs mius, quotrantos © malstictos fguram tambem as mandingas o feitfcarias, originating dos indiag @ dos ‘fricanos, Apezatr dos ceremonies dislinetos da oxteavagante lithurgin observada nas sossies de fuitigarins, o Snieio dos sous trabalhos, ‘comtudo sio mats on menos somelhantes no f= tt mesa,na qua figuram ontro ontiod objectos alguns bonecos ow fetiches, um dos quaes toth © nome, evidentomente atvicano, do santo-budien, 0 Um outro 0 de catita, cachimbos, muracis, cortis horvas soces, camo 0 tabaco © a Jurema para dotumiagoes, um eabago com a denominavio de aro da sciencia, alana animnos,o procisimente um gallo; ¢ proparada a mesa, pronancia o mantinguoio umas ‘oraches em phrases inintelligivels & aia de inyosagio, e comoca 6s trabalhos da gosto, responionde 3 consultas dos clientes. Ha, pordm, das classes de fiticeiros: uns que saber hotar feitioos, e omtros que possucm a yietude do os titan. Km meiados do seoulo passado, como rafere Lopes Game, era espintosa a voga, quo ainda tinham pelos nossos matiog oa cha- ‘maios euraonns do foiticos, muitas Yezes um proto bogal, ov um caborloestupido e borracho, que diziam sabor curae esses tale- fioios do deimenio, opresentando, como que tivados dy corpo dos Moentes, alfinetes, meaidas de linhas, porgio da eabelios, « onteas cousas que constituiam as causas da enfermidade: @ nossa época, Aeredituva-so aina.nos maravilhoses offeltos de win proparaly Por enboelos, uns pés conheeides pelo nome do urucuhaea, quo «m ealiiido sobre ocorpo de uma pessoa applicados por outrn, — fase gue vita qe logo amuda daguotta, com puder the rescatir, Em tempos que no vio muito longa ain, dizixse que o feiticeiros fam celebrar na Cris do Patras o8 sous sortilogivn, {uenns noltes de S. Joao tinha lo¥tr a inieiagio dor neoplyton ‘og seus asquerosos mystoriog, @ quo enti apparosin o digbo, sragas nos prodigios dos seus padarez, ¢ fhirla cousas de arte; pelle € 08 eabllos, Para fri, poném, tinha jio foltisstro firmado um pacto com Satanaz para obrar com o sm ausilio 0° prodigios do oftteio, fioando deste eniio the portencendo em eorpo ¢ alma, ot LONI PERNA MBLICANO 107 que parece, eram ute’ora tho yulgards egses pactos, que H Constituigho do Bispado, que ¢ a mesma do Avoebispado di: Rahia promulgala em 1707, positivamente os prohibe, condemn, natorlamenta,—tagorrento tolo auolls que o fizor, ou mesmo invorar ag diabo para qualqusr effsita quo sdja,—na pens de ‘excommunhiie malor ipso feeto ineurrenda, alémde outras ponas eonvenientomente disariminadas, seguado » eatsgoria dus dolin- ‘afiontes, clerizos » Leigos, cobras ou plabons, ¢ mais ainda na do hes sor vedadia ministragao do Sacramento da Communic, -Aponar dessas eondomnngses ovolosiastioas, das severissiraas ois vivis, de remotas épocss, codificadas mas Ordenapies do Reino, ede tudo quanto fox, a Inquisigio para extirpar todas as praticas do auperstigios @ braxaving, aas suas differentes moda Tidades, Jovando og delinquontes dusda os mais horrorosos tratos sé ds chammas das foguotras, nas quaes poreosram mals da um milla de victimas, entre feittoeiras, juleus o heroges > mesmo sasim a somonte do feiticeira nio x0 extinguiu de tudo, ecomon phienix da fabula, reaaseia ello das efnzas dos quelint- deiros inquisitorines, a tudo affrontanto, ousaio @ destemila:.o Gassim, que aluda em nosses dias, nlo ravo, aparece na, im- prensa a noticia de someliantes praticas, eds vezoa mesmo feo- quontadas por gonto de corn ondam, que consoguo, grachs % sua influencia immanizat a feiticelra da argo da poticia t ‘A Yaye de owro, om nossoa dias, afamada braza do largo do forts das Cinco-Pontis, foi uma dessas privilegindas, que impus nomonte eampeoa io exoreiois da stun industria, gragas a0 ue tove grando olientela e conseruin mesmo: acoumular alguma for~ ‘tuna, que legou aos sens devotailos protestores. Entre os nossos indios, que tinham grande canalha de fet- tlociros, agoureiros, brasos 0 curandolros, na prays de Simio do Vasconcellos, @ principalmente os Tapuias, que, além de pio eonhecorem a Deus, erlam invisivelments no diabo sob aspecto ‘pidieulos, era toda essa gente to estimada e veoerada pela in- fallibilidade das awa® prediegdas, que em qualquer parte que patooia fariam-lhe grandes festas, dangas'e batles—coma nguelles ‘que trasiuon comsigo aspiritos tio pros. Bram varios © ridicutos os modos da dar os 8 ys oracnlos @ adivinhar o fataro, © como que endemonindas, revelayam o que 4108 REVISTA 1) INSTITUTO HISTORICO thos vinta & Booey com o cerebro oxattado, oupetoaTetodate, bnce, ou pelas libigdes de embringanto nectar fubricado de fothas do Jatoma, a unsimencando de morte, e outros do bas on mits vonturas, no que tua firmemente acrofitara toda a gentageomo rovelagbes doalgum propheta, ou ditamex de alguna divindada, Além do todor es:e8 prodigios do maniingusiro, tem elle alma 0 poder de fechor a corp» 48 pessoas, que, gragas a some. thant» predieado, floam livees @ immanes tle todos os males’ « pergos, da mais certoima poutariade umx arma de foro € td mesmo d0 veneno dax cobras, Contra toda dea peraicioss influencia dos othados, quo- brantos, © maloficios, ha comtudo variss cousad proventivas, dorm como onteas para day felicidade o evitar mates diversos, Um ramo de pinlito de pursta, Jatropha cureas, qusbrn toda Acco maletion dos mandingusiros © previny mesmo a offeacin dos feitigos, olhados, quebrantos © maleficlos quassjuer, A figa, que portonoe & onder doe amulotos itiphalitoos, ‘Feanr dos mais docontes, tom eonstuto ums sigaificagtio que nto ‘Yen no eso a sn demonstracto, Rejresentando ora punho, {sio,6,a mio feohiada como deo pollogar entre o inileador madio, om todo brago,on ums parte sdmente, apezar da sna orligem egypela, volu-aos, eotntado, dos vomanos, que a. isavam com o nome de/irscinwm, na erenga de wm podérogo preservativo contra os encantamentos, infortunioe © funestos olliare de in- voja om méus olhiidos, ‘ Yolgariseino entre nds o wo da tiga, foita de ouro, prata, coral ou outra qualquer substancia, so grandes ws suns virtue des, como pregervativade infinitos mater; mas, a do tipim tem 1B particalar viride de evitur og olbados © quebramtos as cxi- anigns. Um outro amuloto tambem de origem isiphallica, ¢ muito usado no colle das. criangas, 6 nm poqueno mavisen on buzio univalvo, eneastowl emi ouro ou prata, cujas virtudes, eomo preservaltivo de males diversos, sio muito preeonisadae. A sun Siguifleagdo, pelo objecto que representa, ¢ identica 4 da tigi, e como este amuleto, 6 oguilments originario dos romanos, si bom Ques remonte ainda, quer um quer outes, a épocaa © povos mais afastadog, como predicadlo do eutto a0 phatlas. eae ———_ | dente de « FOLK-LORE PERNAMBUGANO 409 ‘Do taes amuletos, dizia ji 0 poota lating Mansas Toronoius,, Varro, oa Vario, como o ehemamos (que forest int fitimos) anaos quo precedgram x comago ds ore Valley y efegindo-ao ao uso romaxo de sarem postos a0 DEsCOgo dos me ninos,e tarabem As voues om ‘outras partes: —Pusris turpicula ose bw colto svapencdéur, 0 quel vei im obscemse GaHse ‘As forraduras do ‘cayallo ¢ do bol estao tambem convertidas, ‘gm armoletor, 0 de valgarissimo uso, como ‘um dos melhores pulsares de feliclinter © venturas. ‘0 piahio de purga € um poteroso antidote para males di- ‘yersos, € mul particularmento pare, ‘ovitar og mus olhados. fom, porom, para que a indixencia dos radus ollos 239 produza us sous poruiciass eiuitos, os auebrantos¢ othadon, ‘alzer-i0 908 feabos ot adrateago: pot win couse qualanoes— Benaa-te Devs. Pome figs Dows te eater oe... para evitares dortos malos que podsm provir 4s criangae, ravairthes ao peseogo uma Indniaade do tavéae ooliaiag bmn um eqnt&o de ouro ou de reiror preto, em anos principale mente figaram, aldm dad figis o buzios, pelas sues ‘virdes, como vires, um S, Brij, pant livealeas (lo Sngesgo® © Wifjominw da grunts; ma, Sbaxtita, contse a pastas Om busto do S, Jodo Baptista, para no soffrorer: do doves de cabeoas jam signo-Salomia, parik livral-ts de influencing fancstas jum io, para ovitar couens tmfs ; medalbas milagross com fins piedows, ¢ Gentes do facaré o do aranha carangusjelta, cea earogo de axcitona, para fasiitarem a dantlelo, ald do muites ontros objectas do virtudes deseonhecidas, como 0 ooh e aay mooilas de ouro © Drsta, ote, . ave oviter ns convulldes ha, entre outras eonsas dre orbisas virvidés, os afamados caliaras elections d® KOSOE 5 ana iciicar 9 dontggo, » semente da Guitendina Spinasiesitua, Taugurmeate contockla por earnioula ; parr aoudlt o elie ds senhoras (ue amamentam, a5 preconisadss eowhas cde bette; & para extinguil-o, s9ccar Taito, um rosario formady de poquenos pedacas do ‘aly tubular das folhas. do carrapateto (ricinws com- waennit) “ fs primneiros baalos dos reoumnpsetioe #80, 6 tn morn, com um pauso do Vinhe, © devess “Woitar na basia um objecto ; 0 REVISTA bo INSTITUTO MISTORICO qualquor de yuro, ‘Para que olies sejam rious o folizes. Niko 89 baaham wo setimo dia dp neesinenta, @ nom noiia do bapiante : Salado ett 0 uribige, conron taugal-o 20 mar, pata ny morro, Ei Abieudos © livrarem-so de oautrazios; 6 emguanio nto se Cumbre Get preceito deve-se guarara pollica com wolao euldado Pure nio sor tolda dos ratze, o quo avontecenio tava gran tos ‘maloe « etlanga, porque Gieso pronunsio de uma tréte sina Orosguanto dis prrtusionios varia denut 40 outeo sexo; wal for malher, de teinta dias seguindy-es depois mesma regularidade, Faz perdor a felicidade is. criangas impor-se-thes outro nome que nity sejao de um dos ‘Sititos que o kalundario con signa no dia do sou naseimento, e cindu dormirom os recemnascidos 4a osousis, pote iaonos Pane ne eae (orem baptistios ; odarse-lues baijos 4. boom, Pare nio eriarom supinhos (aphios), Para ondureser 0 pesca’ de umm otianga ainda ioura, ata S* tuo, em volia, um tonyal de votroz proto; pata falde dupresia Agitas do janeiro, @ no #9 devo us tanbUd lo grandes preconicios para won étiatva falar depress, dar-o-the agua em umm ohusulh ; # dice men, que COM Moto tls 96 30 cousogue comecat immodiataments a deca, Flvetes es fosuldado, como ainda, que as’eriaugas torturer, hilo verbosas w loquazes.. 6° abi, salves, que vem izer-se de um ‘agnrella qte fale pelos cotoretios, aus — bohcw agua ehoatho, Pata Un eHianea andar depress lovam-an dition, ite 4 Ao totus do cliammaia dos fei pata assistencia do aio, posam- 1s pelos anteieagas,¢ auda-to com olla, com que de exmren ‘Fat ouyit'imises, pronitneiamdo-sd pow (tes vero, Connsi, oorrei, Noavt Senhiom de Bolém, Dai perninhag: s A quem nfo as tem, VOLK-LORE PERNAMBUGANG © ut Quando, porém, a erlang. 6 muito vad, chiotona e impor- tinonte, val ama peswa engouital-a & ports de uma egreja quale quor, ¢ Logo apds ama outra a coniux para eas, conseguindo.36 com isto 0 almejado fim. ste sorvigo, porém,é feito i noiteye. comsumss certas ciulolas para niio sor prosensiado. Nos purios diMecis, sein falar no miraculoso brews dus parleiras, quo ollas eollooam ponitonte do pasered das parturlen- tes, 0 que é, nada mais nada menos, que um saquiaho de panno oh couro, contenido uma oragio, muitas vezos banal, immundo objocto, ennogresido jt © rovestido de uma grossa erosla so~ bees elustrosa pelo dilatads uss; @ nem mesmo na concur reneia de objectos religiosos pelos influxos de piddosas erengas ; basta collocar na cabega da parturiente wm chapéo de homem, 6 Aerianca nasee Loxo, so o menor ineidente! Menino #6 € anjo vai para 0 edo tres lias dépois do morto, @ espera no limbo, mynsio etheren e sombrla onde ndo ha pent nom gloria, polo decotfer dewo tempo ; o quando uma erian- cinta adormesida no seu boro esti a sorrir, conversa em somlus: com outras criancinhas, comp ella, que morrerain pagits. As suporstigoes populares expandom-su linda, sobre as- samptoe varios, creando um som nuin6ro de cuss nocivas “ou ussimilaado oniras, que nos vieram dy muito longe, ede muito Jonges epoeas. Loreto Couto referindo-te a3 supsrstigées que mo sen tempo (mojados do seculo XVII) lavearam em Pernsinbueo, menciona como pragaostions de infelicidades —o encontro dé algum torio pelt manhi, o derramat-se osal na mesa, o quobrar-se um 6 polho, ocaatar do enco ow gallitha, ochover na boda, 0 osplerar ommprdo da candela, 7 ativar do edo, 0 sutear vom a pee quonto e ouitos ridiculous agouros. Ha plantas uoolvas eimgonesitas, como w arvors da fortuna eo imbé, que trazem @ miserin © 0 atrazo a quem as ctiltiva em ease, como objestos ormamentaes ; ¢ a jurema de eajr odo- ante folhayem {aziam os todios um com o-qual, diziam ellesy'#0 oncantavain 0 ¢0 transporta valle royities coruleas, ora 412 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO arvory do feitioetro ¢ mandinguoiro, ¢ tinha um culto especial entre 03 mesmo indios com uth Litharsia originalisstain. A bella musneaa, conhoeida pelo nome vulgar de dananeira, ‘tio comimum entre nds, em suas variadas especies, ¢ um vezetal que %e remonta 4s oriens da creagio do munio,— porque Adio @ Bva comerim dis sous fruotos no paraiso taremal;—« effecti va- mente, a sua origem asiaticn, magistralmente diseutida e com= provala por Alph, de Candolle, # « sua elassifieagao botanion de Musa varadésigcn, ioaposta palo gabjo Linnea, aatorizum, io Ia duvida, & popular legenda. ‘Avalgarissima arrada, de tantas virtudes medicinacs, 86, sHorsee ma noite de S. Joo; mas vem o diabo invisivelmente etiva-the as slores todas. Quando Noséu Sonora fugin para o Kgypto com o recam= nascldo Mesias, pars livral-o las parseruicdes do Harodes, fot ‘moutada cm uma bacriaha, ¢ acompinhada de seu esposo, Sio José, que’ marchava a ps condazindo o animal polis redens :0 soinpr quo via alle approximat-so gente, o desviava do eaminho procurando ogeultar-s0 do mellior modo possivel. Em uma dassas oeeasidys oscondoram-e9.03 fagitivos sob uma, frondonte arvore que ss erguia i margam da estrida, poném, daixando clia immediniamente a sus copada ramagem, por artes do domonde, deixou a Viegem vislyelmente exposta ts vistas dos ccafniniiantes ; © por isso fo) logo amaldigoada por Dsus, em oas~ tigo da sua maldade, Ess arvore erg um 4removetro ; comer tremogos, por ‘tanto, fiz mal. é Judas {soariotes; Jevado wo desespero pola infamia da sua traicaa, enforea-se v0 galho de uma annosa fguoits ; e Pouclo Pilatos, que condemnou Christo, mornou eoborto de lopra. Quando trovaja @ porigoso estat 4 gente debaixode arvores, eprincipalmente a eajazeim, que tem uma attracyso particular sobre as faiscas eloctrieas. Quando 9 Vintieo ssi ncompanhade de matin, gonto, 0 doente nao eseapa ; mas, si espirrar, nto morrerd nosso dia, 9 aTenta-se mesmo-a esperanga de ssivarst; 00 disenlaca fatal dot morllanilos #5) voriitea pir oovasido di yasante da maré. BOLK-LORE PERNAMBUCANO, 113 ? de miu agouro quando s@ sccente uma yela ou eandielzo 0 estalar do pavio. Surra ile savco de aveia ox de rabo de areaia, faz secar’o individao, que mevitavelmenie vern a sussumbir, depois de pro- longados @ horriveis padesimen tos. Limitomo-nos agora a uma simples enumeragio dessas tants cousas nocivas, creadas pela supersticaio popular: * Fas mal pragusjar contra qusm quer que seja, principal mente a0 molo-dia, poryue nesta hora o# anjos dizom amen, topetidamente, extoaadto no oft as suas sautagbes hymnicas em louyor de Deus. Faz mal dormir em cima de mess, delxases ohinellos vi= rados, beber agua com Juz & mio, comet da eseuras, de obiapéo fa cabera, em mesa soin toalha, 0 com trezo possoas A mesma; e olhur muity para o espellio,— porno alguma ver so arropen- era vendo o diabo;— recaber presentes do santos, aliinetos & engus som rebribuie ao menos, com um vintem, para nio perder- se a amizade ;—eoiner duas pessdas em um 86 prato,—cuspir no fogo,—collocar santuarios do costaa para a rua,—deitar pio fidra, —abeir gaatila-chuya om 6as,—apanhiar alfinetes na ran,—eon- tar historias durante dia, porque faz orlar-rabo;— varrer os pés wm solteire, porque Isto Mz nao easur ;—deitar lu no obiig,— assur por dahalxs de andaimo,—pola fronts do frag 0 por date de burto;-— vostit rapa polo avesso,— duas pessies onxogar as ‘mags em uma toalha ao mesmo tempo;—dormix com of pes para 4 vua,— medir-so uma peseda, porque 6 agourode morte, ¢ em= preyar em exelamagdo o nomedo diabo,para que alle nde creis em alguma oyoosRo ¢ apparoca ;— emprestar um object qualquer antes do dono go servir delle, — engolir 0 caroyo de limio azedo, porque produ fome canina ;—Fendoral & noite, bem como carvan ‘nha; —abrir a porta do quintal primoiro que a da rua, — ‘yaurer a casa com duas Yassouras, ¢ cosér roupa no corpo, porquo 4 agouro de morta, 0 que porim, se evita xeoitando-so por tros Caso vivo, Nanja oso: oso isto ° . Que esta roto. ges—s Tone uxxs Py te 1 hevisra bo INsrTOTO THSTORICO Nao devem as mulheres comer ovos frucios gemevs para ovitar partas inplox—quom yacro uma can ni deve consentir que ation apauho 0 clscoepura nio levor-ho @ felleldade; — ‘io ¢ boda duns pessOs lavar dig mos ma, mesina sgt, PoraIO quo Java por ultimo flea:se oom faticldade da primeira, ¢ quem di uma cogs qualyuor oa toma depots, fica careaile. a'onde ‘youn dizateses Quom die tors a tomar ‘Vira a eorcunda para o mar. ‘Ao contrario, ponim, do tado isso, appareggm unas tantas prosoripgies do coa-as quo ev devom fvzor polos seus resultados boneticos, taps eotos causpir quando se fala em coxtas molestins ‘somo a gota ¢a morphéa; pronunclar a phrase domparowlv maak, ‘ou fi nel quando av indica om uma pasids ¢ loval do vm fori moni, wii eluiga ot qualquor incident fatal de outrem; fazorse a untdanga de residenoid ena tin gabbato, ¢ mundar em primelto loger 0 wal, 0 earvao ea farioha; eatrat ma enn hoya com 0 pé direita, tondo-so o cuitado do prtviamente ex- aminar gi é foli¢ ow nio, eontando-se os eaibros da eobarta, re- otidumente, com os ndimes de ouro, prata o cobre ;/¢ espotar ‘uima tesoura na paredo, virar uma vassoura atraz da porla 6 doita® al ao fogo, para fazer votirar-so logo wore visita pro Jongada ¢ iimportidionte. "Ao carrer do ua estrella, ow quiiniy se uve wspirne, ¢ hous dizor-se: Dons to silos, porque pode set um espirite er- rante, umé ala ponaida, que vaza no espago putzanda-s9 dos ‘gous poevados, ow uitia alin peut(enclandose para conquisiar o ‘oie dusoéus, Em provenys poséin, dé umn poston que ospir, pronunoia 83 a phrase: Dominus tecant, ou Deus te sales, ou Devs ie ajude j 630 Voogjar, fuzuo sobro a boora 6 sigaa da, eras com ‘dado pollegar dandy direlta pronunciando-s as paluvres — “Ave Muvia | — da saudeéiig augellea. Eats pratives remontant Se no goculo VI, ditadas por {nsluxos roligiosos como remedio feontra os males do uma yeanio pesto que houye na Earopay no ontifleado de Gregorio Magao, cujos doentes on rnorriam reper: tinnmente, ou depois I= muitos espirras ow bocejas, os espirros OLI-LONE PERNAMBUCANO eee) das criangus, pordin, dove-se diner: Diews te cris para bom, ou Dews to fica feliz, © si nto Or buptizaia ainda, Deus to love @ pia. Paradeséobrir-se un hotnieida o immodiatamento prondet-o, bastadeitar na bovea do sort wiia nioods qualquer ; 6.0 ere ‘Minow seate enti uma forga superior que o dutom, delva-se e Pronier sem resistencia e cynfessa.o sew deliotos quando us fa rimentos do culavgr ile um askussinado, doitam sangue, inos- Poradamente, tempo depois de paryetrado o crime, 6 que oas- ‘sagsind esti preséute, ou se acha suito proxima; 0 para oncon- trar-se 0 corpo de uin afogato, doits-se no rio umn vols accesa dentro de uma euis, © uo logar em que pasar, levadla da eor- Tutte, envontra-se 0 cadaver, Para cresoor oeabelly ¢ bom cortal-y nu phase crescont da Twa o deitar as aparas em um otto da batanelra ; © para quo usya crespo, annellady, couvein conilar osowedria a wim cae belleireito de cor préta ouparda ; para fear bonito, comer ca- bello jouro atraz da, porta ; para emmugraoor, bebor vinagee 5 © para corrigir-so um nienino faludor mettie-se um ove quente na Doce; curax os sapinlios (aphitas), v contacto de uma clave Ae mierarid, © a guzuos, baiorso com usa cullor do pio na cas era ds difliculdades de filur. Do cogar das: rafios ao diz quo ¢dinteley a teceber ; de wma Peston de baixy esiatura, que ¢ ind, porque tev o coructa av pe da bocca ; 0 te un homem de méoz iustinetas, que tem cabellos no coragio, Do tos {rias © ooraidd qoonto, (hz wa proloqito popular, ‘que — damor para sowmpn Os homens cabcllalos sao maos, bein como ox qi tin um dofeite physicu qualyuor; edahiv proverblos — Quanidy Deus o ‘assignolow, alguns couse the achaik ;—~ o iuis tantos siguaos cara Oterlsticns, siv Prodicados {nfalliveis de dofiitos moraes, de foll- cidades ou desventiras. AF assisn que uma fronts larga, edjayusi, 0 Go eantos pro- huneiados, 6'ovidentd exraotoristicy da uma intolliguacia Imelda, Glelarcolda ; evo coatririo, wins frontmestevita, cujos eabollos aponas se distancia ios oltios por uma faixa de infima. tur gure; consoantemento um bico do cabollo na testa 6 slzoat 116 = REVISTA DO INSTITUT HISTORICO dy vinvex ; chavevde mo muito Ings intea libsratilade, gente de wits rolas ; opel muito pegaila, que individno ha dy sar rico, ¢ 89 fe muito mollo, que 6 preguigoso ; gtande na- ‘ie, fablog bom altos, 0 ovalhas eabellades, sia prenuncios da inna vidi prolongada ; © no primeira caso, tambem de taliee s quem tom dontes ralas 6 em extivino ehovalheiro ; @ pintinas braveas mas unbsis, montiroso- 7 " Um éavonta do poreo,quatroa do pata, sot a do mentiroso, fo traze 6 a duzia do fralo, isto 6, para receler, porque para dir ou paar, 6 8 commum oa Legal de dozo numeros 5 0 ¢ além ddieso um numero fatidico, om torao do qual gerou a saparstigio popular mil prevengies, — Fax mal sentarem-sa trere pessoas moss, poratiouran (ufallivelmonte morrerd deatro (lo anno, prondunio-se esta erendice ao facto da esia do Sonor, om que tomara parte teoze pessoas, e oezorreu logo depois 0 sen 8a crifeto ; emproliender negocios nesee dia, ¢ celebrar-sa actos no- taveis da vide como baptigadas ¢ casamentos; morar om case fn. 13,e,0m fim, tania cous mais quo maito avultatia a gua miengio. ‘ ‘Quem nase em fevervirs, 6 como o proprio mez, pequena em estatura © em sentimentos gencrosos. “Agosto 6 umes aziago, um mez de desgostos; @6 de niéo agouro para casameatus, musanga tle cass oo emprehendimento do qualquer negocio de importancia. Um din chnie de eontrariodade, € wi dia do juden ; @ de um dia tristo, de gol entre mavens © de amintado cantar do gallo, ‘sa,8iz' que —morveu juulew ‘Chuva éiy dia do Saata Luvin (13 do detombro ) @ pronun- cio do wa bom inverno ; Paschon am Abril, aguas mil; © céu pedrento,'oa chuva oa yento, na plirase do proverbio, Quando a genio sente arder-he a corel direits,@ que ‘estio fulanlo bam ma ausoneis, ¢ mal sié a exquonda,— porque outtora s¢ assuditava no polar das palayras para apressar at pulsapes do sanguo daquelles a quem se re- ferlam. ‘A info de S, Paivonfio subi ao eae vaguoia, no espasb, doonde yer a locusllo popular: — Bitar no. ares como a mae de 8. Bedeo, FOLK-LORE PERNAMBUCANG 47 0 appatecimento de um comets, om 9 ooenreenela de um eclipse, sto presagios do ford, poste e guerra j¢ effootivamonte, sob easa eronca, avuliam fuctos de calamidades publicas, que, eoineidingo com tacs phenomenys anteriormento obssrvados, eonstiiniram, até mesmo no juizo dos nossos chronistas, 8 pre- mncios do tes calamnidarlas. ¥? assim,que 4 horrivel posto de bexiyes, que irrompent antee 168 no.aano de 1688 © estondense até o Riv de Jancito, cei- fando milhates de ¥idas, — < precede win horrors cometa, qua por muilas noites tanobrosas, atondo em yapores donsos, anlod com infirusta li sobre a nossa America, o the annaacion o damno qu linria de aentir, —» como wereva Rocha Pitta. Do, mesmo mods, am desconlioaida © torrivel opidomia 4 que o vulgo dew o nome de Males, que apparesen no Reeify ott 1488, e chegoa até 4 Bahia, prolonzanio os sous flagellos por mats ‘te sate annas, foi prognogticada por dois eclipses: um io sol, o°- sorride om agosto do.anno antarior, estentanlo-%9 0 astro como ‘quo —ma figura de uma ferore gigantesca aranha,.o que as fombtou & ignorancia goral de Pernambuco ;— ¢ umoutro da lua,em dezembro do mesmo Anno, apparuseado olla — abate zada nim eclipse do fogo eseuro, — como #6 express um do~ ‘cummanty roferindo-so a esses dois phenomonos, sobre os quaer ex logo um progaostico » Pare Valeatim Bstancst, da compa nia de Jesus, astrologo celebs, « propletisando que muitas en- formidates ¢ mortes iam cahir sobre o Franil, € que havim de continnar por muito tempo ». Em 1699 appireee tim comota, que enclies de pavor toda & capitanta ; e 0 povo vin depois a realizagia dos seus Mntaos pro- gnosticas nv calamidade de uma grande secea quo hoave, com todo 0 toa oortajp de horrores; » mas ainda, nas desayencas di goveraulor Murquos de Monto-Bello com o bispo 4. Matting de Figueiredo @ Mello, desuvencas esses, que, por pouco, allo arras- seturam os partidarios de um » outro 9 umloyantamento goral. Sobte oss fatal cometa existe unm olroumstaucinin noticia ‘contemporanea, em um manugeripto que se conserva, na Biblio 118 REVISTA DO INSTITHTO MsToRICO ‘uve NackOnal do Lishda (nm: 4, Cotten70 Ponta miso: lanea, 1, 170), o qual, piso monos, tema yantagem de eonsignae odin do-seit appareeimento o fixe a posicio em que surgi como s0 yi do enrios titulo do proprio manuscripto, assinf lan alo: « Diseuysa ostvonomico sobre oestuptndoe falat cometia ou nen Gio pola Divtinn Providencia enviade aos mortaes,'o qual fot visto a princina v2z a 6 ile-dezomiro davauno de 1898, ao vombier da aie Yorn, neste nosso orisoute origatit Pernamineo na altura dustrat ds 8 gr. no signa Wecarpiio. » Emfim, para niio sabirmos dos nossos Limttas Loowee, 1 phase Tevolusionarin historjcaments conheotda por Guerrt dos Mas~ eates, qne ircompew om 1710 a prolongon-se yor muito tempo Sob um immonsp eortejo de deszragas 0 martyriog, foi tambemn Drognosticada por um eclipse, sybre quo, 4 aside, curioso 0 seguinto conseito de Roelia Pitia, esmo eorallario deductivo do naturalissimo phenomeno: «Algum lompo antes das portarbaodes da, provincia de Per- nambaeo, 60 vin nella, em tina clara noite, a motade da tua coboria do sombias, em tat proporolof que partida do. ectipse: pelo melo, parncls estar am das eguaes partes soparadas, mos- trando o que Ihe havin do acontossr'ns desunity dos enn mo~ radoras, em provado que o roing em si dividido 6 desolagto, dn, nal tonon & nobreza a mator parte, paddacendo penias da. tiber- dado, astatioves da fazanila, qusonciag da ease, ¢, com elas a, falta de lavouras nas suas proprieiados, yastando mais fo que Podin.om sustoniar exercitas oontra oRectfe, © por estan causn ea ‘acha fio diferente que objesto de Instimas, sem esperanca do tomnat ao esplenlor antizo dos seus antepnssados, em pona destas.¢ la muitas outras sobarbas 0 vaidades. » Os Indios, porem, tinhiam conesites diversas soto 08 co metas, porgite floavam choine de tomar, roeciosos de que o ‘edu ardosse e cahisee ; 0 oom relaciy 0s eclipses, aoreditavam— que ora. o effeita de discordia sisojinta em pontos de pendencia, ‘entre phalanges de espiritos subortinglos a0 sot ¢ Alia, 0 quo ‘vagam nos ares 5 somo quo a yietoria do um desses grupos Dolligerantes incutia dazar no quo succumbia, ¢ esse Jevar offs. enya, por alan momewtos, « tux ilo nstro que 0 presidin FOLK-LORE. PRRNAMBUCANO 9 Oa ngtie'de dosmandes de umn trib, ou is eova%itin, peas tieados nn, gnorrs, offondiam’o espitito que dominava as tem- podtailes, ¢ manifestaya elle a sua colera polo atereadar trovio ; foomo Aryiis quo @ divindate disparava contra os que haviam incorride em sua indigag%o, irritava-so © mar quebrando-e0 ‘em yagas fitriosas @ medonbas, sopravam terriveis farnctios, 0 fuzilavam malos no espago..« ‘sO aportar-so umi oairolli, ou mesma, contal-as, far nasour verrugas © cravos nos dodos ; ¢ para dosyiar ns fuiseas ole strieas, a0 trovefrr, é hom queimar alecrim seco ou palmas beatas de Domingo de Ramos, ¢ clamar por S- Jeronymo, @ partloularmente por Sania Barbara, advornda contra os rains 9 tompostates, para Rapaithir as trovodddar Que no ci anlam armadas. Quebrar-se um espeltio por um gosiiente qualquer, e prin cipatmonto quando sneonto desprender-xe da parela, 6 presagio de infoliolade ou do algum caso funesto « dar-so proxitni~ ‘mente em. casa ; quando a comide cna da booen, nas refoicbex, ¢algum parente da pessia que tom fome anni oonasito ; 6 bork muitos flhos quem costama deicar sohro a mes fragments: an comin. ‘Os cagalas adivinhiam, 0 quando se desnja que uma pessoa, que ¢ espovada ¢m ease nom nneiodade chagwo Ingo, manda-s- Thes gritar tros vazer;porseunome ateaz da porta da rus, 01 (10> ‘rixo da mesa do jantar, oa peasia on choga immediatnment», fou demorase multe poure. Os enctins posiam tanhern a vit~ ‘tude de fazor parar a obniya jorando-the um punhade de etna. Quando o vento escaesein nas vingens do prnbareagao 00s taim, 0 cauogiro assobin para chamal-o, ou fix sdar 08 rol- qnenhos sons de am buazio, sopranlo um orificio el jreular prat cado na base do mollusco ; ¢ 0 vento acide longo. enfunando as volas do baroo... Para acbarso um objeto porilido, lnsia offerecer-so tras vivas aS. Victor, ou prometter-se qualjucr cou ts almas to purgatorio, 120 RBVISTA DO INSTITUTO HISTORICO 0s Individuas que nascoram impellieados, ow charavam 10 vontra materne, adivinhim tumbem, @ sto mujto felizes; 6 em ‘anno bissexto, nlio toro bexigas © serio mesmo isentos de mo~ lestias contagiosas 0 de poste. Nio ¢ bom haver em wina cass dois Casamentos no mesmo dia ; 68 nofvos devem entrar na egreja com o pé direita ; e mor- Tord primoito aquolle que primeire oosupar o letto nupeial no dia do casamento. Quando chove muito neste dia, é porque « noiva comew ne ‘amelts ;.0 nfo se devo tingir de preto 0 vestido do acto nupein!, Para nflo'morrer a noiva, © Ielto nupelat dove sar artanjado por uma senhora hom easada, para quo a noiva sqjx ogualmonte foliz, A moga solteit que serve de madrinha de casamento, nio So casird, ou 0 faré. tardiamente. At flores do laranjeira da grinalda da nolva sto distribuidas inlistinetamente, entre os solteiros, para easavem-so loge; mas, 63 cravos dos ramalhates, tambom disiribuidos para o mesmo Alia, tem uma distinecio, porque oF do noivo sio distribuidos ds mocas, © os da noiva tov rapazos. Orch desses crayos um excellente remedio para congegiir-so um casamento ith meiato. .. Santo Antonio, porém, ¢ particularmente 8, Gongalo, slo 93 melhores vohiculos para a obtencio dé um milagre de easamanto és supplicus das mocas que desejam eontrahir matri- mionio, Para obtencio dese milagre, pozam-to ollas com algam. daqyelles santos, dirigem-Ihe constantes e fervorosa’ proces, tomam-no em sua particular devooio, @ fizem-Ihe mil pro- messas ; ¢ algumaschegam até memo atirar o ménino Jesusdos ‘bragos de Santo Antonio para restituil-o s6monte depois do reali- zado oMilagre ; viram o Santo de cabeca para baixo, tiram-Ihe 0 resplendor ¢ collocam solite a tonsuira ua moeda progaia com Ora ; 6 por flm, quando tanta o milagre, 0 eangulas ja da tanto ‘esperar, atam-¢ Santo com uma eoria, ¢ deltim-no dentro fle umn ‘Povo, 0 que dou Jogar, de uma ver, a desapparecer a imagem, porque era de barto © darreten-te completamente ao gontacto dugua ! FOLKLORE PERNAMBUCANO 421 ‘Bis ama das oragdos quo dirigem ao Santo thaamatnrgo ao fazerem os sous podidos: r Santo Antonio! Santo Antonio t ‘Oh! donaitor dis feras : Oh! Santa Rona deserts t Oh ! granite Santo Antonio, Camarada do Jos Chrfsto, Fralinto dos mals pobres, Momilds religioso, Bm Lisboa ensfoalo, - Na santa s¢ baptisnlo, Bem Padua sepultado. Polas almas de yossx mie, De yosso quatido pae, ¥ do vossn tin @ madrinha ; Polo habito que vestistes, Pelos cordies quo cingistea, Pela e'r6n que abristes, Polis missas quo dissestes, * Pela hostia que consagrastes, Polo broviario que buscastes, ‘Pola alegeia que tivestes Quando 0 Senhor Tom Jesus of voss0s braos pousou, # santa morads fez ; Polas oniias que passustes, Quando fostes a salvar Da morte a you pao Ferniio Martim de Bulhées, Sentoncindo om Lisboa, Para o que no socezastes, - Repousastes, deseangastes, Bm quanto nio o livrastes, Dio to injasti senteac Poig, agora. a v6s, mou santo, Yos pogo nifio socezweis, ‘Vos pogo nto repousets, ei REVISTA bo INSTRUTO TuStoRICO ‘Vos eco nito desoanceis Emquanto niio me fizerdos ‘0 qe oom fi cu vos pono. Ha tambem um Rosario de Santo Amenio, eutioss poca, assim concsbidta: © Padre Santo Antonio dos eaptivos, vie quo sois um amar- rador ceric, amarrei, por voss amo, quem de mim quet fugit empenhat 0 yoxso habito © 0 vosso santo cardi, como algemas fortos o durog grilhies, pars que fagam. impedir os ‘passos de F,, qua do mim quer fagir ; © faze, 6 men bomaventurado Sxnto Antonio, que elle easo eommigo som demora. > Reaa-se depois uma Ave-Maria, @ s8 offercce ap milagroso Santo. Ainda sobre o assumpto, ¢ tambem sobremodo curiosa a s8- guinte ; TADAINHA DAS MOCAS (!) Milagroso Sto Rayraundo, Casador de todo o munto, Dizel-a Santo Antoro,, Que om breve easar quero, Na igraja do So Henedieto Com um mogo mui bonito. Noaltar deSanta Rosa, Quero dar a mio do esposa, Aqualle a quem tanto amo ; ipl dost 8 HH comodo par wn entora, com instanton recommonsinginy goliee a sus mvatituicao, 6 JA uni two estragaito, neaso polo nao da.comstante leifura, um para 4 ma rulgerigacio, om, ropetidas copias, coneltio com esto curiovn . Moragho da estrella, diz o vulgo convencidamente, ¢ tao forte, que ao rezar-se tremem as osifellas no espago ip mas ¢ ‘outras, eseriptas a trizidss pendentes do pesray, como divas, focham o corpo do indiviluo, que assim fiea immune de tollos ‘os males © porigos, © prinelpalmento dle persoguigGes, doe golpes ‘do armas brancas ¢ dos projostis das do fozo, 08 quavs gragas 9 ‘uma orga sobrenatural, desviamse @ nie o attingem, ainda mesmno que do perto e certoiramente disparaitos. ‘A rallagrosa oracio de S. Silvestro, orfim, reza-so— FOLKLORE PERNAMBUCANO 4137 Este faeto, além de narmido poe tm chrottista ooevo, 6 agsim celebrate pola jyra popalan = © BO DE PALHA De: Bolshiow o bof eruz0w naa ares, ‘Oh! que fyeto estapentot $5 ncredito porque estamos yonlo Um bicte tio pesudo, te rotunda Polo ar eavalgar! ¥ cousa quo fimais se vin no mundo Falar ow ss contar! Ojudeu Pitangal, o mouro hispsnd, Aquelle inoapiltato, este zarotho, Embestigar on vi por entre 0 povo Qual raparito no 6 primairo, o judlou, » pralitor Facultoso hoj em din. sendo a ponco Yendesdor de carvio, de Jenka @ e001 © sogunclo, asiur como um ginete Que parou de carreim deaabrida Eu 0 vi de barraio, Gritondo: leva... leva... quem a soga Vou Jar ao molinete. Da Restinga ¢ Marim (') 0 povo inteiro, Afra 6 que de tials Jonge viora, O incola yermetho, ‘ Gente do norte o sul 16 da Tapora. Correndo velo vir i 4 Um gordo bot nos ares s6 mocher! Wilagi do Santo Kstavlio Nilo foF ds earto quo fox, Voar & vista do povo Qual gavido, mma vex! (1) Restings, 6 bsirro do Rosifo. ¢ Marino, Neldade, ent&o villa de Olinda. 138 AISA po rITHTO HISTORIC Milagre de Sto Mauricio, Diz o Relippo espitto = Péde ser, porém duvito, Desso Santo que 6 pugiio. Era a primeira vox que 0 povo ape Em sermita p'ra rua dos Judeus (') ‘Teve caminho 2000 Davantea ré, Je+- Bling © Felippe um dia inteivo, ‘Emquanto o povo passou collieu dinhieiro, Ad latero tendo cem lanceirox t Alguas que bem nadavam ao largo rio Inteiros se atiravam : Uns quando vinhom yér, outros mn volta ‘HBsse lance Inventaram, Para 4 taxa fagir, & logracio Que o flamengo pregou na tal faneciio! Mas quantos, apevar de ser nadivel, 0 rio extanso, largo, Nfo verteram comprilo pranto amango ® Pols diversos morroram E outros no Aljube se motteram t Afra esas deagragas que nao jembra 0 povo que as mirou, Consorva o mais que viu bem na memoria, 0 bol que fi vou! Pelo que pars vér no aquedueto 7 © imposio pagou, Foi dia de eneantos ‘Wo gracas, recreio : P’ra.o conde que o bolso ‘De florins viu helo + P'ra elle simonte Do eerto que niio, Porque 0 Felippe ‘Tiron seu quinhao. (2) A actual ra Bom Jésus, no tairto do Recile, FOLK-LORE PRRNAMBUCANO 139 Sewiido 0 Juso hollandez em 1654, apds renhidissimas jutas por nove longos annos, cujos feltos sto verdadeiras epo- ‘phas'a ensoberbocor win povo, ¢ sobre as ques, naturalmento ‘$0 expandiu o genio poetivo popular, ainda mesmo que ssa corrento do tradigéo 0 oxtinguisio em msio caminhoe ni0 chognsso a6 05 nossos diss, volved a colonia a soberania da ‘corda portnguoza, ede novo entramos nos acanhados moldes que nos trag.ya um metropole cioss dos seus thesouros ambieioss dos sous provoatos. Entre os governadoros ¢ capities cenerass quo couberam por sorte a Pernambuco, uns bons © outros mios, poueds honrudos © quasl todos desionestos, corsuptoi, barbatos @ dasprozivels, gua no rol desies ultimos, 0 infeliz Jeronymo de Mendonca Furtado, valgurmente conkecido por Uxumberzas, que levou 0 ovo a0 desespero de odepor do govarno, pronder ee remettor para Portugal com o summatio dos seus otlmes @ represen tages dos offendidos, @ onde ciegando foi soveramnente panido- © Sobre o facto da doposigio do govermador © aua parthla para Lisboa, cujas oocurrencias tiveram loger em 1666, ex: pandittse 0 yea popular, compondo varias cantiyas allusivas, que tiveram muita vogi, ¢ das quaes nos restam estes verses apenas + 0 Mendonca era Puriato Pols dos pages o furtarai Governador governado Parao reine o despacbmarem. A. poste js acabou 2+ Alvicaras, 6 gonte bia! Uxumbergas embaroou, Kil-o—yai pura Lisboa. ‘A conquista do fimoso quitomby dos Palmares, que por mais de melo seculo campeiya impunementa, aftingindo Ja a 140 - REVISTA DO INSTINUTO HISTORIC, uma popalagio elevadissima, © tornando-s» mesmo ameacastora, JPreceeupva as atteupses do governo, que para semolhante fim fizorm partir algumas expedigies militares, até quo so dou a queda da fermigosada ropablica. Em uma dessas expedigies militares partin Santo Antonio, com assento de praca do exereito, quethe mandata abrir 0 go- ‘Yornador Joto ds Cunha Souio Malor,em 13 de setembro do 1685, com o fim de seguir para a ctmpanha, @ a0 mesmo tempo expediu as eonveniontas ordens para que se pagasse ao syndico do convento de Olinds o soldo e a importancia do fardameato a que tinhs direito ; soldo esse que ora pago pela camara do se- nado do Olinda, » fol mandado invariavelmento observar pela carta régia de 28 de janho de 1002, EMectivamento partia Sinto Antonio para a guerra dos Palmares, acaso confinda.a sua imagom a Frei André da An- nunclaao, religioso franeiseano, que marchou como eapellio, & somente regreston quando terminow a campanha, com a com- plota destruiéo da famowi publica palmarina, essa ‘Troya negra, na phrase de um historiador. Como nota curiosa da époea, chegou aos noses dias um requerimento em verso dirigids no Consolto Ultrama- tino, por um soldado quo yolieltava recomponsas pelos servigos ‘que préstara na eampanhs dos Palmares, @ no qual se refero a Santo Antonio, ¢ invora mesmo oon testomunho em favor das = e1as allegagves. is @ curiosa PETICAO Ao Consalho Ultramarino Que tio justiceino é, Zabedou, praga de pe, Filho de Braz Victorino, Bern mogo, quasi menino, Para Palmares mavolion, Pelo que I se estrepou, Sando um dos dasgracados, Que voltaram alcijadon E por fim nada ganhou, FOLK-LORS PERNAMBUCANO, Ali de avcabux na milo Din e noite eombatendo, De fomee fri morrenlo, Descalyo, de pis no chiio, Ao lado do valentiio Felix Jos6 dos Agores, Que apenas via dos horrerss. . © painol dosonrola-s6, Fol tratando de. mossar-se Gom grande soffreguiiio. Dogue veaho da narrar, Apazar do ser bolonio, Pie » Pale Santo Antonio Muito bem eorroborat « © gue niio ¢ de esperar Proceda Woutns manelra Aitenta a sua tetra, San alfoledo, valent Pois janto a mim nvite ¢ dia, ‘Nao ilesertou da trinchoira. Eile vin, bem como ou, Quanilo o combate sd0u, Quamio a cornotis tocou : A gonte quo ontio corren : © Acessn foi que se dow Como garbovae valente ‘Terras, dinhelro, patente, Com grande injustica ¢ aggravos Pra iquelles que aos vis escravos ‘Nio trataram como gente, AY vis Consolto afuado ‘Que a justiga 36 vissos, Para que no amparacs 0 pobre do alvijado Quon munio absndonndy ’ 27.4 142 REVISTA DO INSTITGTO HISTORICO Som tor quom Iho ortonda, a mie Tom por ceri 4 perdigio, Da vida, pois quasi: morto, 86 poderd ter conforio Seo fizerdes — eapitio. Pernambuco, como thio © Brazil, tam a diversos santos por sous padrociros, desile os primeiris tetmpos coloniiaes, eatatuidos * por leis, ou nfo, njas liomenaons eivicas desapparesoram om 180, om yirtude do acto do Governo Provisorio da Republica, sepsrando & ograja do Estulo. A ogreja, pordm, continia a presiar a estes padrociros aquollas homenagens © reyeruncias costumadas, © © povo catholioo ainda os considera ome tues. Santo Antonio do Padua, on de Lisbda, & 0 padroeiro de Pernambuco, apera de nfo constar ueto algum do governo a tal respeito. kintretanto, ji em 1045er tido como tal, ao que pareoa, porqiantoy em um escripto hollandez, da época, se mencioma 0 santo como patrano dos portuguezes em Pernam- bbueo; e nog estandartes dos raginentos que tomaram parie na campanba da restansagio, quo explodia naquells mesmo anno, figntava um Santo Antonio, como emblema do guerra, ‘Como documenta mais sntheatioo positivo a tal respelto, eneontramos 0 alvari de "1 de agosto de 1789, approvando os estatutos da Companhia Geral do Commercio de Pernambuco fe Parahyba, 0: quacs, datorminam no art. 2, quo a compa- nha usaré, de armas para os sellos, em que so veja na parte superior a imagem de Sunto Antonlo, pudrocire daguitie eapi- tanta, ©em taixo urna estrella com a logenda— 1 ducca on ius como effoctivainente so v0 nos sollos das. suas apoliees. ‘oun mappa organieado em 1819, regdlarisundo os dias em que 50 avis de arvorars Vandeira nacional na fortalera Jo Brum, vem mencionado entre ot domiais, o dia de Santo ‘Antonio de Lishda, em 13d janho. ‘A camara losenado de Olinda, pelo seu antigo Regimento, era obrigada a coletrar annualmente a festa do padrociro, a amo aesistia encorparaida, © com o.s0x competenta estandarte, feneargo osse he passot dopofs paras eamara-do Recife, quo BOLK-TORTE MERNAMBUCANG © 143 costumaya colebrar a festa do Santo Antonio na extoja parochial do Corpo Santo. . Em um antigo aovenario de Sanio Antonio, eneomtramos tnmn cantico coth estes versos, por estribilhio, que dizem alguma ‘cousa sobre o assumpto: ‘Milagroso Antonio Naso padrocitd, Bache de alogria Pernambuco inteiro. © Papi Tanoconclo XVII por ama Hulls aspadida om 27 de janeiro de 1722, detlaron de preceito a festa de Santo Antonio do Padua, om toda a America, tanto portugnez’ como hes- Outror foi o din do-padtociro, 1:3 de juno, santifieado, em todo 0 Vispado, mas foi estineto com outros: mais, por um brave do Papa Pio IX, expeiido em 1 de juno de 1892, que teve publicidade om Peraambuea por uma pastoral do bispo diocesano.*datada de 18 do maio de 1833. 0 referido breve ‘apenas manteve o santifleado na patriarchal de Lisboa, Fostejalo © santo com rutdoses rnanifestamSes populares no seu dia, com apparatosas festas nas egrojas @ em casas par tiewlares, com o seu nome imposto cowl 0 orago de cidades, villas © parochias, e adoptado por uma grande parte da po~ pulagio, por Imposigio pateraa na pia baptismal, si tom arrefe- ido, de alzuma sorte, todas esas fervoross © devotes manifes- tagdes populares em honra do glorioso thaumaturgo portugues, io comtado, ainda hoje, tributadas com garal fervor, Como uma foigho enractaristica dos sentiments religiosos de tempas nio muito remotos, ‘recordaremos 03 nichos de Santo ‘Antonio que se viam nos estabelecimentos commansiaes & varejoy princtpalinonto us tavernas, eolloewdos no onntro das ultimas filas de prateleiras, em frenio as portas, ¢ completamente si- tindos por louga ordinaria, garrifas ¢zeneros de todas ‘especie. No dia de Santo Antonio notaya-se sempre um certo appar rato extraontinario de Iuzas © ornamontagdes, veniilhio tio devoto havia, quo’ solenairava, oom mais esplenior, enfoltando tha REVISTA DO INSTITUTO UISTORICO ceaptishommente 9 sichd © a tavorua e soltando foguotes todo odia. Esies obsequics tributados ao sunto conviliavam deus sont: ments distincios: um dictudo pelo expirito retigioso, © outro pelo interesse, com o fim de captar a sua proteceio para a folicidade do negocio... E no vai muito lonze ssa época dos nichos nas tavernas, de tosca armagio de pinto, alumiaias a azeite de courrapato, porcas, immundas, ¢ onde hygiene teria mutto qife fazer, si nesses bons tempos ats alti chigasso sua intervenséo. ‘Em méiados do seculo XVIL gorava Santo Antonio de uma Pensio qualquer, como sy vide uma pottaria expedida pelo governador geral do Brazil, Alexandre de Souza Freire, em data 9 2) de setembro de 1670, mindando gue se yoseste verte nos ordenados de Santo Aitonio em Pernosnbieeo, Jéeom assentameato de prapa do exerelto, por oeeastio da, guerra dos Palmares, como vimos, dirige 0 goveruador D. Lou- Fengo de Almeila uma carta a cl-vel, em 19.de setembro do 1716, communicando-tbe que em uma rovists de mostra que passara 4 infantoria, 9 Ie uprescutou uma peticdo de Santo Antonio, alloganio-se nella, quo tendo ell grandes sorvigos, ereobia apenas o oldo do prays de soldado, polo que o pro- movera ao posto do tenente] da forwlor de Santo Antonio dos Conueitos da lara do Reeifo (aetuxtmeate eonhooiila pola deno- minagio de orte do Buraco), evm o soMlo de 23700 por mez, 0 que fol approvado por proviso do Gonselho Uliramarizo do 20 deagoato do anno seguinte. Em 1610, pretenderam os reliiosos franciveanos, a titulo de eamola, que 9 govarno olevasse a patente de Santo Antonio & do sargento-mér, oorrespundente hoje ao posto de major; porém, indo o respective requerimento A Informar ao govornador Liz do Rego Barreto, por aviso de 3 de junho, so oppoz ells a ‘somelhapte pretengio, dizondo no seu officio de informagao da- ‘tado da 80 de agosto do mesmo anno, o suguinte: bollag © tii exprossivas, tamben oolobron © Cabsiloira, cantando as suas faganhias, repassadis de crimes 9 perverstdades, Kassim colebrando os trovadores, fazem-no falar como quo inapirado pelos excmplos de seu pae, como que por elle aconselhado'® instratdo : ‘Meu pac me pediu Por aa bone, Que ot iio fusse fraco, Fossa yalonito. Ao contrario, portm, deaobte-se que n mie de Cabelleira era uma senhora virtuose, intoiremento oxtewnha nos orimes de seu mario e do sea flho, © qus a osta aconéolhara sempre #8 seguir o camsntio da hoara © do dover. Minha mie podin-me Por sua bengio Que eu niko matasse Menino pag, Minha mie podi-mo Por seu corayiio, Quo en fesse bom homem ‘Nilo matasse, no, FOLKLORE PERNAMBTEANO: 451 Minha ante me teu Contag pirat rent : Mou pre doweme fer Para eu maiar. ‘Eu matej uni, Mew pae ni gostou ; Bu mate! dows, ‘Meu poe me ajudou, Gatelleira onveredando-se atlas e destemido no camino do crime, tornoi-so o tarror la capltanin, Uma quadeltha de saltéadores por elle capitancata, ¢ tends por seu Immoediato ® ‘um entsbeo Thovdosio, to prvarso como olla, infestava, todos 05 logares, em constantos correrias. ‘Um das mais citios porpettados por Cabel- jeita, sém duvide em Sankp Antic, sssim celabra a trora, ‘popular * 14 na minha terra, Laem Sante Antaoy Eneontral wm bomen Feito um guaribiio, Pyzelhe 9. baeamarte, - Fol pil, pi, ao ohio. ] O# etme mals barbaros cram coatuaamentth pratioados por easa hora selvazon : © nome de Grbolloirm iniprimix terior 0 astombro,.0 & 1 notivia da que ellese-approximara de qualquer localidade, os : Mmoradores abandonavom as suas eats, 6 0 que feavam, guardayam 80 com a possivel sezuranga. | | Fecha a porta gene Cabolieira ahi vem, ! Matando mulheres, Meninos tambom. 192) REVISEA DO INSTITUTO IsToRICO Feohia a porta, zonto, Cabelleira ahi yor, Yujam todos delle, Qu alma nic tom. Fecha © porta, conte, Forha bym com © pin, Aoepois nto dixam, - Catelleina ¢ miu. Corram, mintia gonto, . Cabelleiza ahi yom ; la alo yom si, Vem sai paw tambon. Em outros logares, onde os moradores nio abandonavam 8 Sus ‘casas, armivAm-si conyenidhtomente, © aquelles quo assim B80 9 preveniam, recebiam-no obsequiosamente, e do boa vontade prestavan-se a todas as suas exigonelos, No Reoify mesmo, ponetrou a quadrilua do Cabolicira @ commetion homicidies 8 roubos, © época houve que niaguem se jilgava, garantido, © goveramlor Joss Cesar envidou to !os 08 osforgos possivels Para exterminar essa honda de perversoa, @ atinal, depois de grandes trabalhos ¢ sacrifcios, © de inaumoras partidas mili- ‘ares, iso conseguiu, eabinde preso 0 Catelicira no cannavial do ‘Engenho Novo, em Pio dAlho, gragis aos esforcns ide capitao~ mér Christovio de Holanda Cavaleanti, Diz & trova popalar: Vem ei, Cabelteira, Anda me contin Como to prendoram No eannavinl, Meu pao mo chamou — 26 Gomes vor ei ; Como tens pasado No cannaviat ¢ FOLK+LORE PERNAMBUCANO 153 Mortinho do forme, Soquinho da sé, Sd me sustentava Kin canainha verde. Tres Wins passel ‘Que eomer nio tina, . Mais quo rato assudo, Puro ser furinhi, oe thw me vi careads De cabos, tenentes, Cada um pé de canna Bra ain pé de gente. Vem ef, José Gomes, Anda me contr, Como te prenderam. ‘No cannayial, Presos 0 Cabolloira ¢ 0 s2n companhiiro Theodosia, e con duzidos a0 Reoife, foram submettidos & processo perants a Junta de Justica Criminal, 8, exndemandos & morte, foram exeeutados ng, forea das Cinco Pontas, quatro dias doyois de Lavrada a sen- tenga, eontristos arropendilos dos seus erimes © porversidades, M14 vam o negro Com o lago aa mio, Rspera la nieuw aegeo Niio me mates nin. Quem tiver seu Mio Hiathe edueagite ‘Ao depois nao tent, DOr no coragiio. Quem tiver sousiithos Saiba os ensinar ; Veja 0 Cabolloira Que se vae onforear, 158 REVISTA BO INSTITUTO HISTORICO Adous, meu pao, | Pav do coragio, Adens, minha mie Lance-me a bengio. ‘ Adous, minha mie, : le por mim resar, . | Quo It no ontro mundo ; bn ifet ponar. s Adous, 6 cidade, Adeus, Santo Antio, ‘Adous, mamiczinha ‘Do meu coradio. - F da epova © seguinty Dialoys entre um negro um ea: Uoelo a proposito da eaptura do Cabelleira: — Vosmesé, seu Mareolino, Vai atraz do Cabelloira 7 Si quizer pagar o cabra Monte na bosta foreina. Monte na besta foveira, Ou n0 eavalto eandxo, Nio ha de pegar o cata } No molo desse mundiin, — Si voot gosta do bicha Porque rouba ¢ mata gente, ‘Veja. que alguem no the tire As orelhias p’ra presente, < Mette, negro. a tua lenba! ‘No teu forno caladinho ; } Mas nio te mottas com homem, Podos flear som fusinho, — Ew quo soit negro nas otres | Mas no negro nas accéos, Si fosso atraz do malvado Cortavarthe os ospardes. FOLK-1/ORE PERNAMBUCAN® 15; « Para 0 negro que se metto Onde no the dio entrada, ito tem fac o Cobtloita, ‘Tem uma pei easobada. — Fu reapeito a meus seuhoros senboras que aqui estito ; . Mos porém n&olevoom conta. Qaom no teve cringiio. « Caboclo do peda serra, Criato & tetra do rio, Ko sempre trated com gonte, Porque sustentoo met brid. Relerindo-se Theophilo Braga a0 Fragmento do Cabeltetea, colliids por Franklit ‘tavora 6 ropreduzilo por Sylvia Ro- mero fos sous Cantor popwiares, di que ¢ — € um romance otavel, © sobretulo por portencer a caso cyto de duypos ¢ ‘valentos, quo na teadicin popular hespanticla s@ desosralve Titorariamionte no tm dos seculos XVIt 0 XVIUL tend@ herdes verdadeiramento epicos, Cids do cadafalso © das enxoviag, Jomo Francisco, Hatobaa, Dan Salvador Bastante o outros, 4 jema brazilatra, conelue 0 cltato esoriptor, ‘rovela-nos que igeriero ¢ tindicional, origem quo nao. s® pile bom diesel. tminar nos sbundantissimos pliegos sueltor hespantions. > FE’ conriegio nossa, pontm, que o Cabelicira constituin em sia oviem um romance complexo, do qual sto fragmontos a8 tairophes quo nacolhemos, 99 avaatajnin cm namaro ds combo. ‘eldga até agora ; on onto, que constitaimam ollas, oom contras fais, eomposihes diversas distinetas sobre as faganhas 6 14 ‘gto fim do Cabelcira, Hol por Jssp quo nha demos esas of Grophier texuidamente, formaniy, como que ums 96 compor Siglo, comalota ou aio, proferindo aproveltul-as oaina elo-, mento hivtorico, o pata mulhor accontuaroque a tradigto popular consagra sobre a ¥ida © faganhas do fumigerado bans aido, B consoantements com ayactle nosso ponsimento ¢ eon enito do Fernanites (ima, aflirmsato que os trovadores do tempo compureram contions cillusieas & ita @ morte do Cnbele 136, REVISTA DO INS TOTO WSTORICo. dein; @-quo sinila hojo (1848), conctuo elle, ax yelhas cantam ‘68848 trovas quando acalentam os notinhos. B por sua vor, diz Franklin Tavora, roferinto-se ao Gilets + Fol objecto de muitas trovay mutitas @ surtanejas, de epitodios dramaticos ¢ ansodotas acinte engondrudas para ave drontar a basofios importanos, e por em fugita fanturrdes arto, antes.» Essas estrophes eram cantadas om musiex do uma cadencia Morotona e plingonte, © tiveram tanta voga,que ainda nao so estloguivam de tododa tradivao popular, apeear de um tio pro- longado poreurso da toxnpo. D. Thomas José de Motto, que ditlgiuo govsrao de Pernam: aco de 1788.4 1798, defsou os mais honresos attasiados do weu senlo emprehiondedor, om prol do desonvolvimento o progrosso a colonia, ¢ si fathas tee na sux administracio, sao elias tho ligeiras, quo absolutamento mio empanam os esplendored da svn benemerencia, Entrgos diversos molhoramoatos materiaes que emprelion- leu e wealizou, o aterro de Atogados, hoje » balla « extonsa 4080, onto bastanto damniioada, chamon logo asua attonciio, Porquanto Plas suas fullns oa dopressdys ein alguns ponton, cara Iniertompida por esse Iaido « comraunicagio da edad com 9 interior, Coin'o fim de ottor areia para os tralathos do aterro, Manion 9 goveraudor oxttahil-n do wa terrono qua Aeava. junto 80 ponto de partida do mesmo atorro, resultando disso um. ro- hafamonto tal, que tho pormiitin fazor um grande yiveiro, quo existia até bem poucs tempo, conhecida por Vievéro dy Mine Noise viveirodo goremmlor foi um dia poacar um pobre homem chamada simplielo, © surproheailido, © levado a pre- Sengade D. Thomaz, doterminon. elle como castigo do seine. Thante deticto, queo Simplicio trabalhass nay obras do aterzo ‘com um dos matores pelxes pandente do pascooo, até flour om espintas | © fusto vulgatisou-se logo, © dias depois appareceram ov soguintes verg aifixados nas oaquinas de diversaa runs: t AIBUEAND 107 FOLKLORE DERN. Avilianta duplamests ¥? tun pena, Simplicio, Morrivel, porco flagicto Dum nabata Faolemente | AKG quando ess tainha Que ao pesrogo tens pendida, Restart ilo ap arooklay Vstorricals na espinbat Fique-ta esta my mente, ‘Toma sontito rapax : ‘Nao se bolo impuneniente Nas cosas de}. Thorns ‘No tempo do seu goyerne & produseio de farintia de man: ‘idea eseasanon por tat moi, que attingla aelavado prayo, sof: frondo eom tas) a pobresa grande panuria. 1 Thome providenciou como o caso urgia, doavas male energicas ordens, prindpalmente contra 0 espsculadores, que atacavam 9s cargas no entrarom na cliade para melhor repu taramo genoto, e gtagisad six attitude om {Xo a(ttotiveima st Tongio, ainda. que pars dofettat-a pradominisse o arbittio om prepotencia, comsas alits ‘muito commins na epocha, cessous ‘colamidade pabitiea sob os applauscs populares. ’ As chronicas soevas registram com Touvores os actos pro- ‘yidenciacs do governador 20 intuite de -cossar ct soffeimentos do povo, oa Aradigdo rolatn alguns episodios oecorridos ma toma- dia dla farintia do poder dot attavossaiores, dentro esiquies este, consazrado pela pousia aneny nny + Yom o Braga do sit con sid eBvallos Conjlitzindo doz tnatas de farioha 5 Aivontando iidries, alte eamiaha Hm noite eseura, 0 atolanto em -vallos: 46 tomhava plea odio « noite, ag gallos Com seus cantos d'aurora so avisinha ; F dosi bom distante a villa tinka 0 riste que a puear creara eullos, FOLKLORE PRANAMBUCANO 459 4. tom ella @utto do otha; Nao Ihe falta quam a quetra, Della agora estit de posse © Chiquinho da Riboira, Piniod, €3, 00, Dona Brites Nio oat 56. s Dona Brites foi a» Cabo, Voiude 1é na carreira, Ajustar seu casamenty ‘Com Chiquinho da Ribeira. Pinisd, 04, ob. Dona Brites Ficou 86, ise Chtguinho ita Ribetre, assim chamado por ser o.arre- matante dos dizimos que se cobravam ua ribelm oa mereado publlogque D. Thomas constrains, era um individus dado & conquistas amorosas,e tio desfrustavel np sau trajar, de ealeso ‘eurto, supvios rasog com fvelas, gibi, cabeltcim™ empoada ¢ chapéo do tres pontar, a mola da epochiay quo usava de ticos.e rondad nos puntos © collarinhos da cimisa, 0 até mesmo ms proprias ceroulas. ‘Aquolle trajar, port, er s6mente uso mos pesseios turns, uma vex que nas ventures domjeaneseas o noctitinns’ nsavam of Lovoluees do tempo de um, traje originaligsimo : camisa ¢ voroula, ehapéo do abss Isrgas,e envolvide em um, capote, por baixo do qual, yard 0 gue ddese e ten, vinhs indefectivel espuda de pouts direita. “Foi, portanto, oChiquinko da Ribeira, esse pintalogreto da epocha, oescothide por D. Brites—para Ihe dissipar as ponas ¢ ‘sandades que Tho fleavam a borbulbar no peito com a partida de D, Thomaz. ws ‘Aadministeagdo de Luie do Rego Barreto, 0 ultimo gover: nador ¢ capitdo general (le Pernambuco (1817-1821), compre- hhendo uma dpo0a notavel de neontesimentos polttions. a 5 : CH) REVISTA DO INSTITUTO HISTURICO Lulz do Rego, si deixon iragos eatacteristions de bone sor- vigos prestados na sna administracio, deixou-os tambem, pelos seus desmarilos 0 eorvapeRo, ainda mais aggravaios polos dese ‘og (los Sous ausiliares no governo, absulutamente entragues 403 Seu proprios instincios, ¢ sam recolo de repriseio alguma. Acampanh liberal conte4 9 govorno absolute, exiginds ‘uma consti(ui:io politica a um governa pariamentar, jnilam- mou os espititos pattiotiows, ea corronte dos seus acuntepi- menios coustitue Uotlissimas paginas cin nossa historia, Os trinmphos pawines vonquivtalos, muita embora depois de campanbas erifentas ou nio, até o seu feliz dosenlace, ger ram enthusinsmcs, © @ povo, 0% seus delirios patrioticos ‘expandia‘se em cantiers © siudygdes bymuicas és conguistas ‘gue ee iam) suocedendo, » milhiares de hoccas nopetiam-not no auge do prazer « ilo enthusiasmo. Desses eanticos ymnicos chogaram aos noses dias os dous soguintes : Aveformistes do Brazil, Roun’ vossa cohorte, Finalmente o brado forte Das reformas vai soar. Rsrnumnto. ~ Em prol dag refurmas Joxemos marchar, A Sorin da patria Nos campos firmar, Coletrrai emt doces hyinnos AY victorias da magao ; Fol por terra hostil acoi, JA podemos exaltar. Volye o tempo, a r2%0 brilha, Que fhvtava os nossas paftos; ‘Os antigos preconceitos, Nés 08 vimoe expirar FOLK-LORE PERNAMBUCANO 461 Da trahidora 6 feia intriga Bis frustrados negros plats, Ja nig podem seus enganos ‘Noseos ftiros supplantar, Aquella forea oppresiva Do garal governo antigo, Converteu-se om centro amigo Para tudo equilibrar. Parabens, legisiadores, Tantos bens xt0 fllios Yossos, | sali quo os irmilos nussios Saibam tudo aproveliar, Quo nos rests, inmiios amigos, : Para firmes progtedirmos t : As discondias extinguirmos, Para a patria prisporar. ia | os bragos estontamos, Nossos pettos ajuntomos, Abragados exultemos, “« Basta j4 do gaerrear, Entre irmitos do tempo, no Longe, Um poryit descubo ufano, Que o giganie amerivano Yein do arbe o weptro dar. ‘Mas tal wloria s} teremos De poncondia vigorados ; ‘Gm partidos retattindos, Tudo om flor ha de murchar. 8588 — 14 Meito tex. oan. 4 FOLKLORE. VERNAMIUCANG 163 Tyrannos, “esenginn|-vos, Acibou-ss 9 excravidio, Reinari no Boboribe A Lavsa Oonetituécar, Do Lisia a sorte so eanla, Mas de Olinda: porque nid t E* para 05 dois tiemigphorios A. Laan Conadituis. Kates vorsos eisai olavamente etractorizada a folio ‘opposicionista vio zovernador Lui do’ Kogo conten o partido constijusionst de Pernambuco, porante o qual, em luta armada, teve de cupitular. © fsse procedimeato ilo governador, ainda mais aggravalo polo desrogramento da saa conduota moral, goraram, natural mente, odigsidades taes, que concarverim ao desesparado alvitre do uma conspirasio contra 8 sua propria existencia, @ Joto do Souto Major, quo acabara Jo chose do desterro polo acu eome prometiimento na malgeats revoliic® ropublicana de 1817, fol um dos hragos armaios e dispostos om tres emboseadas pura Vingar com mort do tyranno us ultrajos da patria, Cabendo a’ Josio do Sort omboseata va punto, da Boa Vista, por onde passava o governiator cin suns oxcurstes no. ctumas, dispara cortoiramente a sua arma, alvejande-the 6 poito, o atira-co immoliatiwionts subio 9 to parm fugie a perseguigio da gento que acoinpantiava a Lulz do Rego ; mas Pereee victima do sou dover de prtriota ulirajado, yse triste ‘acontedimento canton a iyi popalar ueste sonoty : Cangailo tie solver a tyrannia, Improporion, balloos, onto jufeit De ant bobalo © devasso, um ia, qubi Por Wrmno d tanto arrojo o ousndin. Coragom nay lio falbi, « w vatoibia $ Hm sa vida um eto & nfo desi; Errante buses om vio termo feliz Dy vingangs exercer, comd queria. a — * = At REVISTA nO INSMITUTO MISToRICO Resoluto ami ferit-s, elle nilo code Do ileaejo firmatognm 56 thstante, Ae suas consoquencias, no, nia mele. Chega a hora Mtal : eii-o olfagante, Com fleme mio a bala tho despele, Prviondendo thatar, morrge constants. 36 antorformonte «edu fravtral toniativa, plangjarae se uma outrs, que tambon frustrowse em viriude de appa- rooer em eects inanhi tragados estes -versox ao muro de um Sitio quo fleara trontsito ay palacete do eabitalista’ Lair Gomes Forreim, situate ao Monilego, em enjo edificlo so ‘ach ojé"o Collegio Silesiano, ¢ cnde, na época em questio, costumava 0 governudor temporatiaments residir + ‘Toma cantels Rego. Nao passes no Mondexo. ‘Sem impronsa, que simente appareesa com a publicagio da Auvore Perwuntucann, 020580 primeiro periodiey, no anno de 1821, jem plono ragimon “constitucional, ¢ nos uitimos dias do govern de Lulz do Rogo, nko pdia 0 povo desafogar-se dag suas maguns, ving langando mia da satyra em voreos, 0 ‘multiplicando os exomplares manusoriptos affixava-o:, & leia do ‘pexguins, tos logames publioas da cidade, Era ho pasquim qa» secxpandia a alma popular nos seus ‘assoios de jadigaago contra os tyrannias © desmandos dos _ dominadoves da sitaagia, ou atiravam-nos para cobelr de ridi- culo a caves typos que jacorriam no sei desageado por tristis- sina catapridaito, Desees pasquing, giraiments em versos pleantes, tracados Por incognitos poetas, 6 vulgarisados em multiplos exemplares: ‘aifixados as osywioas das ruas @ peagns. mig concorridas, 5 ayedorava foco o povo, ropetinvto.os eom hilariantes acsontua- Ghee; © assim rosMldon pola tiadieio, ow registrados por euriogos como Togados. propiosissimas & posteritade, mal pon- ‘Aayain que lays escriplug constituiriam depois elomentos histo- io8s Ut titorarios do inestithavel valor. * == POLK-LORE, PERNAMBUCANO 405 Dosses figeiros'eloripios, Go que JA nos tomos Tafurido a slgusa, ¢ ninda seromos! de nos orcapar de outros, conslgnimos eos soguintos, nip simidnte pela sus curigsidade typica, mas | __slada como aiteatados i rrace e expirito, manlmistaios pelo gonta ] poplar aa undidarn do tues compsicior, ‘Abum corte Azevedo, quo lovnca uma teomonda soya do piu, ‘eno outro dis apparecos tio Inmpeira eimy xl nada dd extras ¢ otdinario Ing suecolera; mitiosearam-n com esta quadeiahi + Amigo Azevedo mou, O mundo admirado esta, ‘Li muito que se vos den, Do poweo que se vos di. 4 Um frog Lulz, afimade mosico de Goyanna, ¢ euja aria Gnsinava em uma sult que mantiatia, © tambem, particulars mento om casas de familia, abusands da eonifanga quo inepi- rava o adn carncter da mostre, teve de soffrer as oonsoquoncias dosses seus desvis domjrianeenos ; ¢ aps uma pia do pda que Ihe infligiram, apparecon preyrada emg sim ports a\ seguinte de- __ lma, harmonisanbonte modolaila em tom mastoal + { np forte envonscio: . Cantaram a Brat Lain, E segunlo o que se diz Fol sot de fiom ; ‘Pele compasio da mio, ‘Onde a bolleza se apura Parecia solfs escura + Porquo a mio nana parava, ‘Nem no ar, nem no chin dava, ‘Sempre em cima da figura. ‘A's vores, eramesees pnsyuins exriptos om proga, ou ainda iit pros @ verso x0 mesmo. tempo, como cate que Apparoosa 4 em 18%3 3 ‘ ‘« Cypriano Jos? Harata de Almeida, por dedgriga do°BRasit ¢ @:nnanime aselamagio dos anarohistas, Imparadar do Brojo do « Arata, 0 destruidor porpotuo de Pernaminsn, cio, . 1 166, REVISTA DO INSTITETO HISTORICO « Fago sabor aos quo o prosettta Desreti'virem, que atten= €-dendo 208 relovantis servicos que o Revd. Fe. Joaquim do Amor Divino Cancoa tem ‘feita no meu Fstallo deste 1817, «hel por bom nomeal-o Bispo ilo Forte do Mar, o que os moninos ¢ moleques day ruas the dém os repiques de boeen e + badaladas do costume. <0 moleque Agostinho Pezorta, ministre © seeretarto de estado dos negocios das rusgas, assim o tenha entenidido 6 0 « fiuga exeratar, — Covit da Rua Nova. — Cypriano Jose Baratc 4 de Abmotita. SONETO Nio quoro bispo que sazralo seja, ‘Nem feito la no Rio de Janeiro ; Nio o pode fuzer Potro primeira, Tom que contra o mew gosto a poyo rele, Brazil, bispo matot, nito, niio veja ; Hora thmbom qualquor rei estrangeiro. Pacolhacse entre nos um bow pedvoiry Assim Barata ordena, fasim troveja + Buquero um bispo cA da minha escola, ‘Quo nao me fale em Dowd, om Seocn @ Meca, Que nko 136 roqueto nem extola s Quora um frade casudo, honva da been Mui xusyuento, Immoral, trade ingot, Quero emi, saja bispo, Frei Canoca Lulz do Rego, portanto, nem tio poco a gente que o seguia Podiam pasar incolumes da satya popular ; ¢ assim, expandiu- soella, conbecldamente, nestes dous paiquins que carto dia Sppareoeram aflixalos aa, praga do Recife, ¢ avidamonta Ndos pelos curioses transountes » FOLKLORE CERNAMBUCANG 187 No tempo daiMfontenearo, Por qualquer melo tostito, Podia o pobre tour Som suctifleio, um yi Mas, ora, a.couga ost ontea 5 Lnabelle, Morme e ALfarroy . ‘som falar om Lule'do Rego, © vinho pazaram caro, Gente qu’s do Madureira t Madurelra esi de pancto; Madurotra nio ver «rovista, Fstamos livres deseo ‘ari, ‘Um facto caracteristion do bom humor de Luis do Rego: ‘Passuva elle, & noitinha, pela rua do Quelmado , hoje Du que do Caxins, acompanhda do dojs ‘de seus ajodantes de or- diens e competontes ontonangss, todos a eayallo, na oecasifio em {que se rozava 0 terco em frente a um fieho que havi aborto na parele da frontaria de um preitiords van, @ exactamente quando vm proto contesido por Mestre Braz, que Urava o imosmo tergo, comegava a entoar 0 Servier Deus. Apearam-s6 tolos, 6 gonullexos n reapeitesos ouviram toda a oragio. © cantor, porém, ull por se jalgar multo honrado com & ‘prosenga do governador, ou por quorr patentear 03 seus dotes fartisticos, ontondou de prolongar a oracio pot tal modo, com: roiios ds cantoria ¢ pausadissimo andapte, que Lutz do Rego fo tove de supportar naquells inevmmoda posigo por uns esti- rrados dex min wtos. Enfurecito 0 general, apenas levanta-ee, volta-se para os ‘seus ajutantos de oiens o iir-Thes terminantemonte:—Mandem proader aguolte negro ¢ darth quateo dusias de belor: Semelhante onlom cumpriuse immediaisinente, apezar de sor o pasianla wa homem livre, de bons soatimentos, ¢ zeral: ‘mente estimado; ¢ A vulgarizacdo do fucka, apparecou logo aft- 168 REVISTA DO INSTITHTO HISTORICO xvlo_um papal na porta dé aichio Om eile vers, que tive: vam tanta voga, qu chegaram aos nosios dias : Por doze vintins nfo anti, ‘Hilo de angmentar a parada, Pols pode bem sucseder Lovar de novo panoada ; Sem 0 qu cu néo me arrisoo ° A cantar sogunda vez: Si quizerem dém por noite . © qu’eu ganhava por mez, Nas proximidades da partida do iuiz do Rego apparocou Arado nas eiquinas de diversas ruas do Recife 0 seguinta : PELO SIGNAL Quando, chegor. Luiz do Rego Dando, por podras @ pio, Deu logo provas de mio Peto signet, Um grandecrime, faiat Foz este grande sendoiro, ‘Manitanto thrar o exuzsiro Da Santa Criss, Palio de razioe tuz, ‘Montiroso, deshumano, + Dello © d'ontros de sou panao Hévro-nos Deus. Mls cruel do que um judeu t ‘Mais tyranao do que fitra, E presumin que era Nest Senior ¢ 170. REVISTA DO INSPITE TO METORNIGO Teiumpha, porém, a eausa defendiila pelo partido constitin clonal, apis diversos combates (uridos entra as tropas pernam= Dneanag cas de Luiz do Rego, todas portuguezas, o firmada a apitulagio, conhecila na historia por Convencts de Rebiribo,om- baroou allo com agua gonte pata Portuga}, tio apressadamente, uo nem a9 menos esperou um pouco para entiegar o governo a Junta constitucional sloita. A victoria dos pernambueanos, © a partida do general Luis do Rego Barreto, constituiram fotos de immenso rogosijo pu Mico, © a lyra dos pootas expandin-is not mais entiuusinaticos ver 808, dos uaes nos restam as-seguin tos quulras. cantadas 4 aolfa: Latlz do Rego foi guerreiro, | Sete eampanhus vonoou, Nas na oltava de Goyanna * Latz do Rego esmorvosit, (!) (1) Roferindose Mollo Moraes us san Cheonioe gen do vail ot muitos versos quo a0 frceam a Lie do Rigo, eum relacio & vi~ ‘tori quo 04 perumbucanios alesnoaram, eomsigna esta quatre: Lite do Rego valorono, * Seto campauhas veacou, Ghojgan as tropne da Goyannd, Linke slo, ogo. entiiorecnn, Encoptramps ainda niais uns, voriante, quo te prone. a este eurioia cto, contowporausaiiente arorriie, Em uma rola de pormanbwessos, ain que s aetidta wm portu- gure, eathusiants o partideris ilo Lui do Roge, com quo sptvies na EUATA penitisnlar da inyasio francn om Portugal, cantava um dos eircumstanies a0 sym da yiolag @ opcorrendoths a modi tha, entdo.em voga,solieea dorroln © partida dayuotlo goueral, on: megou : Luis do Rego fol guerreiro, Sole batallas voncens.. =F" voraite,intertompe 0 portustins. Ku que vi, em Badajsn, Mis a ottawa de Coyanna, Dox ide gambias 6 corr, =F menitira, odtompora 0 howen; Duvito que sete wanelise dle foreo de oyarna fester airrar ume general cone Luis to. Rego ! Feroen 6 pla, FOLKLORE PERNAMBUGANO it Luiz ido Rezo foi chamado De rniva floou maluoo, Sete campanhns qno tinha ‘AS pentow em Pernam)nce. Luiz. do Rego ji dizia ‘Que Pernambuco era sou, © Perley, tudo quanto tial 0 braco The esmoreran, AN mulher de Luiz do Rezo Nilo comia sinkiy galtinha; Toula nko era princezs Jo queria ser rainha. Lula do Rego ja dixta Antes eit oh niio viesss ~~ Paciencia, maganiio, ‘Sto desgragas que Acontnor. Lulz do Rego foi-se ombors Som dizer nada « ninguem ; 08 coreundas estio-izendo : — Luiz do Rego logo vem, estes: versos consigna Rolriizaos do Carvalho estas varian- tag no seu Cancionei Ljaiz do Rego fol-se embora, ‘Mio disbe adeus a ninguom ; Gorcundas esto dizendo — Luiz do Rego Joga vem. Liz do Rugo foi suet Soubs muito polejar j ir, No correilor de Goyasna Bile volo a se ontregar, 472 REVISTA DO INSTITUTO msToRIC? j Luiz do Rezo foi gusersivo, 1 Sete batalhas vonosa, ; ~ AY oltara Mt em Goyanna, ‘Sem foroas esmoreceu, 1 } So inoumerds os’necidontis historieas, ow mesmo wio hiss torieos, do manifestactes da ‘poesin popular ontre nis. O ‘nso Dizetto, de wm absolut symbolisma pootiy om sna complexa undidura, teve © tom ainda manifestigdes pra- } tices ‘de uma yerdaieira, poesia. como sa eabo, © oujo as fumpto, JA 0 temos magistralments sesindato por Theephilo Braga na sua bellissima monographia — Zistorin da Poesia do + Direito. No vom ao caso, portinta, eneamarmos ayora o nowy os tudo por esto lado, Entrotanto, n&o nos podemos eximir, 20 menos, como um trago de cdr local, do nos refbritimos 10 modo doe antigos pre- ssdes das artemataodes em hasta pablica, em fuca do-tim curios documento do alvorecer do seculo XVIII. ‘Trata-se daaromatagio das torvay dy Aseca, em Santo | Atmaro das Salinas, no compelente tormo lavrada na povousio ‘to Recife, em 11 de dezembro da 1700, com as dovfdas parti ‘salaridades, vem uté mosmo consigando o prégio quo fer 0 por- teiro do suditorio;, mestes termos : —< Um eonto © quinhentos ‘tio dio pelas lerras dis Salfaas chamalas Asseea; st ha quom ® i mais d6, venha-so a mim, que the recaberei. seu Tango, gus logo seha de artomatar. Afronta nia fay © mais nia acho; si | mals sclara mals toméra. Dou-lho uma, dou-the duas, douthe sutra mais piqueaina om cima; hia quom mals d8t slate are remato, » Nio Laveaio quem cobrissa ao melor offerte, deu-se por finda a arrematacdo, ¢ dirigindo-sy o portairo ao offerinnte,— . " Um outro escriptor hollanfex fore tambom, qite axsigna~ daa tregoa, dos dex annos cntre « Hespaaha aa Hollands, se pablicou olla por toda parte;o no brazil em 1642, e que om Poraumbusa « x° viccenderam foguoiras em totos os lapnrerw )® Fm tempos que tlio vio muito longe,"era rary a rus ou praga do Recife em que ni, s8 via, polo menos, uma fogueira ‘ons noites de S. Julio, Este costume tio genuinamente popular, fol poueo a pouco wrrefcoudo nts que se extinguin por eomploto, clreumserevenda-so apenas aos eainpos'e arrabildis dn cidade, Demals, uma postura municipal, decretxda em 180), terminante mont prohibia—eo costae do so aocendor foguetra’ na ofdlade mag nojtes de Santo Antonio, §. Joko ¢ S. Posto, ob apena de 20300) de muta, e o duplo no caso de reineitencia S. Gongato do Amarante,» cammentoire dar moran, JA tove entre nés ruidosas festas no seu div, Exoreera o santo o cargo de parocho, ¢ tradiga0 antiquissi- ima parra que (oi elle multo ealdadoas. em promover casamen- ts: 0 dubl a forrorus devopiio das soltairas com o mitizrese santo, 6 us outr/ore fem conhext aso reidoses dangs om seu lou vor, com Yereos em descantos, Lopes Gaiia, tratanio do assumpto com a verve quo Iho 6» propria, no sou interessantissimo periodico O Carapucviro, em OS ‘nas, que dizem: Viva @ reviva So Gonealinho, Dag-me meu santo Um hom maridinho. ain: Seja bonitinho | F quaira-me bem, Aquillo que 6 nose i * ‘Nio dé a ninguem. } } < Os mahembrar, 0s estafatinhor, o* de patuseada. urdidara: Quando So Gongalo naseou, Trouxe a bandeira Dg monino Deus. | 186. REVISTA DO INSTITHTO TISTORICO 1899, qmndo ainda estaya muito em yoga a tradicional danga, que constituia uma yordadeira loucura, diz o seguinte = < Ha onfinariamente uma bandeirintin, onde esta pintada a | imagem do santo, o olém disto outa de madeira iambom entra no findango. A bandeira 6 a imagen andam ‘num corropte, ora as miios, ora na caboya desta, o dayuslla. Sda 0 estropitoro za- dumbo, retinem os garridos maraets, arompanliando as caatile- j «Na tal danga elias saracotejam as ancas, remechem-se, ‘saltam, pulam, ¢ fazem oousas de cabepa,tudo para maior honra de Deus ¢ louvor do S. Gongalo. Entro mulias doses oantigas ‘Houvi uma, om que entre as prondas de um bom mario di- smenhise de toto o eat tre, tornelam o santo, & est¥o, como pores n’airaa, @ eom os olhos pendurados no remecher das dangarinas.» Era & dovogito deste jnez, que Lopes Gama chamava—devop@ Além dessa dangas, formavam os festejndotes do#sinto, ‘Tanchos enorme, quo,persorriam as rans eas,estradas cantando ‘e danganilo ao som de dessantos om que figarayam versos desta FOLK-LORE PERNAMBUCANO 187 Quando Sido @ Gongalo nasoet, Coxton-Ihe 0 umbizo, Sonhor Saraméy. ‘Silo Gongalo fol a miss, 5 Num exyallo sem espora, © cavalo den um tope, ‘Sio Gongalo pnlon fora, ‘Sip Gongalo de Amarante, Casamenteiro das velhas, Porque nito case as mogns, ‘Quo mal vos fizeram ellas ? ALI, al 6 [6 ‘Meu santinlio, Viva e reviva ‘Sho Goncalinho. pains dovotas oxpansies em louvor do santa, a qua Tolle- narachama 08 bailes ce S, Gonrato, ovum. tambo eplobradas nts egreias, at que comogaram a ser prohitidas em Olinda p utorilades coolesiasticas, @ comogan de 181G—pordiie 08 eurd= pons eepauravamn eeso+ alles como wns, indeoemeia Indias do templo de Deus. “ Comqunnto esses preientos mnoralistas d’akim-mar, escreyo ‘tollonare no anno segainta, tratando daquolla probibicto, te ‘nham ésjuscido que David dancava doante da area, que. dang fez por muito tempo parle das coramonias religiosas, qué os padres do Conciliode ‘Trenio afriram-no com tm minuale en: Tanto a danga nfo soja vordadeiramente profsna, sof pelo apirito quo a anima, nao dirot que sejam restaboleetes os bsi- Jee deS. Gongalo ; mas, quizera quo fossem sabstituilos por contra cousa qualquer.» Refere Lopes Gama, no seu moncionailo periedicn, que se Tovantando em certo logsr a banieim do S. Gongilo pat a8 novonas ido sim fast, ao anno de 1849, © nfo snbendo 0s devotes 188 REVISTA DO INSTITUTO HIsTORICO a ascantizas apropriadas, cantaram us seguintas com todo Fervor de wma piedule verdateiramento christa + Parta-se 0 deo, Yenha um pedago, Espromam o leite Quen quers o'bagaco, Ponohe de caja, ‘Néome di vbalo, * Porque esta bandetra E' de Sio Gongalo, ‘Sto Gongalinho, ‘Sio Gongalio, ‘Beba-se o vintio » E baja funogao, A estas quadras responilia o pave devoto + Isto6 bom, mulata, Isto 6 bom, qu/ew gosto. Bis altho que cram entre nds os festejos devotos de $, Gongalo de Amarante, hoje complotamonte esyuacidos, A quo: poo so remontavam e6s2s fentejos ontro nds 6 ime possivel chegarse; ontretanto, vinham j4, sabidamonte, dos Primeiros annoy do agoulo XVIII, © La Barbinais, citado por Oliveira Lima, trita do.awsampto na sua Nowvone oyage aw towr dit monde, impress. em Paris em 1728-1729, deste. modo, dos. crevenilo 08 us03 Geostumes da Habia:—« Animagéo do regosljo algum emparelliava-se com a que reloava na festa de 8. Gone glo de Amarante, Nas danas désenfroadas em derredor da ‘Yonezands Imagemn tomava parte 0 viea-rei de parceria com os cavalloiros de sua casa, os monges @ 03 negros, desapparasondo ‘assim as distinogdes sveives nosén satutnal christi, eclobrada a0 Som mavioso das violss, «na qdal o amptexo dos sexos attingia, Proporctes du demenoia animal,» MBUCANO, 189 FOLK-LONI PBI Passomos agora em revista amis bella o apparatosa, das owas festas populares, as Pastorinhas ou Pastoris, ot mals ments lo assumpto sob 0 ponte de Vista do nosso trabalho, [i= foxe-nes que nio sorto por demais umas ligeiras explanncdes hhistorieas sobro n origem desse b ilo divartimento dis festns doy | propriumoate, Presoplus; mas antes da teatarinos pactlenlar- ‘Natal, outr’ora tio vulgar entre nos, ‘Como reza umm piedom lexenta, achando-g &. Francisco de Assis om Grecio, no anno do 1223, quiz @lonnizar a noite do Natal com wins festa, quo ounea tints sido vista, isto ¢, uma re- presentagio ay vivo do naseimento do Divito Aeedlempitor. ‘Depois de prévia ticenys do Papa, eseolheu uma gruta ¢ fez dransportse paravella win boi, um jamento ¢ uma mangedoura ¢ eollocou sobre patias um menino Jesus, @ do win @ outro Indy poz ‘as imagens da Virgem Matin edo S. Ju86. ‘Dentro da grata reuniu » santo um grande numero de frades, qu’ chamow des conyoows viaithos, ¢ una multidao de carnpotenss dagusllas allele, @ fez cantar inn missa, om qua ‘elle mesmo sorviu de diacono, Nossa oceasif, o soraphico patriateli pronunciou uma eommovente orasto, quanto chegou 4s paayras do Kranseltio ercallocox-o ey wit prempfo,— ajosthou-ae oni acto do adoracio, fe najuclle momento. conelit) a legenida, The appareeau entre oF ‘bragos um monino too resplandeooate do Ins divina. Desi enti, consorvou-se sempre nas ezrejas dos roligiosor franciscanos 0 140 da feprosentacho les presepios, que depois se 4érnou commum ¢ geral bm todo vgmando. ‘uso dos preseplos em Portugal, como refere tr. Luix de Souza, teve comeg? n° convento dis fralras do Salvador, em ‘Lisboa, no anno de 1301, Jevantando-se no meio do templo uma aemagio, reptosentando 9 estabalo de Beléza, com figuras qua interpretavam a ecena do nasclmento de Jesus. Depsis, jh no sacalo XVI, fui a nssumpto deamatizdo, teve entrada no theatro, e ¢ talvez dahi que vom 0 auto hiaratien por tugues, de tio varlvéos assumptos. este respite diz Theophilo ES ee en ee 190 juvisyA po iNSTITUTO UIsToRICO , Braga oseguinte: «Como om tolos 0s povos eatholicos om quo ‘as festas religiosas do Natal, Rele-Magos e Paixto cram a tase do theatto hieratico, tivoinos Secs autos ou yigilias, que so ligavam: as nianifestarbes Wo eulto, sobretixto no tompo em que a exroja admittis o povo d partioipagéo da lithurgia. Fol por wm mono- {ogo de naturezi da yistiagic da tapinha‘ou do presepio, qua Gil Vicente comegox a clalorar a frm literaria do auio hisrativo. » °: A intvoduecio do presopio om Porviambueo, vom, talvex, de fins do scale Xi, acaso iniciala no conventy dos franciseanos em Olinda, por fel Guspar de Santo Antonio, a qiium na custo dia chamavam O Primogenito, por ser o primeleo retigiosy quo tomon @ hablto no Brazil, nayuelle mesmo convonto, no anno do 1585 Sobre o assumpto, diz o syruinte o nosso chronista Faboatiio, feferindo-se a frei Gaspar:— 2 Immensos Jouvores Demos 4 Senhora, : A denominada, Mie da Boa Hora. Bomdita sejues Ob! Maria amada Ba Boa ttorn Em que fostes geraia, ‘Vossa Bia Hora ‘Tem tanto valor, Que a hora da morte Nilo causa terror ! ‘Emquanto existitmos No val do parigo, Séde nowo amparo Contra o inimigo. Derramando gragas Virtudes, haveres, ‘Voosas mins sagradas De tantos poderes. | Resguantine oy tristes, Pobres peccadores, Das penas cternas, De transes, horrores, Quando o filho Rterno 0 mando julgar, Da morto porpotua Nos queitaes livrar t i 198 REVISFA Do INSTITUTO MisToRIGO Hspirito divino, ; Vinde nos ditar . 0 que a humanidade | Nio pivle aleanpar, Lavas-nos di gloriy Comvoses tambem, | P'ra thilor o8 souls Dos secuttos, Amen. Entre as expanses do espirito religiogo. no nosso meio Social notayam-se algums prociesbes, que o bam senso oa moral supprimiram. ‘A proissio de Cinzas, coldvrada noRoeify © Olinda, fol uma dessas. Da procissio do Recife, que teve comeyo.em 1720, pos- } sulmoe uma 12éa exacta, cragas a um complet © interessante ertudo historisosdeseriptivo, ila lavra de Pacifico do Amaral, ‘no qual figuram os seguintes yorsos eseriptos por um frade catmelita, nn épora do apogeo dessas provissdes, em cuja pera tambera se eneoutra uma exacta Hogi do quo,oram ontro nbs semelhantes solenaidates : AS © PROGSSAO DE CIN ‘Aog homens que discorrem com sciengin, Aquelles que em flar acorto tem, | ‘hos pego que medigam se 6 de bem, 7 So commove e provoes a panitencia, Yer um grosso Jnpus (summa demeneta 1) Quo om frente A procissio correnilo vem ; 7 Bom como Adio © Eva ; mais aquom, Um anjoe Salanaz om pura ossencia. © primetro: wn chieote manojando Zarate son do, a vivo, a molecagem Quoem troca a pitomba o val Lovano... ' } FOLK-LOWE PRRNANBUCANO 199 = ‘Bo ultimo sedento de carnagem, Quera turba infantil ir immotanio, Nay gee ie d'ain anjo ante a exeagem .. | E pensam que coin addon, to risiv Tnontir podem n‘ilma s ponitencit | Gerar a (6? Olt nay, nio 6 possivel £ . Da proviso de Olinda, pottin, deixou-nos Gregorio do. ‘Mattos, que voiu acabar os seus dias em) Pernambuoe no snno | do 1600, o seguinte | j SONETO, i ‘Uri negro magro em sofolié justo, Da Jobs azorraguos dous pendentes : | Barbero Poreeys outros penitontos; } de vérinelhio um inulnto, mats robusto 5 Corn sana s0}s anginhios, som mais custo ; | ‘Uns, meninos fradintiws Lonpountes ; ‘Dez ou doze bichotes, muitas gontes, Vinte ou trinta candllas de hombro oausto ; Dadite reverentia, sels andares 5 | » Um pendio dy algodto, tinto em tejuco, km parolba dex parse do monores ; ‘Atraz um negro, um ceo, un mainelaco ; iim lote do rapisés gritadvnes, Eis a procissio de Cieza em Pernatbuca t \ Havin tambem om Olinda uma cutre proofaito tastants original, de que temos precisa notiola pela desorippio de um chronista do tempo, aestes termos + <.,, Bniretanto aqui descroveromos a procissto dos mo- ninos panitentes, com quo os mulatos de Olinda, obiidae as “Yicengas do costunie, vieram em 1809 elificat » movar a com- 200 AEVISTA DO INSTITUT HISTORICO punegio do povo do Rocife ea turba ingleza, j4 entio alli esta- belecida, < Quasi duzentos rapizes de noyea deseseis annos, com cabiooa © pés deealgos, mas restidos ils «ace, oi casa branes, desfiiayam em duas sem compassuas alas ; em disiauclas ma- didas iam no centro vinte ou trinta figuras allogoricas, ou liomens yeitidos cam 08 5¥mbolos ike todas as yiriudes olristas, feadigo da aun organievgto, dit-se-hia, wm @norme © sorapaets crrormio a degeor pola oaltina, caja vordara résplantia, opm ‘eamorabtns 4 ratos soles 202 -REVISrA 90 INsTrTUTO MSTORIED : “A brvsisin entenva por um dos tlancos sa eapoita, isotadas ‘mento erastrulda no extreme io oxtomo putoo, dara une volts sabr@o mosis. anvolvendo 9 tomplo, o disbolvia-se dopois, can- ‘tando sempre no teaftcto o sow iymno baechien, 2a ssanea, que vioba alids do looginquas 6rag, no podla continaar a sor tolerada erm um paiz.eatholiso ; ¢ compene- {ails dos seus deveres, por tm, as autoridades evclostastion * © teolamnram dos polleres pablinis 4 san intorforenota, to intate, de obstar a continungdo de semolhanis pratioa, Houyo tentatiras pacitcas, snus tnfruetiferas, até quo om 1809 expodin o govorno uma numerosa forga do dofantaria e cay Vallatia, quo ‘obstou & oxscugio da tradielanal festividado, 0 ‘*lende entio nuifoa mais so tentow a sua celebracio” As davose, quer dos tadiog.e aftiennos, quer dos branoos, 6 dos productos do ertizamento dostas tres tavas, jd foram conve= enleniemente estndndas por Syivio Romero, exbento-nor, Por Faw’ sonsignar apenas os npsios. novos subsidiog, attinontes a ‘imp ampllir%o complex aobrs tio interessante satulo. Si 4 sosiodate civilisuta da coloata eiltivava a masies, com Longs M suas bellozas o harmonies, com todas as vegras 6 pro. eoltoy da Aivina arte, ¢ os nossog aborigones, também, os eoorayos afelsanos, por suit vez, para sunvizarasagruras do ‘elerno capti- Voltoe arrefsoa® ag saudades da patria, euitivavan-n's tambo, 5 sen todo, com tola.a sum originatitade © monotonia, nos aoug seres, NOS seus roorsiox damingucizoy, om que fuzlam os seus Marsoatts, ¢ nns suas sofennidades fustivas e fancrarins..A tox. siea afrioums 6 eoavs ds introdusyo dos eseravos em Pornayns hued. @ della fiz mengia o chronista Oulado, roterinio, que op negtvs qua.tomaram purte na batallia do Tabocas, terida em 3 io arusto do 1645, tocuvam durante a pelgja tranias, atabnques © borin, faxenidy aq mesmo tempo granl vozarin. Seria essa vosoria, enntioos pateiotioos africanos, ontoades 080m daquelles rusiieas instcamentes? 27s. Raphadl do Jesus, tambon: olinanisty, eoey9, ao refeels 0 falto da Cusy, Focte, ocearridu am 15 do ‘agosto dayuelio mesmo POLK-LORE PERNAMBLICANO _ 908 ‘nso, dia que os applausos da vietoria foram tamborn colebralos — oom o estrapldo dos birharos jinst@amen tos de Minas e tndior, ‘que, asompantados de-sons conttisas gritos, fysia, aos vieto~ ‘rios0S grratos; 0 aos venoides impartano. “Celobeawam 04 utricanos ax sues feaeas. com danas © Os eseravos pitolns sinhddiipor putrooira a Nossa Soolyora do Rosario, que fostejavam appuratosaryprtio nas suas fe colebravain om seit louwor fogins ¢ dangas ao usb do gcit pate natal : ¢ apezar do barbaros, ni phrase de Mello Mores Filho, de aviliadas pela condipio, os nosso3 escravos passuiam costi~ mes cholds de yoesin de graga, de corte tristext que enlovh & encanta, , Essas dangas a(rieanas ram os batugiies © maracatis, que ainda os aleangimos, fvitos aos domingus, om diversos Pontes da clilads, reunidos os pretoay exeravos ou ‘nia, em ‘gvupos distinctos, dangando fisivamenie, num sapatesr pro- nunciadissimo, ¢ cantando ao mesmo temp», com o acompa- nhamento de palmés © instrumentes apropriados ao sou meio 6 origem. ‘Esscs cantos, si ben que inenotenos, pordm cheios do suave triste, tinham otra africana, © sem davida eram guerrelras ot patriotioas, entoadas por ewes desgragados da fortuna como aw loias recordasdes da torra natal. © batwue, que nio tinka importancia alguma pela au- sbnoia do cortos caroteristicas typicus dos sos ¢ costumes do africans, © complotamoute désazipariooy, divarisia um pouso, seguaido a pricedoncia dos dangaiorss, do Congo, ou de Loanda. © © baluque congolex, reprodyzilo entra nds com tol os os sons caracteristicos orizinurios, dangava-sp furmando-se um grande cireulo do qual fuziam parte of musicos com os sous instramentos, tem como tambem os proprios espectadores. Formado o cirvuto, goreso acorpantamento dos instrumentos, coosta de uma toada aceomtmodada ao passo, comuetatra de ropetigio consiantoy como #0 vé da ssguinta, que consiicnumos como typo da'feloxo particular deseas toads: . Aruenda qui tanta, onda, Avvonda qui tenia, toma . Arwonds do totorars. Sho morscatit prestes a oxtingiiit-#0 pelo sou arrefecie ‘mento, uma ver que nio oxistem mais africans, e 03 <0us doseondentes procuran de proforeneia imitar a sociedato da goate branca, elebranio ax mag Testes Intinias com rounibes dancantes xogquuilo os moldes usuios ; slo maracath, portanto, {A rareando, modestamente apparoce xomente nas folias earoa- valescas, Opoca hauve, © bin prositna luda, ex quo ve exhibia ‘om numero ovuitada, mais on menos hem orzanizados, osten- tando mesino alguiis apparaiosas galas ¢ com um Inxo tal, que fo seu atranjo complexo roprosentava, relativamente, avultade quaatia. Dentro estos destaeava-ie 0 deuemitiato Cabinda Vel destraldando um rie esvandarto do yetludo bortade a oaro, como eam ogualmento a tinbolla 0 as vests dos rols e dus Aignitarios da eirte,o umando tulod elles do Iivas do polliea branca v finissimos ealguies. ‘Os vestnarios dos arclieiros, portwestandarto ‘© demais figuras, eram de fin09 teoides © convenioatemente arvanjades, ‘sobrosabindo 03 das mulhores, baja sotas do sede on vollado fde oBses diversas, com oe sui8 carnisas alvissiinas, le eustosoe talhod de latysintha, remdas ow bordades, vistors 6 ttolssimos 5 “a peadontes do pesooga, o1n numerosas voltas, comprides fios de gnissangas, que do masmo mol orpavam-lhes os pulses. ‘Tolls a comitiva marchava descalca, & excepyio do rel, da rainhia edos digaitarioe da corto, que uxavam de valeados nos fe de fantasia, de ageordo com 03 suus vestuntios. Para as exhidigdes do marseatis onzaulzavim-se associagdes, coujas s6os, pelo Carnaval, oFmameniavam-se eom ommero, FOLK-LONE PERNAMBBEANO 200 armavase no salio um throne com dycel part asconto dos mo- narehas, oom lauta mess, roplots do iguarias © bebidas, tintam assento nfio sémanto 03 mombrosda eovjelsite, como tamber, © proferenclaluienie, 08 sous conividados, entre os quis, no rar0, figuravam mesmo pessoas do distinegia. Quando o prestito sabia, a tardy, riebia as sandagies do ina salva de bombas veues, sozuidy do gramlo fognotaria, saugagbes essas que eraim do novo prastalas no acto do sou re colhimento, renovanilo-so 0 continuands aa dineas até o ama nhecer; e assim, em ruldosas festas eno melo de todas as expansies de aleuria deslisuvain-so 0s tres dias do Carnaval ‘Além dessas dangas-tinham os africnnos inais uma outre, de jances lascivos, ao som de um canto monotono, com acom= pankameaio de musiex, da qual deixou-nos Tollenare osta doscripgio, em face de wins represeniago que prosencitra no Recife, om 1817, no pateo de uma ograja, em dia de festa: «Qs duncadores, em numero dg tres, oeeupsivam o centeo do-um cireato de 7a 8 pés do dinmetro, cereados por duas daxiss de curicsos ; dois dentro elles fgurayam um bomem ¢ mma mulher, ow antes um machoe uma formes, que 90 re quostavam amorosamente, represantando ora a concapiseeneia do macaco, ora a do ure, ou de qualquer outro animal, O ma- cho acariciava grostoiramente a foriaa com a sna pata; esta so dofendia um ponco, fain, © noabavn por go render ; entio, os dons dangadores se Iangavam am sobre o outro, © as explodes de riso attestavam o prazot que os espe- ctadores experimentavam com esta pintura, um tanto cria do acto da gevapio. «0 outro dangador figurava um cagulor; 0 seu bastio ser- ‘vinelhe an mesmo tumpo de: espinganta @ de azagain, que apontava de ordinario parn uma joven espestadora negra, a ‘qual parecia muito lisongeada com esta pre‘erencia. «Masa pantomima dos tres dancadoros teria pouco valor sem um movimento muito picante, que nfo cessava de acom- panhal-a. Era um tremor muito vivo e muito oxtraordinario de ‘todos os priacipaes musculos do corpo, 6 um movimento muito indooente dos-quadris © das coxas. Hste tremor © este movi- ‘monto, produgtos do consderavel forga musvular, exigom sed — 18 Tonto tess ett 210 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO muita arte touilo exereicio, Os dangadares desufiam-se para vee quem os prolanga por miais tempo, @ 08 applausos do publico so a recompansa do que tem o4 museulos mais robustos: ¢ sobretudo mais moveis. » Slo afsioano tinha os sous cinticos © uma choreographia propriamente sua, de typos accentuadamente oacionaes com ‘quo so expandiam nas suas (estas © alozrias intimas, tinbam.008, tambem para gs seus velorios © banquetes funerarios, obede~ condo a un) tito especial, com um mixto de dangas e cantorias, que comegavam desde a oxposteio do cadaver sobre uma cama, cermada de Inzes, e-entrando pela noite, ptolongayam-se até a fahida do prestito, e acompanhanto-o ainda, s6Pterminavam quando o corpo baixaya @ sepultura, Si seas solensidades eram uniformements iguaes, ou si isvia um ito espectal o gaais sotenne para os seus persousgens do distinegio, como os seas rela, principss e digaitarios da corte, 6 0 que nie podemos responder, Sabamos, porém, que Geatee as diversas inibas on nagdes de africanos que: existiam ene nis, of mocambiques, principalmente, muito se distinguiamm nessas manifestagies funerarias pelo apparato om que as colobravam. ‘Nestes velorios em que tomayam parte todos os compa- ‘trlotas do finado, havia uma certa lithurgia; os canticos sa- grados orarm, fragorosamonte acompantiados por instramentos de pereussio, o jira todué of eircumstantes que so revesavam na ua execupio havin firia mesa ¢ abundanein de bebidas, fran~ ‘quoadas & disevigio, Como asolennidado christa da commemoragio dos defantos no dia de Finados, tinham os afrioanos a gua Festa das morios, que colebrayam em sitios afastados, 4 sombra das florestas, ¢ com um cerémonial apparatoso, sezundo o vito nacional, mes elato da uns cettos laivos de hebraismo, inieiada com jajuns e ress proparatorias, seguindo-so os sacrificios de cordeirinhos ‘branoas, , depois das purifleadies, of tanquotes © dangas yo- Iuptuosss, com que terminavam sya sua manifestagio de Tespeite & memori dos sous flnidos, oujas solonnidades se pro~ loogavam yor tres dias, como partioalarmento doscrove Mello ‘Moraes Filho, segundo o que praticnvam ainda, em 1888, uns FOLK-LORE PERNAMBUCANO, att restos de africanos domisilialas na emancipada comarca por- nambneata das Alagdas. Constituindo os afeicanos uma grande massa de populagio Pola tun avultads © frequente importagio desde tempos imme- morlaes, distingniam-s9 comtuslo dos seus descendentes 03 cha- mados crieilos, nascidos entre nds, polos tons onracteristicos de naclonalidade ou tribis diversas a que pertenciam, como os congos, por exemple, —de face lanhada ¢ nariz deformado por uma oriata do tuberculos, que descla do alio da fronte so suleo mediano no labio superior. ‘Traiyoeira on enganadorsmente arrancades do son paiz natal pelo audaz negreito, mettidos em um navio de eapacl- dade inferior & eanga quo rocebia, porquanto, como escreye Tol- Jenare, vira entrar no porto do Recife um bareo de 150 tonela- das com 340 escrayos do Angola, 6 que ordinapiamente as ombar- ‘exeGes le 200 a 25) toncladas traziam de 400 a 590, amontoados promiscuamente, no poriio infecto do myvio, homens, mulheros @ criangas, us misorayels captivos celebrayam por mela de can- tos e palmas a sua entewla no porto, eontando osporar em tarra uum tratamento menos rigoroto do que aquelle que’ experi montayam na viogem om demanda da terra da sua porpetta escravidio, Acorrentados juntos, paroa © miserayelmente alimontados, tendo como unico vestuario una tanga, @ recebonio apenas ar © luz pela escotilha do poréo, adoseiam, morriam, ou matavam- ‘50 mesmo na ¥ingem, que regularmente levava de {2 a 15 dias, chaganilo esa carga humana, por tas motives, quasi sempre bastante redazida. Apezav disso, um negroiro quo perdia 10 % do seu carregamento em viagem, tinha-se por muito feliz no sou negocio. Desembarcados do navio em ebalupas, segaiam pera um. Lzareto que havis om Santo Amaro das Salinas, onde teebiam ‘tratumonto madjeo, © terminals a quarontana yinvam por ter- Ya pra ssrom expostor & vonda nas Tuas do Recife, deante da casa dos seus senhores, seado 4 tarde reeothidos em grandes —— a _ 3) ARVISTA DO INSTITUTO HISTORICO armazens convyenientemente fechalos, niio gom receio de seeva- dire, mas para nio soren furtados, oquenossi epoca era conse. muito frequente. Algnos notes essravas, compainiotss dos infelizes reeem- chogados, 6 fihabituadose tealgaados i sua triste condigio, am visital-og, espontaneamento oa por insinuagao dos proprios senhores, alguns dos quacs enviavam inosin a tar com, elles ‘nm nogeo folgazao o jovial par os exeitar a cantare a dances, nifo apresentando ste Iasiimo.o espectaculo, sindo raramonte, srouas do dor ow do desespero, 0 que fax duyidar a Tolfonare, quo os presoneion em 1417, si esses desgracadas seriain on iio de facto insensiveis on simulariam t s 0s eseravos fmportulos do Angola, da Loanda, de” Mogam- higua ode outros loares onda oxistinin govornivtorey ott outros agentox do goverao partugues, eram alti baptizalos en massa, ‘antes ily etmfarque ; 0 os proveniontes do logares onde 6 havin soberanos sticanos ny raceblam essa Tusiragko; evam baptisa- dos em Pernambieo, dopois de sa thes lor ensinaio algumas formulas do rozas o8 alguns gestos do devogto, sem a menor Instruegio do cathecismo. os iafelizes dessss hovdas golvagens, arvanenllos do sou paiz natil,e votudos a uma perpetur everavidiio, Indefinida- tnente tronsmittida aos sous daszondentes, oxistiam typos ro- presentaityos do varias tribus ou napdes, como 20 dixia, figu- yando dosterto 03 ds Henguclli, Cabinda, Angola, Castango, Catundi, Rebolo, Anzico, Gabi, Mogambique, Minn, Congo ‘outtoe mais, notando-se mesma, dowtre os que catlam nas ma Thas da esoravidio, individios que ns sua terra ¢:no mofo da sua gente eram pessias de distiaogio © do elevada: Iiorarchin ; o agsim quo Tollenare (01 encontrar na senmia do engentio sibind, em Tpojiea, uma rainka do Cabinda, imperioxs, recusan- ido-se a tratathae, © sabsndoso fazer obuileosr © tomer ontro of esoravos. Thervse Raivha, como chamavam a essa soborann preta, que eahiu do throng 1 sencala de um senhor brasileiro, quando chagow ainda trazin nos brag0s © nay pernas, como sym- doloda sua perdida roaloza, uns annelies de eobre deurado. ‘Alm dos escrivos oviginarios das mencionadss proce ‘toneing, vinham tambem da Costs do Ouro ; mag o gett tratleo POLK-LONG PERNAMDI ecssou em corta Spuca, « nio existia, jé em 1817, porquanto o governo portugnex Sirmou um convenio pelo qual so compro~ metiou a nio permittir mals a exploragio de escravos ao norte do Equador. Segundo Tollenare, os esora vos da Costa do Ouro cram os mais bonitos e mais bem conformados; oa de Angola, os mais habeis © mais convenientes para.o survico nas cldades ; 08 Cabindas o Benfuollas cram doveis 0 exzellentes para o tralalho agricola ; 0s Mogambiques, fracas @ pouco intelligentes ; © 0s Gaboes, fero- 2es 6 milue. Injuriave-se a um nogro chamando-o de Gabio. Ads esorayos afiiianos proferiamse 09 creouias, isto 4, 0s naseidos no piiz,apezar da superjoridade de prego, pelas vanta- gens da sua consiituigso forts © sudia, conhecimoato da lingua, fe mesmo porque ndo tinham — recardupdes importunas... Detoda essa diversidade do gente africana pela sua proce dencia, do tribus distinctas, somonte a do Congo, escrava ow iio, gosava do particular privilegio de oleger um rel, 9 sot ‘Muchino rid Congo, como o chamavam no seu idioma patrio, enjo soberano, porém, superintendia sobre a gente das demais nagies africanas, rosidents no distrioto de sua jurisdieglo. Toda essa gonto, liviw ou eserava, quor propriamente afri- cana, quor os deus deseenilonies nascidos no paiz, que, reuni- damonte, eonstituia 9 poro dessa monarehia, tina aN. S. do Rosavio por sua padrooira, ouja imagem, para mais nitidamente desportar-Iho os sentimentos’ patrlos, lgumas vores 32 via mosino pintada us proto, como rofore Koster, Em liomenagem a ssa sua padrovira erighim templos © confrarias, eaquelles dos sous filiadas ram acompanhulos 4 sepultura por ius irmios coufrades, encorporadis, envergando ag suas opas do sida. branca ¢ acumpuntads dos sous respecti~ vos capolldet. Para os quo, pordin, nko portenelam a esgas cor poragdes religiosas chamadas Zrmandules de N.S. do Rosario dos homens preter, havin no Recife um sacerdate a que se dave o nome de Clerign do Banguc, — que acompanka 4 sopultura os protos defuntos, que no sic irmaos do Rosario,— camo refere Loreto Couto na sas obra exoripta em 1753, ‘Findyun tambem os africanos 2S. Benedicto por seu patro- no, talvex pala partioularidade de ser santo de ede prota, e em 34 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO sou louvor colebravam festas roligiosas em que #0 oxhibiam iversies profanas do uma reminiseoncia intima dos costumes patrios, sondo a ropresentacio dos Congos, principalmeate, uma dessis diversdes, Os els do Congo oram investidos por eleighis eral entre 08 proprios africanos, podando a esodllim recabir em Infividuos livres ou escravos. Fsso4 Fels tinkam a «ua eirte, mals ow misaos, orcanigada, sogundo og moldes da monarchia portuguera, notando-s0 por- tanto, entre 3 seus cargos compononias, os do sesretario: de estado, mestre de campo, arautos, damas de honor @ apafatas ; 6 um servico militar om que flyuravam marochaes, brigadeiros, coroneis @ todos os demais postos do exereito, — poir tudo isso Aavia em Pernambuco, diz o governador Caetano Pinto em officio dirigido ao ouvidor geral do Olinda, em 21 de dezembro de 1815, ¢ 0s tratamentos ce mayestade, ewvellencia 4 senhoria vogavam entre elles tal ora o desapoio a que os deizaram chegar. Além disso, tinham estes reis o tratamento ile dom, entra, sna gonta, 6 exerciam sobre olla uma corta nseendencia po~ litiea, chamando-a ao cumprimento dos sous deveres @ con- tendo-a em sms dosoridens, pois ardm muito respeitados, @ reosblam mesmo do poder publico um certo apoio garantidor das suas regalias magestaticas. Gada eabyea de comarca on distrioto parochial tinka o sou rei ¢ rainha,com o competente cortajo de uma corte particular, e procedida a eleicio, tins logar o act) solenne da coroacio 6 ‘posse no dia dafoata de NX. S. do Rozario, impondo a corda o Parocho da freguezia. . Koator rofore vom muito chista © partloularidads @ acto ‘da coroapao de um rei do Congo, a qual presonctirs om Itama- raed no anno de 1St!, cuja oleigto recalira em um volho escravy do engenho Amparo, o qual, no din da coroagio, fol Jogo pela manki aprosentar as suas homonagens ao parocho da ‘freguozia, como er costams. < A's on7» horas, refero aquelle eseriptor, ditigi-ma & egreja com o vigario, collockmo-nos sa eatrada, ¢ com pouco ‘yimos approximat-se grande numero de negros ¢ nogras tra- Jados do variadas edres, preosdidos de tamborvs tpeando 0 de FOLK-LORE PERNAMBUCANO as handoiras desfraldadas. Quindo estiveram porto distingalmos no meio delles o rei, a rainin © o secretario de estado. 0s dous primatros Ucham oordas de papelio cobertas de ‘papel pintsdo.edourado. Dp uniforme do rei, a casaca, o col Ietoe 08 calgdes cram do tres cOres diversas, vonie, encarnado, fe amarello, 6 talhadas & moda antiga; trazia na mio um sceptto de madeira porfeliamente dourado so a rains trajava wesfido do seda azal, tambem antiga, O pobre do secretario porém, polia Litongear-so do trazor om si tantas eres divansas ¢omo gen soborano, mas cra ovidente, que tanto de wm lado como do oatro, eram roupar emprostadas, porqne os ealoies eram estreitivsimos @ 0 collete desmedidaments amaplo. ‘ sepa 216 REVISTA DO INSTIPUTO aisTORICD Devoreidos annos passou a oleigko do rel de Congo, polo menos no Recife, & ser confirmada polo chefode policia, quo expodia um diploms ao oleito, a eajo docamento encontrdmas ‘O regisivo da um ha Tospostiva seorotaria, firmado pelo Dr. Autonio Henrique de Miranda, @ datado de 14de sotembro de 1818, polo qual confirmava a eleigio do pteto liberto Antonio de Oliveira, —« fleando 0 rofurido rei obrigaio iaspoccionar © mantor @ orem © subsrdinacto entre os pretos que“he forem sujeitos ». A instituigéo dos veis do Congo aateo ni nio se profongou Tutto além de meiados do culo passado. Alem do cargo goral do rol do Congo, havia partioular- mente, os de governadores de tribiis ou naples, como so v6 de Varias provisde: conferialy a vomeuglo de taes cargos, dentro a8 quaes destacamos duas de época mis remota, do anno de 1776, pelas quaes. 9 goversador © capitiio general da capita- nia, José Cizar de Nonezes, vonferin ao proto Beraurta Pereira @ polente do governador dos pretos da costa de napto Sobart, lavrada em 3 de abril; © a0 prato Veotara de Souza Gareos, dia, naeiio dos Ardas da costa ca Mina, do que era teneate-coronel, 0 de governador da dita nayio, por patente do 17 do mesno mer, uma yor que fol eleiso om junta da sua gente, por desis- tencia de Ventura Vaz Salgado pola sua adiantala idado, esperando dalle, que nas obeigagdes que Lhe competi, 80 ha- Yorla como Ie cumpria, contendy om paz og ditos protos da sua nacho. Havia, emfim, um capataz do porto, quo tinha sob o seu ‘commando ou dircceio os pretos que se emprezavam nos sor vigos do estiva, carga, descarga © amareayio dos uayios, @ ‘um segundo capataz para ay substituigdas do cargo, ‘08 n08s0s indios, como os desorevor os chronistas quinhea- tistas que s2 occuparam dos sous usos, costumes e yiver intima a Cpoca inieial da colonizagio do palz, eram grandes: baila— dores, em cujos exeretelos sa adestravain desde pequeninos, ‘ensinando-Ihes og proprios aes a dancar e cantar, LILORE PERNAMBUCANO Comtulo, devia ser muito monotous a sua danga, som passes altornados, e num continua bater dy pis, ostando ‘quodos, ow andando em rola, moneanio apenas o corpo 6 a cabeca com muita surenidade, gob a marea do toque de ma- yacds: @ assim ballavam elles cantando juntamente, porque, na phraio de um cheonista do secalo XVI —«nio fazem wma cousa sem'a outra,”e com tal compas © ordem, que 43. vezes cdf homens bailando © cantando em carrelra, enfiados uns detraz dos outros, acabam todos juntamente unt pancada emo siestivessem no mesino logars. ‘As mulheres bailavam tambem, a sos ou jantamente com ‘os homens, —o faziam, com o8 beagos e corpo, grandes gatl- ‘monhas ¢ momos, prinsipalmento quando ‘bailavam sis, Guare fdavam entre si differougas de voues om oonsonincla, © de or- Ainario Tovavam 08 tiples, oontraltos e tenors. ‘A daogs guerreira do selvagem, ao som de eanticos pa- trloticos, eta solanne » exoltadord & vingenoa dos bries offen didos; eno asto do. sacrifisiy dos seus prisioneiros do guerra figurava uma pleiade de nymphis, quo respondia em cote a ‘um cantico apropriido & solennidade, tirado — por uma volhia muito vorsaia nisto ¢ mestra do ebro. Ao langar-s a corda ao pascogo da vietima, dita ung cyorsos do enntico :— Vis amos -ugusites quo fazom estivar 0 pexcore 90 passaro; — 0 depoie de outras coromnonias cantavan noutro pe : ‘si tu foras popagsio, Youn nos fugiras. Terminadas eseas /isios da malargin, ontrogava-s 0 s0l- ‘yayem aos prazeres da antropophagia, nas tabas do sua habl- tagdo, o que durava por tantos dias 6 noites quantos duravam 44 eames das viotimas ¢ 0 vinho espocialmento preparao para a festa, consumindo todo tempo em daocas ¢ cantorias, em prisgado, contonts 0 orgultioso das suas victorias. ‘Nesses supplicios dos prisioneiros ontoavam tambem os indios uns ounticos commemorativos das guorras antigas da nag&o, ¢ execrtavam dunpas especiaes consagradas & horrivel Qe ee 248 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO coremonia ; e assoleanistades funetites, entre 05 nosios Tupinan- bas, torminavam eom um cantico veligioso, em que uma as pecio de paraiso torrestre, uma terra promettida, era annun- elada aos vivos, como vxistindo atraz das montankas quo fe- charam 0 horizonte. Rofere a’abbeville que & danga era o primeiro o principal slements dos Tupinamdts, © que a sou yor, cram olles os malores dangadores do mundo, servinio-ve do maracd pasa area 9 compasso ¢ Acompanhar a cantorix propria, ¢ de tas bastdes com tubes cylindricos, sonores, para marear a cadencia, do bailado, Suis cantoring, na phrase do mesmo esariptor, sio em louvor de uma arvore, passaro, pelxe, ou outro animal ow ecousa semalhante, ¢ quasi sompre so louvores a seus com- Dates, ds amas victorias, triumphos @ outeas cours de guerra, que exaltam muito, especialmeata 9 gon valor militar, dando diversos tons, conforme © compasso, ¢ com estribilho no fim de cada estancia Caniam muito baixo no comego de suas dangas © pouco a pouco levantam a voz, a ponto de serem ouvidos muito longe, principalmente quando sio muitos, como de ofdinario acontece. 8 preticados do posta ode cantor outoryavam o privi- Jogio de andar sem receio no meio das tribus extranhas © até mesmo inimigas,e si algim bom ewntor ¢inventor dp trovas ere encontrado entre os prisioneiros de guarra,—por iaso lhes da- vam a vida no o.comiam, nem aos fithos, quer fossem homons ou mulheres,— dispansando-se-Ihe ainda toda a sorte de conside- ragbas @ agrados. Na obra meritoria da catechess © civilizacio dos nossoa selvagens, os jesuitas, a quem incontestavelmente cabe ess. gloria, em grande parte, interaam-ss pelas nowas florestas, ‘vo procurar as tribus errantes do barbaro gentio, @ para o bom exito do sea apostolado, aproveltam-s do sea talonto postion, di sua lingwigem harmoniosa @ floxivel, © compiem ‘Versos pagios com pensamentos christios, e introduzcm o theatro nas cidados que surgm no meio dos desirtos, fazeato ropre- sontar as poyas dramatico-bieratieas de Anchiota, nos adros das egrojus © 4s sombras das florestas, at FOLI-LORE PRRNAMBUCANO 219 ‘Naturalmente propsnios 4 musica @ & poesia, como ates ‘tam os nossos historiadores, os indios da America tisham 08 sous pootss, © polo qu nas diz particularmento respelto 6 st- Bido que as teibus beazilotas possilam o8 seus Pidyas e Nhon- ‘gacdras, oujas inspivadas oatrophes tanto aprizinm a ‘Thevet oa Lory. ‘A masign © a poosia, porttnt, quo naturalments © cor to gosto © habilidade cultivavam os nose indlos, ainda que om tustles® Instramentos © cantatas, ao molo selvagem da sua vila, tiveram um grande desenvolvimento em sua cul tra, graqas uo tasano labor dos Jesuitas, avantajindo’se entre thilds, os Calietée, quo habitavar o Litaral de Peraambuco, © 08 ‘Tamoyas 0-do Rio da Janeltd, jorqus a0 eoncelte da um histo: yindor eram ellos graniles mustcos © bailadones. Isto mesmo eomprova Taboatio, dixendo qua os sostos Indios sprenderama ‘com wna fhoilidade prodigios. os psalmos © 0 orgio, que exe- eulavain proficiestements 00 eonvento do S. Francisco, em ‘Olinda, ‘notanto-ss entre olles um qao ont insigne eottras pontista, @ outros que s avunlajavam por suas composinies de canto oom lettas & salpha, quer na lingia portagueza, quer 10 sot proprio idiom. Simao de Vassonestios, ohnonista do seoulo XVI, diz dot indo: 220 REVISTA DO INSTITUTO WSTORICO, 48 aatoriormenio,em 1614, laviam os padres franciscanos do convento do Olinila, que-xsompantiaram a expadigio pernam- buona destinada 4 conquista do Maranhio, levade comsigo alguns indios musicos, seus. catechnonenos, © no dia do-S. Fran. ciseo celobraram missa era Gevisoncoura, con cianto de argta @ (rautas, que pala primeira vez soaram naquolles desertos. Algunmas egnijns das aldoias dos indios da bispado de Por- Rambuso, pscreve.o nosso contertanco Loveto Couto em 179%, ‘Ym oryios, para com mais solannidais vo golobearem as suas Jastas. Os indiog siio os organistas © musicos quo bensficiam as missas, Em (odas as misms, se cantam as Indainhas, offloivs da Sonliora.e jaculatorias, que a devopko tom iaventalo, 0 que ‘fizem os indios e indins com bem concertadas vores. ‘Tollos 08 chronistas, portanto, so unanimes om exaltar o talento artistiog dos nossos aborijzeans, Dos portngtiexes, nosso volonizadcres, aporar do seu genio expansivo, alegre © ecommunieativo, nada absolutaments consta sobra choreographia nos tempos colonines, 90 pass que as nossas chroniegs reistram com minuienclas « colobraghy de sumpiuosis fostas pudlicas, prinoipalminta om regosijo & exat- tagio ds sous monarchas' naseimanto dos seus prineipes, Do epliemero pertodo da dominagio hollandeza tambem mada consta; 0 um ehroaista portugues da Spooa, deicro- vondo detidamente ag (estas colebradas om 164) palo principa Mauricio de Nassau om regasijo & indopendtoncia de Portugal © oxaltagin de D. Joao 1, fala om tudo que houve como repre- sentacio thoatral, tornelos, banquetos e mankfeetagdes militares, menos em daugas; » 0 mesmo silencis quando sa refere a fostas de despolidys de Nassua, xo deixar o. governo da ann ‘uorida Maurieia, em tomands da Karopa. Entretanto, tem uma procodencia logiva essa ansoneia dos divertimentos choreogta phicus now compos eolonines, porquanto, aperar de ser a danga de origem religivsay por tim, acabou proseripta dos tomplos pela propria egreja, como const das deliberagdes do varios concilios ; © probibidas depois polas Constituigses dos bispados portuguezes, foram esss probibi- bes imitadas ontre nds pela eonsagragio de agnaes disposicdes ‘ha Constituigto do Arvebispado da Baliia promulgada em 1707. VOLK-LORE PERNAMBUCANO oa A eggeofa, porém, foi ainda mais alim, porque houve mos mo Wispos qua chegaram a prolibie a denoa em easns parti- ‘enlares, como fea/entes néx o pretalo olindease D. rel Jose Fia- Tho, por uma Pastoral de 1725,na qu, depois de recommenda ‘08 patoohos que nio conssntissaiiy comedtas, enlloqulos, repre semtafhy © Valles denteo das egrojas, capollus © sous tdros, ‘eouelue probibinds mesme—e as daygas de homens com mulheres Antero de cosa, >—do euje auloridadee composencia indage o nosso Mariz nas suas ftitwipker eanonico-gatriae. a épocns posteriores, comonte eacontrémos que em mela os do seeulo XYIU, a datigk portuzu za donominada /i/os, tinha ja enti alguna voga em Pernambucy como’ se vi do tuna Retopta do Padto Bonko da Capita, o%ra o deploravel estado a que chegow a Companhix ide Jesie nasts prosineta do Braait, csoripia ein 1761, em culo dosumonto, tratanlo Ho Collegio do linda, refere, que © pulre Manoel Friaco, ‘como dixiam ox conogos du exthodeat daquolla cidade, —«dangrva a fifa (quo ¢ danga doshonesta) com mulheres de mi repatagao.» Ris omente dessa dpuca por dianie, que comeam a appe- jocer alguns vislamtnes da. danga enira nbs, eujo periodo bem se piile fixnr do melados a fins do socalo XVII. Pifeotivaments, esorevendo Lopes Gima sabro as dangas antigas, as danger do sew temp, que exastamente eomprehende quelle eyelo, eatrando mesmo nos primsiros annos ty feculo immediato, rofere que tinhamos 0 passi-pé, 0 minvete rastetro da eBrto,—que cram duncasaerins © vocagadas ;— tinhames 0 ceo, 0 bX @ acomportn, quo so daneavam lindamonte a0 som ide uima cythita; © em eseriptos postericres fala tambem doe cotithnes ¢ cto bello tundsin chore qiie sa dangeten ds embigatasy ia. Iato quanto & piagi, uma vex que ao som tla cytoira ¢ « eery+ polo nasvo mato, ‘Qwestava entio mul tatamba, 0 sabin, outra cous, Sinko a danga do gambo ow 0. minvéte rastwira, ee ee ‘222 REVISTA Do INSTITUTO HIsTORICO O Tindum, com os scus niotivcs em requeteos plangentes era uma danca de origem africana; e teve tal Yulgarizagto, { que chegou mesmo a ser Iniroduzido ma metropole, © muito apresindo not aumptuosas saldes da Sdslgcia portugueza.— ‘Aipla no primoiro quarte! do seenlo pasado, diz um es } eriptor portugues, so ouvin com frequencla cantar wo som da, gnithtra, sou insicumento pradilocto, Com a separagao do Bras do Portugal deizaram as primeiras familias do roino do ter ‘escrayos pretos, 0 que entid vonstituia quasi que um dis Ynotive de Adalgula, @ assim se foi pstdendo o uso do tundum chorats, do tandwm do Rio, © outros que naturalmente entram nosta, parte.» < 0s brazileitos, escreve ‘Tollenare om |817, reforindo-se 08 ses © costumes de Pornambuco, gostam muito das gui- ‘tarras, ou antes*do bandolim, em que ‘geralmente executam simples melodias ; vi-o8 raras vezes furmarem aceordes segui~ ‘dos, ¢ nunca modulagoes. Nao eantam para acompanhameato ; servem-so do bandolim para fazer dangar; og suas musicas do danga 8io de sois por olto, da um movimento quasl téo ani- mado quanto 0 das dangas esovssezas ; neste compasso ag creoulas executam passos muito lentos e sem saltar ; cada um 88 levanta por sua vez @ dina séam um quadrado de tres a quatro pés. Oa homens imitam bastante os movimentos dos ogéos, mas as mulheres no faxom, sinio supp6i-os ; apenas k peroeterte que niko estio immovols.» > Bram todas essas danas que constituiam as delicias das norsas festas famillures, de bddas ¢ baptisudes, a que se dava o nome de funerto, uma yex 40 nesses bons tempos, como escrav : Lopes Gama om 1842, Essa palavia do baile ‘Té era desconbeoida, Muito manos s6 sabia O tal soird e partita, © minucte era mais moderne queolundum, De origem francez ¢ inventado em 1650 por um mestre de danga de FOLK+LORE PERNAMBUCANO 938 Poitiers, teve grande voga na eirte de Yursailles, ¢ dabi a sun propagagio até que ehegou acs noseos ssld:s, por imitagao da edrte do Rio dé Janeiro, no reinado de D. Jodo VI, onde teyo ‘eniraila até mesmo nos proprios pagos reaes. Posteriormente, quando predominavam os bailes, soirées, partidas © reunides familiares, cujas denominagdes modernss impostis + nosas festas de familia tasito escandalizavam a Gama pela condomnagko do termo clasico de funcsty, das Wide ¢ baptizatos, tinhum felto Jaa-sus enirada entre nds as dancas modernas, das quaes algamas ainda estio em yoga, & outras desappareceram, cot lennadas pelo dasuso. Rate estas ullimas, figura 0 solo Ingloz, que fez as delicias ‘dos nosso. sales 6 plat‘as, prineipalmonto a do bello Thoatro de Apollo, hoje profunado em armazem de sssucar, epjx dana moderaamente confemnais, ¢ comtudo lembryda ainda com ‘sauudosas recordagoes, pela gente do sea tempo ; e bem assim © lurbulento galope, —& danga mais favorita, a danga que mais prezavam os mestres do grande tom De par com o galope figura 0 montenetio, Que nio fiz bom cabello, Principalmento 0 primeiro, ‘pa phrase eliistosa do noso rédactor a°0 Carepuceiro, varbe- rando-as com 0 sureasmo da sua critica, ‘A sehottiech, do origem polaca, desappareceu tambem para dar logar ao parde-gualrr,e do mosmo modo A masurha, da Hangria, ¢ 44 dances polonezas chamadas radova, cracdoiana @ vorsoviene ; © & esta ultima, a que o yulgochamaya de walsa- viana,@ tevo grande voga, compor-se mesmo uma letra para A sun musica, da qual nos recordamos destes Yorsos iniciaes: Esta yalsevisna Pde toda a semana... Apolli, originaria da Hangris, vai tambem eahindo em desuse, © ao esté longo a época do seu completo desapparcci- mento dos nosiog saldea, ; 224 REVISTA DO INSTITUTO! ISTORICO Esti, porém, ei grande vera a valsn 6 0 pasdeguntre, a quatrilba © 0s laneeiros. A valsa nto tom a otigem tulosea que garalmente Ihe dio, tina ver quo so deriva da ells, uma danger provengal, que x az dolicias la ebrto dos Valois. No seenlo XIV, como lemos ‘agora, piesou & Allemanty, hoje sou palz adoptivo, e-em 170 a Franca novamonte a reogbet depots dg um eclipse secular. porianto, das dangas usdas, ade mais remota origem, som eomtudo, potermos fixer precisamente a époea a sua intro- duego nos saldex pernambucanos, nem donde directa ou indie rectamente nog veil. A. valsa quo timidamente apparscou ontre nis, era em 1837 ainda muito pouco usada ; mas do eonguista om conquista fol Youcendo 0s piss08 que Ihe einbargavam as dincas antigas, de srto que em 1842 constituia ja uma dys mais apresiadas dos nossos sides, ¢ dahi por deanio, com algumas reformas que nip alteram em alwolnto os seus tons essenvinos, cliogou até 5 nossos dias imporando svberonamente, e eatendo-the ainda, as honras de inieiar os nossos sories dancantes. Como variante ca especie, tomes a valsa amerieana dos Balded yankees, muito poco usala. Referindo-se Lopes Gama aos prodoniintos da valsa em 1842, narra esta curiosa passagem : #¥in certo bailo de granda tom rezava © programma, que bg cavalhelros duylain apresentar-se do calgay juvias, dessas ue 5 francozes chamam pinteton-coulant, POL LOB. PERNAMBLGANO 235° A quadvillis, quo no vein dos saldos feancezes, « talvex ilo intcoduegio contemporanea da. yalss, mas conquistou a esta as Proeminoncias do bom tom, © ostava j& tho valgarizada em 1837 Que apparecia por toda parle o ostonden-se mesmo — por essex maattos © por esias bronliay, floanly quasi que proseriptas todas 45 inals dangns;—e a cata vos, quarrthas, como dizin Lopes Gama, mécio-so 9 norte, cemache-se o axl, @ anda tuto em doténdes ; 0 verborando a dinga, averesoontaya ; Quiadtillias © Yateneie fayoraveis ensejos, Se mito do furtivos bjjos, Diabragos ¢ Wapertaes, D’introtuzir poticdes. © acopselliaya : Danee 0 {emiio vo a irma, © marido c% a mulher ; # para maior prazer Se travyem om lindo par Dols moninos a dancar. © mesmo critieo, na sua fina de sondempan o ridieula rigor a quadrilhs, dicia ainda depois, em 1842 : 0 furor das contradangss Por toda a parts sestoaie, A todo 0 enor huwiano A quadeitha comprokende. Nas baiticas mais nojentag, Onde a gente mal s0 ve, 44 Sescuta a ratequinin, 34 so-sabeo Valaved, Sat — 5 ‘Tons tax, p 226 REY STA DO INSTITUTO THSTORICO Dangam gordos, dangam magros, Dangam velhos e aleijados, Dangam Pansas o Beltodos 7 daneamn estuporalos, 0s Lanceires, qué vieram dopols da valea o da quadeigya, so de origem britannics, ¢ dos primeiros tempos do reinado dnrninhs Victoria, é propriamonte uma —quidritha ingles, urranjada por Alfonso Leduc, 9 dangwia nos bailes da rainha de Inglatorrs.— Seguiado, porim, 05 molies do ballndo originario, ‘4 quadeidha franceza, coosta tambom do cinco partes com estas donominagies. particulates: primeira Les trois ; eogunda Les lignce ; vercelta Les moulinsts; quatta Les siiter ; 6 quinta ‘the Lancers. Originatiamenie fol composta para se dangur aémeato em qaadro formade do quatro pares ; mas Renausy arranjou a ‘quid para otlo pares, com pouguisstinas madangas — eon Soruinio deste modo tornar a oxeeugdo muito mais animada @ muito mais agradavel para o8 dangantes, sto arvanjo d'Qs Lincetros, vulgarizado peln impransa, @ contend cain uma das sas partes uma nota oxplicativa de ‘uals of pusios @ nooo da danca, tave o tem ainda grande voga ‘hos nossos silb98; Mag a sua masica originaris tom sido substi- ‘tuida por outras, fleando assim em completo olvido. (0 Powide:guatre @ de. recente introdusgio, nos vein dos aaldes franceaes e eclipsou a popularlasime sc/oltisch « “Tratomos agora, ainda que em ligelra revista, dag nosas dangas populares. (0 sama ao bshiano, um mixto de danga, poesia e musica, ceujad tondas so aoowpantiadaa & viola © pandeiro, @ 0. bem, Jmaia moderna, dancalo no som de cantigas com as suas Codoncins mascatad a palms, com aeompanhamento de viola, © pinlo, da gitia popaler, sia He volgares © eonheeidos noe Givertimontos rustiemeampestres, prineipulmente, que 108 parceo dispensavol deseormes » pormenores 4 rospeito. ‘Para attiagirmos, pordm, de certo modo, & fliagso, histo- dusita om afftrmar, de Fano, 80 te plea do zomiae da b FOLK-LORE PERNAMBUCANO 287 accdrilo com Syivio Romer, que sto umas transformacies dos battgues © maracatis afvicanos, constituindo sssim uma especialidade brasileira, @ do generalizagio cm todo o paiz, afguranio-se-tios, comtudo, quo tém elles o norte como pontu do partida da sua irradingio. House, portanto, um periolo evoluctonisia do transfor mages lentas nas dancas africanas até chegarem a constituir novas especies, como essas que om exiudamos ; ¢ emquanto nio fe operavam estas tracstormagdes foram cline adoptadas polo Povo com todos os sods predieados © tons catasteristicos. A adopeso dessas angus africanas vinha de fins io seeulo XVIll, pelo monos, uma vex que ium ehronisin dos primeiros nnos do seculo Immediaio as verbera acremente, pronunoiane o-8¢ assim; < Asdungas torpissimas o deshonestissimas ta Aftiea, adop- tadas polis miesmos brations da ambos os soxos, inelusive as don- zellas, mestuo ita proenga do seus pcs @ do seus futuros spo. 9s, (ado devin anniquilarem Pernambuco, toda iléa do pudor © eastidado. Infolizmente o irvitado chvonista wio consiguou a letra 9 - ‘musica de semiolhantes (langas, Eniretanto, tem elle razto, ppr= quanto Tollonare, tratando dos folgares da gente que passava ‘em Boa Viagum a estagao calmosa do 1817, refers que & noite ‘88 Taparigas cantavam ¢ as mulheres dangavam ao som das suas cangies, parecendo-s2 essas dangas muita com as dos negros, Bele bicroh quanto d expressao lascto, OWS genored de daness popilarws, com musica o lett avultem timbem entre nos, tacs cumo a cide, & rolinke @ as anquiviias, o earangue)o 0 0 candisi*o, 0 a8 puramiente consagra~ das acs brindis tntuntle, como s eéveinha, Constongs, formign ita sropd 6 oaths Imals, eujns letras consizarmes ny seaso camps. ‘toate, 228 LABVISPA DO INSTITU HISTORICO ‘Temos emi, 0 eid, umm danca quorida do populachoy ‘com carta exdoneis acompanhiada a palmas,e ma qual os folides ‘acoommodam as nossas trovas populares, repetiduiaento ; ¢ 0 “Mineiro play uma dance populatissima o do recente appareci+ monto, sobre a qual ajustamod aqui as seguintes linhas, que & sou teapatio fizuram no Almwnak Lvao-brasiteir de 1004, acorn panbalas da competonte: rm P <0 Mincivo plo ama danga popular agni em Pernambuco. xmbora da origem plabsla, jd ¢ lumbem nsada mas salas, cm seaiides furoiliates, substituila a viola ou a guitarra. no aeom- panhumento da mustea poly plano, ow mesimo violino, flaata, ete. 4A dings consist no soxuinte + : ‘¢Forma-se uma roda de mapas © Papazts, danto uns os os tos as mis, o flindo no couiro um dos dangadores ou ding: doras, © é-ess> o que ovata, respondento os restuates em 600, depois de cada vergo da quadra entoaila pelo cantor~ ‘ Sol : Amores de uma creoule Nao duram Sendo um anno + Nunca vi polas amovtras Chita prata da bom pind. Obsdrve-so, porim, que tudo iso era de uma tendencia | goral no paiz, enn propels motropols, porque’ 1 mesmo, | ' 332 REVISTA DO INSTINUTO IIIs ponice onde o proto nity avultava, Yaramenic apparecia, ¢ teve mesmo sna carta de alforria outorgads por uma lei de D. José 1, inspirada por seu ministro o Marquez de Pombal, dizia Pobre proto so 4 gente Quando ver a noiti: eseura ; Tovlos dizom—bi vom homem,— Somonte pola figura, . Para demonstrar a tonevidadé a que attingia, dizia-se enteo nds + Negro quando pinta, Tres vers trints, Querendo-se assim dizar, que, comagava.a eneanceer aos noventa annos, e repotinm-se ilites vomo estes: Boa conta lanca © preto, sett seuhor n esti vendendo. © nogro 6 carvao, 0 0 branco seu dinhotro. Negro quando nfo suja tisnn, Negro s6 tem de gonte vs ols. Negro de luvs é signal de chuva. Negro nit nll danga. Negro om festa de Wranco éo primeira que apaoha © o ultimo que come. Noro jurado, nozro apanliailo. ‘Negro em pé ¢ um t60, ¢ dormindo um poreo. ‘© negro nto quer minz4o, mingéo no negro, E para axprimir a sus bravura, resistindo aos ataques contra a sun Uberdndy, quando fusia da easy de seus senhores, Fepotin-se -— Quem nay tem eoragen, nto amarra negro! Nag noms quadras: populares ha waa yuo comona : Negro paquend 6 moteque ocantavase uma ebiula, do masioa alegre, 0 com una certos tons do tango, do cuja lotra, nog recordamos apenas estes var. 308 iniciagn: TOLK+LORE PERNAMBUCANO 2238 (© nagro é rei dos Vichos, Imperador dos inneacos. Emm, até os propriog santos inspiravam remoques. Com rolagio a S.-Benedicto, santo preto, © putrono das homens da ‘sua cdr, so vilgares estos verse = ‘So Benedicto Oltio do aratnnta, Come oni ¥ tambem a eastanha. 8 ainda estos versos: Santo Antonio foi bom santo, Pois livrow seu pae da morte; ‘Mas nfo livrou pas Jofo Das pernas do calabeote, Combudo, para exprimir o horror & esorayidio, repetin-se, ‘@ topoterso ainda hojo : — Breravo, nem de Santo Antonio. Reinon sempre entre os osoravos a justifoavel o naturalis- ‘aims tendeacia da sua omincipacto, da sua tiberdade, evjo hiistorleo, tendo por ponto do partida o celebre quilombo dos Palmares, quo prospeva e vigoroamente se manteve por mais do meio seculo, ¢ 80 terminou depois de renbida camp:nba, em {que os palmarinos ge dofendevam eon inexostival bravura, 0 Limitado programma deste sso estuilo nko di easanchas para ‘oattender, ¢ mesino porque se trata de um fucto ja eonvenien- foment codificady em nowsi \istoria- Tollos eases protestos, todas asus tentativas, eloquentemente domonsttam,—quo nfo faltavam avs africanos @ seus deseon- denies, nem bravura, nem vigor na resistencia, nom amor i Hibordade pessoal, porque omartyrio era ile vencer todas as paelencias, 6 exgottar qualquer resignacto. ‘Apéenr de anpiquilada a celobre sepublica palmariaa, a lea mio porecen ; « av contrario, representa como que o posto dg partida do uma enrronte de fuotos suczessivos, com mais ow menos intermittoncine, até chowarmos ao epilogo dessa epopéa 234 REVISTA DO INSTITUTO HISTORIC negra, oolebre quilomby das mattis do Catuot, nos limites do ‘termo de Olinda.oom os da parochia do Pogo da Panella. Ao conteatio do quilombo dos Palmares, que jé toma sua historia, 0 do Catued completamente desconhecido, salvo ligeiras reminiscencias tradisionaes ; « dest'arte vamos ferir o assumpto, si bem que, simente nos seus pontos eardeaos, Situado, por assim dizer, ds portas da cidaile do Recife, por ‘wn grupo de escravos fugilos, pelos annos de 1825, fol sueces- sivamente augmentando, © por fim apresentou mesmo uns vislumbres de amengas 4 tranquillidade publica, além das rains da sua situagio, Malunguinho, um nogro intelligento eaudar, astucloso & valent, ora o chefs do quilomto, @ tinha o sou quartel gonoral no logar denominsdo Macacos, is extremas da paroehia do Pogo, esiondendo-se vs nuotoos de habisagio da sun gente pslas mattas do Cataod 0 outras que Ihe foam proximas. 08 majungeiniios, como se chamaya aos quilombolas, atiran- do-se om sora 08 povoados eireumizinhos, viviam em guorrilhas, © faclam guerra de emboseuda, procurando sempre ‘em sttas soridas atacar do sorpreza, o atfrando-so covardementa sobre os que considoravam seus inimigos. Mais ow menos arma dos ¢ municiados, © prevendo as,repressdes do govern, estavam alertad © prepstatos pata onfrentar qualywer agvalio, aiapostos om Linkas de defesa, tento espathaos polis miattas ds stias appro ximagtes, aguilissimos estrepos e profusidos fossns, convenionto- te distarcados ; o amantes da indopeadencia, como diziam, fi siem guorra A tyrannia, 6 defenitiam seu direito ¢ « sua tiberdaile, Soolalmente encaridos, sozuiam. os malunguinkos ox prin= ciplos do communismo, desconboclam odirelto de propriedades ¢ tado que achavam tinham por bOa presn. Sutoossivas expodicdes de tropas seguiram pira Catuod em o fim de extingnir 0 quitombo, a partir de 1828, regressavam com oasiveis claros nas suas flloiras, som mada consoguirom ; © aoeontrario, deixando mosmy nos malunguinlor novos elementos de forga @ resistencia pelos despojos ds arms o muniotos quo cahiam om sou poder, Como fim de obstar 0 desenvolvimento do quilombo, maniou 0 Governo installar no sitio Cova da Onga, & margom FOLK-LORE PERNAMBUCAND 235 do rio Paratibe, nas proximiiides do Catues, uma colonia ‘allema.creala om 1829, 4 quit, vietimn de constantes ineursies, pilbagens a a%$ mesmo dé aseussinatos, teve vidauphemera pelo forgudo absndone dos cold Finnlinente, em 1839, gragis dé onergicas medidas do popressio temaias pelo (iove'no, aus chegoa mesmo a por 4 promia appiohensito do chef Molangainio, teve Jogar 9 ‘qudda do quilombo, depois de renuidas @ protongadas lutas, entregando-se 4 oseravos aprislonados a seus logitimos senhores. Si os nagros procnravam «saa ibenlado fugindo do eapti- ‘eit, ¢ roaninio-se em quilomtos, mais ou menos fortes. pola ‘ita populagdo 0 thelos da defesa, surgiram depots as idéas do ropellito, ¢ unilos aos mosiloos, seus descenilentos por cruzi jnentos diversos, plingjavam um rompimento sorio contra, 08 rancos, doqual, si mio fosss Lmmovtiatamento sisfocado, teria mus que Iamontar granites dessragas. Absofwidos todas 08 espiritos na obra de consolidagao da nossa emancipagio politics, do que provinham uns tantos doscuidas do Goyerno cota relucio 4 seguranga da ordem publica, Soncorteram casos factos pura gevar no anima, da populagio nogeae mestioa, que so avantajava, com talver ainda hoje #3 avantaja, & popaiagio branes em superiorlivie aumerica, umes tants tendunciis de omancipagio, ainda mais animadas coin as notiaias das oecurenciss da colonia bespanhola de S. Domingos, onde trinmaphara 1 insurreisio ios nezros. Envolvidos og poriuzuozes nessa oftosidade de rage eda Hendoricics emancipscioniatas, sos quaca chamavam lo mari- nkeiron © que nataralogate tomavamo partido des brancos, aleanhados de caiados, tornaraim-se 08 prews altivos @ arn gantes, o Wahi algumas satyras cin yorios ameagaiores, @ ‘eantndas & viola até mesmo-nos proprios quavtols polos suldados, dentne.as quaes ca-aparam ilo olvido estes versos -recolbides pela tradigios Aarinhotros 0 caiaios ‘Todos davem #2 acxbar, Porque #5 panlos © protos, 0 paiz hilo do habitar, nr ge eneneeeengep ener eneneennmerenener hojo se-¥é com a# companhiae de curregadones do asstcar © algolio, @ de embarque © desembarque de mervadorias di- ‘vorsas. ‘uts’ora, tinham ested” ganhadores ox conductores de mor- eadorias, um gorernedor, que linha wae oecta ascendenct, afbre olles, 0 goziva mosnlo, Para 7 bom degempenbo do seu arg, do umes tantas protogativas o regallas; era nomealo yolo govornador da, capitanin, como #6 v6 da Patento passuda 40 proto Cusine de Azevedo, em 14 de novemnbro de 1781) >Pass geerear u cargo do governador dos pretos ganhadores dosta raga, peio tempo do cosine, @ emaranto procedesse io sorte {jue ello metecasse ser censervado, gosnnto dx Jurisdisgto que the competis, ‘03 que 80 ocapavain, porém, no servigo do fotos le exixas to assnsar, formavara uma cotporngao a partoe tinham 0 seu governor especial, como 80 v8 ds Provisto dv 13 de setembro ido 1778, pastada polo governador José Cezar do Menezes, pela ‘qual foi nomeado o proto efecto Manoel Nunes da Costa gover- fhodor das yiroton mercadores de cataes de aseicnt desta prages sora tempo, determinado, mas —emquanto proeedess> como dle- via, goanndo da juriedieyio que om raze do mensionado entgo jhe pertencia; — concluinso o governader, ordenando ao ret do Congo emuals offleincs, que, como tA @ Feeonliocossenny hon easam o estimasiem, © dando-o por omposmado To #94 CATED; recommendon ths imuito — «0 sovego o vigilaneia, que deve ter ‘o goverto dos scus subnlinados, & quem ‘tumbem ordeno qua ho otodegam cumpram asauss onlons relattvas no rel sor wrigo e-hom publico assim como devein osko obrigados ». Por essa época, © mesiha posteriormenta, of pretos em= pregaidosno serrigo dos treter, fusiam-nos no 20 a eabega como. tambam em carretas eapecites, quando so tratava de um vo~ jume dearaado peso, como por exemplo, de ama pips de vinho. ‘Essas oarretas evar puadas @ Wrantes por was cinco ow seis homons, o empurrales por un ; 6 para os volumes do paso ‘menos eonskderavel havin umas outrad imenores, pusadas Por ols homens provo# ds mesmas por Targas cortéss assay aos 238 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO hombros 4 tiracollo, 0 empurradas por um outro, Mme. Gra- ham, que steve: temporariamenté em Pornambuco, om 1841, contigna na sua obra uma estampa, representando uma deseas cerretas mitioves, em movimento, por melo dessa tracgio hu. mana... : Os pratos desso sorvico, livres dl evernvos, nip trabalbayam na vespera de Reid je reunidos pela manhi, alognes contantes 6 formando um umeroso cortejo, indo no cols um. dolles sel {ado sobre um eaizio, ompushando uma bantcies, ¢ carregedy 408 lombros pelos coipaiheirys, partiam eniao, cantando una ‘Yorses em tina toaula do marcha, dirigiam-so as casas dos son Areguezes © pessoas diversas Para dar-ihes a8 bOaS festas, a todos 08 quaes, om agradesimento pelas esportalas prodigalindas, erguiam vivas ao estournr de fozuetes, ‘Terminada # folganca, reuniam-se os mestres, contavam o Apurado e procediam & sua disttiuieao cutee todos, que assim fieavam com fesurdos pars pussur & larga o fistivamente o veu dia de Reis. Das cantilenas des Rels, aio ‘conseguimos nenhama desuas {otras spezar do ilo set muito remota a épnex do son uso mas sondo ess0 costume originario do Portugal, como muito ouircs, 6 natural que fossein ellis as masmas, ou pelo menos, ‘no mesmo sentido das portuguezas om iguacs folgangas; 0 assim, consignamos aqui asduas soeuintes quidrinhus, eoio uma idea da untiduss das nossas; ‘Vimos dar as boas festas Etanibem cantar os Reis: ‘Vimos yér os yossos brias, Quo alguma cousa nos deis. ‘Vimos dar as boas festas A eales nobres senkoves 5 Que ja nascen o menino, Kim Belém entre os pastores. Reslam-noe, poréia,as euntifonis dos enrrecmidores de pianos, Umas ands on voga, © cutras nid, { | 5 } , | | ‘ FOLK-LORE PERNAMBUCANO: 239 Sao estas: Yayd mo diga ateus, lhe que me you embarcar, Que o vepé entrou nn barra, O telegra fex signal. La, 16, 18, yoy Vamos rir, vamos chorar, Queo vepé entrow nn barra © telegra fox signal. Zomba, minha nega, Zomba, meu #inhd 5 ‘Quem quizer so einbarear, 0 trem de ferro ja chegou. Quem quizer 8» embarvar, 6 twom do ferro 4 ehegou, Embarea, mink vellum, Pule fons, meu yoyo. Minha mie me dew Com 0 machucald, Quobrou-me a cabegity ‘Mas ono me maton. ‘Agua de beber, Ferro de engommary Minha mie me dou Foi p'ra me matar. B, 6, yaya, yd chorar, La p'ra banda do zonguéy Pox,uo se maia esse bicho Gum cargo de dents, 240 ALVISTA HOINSTTUTO iStORICO Fo Roi E esta eolligida por Si Bota a mao No argolio; ‘inbizinia Vas tocar ; Afinador Vom afimir, . inbdziohs Vae pagar, Os pianos slo geralmente carregados por wei homens, tres a fronte o tres uttaz com as mios apoiadas sobre og hom- bros dos pareeiros, A cantilena, que entoam em mareha um tanto sevolorada, ecom oadencia propria, é tirade pelo mestre © respondidn em céz0 pelos companlicitos, © geralmente bom entoadas, so algumas dellas muiio honiins © melodiogas mesmo, © tado por elles proprios arranjado, Por umas tantas aifinidades vtlnographicas, tem logar pgora tratarmos do capoeira, si bam que entre nds niko seja ello tho ‘ocontmdamento manitestato como o de outros logares, por ‘exemplo, 0 Rio de Janeiro. 0 nosso capovira 6 antes o moleque do frente do musica, ‘om marcha, armady de cacste, @ a desullar os do partido con. tratio, que nog vivas do uns,o moras de outros, rompe em hostilidades ¢ tava Iutos, de quo nio rato resuliam fe Mentos, © até mesiuo casas futaes!... Hsses partidos dos cupoeiras, s&s do Quarto, © Hespunha, que ee originxm das rivatidades ontro dias. exceliontos bandas de musica que, pelo anno de 1955, oxistiam entre n6s : umoa, 4 do 4° batathio do artilbaria, © outva, de um corpo do gnanda nacional, mestrada por um hespankiol de nome Pedro ‘iarzido, do euja oacionalidavla yea a denominagio dos sous par- tidarion. FOLK-LORE PERNAMBUCANO 244 Consoante com isso, diziam os partidarios do quarto: Viva o quarto, Morra Hespanha, Cabega secca FE’ quem apanha. sso qualificativo de cabera seeca era wi injuria para os , assim glcunhados, porque equivalia o mesmo que chamal-os de escravos, Epoca houve, na decsda de sessenta do seculo passado, que por uma determinag&o da policia, era prohibido aos escravos andarom na rua depois das nove horas da noite, termo esse que era anounciado por um toque especial do sino grande da matriz de Santo Antonio. E’ dahi que vem a retiradade uma visita ou palestra ao toque de nove horas, como cabega secca, Sobre o facto appareceu na época uma quadrinha de um mau consoante, assim concebida : Cabecga secea, Ja deu nove horas, Ahi vem o Rufino Com a palmatoria. O Rufino era um activo 6 energico subdelegado da Boa Vista (Rufino José Correia de Almeida), que nio dispensava da palmatoria 08 cabega-seecas, pegados depois do toque de nove horas, sem bilhete de seus senhores, provando que an- dayam em servigo, Levavam os capoeiras partidarios de musicas o seu en- thusiasmo por certas pecas, ao ponto de comporem versos apropriados ao canto de alguns passos dobrados, como estes, contemporandos 4 dpoea de formagio dos dous partidos, chasqueanio dos adversarios: Hespanhol néio pega disto, Hespanhol aio pega disto, Hespanhol 86 pega disto, La detvaz do Sao Franciseo. , . $503 — 16 ‘To DUK. Pee 242 REVISTA HO INSTITUTO HISTORICO E estes outros, cantados no trio de um dobrado do 4° batath@io de artitharia, a quo denominaram de Banka cheirosa, dobrada esse que levaya ao delirio o: partidarios do quarto, principiimente quando chegava a parte de uma pan- vada om falso dada pelo bombo no trio da pega: Quem quizer Comprar banha cheirosa, ‘ai Vai na casa Do Doutor Feitosa, Quem quizer Comprar tanha de cheiro, Va na casa Do Doutor Teixeira, O 4° batalhdo do artilharia partiu para a campanha do Paraguay em 1855, ¢ dahi por deante nunca mais so tocou em Pernambuco o popularissimo dobralo Banha chei- rosa. Os caposiras, nos delirios do seu eathusiasmo, com o cha péo na c’rda da cabega, gingando, pulando, ¢ brandindo 0 seu eacete, tinham phrases rimadas que atiravam em desafio aos seus antagonisias, como esias; Cresceu, Cahinu! Partin Morreu ! Ou estas colhidas por Sylvio Koméro : Nilo venha!... Chapéo de lenha ; Partiu, Cahiu!... Morreu, Faden! FOLK-LORE PERNAMAUGANG 243 Os divertimentos populares entre 0s, ebibides quasi sem- pro por occasito de festividades roligisns. cram variados @ interessantissimos, principalmente como nianifestagbes poe- ticas, porque constituiam verdadeiras epopéas, ora religiosas ougpastoris, ora guerreiras ou navaes ; tne: siv os presopios, Fandango, bumba=neu-boi Ol cavalo marinho, congos, mo ros, eaboclinhos, © especialmente o8 cteiras, que eram uns verdadeiros eertames pooticos. © folguedo dos mouros representa uma luta mal entre mouros ¢ christitos, e yenoedores ostss, depois de diversas peripecias, aprisionam o rei moury, que, se cunverteado a0 christianismo ¢ solenmcinente taplisado. E esea fulzanca, quo na plirase de Silvio Romero —é uma reminiscencia das Tutas’ conten 03 moures ni peninsula hispanica, — @ compos- ta de cantoria hiarmonizala em eatylo apropriado & poesia © esplrito do poenin, © da dialogo om versvs, ou nio. Refere Theophilo Braga que esta folgnnga 6 um auto ralimentar 6 de origem e implantaudo porbugieza ¢ acores- ceata «36 no Concioneiva de Rozondo vom eltado, no sosals XY, 0 doce baile da Mourisee, que os sontitos faz pevder. No seculo XVIII, por ovcasido das fostan do casimoato de D, Maria 1, represomtou-se na, Habla. dance dos officiaes da cutdleria e carpinteria asseadamente cestitos com farga mou rivea, Bate costume goral de toda a peninsula hispanica, sobre- vive com uma tenaz inteasidado, Em Portugal 6 ainda muito vuluir 9 Auto do Ret ida Moirama, que se ropresoata ein varios logares, nomeada~ mente em Vianna do Castello, na procissao de N.S. do Carmo, © Vinjante inglez Heary Koster, assim descreye uma fol- ganea de mouros a quo assistiu em ttamaraeé, pelo Crrmaval de 1815: ‘ bom provavel. "Na versio brazileira do Rio Grande do Sul, o gagetry 6 designado com o nome de Chiquite, e termina cam o episodio da ota caida ao mar : Palaytas niio eram dites, Chiquito cahiu no mar, <0 maravilhoso do diabo, eontinda Theophilo Braga, quo seencontra na liga do Algarve, tambem anima a relapio em Prosa—os mares dayam na nio, que pareein que queriam. abeir ; @ isto com tantos relampagos, que parecia quo an= devam atts os demonios ilo inferno, » FOLK-LORE PERNAMBUCANO 253 Desce depois o autor ao confronto das soenas de anthropo- plingia de que fala o romance, como quo consigni a relacho sobre esse partictlar ; as teens @ a3 espadas que 0 gageiro vey ‘¢ outras particulsridates mals, tudo porfeita @ harmontosa~ mente combinado coma descripgio do nautraglo de Jorge do Albuquerque. Nota ainda que as terraa de Hespunho, que @ gageire dix estar vendo, conconiam com esis liahas da relagio: —« @ porque quando vimos terra cuidavamnos que podia ser Galiza... » Emfim, basta este trecho do emerito e feoundo escriptor: ‘<2! natural que o povo romantizasse de preftrancia este nanfragio de Jonge de Albaquarqne, por isso que foi o que mals the falou & imaginagio, como so v4 por esta. passagom :—0 in- fante D. Henrique, cardeal neste reinio de Porkagal, que neste tompo governava, mandon uma galé para que touxcsse pelo rio acima, como $s fez, ee por adita niu dofronte da egraja do S. Paulo, que ora ¢ fresuetia, ¢ por espaco le um mes, ow mais que cateve, ia tanta gonte wba, que era crsse espintésa, @ todos fleavann adnirados vendo 6 déstropa, e dayarn muitas grt ‘gas a Nosso Senbor por liver os que nella vitham de tantos ‘porigos como passarsm. — Este periodo explion a propagate do romance da Néu Catherincta, ¢ sua ubiquidade em quasi todas as provinois, » Resta-nos, emfim, 0 jnizo compstentissimo da. illustre es eriptor portaguez Manoel Pinhoiro Chagas, que, em um bem taneado attigo publicado em uma revista lisbonense, 0 Jornal do Domingo, em o8 pa. 2 ¢ 3 do foveretro do 1831, discuto ypa- gistralmente a quesiio, © couelue provanio com argumontos frrofataveis, quo a londa da Nau Catherineta se prenie ao nau fragiods Jongade Albuquerque, em 1505. Elucidado esse assumpto, resta-nos aloda um outro de muita importancis, principalmente para nds outros, per= niambucanss. Quoin teri o autor do romance quinhentista da Nau Cather ‘rineto¢sem duvida desfigurado do typo original pelas suas multi- plas @ sncesssivas variantes no decurso de mais de tres seoules * Foi passigeiro no navio o posta pertambueano Bento Teixeira Pinto, amigo de Jorge do Albuquerque Coolio, tam- eS | 254 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO bem pernambacano, filho do primeira donatario Duarte Coullio, a quem offerecera elle o seu poem Prosopop/a, impresso em 1001, sendo, portanto, testemunha do totas as tristissimas Securmincias da longa viagem do navio, e soffrendo como tolos que iam a seu bordo, das amargas privagdes prove niontes do saque praticalo pelos corsirios francezes, 0 os meemos perigos no2 naufrajsios @ nas Iutas de abordagem. Completamente desconhocida a antoria do romance, -nio parece, em favo de todas ossas circumstancias, que Bento Teixalra 60 sou autor... Si nifo possuimos dads positivos para v affirmar, tambem no existem para se negar... Resta-nos agora a consignagiio do romanee ; @ como as Yariantos portaguccas » bruzilviras, de que ja flzemos mengao, si do facil consulta para um estado particular sobre 9 as- sampto,@ na auseneia de uma vorsiio pernambueana, com- Pleta, damos 4 seguinte, rocothida por Pinhoiro Chagas, 6 ‘Dublieada no sew alladido artigo inserto no Jornat do Domingo, do Lisbia: + A NAU CATHERINETA Ora, da niu Catherines, Della vos queio contar : | ‘Sete antos mals um dia Andou uas ondes do mar. Nilo tina 14 que comer Nem mais que pare manjar, Doltaramse solas de mothy Para a» domingo jantar. A sola eva tio dura, . Nao a poderam tragar, Deitam sorles 4 yontura, : Pn vor quem s¢ ha de mater. Logo foi cabir a sorte No oapitio general, FOLKLORE PERNAMDUCANO = Sobe, soba, marujiaho, A‘quelle jopo real. Yo si ves tervas de Hespanka ou prains de Portogal. ‘Mio vejo terras da Hespamha, Nom praias de Portugal: Vejo sete copudas ring Tovlas para te matar. —Acima, aoima, gageiro, A’quelle tope real. . Ve si vis termas de Hespantia Ou praias de Portugal. —Alvigaras, meu capiti ‘Mou eapitio generals J vojo terras de Hiespankis B praina de Portugal. Tambem vejo tres meninas debaixo de wn Laranjal Ua soniada a coser, Outra na roca a. far, A mais formosa de todas Bstd no meio a chorar. — Todas trossto minhis fihss,.. Oh! quem mas dera abracar, A mais formosa de todas Comtigo a hei de casa, = Avosa filha nio quero Que vos eustou a criar = Dar-te-hei tanto dinhoiro Que 0 nfio pessas contar. — Nio quero © vosso dinheiro Que vos custow a ganhar. —Dou-to 0 men cavallo branco, Gue nunca houye owtro igual — tiuardae 0 vosso cavallo Que vos cuslou a ensinar. — que quétes tu, meu gageirot Que alvicaras te hel do en dar ? 255 256 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO — Eu quero 4 néu Cathorineta Para n'ella navozar. — AniuCathorinota, amizo, E' d'el-rei de Portugal, ‘Mas, ow ew no sou quem son, Ou etre! fa na do dar. Paneco-nos que sia pogas complemeatares do romance, pela sua ideatidade de yistase harmonia de assumptos, umf Cinipto do marinhvire © as Contigas de Wweantar o (erro, que ‘Theophilo raga covsigna no seu Cancioneira, © muito par= ticularmente as Cantigas que dizem respaito—d grande ndo Cutherineta ;—o effectivamente, deserevendo Gelso de Ma~ gallifes um brinqueds do fandango, ow jansivas, aque as sistira, em Yalenga, na Bahia, refere que a maraja cantava veraisda Nao Cathierineta, fado do marujo @ lupas (cantigas de levantar farm): —o d’estiarto nos pareso quo édo in~ teres momentoso a insercio das referidas pecas, neste nosso estudo, Eil-as: CANCAO DO MARINHEIRO (Versio de Coimbra) Perdido 14 no-mar alto Um pobre navio andaya, J4som bolachs 6 sem rump, A Tome a todos matava, Deitaram as negras sortos A ver qual doltes havia Ser pelos outros matado, Pro jantar daquelle dia. Cabin sorte maldits No melhor mogo que havia ; Ai! como triste shorava, Remand 4 Virgem Maria, VOLK-LORE, PBRNAMBUGAND 207 Mas de repante 0 gageira, Vendo terra pela pra, Grita alogeo Ii la gavou: —Tervas, terras de Lisbia * CANTIGAS DO LEVANTAR FERRO [Verso da Lisboa A grando miu Cathorineta ‘Tom os sous mastros do pinko. Ciro Ai 16,16, 16, Marujiaho bate o pé. 0 ladrio do despensoiry Furtow a ragio do vinha. Ald, 16, 16, Marinheiro vira 4 re. Antes de cagae as avess, Poe-se 0 ferro sempre a pique. ALIG, le, 16, Cala qual mostra o que 6. Pura a mitt tlear a nado, Abvom-se as portas ap dique. ALIS, Is, 10, Chea tuto ed p'r'a v6. Quando as gaveits vido avs rizes, A mavajs tala o Isis; ALIG, 16, 10, Quem ¢ moiry nig tem fe, f S03 17 Tinto txx, nny 258 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO ‘Sobem dois a impunit, ‘A rizr gobem 08 mais 5 ALG, 16, 6, “Ta oom ta, ¢ ons com ori, Quando o bareo faz eaboga Ala bragos, iga a giba. Aild, 16, 16, ‘Vade longo quo é maré. ‘Quando olle arranca o ferro, Vira onto de leva arriba. ALG, 16, 16, ‘Vira mar ¢ Sam Joss. B'de usanoa, wo quarto d’alva, Matar na coberta’o bielo ; AL 1G, 16, 1, Deixa # marca, poe & pé. Antes da baldeagao, ‘Varro o-mogo, apaaha 0 1x0. Ai 16,16, 18, Pelto & barra, fines 0 pos ‘edo 0 bareo que ands.a corso Capa otra que s@ vay: Ait6, 18, 18, Muito cafe tom Guiné. Todo o moo de conven Caga a lsca na. bande}. AL1d, 18, 18, Mazagio nilo ¢ Salt. FOLKLORE PERNAMBUCANO 259 A folganea do Bumba mew bot, tio vulgar em épooa n&o muito afsstads, perienco, como dit Thoopbilo Braga, & forma do thestro hieratico das festas populares do Natal e Reis, Exgre dds, porém, ora oxbibida néo simetito nessas épo- 4s, como tambem em varias outras occasites, prizeipalmente pelo Carnaval nas festividades religiosas dle arraial ; mas hoje 6 raro apparecer mesmo ness Costes, © quasi que vat eabindo em desuso, © Bumba mew boi & um drama pastoril, ¢ no vem do diuturnas éras. Os versos ‘Mou boi morren, Quo ser’ do mim ¢ ‘Manda buscar outro LA no Piauby, indioam, nio mi duvida, que vem depois das descobertas o eolonizagilo das terras do Piauhy, © da exportagiod o gado ali eriado, eujo commercio eomogou entre fns do soculo XVit 6 prineipios do immelliato, uma vez que as primeiras dongies de terras em sesmarias para @ situayao de fizenilas de criagto, naquelle Estado, foram foitas pelo governador de Pernambuco. em 1681, 8 cuja capitania portencis entio o torritorio piauhy- ene. Esta ciroumstancia unida 4s relagdes de vida adminis~ trativa eds commercio do Piauhy com Pernambuco parecer ‘tambem indicar que o poem ¢ de orixem pornambueana, acaso dramatizado depois para reproseotagdes publicas. Ainda om ‘apoio dessas nossas coujecturas vém estes versos do odro do eavallo-marinh¢ Cayallo-marino Danga bem babiano, Bem pirece sor Tm pornambucano, JO ae £60 REVISTA bo INSTITUTO HISTORIED Sajx cum fir, © que ndo vests davida, é que o Buona mew doi 6 wma rapsodia do Norte, » puramente brazileits, sem’ afl nidadiss de imitagdes estranbas- Lopes Gama, vorherando a folgnuga no soa periodion O Ca rapuceiro, ex 1840, esctove ustns palavras, extornando-se Uopois em largas consiterages sobre 0 assumpio: “De quantos reoreiit, folgangas ¢ deseafados popitlgres lia nesie nogyo Pernambuco, eu n&io conheco um tao tolo, ‘ilo @s- tupido ¢ destituido de graga, como o alias bom conhoeido sume ‘mew toi. Bun tal brinco nlo se enevatea win gnrodo, aem vero simillanga, nem ligagao: 6 um aggrogado de disparates. «< Um negro mettito debaixo de uma baieta 60 boi; wm ca» padocio, enfiado poly fanio dam panaed yollo, chama-se ci~ ‘yallo-marinho; oviro, alapantade, sob tenodes, denominase burrinha; um merino com duas svas, uma da cinture Daixo, outgs da cintara part cima, torminando para a eabors ‘oom uma wrupemayé v que se-chama a caipsra; haalim disto outro capadocio que se chama o pai Matheus. 0 sujelto do eavallo-mariaho ¢ gentior do oi, da burriaha, da eaipora «do ‘Mathous. ‘4 Tolo 0 divertimento ifea-s9 em o dono de toa esta sucta fazer dangat ao some violas, pandeitos e de ui infernal bor- aria 6 tal bobato Mathons, a barrintia, a eaipora qo bot, que com offsite 4 animal muito ligelrinho, trofego @ bailarino, Além disso o boi morre sempre, sem qué oem para qué, ¢ resuscita por virtudede um elyster, que pespega o Mathews, conse mu) agradavel e divertiia para 03 judicieeos ospeotalores. AtG aqui niio passa o tal divertimento de um brinso po- pular 6 grandemente (esongracido, nas do certs aonos para ed Mo la Bumie men Ooi, quo preste, sinelle nio apparees um sujeito vestido de elarizo, & algums vezes lo royuote e estoln, ‘para servir'de bobo da fuaepmo. Quem fax ocdinariamente 0 papal de sicerdote buses um bregelrote despejula @ eseolhito para dosemponbar a tarvfa até o mais najouto ridiculo; © para compleiento do esoartion, exse padre ouvo de coulissio av Ma- ‘teas, o qual nogeo captivo fax aahir do porns ao aro seu con- fessor, acaba, como é natural, dando muita ehieotude oo sa coplote ! > POLK-LORE PERNAMBUCANO 264 Efestivamente, a folganya compie-so de um numeroso grupo de iadividuos, de que ¢ chefe o cayallo-marinho, tendo a0 Indo o arlequim, que como o seu ajudante de ordens; dos ‘vaquoitos Matheus, Sebastito o Fidelis, conduzindo o bol ; ¢ da 1m modico, um padre ¢ o eapilio de. campo ; 2 outtas veces, ‘om autos mais desonyolvilos, apparecem uma burrinha, a cai- porinha, como a descreve Lopes (iama, uma preta com o nome de Catarina, um phantasma, urubii'e outros pervonagens: @ quer de uma ou de outra forms, wm grupo de cantaleiras e tox eadoras de viola, que além da parte que tomam no correr da, opresontagio exhitem nos seus intervallos toadas diversas com Jetras populares, conhecidas unas o improvisudas outras. 0 boi ¢ feito de um arcabougo de sarrafos, coberto de panno © pintado, sob o qual se ocentia um individuo, do (6rma a final ‘© proprio animal, andando ou correndo © em movimentos di- yorsos. 0 cavallo-marinho, trajando de capitio, com seu chapdo armado e drayonas, aparece montado « cavallo, mas fingida- mente, com uma armacio que prende & ciatura, para repre sentar o animal, © Arlequim, ovpiwlo, sem duvida, do Arteelino do antigo ‘theatro italiano, om onjis ropresontagbes comtemporaneas 4 ‘composicaio do Binba mew boi, invariavelmente apparveia, bem como 0 typo do Dottore, aproveitude no nosso auto, flea A di- reita do Cavalio-marinho para transmittir as guas ordens, @ 0 demais personagens oecupam os logares eonyenientes 4 repre- sentagio dos sous papeis. Entremos agora no assumpto particular da fulganca, se- guado uma versio resolhida no Recife por Syivio Roméro o consignada nos seus Cantos Populares, mas um tanto ampliada pela junegiv, de alguns novos subsi -esparsos que consegui~ ‘mos colligir. A sua exhibigio tom Jogar ao ar livre, ¢ geraimente 4 noite @ procodendo solicitads licengs do dono da easa, em obsequio do quem vat davigar o boi, como se costuma dizer, tem logar a pri- mein scena do auto, rompends em ciro as cantadeiras uma ‘toads com estes versos, acompanhados 4 yioln, 90 ram da qual dancam o eavallo-marinho 9 0 arlequim: | a 262 REVISTA DO INSTITOTO HISTORIC Cayallo-marinho ‘Vern 89 apresoniar, ‘A par ligenoa Pata 0 bot dangar, Senko dono da. easa, area, o au’ toralto, Para 0 bol dangar Mais o rea vagueiro, Cavatlo-nariaho, Por tua tengio Fax uma mesura ‘seu capitio. Cayallo-marinho, Dos lagos de fitas, Faz uma mesure A'S Mogas bonitas, *Cavallo-marinho { Chega pire diente, } Faz uma mesura ‘A esta toda gente. Cavallomarinho Danca muita ben, Pole-se chamar Maricas men bem. Cavallo-marinho } Danes tem habiano, | ‘Bem parece sar j Um pernambucano, | Carallomarinho | Yai para a orcola Apronder a ler | Ea tocar viola, ‘Cavallo-marinho Sabe conviver. Darga.o tou babiano Queen quero ver. Cavallo-marinho, Fu toméra jt, FOLE-LORE PRRNAMBUCAN 263 Faga ama voltinba V4 pita sew logan. Cavallho-marinho Danga io torretro, Que o dono da east Tem muito dinheiro. Cvallo-marinho © Bangs na ealeala, ‘ue o dono da cast ‘Tem gallina assuda, cavallo-marinho Danga no tijolo, Que o dono da casa ‘Tem cordio de ouro. Gavallo-mariaho Vossé jd dancou, Mas pordm 16 val, Tome la que ou dou. Cavallo-mariaho ‘Vamno-nos embora, Fax uma mesure AY tua nenhora. Cavallo-marinho Yamo-nos embor, 44 den mela noite, ‘J4dou nove horas. ‘Cavallo-marinho, Por tua meres, Manda, vir o bot Parao povo vér. 0 cavallo-marinho e o arlequim figuram em todas as scenas. ‘Na segunda, entra Matheus vestido de vaqaoiro, 4 sertaneja, © armado de uma vara com ferrio, seguindo-se depois o Scbas- tillo @ o Fidelis conduzindo 0 boi. Rompe a sceaa o cavallommarinho dirigindo-so ao arleguim: 0° arlequim 0! peceados mens, 264 EVISTA DO INSTITUTO HISTORICO Vai chamar Fidelis E tambom Matheus, O° mou arlequim, Vai chamar Mathens, Venha com 0 boi # 08 companteiros sons, Responile o arloquim : 0 Mathes, yom ca, Sinhé ost chamando, Traze.o tau boi, F vanhas danganio —Sé achei 9 Mathous, No uchel Fidelis ; Bom so diz que nogro ‘Nao tom do da pelle. Ditige-ne 0 cavallo.marinho a Mathaus e interroga-o + 07 Mathens, cad o boi * Responde Maiheus : Ca, 014, ol, Rolo tl pina ot Holo td pra ld... Si miata boio chozow fa to aqui; Eque foi esse Pur aqui! 0° meu xine, Cadélo o Bastixo, Galelo 0 Fidere # Para onde firo ¢ ‘Vonliam ci vors8s Estarnbem 0 boio. Entra o bol, rompendo as cantadeiras em odto: ‘Vem, mou boi lavrado, ‘Vom fazer bravara, YOLK-LORE. PERNAMBUCANO 265 Yom dangar bonito, ‘Yom fizer mesura. ‘Vom fhzer mysterio’, Vem fazer bellena 5 ‘Yor moatrar o quo saboe Pela natureza. ‘Vem dangar, meu bot, . Vrinea no torroire 5 Que o dono di essa ‘Tem muito dinheiro, ste boi bonito Nio deve morrer, Porque sd nascent Para conviver. omega, entio, 0 Matheas wina tous om estas letras, respondendo om cro as cantadoiras, a eadla verso, com este osteibilho — Hisbumba : 0" boio, déirede banda, Nipaia essa gente, Dare p'ra trage, bedara pra (route... Ver mai p'ra baxo, Roxando no chito, dd no pae Fidera, Xipanta Bastido. Vem p'ra moa banda Bom difaenrina, ‘Vai mottendo a teste ‘No Cavalo-marina. 0, 6 men bnio, Desve dessacasa, Danga tem bonito ‘No meio da pract. + ‘Toca esse viola, Pondo bom mito ; Minti boto sabe Dangh tem grado. ee ee REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO Sogue-se, entio, uma toads com ostos versos, ao som da qual, dangam o Matheus, Sebastiso © Fidelis, rasgadamenta ; Toca bem esta viola . No tahiano gemeds, Quo 0 Matheus © 0 Fidelis So dois cabras dansaté, No passo da jurity, . Tleo-tico, rowrind, | SI Fideits danga bem, © Mathous danga milks, Meu negro Matheus, Danca 0 miudinho, Para dar um gosto Ao cavallo-marinho. 0 tocad6 da viola ‘Tem 08 olhos muito esperto 0 som da sua viola Parece-meum ou aberto, Eu quero béa viola Para fazer toda a fosta, © bom pandeino conserta O samba na floresta. Eu ful dos que nasei Na maré dos earangucjo, Quanto mais carinhos fago Mais desprezato me vejo. Como sou flho de povo, Tenho o dom da, naturvza; Nio sou feliz, mas bem passo Com toda a minha pobreza. Danga o bol, danea Mathous, Dangam todos 03 vaqueiro, Dangam que hoje nds temos Grando festa no torreiro, Aoterminar a ultima estropho, grita Matheus, como que para interromper a continnagso da cantiga : FOLK-LORE PERNAMBUCANO 267 Para, pata, para! quero di:é um renado: — Boio dangou, dangou, Mai agora td deitado t E rita o Sobastiiio = Abt pracovo mow! . Hotode sinh morrow. +. Responds Mathous + A rembora, bobo, © boie divertiu muito, Agora ficou cangadc ‘Toes bieo do Cerro, P'ra tu v2 como arrevira # te dé no cho. ‘Sebastido ferra 0 bol, quia nlio se move, o veriflenndo Ma theas que elle estava morto, exclama = Minha toto morreu t Que seré de mim? Manda buscar outro Léno Piauhy. 0 eapttio atira-so yara Matheus, brandinilo o nebenque, © porguntaclhe: 07 Mathous, eat 0 bot ? B Mathous responds : Sinhd, 0 bofo morren..+ © eapitio, fato de raiva, espanca 0 Mateus, © ordeaa-thor 0’ Matheus, vi chamar 0 doutor para curar © mou rieo boi: quero saber do Fidelis Para onde foi, 268° REVISTA DO INSTITUTO MSTORICO . 0 Sobastiio, via toda a prose, Chame 0 capiiio do mitto, DE as providencia, Qno traga o Fidelis Na minha presengin, ‘Chega o doutor, ajusts com o capitizo a cura do boi, entra Catarina por quem Ssbastiio morre do amores, resolve-se @ casamento, © appirecento um padre pata ealebrar o acto, Pompem as cantadeiras, sua entrada em scena : "sen padre mestre, ‘Mo soja tio miu Dance aquelle paso Do piniea-pio, respondo o padre dancando - Quem me vé estar dangando, Nilo julgue que aston loueo, Nii sou pao, nao sou nada, Singular sou como os outros. Rosponte o cory : 0! gente quo quer dizer Um padre nesta funecto? E’ signal de casamanto, Ou d’olguma contssio t Eo padre a dancar, responde: Bula bem na prima, Bata no bontito ; Leva arriba a fune¢ao, Nilo se scale uilo. POLK-LORE PERNAMBUCANO: 289 Chega 0 doutor, sponiamnthe 0 boi, 6 elle furioso dirigese a Mathevs: . 0° negro, teu destfory Ji chogou aondo fol ; Quando ta me chamares, B’ prra gente,¢ nao p'ra bot. . Eo Matheus responds, tatendo-Ihe depois com uma texiga cheia de ar: Alt ud, At uot Troco miudo ‘Tu eat recebd. Por fim, presta-se 0 modicy aexaminar o bol @ a cullar do you tratamento, para o que presereve uma longa recelta chela de arricirices, que o Matheus vai repetinds na sun mela Tingua, ‘conelaindo o eseulapio mandando dar ama elyster no bot, sagarra 0 Yaqueico a ummonino qualquor pars servir de bexizt, f¢ com trio levanta-se 0 animal aos applausos-dos cspoctalares. Entra depois o eapitio do campo, perseguindo Fidolls para o preader © amarrar como negro pugti. Canta 0 630+ Capito Calombo, Tome bem sentido, Levo pura casa (© nogeo fugido. 420 capitiio atirando-so sobre Fidolis brada-Iho + Fu te amarro, co, tu te atiro, negro, Bu te mato, Jadréo, Ko Fidolis responds + Capito mo chama negro Negro eu nko sou niko; Quoro que yoo me diga Quantos omtos doa por mim. 270 REVISTA DO INSTITUTO HisTORICO “‘Trava antéo uma luta entre amos, ¢ 0 Fidelis deilando Dor terra 0 capitéo amarra-o com a propria corda que trazia, cantando entio 0 coro a esta sens : Capitio de campo, ‘Veja que o mundo virou ; Foi ao matto pegar nogrs, Mas 0 negro o amarrou, Responde o capitiio + ‘Sou valente © afumado, Como ou, nao pédo haver; Qualquer susto que me teem Logo me pono a correr. Terminava entio a folgauga com esta ordem de retinda ‘transmittida pelo cavallo-marinho : Meu arlequim, 34 nfo fuzes nada, ‘Vern tocar tambor ‘Nesta retivada. ‘Tratemos agora dos Congor, uma folganea dos protos afvi- eanos, geralmente escravos, © celebrada como reminiscencia pairia nas festas relixiowas, prinetpulmente nas de N.S, do Rotarlo, sua padrocira. A ropresoniaglio da poga tisha logar & noite, ao ar livre, em um elevado palanque, com ogcadaria, » sobre o qual se via um throno onde tinka assento 0 rei, rodesdo da sua cOrte, © todos paramontados mais ou meaos uo earacter das suas funcctes, 8 conges jconstitiiaim uns autos com uns cortos tons suerrelros, eseriptos originariamonio em versos africanos, 108 Auaes Interealaram-so depois versos om portngnez, o quo em haa altera & indole du ballelo selvagern dos conzor, na phrase FOLK-LORE PERNAMBUCANO 274 de Mello Moraes Filho, — com 0 seu enreio o evorugies gilér- reiras, seus reis © princeas de formas correctas e altivas, sous ‘tamboring e yaizds, que Ines dasenvolvem em torno wma atmo sphers de sonovidado tempestuosa @ imitativa. Gabino em dosuss as exhibigées dos congos pela cassagiio da corrente de emigracio africana prohibida pola lel de abolicdo do trafico e medidas subsoquontes, foram rareando dia a dia ate que desappareceram completamente, concorrendo laso para ‘a penia dos proprios autos consorvados apenas estropendamonte om cadernos manuseriptos. De Goyanna, porém, temos pressnte uns autos de congos, ‘em louver de S, Lourengo, cujas reprosontagies se effectua vam no dia dasaa festa, om Tyjucupapo, celebrada na egreja matria, ‘de sua propria invocayio. Esses autos nos purewei lacompletoy, sem mesmo um corto noxo om sua urdidura, @ io eseriptos em letra portuguorza africana, sendo aquella ao modo pur que, pouso mais ou menos, falavam 0s nogros da coxte ou via oubra avila, como geraimente eram chamados of afticanos. A paca comeca assiin + 0" meu sindo SEO Lourengo, Ait Ib 18. Aqui té sou ziprotinho, ALL Ib Ie, Captando sia zits, Ai! 18 1d. Isso nos parece guerra, AL! 18 18 Manda proparal-o arma, ALL IO. Para nosso guerre, ALT 18 Ie. 6" meu sinhé So Lourenco, Vinde nos dé consolagio, Manda chamd os devotes Para nose procisso, REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO Tara, tur’, Zepretinho, Neste raino De Conga. ‘Na pooa figuram, prineipalmoaty, 0 vei @ o sau secretario de seula, quo oxecata as suns oslens, 0 com quem trava elle varios dialogos, em prosa, ou em verso. A28 chamadtos do rel responds quasi sompre o secrotario: —Seahilo, senhito sé,—e quando se retira do scenario para eumpriv as ordeas do rel, pode e Tocebe delle a hensio estes tormos: < — Benet de Deus, de Zambiapungo gui firindunds, qui ti eaia no cabecu dem dipen durada. » No primeiro dialogo, ordenaudo v rel que va pedir icenga 0 glorioso 8. Loarengo pire fuzé o /ragemonto, rocommenda-lhe que veja como pode, Cuje branco ti cu-oi0, ‘Tus, tus, como que dizendo, que o branco seguostha ox passos para rir-se dalle, A supplicn de Licenga dirigida ao’ sinto pelo secrotario é assim fetta : O mou sinko io Louronyo Mim cantando seeretarn, Su livenga qué pedit-o © noxo rei recongalo, P'ra faz o frogamonto... Ti calado, nto me fala ¢ Nio me fala, té ealado ¢ Volts o secreiario depois de alguma demora e o rei inerepaudo por isso, responde ello ; Schaulo, minha gana, Parsee quo ta gachilo, Que ti fulando, © ti ealudy. FOUK-LORE PERNAMBLCANO 273 E obtempera o rel ; Cala boeea minha xitio, Qu'iago memo & cussume delle; Oi9 v8, bocca cata, Olfida assim a ticonca, cantam uma jorvada, dengando ao modo africano, cuja letra é esta: Nosso rei vem com vontado, Nosso rei rem ¢om vontade, De estofa neste dis 0 glorioso Sio Lourengo ; 8 por isto nos traz aqui © nosso rei Dom Caro. © rAmbiapango, Zambiapungo, Titindunde, 6 16 Ie, Como eata Jornada fguram no auto muitas outras, todas exeoutadas d danga, © coi uinas respostas, a especie do ciro, das quies consiznaremos algumas em que mais notayelmente Agura a mesola do portuguex com o african que ge nota em todas elias : — Turaé, turad, Pala eapitanga, turas, «Alo ef, turud, Capitanga one, Alot, minha gana oui, — Zombi le 10, camunde, Prague til era eonyo, jacombe « Andaraé, andavod, — Nosso todo ja td prompto, eum perna troci Hoje branco tia le fea, $53 —18 Towo txxe rents 274 BRVISTA DO INSTITUT HISTORICO O16, 18 18, Do doooa pero 0 a, «Asis, — Mie Maria fax ange, Faz angi pra ta cum®, (0 mulequo do ange Falla tu que 6 falingd, «< Uf, uf pind, Qquila quitd, — Mantahird, mandabiri, Mandatird gongari arid, <¥! gurapemba auim, Mandabird gongari arid, — Gongit mina Mina aub. O mara, samid, 0 sard us. — Muleque tira slo caminbo, Us, minha zifseko, Cabega vai no chao. Le 10 sambaque, 0° caleta, 6 cast ‘0’ mandarué, — Galungs ¢ meta dy zambus. Galunga & mela &, Zambué. ‘Nom quaquéte nom manuite, Calunga, Mucanha ¢, maquaéte. — Quend duvida ool que nasce, Com suas luzes tho bellas, Que fazem o claro dia? FOLK-LORE PERNAMBUGANO: 275 «Al, al, ti oumbi, Quem dansa o reale, 0 veale p'ra mim ¢ ()» “entre a8 varias seeaas do auto flguram algumas mesmo apparatosamente desemponbadas, somo a gntrada dos grupos do reprosentantes do diversas nagdes africanus, como Angola, CaMange, Mocambique @ outras, acago convidadas pelo rei do Goago para tomarem parte na festa; © especialmente a da en- ‘trada solenne da embaixada da rainka Ginga, caja scona 6 assim disposta, depols de annunciada ao rot a sua chegada: — Vai pringuncat-o Si vem do page, Ou si Yom de guerra ; Si vem do page, page, Si vem de guorra, guerra. — Quoi sos, Eo que quareis, : . Aqui neste reino, ‘Tao sublimado t «Para to dizer ‘Quem sou, Anda niio posso. — Sonoulo, ello dige 00 allo yom sézinho ? (4) Em wm bringuedo de Congos que vimos roprosentar-eo em Olinda pelos onnoy do 1908, cantowse wine jornaili que tinha por oateil ele; Maria eabundi, Maria fax ange Para nosio eurli, du cuja Weal ainda nos recordanioe, a — eT 278 REVISTA DO INSTITUT) HISTORIOD } = Turd, taro vom 24a pe, 86 ello vom do cavallo, ’ E muita gente bage. «Vai 0 0 reoabas, Como nysso consumo ; Leva pingarda, ¢ pingarilelo, Acamarte, bacemartelo, # aquelle bishinho, ‘Quo bate nn eacunite, E fase ealuncunsti. Oia, vem ks Tempo (d de falsidade Ba.gonto no tem Em quem se fa, Levo tuo sinunaner, Dein eonminige ois guarda fied. Hatrando a cmbaisada com ceremoniosa solennidads @ estrepitosos vivas, prostra=so o embaixador aos pés do rei, gra~ vemento sontado no seu throao © corvady dos digaitarios da, sui cOria, @ dirige-Ihe esta oragio: ‘Minka rei de Mocambique, Aina rel de Molamba ‘Manda mim pr baredd, Pora.em vosso pes prostre B® responde o rei Si Vindos do guorna, retiral-vos 5 Si Vindeds do pax, yon Que temos muito que folgar. vas, ‘Vorminada a recopeto, offerece o embaixador os presentes que traz para o tel, entra os quaes figura uma caixa de prais para rape, a0 que respond elles —couse que goss munto, tém logar em soguida ummas dangas pare alograr aembaixada, ‘®conforencin de varias gracas, entre as quass @ do governo das FOLKSLONE PRRNAMBUCANO mattas de Tiviry, ¢ depois do algumas joradas a terminagio do brinquedo, com wma final quo diz assim: Adoits, 6 minha maneta, asso Sf s0 Yau embor’. a fasta jf s0 acabou-se. Cabe-nos agora tratay ds nossos Oitexrox poeticos, que foram, Ineontastayelmento, uma das mais bellas ¢ feeundas manifes- tagdes da poesia popular eatra nds, muito embora no avultem 08 sulsidias que poilemos reoolher. © oiteiro era como qaeum certamen ow concurio postica, ‘qua se costumava celedrax nas fests religioens. 4 noite, depois de terminados os actos da oereja. FF obvio, que oso uso nor vain da metropole, «© a este nes peito esoreve Theophilo Broga o seguinto ma sua Historia Lite- raria Portuguesa + ‘

Você também pode gostar