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FIRJAN

CIRJ
SESI
SENAI
IEL

HIDRÁULICA
BÁSICA
versão preliminar

SENAI-RJ Mecânica
FIRJAN
CIRJ
SESI
SENAI
IEL

HIDRÁULICA
BÁSICA
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Presidente

Diretoria Corporativa Operacional


Augusto Cesar Franco de Alencar
Diretor

Diretoria Regional do SENAI-RJ


Fernando Sampaio Alves Guimarães
Diretor

Diretoria de Educação
Andréa Marinho de Souza Franco
Diretora
FIRJAN
CIRJ
SESI
SENAI
IEL

HIDRÁULICA
BÁSICA
versão preliminar

SENAI-RJ
Rio de Janeiro
2003
Hidráulica básica
2003

SENAI-Rio de Janeiro
Diretoria de Educação

FICHA TÉCNICA

Gerência de Educação Profissional Luís Roberto Arruda


Gerência de Produto Darci Pereira Garios
Produção Editorial Vera Regina Costa Abreu
Coordenação Alda Maria da Glória Lessa Bastos
Revisão Técnica Ézio Zerbone
Revisão Editorial Taís Monteiro
Colaboração Antonio Carlos Cezar de Carvalho
Projeto Gráfico Artae Design & Criação
Editoração 40graus Design

Edição revista da apostila Hidrálica básica, material do convênio SENAI/Michelin, 2001

SENAI-RJ
GEP – Gerência de Educação Profissional

Rua Mariz e Barros, 678 – Tijuca


20270-903 – Rio de Janeiro
Tel.: (21) 2587.1116
Fax: (21) 2254.2884
GEP@rj.senai.br
http://www.rj.senai.br
Sumário
APRESENTAÇÃO...............................................................................13

UMA PALAVRA INICIAL.................................................................. 15

1 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS..................................................... 19

Um pouco de história............................................................................................ 21

Conceitos.................................................................................................................... 22

Fluido.................................................................................................................. 22

Hidráulica............................................................................................................ 23

Sistemas óleo-hidráulicos.................................................................................. 23

Características e funções das instalações óleo-hidráulicas....................... 23

Princípio de funcionamento..................................................................................24

Sistema de acionamento de entrada................................................................... 24

Sistema de comando........................................................................................... 24

Sistema de acionamento de saída....................................................................... 25

Máquina............................................................................................................... 25

Instalação hidráulica simples............................................................................... 26


2 FLUIDOS HIDRÁULICOS............................................................... 31

Funções básicas do óleo hidráulico .................................................................. 33

Requisitos dos óleos hidráulicos....................................................................... 33

3 FILTROS............................................................................................... 39

Filtros............................................................................................................................. 41

Fontes de contaminação..................................................................................... 42

Nível de contaminação........................................................................................ 44

Grau de contaminação do óleo hidráulico......................................................... 44

Tipos de filtro..................................................................................................... 46

Aplicações dos filtros......................................................................................... 49

Simbologia para filtros de pressão e de retorno............................................... 53

4 RESERVATÓRIO DO ÓLEO HIDRÁULICO............................... 55

Funções do reservatório....................................................................................... 57

Acessórios do reservatório.................................................................................. 62

5 INTERLIGAÇÕES DO SISTEMA HIDRÁULICO....................... 67

Tubulações................................................................................................................... 69

Tubos rígidos....................................................................................................... 69

Tubos semi-rígidos.............................................................................................. 71

Tubos flexíveis: mangueiras................................................................................. 71

Conexões.................................................................................................................... 74

Conexões para tubos rígidos............................................................................. 74

Conexões para tubos semi-rígidos.................................................................... 77

Conexões para mangueiras................................................................................ 79


6 BOMBAS HIDRÁULICAS................................................................ 81

Funções........................................................................................................................ 83

Classificação................................................................................................................ 84

Bombas hidrodinâmicas...................................................................................... 84

Bombas hidrostáticas.......................................................................................... 85

Simbologia gráfica para bombas hidráulicas.................................................... 109

Cuidados na instalação de bombas.................................................................... 110

Alinhamento das bombas................................................................................... 110

Sentido de rotação.............................................................................................. 111

Sobrepressão...................................................................................................... 111

Cavitação............................................................................................................. 111

7 VÁLVULAS HIDRÁULICAS............................................................ 113

Classificação................................................................................................................ 115

Válvula direcional...................................................................................................... 116

Válvula direcional de carretel............................................................................. 118

Válvula direcional de carretel pré-operada........................................................ 130

Válvula direcional de assento.............................................................................. 133

Comparação entre as válvulas direcionais......................................................... 136

Válvulas de bloqueio................................................................................................ 138

Válvula de retenção simples............................................................................... 138

Válvula de retenção com desbloqueio hidráulico.............................................. 139

Válvula de retenção geminada............................................................................. 140


Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

Válvulas de vazão....................................................................................................... 141

Tipos de estrangulador....................................................................................... 142

Válvulas estranguladoras..................................................................................... 144

Válvula reguladora de vazão................................................................................ 148

8 ATUADORES HIDRÁULICOS....................................................... 155

Classificação................................................................................................................ 157

Atuadores lineares................................................................................................... 158

Tipos de cilindro hidráulico............................................................................... 161

Simbologia gráfica para cilindros hidráulicos...................................................... 166

Atuadores rotativos hidráulicos......................................................................... 167

Tipos de atuador rotativo hidráulico................................................................. 167

Simbologia gráfica para osciladores hidráulicos................................................. 170

Simbologia gráfica para motores hidráulicos...................................................... 175

9 PARA CONSULTAR..........................................................................177

Símbolos para montagem agrupada ou modular........................................... 179

Simbologia dos componentes de sistemas hidráulicos.............................. 182

Tabela de conversão das unidades de pressão.............................................. 196

Tabela comparativa de óleos de diversos fornecedores............................ 197

10 SENAI-RJ
Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

Prezado aluno,

Quando você resolveu fazer um curso em nossa instituição, talvez não soubesse que, desse
momento em diante, estaria fazendo parte do maior sistema de educação profissional do país: o
SENAI. Há mais de 60 anos, estamos construindo uma história de educação voltada para o desenvol-
vimento tecnológico da indústria brasileira e para a formação profissional de jovens e adultos.
Devido às mudanças ocorridas no modelo produtivo, o trabalhador não pode continuar com uma
visão restrita dos postos de trabalho. Hoje, o mercado exigirá de você, além do domínio do conteúdo
técnico de sua profissão, competências que lhe permitam decidir com autonomia, proatividade, capaci-
dade de análise, solução de problemas, avaliação de resultados e propostas de mudanças no processo do
trabalho. Você deverá estar preparado para o exercício de papéis flexíveis e polivalentes, assim como
para a cooperação e a interação, o trabalho em equipe e o comprometimento com os resultados.
Soma-se a isso o fato de que a produção constante de novos saberes e tecnologias exigirá de
você a atualização contínua de seus conhecimentos profissionais, evidenciando-se a necessidade de
uma formação consistente que lhe proporcione maior adaptabilidade e instrumentos essenciais à
auto-aprendizagem.
Essa nova dinâmica do mercado de trabalho vem requerendo que os sistemas de educação se
organizem de forma flexível e ágil, motivo esse que levou o SENAI a criar uma estrutura educacional
com o propósito de atender às novas necessidades da indústria, estabelecendo uma formação flexível
e modularizada.
Essa formação flexível tornará possível a você, aluno do sistema, voltar e dar continuidade à sua
educação, criando seu próprio percurso. Além de toda a infra-estrutura necessária a seu desenvolvi-
mento, você poderá contar com o apoio técnico-pedagógico da equipe de educação dessa escola do
SENAI para orientá-lo em seu trajeto.
Mais do que formar um profissional, estamos buscando formar cidadãos.
Seja bem-vindo!

Andréa Marinho de Souza Franco


Diretora de Educação

SENAI-RJ 11
Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

12 SENAI-RJ
Hidráulica Básica – Instalações
Hidráulica hidráulicas
Básica – Apresentação

Apresentação
A dinâmica social dos tempos de globalização exige dos profissionais atualização constante.
Mesmo as áreas tecnológicas de ponta ficam obsoletas e em ciclos cada vez mais curtos, trazendo
desafios renovados a cada dia, e tendo como conseqüência para a educação a necessidade de encon-
trar novas e rápidas respostas.
Nesse cenário, impõe-se a educação continuada, exigindo que os profissionais busquem atuali-
zação constante durante toda sua vida – e os docentes e alunos do SENAI/RJ incluem-se nessas
novas demandas sociais.
É preciso, pois, promover, tanto para os docentes como para os alunos da educação profissional,
as condições que propiciem o desenvolvimento de novas formas de ensinar e aprender, favorecendo
o trabalho de equipe, a pesquisa, a iniciativa e a criatividade, entre outros aspectos, ampliando suas
possibilidades de atuar com autonomia e de forma competente.
Durante seus estudos, você terá o apoio constante do docente e também deste material didático.
Nele serão apresentados os conteúdos a serem trabalhados ao longo do curso, facilitando, assim, sua
aprendizagem e o alcance dos objetivos previstos, quais sejam: conhecer os componentes hidráulicos,
bem como seu funcionamento, aplicação, nomenclatura e simbologia; montar e desmontar compo-
nentes hidráulicos em bancadas; elaborar e montar circuitos hidráulicos básicos; e analisar diagramas
e componentes em circuitos hidráulicos.
Desejamos a você, então, êxito nessa jornada de estudo e sucesso na vida profissional.

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Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

14 SENAI-RJ
Hidráulica BásicaBásica
Hidráulica – Instalações hidráulicas
– Uma palavra inicial

Uma palavra inicial


Meio ambiente...
Saúde e segurança no trabalho...
O que nós temos a ver com isso?
Antes de iniciarmos o estudo deste material, há dois pontos que merecem destaque: a relação entre
o processo produtivo e o meio ambiente e a questão da saúde e segurança no trabalho.
As indústrias e os negócios são a base da economia moderna. Produzem os bens e serviços
necessários e dão acesso a emprego e renda, mas para atender a essas necessidades, precisam usar
recursos e matérias-primas. Os impactos no meio ambiente muito freqüentemente decorrem do tipo de
indústria existente no local em questão, do que ela produz e, principalmente, de como produz.
Assim sendo, é preciso entender que todas as atividades humanas transformam o ambiente.
Estamos sempre retirando materiais da natureza, transformando-os e depois jogando o que “sobra”
de volta ao ambiente natural. Ao retirar do meio ambiente os materiais necessários à produção de
bens, altera-se o equilíbrio dos ecossistemas e arrisca-se ao esgotamento de diversos recursos natu-
rais que não são renováveis ou, quando o são, têm sua renovação prejudicada pela velocidade da
extração, superior à capacidade da natureza de se recompor. Torna-se necessário, portanto, traçar
planos de curto e longo prazo, a fim de diminuir os impactos que o processo produtivo causa na
natureza. Além disso, as indústrias precisam se preocupar com a recomposição da paisagem e ter em
mente a saúde tanto de seus trabalhadores como da população que vive ao redor dessas indústrias.
Podemos concluir, então, que com o crescimento da industrialização e sua concentração em
determinadas áreas, o problema da poluição se intensificou demasiadamente. A questão da poluição
do ar e da água é bastante complexa, pois as emissões poluentes se espalham de um ponto fixo para
uma grande região, dependendo dos ventos, do curso da água e das demais condições ambientais,
tornando difícil a localização precisa da origem do problema. No entanto, é importante repetir que,
quando as indústrias depositam no solo os resíduos, quando lançam efluentes sem tratamento em rios,
lagoas e demais corpos hídricos, causam danos às vezes irreversíveis ao meio ambiente.

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Hidráulica Básica –– Uma
Hidráulica Básica Instalações
palavra hidráulicas
inicial

O uso indiscriminado dos recursos naturais e a contínua acumulação de lixo mostram a falha
básica de nosso sistema produtivo: ele opera em linha reta. Extraem-se as matérias-primas através de
processos de produção desperdiçadores e que produzem subprodutos tóxicos. Fabricam-se produtos
de utilidade limitada que, finalmente, viram lixo, o qual se acumula nos aterros. Produzir, consumir e
dispensar bens desta forma, obviamente, não são atitudes condizentes com o desenvolvimento susten-
tável.
Enquanto os resíduos naturais (que não podem, propriamente, ser chamados de “lixo”) são ab-
sorvidos e reaproveitados pela natureza, a maioria dos resíduos deixados pelas indústrias não tem
aproveitamento para qualquer espécie de organismo vivo e, para alguns, pode até ser fatal. O meio
ambiente pode absorver resíduos, redistribuí-los e transformá-los. Mas, da mesma forma que a Terra
possui uma capacidade limitada de produzir recursos renováveis, sua capacidade de receber resíduos
também é restrita, e a de receber resíduos tóxicos praticamente não existe.
Ganha força, atualmente, a idéia de que as empresas devem ter procedimentos éticos que con-
siderem a preservação do ambiente como uma parte de sua missão. Isto quer dizer que se devem
adotar práticas que incluam tal preocupação, introduzindo-se processos que reduzam o uso de maté-
rias-primas e energia, diminuam os resíduos e impeçam a poluição.
Cada indústria tem suas próprias características. Mas já sabemos que a conservação de recur-
sos é importante. Deve haver, portanto, uma crescente preocupação acerca da qualidade, durabilida-
de, possibilidade de conserto e vida útil dos produtos. As empresas precisam não só continuar reduzin-
do a poluição, como também buscar novas formas de economizar energia, melhorar os efluentes,
reduzir a poluição, o lixo, o uso de matérias-primas. Reciclar e conservar energia são atitudes essen-
ciais no mundo contemporâneo.
É difícil, no entanto, ter uma visão única que seja útil para todas as empresas. Cada uma enfrenta
desafios diferentes e pode se beneficiar de sua própria visão de futuro. Ao olhar para o amanhã, nós
(o público, as empresas, as cidades e as nações) podemos decidir quais alternativas são mais eficien-
tes e, a partir daí, passar a trabalhar com elas.
Infelizmente, tanto os indivíduos como as instituições só mudarão suas práticas quando acredita-
rem que seu novo comportamento lhes trará benefícios – sejam estes financeiros, para sua reputação
ou para sua segurança. Apesar disso, a mudança nos hábitos não é algo que possa ser imposto. Deve
ser uma escolha de pessoas bem-informadas a favor de bens e serviços sustentáveis. A tarefa é criar
condições que melhorem a capacidade de as pessoas escolherem, usarem e disporem de bens e
serviços de forma sustentável.
Além dos impactos causados na natureza, diversos são os malefícios à saúde humana provoca-
dos pela poluição do ar, dos rios e mares, assim como são inerentes aos processos produtivos alguns
riscos à saúde e segurança do trabalhador. Atualmente, os acidentes de trabalho são uma questão que
preocupa os empregadores, empregados e governantes, e as conseqüências acabam afetando a todos.
Sabendo disso, podemos afirmar que, de um lado, é necessário que os empregados adotem um
comportamento seguro no trabalho, usando os equipamentos de proteção individual e coletiva, e de
outro, que cabe aos empregadores prover a empresa com esses equipamentos, orientar quanto a seu

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Hidráulica BásicaBásica
Hidráulica – Instalações hidráulicas
– Uma palavra inicial

uso, fiscalizar as condições da cadeia produtiva e a adequação dos equipamentos de proteção. A


redução do número de acidentes só será possível à medida que cada um – trabalhador, patrão e
governo – assuma, em todas as situações, atitudes preventivas, capazes de resguardar a segurança
de todos.
Deve-se considerar, também, que cada indústria possui um sistema produtivo próprio, e, portan-
to, é necessário analisá-lo em todas suas especificidades, para determinar seu impacto sobre o meio
ambiente, sobre a saúde e os riscos que o sistema oferece à segurança dos trabalhadores, propondo
alternativas que possam levar a melhores condições de vida para todos.
Da conscientização, partimos para a ação: cresce, cada vez mais, o número de países, empresas
e indivíduos que, já estando esclarecidos acerca dessas questões, vêm desenvolvendo ações que
contribuem para proteger o meio ambiente e cuidar da nossa saúde. Mas isso ainda não é suficiente...
é preciso ampliar tais ações, e a educação é um valioso recurso que pode e deve ser usado em tal
direção. Assim, iniciamos este material conversando com você sobre meio ambiente, saúde e segurança
no trabalho, lembrando que, em seu exercício profissional diário, você deve agir de forma harmoniosa
com o ambiente, zelando também pela segurança e saúde de todos no trabalho.
Tente responder à pergunta que inicia este texto: meio ambiente, saúde e segurança no trabalho
– o que eu tenho a ver com isso? Depois, é partir para a ação. Cada um de nós é responsável. Vamos
fazer a nossa parte?

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Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

18 SENAI-RJ
Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

Instalações
hidráulicas
Nesta seção...

Um pouco de história

Conceitos

Características e funções das instalações óleo-hidráulicas

Princípio de funcionamento

1
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Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

20 SENAI-RJ
Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

Um pouco de história

Existem apenas três métodos conhecidos de transmissão de potência na esfera comercial – a


mecânica, a elétrica e a fluida.
Naturalmente, a transmissão mecânica é a mais antiga delas e, por conseguinte, a mais conhe-
cida. Foi iniciada com o inventor da roda, “ilustre desconhecido”, e utiliza hoje muitos outros artifícios
mais sofisticados, como engrenagens, cames, correias, correntes, molas, polias etc.
A força elétrica, que usa geradores, motores elétricos, condutores e uma ampla gama de outros
componentes, é um exemplo de desenvolvimento dos tempos modernos. É o único meio de transmis-
são a grandes distâncias.
Finalmente, a força fluida teve sua origem, por incrível que pareça, milhares de anos antes de
Cristo. Seu marco inicial aconteceu com o uso da potência fluida em uma roda d’água, a qual emprega
a energia potencial da água armazenada a uma certa altura para a geração de energia. Os romanos,
por sua vez, possuíam um sistema de armazenamento de água e transmissão através de canais ou
dutos para as casas de banho ou fontes ornamentais.
O uso do fluido sob pressão como meio de transmissão de potência já é mais recente, seu
desenvolvimento tendo ocorrido, mais precisamente, após a Primeira Guerra Mundial.
Hoje, com o desenvolvimento de novos metais e fluidos obtidos sinteticamente, a versatilidade e
a dependência do uso da transmissão de força fluida tornam-se evidentes, desde seu uso em um
simples sistema de frenagem em um automóvel até sua utilização em complexos sistemas de aeronaves
modernas e mísseis.
Nos dias atuais, sem a energia fluida, a tecnologia seria impossível. Onde você poderia encon-
trar potência suficientemente grande para erguer um caminhão de grande tonelagem, ou suficiente-
mente pequena para prender um ovo sem furar sua casca?

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Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

Conceitos

Fluido
É qualquer substância capaz de escoar e assumir a forma do recipiente que o contém. Os
fluidos são corpos cujas moléculas são extremamente móveis umas em relação às outras, e podem
ser líquidos ou gasosos. Abaixo encontram-se exemplos de ambos.
Como estamos tratando apenas de sistemas hidráulicos, o fluido que nos interessa é o óleo
hidráulico.

Líquidos

São fluidos pouco compressíveis; as moléculas em um líquido apresentam-se em estado de


equilíbrio.

Gasosos

São fluidos muito compressíveis; as moléculas em um gás tendem a se repelir.

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Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

Hidráulica
A palavra hidráulica é derivada do termo grego hidra, que significa “água”, e aulo, que significa “cano”.
Define-se hidráulica como sendo a ciência que estuda os comportamentos (a dinâmica e os
fenômenos físicos) relacionados tanto aos líquidos em escoamento e sob pressão, como à transmis-
são, ao controle da força e aos movimentos por meio de fluidos líquidos. Em nosso estudo, trataremos
apenas da óleo-hidráulica, que é o ramo da hidráulica que utiliza o óleo hidráulico como fluido.

Sistemas óleo-hidráulicos
São sistemas transmissores de potência ou movimento que utilizam como elemento transmissor
o óleo hidráulico, que, sob pressão, é praticamente incompressível.

Características e funções das


instalações óleo-hidráulicas

• Transmissão de grandes forças (torque) em volume de construção relativamente pequeno.


• Partida sob carga total.
• Comando e regulagem de velocidade, de força ou de torque.
• Proteção simples contra sobrecargas.
• Realização de movimentos rápidos e também extremamente lentos, que são controláveis.
• Sistema de acionamento centralizado.
• Conversão descentralizada de energia hidráulica em energia mecânica.

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Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

Princípio de funcionamento

Em instalações hidráulicas, a energia mecânica é convertida em energia hidráulica, que é


transportada e comandada ou regulada e novamente convertida em mecânica.

Acompanhamento de entrada Comando Acionamento Máquina


de saída

Motor elétrico Válvula


Bomba de comando Cilindro
e motor de Elemento de
Hidráulica e regulação e motor
combustão trabalho
hidráulica hidráulicos
manual

Energia elétrica Trabalho


e energia Energia hidráulica
mecânico
térmica

Energia Energia
mecânica mecânica

Sistema de acionamento de entrada


É a parte inicial do sistema, na qual é gerada a energia hidráulica.
Nesse ponto do sistema temos o acionador, que poderá ser manual, e um motor elétrico de
combustão interna ou manual, que movimenta a bomba hidráulica.
A bomba succiona o óleo do reservatório e o recalca para o sistema.
Podemos dizer que, no acionamento de entrada, obtemos a transformação da energia mecâni-
ca em energia hidráulica.

Sistema de comando
É a parte intermediária do sistema hidráulico, na qual é controlada a energia.
O fluxo gerado pela bomba será submetido ao controle de algumas das válvulas abaixo:

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Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

Válvula limitadora de pressão

Estabelece a pressão máxima do sistema, desviando para o tanque o fluxo excedente deslocado
pela bomba, enquanto esta pressão tende a ser maior que o limite previamente estabelecido.

Válvula direcional
Tem como função estabelecer a direção que o fluxo de óleo hidráulico deverá seguir, definindo
no atuador o avanço, a parada ou o recuo de seu êmbolo.

Válvula reguladora de fluxo

Controla a passagem do volume de óleo hidráulico, permitindo com isso que se faça a regulagem
de velocidade do êmbolo do atuador.

Sistema de acionamento de saída


É a parte final do sistema hidráulico, na qual obtemos a transformação da energia hidráulica
em energia mecânica, podendo realizar o trabalho pretendido nos cilindros e motores hidráulicos.

Máquina
É o equipamento ou dispositivo que, ao receber a energia mecânica, vai efetivamente realizar
um trabalho.

SENAI-RJ 25
Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

Instalação hidráulica simples

Sobre o êmbolo de uma bomba hidráulica manual é aplicada uma determinada força. Esta força,
dividida pela área do êmbolo, resulta na pressão gerada (p = F/A).
Quanto maior a força exercida sobre o êmbolo, maior será a pressão desenvolvida. A pressão só
se eleva até o ponto em que esteja em condições de superar a carga (F = p.a). Se a carga permane-
cer igual, a pressão não continuará se elevando. Conseqüentemente, ela se baseará na resistência
que atua em sentido oposto ao do fluxo do óleo hidráulico.
A carga poderá ser movimentada desde que consiga atingir a pressão exigida. A velocidade com
que a carga poderá ser movimentada vai depender da vazão que for aplicada ao cilindro. Referindo-
se à figura acima, isso significa que, quanto mais rápido o êmbolo da bomba manual for movimentado
em sentido decrescente, maior a quantidade de óleo por unidade de tempo aplicada ao cilindro. Dessa
forma, a carga será erguida mais rapidamente.
Na prática, no entanto, precisamos ampliar um pouco esse sistema. Podemos instalar equipa-
mentos que nos permitam influenciar na direção do movimento, na velocidade e na carga máxima
admissível para o cilindro. Além disso, devemos substituir a bomba manual por uma bomba de
acionamento contínuo.
Para uma melhor compreensão, representaremos na próxima página um circuito hidráulico ele-
mentar.

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Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

Circuito hidráulico elementar

3 4

SENAI-RJ 27
Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

Na figura, a bomba hidráulica de engrenagens (1) pode ser acionada por meio de um motor
elétrico ou de combustão interna.
A bomba (1) succiona o óleo do reservatório (2) e o desloca para a tubulação, através de
componentes hidráulicos, até que ele alcance o cilindro (5). Enquanto não houver nenhuma carga que
ofereça resistência ao óleo, ele será simplesmente empurrado para frente.
O cilindro (5), no fim da tubulação, oferece resistência ao óleo. A pressão eleva-se ao ponto em
que possa superar essa resistência, isto é, até que o êmbolo dentro do cilindro (5) se movimente, o
sentido de seu movimento é controlado pela válvula direcional (6).
Através da válvula de bloqueio (3), é evitado o esvaziamento do óleo do equipamento na parada
da bomba hidráulica (1).
Para que o equipamento seja protegido contra sobrepressões e, com isso, contra sobrecargas,
a pressão máxima permitida deve ser limitada. Para isso é instalada uma válvula limitadora de
pressão (4).
Uma mola que funciona com força mecânica pressiona um obturador sobre o assento da válvu-
la. A pressão atuante dentro da tubulação age sobre a superfície de assento. Segundo a conhecida
equação F = p. a, o obturador é afastado de sua superfície de assento tão logo a força resultante da
pressão sobre a área se torne maior do que a força da mola. Desse modo, a pressão não se eleva
mais. A vazão deslocada pela bomba (1) passa através da válvula limitadora de pressão (4) e volta
direto para o reservatório (2).
Para que a velocidade de movimentação do êmbolo dentro do cilindro (5) possa ser modificada,
é necessário que a vazão que flui em direção a ele seja controlada. Para tanto, deve ser instalada uma
válvula reguladora de vazão (7). Através dessa válvula, a seção transversal da tubulação pode ser
modificada. Uma diminuição desta significa que, por unidade de tempo, uma menor quantidade de
óleo alcançará o cilindro (5). Conseqüentemente, o êmbolo dentro dele diminuirá sua velocidade. O
excesso de óleo que agora é deslocado da bomba (1) flui para o reservatório (2) através da válvula
limitadora de pressão (4).
No equipamento hidráulico ocorrem os seguintes tipos de pressão:

• Entre a bomba hidráulica (1) e a válvula de vazão (7), atua a pressão ajustada na válvula
limitadora de pressão (4).
• Entre a válvula reguladora de vazão (7) e o cilindro (5), atua uma pressão correspondente à
carga.

Na prática, não se representam os circuitos hidráulicos como mostrado na figura anterior.


Em vez de cortes simplificados, serão usados símbolos normalizados. A representação gráfica
de um circuito hidráulico com esta simbologia é denominada esquema hidráulico.
A representação, as funções e os significados dos diferentes símbolos de cada elemento são
estabelecidos pelas normas DIN 24300, DIN/ISO 1219 e ISO 5599.

28 SENAI-RJ
Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

Para uma melhor compreensão, apresentamos a seguir o esquema hidráulico do circuito ele-
mentar representado na figura anterior.

6
4

1. Bomba hidráulica 5. Cilindro hidráulico


2. Reservatório 6. Válvula direcional
3. Válvula de bloqueio 7. Válvula de vazão
4. Válvula limitadora M – Motor elétrico
de pressão

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Hidráulica Básica – Instalações hidráulicas

30 SENAI-RJ

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