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CONTROLE ORÇAMENTÁRIO

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Cuiabá-MT
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 02

COMO ELABORAR UM ORÇAMENTO 08

ORÇAMENTO DO FLUXO DE CAIXA 15

ORÇAMENTO DO RESULTADO 31

ORÇAMENTO DO BALANÇO PATRIMONIAL 33

DEPRECIAÇÃO 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45
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INTRODUÇÃO

Orçamento é a parte de um plano financeiro estratégico que compreende a previsão de


receitas e despesas futuras para a administração de determinado exercício (período de
tempo). Aplica-se tanto ao setor governamental quanto ao privado, pessoa jurídica ou física.

Orçamento empresarial tem como objetivo identificar os componentes do planejamento


financeiro com a utilização de um sistema orçamentário, entendido como um plano
abrangendo todo o conjunto das operações anuais de uma empresa através da formalização
do desempenho dessas funções administrativas gerais.

Um orçamento, em contabilidade e finanças, é a expressão das receitas e despesas de um


indivíduo, organização ou governo relativamente a um período de execução (ou exercício)
determinado, geralmente anual, mas que também pode ser mensal, trimestral, plurianual,
etc. O orçamento deriva do processo de planejamento da gestão. A administração de
qualquer entidade pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, deve estabelecer
objetivos e metas para um período determinado, materializados em um plano financeiro,
isto é, contendo valores em moeda, para o devido acompanhamento e avaliação da gestão.

O estudo do orçamento, segundo alguns autores, remonta à década de 1920. Na verdade, a


gestão organizacional vem tendo saltos de qualidade desde a Revolução Industrial no Século
XIX. Esta evolução na gestão proporcionou diversas técnicas na elaboração dos orçamentos,
partindo do orçamento tradicional. Surgiram então o Orçamento de Desempenho, o Sistema
de Planejamento, Programação e Orçamento (PPBS), o Orçamento Base Zero, o Orçamento-
Programa, o Beyond Budgeting, o Rationalisation des Choix Budgetaires, dentre outras.

Entendem-se por despesa todos os gastos da pessoa ou organização que podem, inclusive,
ser classificados de acordo com os fins a que se destinam. Receita é sinônimo dos
provimentos recebidos, que também podem ser classificados basicamente em receitas
patrimoniais (relativas a rendas geradas por propriedades), rendas extraordinárias
(essencialmente oriundas de operações financeiras, como empréstimos a juros) e rendas
tributárias, exclusivas de governos.

Os orçamentos estatais ou públicos são representações dos diversos gastos de um governo,


que envolvem saúde, educação, transportes, segurança e defesa, essencialmente. Uma das
principais funções do poder político é definir o orçamento a partir das receitas geradas
pelos impostos e outras formas de arrecadação. Essa atribuição recai tanto sobre o poder
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executivo quanto sobre o poder legislativo, nas democracias: o executivo propõe e fiscaliza a
execução do orçamento, e o legislativo analisa e aprova-o. No Brasil, a partir da promulgação
da Constituição Federal de 1988, o Chefe do Poder Executivo possui a competência de iniciar
as leis que estabelecerão o Plano Plurianual (PPA), as Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
e o orçamento (LOA). No Brasil, o órgão responsável pela elaboração e acompanhamento do
orçamento público federal é a Secretaria de Orçamento Federal (SOF), do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).

A maioria dos estados também prevê mecanismos de fiscalização do orçamento público por
parte do poder judiciário. O Brasil adotou o processo misto, onde o Executivo elabora o
projeto de lei do orçamento, para posterior encaminhamento ao Legislativo, que o emenda
e aprova-o. A própria Constituição Federal estabelece que cada Poder deve acompanhar e
avaliar sua execução financeira, contábil, dentre outras, tendo o Legislativo a competência
de exercer o Controle Externo das coisas públicas.

A parte do Direito que estuda as leis sobre orçamentos públicos é o Direito Fiscal ou
Orçamentário, ramificação do Direito Financeiro.

Apesar de ser planejado com mais ou menos cuidado, um orçamento pode ser cumprido à
risca, ou com sobras ou com falta de recursos planejados.

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Em algumas cidades do Brasil, foi implementada uma política inovadora na criação dos
orçamentos públicos com a participação dos cidadãos na escolha das prioridades de
investimentos: o Orçamento Participativo. Trata-se de uma consulta popular a respeito do
destino dos recursos a serem investidos durante o ano pelas prefeituras. No entanto,
geralmente a influência popular é bastante pequena nas decisões.

ORÇAMENTO EMPRESARIAL

A maioria das empresas de grande porte e multinacionais têm entre suas responsabilidades
desenvolver orçamentos para seus períodos de operação. Um orçamento empresarial deve
detalhar quais serão as receitas e despesas da companhia dentro de períodos futuros. A
elaboração de um orçamento deve sempre ser feita com base nas previsões, nunca
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limitando a sua elaboração ao histórico, aos resultados e pressupostos passados. A


adaptação de uma estratégia deste tipo, de elaboração de orçamentos exclusivamente com
base nos pressupostos passados constitui um erro estratégico, cujo resultado é
invariavelmente o desperdício. Recorrendo a uma imagem simples, elaborar um orçamento
desta forma é como conduzir um carro com os olhos exclusivamente postos no retrovisor.
Um bom exemplo disto mesmo é o orçamento geral do Estado português, em que se verifica
que os gastos dos últimos dois meses do exercício são cerca de dez vezes superiores ao do
restante tempo do mesmo, no sentido de cada departamento minimizar o risco de ser alvo
de cortes orçamentais no futuro. As empresas que elaborem os seus orçamentos com base
unicamente no seu histórico revelam uma tremenda falta de objetivo. Em suma, quem não
conhece o seu rumo, não tem ventos favoráveis. Uma vez delineados os objetivos
estratégicos, que têm necessariamente que ser quantificados e pressupõem uma
consciência plena da situação em que a organização se encontra, ficarão a cargo da diversas
áreas operacionais as iniciativas, regidas pelos planos de atividade. O orçamento, resultará
precisamente do somatório destes planos de atividade, sendo que este período é
vulgarmente designado por período de consolidação orçamental. Entende-se assim a
necessidade de haver envolvimento pleno e coordenado de toda a organização na
elaboração do Orçamento. Em síntese, um orçamento é um processo multi cíclico que
culmina no equilíbrio entre os objetivos estratégicos, as iniciativas e os meios financeiros
adequados à execução do mesmo. Um orçamento equilibrado pressupõe realismo, no
sentido de não ser demasiadamente modesto, promovendo a desmobilização, nem
demasiadamente irreal e inatingível, o que implica enorme sensibilidade de quem o elabora.
De notar que a sensibilidade, enquanto virtude, não consta nos manuais, antes deriva da
curva da experiência e da intuição, será também decisiva na resolução de problemas
resultantes do orçamento, nomeadamente no combate aos vícios orçamentais e na
interpretação de desvios ao mesmo. Embora não haja nenhum valor percentual previamente
fixado para limitar os desvios orçamentais, eles carecem necessariamente de justificação.
Desta forma, um orçamento é um instrumento de gestão. É um instrumento de
implementação da estratégia da empresa. É um instrumento de motivação, de comunicação
e de avaliação.

PERÍODOS ORÇAMENTÁRIOS
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Os períodos mais comuns para o levantamento orçamentário são : Próximos 12 meses


(Orçamento Anual), orçando totais para cada mês, totalizações por trimestre quarter
americano e Business Plan ou Orçamento Plurianual ou de Capital, que corresponde ao
orçamento dos próximos 5 anos.

No Brasil (ver Administração pública), o ano subsequente ao da aprovação regular do


Orçamento Anual (chamado de Orçamento - Programa) é denominado de exercício ou
exercício financeiro. Assim, pode-se definir o exercício como o ano em que há a "execução
orçamentária". Já o ano de preparação ou de aprovação orçamentária pode ser chamado de
ano-calendário (como faz a legislação tributária) ou ano civil (se coincidir com 365 dias).

CONTEÚDO ORÇADO

Os orçamentos anuais podem ser divididos em: Despesas, Receitas, Investimentos e Caixa,
este último também conhecido pelo nome de Fluxo de Caixa Projetado. Essa formatação
permite que haja uma integração com as contas contábeis, facilitando o acompanhamento
da "execução orçamentária". Já o Orçamento Plurianual, é mais comum de se dividir em
Programas, Projetos e Atividades, como se utiliza na Contabilidade pública Brasileira.

Como informações adicionais do orçamento de Despesas, pode-se ter as informações


de Ativo Fixo e Posições - o primeiro indicará a previsão de despesas com depreciação de
bens no período, e o segundo uma projeção da quantidade de funcionários/cargos alocados
por departamento para o próximo período, destacando admissões ou demissões.

CENÁRIOS ORÇAMENTÁRIOS

Um orçamento também é dividido ou classificado por cenários, um cenário significa uma


versão de conteúdo orçamentário, portanto cenários diferentes demonstram valores
diferentes para a mesma informação a ser orçada. Os cenários mais comuns são: Exibição de
Dados Históricos, Cenário Inicial, Revisões, e Cenário Final, este último é a versão aprovada,
que será utilizada para acompanhamento orçamentário.

FASES ORÇAMENTÁRIAS
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0 - Tempo Zero. Um orçamento empresarial é elaborado em fases, o que permite que ao


longo do tempo gasto para desenvolver um orçamento, todos os níveis da empresa sejam
envolvidos neste trabalho. Portanto a fase orçamentária tem relação direta com o momento
no tempo em que o orçamento está sendo desenvolvido. As fases mais comuns do
orçamento são Inicial, Revisões e Final.

1 – Dados:

Levantamento dos dados e informações principais: Balanço Séries Históricas Informações


Físico-contábeis Outras informações estatísticas.

2 - Análise do Orçamento:

Análise dos Planos Estratégicos, Tático e Operacional e das informações coletadas, visando
alcançar as metas da empresa.

3 - Composição do Orçamento:

Processo de elaboração do Fluxo Orçamentário:

Histórico das realizações;

Premissas;

Previsões - estimativas p/ próximo exercício;

Planilhas Eletrônicas (cálculos, tabelas etc.);

Relatório preliminar.

4 - Análise da Proposta Orçamentária:

A proposta orçamentária (relatório preliminar) é encaminhada aos órgãos de decisão: (sim)


- se aprovada segue para implantação ; (não) - não aprovada retorna para tempo anterior.

5 – Implantação:

Implantação da Proposta Orçamentária para o próximo exercício; preparação do relatório


final.

ORÇAMENTO INFORMATIZADO

Empresas de grande porte dispõem de sistemas informatizados que auxiliam o processo de


orçamentação, fazendo rollout, dispondo de workflow para aprovação e inclusive realizando
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projeções, quando integrados a sistemas de planejamento. Alguns dos sistemas


informatizados existentes no mercado para essa função são: AllStrategy, Tagetik
CPM, Gesplan S/A, ProphixAdaytum, Hyperion, Peoplesoft Budgeting EPM, SAPBW-SEM,
S2B-ForBudget M/Legate. Esses softwares são destinados à orçamentação de empresas de
grande porte e são classificados como softwares de BI - Business Inteligence.

Com o avanço do cloud computing, ou computação na nuvem, tem surgido novas opções de
softwares para planejamento e orçamento, como é o caso do Treasy. Softwares como estes,
de fácil utilização e baixo custo tem permitido que pequenas e médias empresas também
passem a realizar seu planejamento e orçamento, confrontando os resultados realizados
com o que foi planejado e podendo realizar ajustes de curso a tempo de corrigir desvios para
atingir os objetivos planejados.

No acompanhamento da "execução orçamentária" há o auxílio do ramo da Controladoria,


embora esse segmento da atividade contábil necessite trabalhar com os chamados "itens
controláveis", deixando de lado os chamados "itens 'não controláveis", que podem
corresponder a diversos elementos patrimoniais relacionados na Contabilidade.

EMPRESAS SEM ORÇAMENTO

Uma corrente de financistas mais recente criou a teoria da "Empresa sem Orçamento",
"Budgetless", essas empresas seguem a premissa de não efetuarem um orçamento prévio
para suas despesas e receitas em um determinado período, sendo assim, estarão
susceptíveis a surpresas em seus controles orçamentários.
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ORÇAMENTOS PARA TRABALHO

Também se denominam de orçamentos, os preços facultados por empresas, profissionais ou


pessoas singulares que apresentem valores para algum tipo de venda, seja ela potenciada
por um serviço que se presta ou pela venda de um ou mais produtos. A título de exemplo,
temos orçamentos para obras que são cada vez mais procurados online, assim como outros
tipos de pedidos de orçamentos para variadíssimos outros tipos de trabalhos.

COMO ELABORAR UM ORÇAMENTO

A elaboração do orçamento é de acordo com o exercício contábil, que pode ser qualquer
período de doze meses escolhido pela empresa. Porém esse período deve ser mantido, pois,
mudá-lo dificultaria a comparação dos resultados entre um ano e outro.

A preparação dos detalhes para o próximo exercício deve começar de dois a três meses
antes do seu início, pois é um processo complexo e deve haver um entrosamento entre os
departamentos, porque ajustes feitos no orçamento de um departamento alteram os
demais. Elaborar um orçamento, mais que uma tarefa matemática, é uma tarefa gerencial.
Os gerentes dos departamentos devem encontrar maneiras de como trabalhar melhor em
conjunto visando atingir bons resultados para a empresa, seus funcionários e clientes. Isso
requer muita habilidade e criatividade nos negócios, entendimento das metas e política da
empresa, além do conhecimento do trabalho realizado.

O orçamento demonstra os resultados que um departamento deve atingir e os recursos


fornecidos para atingi-los. A empresa deve procurar atingir todos os objetivos de forma
direta e coordenada, e para isso é preciso, em primeiro lugar, que os orçamentos estejam os
mais corretos possíveis, 4 e também acompanhar detalhadamente o andamento de suas
atividades durante o ano para verificar se tudo está dentro da meta e se necessário fazer
ajustes.

Na dinâmica da atividade diária, muitas coisas acontecerão que podem não ter sido previstas
no momento da preparação orçamentária. [...] e, mesmo que um objetivo seja atingido – o
lucro, por exemplo – é quase inevitável que não seja atingido exatamente da mesma forma
que foi planejada e incorporada nos orçamentos. Alguns departamentos respeitarão seus
orçamentos, outros os excederão e ainda outros poderão sair totalmente deles. (PARSLOE;
WRIGHT, 2001, p. 35).
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Os resultados atingidos em cada departamento serão registrados e comparados com o


orçamento e, se houver grande divergência, será realizada uma espécie de investigação para
decidir se é um incidente que será recuperado no próximo mês, uma falha grave e todo
orçamento será repensado, ou se o orçamento original será mantido e algo será feito no
restante do ano para superar a falha.

Os desvios do orçamento precisam ser considerados e todos os departamentos devem


empenhar-se para ainda alcançar a meta. E se mesmo assim ela não for alcançada, se
estabelecerá uma meta de desempenho revisada. O sistema orçamentário não funciona sem
habilidades e conhecimento dos gerentes de linha para identificar resultados estranhos e
chegar à conclusão correta sobre as causas.

Esses gerentes são experientes e possuem uma percepção real da situação, apontando
resultados que precisam de atenção urgente. Algumas variações acontecem de maneira
regular e não causam alarmes se oscilarem dentro de um parâmetro determinado, mas
outras merecem atenção mesmo que ocorra uma mínima variação. Cada departamento
deve especificar quais variações são aceitáveis e quais mostram sinais de emergência.
Mesmo que a meta seja alcançada, o processo orçamentário não estará finalizado.

A empresa precisa sempre aperfeiçoar e mudar sua forma de trabalho, pois nenhum sistema
orçamentário será seguro se for mantido ano após ano sem mudanças e aprimoramentos. A
alta administração deve desempenhar o incentivo de novas ideias, os gerentes devem
enxergar além de seus próprios departamentos, pois todos eles estão interligados e a
solução para um departamento pode estar em outro.

O objetivo do controle orçamentário é coordenar, controlar e avaliar as operações da


empresa, para sua realização elementos básicos como previsão, orçamento e controle são
fundamentais, sendo que o orçamento é o pilar dessa estrutura.

Os principais tipos de orçamento são: orçamentos globais e parciais, orçamentos a curto e a


longo prazo, orçamentos periódicos e contínuos e orçamentos flexíveis ou variáveis. Todos
possuem características diferentes, mas visam o mesmo objetivo que é atingir os resultados
esperados.

ORÇAMENTOS GLOBAIS E PARCIAIS


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O orçamento parcial aborda pontos específicos como: orçamento de vendas, orçamentos de


despesas administrativas ou o orçamento de caixa. O orçamento global permite a
composição antecipada de um Balanço e um Demonstrativo de Lucros e Perdas referente ao
próximo exercício. Isso é possível através da relação quantitativa de todos os itens
operacionais e financeiros da empresa. Os orçamentos globais são formados por dois
grandes grupos de orçamentos parciais: O primeiro grupo constitui o orçamento operacional
que pode variar de empresa para empresa, abrangendo além das previsões de despesas e
receitas das operações normais, as não vinculadas diretamente à atividade principal da
empresa. Em geral, é composto dos seguintes orçamentos parciais: orçamento de vendas;
orçamento de produção; orçamento de despesas de distribuição; orçamento de despesas
administrativas e orçamento de outras receitas e despesas. O demonstrativo de lucros e
perdas antecipado é composto pelas informações adquiridas no desenvolvimento dos
orçamentos parciais. O segundo grupo constitui o orçamento financeiro, composto pelo
orçamento de caixa, orçamento de acréscimo de capital e projeção das depreciações. Esses
orçamentos dependem de valores definidos no orçamento de operações e, por meio dessas
informações, elabora-se o balanço antecipado.

ORÇAMENTOS A CURTO E EM LONGO PRAZO

É qualificado de curto prazo períodos de um ano ou menos, e longo prazo quando cobrem
períodos maiores de um ano. Dependendo da natureza das operações da empresa, na qual
existe a necessidade da antecipação de vários anos em termos de estudo de mercado,
competição e investimentos, planos de dez anos são bastante comuns.

ORÇAMENTOS PERIÓDICOS E CONTÍNUOS

De acordo com as características do ramo de atividade da empresa, se existir certa


segurança nas previsões referentes a períodos próximos a um ano, costuma-se adotar
orçamentos do tipo periódico que podem ser anuais, semestrais, ou raramente trimestrais e
não podem ser alterados até o final de sua vigência. No caso das empresas, cujo ramo de
atividade não prevê situações futuras, adota-se o orçamento contínuo onde a previsão é
para três ou seis meses, ocorrendo uma atualização mensal e permitindo modificações no
orçamento não previsíveis até o momento.
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ORÇAMENTOS FLEXÍVEIS OU VARIÁVEIS

Existem grandes variações entre o orçamento e o desempenho real da empresa. Isso ocorre
porque o orçamento é feito com base num determinado volume de operação que muitas
vezes difere das operações reais. Para essas variações foram desenvolvidos procedimentos
que ajustam os valores orçados aos níveis reais de operação. O orçamento que contém,
além dos valores totais, informações unitárias para os itens variáveis, é qualificado como
flexível ou variável, onde os limites totais de despesas variam em função do nível de
operações adotado.

PEÇAS ORÇAMENTÁRIAS

Um orçamento geral é composto das seguintes peças orçamentárias: orçamento de vendas;


orçamento de produção; orçamento de matérias primas; orçamento de mão de obra direta;
orçamento de custos indiretos de fabricação; orçamento do custo de produção e do custo de
vendas; orçamento de despesas comerciais e administrativas; orçamento do fluxo de caixa;
orçamento do resultado; orçamento do balanço patrimonial.

ORÇAMENTO DE VENDAS

É a etapa inicial de todo o processo orçamentário e pode afetar a lucratividade da empresa.


Trata-se de uma estimativa que determina quanto de um produto será vendido por um
determinado preço e período. Nas indústrias a natureza, qualidade e quantidade dos
produtos são definidas a partir de uma estimativa de vendas, que contém o fator básico das
projeções de lucros.

O orçamento de vendas é uma das fases mais críticas e importantes por apresentar
dificuldades bem acentuadas que são relacionadas com fatores como falta de estatística
adequada, flutuações de mercado, sazonalidade, falta de informações detalhadas sobre
planos da competição, diversidade dos produtos e reação do consumidor.

Se superestimado, esse orçamento pode gerar excessos de inventário de produtos acabados


ou, no caso de a produção ter sido detida a tempo, acarretará custos desnecessários
associados com excessos de matérias-primas adquiridas ou excessos de mão-de-obra
contratada. (PASSARELI; AMORIM, 2003, p. 52).

ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO
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Finalizada a projeção de vendas, inicia-se a elaboração do orçamento de produção que


consiste na formulação do plano de produção por tipo e unidade. Passarelli e Amorim (2003,
p. 65) dizem que “É a conversão do orçamento de vendas em plano de produção, levando-se
em conta as diretrizes formuladas na política de estoques de produtos acabados escolhida
pela empresa”. A respeito da capacidade de produção, o orçamento deve considerar:

• Máxima utilização da capacidade de produção – evitar a ociosidade da capacidade


produtiva.

• Máxima estabilidade da produção – prevenção de oscilações consideráveis entre períodos


de alta e baixa produção que acarretam em custos adicionais e instabilidade na mão-de-
obra.

ORÇAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS

O orçamento de matérias-primas contribui aos gestores do processo na avaliação da


necessidade física de cada tipo de matéria-prima utilizada nos diversos produtos da linha
alimentícia. Além disso, proporciona uma análise mais apurada, facilitando na tomada de
decisão sobre a adequação dos estoques, baseado em políticas de estocagem definidas
previamente.

Para tanto, é necessária uma política de compras, considerando os recursos financeiros para
investimentos no estoque, a capacidade de produção, bem como a finalidade de alcançar as
metas operacionais dos gestores. Sendo assim, esse orçamento possui várias finalidades,
podendo ser subdividido em consumo e custos de matérias-primas, compras e estoques.

O consumo e custos das matérias-primas estão baseados nas estruturas dos produtos em
conjunto com o planejamento de produção, que determina as quantidades de matérias- 8
primas, componentes e materiais auxiliares, bem como os custos de cada tipo de produto
acabado, para produção do período. “Sua montagem é efetuada com base no
processamento das informações oriundas do orçamento de produção, no conhecimento das
quantidades de matérias-primas a serem aplicadas na produção de cada unidade de produto
acabado, ou seja, do “fator de consumo”, e nos preços das matérias-primas. ” (MOREIRA,
2008, p. 69)

Com o orçamento do consumo e custos das matérias-primas é necessária a compra e a


estocagem dos mesmos, visando atingir às metas planejadas. “As compras de matérias-
primas, componentes e materiais auxiliares à produção serão orçadas com base nos
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orçamentos de consumo e de estoque de materiais. A diferença entre o consumo necessário


e a política de estocagem de materiais dará as necessidades dos volumes a serem
comprados. ” (MARQUES, 2004, p. 212).

Esse orçamento possibilita a projeção dos valores a pagar aos fornecedores, transferindo os
saldos para o balanço patrimonial projetado. Para montagem desse orçamento são
necessárias diversas informações como o tratamento de todos os impostos incidentes sobre
compras, pagamentos a fornecedores, estoques finais previstos, entre outros.

Diante dessas informações, esses parâmetros precisam ser revistos antes da montagem do
orçamento para uma evolução coerente dos dados.

ORÇAMENTO DE MÃO-DE-OBRA DIRETA

O orçamento de mão-de-obra direta visa estabelecer a quantidade e o custo de horas


trabalhadas aplicadas diretamente na produção, distribuídas por produtos, departamentos e
períodos. Para a composição deste orçamento é necessário obter a produção por período,
capacidade de produção hora/máquina e hora/homem.

O orçamento de mão-de-obra direta também é baseado nas informações fornecidas pelo


controle do departamento pessoal, como exemplo todos os custos contidos em folha de
pagamento. Após o cálculo do orçamento, os custos totais de cada mês, serão transferidos
para o fluxo de caixa projetado.

ORÇAMENTO DOS CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO

Os gastos gerais de fabricação abrangem todos os custos fabris, no qual não são atribuídos
diretamente no produto. Por tanto, precisa de um critério de rateio para que seja agregado
o CIF ao custo dos produtos.

Exemplo: Materiais indiretos, energia elétrica, telefone, aluguel da fábrica, seguro e


depreciação de máquinas. “O adequado planejamento desse tipo de custos constitui-se em
fator importante para o êxito do plano de lucros, quer por envolver itens de composição
bastante variada, quer por sua participação significativa no custo da produção”. (MOREIRA,
2008, p. 90).

ORÇAMENTO DO CUSTO DE PRODUÇÃO E DO CUSTO DE VENDAS


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O orçamento dos custos dos produtos vendidos compreende todos os gastos que a empresa
tem no processo de produção, tais como, materiais, mão de obra direta e os custos indiretos
de fabricação.

É uma ferramenta importante, que permite calcular os custos dos produtos vendidos e
avaliar os estoques, através da apuração dos custos unitários dos produtos acabados e dos
que estão em elaboração. O valor do estoque inicial mais os gastos relacionados com a
produção resultam no subtotal dos custos, que dividido pela quantidade de produtos
acabados e os que serão produzidos chegamos ao custo médio.

Para calcular o custo dos produtos vendidos multiplicamos o custo médio pela quantidade
de vendas planejadas. O estoque final é decorrente do subtotal dos custos subtraído o custo
dos produtos vendidos.

ORÇAMENTO DE DESPESAS COMERCIAIS E ADMINISTRATIVAS

O orçamento de despesas com vendas tem por objetivo prever os gastos necessários para a
realização das vendas. “As despesas de vendas são compostas de Despesas com pessoal de
vendas, Comissões sobre vendas, Propaganda e publicidade, Provisão para devedores
duvidosos, Viagens e representações, Fretes e carretos etc.” (HOJI, 2010, p. 268).

O orçamento de despesas com vendas está diretamente associado ao orçamento de vendas,


pois com base no planejamento será estipulado o gasto necessário para a realização das
mesmas.

O orçamento de despesas administrativas está relacionado aos gastos necessários para gerir
a empresa. “São constituídas de despesas como: Salários e encargos sociais do pessoal
administrativo, Honorários do conselho e diretoria, Impostos e taxas, Aluguéis de escritórios,
depreciação de móveis e utensílios, serviços profissionais de auditoria e consultoria. ” (HOJI,
2010, p. 268).

ORÇAMENTO DO FLUXO DE CAIXA

O orçamento de caixa tem como objetivos básicos determinar o saldo de caixa no final do
período orçado e estabelecer da maneira mais precisa valores e datas em que ocorrerão os
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pagamento e recebimentos. É um dos últimos orçamentos a ser elaborado, porém, não


menos importante.

Qualquer alteração referente ao saldo de caixa previsto exige revisão dos demais
orçamentos. Utiliza-se de informações contidas nos orçamentos anteriores e provenientes
das políticas vigentes na empresa. [...] a simples consideração dos efeitos que podem ter
sobre a reputação e os lucros da empresa, a falta da previsão adequada das suas
disponibilidades e necessidades de Caixa, enfatizam a importância deste orçamento e a
necessidade de que todos os esforços sejam mobilizados no sentido de obter o máximo
realismo em sua preparação. (PASSARELI; AMORIM, 2003, p. 111).

PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO

Planejar é uma das tarefas mais importantes do gestor. Através do planejamento é que se
realiza uma gestão eficaz. Administrar uma empresa sem planejar suas atividades é como
pilotar uma aeronave sem fazer o plano de voo: fica-se sujeito a um pouso forçado a
qualquer momento e lugar, podendo sofrer apenas um grande susto, como também ter
destruição total. Se não planejar suas atividades, o gestor corre o risco de ser surpreendido
por imprevistos e colocar a empresa em grandes dificuldades, ou até mesmo levá-la à
falência. O planejamento se faz necessário em todas as atividades da empresa, mas
principalmente nas atividades da área financeira. Ross et al. (1995:522) afirmam que “o
planejamento financeiro determina as diretrizes de mudança numa empresa. É necessário
porque (1) faz com que sejam estabelecidas as metas da empresa para motivar a
organização e gerar marcos de referência para a avaliação de desempenho, (2) as decisões
de investimento e financiamento da empresa não são independentes, sendo necessário
identificar sua interação, e (3) num mundo incerto a empresa deve esperar mudanças de
condições, bem como surpresa.”.

Nesse contexto, planejamento financeiro é o processo formal que conduz a administração


da empresa a acompanhar as diretrizes de mudanças e a rever, quando necessário, as metas
já estabelecidas. Assim, poderá a administração visualizar com antecedência as
possibilidades de investimento, o grau de endividamento e o montante de dinheiro que
considere necessário manter em caixa, visando seu crescimento e sua rentabilidade.
Gitman (1987:250) afirma “os planos financeiros e orçamentos fornecem roteiros para
atingir os objetivos da empresa. Além disso, esses veículos oferecem uma estrutura para
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coordenar as diversas atividades da empresa e atuam como mecanismo de controle


estabelecendo um padrão de desempenho contra o qual é possível avaliar os eventos reais. ”

Nota-se que o planejamento financeiro, além de indicar caminhos que levam a alcançar os
objetivos da empresa, tanto a curto como a longo prazo, cria mecanismos de controle que
envolvem todas as suas atividades operacionais e não-operacionais. O planejamento e o
controle orçamentário, quando realizado juntamente com o controle financeiro, possibilitam
mudanças táticas rápidas para tratar de eventos estranhos ao processo administrativo, os
quais colocam em risco o alcance das metas estabelecidas. Aumentos inesperados no índice
de inadimplência no recebimento de créditos ou dificuldades na obtenção de recursos de
terceiros são rapidamente identificados. Com um controle financeiro eficaz, a empresa
poderá sempre adotar uma postura proativa em relação a tais eventos.

Na visão de Welsch (1996:255-256), o planejamento e o controle de disponibilidades


normalmente devem estar relacionados a três dimensões temporais diferentes:
”Planejamento a longo prazo quando a ocorrência de fluxos corresponde às dimensões dos
projetos de investimento e à dimensão temporal do plano de resultados a longo prazo
(geralmente de cinco anos).

1.Planejamento a curto prazo quando a ocorrência de fluxos está enquadrada no plano anual
de resultados.

2. Planejamento operacional, em que as entradas e saídas de caixa são projetadas para o


mês, a semana ou o dia seguinte. ”

O planejamento financeiro a longo prazo busca conhecer antecipadamente o impacto da


implementação de ações projetadas sobre a situação financeira da empresa, indicando ao
gestor se haverá excesso ou insuficiência de recursos financeiros. O planejamento financeiro
a curto prazo reflete a preocupação de estimar detalhadamente as entradas e saídas de
dinheiro geradas pela própria atividade da empresa. E o planejamento operacional destina-
se ao controle preciso das disponibilidades, a fim de minimizar os encargos financeiros dos
empréstimos e maximizar os rendimentos das aplicações dos excessos.

Afirmam Gropelli e Nikbakht (1998:365) que “o sucesso e a solvência de uma empresa não
podem ser garantidos meramente por projetos rentáveis e pelo aumento das vendas. “A crise
de liquidez”, isto é, a falta de caixa para pagar as obrigações financeiras sempre põe em
perigo uma companhia. ”
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A gestão financeira, para ser eficaz, precisa estar sustentada e orientada por um
planejamento de suas disponibilidades. Para isso o gestor precisa de instrumentos confiáveis
que o auxiliem a otimizar os rendimentos dos excessos de caixa ou a estimar as necessidades
futuras de financiamentos, para que possa tomar decisões certas e oportunas. A
sobrevivência e o crescimento da empresa são consequências de um planejamento que
envolve volume de vendas com margens de lucros que remunerem de forma satisfatória o
capital investido e um plano de recebimentos e pagamentos intercalados com boa margem
de segurança do primeiro para o segundo, garantindo assim a viabilidade e a permanência
da empresa no mercado. Neste contexto, o fluxo de caixa tem-se apresentado como uma
das ferramentas mais eficazes na gestão financeira das empresas, como afirma Zdanowicz
(1998:19): “O fluxo de caixa é o instrumento que permite ao administrador financeiro
planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros de sua empresa
para um determinado período. ”

O fluxo de caixa possibilita ao gestor programar e acompanhar as entradas (recebimentos) e


as saídas (pagamentos) de recursos financeiros, de forma que a empresa possa operar de
acordo com os objetivos e as metas determinadas, a curto e a longo prazos. A curto prazo
para gerenciar o capital de giro e a longo prazo para fins de investimentos.

GERENCIAMENTO DO FLUXO DE CAIXA

Os relatórios provenientes do sistema contábil são os principais instrumentos de gestão


empresarial, tendo como objetivo fornecer informações relevantes para que cada usuário
possa tomar suas decisões com segurança. No entanto, com a crescente complexidade das
organizações empresariais, somente com as informações clássicas da contabilidade, ou seja,
Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado do Exercício – DRE e Demonstração de
Origem e Aplicação dos Recursos – DOAR, dificilmente o gestor terá conhecimento imediato
e oportuno da verdadeira liquidez da sua empresa. Não basta a empresa apresentar lucro
contábil. É preciso que a equação “Ativo Circulante vs. Passivo Circulante” esteja compatível
com sua necessidade de capital de giro. Isto faz com que o gestor se utilize de todos os
instrumentos disponíveis que, juntamente com os demais demonstrativos contábeis, ajude-o
a interpretar a realidade financeira da empresa, conhecendo e coibindo eventos estranhos
que possam afetar o seu desempenho financeiro.
18

Assim, o fluxo de caixa apresenta-se como uma ferramenta de aferição e interpretação das
variações dos saldos do Disponível da empresa. É o produto final da integração do Contas a
Receber com o Contas a Pagar, de tal forma que, quando se comparam as contas recebidas
com as contas pagas tem-se o fluxo de caixa realizado, e quando se comparam as contas a
receber com as contas a pagar, tem-se o fluxo de caixa projetado. (Sá, 1998:03) (…)

O fluxo de caixa é um retrato fiel da composição da situação financeira da empresa. É


imediato e pode ser atualizado diariamente, proporcionando ao gestor uma radiografia
permanente das entradas e saídas de recursos financeiros da empresa. O fluxo de caixa
evidencia tanto o passado como o futuro, o que permite projetar, dia a dia, a evolução do
disponível, de forma que se possam tomar com a devida antecedência, as medidas cabíveis
para enfrentar a escassez ou o excesso de recursos.

Por outro lado, é importante ressaltar que o fluxo de caixa também apresenta suas
limitações. Uma delas é a incapacidade de fornecer informações precisas sobre o lucro e
sobre os custos dos produtos da empresa. Isto porque as apurações e demonstrações são
realizadas pelo regime de caixa e não pelo regime de competência. Todavia, pode-se afirmar
que o fluxo de caixa é um instrumento de controle e análise financeira que juntamente com
as demais demonstrações contábeis torna-se efetivamente um instrumento de apoio à
tomada de decisões de caráter financeiro.

FLUXO DE CAIXA REALIZADO

A finalidade do fluxo de caixa realizado é mostrar como se comportaram as entradas e as


saídas de recursos financeiros da empresa em determinado período. O estudo cuidadoso do
fluxo de caixa realizado, além de propiciar análise de tendência, serve de base para o
planejamento do fluxo projetado.

Outro aspecto que deve ser considerado é a comparabilidade que existe entre os fluxo de
caixa realizado e o projetado. Isto possibilita identificar os motivos das variações ocorridas,
se ocorreram por falha de projeções ou por falhas de gestão. A análise das variações
ocorridas no fluxo de caixa permite identificar as causas de eventuais divergências de
valores; funciona como feedback, gerando informações para o processo decisório e para o
planejamento financeiro futuro.
19

FLUXO DE CAIXA PROJETADO

O objetivo principal do fluxo de caixa projetado é informar como se comportará o fluxo de


entradas e saídas de recursos financeiros em determinado período, podendo ser projetado a
curto ou a longo prazo. A curto prazo busca-se identificar os excessos de caixa ou a escassez
de recursos dentro do período projetado, para que através dessas informações se possa
traçar uma adequada política financeira. A longo prazo, o fluxo de caixa projetado, além de
identificar os possíveis excessos ou escassez de recursos, visa também obter outras
informações importantes, tais como:

• verificar a capacidade da empresa de gerar os recursos necessários para custear suas


operações:

 determinar o capital em giro no período;

 determinar o Índice de Eficiência Financeira da empresa. (IEF = capital em giro /


capital de giro da empresa);

 determinar o grau de dependência de capitais de terceiros da empresa; etc.

É bom lembrar que as informações de que a empresa dispõe para elaborar o fluxo de caixa
projetado a curto prazo diferem daquelas que estão disponíveis quando se projeta a longo
prazo. Normalmente, quando se projeta a curto prazo, as principais operações que vão
provocar entradas e saídas de dinheiro já foram realizadas e a empresa trabalha com relativo
grau de certeza dos recebimentos e/ou pagamentos dentro do período. No entanto, quando
se projeta a longo prazo, o que se conhece são apenas projeção das operações de ingressos
e/ou desembolsos de recursos financeiros, ficando o fluxo de caixa projetado a longo prazo
exposto a eventos estranhos ao conhecimento primário por parte da empresa, podendo
comprometer as previsões consideradas.

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA REALIZADO

Diante da abertura de mercado e da internacionalização de capitais, os investidores e


financiadores de capitais buscam a cada dia mecanismos que permitam uma análise mais
segura da situação financeira da empresa em que pretendam investir. As informações
obtidas através das demonstrações contábeis clássicas não são suficientes para que os
analistas de mercado avaliem os riscos e a capacidade de retorno do investimento que a
20

empresa oferece. Segundo Yoshitake e Hoji (1997:149), os analistas de balanços com visão
moderna dão mais importância ao fluxo de caixa: ” … não é muito importante saber se uma
empresa teve lucro ou prejuízo em determinado exercício, pois o resultado pode ter sido
maquilado por algum artifício contábil permitido pela lei e, portanto, sem conhecer o fluxo
de caixa, não se pode saber que capacidade a empresa tem em gerar receita. ”

Seguindo esse raciocínio, pode-se concluir que lucro não é sinônimo de caixa. De forma que
a empresa pode apresentar lucro em suas demonstrações contábeis, no entanto, estar com
dificuldade de geração de caixa. Ainda segundo os autores acima: “É sempre bom lembrar
que as empresas quebram não por falta de lucro e sim por falta de caixa. ” Cabe, porém,
ressaltar, que as empresas também não sobrevivem sem lucros, pois sem remunerar o
capital investido, a tendência é que as atividades operacionais consumam todo o capital de
giro disponível e as levem ao processo de falência.

Para conhecer a capacidade de geração de caixa de uma empresa, é necessário obter, além
das demonstrações contábeis clássicas, uma demonstração que evidencie os recebimentos e
pagamentos de um determinado período. Buscando atender a essas necessidades dos
usuários da informação contábil, países como Inglaterra, Japão, Estados Unidos e outros
estão exigindo a publicação da demonstração do fluxo de caixa, por entenderem que
somente as demonstrações contábeis clássicas não permitem uma análise segura da
situação financeira da empresa.

Nos Estados Unidos, o “Financial Accounting Standards Board” – FASB (Comitê de Normas de
Contabilidade Financeira), através do pronunciamento FASB 95 de novembro de 1987,
passou a exigir a apresentação da demonstração do fluxo de caixa, em substituição à DOAR,
por entender que essa demonstração facilita o entendimento por parte do usuário externo.
De acordo com os §§ 4º e 5º do FASB 95, a demonstração do fluxo de caixa tem a finalidade
de fornecer informações sobre os recebimentos e pagamentos da empresa em um
determinado período, que utilizadas em conjunto com as informações das outras
demonstrações contábeis, possibilitarão aos investidores, credores, acionistas e outros
interessados conhecerem aspectos importantes da forma de condução do negócio e
avaliarem a capacidade da empresa de geração de caixa futuro. Além desses aspectos, as
informações sobre o fluxo de caixa poderão identificar a necessidade de financiamento a
curto e a longo prazo.
21

APRESENTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA REALIZADO

A demonstração de fluxo de caixa não é um demonstrativo novo, pois há tempo é utilizado


por muitas empresas para fins gerenciais. No entanto, com a crescente importância dada ao
fluxo de caixa na avaliação de viabilidade econômica de projetos, na avaliação de riscos de
investimentos, nas operações de fusão e aquisição de empresas, criou-se a necessidade de o
usuário externo ter acesso a essas informações, para conhecer a real situação financeira da
empresa. Assim, o fluxo de caixa realizado de um período passa a fazer parte das
demonstrações contábeis dirigidas aos usuários externos, com o propósito de informá-los
sobre o fluxo de ingressos e desembolsos de recursos financeiros resultantes das atividades
da empresa.

No Brasil a demonstração do fluxo de caixa ainda não é obrigatória para efeito de


publicação. Entretanto estudos em andamentos no Conselho Federal de Contabilidade e no
Instituo Brasileiro de Contadores – Ibracon, vêm demonstrando tendência favorável à
publicação, de forma que algumas empresas e os fundos de investimentos imobiliários já
estão publicando-a junto com as demonstrações contábeis, pois a mesma evidencia as
entradas e saídas de caixa no período, numa linguagem que facilita a interpretação para os
usuários das demonstrações financeiras (Terco Auditoria e Consultoria S/C, 1998).

O fluxo de caixa realizado pode ser apresentado por meio de duas formas: o método direto e
o método indireto (…).
22

O método direto demonstra os recebimentos e pagamentos derivados das atividades


operacionais da empresa em vez do lucro líquido ajustado. Mostra efetivamente as
movimentações dos recursos financeiros ocorridos no período. Apresenta-se a seguir
modelo adaptado de Yoshitake e Hoji (1997:153):

MODELO DIRETO

Recebimentos de clientes:
(-) Pagamentos a fornecedores
(-) Despesas administrativas e comerciais
(-) Despesas financeiras
(-) Impostos
(-) Mão-de-obra direta
(=) Ingressos de recursos provenientes das operações
Recebimentos por vendas do imobilizado
(=) Total dos ingressos dos recursos financeiros

DESTINAÇÕES DE RECURSOS

Aquisição de bens do imobilizado


Pagamentos de Empréstimos bancários:
(=) Total das destinações de recursos financeiros
Variação líquida de Disponibilidades
(+) Saldo inicial
(=) Saldo final de Disponibilidade

Como se verifica, a demonstração pelo método direto facilita ao usuário avaliar a solvência
da empresa, pois evidencia toda a movimentação dos recursos financeiros, as origens dos
recursos de caixa e onde eles foram aplicados.

Já o método indireto é aquele no qual os recursos provenientes das atividades operacionais


são demonstrados a partir do lucro líquido, ajustado pelos itens considerados nas contas de
resultado que não afetam o caixa da empresa. A seguir apresenta-se um modelo adaptado
de Yoshitake e Hoji (1997:151)
23

MÉTODO INDIRETO

ORIGENS
Lucro líquido do exercício
Mais:
Depreciações
Aumento em imposto de renda a pagar
Aumento em fornecedores
Menos:
(-) Aumento em clientes
(=) Caixa gerado pelas operações
Venda do Imobilizado
(=) Total dos ingressos de Disponibilidade

APLICAÇÕES
Pagamento de Empréstimos bancários
Aquisição de Imobilizado

(=) Total das aplicações de Disponibilidades


Variação líquida das Disponibilidades
(+) Saldo inicial
(=) Saldo final das Disponibilidades

Observa-se pelo modelo apresentado, que a demonstração pelo método indireto é


semelhante a DOAR, principalmente pela sua parte inicial, exigindo do usuário maior
conhecimento de contabilidade.

Os modelos apresentados seguem a estrutura tradicional da demonstração do fluxo de


caixa, que tem como objetivo principal mostrar apenas as entradas e saídas de recursos
financeiros. De acordo com Yoshitake e Hoji (1997:153), basicamente demonstram os
seguintes itens:

a) Entradas

b) Saídas

c) Diferença (a – b)
24

d) Saldo Inicial

e) Saldo Final (c + d)

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA REALIZADO POR ATIVIDADES

Numa visão moderna e buscando aumentar a capacidade informativa dessa demonstração é


que muitos países, inclusive o Brasil, estão aderindo ao modelo apresentado pelo “Financial
Accounting Standards Board – FASB”, que classifica as atividades em três categorias:
atividades operacionais, atividades de investimentos e atividades de financiamentos.

1- Atividades Operacionais: são classificadas nessa categoria aquelas atividades


normalmente decorrentes da operação da empresa, tais como: recebimentos pela
venda de produtos e serviços; pagamento de fornecedores; despesas operacionais;
salários; encargos sociais e outros recebimentos e pagamentos não classificados
como atividades de investimentos ou de financiamentos.

2- Atividades de Investimentos: compreendem as transações: concessão e recebimento


de empréstimos, compra e resgate de títulos financeiros, aquisição e venda de
participações em outras sociedades, compra e venda de ativos utilizados na
produção de bens e serviços ligados ao objetivo social da entidade. Não
compreendem, porém, as aquisições de ativos com o objetivo de revenda.

3- Atividades de Financiamentos: incluem-se nessa categoria: a captação de recursos


dos proprietários ou acionistas; a devolução dos recursos e os rendimentos desses
recursos em forma de dividendos ou não; a captação de empréstimos de terceiros,
sua amortização e remuneração e a obtenção e amortização de outros recursos
classificados no longo prazo.

Segundo Pinho (1996:9), “a demonstração dos fluxos de caixa para um determinado período
deve apresentar o fluxo de caixa líquido oriundo ou aplicado nas atividades operacionais, de
investimentos e de financiamentos e o seu efeito líquido sobre os saldos de caixa, conciliando
seus saldos no início e no final do período”.

A movimentação dos recursos financeiros apresentados na demonstração dos fluxos de


caixa não inclui somente os saldos de moedas em caixa e os depósitos em contas bancárias:
25

considera também os equivalentes de caixa, ou seja, as contas que possuem as mesmas


características de liquidez e de disponibilidade imediata.

MÉTODO DE APRESENTAÇÃO

Segundo o CRC-SP (1997:112-113), o fluxo de caixa referente às transações originadas de


atividades operacionais poderá ser apresentado pelo método direto ou indireto. O FASB
através da FAS-95 incentiva, mas não exige a utilização do método direto. Com relação às
transações originadas em atividades de investimento ou financiamento, tanto pelo método
direto como pelo indireto não apresentam diferença na demonstração do fluxo de caixa.

A apresentação pelo método direto, do demonstrativo do fluxo de caixa das atividades


operacionais, deve refletir o montante bruto dos componentes principais dos recebimentos
e dos pagamentos por caixa, tais como:

• recebimento de clientes, aluguéis e outros recebimentos similares;

• recebimento de juros e dividendos;

• quaisquer outros recebimentos por caixa;

• pagamento a empregados, fornecedores incluindo os de serviços como seguros,


propaganda e outros;

• pagamento de juros, impostos e outros pagamentos similares;

• quaisquer outros pagamentos por caixa.

A empresa poderá optar por determinar indiretamente os valores que compõem o fluxo de
caixa líquido de suas atividades operacionais pela conciliação do lucro líquido com o fluxo de
caixa líquido proveniente das atividades operacionais, utilizando desta maneira o método
indireto. No entanto, para conciliar o lucro líquido com o fluxo de caixa líquido se fazem
necessários alguns ajustes para eliminar do lucro líquido o efeito de todos os valores
diferidos decorrentes de operações de recebimentos e pagamentos, bem como os efeitos de
todos os itens classificados no fluxo de caixa como investimentos ou financiamentos, tais
como: depreciação, amortização de fundo de comércio, ganhos ou perdas com vendas do
ativo imobilizado e outras operações descontínuas.
26

Independentemente de a empresa optar pelo método direto ou indireto para demonstrar o


fluxo de caixa líquido decorrente de suas atividades operacionais, o FASB-95 requer a
conciliação do lucro líquido com o fluxo de caixa líquido. Esta conciliação proporciona
informações sobre o efeito líquido das transações operacionais e de outros eventos que
afetam o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais em diferentes
períodos.

Se a empresa optar pelo método direto a conciliação deve ser feita em demonstrativo anexo
à demonstração do fluxo de caixa. Se a opção for pelo método indireto, a conciliação pode
ser incluída como parte da demonstração. Outras informações não contempladas pela
demonstração devem ser evidenciadas em notas explicativas. Informar em notas explicativas
o índice médio de inadimplência, por exemplo, é um método que provavelmente ajudará os
usuários externos a formarem melhor opinião sobre a capacidade de realização dos créditos
da empresa.

A seguir é apresentado modelo dos métodos direto e indireto, adaptados do CRCSP


(1997:114), baseado no FASB-95.

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

Recebimentos de clientes
Dividendos recebidos
Juros recebidos
Recebimentos por reembolso de seguros
Recebimentos de lucros de subsidiárias
(-) Pagamentos a fornecedores
(-) Pagamentos de salários e encargos
(-) Imposto de renda pago
(-) Juros pagos
Outros recebimentos ou pagamentos líquidos

CAIXA LÍQUIDO DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

Fluxo de caixa das atividades de investimentos


Alienação de imobilizado
27

Alienação de investimentos
(-) Aquisição de imobilizado
(-) Aquisição de investimentos

CAIXA LÍQUIDO DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

Fluxo de caixa das atividades de financiamentos


Integralização de capital
Juros recebidos de empréstimos
Empréstimos tomados
Aumento do capital social
(-) Pagamento de leasing (principal)
(-) Pagamentos de lucros e dividendos
(-) Juros pagos por empréstimos
(-) Pagamentos de empréstimos/debêmtures
Caixa Líquido das atividades de financiamentos
Aumento ou redução de Caixa Líquido
Saldo de Caixa – Inicial
Saldo de Caixa – Final

CONCILIAÇÃO DO RESULTADO LÍQUIDO COM O CAIXA LÍQUIDO DAS ATIVIDADES


OPERACIONAIS

Resultado Líquido
(±) Ajustes que não representam entrada ou saída de caixa
(+) Depreciação e amortização
(+) Provisão para devedores duvidosos
(±) Resultado na venda do imobilizado
(±) Aumento ou diminuição do contas a receber
(±) Aumento ou diminuição de estoques
(±) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas
(±) Aumento ou diminuição de passivos
28

(±) Aumento ou diminuição de outros ajustes


(=) Caixa Líquido das Atividades Operacionais

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA – MÉTODO INDIRETO

Fluxo de caixa das atividades operacionais

Resultado Líquido
(±) Ajustes que não representam entrada ou saída de caixa
(+) Depreciação e amortização
(+) Provisão para devedores duvidosos
(±) Resultado na venda do imobilizado
(±) Aumento ou diminuição do contas a receber
(±) Aumento ou diminuição de estoques
(±) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas
(±) Aumento ou diminuição de passivos
(±) Aumento ou diminuição de outros ajustes
(=) Caixa Líquido das Atividades Operacionais

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

(+) Alienação de imobilizado


(+) Alienação de investimentos
(-) Aquisição de imobilizado
(-) Aquisição de investimentos
(=) Caixa Líquido das Atividades de Investimentos

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS

(+) Integralização de capital


(+) Juros recebidos de empréstimos
(+) Empréstimos tomados
(+) Aumento do capital social
29

(-) Pagamento de leasing (principal)


(-) Pagamentos de lucros e dividendos
(-) Juros pagos por empréstimos
(-) Pagamentos de empréstimos/debêntures
(=) Caixa Líquido das atividades de financiamentos
(=) Aumento ou redução de Caixa Líquido

É oportuno lembrar que os modelos das demonstrações ora apresentados são ferramentas
de apoio ao processo decisório construídas com base nas informações do fluxo de caixa
realizado, destinadas a atender aos usuários externos, informando-lhes a situação e a
capacidade que a empresa teve de geração de caixa num determinado período.

Percebe-se ainda mais a importância do fluxo de caixa na gestão financeira quando as


empresas, principalmente aquelas com segmentos de produtos pouco diferenciados,
elaboram o fluxo de caixa para cada linha de produto, procurando obter informações cada
vez mais detalhadas do seu processo administrativo diário, facilitando assim o seu processo
decisório.

O fluxo de caixa é apresentado como instrumento essencial para a gestão do disponível. A


empresa que mantém continuamente atualizado seu fluxo de caixa poderá dimensionar a
qualquer momento o volume de entradas e saídas de recursos financeiros, através de
mudanças nos prazos de recebimentos e pagamentos, bem como fixar o nível desejado de
disponibilidade para o próximo período.

Foram apresentadas várias formas e métodos de se elaborar um fluxo de caixa. Não existe
um modelo melhor que o outro, tudo depende da necessidade de informação do usuário. É
importante ressaltar que apesar de sua validade o fluxo de caixa apresenta limitações em
oferecer informações que diz respeito ao lucro e aos custos dos produtos da empresa. Isto
porque sua elaboração é feita pelo regime de caixa e não pelo regime de competência.
Todavia, o fluxo de caixa é mais um instrumento que o gestor e o analista de mercado têm a
seu alcance, para que, juntando-o às demais demonstrações contábeis, possam tomar suas
decisões com maior segurança.
30

ORÇAMENTO DO RESULTADO

O orçamento da demonstração de resultados espelha o resultado final da operação de uma


empresa. Nesta demonstração podemos verificar o lucro ou prejuízo de um determinado
período projetado, na maioria das vezes as empresas almejam o lucro líquido.

A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

É uma das peças mais importantes do Orçamento, pois é nessa demonstração que se reflete
o resultado final das operações. As atividades de operações são conduzidas em função da
“última linha” da Demonstração de Resultado, que indica o lucro líquido (ou prejuízo) do
período. (HOJI, 2010, p.486). Verificamos nesta demonstração a composição de vários
orçamentos, como por exemplo, orçamento de vendas e orçamento de despesas de vendas
e administrativas, consolidando dados já coletados anteriormente.

O artigo 187 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações),
instituiu a Demonstração do Resultado do Exercício.

A Demonstração do Resultado do Exercício tem como objetivo principal apresentar de forma


vertical resumida o resultado apurado em relação ao conjunto de operações realizadas num
determinado período, normalmente, de doze meses.

De acordo com a legislação mencionada, as empresas deverão, na Demonstração do


Resultado do Exercício, discriminar:

 a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os


impostos;
 a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e
o lucro bruto;
 as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as
despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
 o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;
 o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o
imposto;
 as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias,
mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de
assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa;
 o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.
31

Na determinação da apuração do resultado do exercício serão computados em obediência


ao princípio da competência:

a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente de sua


realização em moeda;
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas
receitas e rendimentos.

MODELO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

 Vendas de Produtos
 Vendas de Mercadorias
 Prestação de Serviços

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA


Devoluções de Vendas
Abatimentos
Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas

= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

(-) CUSTOS DAS VENDAS


Custo dos Produtos Vendidos
Custo das Mercadorias
Custo dos Serviços Prestados

= RESULTADO OPERACIONAL BRUTO

(-) DESPESAS OPERACIONAIS


Despesas Com Vendas
Despesas Administrativas

(-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS


Despesas Financeiras
(-) Receitas Financeiras
Variações Monetárias e Cambiais Passivas
(-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas
32

OUTRAS RECEITAS E DESPESAS

Resultado da Equivalência Patrimonial

Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante

(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante

= RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E


SOBRE O LUCRO

(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro

= LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES

(-) Debêntures, Empregados, Participações de Administradores, Partes Beneficiárias, Fundos


de Assistência e Previdência para Empregados

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

ORÇAMENTO DO BALANÇO PATRIMONIAL

O orçamento do balanço patrimonial é apurado para verificação das contas patrimoniais de


uma determinada instituição, igual à demonstração de resultado também compõem um
conjunto de outros orçamentos. Com o balanço patrimonial projetado concluído
conseguimos calcular alguns índices financeiros importantes para análise, como por
exemplo, os índices de liquidez geral e seca. Além de refletir a origem de recursos
pertinentes a empresa, demonstrada pelo patrimônio líquido. [...] apuram-se o superávit ou
déficit de caixa, o lucro do exercício, necessidade de capital de giro etc, e, com esses dados é
possível determinar a capacidade de expansão dos negócios e direcionar os recursos
disponíveis para maximizar o resultado operacional. (HOJI, 2010, p.486).

O sucesso de um planejamento orçamentário corporativo está baseada na flexibilidade e na


capacidade para responder a mudanças, na forma com que lida com os valores tangíveis e
intangíveis, no respeito as pessoas, na tradução perfeita da estratégia da empresa e na
capacidade de democratizar as informações da empresa convertendo-se numa ferramenta
de negócios (ágil e dinâmica) que ajudará a empresa comunicar, organizar e controlar todo o
33

ambiente em sua volta, aliando o pensamento estratégico da empresa através das pessoas
(competências e atitudes).

O balanço patrimonial é uma demonstração contábil que tem, por finalidade, apresentar a
posição contábil, financeira e econômica de uma entidade (em geral, uma empresa) em
determinada data, representando uma posição estática (posição ou situação do patrimônio
em determinada data). O balanço patrimonial apresenta os ativos (bens e
direitos), passivos(exigibilidades e obrigações) e o patrimônio líquido, que é resultante da
diferença entre o total de ativos e o total de passivos. O balanço pode ser considerado como
uma igualdade contabilística dividida em dois membros, no primeiro membro é
representado pelo ativo, e no segundo membro pelo passivo e capital próprio da empresa.
Na contabilidade e no direito, a palavra "balanço" decorre do equilíbrio ou da igualdade
expresso nas seguintes fórmulas contábeis:

 Patrimônio Líquido = Ativo - Passivo

 Aplicações = Origens.

O balanço patrimonial é obrigatório para todos os empresários e sociedades com duas


exceções previstas (empresários rurais e microempresas) e sua estrutura é uma
consequência das partidas dobradas aonde para um ou mais crédito existirá um ou mais
débito de mesmo valor. Os "pequenos empresários" são as empresas familiares onde a
própria família trabalha nela e não tem empregados contratados, não os se confundindo
com os donos de empresa de pequeno porte (EPP).

O termo "patrimônio" refere-se ao conjunto de bens, direitos e obrigações.

Juntando as duas partes, obtém-se o balanço patrimonial, equilíbrio do patrimônio,


igualdade patrimonial. Em sentido amplo, o balanço evidencia a situação patrimonial da
empresa em determinada data.

DENOMINAÇÕES NO BRASIL

No direito privado, era chamado anteriormente pelo Código Comercial Brasileiro de


"balanço geral". A partir da lei 6 404/76, o balanço das companhias passou a ser
denominado "balanço patrimonial", procurando se diferenciar essa demonstração contábil
34

do balanço financeiro, próprio das entidades sem fins lucrativos. Em 2002, o Código
Comercial do Brasil foi revogado e substituído pelo Código Civil Brasileiro, notadamente pelo
Livro II "Do Direito de Empresa", que tem início em seu artigo 966.

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

O balanço patrimonial é parte de um conjunto de relatórios que compõem


as demonstrações contábeis de uma entidade. Além do balanço, há a demonstração do
resultado do exercício, a demonstração das mutações do patrimônio líquido,
a demonstração de origens e aplicações de recursos, exigidas pela atual legislação societária
brasileira. São também consideradas demonstrações contábeis a demonstração do valor
adicionado, a demonstração de lucros e prejuízos acumulados e a demonstração do fluxo de
caixa. Tais demonstrações devem ser sempre apresentadas acompanhadas de notas
explicativas.

O balanço patrimonial é a demonstração contábil que evidencia, resumidamente,


o patrimônio da empresa, quantitativa e qualitativamente. O artigo 178 da Lei 6 404/1976 -
Lei das sociedades por ações, alterado pela Lei 11 638/07 e medida provisória 449/08,
estabelece o seguinte:

Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos


do patrimônio que registrem e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a
análise da situação financeira da companhia.

§1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau


de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:

a) Ativo circulante;

b) Ativo não circulante;

b1) Ativo realizável a longo prazo;

b2) Ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado e ativo


intangível. O ativo diferido não é mais demonstrado.

Nota de atualização: a partir da alteração da legislação societária promovida pela


lei Lei 11 638/07, o ativo intangível deve figurar no balanço patrimonial das
35

empresas como subgrupo de ativo permanente, cujo objeto são os bens intangíveis
anteriormente classificados no ativo imobilizado.

§2º No passivo, as contas serão classificadas segundo a ordem decrescente de


exigibilidade, nos seguintes grupos:

a) Passivo circulante;

b) Passivo não circulante;

b1) Passivo exigível a longo prazo;

b2) 'Resultados de exercícios futuros; (não existe mais)

c) Patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, reservas de


reavaliação, reserva de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados

§3º Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar
serão classificados separadamente.

Nota de atualização: a partir da alteração da legislação societária promovida


pela lei 11 638/07, foi suprimido o grupo de contas intitulado "reserva de
reavaliação" no balanço patrimonial.

As contas do ativo sujeitas à depreciação, à amortização, à exaustão e à provisão para


créditos de liquidação duvidosa e outras provisões aparecerão, no balanço patrimonial,
deduzidas das respectivas depreciações, amortizações, exaustões ou provisões para créditos
de liquidação duvidosa e outras provisões.

Ativo circulante, em contabilidade, é uma referência aos bens e direitos que podem ser convertidos
em dinheiro em curto prazo.

Os ativos que podem ser considerados como circulantes incluem: dinheiro em caixa, conta
movimento em banco, aplicações financeiras, contas a receber, estoques, despesas
antecipadas, numerário em caixa, depósito bancário, mercadorias, matérias-primas e títulos.

De acordo com a Lei 6.404/76 (modificada pela Lei 11.941/2009), o Ativo no Balanço
Patrimonial se constituirá dos seguintes grupos: Ativo Circulante e Ativo Não-Circulante.

O ativo circulante é aquele que irá se realizar até o final do exercício social seguinte ao do
balanço que está sendo elaborado e é equivalente ao "capital em giro". O Capital de giro ou
Capital Circulante Líquido é a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante,
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conforme estava estabelecido na terminologia da DOAR (Demonstração das origens e


aplicações de recursos) na Lei 6.404/76 até 2007. A partir de 01.01.2008, a DOAR foi extinta,
por força da Lei 11.638/2007, que modificou a Lei 6.404/76.

Em resumo, o ativo circulante é o termo usado na contabilidade, para mostrar os valores e


os direitos que a entidade possui no curto prazo, sendo assim detalhados no Balanço
Patrimonial:

 Estoques

 Exemplos: matéria-prima, produtos em elaboração, produtos acabados e


mercadorias para revenda.

 Dívidas de terceiros de curto prazo

 Exemplos: dívidas de clientes, títulos a receber de clientes, dívidas de cobrança


duvidosa de clientes, dívidas do estado e outros entes públicos.

 Depósitos bancários e caixa

 Exemplos: depósitos bancários, dinheiro em caixa.

 Acréscimos e diferimentos

 Exemplos: acréscimos de proveitos, custos diferidos.

O ativo não circulante é um conceito em Contabilidade.

São incluídos neste grupo todos os bens de permanência duradoura, destinados ao


funcionamento normal da sociedade e do seu empreendimento, assim como os direitos
exercidos com essa finalidade.

O Ativo Não Circulante é composto dos seguintes subgrupos:

 Ativo realizável a longo prazo

 Investimentos

 Imobilizado

 Intangível

ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO


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É qualquer conjunto de bens e direitos que irão realizar-se em mais do que um ano contábil,
ou seja, 360 dias contados do ultimo dia do exercício social da data de publicação
do balanço a que faz parte. Exemplos clássicos são os Impostos a Recuperar, os Contratos de
Mútuo valor (com os sócios). Outro exemplo que entra são: os empréstimos a sócios ou
diretores, pois são certos direitos a receber que, mesmo pressupondo recebimento a Curto
Prazo, devem ser classificados no Realizável a Longo Prazo. E isso acontece, pois, a empresa
não vai acionar seu diretor se este não pagar na data combinada.

Os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de


vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores,
acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na
exploração do objeto da companhia;

Serão classificadas contas da mesma natureza das do ativo circulante, porém realizáveis
após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos
ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou
participantes no lucro, que não constituíram negócios usuais na exploração do objeto da
companhia.

Em contabilidade, o ativo fixo ou ativo imobilizado de uma empresa é formado pelo


conjunto de bens e direitos necessários à manutenção das suas atividades, sendo
caracterizados por apresentar-se na forma tangível (edifícios, máquinas, etc.). São,
portanto, bens que a empresa não tem intenção de vender a curto prazo ou que dificilmente
podem ser convertidos imediatamente em dinheiro. Têm, pois, um caráter de permanência,
sendo chamados bens patrimoniais. [1]

O ativo imobilizado compreende, portanto, os ativos tangíveis que são mantidos por uma
empresa para serem usados na produção ou na comercialização de mercadorias ou serviços,
para locação ou para finalidades administrativas. No Brasil, a partir de 1º de janeiro de 2008,
por força da Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007, os ativos
intangíveis(como marcas e patentes) não seriam mais incluídos no Ativo Imobilizado, e sim,
no Ativo Intangível.
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DEPRECIAÇÃO

A principal característica a ser controlada para um bem de Ativo Fixo é a sua depreciação.

Legalmente e dentro de certos limites para fins tributários, é permitido que a empresa
efetue lançamentos contábeis de despesas de depreciação para um determinado bem,
denotando em seu balanço patrimonial as perdas de valor daquele bem (abordagem
econômica). Existem Leis que classificam os tipos de Bem de Ativo Fixo, e qual o tempo de
depreciação para cada classe de bens, desta forma o tempo para depreciar totalmente um
automóvel é diferente do tempo para depreciar totalmente um edifício (a depreciação total
do bem de Ativo é chamada de "exaustão" (no Brasil, só dos recursos naturais). A
abordagem econômica pressupõe ainda que um bem pode ter sua vida útil aumentada (por
exemplo, se é trocado o motor do automóvel).

Fora da área legislativa, ou seja, dentro do âmbito da contabilidade gerencial, a Depreciação


pode ser auferida pelo quantum proporcionalmente correspondente a Receita realizada
(abordagem do custo), ou ao valor necessário para que o bem seja reposto (abordagem
financeira). Com essas regras pressupõe-se que após a total depreciação do bem de Ativo,
ou seja após a sua exaustão (só dos recursos naturais no Brasil), a empresa tenha efetuado
provisões financeiras (também chamado de Fundos de Depreciação) que permitam que a
mesma desative o bem de Ativo e adquira um novo bem.

No Brasil, exaustão representa a perda de valor econômico de recursos naturais e minerais,


enquanto a amortização representa a perda de valor de bens intangíveis e do Ativo Diferido.
O controle no Balanço Patrimonial é feito através de contas retificadoras do Ativo:
Depreciação Acumulada, Amortização Acumulada e Exaustão Acumulada.
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DEPRECIAÇÃO LINEAR

A depreciação também é controlada por taxas e fórmulas, para o Brasil a fórmula permitida
por lei é a "Depreciação Linear", que consiste em dividir o valor total do bem de Ativo em
partes iguais, contabilizando uma parte por mês até a total desvalorização do bem de Ativo.
Por isso chamamos de Depreciação Linear.

DEPRECIAÇÃO ACELERADA

Para alguns tipos de bem de Ativo, especialmente as máquinas industriais, existe legislação
brasileira específica que permite dependendo da máquina e do tipo de negócios, depreciar o
bem de Ativo em taxas maiores caso se utilizem as máquinas em mais de um turno
operacional.

DEPRECIAÇÃO INCENTIVADA

Em alguns casos, regidos pela legislação brasileira, é permitido criar taxas adicionais que
aumentam a depreciação de determinados bens de Ativo, isso é definido para Zonas de
incentivo Fiscal, como por exemplo a Zona Franca de Manaus. Ele é muito importante para
as empresas de atualmente controlarem e administrarem melhor seus gastos.

CARACTERÍSTICAS DE UM ATIVO FIXO

Um bem de Ativo Fixo pode ser depreciável ou não, pois para bens de pequeno valor não
exige-se a depreciação.

O bem de Ativo também pode ser Tangível ou Intangível, por exemplo, um automóvel é um
bem tangível, um "copyright" de um programa de software é um bem intangível e por
ordem da controladoria geral de cada estado se faz necessário que os bens com produção
acelerada e acima de 5 anos sejam depreciados com 2% do valor tendo como base a
legislação em vigor.

Isso mostra-nos formas legais de podermos contabilmente mantermos o patrimônio devido


sempre depreciativo.
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Passivo circulante são as obrigações que normalmente são pagas dentro de um ano: contas a
pagar, dívidas com fornecedores de mercadorias ou matérias-primas, impostos a recolher
(para o governo), empréstimos bancários com vencimento nos próximos 360 dias, provisões
(despesas incorridas, geradas, ainda não pagas, mas já reconhecidas pela empresa: imposto
de renda, férias, 13° salário etc.).

São considerados exemplos de passivo circulante:

 Fornecedores ou duplicatas a pagar;

 Empréstimos bancários;

 Títulos a pagar;

 Encargos sociais a pagar;

 Salários a pagar;

 Impostos a pagar.

Passivo Não Circulante é um subgrupo do passivo exigível do Balanço Patrimonial e é


composto das contas antes agrupadas no Passivo Exigível a Longo Prazo, ou seja, de registro
de todas as obrigações que devem ser quitadas cujos vencimentos ocorrerão após o final do
exercício seguinte ao encerramento do balanço patrimonial. Dentre essas contas podemos
destacar:

 Financiamento e empréstimos de instituições financeiras;

 Debêntures a pagar;

 Fornecedores de equipamentos de grande porte.

Além dessas contas, fazem parte da nova classificação introduzida na Lei 6.404/76, as
antigas contas do grupo dos Resultados de exercícios futuros.

Passivo exigível a longo prazo são as dívidas de uma empresa que serão liquidadas após o
final do exercício financeiro seguinte. Na maioria das instituições, considera-se o "exercício",
um ano civil corrido. Em algumas instituições - como banco por exemplo - um "exercício" é
considerado a cada 06 meses. São exemplos os financiamentos, títulos a pagar, entre outros.

O passivo exigível trata-se das obrigações com terceiros, como duplicatas a pagar, notas
promissórias a pagar, fornecedores, impostos a recolher, contas a pagar, títulos a pagar,
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contribuições a recolher e outras, que terão seu vencimento após o encerramento do


próximo exercício financeiro em relação ao fato corrente.

Alterações na lei 6.404/76 reclassificara essas contas para o novo grupo do Passivo não
circulante, extinguindo a nomenclatura anterior.

O Patrimônio Líquido representa os valores que os sócios ou acionistas têm na empresa em


um determinado momento. No balanço patrimonial, a diferença entre o valor dos ativos e
dos passivos representa o Patrimônio Líquido, que é o valor contábil devido pela pessoa
jurídica aos sócios ou acionistas, baseado no Princípio da Entidade.

No Brasil, conforme disposto pela Lei 6404/76, o Patrimônio Líquido é dividido em:[1]

 Capital social

 Reservas de capital

 Ajustes de avaliação patrimonial

 Reservas de lucros

 Ações em tesouraria

CAPITAL SOCIAL

Em contabilidade, capital social representa o investimento efetuado na sociedade pelos seus


proprietários e acionistas, que adquiriram os títulos denominados de ações. Pelas leis
brasileiras, o valor do capital social é imutável e só sofrerá alterações quando houver a
aprovação de aumentos ou diminuições do mesmo. Até 1994, o capital social podia
ser corrigido monetariamente, mas esse acréscimo era contabilizado em uma conta de
reserva de capital, só passando para a conta do capital social quando aprovado o aumento
do capital por esse quantum.

Além das ações (se for sociedade anônima), o investimento no capital social pode assumir a
forma de cotas (se for uma limitada).
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RESERVAS DE CAPITAL

Essas reservas em geral constituem-se de saldos em dinheiro que não podem ser
distribuídos aos investidores na forma de lucros ou dividendos, devendo ser incorporados ao
Capital Social ou compensados com lucros acumulados, quando não houver mais saldo de
Reserva de Lucros disponível para esse fim. Não representam receitas ou ganhos e não
transitam pelo Resultado como Receitas. Algumas subvenções e benefícios
fiscais governamentais entregues às empresas para fins de aquisição de bens de capital eram
contabilizadas como reservas de capital, mas passaram a ser consideradas reservas de lucros
com a Lei 11.638/2007.

RESERVAS DE LUCROS

São contas de reserva constituídas pela apropriação de lucros da companhia. Representam


lucros reservados e constituem garantia e segurança adicional para a saúde financeira da
companhia, porque são lucros contabilmente realizados, que ainda não foram distribuídos
aos sócios ou acionistas.

Conforme a Lei das Sociedades por Ações, podemos ter as seguintes Reservas de Lucros:

 Reserva Legal - Estabelecida para dar proteção ao credor. Pode ser utilizada apenas para
compensar prejuízos e incrementar o capital social. É a única OBRIGATÓRIA. A reserva
legal visa dar proteção ao credor, sendo constituída pela alíquota de 5% do lucro líquido
do exercício até atingir 20% do capital realizado.

 Reserva Estatutária - Instituída por determinação do estatuto da companhia. Sua


finalidade e seus critérios devem ser plenamente definidos.

 Reserva para Contingências - É constituída por uma parcela de lucros, com o intuito de
amenizar prováveis perdas que venham prejudicar o Resultados de exercícios futuros.

 Reserva de Retenção de Lucros - A empresa poderá reter parte do lucro líquido do


exercício para constituí-la com o objetivo de expandir os negócios, criando filiais ou
investir em novas empresas.

 Reserva de Incentivos Fiscais - A empresa poderá constituir RIF quando recebe doações e
subvenções governamentais para investimentos.
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 Reserva de Lucros a Realizar - constitui-se RLR quando o Dividendo


Obrigatório ultrapassar o valor do LLE (Lucro Líquido do Exercício) realizado
financeiramente.

PREJUÍZOS ACUMULADOS

Representa o saldo remanescente dos prejuízos líquidos das apropriações de lucros e


dos dividendos ainda não distribuídos, não capitalizados, porém já apropriados para constar
no Patrimônio Líquido na data do Balanço. Essa conta representa a interligação entre o
Balanço e a Demonstração do Resultado do Exercício.

Lucros acumulados não são mais permitidos devido a lei 11.638 de 28/12/2007. Os lucros
acumulados poderão ser alocados na conta Reservas de Lucros, como também, distribuídos
como dividendos aos credores ou redistribuídos dentro da empresa conforme decisão em
assembleia de acionistas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO. Contabilidade no


contexto internacional. São Paulo: Atlas, 1997.

GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1987
GROPPELLI, A. A. e NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. Tradução de André Olimpio
Mosselman Du Chenoy Castro. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 1998.

PINHO, Adelino Dias. Demonstração dos fluxos de caixa. São Paulo: Boletim do Ibracon, n.º
220 setembro de 1996.

ROSS, Stephen A. et al. Administração financeira. Tradução Antônio Zoratto Sanvicente. São
Paulo: Atlas, 1995.

SÁ, Carlos Alexandre de. Gerenciamento do fluxo de caixa. Apostila, São Paulo: Top Eventos,
1998.

TERCO AUDITORIA E CONSULTORIA S/C. Demonstrações de origens e aplicações de recursos


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WELSCH, Glenn Albert. Orçamento empresarial. Tradução e adaptação à terminologia


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WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Lei nº 6.404/76.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm

YOSHITAKE, Mariano. e HOJI, Masakazu. Gestão de Tesouraria: controle e análise de


transações financeiras em moeda forte. São Paulo: Atlas, 1997.

ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa: uma decisão de planejamento e controle


financeiros. 7. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1998.

* IUDICIBUS, Sérgio de, MARTINS, Eliseu e GELBCKE, Ernesto Rubens. O Manual de


Contabilidade das Sociedades por Ações. 5 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2000).

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