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ESTM016-17

QUÍMICA INORGÂNICA
DE MATERIAIS

APOSTILA DE LABORATÓRIO

Prof. Everaldo Carlos Venâncio - CECS


Prof. José Carlos Moreira - CECS
Profa. Ligia Passos Maia - CECS

Santo André
2019

1
ÍNDICE

Cronograma ................................................................................................................................ 3

SEGURANÇA E NORMAS DE TRABALHO NO LABORATÓRIO ..................................... 4

METODOLOGIA....................................................................................................................... 5

DESCARTE DE MATERIAL.................................................................................................... 6

BIBLIOGRAFIA – Para as atividades teóricas e práticas da disciplina .................................... 7

Prática 1: Generalidades ............................................................................................................. 9

Prática 2: Eletrólise de Soluções Salinas e Obtenção de Hidrogênio ....................................... 12

Prática 3: Magnésio – Determinação da Massa Molar e Reatividade ...................................... 17

Prática 4: Preparação de um Composto de Alumínio a partir da Bauxita ................................ 22

Prática 5: Compostos de Carbono e Silício e suas Propriedades .............................................. 27

Prática 6: Compostos de Nitrogênio ......................................................................................... 32

Prática 7: Halogênios e suas Propriedades ............................................................................... 37

Prática 8: Determinação da Fórmula de um Sal....................................................................44

Prática 9: Preparo de Soluções.............................................................................................50

Prática 10: Transferência de Elétrons em Reações de Oxirredução..........................................54

Prática 11: Cobre – Compostos e Estados de Oxidação............................................................59

Experimento Demonstrativo: Reatividade do Sódio .............................................................63

Anexo 1: Exemplo de Fluxograma.......................................................................................64

2
CRONOGRAMA 2019_1

Semana Data N° Prática Tema

1 11/02/2019 1 Generalidades

Eletrólise de Soluções Salinas e Obtenção de


2 18/02/2019 2
Hidrogênio

Magnésio – Determinação da Massa Molar e


3 25/02/2019 3
Reatividade

4 Feriado Sem aula

Preparação de um Composto de Alumínio a partir


5 11/03/2019 4 – parte I
da Bauxita – Parte I

Preparação de um Composto de Alumínio a partir


6 18/03/2019 4 – parte II
da Bauxita – Parte II

7 25/03/2019 Vista de Relatório Em sala de aula a ser definida

Compostos de Carbono e Silício e suas


8 01/04/2019 5
Propriedades

9 Feriado Sem aula

10 15/04/2019 6 Compostos de Nitrogênio

11 22/04/2019 7 Halogênios e suas Propriedades

12 29/04/2019 11 Cobre – Compostos e Estados de Oxidação

07/05/2019 Reatividade de Metais do Bloco d e Transferência


Reposição 10
(terça-feira) de Elétrons em Reação de Oxi-Redução

10/05/2019
Reposição Vista de Relatório Em sala de aula a ser definida
(sexta-feira)

3
SEGURANÇA E NORMAS DE TRABALHO NO LABORATÓRIO

Leia integralmente o Guia de Segurança, Experimentos e Atividades (3ªed) da disciplina de


Base Experimental das Ciências Naturais.

Em resumo:

Segurança
 Conheça a localização dos chuveiros de emergência, extintores e lavadores de olhos.
 Use sempre avental, mantenha os cabelos presos e use calçados fechados;
 Os óculos são obrigatórios!
 Usar a capela sempre que possível;
 Nunca pipete com a boca, não cheire, nem experimente os produtos químicos;
 Comes e bebes, só fora do laboratório;
 Consulte o professor cada vez que notar algo anormal ou imprevisto;
 Comunique qualquer acidente, por menor que seja ao professor;
 Se utilizar chama, mantenha longe de qualquer reagente!
 Nunca brinque no laboratório;
 Evite o contato de qualquer substância com a pele;
 Nunca aqueça o tubo de ensaio, apontando a extremidade aberta para um colega ou para si
mesmo.
 Cuidado ao aquecer vidro em chama: o vidro quente tem exatamente a mesma aparência do frio

Procedimentos gerais
 Siga rigorosamente as instruções fornecidas pelo professor
 Pesquise sempre a toxicidade dos reagentes antes das práticas
 Nunca abra um recipiente de reagente antes de ler o rótulo
 Evite contaminar reagentes, nunca retorne o excedente aos frascos de origem
 Adicione sempre ácidos à água, nunca água a ácidos
 Não coloque nenhum material sólido dentro da pia ou nos ralos.
 Não coloque resíduos de solventes na pia ou ralo; há recipientes apropriados para isso.
 Não atire vidro quebrado no lixo comum. Deve haver um recipiente específico para
fragmentos de vidro.
 Verifique se as conexões e ligações estão seguras antes de iniciar uma reação/destilação
 Ao terminar a prática, lave o material utilizado e deixe-o em ordem

4
Metodologia

O trabalho no laboratório será feito em equipes de cinco alunos. É obrigatório o uso de avental,
óculos de segurança e sapatos fechados. Os alunos não poderão trabalhar no laboratório usando: lentes
de contato, bermudas, saias, sandálias, sapatilhas ou slipres..
Por razões de segurança, os alunos que não estiverem regularmente matriculados na disciplina
não poderão frequentar as aulas práticas.
Cada aluno deverá se preparar para a aula de laboratório elaborando, em seu caderno de aula,
um fluxograma representando esquematicamente cada experimento conforme instruções no Anexo 1.
Neste fluxograma deverão ser anotadas as observações feitas na aula experimental.
Ao término da aula prática, as equipes farão um relatório orientado e sucinto sobre os resultados
obtidos, a ser entregue na próxima aula de laboratório.

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Descarte de Material

Para cada resíduo: verifique se há frasco rotulado para descarte do resíduo na bancada lateral ou
na capela. Por exemplo, solventes orgânicos, solventes halogenados ou metais pesados devem ser
armazenados em frascos em separado. Em caso de dúvidas, consulte sempre o professor, o técnico ou
monitor da disciplina. Cuidado com resíduos tóxicos ou irritantes! Se o material não contém resíduos
tóxicos e você for instruído a jogar as soluções na pia, tome o cuidado de diluí-las com água e deixar
escorrer bastante água corrente, após o descarte.
As soluções básicas devem ser misturadas com as ácidas e depois serão tratadas para descarte,
pelo técnico do laboratório, de acordo com o procedimento abaixo.

Descarte de soluções ácidas ou básicas

O descarte de soluções ácidas ou básicas deve ser realizado da seguinte maneira (use sempre
óculos de segurança e, se necessário, luvas adequadas):
1. Se a solução a ser descartada contém ácido mineral (ácidos clorídrico, sulfúrico, nítrico ou
acético, por exemplo) em uma concentração superior a 1 mol L-1, dilua com água até a concentração da
solução alcançar aproximadamente este valor (não se esqueça: o ácido concentrado deve ser adicionado
à água e não o contrário!).
2. Neutralize, então, a solução ácida com uma solução básica diluída de hidróxido de sódio (~
5%) ou pela adição de carbonato de sódio sólido. A base deve ser adicionada lentamente, sob agitação e,
se necessário, usando um banho de gelo para manter a temperatura abaixo de 40oC. No final do
processo, pH da mistura deve ser ~ 7.
3. Para descartar soluções básicas, proceda de maneira análoga à descrita para os ácidos:
diluição com água até atingir uma concentração 1 mol L-1 e neutralização com solução 1 mol L-1 de
ácido clorídrico ou acético.
4. As soluções neutralizadas podem, então, ser descartadas na pia, mantendo-se o fluxo de água
por alguns segundos. Nos processos de neutralização, quando possível, use soluções ácidas ou básicas
que estejam aguardando o descarte ao invés de soluções “limpas”.

Referência:
M.A. Armour, J. Chem. Educ. 65 (1988) A64.

6
BIBLIOGRAFIA – Para as atividades teóricas e práticas da disciplina

Fundamentos teóricos e detalhes experimentais

1. PETER ATKINS E LORETTA JONES, Princípios de Química, Questionando a vida e o


meio ambiente, Bookman, Porto Alegre, 5ª Ed, 2011.

2. F. A. COTTON, Advanced inorganic chemistry. 6th ed. New York: Wiley, 1999.

3. HUHEEY, Inorganic Chemistry: Principles of Structure and Reactivity, 4a Ed, Editora


Harper, 1993.

4. D. F. SHRIVER, P. ATKINS, Química Inorgânica, Ed Artmed, 2003.

5. J. D. LEE, Química Inorgânica Não Tão Concisa. Edgard Blucher Ltda, 3 ed., São Paulo,
1980

6. C. J. JONES, Química dos Elementos dos Blocos D e F, Ed Bookman, 2002.

7. N. N. GREENWOOD, A. EARSHAW, Chemistry of the elements. 2 ed. Elsevier, Londres:,


1997.

8. J.C. KOTZ, P. TREICHEL Jr. e Gabriela C. WEAVER - Química Geral e Reações


Químicas. 6ª. ed. Cengage Learning, 2006. Volumes 1 e 2.

J. D. LEE - Química Inorgânica Não Tão Concisa. Edgard Blucher Ltda, 3ª. ed., São Paulo,
1980.

A. BURROWS, J. HOLMAN, A. PARSONS, G. PILLING, G. PRICE, Chemistry, Oxford,


New York, 2009.

P. W. ATKINS e L. JONESs - Chemistry: Molecules, Matter, and Changes, W.H. Freeman,


NewYork, 4a. Ed., 2000.

T.L. BROWN, H.E. LeMAY Jr., B.E. BURSTEN e J.R. BURDGE, Química – uma ciência
central, Pearson-Prentice Hall, São Paulo, 9a. Ed., 2005.

K.H. BÜCHEL, H.H. MORETTO e P. WODITSCH – Industrial Inorganic Chemistry, Wiley,


Weinheim, 2000.

Informações técnicas (propriedades físicas, toxicidade, preço, nomenclatura)

1. CRC Handbook of Chemistry and Physics

2. Aldrich Handbook of Fine Chemicals and Laboratory Equipment

3. IUPAC Gold Book - http://goldbook.iupac.org/

7
Bases de Dados/Referências

1. The Web os Science (www.isiknowledge.com)

2. SciELO - Scientific Electronic Library Online (www.scielo.org)

Outras referências

- SYMYX-DRAW (software para edição de estruturas orgânicas) pode ser obtido


gratuitamente mediante registro no site www.symyx.com/micro/getdraw/

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Prática 1: Generalidades

1. Objetivos específicos: O aluno aprenderá a:


a) Empregar os equipamentos mais comuns de um laboratório químico;
b) Utilizar um laboratório químico com segurança.

2. Equipamentos comuns em um laboratório químico:

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3. Algumas recomendações:
a) Gerais:
 Estudar o roteiro da aula prática e a teoria correspondente, antes da aula ser
realizada;
 Vestir obrigatoriamente calça comprida, sapato ou tênis e guarda-pó. Não será
permitida a entrada no laboratório de calça curta, bermuda, saia, sandália ou sem
guarda-pó;
 Ser pontual em relação ao horário de chegada no laboratório para não perder as
explicações iniciais;
 Pedir esclarecimentos sempre que for preciso para o professor ou o técnico de
laboratório;
 Conferir o material recebido;
 Não fumar durante a aula prática;
 Anotar os resultados e as observações dos experimentos em um caderno próprio;
 Ter cuidado para evitar acidentes pessoais e com os colegas;
 Limpar o material e a bancada ao acabar o experimento;
 Preparar um relatório individual ao final da experiência, consultando roteiro,
caderno e colegas de grupo;
 Evitar faltas, pois não haverá reposição de aulas.
b) Normas de Segurança:
 Não trabalhar com material de vidro ou porcelana, que esteja rachado, quebrado ou
com pontas e arestas cortantes;
 Fechar com cuidado as torneiras de gás para não haver vazamentos;
 Não deixar aceso um bico de bunsen, que não esteja em uso;
 Não acender um bico de bunsen perto de material inflamável;
 Não pegar diretamente com a mão objetos de vidro recém-aquecidos;
 Não comer no laboratório;
 Não provar ou ingerir substâncias de laboratório;
 Não aspirar gases ou vapores diretamente; trazê-los até o nariz, movimentando a
mão;
 Evitar o contato de qualquer substância com a pele;
 Limpar imediatamente o local onde ocorrer derramamento de reagente;
 Jogar um líquido na pia sempre acompanhado de um fluxo de água; materiais sólidos
devem ser jogados no lixo;
 Não colocar a boca em pipetas; usar a pipeta com uma pera de borracha ou uma
seringa;
 Nunca colocar água em ácido e sim ácido em água, aos poucos e sob agitação
constante.
c) Em caso de acidente:
 Chamar imediatamente o professor!
 Corte ou ferimento, mesmo leve, deve ser desinfetado e coberto;

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 Queimadura por fogo ou material quente deve ser tratada com vaselina ou pomada
própria;
 Não perder a calma!

4. Relatório:
Em uma folha padrão de relatório, responda o seguinte:
a) Escreva o nome dos materiais abaixo:

______________ ______________ ______________

Cite uma norma de segurança envolvendo:


b) Bico de bunsen;
c) Reagentes;
d) Gases ou vapores;
e) Ácidos.

Referências

1. De Farias, R. F. Práticas de Química Inorgânica. 4 ed. Campinas:


Editora Átomo, 2013.
2. Livros de Química Inorgânica indicados para esta disciplina.
3. Russell, J. B. Química geral. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1994,
v. 1.

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Prática 2: Eletrólise de Soluções Salinas e Obtenção de Hidrogênio

Objetivos
Estudar a eletrólise de sais e identificar os compostos formados. Estudar alguns
métodos de obtenção, no laboratório, de gás hidrogênio.

Aspectos teóricos
A eletroquímica estuda as reações que envolvem a produção ou o uso da
eletricidade. As reações que produzem eletricidade são aquelas que ocorrem nas pilhas e
baterias. As reações que só ocorrem pela passagem da eletricidade através de um líquido
são as chamadas reações de eletrólise. Os fenômenos que ocorrem pela passagem da
eletricidade através de um líquido podem ser estudados e compreendidos com o uso de
um gerador de corrente elétrica contínua, que pode ser uma pilha, uma bateria ou um
retificador de corrente alternada.

O processo de redução eletrolítica de íons metálicos presentes em uma solução


aquosa é empregado com o objetivo de obtenção de metais. A redução eletrolítica de
íons aquosos é um processo que se baseia nos seguintes fatos: o solvente água é
abundante, muitos compostos se dissolvem nela de modo a formar íons e o produto de
solubilidade (na água) de um grande número de substâncias é elevado. O processo
acontece em uma célula eletrolítica, composta por um tanque, que retém o eletrólito, e
dois eletrodos: o cátodo e o ânodo. Sob a influência do campo elétrico que se cria entre
os dois eletrodos, ao ser conectada uma fonte de tensão entre eles, os cátions migram
para o catodo – onde se reduzem – e os ânions (fornecidos por halogênios ou pela água)
migram para o anodo – onde se oxidam.

As leis de Faraday, que não serão avaliadas neste momento, relacionam a


quantidade (massa) de material que pode ser depositado (sob condições ideais) com a
passagem da corrente elétrica.

Os produtos da eletrólise se depositam sobre os eletrodos (se sólidos), com


maior ou menor aderência, ou se desprendem sob a forma de bolhas (se gasosos). A
produção de metais por meio da eletrólise exige matérias primas isentas de impurezas,
pois caso elas sejam mais ‘nobres’ do que o metal a ser produzido, sob o ponto de vista
eletroquímico, se depositarão primeiro, reduzindo a pureza do metal. Essa é, portanto, a
base para a seletividade do processo. Por outro lado, como somente elétrons são
fornecidos ao sistema, há uma tendência de que os metais produzidos por esse processo
tenham um alto grau de pureza. Os metais produzidos por redução eletrolítica,
industrialmente, a partir de soluções aquosas, são: Cu, Ni, Co, Zn, Mn e Fe (alguns

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deles são obtidos dessa forma apenas para o uso em aplicações muito especiais como,
por exemplo, para padrões em análises químicas).

A maioria das reações de halogênios é do tipo de oxiredução. Usa-se a


oxirredução mediante a eletrólise para se produzir flúor e cloro. O cloro, por exemplo, é
obtido pela eletrólise do cloreto de sódio fundido (dissolvido em CaCl2 para baixar o
ponto de fusão). O sódio fundido é produzido num eletrodo e o cloro é recolhido em
outro. O flúor gasoso é preparado também através da eletrólise de fluoretos fundidos,
mas há métodos mais simples para a preparação do bromo e do iodo. A oxirredução
química, que geralmente usa o cloro como agente oxidante, é um meio eficiente para
obter Br2 e I2, uma vez que o cloro é relativamente barato. As reações são:

2 I-(aq) + Cl2 (g) → I2 (s) + 2 Cl- (aq)

2 Br- (aq) + Cl2 (g) → Br2 (g) + 2 Cl- (aq)

Parte 1: Eletrólise do cloreto de sódio em solução

Procedimento experimental

1. Em um béquer, coloque 10 mL de água, 3 pontas de espátula de NaCl e 2 gotas de


solução de fenolftaleína. Agite com o bastão até completa dissolução do NaCl.
2. Prenda o tubo em U em um suporte universal. Adicione no tubo a solução
preparada até 0,5 cm das bordas. Coloque os eletrodos de grafite nas duas
extremidades do tubo, preso pelas garras dos terminais da fonte. Ligue os terminais
à bateria e observe todas as alterações ocorridas. Aguardar 5 minutos e, com auxílio
de uma pipeta pasteur, retire um pouco da solução na extremidade com menor
intensidade de cor da fenolftaleína.
3. Em três tubos de ensaio adicione 3 a 5 gotas dessa solução em cada um. A seguir
adicione alguns cristais de iodeto de potássio no tubo de ensaio 1 e agite. Adicione
um pouco de amido nos tubos de ensaio 1 e 2 e observe. Adicione 2 gotas de azul
de bromotimol no tubo 3 e observe.

Parte 2: Eletrólise do iodeto de potássio em solução

Procedimento experimental

1. Monte o dispositivo para eletrólise, utilizando um tubo em U, eletrodos de


carbono e uma bateria.

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2. Encha o tubo até 0,5 cm das bordas com solução 0,5 mol L-1 de iodeto de
potássio, feche o circuito e deixar a eletrólise se processar durante cerca de 10
minutos;
3. Anote qualquer mudança de coloração observada em qualquer um dos eletrodos.
Onde está ocorrendo a oxidação (lado do anodo) e onde está ocorrendo a
redução (lado do catodo)?
4. Retire os eletrodos e utilize uma pipeta pasteur para retirar cuidadosamente a
solução do lado onde estava o catodo. Teste o pH da solução usando papel
indicador. A seguir, acrescente algumas gotas de solução de cloreto férrico e
observe o resultado.
5. Com uma pipeta pasteur, retire do outro lado (anodo) 1 mL do líquido marrom e
coloque no tubo de ensaio. Acrescente 1 mL de hexano, arrolhe e agite o tubo de
ensaio por alguns segundos. Deixe descansar e observe a cor das duas camadas
líquidas.

Descarte de Material: Verifique a localização do frasco rotulado para descarte dos resíduos ao
lado da pia.

Questões:
1. Quais produtos são formados no cátodo e no ânodo em ambas as eletrólises
realizadas?
2. Por que ocorre mudança de coloração da fenolftaleína nas extremidades do
tubo da eletrólise do NaCl?
3. Quais foram os resultados dos testes efetuados nos tubos de ensaio em cada
eletrólise? Apresente sempre as reações.
4. Quais produtos seriam gerados na eletrólise ígnea do NaCl e do KI?
5. Quais são as aplicações industriais dos produtos oriundos da eletrólise do
NaCl aquoso? E da sua eletrólise Ígnea?

Referências

1. Livros de Química Inorgânica indicados para esta disciplina.


2. Russell, J. B. Química geral. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1994, v. 1.

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Prática 3: Magnésio: Determinação da Massa Molar e Reatividade


1. Objetivos específicos: O aluno aprenderá a:
a) Determinar a massa molar de um metal;
b) Determinar indiretamente a massa atômica de um metal.

2. Sinopse teórica.
Enquanto a espectrometria de massa é um método dispendioso, direto e absoluto para a
determinação de massas atômicas e moleculares, diversos métodos econômicos,
indiretos e relativos produzem resultados satisfatórios no laboratório químico comum.
Um desses métodos, que permite a determinação da massa atômica de diversos metais,
consiste em se fazer reagir totalmente o metal com ácido concentrado em uma
aparelhagem como a seguinte.

O metal atacado pelo ácido reage


completamente, gerando gás
hidrogênio

início  fim

As informações experimentais são usadas no seguinte equacionamento:

d  g  h 7,5  104 pGás  vGás pCNTP  vCNTP


Água
 
p Local  pGás  p Água  pColuna TGás TCNTP
vGás – volume de hidrogênio, lido em mL
pLocal – pressão local, medida em mmHg
TGás – temperatura ambiente na escala kelvin
pGás – pressão do hidrogênio, a ser calculada
pCNTP – pressão atmosférica de 760 mmHg
pÁgua – pressão de vapor, tabelada em mmHg
vCNTP – volume a ser calculado em mL
pColuna – pressão da coluna, calculada em mmHg
TCNTP – temperatura absoluta de 273,15 K (0ºC)
dÁgua – densidade, tabelada em g/mL ou g/cm3
g – aceleração da gravidade, medida em cm/s2
h – altura da coluna de água, medida em cm
7,5  10-4 – fator de conversão para mmHg

Supondo que o metal usado seja o magnésio,


Mg + 2 HCl  MgCl2 + H2
m – massa de Mg em gramas, que reagiu
m g  vCNTP
MM – massa molar a ser calculada
MM g  VM mL VM – volume molar de 22,414 L ou 22414 mL

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Átomos, moléculas e íons são partículas tão pequenas, que se contam em números
grandes, como a constante de Avogadro. 6,0  1023 partículas podem ser expressas em:
a) quantidade, chamada mol; b) massa, chamada massa molar (gramas); c) volume,
chamado volume molar (litros).
A massa atômica/molecular é a massa de um átomo/molécula. Sua unidade u vale 1/12
da massa de um átomo de carbono isótopo 12. Portanto, a massa atômica/molecular
indica quantas vezes a massa de um átomo/molécula é maior do que a padrão, 1/12 12C.
Numericamente, os valores da massa atômica/molecular e da massa molar são iguais,
porém com unidades e conceitos diferentes.
Por exemplo, a massa atômica do magnésio é 24 u e a sua massa molar é igual a 24 g. A
primeira indica a massa de um átomo e a segunda indica a massa de 6,0  1023 átomos.

3. Procedimento:
d) Lixe um pedaço de magnésio até obter uma superfície brilhante. Pese entre 0,04 e
0,08 g de magnésio lixado, limpo e seco. Não segure o magnésio diretamente com a
mão. Use a pinça;
e) Lave muito bem o interior do funil com detergente. Não é preciso secá-lo. Na saída
do funil, prenda o pedaço de gaze com o anel de borracha;
f) Coloque a amostra de magnésio sobre um pedaço de papel sulfite e dobre-o uma
vez, coloque-o no béquer e cubra-a com o funil invertido. Encha o béquer com água
de torneira um ou dois centímetros acima da saída do funil. Ponha o béquer sobre o
suporte universal;
g) Encha a proveta de água e cubra-a com um pedaço pequeno de papel pouco
absorvente, como papel sulfite ou celofane. Não pode haver bolhas de ar na proveta
com o papel;
h) Inverta a proveta e coloque-a no béquer abaixo do nível da água. Retire o papel,
encaixe a proveta sobre o funil invertido e prenda-a na garra do suporte universal.
Não pode haver bolhas de ar no sistema;
i) Pipete aproximadamente 10 mL de HCl concentrado com auxílio da pera de
borracha. Use o vidro de relógio para transportar a pipeta cheia de ácido até a sua
bancada;
j) Com a pera de borracha, empurre devagar os 10 mL de HCl concentrado dentro do
béquer com água, bem junto à borda do funil. Cuide para não introduzir bolhas de ar
sob o funil;
k) Depois que todo metal tiver reagido, desprenda as eventuais bolhas retidas no funil,
batendo nele com a bagueta;
l) Meça: o volume de gás, a altura da coluna de água na proveta, a temperatura e a
pressão ambientes. Calcule a massa molar do magnésio e a sua massa atômica.

4. Relatório:
Em uma folha padrão de relatório, responda o seguinte:
c) Qual é a finalidade de lavar o funil com detergente?
d) Para que serve a gaze na saída do funil?
e) Por que se utiliza ácido clorídrico concentrado em vez de diluído?
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f) Qual parcela da primeira equação é mais importante: pressão de vapor ou coluna


de água?
g) Expresse com suas unidades corretas a massa molar e a massa atômica do
magnésio, obtidas através desta experiência.

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Tabela de densidades e de pressões de vapor da água em função da temperatura

Temperatura (ºC) Densidade (g/mL) Pressão de vapor (mmHg)


0 0,99984 4,579
1 0,99990 4,926
2 0,99994 5,294
3 0,99997 5,685
4 0,99998 6,101
5 0,99997 6,543
6 0,99994 7,013
7 0,99990 7,513
8 0,99985 8,045
9 0,99978 8,609
10 0,99970 9,209
11 0,99961 9,844
12 0,99950 10,518
13 0,99938 11,231
14 0,99925 11,987
15 0,99910 12,788
16 0,99895 13,634
17 0,99878 14,530
18 0,99860 15,477
19 0,99841 16,477
20 0,99821 17535
21 0,99800 18,650
22 0,99777 19,827
23 0,99754 21,068
24 0,99730 22,377
25 0,99705 23,756
26 0,99679 25,209
27 0,99652 26,739
28 0,99624 28,349
29 0,99595 30,043
30 0,99565 31,824
31 0,99534 33,695
32 0,99503 35,663
33 0,99471 37,729
34 0,99437 39,898
35 0,99403 42,175
36 0,99369 44,563
37 0,99333 47,067
38 0,99297 49,692
39 0,99256 52,442
40 0,99222 55,324

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Prática 4: Preparação de um Composto de Alumínio a partir da


Bauxita

Objetivos

- Investigar as propriedades ácidas e básicas dos óxidos de alumínio, ferro e


silício da bauxita e o seu uso na purificação do óxido de alumínio.

A produção de alumínio metálico envolve dois estágios: 1) a extração, purificação e


desidratação da bauxita (Al2O3.nH2O, que contém óxidos de Fe e de Si, principalmente)
e 2) a eletrólise do Al2O3 (óxido de alumínio ou alumina).
Um dos problemas cruciais na produção do alumínio por eletrólise é eliminar o
ferro, principalmente, e o silício do minério – a etapa da purificação. Os teores de ferro
e silício variam de acordo com a procedência da bauxita. O procedimento desenvolvido
para essa purificação baseia-se no fato de que o óxido de alumínio é anfótero, enquanto
o de silício é ácido, e de ferro é basico. A bauxita é pois tratada pelo processo Bayer,
que envolve a sua dissolução em solução concentrada de soda cáustica (NaOH). Desta
forma, os óxidos de alumínio e silício dissolvem-se e o óxido de ferro, insolúvel, é
eliminado por filtração:
o
190 C
Al2O3 + SiO2 + Fe2O3 + NaOH(30%) NaAl(OH)4 (aq) + Na2Si(OH)6 (aq) + Fe2O3 (s)

Em seguida, o Al(OH)3 hidratado é precipitado por tratamento da solução com CO2


(aq) (lembre-se de que CO2 + H2O  H2CO3). Como o Na2Si(OH)6(aq) não reage com
ácido, ele permanece em solução. A calcinação do Al(OH)3 a 1200o C, gera o Al2O3
para a eletrólise.
Este processo de purificação resulta em um produto suficientemente puro para
preparar o alumínio metálico. Entretanto, para a industria de corantes é necessário
excluir até os traços de ferro que estejam presentes no sal de alumínio usado. Essa
purificação pode ser feita através da cristalização de um sal duplo, conhecido como
alúmen (sulfato de alumínio e potássio dodecaidratado – KAl(SO4)2.12H2O). Podem-se
obter cristais de grandes dimensões.
A produção do alumínio metálico a partir da bauxita purificada é feita
através da eletrólise do Al2O3 dissolvido em criolita (Na3AlF3), à temperatura de 940-
980o C, em uma cela de aço. O alumínio metálico é produzido no catodo e oxigênio, no
anodo. O alumínio produzido vai para o fundo da cela e é removido periodicamente.
O custo da produção do alumínio metálico mantém seu preço de mercado alto.
Para produzir 1 kg de alumínio são necessários aproximadamente 144 kWh (kilowatt
hora) de energia elétrica. Apesar do alto custo, o alumínio é bastante usado na

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manufatura de latas para acondicionar bebidas, porque é leve e assim, barato para
transportar. Uma latinha de alumínio pesa mais ou menos 17 g, enquanto que uma lata
feita de lâmina de aço com tampa de alumínio, de capacidade semelhante, pesa por volta
de 38 g, e uma garrafa de vidro, 185 g. A reciclagem do alumínio é importante por pelo
menos duas razões: econômica e ecológica. De fato, os requisitos energéticos para a
preparação de uma lata de alumínio por reciclagem são apenas 5% da energia necessária
para produzir a lata a partir da bauxita e, além disto, o tempo de vida médio previsto de
uma lata de alumínio abandonada na rua é 100 anos!
O alumínio metálico dissolve-se rapidamente a quente em soluções aquosas de
hidróxido potássio, com a formação de hidróxido de alumínio e potássio, como
resultado da oxidação do alumínio e redução de íons H+ da água em H2. O
tetraidroxoaluminato de potássio (ou aluminato de potássio) pode ser facilmente
transformado em diferentes compostos de alumínio. O sulfato de alumínio e potássio
dodecaidratado (KAl(SO4)2.12H2O), conhecido como alúmen é um deles. Este
composto é extremamente útil na industria têxtil, pois é fonte de Al(OH)3, que é um
mordente, isto é liga-se ao tecido e às moléculas de corante, fixando o corante no tecido.

Procedimento experimental

ATENÇÃO: soluções básicas são altamente corrosivas. Cuidado com a pele e


os olhos. USE ÓCULOS DE SEGURANÇA.

DIA 1

Pese 5,0 g de bauxita em um béquer de 200 mL. Adicione 15 mL de água,


seguidos de 25 mL de solução de KOH (2 mol L-1). Aqueça em chapa, agitando
com bastão de vidro, até próximo da ebulição, mantendo a mistura nestas
condições durante 20 min. Se necessário adicione água destilada periodicamente
para repor as perdas de volume por evaporação.

Em um tubo de ensaio adicione 1 mL da solução de cloreto de ferro (III) e


adicione algumas gotas de tiocianato de amônio (NH4SCN - 0,1 mol L-1).
Observe e anote (teste positivo para a presença de Fe(III)).

Com o resfriamento da mistura, começa a ocorrer a decantação de um sólido.


Retire algumas gotas do sobrenadante e teste a presença de ferro pela adição de
algumas gotas da solução de NH4SCN. Quando a solução estiver fria, filtre e
recolha o filtrado em um béquer.

Transfira o filtrado para um frasco de plástico, tampe e identifique-o.

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DIA 2

Trasfira o filtrado contido no frasco de plástico para um béquer.

Adicione lentamente ao filtrado H2SO4 3 mol.L-1 até pH 7-8 (controle o pH


utilizando o pHmetro ou papel indicador universal). Aqueça a mistura por cerca
de 10 min para floculação do precipitado. Filtre o sólido (filtração simples).

Lave o filtrado com água quente até não observar a presença de íons SO42- por
meio de teste com solução de cloreto de bário.

Coloque o sólido obtido juntamente com filtro em uma placa de Petri, deixe-o
secando até a aula seguinte a 100-110 oC e pese-o.

Descarte de Material: Verifique a localização do frasco rotulado para descarte dos resíduos ao
lado da pia.

Questões.
1) Escreva as equações químicas balanceadas do processo de digestão da bauxita em
solução de potassa à quente. Descreva a estrutura da espécie de alumínio formada
em solução.
2) O gráfico ao lado relaciona a solubilidade do hidróxido
de alumínio em função do pH do meio. Considere esse
gráfico e responda por que o ácido sulfúrico 3 mol L-1
deve ser adicionado ao filtrado até que pH seja
aproximadamente 7.

3) Como poderia ser calculada a porcentagem de alumínio na bauxita?


4) O principal contaminante do minério de alumínio é o óxido de ferro(III). No
processo de digestão em meio alcalino, por que os óxidos de alumínio e ferro(III)
são separados? Seria possível separá-los se a digestão fosse feita em meio ácido?
Justifique.

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5) Escreva a equação química balanceada de precipitação do hidróxido de alumínio a


partir da acidificação do filtrado com ácido sulfúrico.
6) Onde ficam as reservas brasileiras de bauxita? Qual é o teor aproximado de
alumínio do minério proveniente de cada uma delas? Quais são as companhias que
produzem alumínio metálico no Brasil? Qual é a nossa produção anual de
alumínio?
7) Faça um levantamento das aplicações industriais do alumínio.

Referências
1. Atkins, P. W; Jones, L. Princípios de química questionando a vida moderna
e o meio ambiente. 3 ed. Porto Alegre:Bookman, 2006.
2. Russell, J. B. Química geral. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1994, v. 1.
3. Constantino, V. R. L., Araki, K., Silva, D. O., Oliveira, W., Quim.Nova,
2002, 25, 490-498.

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Prática 5: Compostos de Carbono e Silício e suas Propriedades

Objetivos
Entender o mecanismo de produção de CO2 a partir de reações ácido-base com
carbonato e refletir a respeito do papel do CO2 no meio ambiente.
Comparar o comportamento de carbonato e silicato.

Aspectos teóricos
O dióxido de carbono (CO2) é um gás que existe na atmosfera em uma
concentração de aproximadamente 360 partes por milhão. É um gás importante dentro
do ciclo do carbono, uma vez que é a partir dele que se dá o fenômeno conhecido como
produção primária, ou seja, a transformação do CO2 em matéria orgânica. Essa reação
ocorre na presença de luz e de água. É assim que a reação de fotossíntese permite que as
plantas cresçam. Do mesmo modo, alguns microrganismos se desenvolvem no ambiente
aquático, dando origem à cadeia alimentar.

O CO2 atmosférico é proveniente das mais diversas fontes, tais como os


mecanismos de respiração dos organismos, a decomposição da matéria orgânica, os
incineradores, os processos de queima em geral e, principalmente, a queima de
combustíveis fósseis. Os combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, são
resultado da interação da energia solar com o CO2 da atmosfera, que resultou em
matéria orgânica. A matéria orgânica, transformada por uma série de processos, que
levaram milhões de anos, resultou em reservatórios de gás natural, carvão e petróleo,
dentre outros materiais que hoje são usados como fonte de energia. Como a demanda
por energia intensificou-se muito após a revolução industrial, uma grande quantidade
destes combustíveis tem sido queimada, o que implicou em um aumento significativo da
concentração do CO2 atmosférico, bem como de poluentes gerados no processo de
combustão.

A consequência de maior impacto ambiental relacionada à emissão de CO2 é o


efeito estufa, uma vez que o dióxido de carbono tem a capacidade de absorver parte da
radiação solar incidente e dissipá-la na atmosfera sob a forma de calor. Normalmente
essa radiação, em condições de menor concentração de CO2, seria refletida para fora da
atmosfera sem maiores consequências. A absorção da radiação implica em aumento da
temperatura global, descongelamento de parte da calota polar e elevação do nível
d’água dos oceanos, aumento da umidade em algumas áreas, implicando em secas em
outras, bem como interferência nas estações do ano. Na aula de hoje iremos estudar um

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pouco sobre o comportamento químico do CO2, uma espécie que está ligada a um dos
impactos ambientais de maior importância atualmente e que está classificado no rol das
mudanças globais.

Procedimento Experimental

Parte 1: Geração de CO2

1. Prepare dois tubos de ensaio, um contendo cerca de 3 mL de “água de cal” (solução


de Ca(OH)2) e outro com água destilada.

2. Adapte uma mangueira de borracha ao kitassato (Figura 1). Adicione uma espátula
bem cheia de carbonato de cálcio (pó de mármore) ao kitassato. Em seguida,
adicione cerca de 25 mL de HCl 1:1 e feche imediatamente o frasco com a rolha.
Borbulhe o gás gerado nos dois tubos de ensaio previamente preparados. Observe,
anote e interprete.

HCl

CO2

CaCO3

FIGURA 1: Montagem de um sistema para geração de gás a partir de CaCO3.

3. No tubo contendo água destilada, adicione algumas gotas de uma solução de


metilorange, observe e anote.

4. Transfira metade do líquido contido no tubo onde foi adicionado metilorange para
outro tubo de ensaio. Aqueça um dos tubos em chama de bico de Bunsen ou
lamparina. Compare a coloração dos dois tubos. Anote suas observações e
justifique.

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5. Em um béquer de 100 mL, coloque “água de cal” até mais ou menos 1/3 de sua
capacidade. Usando um canudo, assopre na solução.

Parte 2: Comparação entre carbonato e silicato

Faça os seguintes testes em tubos de ensaio para soluções de carbonato de


sódio e de silicato de sódio:

1. Verifique o pH utilizando papel indicador de pH.

2. Adicione lentamente ácido clorídrico 2 mol L-1.

3. Coloque em 5 tubos de ensaio 0,5 mL de solução de silicato de sódio e adicione a


cada um deles soluções de Cu(II), Co(II), Cr(III), Al(III) e Fe(III).

4. Observe cada ensaio cuidadosamente e anote.

Descarte de Material: Verifique a localização do frasco rotulado para descarte dos


resíduos ao lado da pia.

Questões
O que ocorre com a “água de cal” após ser borbulhada? E após aquecimento?
Apresente as reações ocorridas e explique. Qual a relação com o que vocês observaram
no item e da Parte 1?
Qual o gás é formado na Parte 1? Esse gás é um óxido ácido ou básico?
Explique utilizando suas observações. Descreva as reações que ocorrem quando este é
dissolvido em água.
Cite outras formas de produção desse gás.
Existe alguma relação entre a quantidade de gás que pode ser dissolvido em
água e a pressão exercida sobre o sistema? Porque é liberado gás quando abrimos uma
garrafa de refrigerante?
Por que o CO2 é capaz de apagar uma chama? É possível empregar o extintor
de CO2 em qualquer tipo de fogo? Por quê?
Explique por que o CO2 é um gás e o SiO2 é um sólido.

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O que vocês podem concluir sobre as diferenças entre carbonato e silicato.


Explique (utilize suas observações).

Referências
1. Livros de Química Inorgânica indicados para esta disciplina.
2. Russell, J. B. Química geral. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1994, v. 1.
3. Farias, R.F., Práticas de Química Inorgânica. 1 ed. Campinas: Editora
Átomo, 2007.

Metilorange:

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Prática 6: Compostos de Nitrogênio

Objetivos
Preparar gás nitrogênio. Preparar óxidos e oxiácidos de nitrogênio. Estudar algumas
propriedades dos óxidos e oxiácidos de nitrogênio.

Aspectos teóricos
Nitrogênio é um gás diatômico, sendo o sexto elemento mais abundante em todo
universo. Apesar do N2 ser muito abundante na atmosfera, ele é relativamente escasso
na crosta terrestre: nesta, seu teor é da ordem de 19 ppm (isto é, 19 g em cada tonelada).
Grandes quantidades de nitrogênio são consumidas nos diversos processos de fixação
do nitrogênio atmosférico, como por exemplo o realizado por microrganismos, tornando
o nitrogênio disponível às plantas. Com frequência, o N2 é empregado nos processos
químicos quando se deseja uma atmosfera inerte. Nitrogênio líquido é usado como
refrigerante, tanto para o congelamento de produtos alimentícios como para o transporte
de alimentos. O nitrogênio já foi bastante utilizado para encher os bulbos das lâmpadas
de filamento e assim reduzir o processo de vaporização deste; hoje em dia, porém, ele
tem sido substituído em grande parte por argônio, que é mais inerte. Um dos seus
compostos mais importantes é o gás amônia, NH3. Milhões de toneladas deste composto
são produzidas a cada ano; grande parte dele é usada na produção de ácido nítrico,
HNO3, de uréia e de outros compostos de nitrogênio. O NH3 é o mais comum dos gases
refrigerantes, usado principalmente na produção de gelo e na manutenção de baixas
temperaturas na indústria. O amoníaco caseiro, comprado nas farmácias e
supermercados, nada mais é do que uma solução aquosa desse gás. O único processo de
produção industrial de N2 em larga escala é através da liquefação seguida de destilação
fracionada do ar liquefeito. Grande parte do aumento na produção de N2 deve-se ao
crescimento da demanda do coproduto deste processo, o oxigênio, cujo consumo na
produção de aços tem aumentado bastante nos últimos anos.

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Parte 1: Obtenção de óxidos de nitrogênio e ácido nítrico

ATENÇÃO: Realize esta parte com cuidado e na capela.

Procedimento experimental

Monte o gerador de monóxido de nitrogênio (conforme figura abaixo), para


realizar a reação entre cobre e ácido nítrico.

Goteje, lentamente, o ácido nítrico (d = 1,20 g cm-3) sobre as raspas de cobre e


recolha o gás produzido em um tubo de ensaio, previamente cheio de água. Após o
preenchimento, tampe o tubo com rolha de borracha, sob a água.

Exponha o conteúdo do tubo de ensaio ao ar, removendo a rolha de borracha, e


a seguir feche-o rapidamente. Observe. Remova novamente a rolha de borracha,
introduza um pouco de água destilada e a seguir feche-o; agite vigorosamente e
verifique o pH da solução resultante. Interprete.

Parte 2: Obtenção de outros óxidos de nitrogênio

Com o kitassato que foi utilizado na parte 1 faça os seguintes testes:

1. Exponha-o ao ar, feche-o rapidamente, com a rolha de borracha e coloque-o em um


banho de gelo e água. Espere 5 minutos e observe o que ocorre.

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2. A seguir coloque-o em um banho de água a cerca de 50oC, espere 5 minutos e


observe. Compare com a coloração obtida no item anterior.

Parte 3: Preparação e propriedades do Ácido Nitroso

1. Em um tubo de ensaio, adicione 1 mL de ácido sulfúrico diluído a 1 mL de solução


concentrada de nitrito de sódio. Observe. No mesmo tubo adicione algumas gotas
de permanganato de potássio até observar alteração permanente.
2. Repita o teste anterior colocando, ao invés de permanganato de potássio, alguns
cristais de iodeto de potássio e agite. Observe e interprete. A seguir adicione
algumas gotas de hexano e agite. Observe e interprete.

Parte 4: Preparação de nitrogênio

Em um tubo de ensaio coloque 2 mL de solução de nitrito de sódio e a seguir


uma ponta de espátula de cloreto de amônio. Utilizando uma pinça de madeira, aqueça
levemente o tubo de ensaio direto na chama do bico de Bunsen ou lamparina até que o
desprendimento de gás possa ser observado. Suspenda o aquecimento e agite. Observe
e interprete.

Descarte de Material: Verifique a localização do frasco rotulado para descarte dos


resíduos ao lado da pia.

Questões

1. Escrevas as equações químicas que representam os processos observados nos


ensaios da parte 1 (no kitassato e no tubo de ensaio). Justifique utilizando as suas
observações.
2. Quais diferenças devem ser observadas quando se utiliza o cobre em pó ao invés
de raspas? Explique.
3. Se a solução do kitassato fosse levada à secura (evaporação do solvente) qual
sólido se formaria?
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4. Equacione e explique todas as alterações observadas durante o experimento


realizado na parte 2. O que deveria ser observado se colocasse o sistema em um
béquer contendo gelo seco? Explique.
5. Equacione e explique todas as alterações observadas durante o experimento
realizado na parte 3.
6. Nos ensaios da parte 3 o ácido nitroso oxidou ou reduziu? Como você pode
explicar o comportamento observado?
7. Equacione e explique todas as alterações observadas durante o experimento
realizado na parte 4. Qual o gás produzido? Como podemos confirmar qual foi o
gás produzido? Explique.
8. Descreva o processo industrial de preparação do ácido nítrico. Como é obtido o
HNO3 concentrado? Enumere suas principais aplicações.
9. Explique por que o ácido nítrico é um excelente oxidante.
10. Compare os ácidos nitroso e nítrico em relação à:
a) força como ácido. Justifique.
b) estado de oxidação do nitrogênio.
c) capacidade de atuar como agente oxidante e redutor. Justifique.

Referências

1. Livros de Química Inorgânica indicados para esta disciplina.


2. Russell, J. B. Química geral. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1994, v. 1.
3. Farias, R.F., Práticas de Química Inorgânica. 1 ed. Campinas: Editora Átomo,
2007.

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Prática 7: Halogênios e suas Propriedades

Objetivos
Estudar os métodos de obtenção de halogênios e suas propriedades. Estudar a
solubilidade do iodo em diferentes solventes. Identificar a luz como causadora da
mudança de coloração de haletos de prata.

Aspectos teóricos
O flúor é um gás amarelo-pálido e no estado líquido tem cor amarelo-canário.
Hoje em dia, não só o flúor mas também muitos dos seus compostos têm grande
importância para a nossa sociedade. Em 1938, R.J. Plunket descobriu o polímero teflon:
politetrafluoretileno (PTFE). Grande parte do flúor hoje produzido é usado na produção
de UF6, um composto estável e gasoso do urânio que facilita o seu enriquecimento
isotópico por difusão gasosa, para produção de energia nuclear e fins bélicos. Outro uso
importante do flúor é na fabricação do hexafluoreto de enxofre, SF6, gás muito estável,
usado como dielétrico (isolante elétrico). O flúor é bastante tóxico: para uma exposição
diária de oito horas, estima-se em 0,1 ppm a concentração máxima permitida do gás na
atmosfera do ambiente. Para HF, esse valor é de 2-3 ppm, enquanto para o HCN é de 10
ppm. Em baixa concentração, menor que 1 ppm, os íons fluoreto conferem uma
excelente proteção aos dentes contra as cáries. O flúor foi descoberto há mais de um
século, mas o Brasil ainda não o produz.

Nas condições ambientes, o cloro é um gás amarelo esverdeado, tóxico, de forte


cheiro, poderoso irritante dos olhos e do sistema respiratório. Estima-se que seu teor na
crosta terrestre é de 0,13 g/kg. O íon cloreto, Cl–, é o principal íon negativo encontrado
nos oceanos (cerca de 19 g/kg). Industrialmente, o cloro é preparado por vários métodos
como: eletrólise de uma solução de cloreto de sódio, NaCl; eletrólise de NaCl fundido
etc. Um dos seus principais compostos é o sal comum, NaCl. Uma das duas principais
fontes industriais deste sal é o sal de rocha, cujas jazidas são mineradas. Mais
conhecida, porém, é a produção de sal pela simples evaporação da água do mar e
posterior purificação por cristalização. Este, porém, corresponde somente a cerca de
10% do sal produzido mundialmente. Assim produzido e parcialmente purificado, é
comercializado atualmente como sal grosso, ou sal natural. Este contém sais de
magnésio e muitos outros elementos existentes nos oceanos. Em contrapartida, a maior
parte do sal usado na alimentação é um cloreto de sódio bastante purificado e depois
impurificado com vários aditivos; alguns, porém, benéficos, como iodatos. A maior
parte do cloro produzido industrialmente é usado na preparação de derivados clorados,
tais como tetracloreto de carbono, CCl4, usado em extintores de incêndio; outros
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derivados usados na lavagem a seco; e em compostos para a síntese de plásticos, como


PVC, cloreto de polivinila, teflon®, borracha sintética etc. Direta ou indiretamente, o
cloro e seus compostos são usados no tratamento de águas, para branquear papel e
tecidos, na extração de titânio etc. Pode-se assim avaliar que o cloro e seus derivados
têm enorme importância na nossa vida.

O bromo é o único não metal líquido à temperatura e pressão ambientes. É


marrom-avermelhado, o vapor é vermelho e o sólido é marrom. O bromo sólido tem a
mesma estrutura do iodo. É solúvel em água (a solução saturada contém 0,214 mol L-1 a
25 C), sendo conhecida como água de bromo. A adição de íons Br- aumenta a
solubilidade do bromo devido à formação de íons tribrometo (Br3-). O elemento é mais
solúvel em solventes orgânicos (clorofórmio, tetracloreto de carbono, dissulfeto de
carbono etc.), permitindo sua extração de soluções aquosas. Quimicamente, o bromo se
assemelha bastante ao cloro, embora seja menos reativo. Tanto no estado líquido como
no de vapor, o bromo reage com a maioria dos elementos. Oxida o íon iodeto (I-) a iodo
(I2), sendo reduzido a Br-. Tal como o cloro, o bromo reage com hidrogênio (H2) sob
aquecimento ou ação da luz, produzindo HBr (brometo de hidrogênio), cuja solução
aquosa (ácido bromídrico) corresponde a um hidrácido muito forte. A grande maioria
dos brometos de metais é solúvel em água. O bromo sofre desproporcionamento em
soluções de hidróxidos alcalinos como o iodo e o cloro, produzindo íons brometo e
hipobromito (Br2 + 2 OH- → Br- + BrO- + H2O). O íon BrO- se decompõe a temperatura
ambiente ou sob aquecimento, formando brometo e bromato (3 BrO- → 2 Br- + BrO3-).
O íon bromato é um forte agente oxidante em meio ácido, mais do que o íon clorato
(ClO3-).

O iodo natural consiste de uma única espécie atômica, 127I. À temperatura


ambiente, ele é um sólido com coloração cinza-violeta e brilho que lembra o dos metais.
Ele já é perceptivelmente volátil à temperatura ambiente. Se aquecido rapidamente, o
iodo acaba por sublimar (passar diretamente do estado sólido para o gasoso) à pressão
atmosférica, propriedade essa compartilhada por poucas substâncias. Para obter o iodo
na fase líquida (que é preto), é preciso aquecer lentamente o sólido. O iodo é pouco
solúvel em água (a solução saturada a 25oC contém 0,0013 mol L-1). A solução aquosa
possui coloração castanha. A adição de iodeto de potássio aumenta a solubilidade do
iodo devido à formação do íon tri-iodeto (I3-). Na presença de amido, o iodo confere
coloração azul característica. Em meio alcalino (pH > 9), o iodo sofre
desproporcionamento em íons iodeto e hipoiodito (IO-). Esse último decompõe-se
rapidamente em iodeto e iodato. O iodo é mais solúvel em solventes orgânicos, sendo a
coloração da solução dependente da natureza do solvente: marrom para solventes com
elevada polaridade (etanol, éter etílico etc.) e violeta para solventes de baixa polaridade
(como clorofórmio, tetracloreto de carbono e dissulfeto de carbono). O iodo é

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diatômico, sendo as moléculas I2 livres nas soluções violetas e coordenadas nas


soluções marrons.

Parte 1: Obtenção de halogênios utilizando dióxido de manganês

Procedimento Experimental

a) Cloro

Coloque uma ponta de espátula de dióxido de manganês (em pó) em um tubo


de ensaio e adicione 2 mL de ácido clorídrico 6 mol L-1. Feche o tubo com rolha
perfurada provida de um tubo de vidro e aqueça, cuidadosamente.

Verifique a natureza do gás produzido, colocando-o em contato com uma tira


de papel umedecido com solução de iodeto de potássio. Observe, anote e interprete.
Coloque outra tira de papel umedecido com solução de brometo de potássio na saída do
gás. Observe, anote e interprete.

b) Bromo:

Coloque uma ponta de espátula de dióxido de manganês (em pó) num tubo de
ensaio e alguns cristais de brometo de potássio. Adicione, cuidadosamente, algumas
gotas de ácido sulfúrico concentrado e aqueça, suavemente.

Verifique a natureza do gás formado utilizando uma tira de papel umedecido


com solução de iodeto de potássio. Observe, anote e interprete. Coloque outra tira de
papel umedecido com solução de ácido clorídrico 0,5 mol L-1 na saída do gás. Observe,
anote e interprete.

c) Iodo:

Coloque uma ponta de espátula de dióxido de manganês (em pó) num tubo de
ensaio e alguns cristais de iodeto de potássio. Adicione, cuidadosamente, algumas gotas
de ácido sulfúrico concentrado e aqueça, suavemente.

Identifique o produto formado. Aproxime do tubo de ensaio uma tira de papel


umedecido com solução de cloreto de sódio. Observe, anote e interprete. Coloque outra
tira de papel umedecido com solução de brometo de potássio na boca do tubo de ensaio.
Observe, anote e interprete.

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Parte 2. Solubilização do iodo e reações

Em 3 tubos de ensaio adicione, separadamente, 1 mL de hexano, cicloexeno e


acetona. A seguir adicione alguns cristais de iodo em cada um dos tubos, agite e
observe. Anote suas observações e interprete.

Em um 4º tubo de ensaio adicione 1 mL de solução concentrada de KI e alguns


cristais de iodo. Observe e anote. Adicione gota a gota uma solução de Na2S2O3 até
observar alteração permanente. Anote suas observações e interprete.

Parte 3. Preparação de haletos de hidrogênio

Em um tubo de ensaio, coloque alguns cristais de cloreto de sódio e adicione


lentamente e com cuidado, ácido sulfúrico concentrado. Identifique o gás que se
desprende usando papel tornassol.

Repita o mesmo procedimento para o brometo de potássio e para o iodeto de


potássio, separadamente. Observe, anote e compare os resultados com os obtidos no
ensaio com cloreto de sódio. Proponha reações para a identificação dos compostos
formados nos ensaios com os sais de brometo e iodeto.

Parte 4. Reação de haletos de prata com a luz

Em um béquer adicione 10 mL de uma solução de ácido clorídrico 0,5 mol L-1,


a seguir adicione, usando outra proveta, 10 mL de AgNO3 2% m/V. Agite e filtre em
funil de Büchner o precipitado resultante.

Enquanto a filtração se processa, recorte um pequeno círculo, de


aproximadamente 2 cm de diâmetro, no interior de um pedaço de cartolina.

Completada a filtração, retire o papel do funil, abra-o e estenda-o sobre uma


folha de caderno. Espalhe a massa do precipitado obtido, com o auxílio de uma espátula
ou bastão de vidro, conforme ilustra a Figura 1.

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FIGURA 1 – Preparação do papel fotográfico.

Coloque o retângulo de cartolina furado sobre o precipitado espalhado e


exponha todo o conjunto à luz intensa. Após a ocorrência de mudanças visíveis, retire a
cartolina.

Repita o procedimento substituindo o HCl por brometo de potássio 0,5 mol L-1
e por iodeto de potássio 0,5 mol L-1.

Descarte de Material: Verifique a localização do frasco rotulado para descarte dos


resíduos ao lado da pia.

Questões

1. Escreva as equações que representam os processos observados na parte 1.


O que você pode dizer sobre a reatividade entre os haletos? Explique utilizando suas
observações e uma tabela de potenciais de redução. Coloque esses elementos em
ordem crescente de poder oxidante (inclua também o F2).
2. Consulte a literatura e proponha outras formas de obtenção de cloro,
bromo e iodo. O que é água de cloro? Como pode ser obtida?
3. Escreva suas observações do teste de solubilidade do iodo e explique o
porquê das diferentes cores em diferentes solventes. Escreva as equações, quando
pertinente, que representam os processos observados na parte 2.
4. Descreva suas observações do teste demonstrativo explique e escreva a
equação que representa o processo. Qual o papel da água nesse teste?
5. Descreva suas observações e escreva as equações que representam os
processos da parte 3. Em todos os casos ocorreu a formação do haleto de
hidrogênio? Explique. Proponha reações para a identificação dos compostos
formados nos ensaios com os sais de brometo e iodeto.
6. Consulte a literatura e verifique quais os reagentes empregados
industrialmente na preparação do HCl.

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7. Escreva a reação que ocorre quando se mistura o nitrato de prata com


todos os haletos utilizados. O que há de comum entre os íons Cl-, I-, Br-? Descreva
suas observações e explique por que as reações têm velocidades diferentes?
8. Explique a razão de em uma fotografia existirem áreas escuras e áreas
claras. Que substâncias estão sobre o filme fotográfico e são responsáveis pela
formação da imagem? Explique. O que é fotossensibilidade? Cite exemplos de
reações fotossensíveis que ocorrem no nosso dia a dia. Como essas reações podem
ser ou vem sendo aplicadas na indústria tecnológica?
Referências

1. Livros de Química Inorgânica indicados para esta disciplina.

2. Russell, J. B. Química geral. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1994, v. 1.

3. Roesky, H. W., Möckel, K., Chemical Curiosities: spectacular experiments


and inspired quotes, 1996.

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Prática 8: Determinação da Fórmula de um Sal

1. Sinopse teórica.
Os sais são compostos sólidos em que íons positivos (cátions) ligam-se
eletrostaticamente ou ionicamente a íons negativos (ânions). Além dessa interação
iônica, um certo número de moléculas de água pode participar da cristalização, através
de uma interação do tipo íons-dipolos permanentes. Assim, a fórmula geral de um sal
resulta:
Cc+ – cátion de valência iônica c+
Aa– – ânion de valência iônica a–
CaAc  x H2O a e c – quantidades de cátions e ânions
x – número de águas de hidratação

Determinar a fórmula de um sal significa portanto identificar os cátions, os


ânions e o número de águas de hidratação.
Alguns cátions podem ser
identificados pelo chamado ensaio de chama. O
processo consiste em se umedecer a ponta de
um fio de platina (ou pedaço de grafite) com
ácido clorídrico concentrado; agregar alguns
cristais do sal em estudo na parte úmida do fio
de platina; introduzir o sal na região mais
quente da chama oxidante de um bico de
bunsen; e observar a coloração da chama.

O ácido clorídrico concentrado converte uma parte do sal – que pode ser um
sulfato, nitrato, fosfato etc. – em cloreto, porque os cloretos são voláteis ao fogo. Na
chama, o cloreto metálico se decompõe em átomos. O átomo metálico, correspondente
ao cátion, por ser mais facilmente ionizável, recebe energia da chama, e os elétrons do
nível de valência fazem uma transição eletrônica para outro nível mais externo. Quando
esse átomo excitado passa por regiões de menor temperatura na chama, o elétron
excitado volta ao seu nível de origem, e a energia absorvida é liberada na forma de luz
visível (comprimento de onda entre 400 e 760 nm).
Alguns elementos químicos metálicos e respectivas colorações transmitidas à chama
Li – vermelho carmim Na – amarela K – violeta
Ca – vermelho tijolo Sr – vermelho carmesim Ba e Mo – verde amarelado
Cu e Tl – verde As e Sb – azul Pb e Bi – azul pálido

A maioria dos cátions não é identificada pelo ensaio de chama, ou porque a


chama não tem energia suficiente para excitar o átomo, ou porque a energia libertada na

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transição do elétron para o seu nível fundamental não cai na região do espectro visível.
Conseqüentemente, os ensaios por via seca, como é o ensaio de chama, acabam sendo
limitados a alguns elementos.
Já os ensaios por via úmida – empregando usualmente água como solvente e
meio reacional – são mais abrangentes, servindo à identificação de cátions e ânions,
através da formação de um precipitado sólido (), ou através do aparecimento de uma
coloração específica (sem partículas sólidas).
2
Fe
 Fe3[Fe(CN)6]2  azul 
-
Cl
AgCl  branco

3
Fe
 Fe[Fe(CN)6] 
-
Br
 bege AgNO3 AgBr  branco amarelado

2
Cu
 Cu3[Fe(CN)6]2  verde 
-
I
K3[Fe(CN)6] AgI  amarelo

2
Co
 Co3[Fe(CN)6]2  vermelho SO
  BaSO4  branco
2-
BaCl2 4


Ag

 Ag3[Fe(CN)6]  laranja AgNO3 e BaCl2 sem
  NO3–
precipitação

A determinação do número de águas


de hidratação consiste em se pesar uma certa
massa inicial do sal hidratado, aquecê-lo até a
eliminação da água, e pesá-lo novamente para
se obter a massa final. Daí, a seguinte relação
fornece o número de águas de hidratação, x:
mfinal do sal ––––– massa molar de CaAc

massa molar de C a A c  
minicial do sal –––––  
 x  massa molar da água 

2. Objetivos específicos: O aluno aprenderá a:


a) Identificar alguns cátions;
b) Identificar alguns ânions;
c) Determinar o número de águas de hidratação de um sal.

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3. Procedimento:
a) Lixe gentilmente a extremidade do fio de platina, se houver algum resíduo de sal
aderido;
b) Coloque com cuidado 10 gotas de ácido clorídrico concentrado no vidro de relógio;
c) Molhe a ponta do fio de platina no ácido, leve à chama e molhe novamente no ácido.
Com a ponta úmida, apanhe alguns poucos cristais do sal em estudo. Introduza o sal
na região mais quente da chama do bico de bunsen. Observe e anote a coloração da
chama, se o sal produzir resultados neste ensaio;

Figura 1. Procedimento do Teste de Chama. Extraído de (De Jesus, H. C. 2013).

d) Em cada um dos três tubos de ensaio, faça o seguinte: coloque um pouco do sal
hidratado no fundo; adicione uns 2 cm de altura de água destilada; misture até
dissolução completa do sal;
e) No primeiro tubo, coloque 1 gota da solução de HCl e 2 gotas da solução de
K3[Fe(CN)6].
No segundo tubo, coloque 1 gota da solução de HNO3 e 2 gotas da solução de
AgNO3.

No terceiro tubo, coloque 1 gota da solução de HCl e 2 gotas da solução de BaCl2.

Agite com o agitador (bastão de vidro) as três soluções. Considere apenas a


formação de precipitados ou não;

f) Neste ponto já é possível concluir o cátion (Na+, K+, Ca2+, Ba2+, Cu2+, Fe2+, Fe3+, Co2+
ou Ag+) e o ânion (Cl–, Br–, I–, SO 24 ou NO3 ) presentes na amostra problema;
g) Prenda o triângulo de porcelana ao tripé de ferro, e coloque o bico de bunsen sob o
tripé, ao centro;
h) Pese o cadinho e a tampa de porcelana. Anote. Mantendo a tampa sobre o prato da
balança, pese exatamente uma massa de sal hidratado de (5,0  0,2) g. Anote;
i) Coloque o cadinho tampado sobre o triângulo, e aqueça o conjunto por 10 minutos.

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Deixe o cadinho voltar à temperatura ambiente sobre o triângulo de porcelana;


j) Pese novamente o cadinho tampado. Anote. Calcule as massas inicial e final do sal
(subtraindo a massa do cadinho e da tampa) e o número de águas de hidratação.
Arredonde o resultado, se não for inteiro.

4. Relatório:
Em uma folha padrão de relatório, responda o seguinte:
a) Por que os ânions não são identificáveis por ensaio de chama?
b) Equacione o processo por via seca ou por via úmida, que permitiu a identificação do
cátion.

[Dica: a) átomo X + energia  átomo excitado X* e b) átomo excitado X* 


átomo X + h ou luz visível]

c) Equacione o processo por via úmida, que permitiu a identificação do ânion.


d) Quais foram as modificações visíveis, sofridas pelo sal, ao se desidratar?
e) Escreva a fórmula do sal hidratado da amostra problema.

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Prática 9: Preparo de Soluções

1. Sinopse teórica.
São infinitas as soluções diferentes formadas a partir de um soluto e de um
solvente, pela variação da proporção entre ambos.
Na tentativa de quantificar essa proporção, surgiram vários tipos de medidas
das soluções, agrupáveis em duas classes:
a) Medidas de título (ou de massa), que expressam uma proporção entre a masa de
soluto e a massa de solvente ou de solução;
b) Medidas de concentração, que expressam uma proporção entre a massa de soluto e o
volume da solução.
Uma medida típica de título é a porcentagem em massa (p):

m1 = massa de soluto (g)


m1 m1
p  100   100 m2 = massa de solvente (g)
m m1  m2
m = massa de solução (g)

Uma medida típica de concentração é a concentração em quantidade de soluto


por unidade de volume (q), expressa em mols/L:
M1 = massa molar do soluto (g)
n1 m1
q  V = volume final da solução (L)
V M1  V
n1 = quantidade de soluto (mol)

Um cálculo bastante freqüente é o do volume de solução ácida concentrada


necessária para preparar outra solução mais diluída.

Supondo uma solução final x mols/L m1


x  m1  x  M 1  Vf
com volume Vf litros: M 1  Vf

Considerando y% a porcentagem real y  100


   z  100  m1 / y
de ácido na solução ácida concentrada: m1  z 

Finalmente, a massa z é convertida em


volume através da densidade d g/mL da d  m / Vc  d  z / V  Vc  z / d
solução ácida concentrada:

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2. Objetivos específicos: O aluno aprenderá a:


a) Aplicar algumas expressões no cálculo da massa de soluto necessária à preparação de
soluções;
b) Preparar soluções.

3. Material necessário por grupo de alunos:


Aparelhagem Reagentes
1 balança FeSO4  7 H2O
2 balões volumétricos de 50 mL H2SO4 (pureza 98% e densidade 1,84 g/mL)
1 bagueta KMnO4
2 béqueres de 150 mL
2 espátulas
1 pera de borracha
1 pipeta graduada de 10 mL
1 pisseta

3. Procedimento:

a) Calcule a massa necessária para preparar 50 mL de solução 0,5 mol/L de FeSO4  7


H2O, que será usada como redutora;
b) Calcule o volume de H2SO4 concentrado necessário para preparar 50 mL de uma
solução 0,8 mol/L;
c) Em um béquer limpo e seco pese a massa calculada de FeSO4  7 H2O; adicione
próximo de 20 mL de água destilada; adicione o volume calculado de H2SO4
concentrado; misture com a bagueta até obter uma solução (mistura perfeitamente
homogênea);
d) Transfira o conteúdo do béquer para o balão volumétrico e complete o volume com
água destilada até a marca de aferição, usando a pisseta; homogeneíze a mistura.
e) Calcule a massa necessária para preparar 50 mL de solução 0,1 mol/L de KMnO4,
que será usada como oxidante;
f) Em um béquer limpo e seco pese a massa calculada de KMnO4; adicione próximo
de 30 mL de água destilada; misture com a bagueta até obter uma solução;

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g) Transfira o conteúdo do béquer para o balão volumétrico e complete o volume com


água destilada até a marca de aferição, usando a pisseta; homogeneíze a mistura;
h) Coloque aproximadamente 30 mL da solução de KMnO4 em um béquer limpo. Sob
agitação constante, adicione aos poucos os 50 mL da solução ferrosa. Observe
atentamente a reação:
KMnO4 + FeSO4 + H2SO4  K2SO4 + MnSO4 + Fe2(SO4)3 + H2O

i) Coloque o restante da solução oxidante, sob agitação constante. Observe e anote a


cor da solução resultante.

4. Relatório:
Em uma folha padrão de relatório, responda o seguinte:
f) Escreva a equação balanceada de oxi-redução, realizada nesta experiência.
g) Qual foi a coloração obtida ao final da experiência, depois de misturadas as duas
soluções?
h) Que massa de soluto deve ser adicionada a 40 g de água para se obter uma solução a
10% em massa?
i) Calcule a concentração em quantidade de soluto por volume de uma solução de
KMnO4, que possui 5 g de soluto em 200 mL de solução aquosa.
j) Qual é o volume de ácido sulfúrico concentrado (pureza 60% e densidade 1,5 g/mL)
necessário para preparar 100 mL de uma solução 0,3 mol/L?

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Prática 10: Transferência de Elétrons em Reações de Oxirredução

1. Sinopse teórica.
Um elétrodo é um dispositivo, que tem a capacidade intrínseca de gerar
elétrons. Por exemplo, forma-se um elétrodo pelo contato íntimo de substâncias simples
com soluções aquosas iônicas. A substância simples pode ser um gás como H2, ou um
líquido como Br2, ou um sólido como Zn. Em princípio, as soluções iônicas podem
conter qualquer cátion e qualquer ânion, mas a prática mostra que algumas combinações
não resultam elétrodos.

Diversos fatores experimentais afetam a capacidade ou potencial do elétrodo


produzir elétrons. Por isso, existe uma convenção internacional, que estabelece as
condições em que os potenciais devem ser comparados:

Pressão atmosférica de 1 atm Temperatura de 298,15 K (25ºC)


Cátion ou ânion proveniente do mesmo Concentração inicial da solução iônica de
elemento químico que a substância simples 1,000 mol/L
Equações escritas com os elétrons no Potenciais medidos em volts (V)
primeiro membro
Elétrodo de hidrogênio com potencial padrão Demais potenciais obtidos por comparação
Eº = 0,000 V (por convenção) com o elétrodo de hidrogênio
A comparação dos diversos elétrodos com o elétrodo de hidrogênio, deu
origem à denominada Tabela de Potenciais-Padrão de Elétrodo ou Tabela de Potenciais-
Padrão de Redução, da qual uma parte está reproduzida a seguir:

oxidante + n e– = redutor
 Tendência crescente a se reduzir (ganhar elétrons)

Eº (V) Valores negativos de potencial


Tendência crescente a se oxidar (perder elétrons) 

Mg2+ + 2 e– = Mg -2,370 significam tendência a sofrer


Al3+ + 3 e– = Al -1,660 oxidação, e valores positivos
2 H2O + 2 e– = H2 + 2 OH– -0,828 indicam tendência a sofrer
Zn2+ + 2 e– = Zn -0,763 redução, em relação ao padrão
Fe2+ + 2 e– = Fe hidrogênio. Assim, entre duas
 Poder crescente do agente oxidante

-0,440
Poder crescente do agente redutor 

Ni2+ + 2 e– = Ni -0,250 semi-equações quaisquer, a de


Sn2+ + 2 e– = Sn -0,136 potencial mais negativo acaba
Pb2+ + 2 e– = Pb -0,126 invertida e a de potencial mais
2 H+ + 2 e– = H2 0,000 positivo fica inalterada.
Sn4+ + 2 e– = Sn2+ +0,150 A soma das semi-equações
fornece a equação completa de
Cu2+ + 2 e– = Cu +0,337
oxi-redução. É importantíssimo
2 H2O + O2 + 4 e– = 4 OH– +0,401
notar que o melhor oxidante
Fe3+ + e– = Fe2+ +0,771
reage sempre com o melhor
Hg2+ + 2 e– = Hg +0,854 redutor para formarem os
4 H+ + O2 + 4 e– = 2 H2O +1,229 piores oxidante e redutor.
Semi-equação de redução 
 Semi-equação de oxidação

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A tabela acima contém alguns conceitos importantes:

Reação de redução tem ganho de elétrons Xn+ + n e– = X


Reação de oxidação tem perda de elétrons Y = Yn+ + n e–
Reação global iônica de oxi-redução Xn+ + Y = Yn+ + X
Reação global molecular de oxi-redução XAn + Y = YAn + X
Agente redutor provoca redução, oxidando-se Y
Agente oxidante provoca oxidação, reduzindo-se Xn+ ou XAn
Como não ocorre redução sem oxidação e vice-versa, então os dois processos
são simultâneos, e geram um fluxo de elétrons. Fluir elétrons implica na existência de
uma diferença de potencial e de uma corrente elétrica, as quais podem ser determinadas
experimentalmente.

2. Objetivos específicos: O aluno aprenderá a:

a) Empregar uma tabela de potenciais de redução na previsão de reações redox;


b) Produzir um fluxo de elétrons, utilizando uma reação de oxi-redução espontânea.
c) Entender a corrosão como uma reação de oxirredução.

3. Procedimento:

Parte 1 – Corrosão do Ferro e Maresia

a) Em dois tubos de ensaio adicione 1 mL de água destilada e em outro tubo 1 mL de


solução de NaCl.
b) Agite vigorosamente o segundo tubo de água destilada para deixá-la aerada.
c) Adicione uma gota de fenolftaleína e uma gota de solução de ferricianeto de
potássio a cada tubo.
d) Sobre cada uma das três lâminas de ferro (de tamanho 1,5 x 1,5 cm) adicione 3
gotas de uma das soluções dos tubos de ensaio.
e) Observe ao longo da aula e registre as observações.

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ESTM016-17 – Química Inorgânica de Materiais

Parte 2 – Reatividade dos metais

Parte 3 – Medindo Diferenças de Potencial

a) Limpe mecanicamente cada lâmina (de tamanho 5 x 0,5 cm) com a lã de aço, a
seguir decape com a solução de ácido clorídrico, e finalmente enxagüe a lâmina em
água corrente (utilize um béquer para auxiliar);
b) Despeje a solução de NaCl no prato com o papel de filtro até molhá-lo todo;
c) Distribua as lâminas regularmente sobre o papel de filtro úmido, apontando-as para
o centro do círculo, e tomando o cuidado de não deixá-las se encostarem;
d) Ajuste o multímetro para o fundo de escala de 2 V (DC). Faça as leituras indicadas
na parte direita da tabela abaixo, mantendo a ponta de prova preta (ppp) na vertical
sobre uma lâmina, e percorrendo as demais lâminas com a ponta de prova vermelha
(ppv) também na vertical.
Lâminas

Diferença de Potencial (V)


(ppp)

Lâminas (ppv)
Fe Cu Al Zn Pb Mg
Fe
Cu
Al
Zn
Pb
Mg

4. Relatório:

Em uma folha padrão de relatório, responda o seguinte:

Considerando a parte 1 do experimento:

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1. Quais as reações envolvidas na corrosão do ferro na gota de solução?


Quais as diferenças foram observadas entre as amostras? Explique-as. Qual
o papel da maresia na corrosão de metais?

Considere o par de reações Al3+ + 3 e– = Al (Eº = –1,66 V) e Cu2+ + 2 e– = Cu (Eº =


+0,34 V).

1. Dessas espécies químicas sublinhadas, qual é o melhor oxidante? E o melhor


agente redutor?
2. Uma lâmina de Cu reage com uma solução de íons Al3+? Por quê?
3. Apresente a reação global iônica da reação que ocorre entre as duas semi-
equações dadas.
4. Quanto mediu a diferença de potencial entre as lâminas de Al e Cu? Por que
não deu 2,00 V?

Considerando a parte 2 do experimento:

Considerando a parte 3 do experimento:

1. Apresente a tabela com os resultados. Valores positivos indicam ter havido


oxidação na placa sob a ponta de prova preta. A ordem dos potenciais
medidos coincide com os tabelados?

Bibliografia

Livros de Química Inorgânica indicados pela disciplina.


GENTIL, Vicente. Corrosão. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2011. xv, 360 p., il.
ISBN 9788521618041.
Merçon, F. et al. Corrosão: Um Exemplo Usual de Fenômeno Químico. Química
Nova na Escola, n. 19, p. 11-14, 2004.
Wartha, E. J. et al. A Maresia no Ensino de Química. Química Nova na Escola, n.
26, p. 17-20, 2007.

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Prática 11: Cobre – Compostos e Estados de Oxidação

Objetivos: Estudar a reatividade do cobre e de um de seus complexos.

Procedimento

Parte 1. Reatividade de um complexo de Cobre

Em dois tubos de ensaio coloque aproximadamente 1 mL da solução de Sulfato de


Cobre 1 mol L-1. A um dos tubos adicione gota a gota uma solução de Hidróxido de
Amônio concentrado até mudança significativa da coloração. Compare a coloração do
composto de partida com a coloração do composto formado.

Parte 2. Do Cobre ao Cobre

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Questões

1. Escreva a reação que ocorre na parte 1. Explique porque a reação ocorre.


Porque é observada alteração de coloração da solução?
2. Escreva as reações para todos os passos efetuados na Parte 2, mostrando a
espécie de cobre formada em cada etapa.
3. Proponha um ciclo semelhando (partindo do metal e voltando ao metal) para
mais um metal.

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Experimentos Demonstrativos
Experimentos a serem realizados de forma demonstrativa em aulas práticas
selecionadas.

Experimento Demonstrativo 1: Reatividade do Sódio

Objetivos
Correlacionar as propriedades do sódio com a sua reatividade.

Aspectos teóricos: Reatividade do Sódio


O sódio é um metal alcalino que possui 1 elétrons em sua camada de valência e
possui alta eletropositividade. Em consequência disso, ele é um elemento muito reativo,
reagindo com água em uma reação rápida e exotérmica.

Procedimento experimental

1. Prática demonstrativa
2. Coloque água destilada na placa de Petri e algumas gotas de fenolftaleína.
3. Em uma outra placa de Petri corte o sódio metálico em um pedaço de
aproximadamente 2x2x2 mm.
4. Coloque o pedaço de sódio na placa de Petri contendo a solução de fenolftaleína
e observe.
5. Utilize uma nova placa de Petri caso seja necessário repetir a demonstração.

Descarte de Material: Verifique a localização do frasco rotulado para descarte dos resíduos ao
lado da pia.

Questões:
1. Qual a reação que ocorre quando o sódio metálico entra em contato com a
água.

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Referências

1. Livros de Química Inorgânica indicados para esta disciplina.


2. Russell, J. B. Química geral. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1994, v. 1.
3. De Jesus, H. C. Aprendendo Química de Forma Lúdica e Experimental. 2 ed.
Vitória-ES: Gráfica e Editora GSA, 2013.

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ANEXO 1

EXEMPLO DE FLUXOGRAMA

Procedimento: separação de uma mistura de sal e areia

1. A uma mistura de 1,0 g de cloreto de sódio e 1,0 g de dióxido de silício, adicione


10,0 mL de água destilada e agite vigorosamente.

2. Filtre. Remova uma alíquota de 5,0 mL do filtrado, rejeitando o restante do mesmo.


Pese o resíduo da filtração.

3. Evapore a alíquota do filtrado até secagem e pese o resíduo da evaporação.

FLUXOGRAMA:

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