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PARECER ÚNICO DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

GCA/DIAP Nº 043/2013

1 – DADOS DO EMPREENDIMENTO

Empreendedor Vale S.A.


CNPJ Matriz 33.592.510/0001-54
CNPJ 33.592.510/0041-41
Rua Antônio de Albuquerque, 271/9º andar. Bairro
Endereço Funcionários – Belo Horizonte MG. CEP: 30.112-
010
Empreendimento Vale S.A. – Mina do Córrego do Feijão
Localização Brumadinho/MG
No do Processo COPAM 00245/2004/041/2008 e 00245/2004/046/2010
Atividades Objeto do
A-05-03-7 Barragem de Rejeito
Licenciamento
Classe 06
LOC – Licença de Operação em Caráter Corretivo
(fase da condicionante)
Fase de licenciamento
REVLOC – Revalidação da Licença de Operação
em Caráter Corretivo
LOC Nº 143 de 20/07/2009
Nº da Licença
REVLO N° 211/2011 de 16/08/2011
LOC - 20/07/2013
Validade da Licença
REVLO – 16/08/2017
Estudo Ambiental RCA/PCA/RADA
R$ 23.508.927,15 (Vinte e três milhões, quinhentos
Valor de Referência do
e oito mil, novecentos e vinte e sete reais e quinze
Empreendimento - VR
centavos)
Grau de Impacto - GI apurado 0,5%
R$ 117.544,64 (Cento e dezessete mil, quinhentos e
Valor da Compensação Ambiental quarenta e quatro reais e sessenta e quatro
centavos).

2 – ANÁLISE TÉCNICA

2.1- Introdução

O empreendimento em análise, Vale S.A. – Mina do Córrego do Feijão – Barragem de


Rejeito I, fica localizado no município de Brumadinho, na bacia do Rio Paraopeba, sub-bacia
do Ribeirão Ferro-Carvão.

A empresa Vale S.A. formalizou o processo N° 00245/2004/41/2008 em 21/12/2007, com o


objetivo de obtenção da Licença de Operação em Caráter Corretivo – LOC, da Barragem I
da Mina do Córrego do Feijão. A Vale S.A. foi orientada a partir de reunião com a equipe

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técnica da FEAM (em 29/09/2006) a apresentar RCA/PCA visando pleitear LOC por tratar-se
de estrutura minerária já existente, incluindo no processo seus futuros alteamentos até a
configuração final.

A Licença de Operação em Caráter Corretivo - LOC foi deferida com condicionantes, sendo
registrada pelo Nº 143/2009, em reunião da URC Rio Paraopeba no dia 20/07/2009. Uma
Autorização para Exploração Florestal - APEF atrelada à LOC também foi chancelada, para
supressão de 3,0 ha de Mata Atlântica N° 0021204.

Em 15/06/2010 a Vale S.A. solicitou a Revalidação da Licença de Operação Corretiva –


REVLO, que foi chancelada com condicionantes junto à licença N° 211/2011, com validade
de 6 (seis) anos e vencimento em 16/08/2017. Foram revalidadas, além da Barragem de
Rejeito I as seguintes atividades:

 Processo COPAM N° 00245/2004/037/2007 - Lavra e beneficiamento de minério de


ferro,
 Processo COPAM N° 00245/2004/036/2007 - Ampliação da Pilha de estéril,
 Processo COPAM N° 00245/2004/045/2009 - Obras de infraestruturas,
 Processo COPAM N° 00245/2004/043/2008 - UTM Móvel,
 Processo COPAM N° 00245/2004/035/2007 - Obras de infraestrutura – Baias de
Decantação de Concentrados,
 Certificado 347304/2008 Não Passível - Subestação de energia elétrica,
 Certificado 679472/2008 Não Passível - Posto de Abastecimento com capacidade de
armazenamento,
 Certificado 605370/2009 Não Passível - Adequação da ITM da Mina Córrego do
Feijão ao ROM da Mina da Jangada.

Ressalta-se que como a condicionante de firmar termo de compromisso com a CPB/IEF, de


acordo com a lei de SNUC não foi cumprida na LOC, a mesma foi reintegrada na REVLO.

Conforme processo de licenciamento COPAM nº 00245/2004/041/2008 e


00245/2004/046/2010, analisado pela SUPRAM Central Metropolitana, em face do
significativo impacto ambiental, o empreendimento recebeu condicionante de compensação
ambiental prevista na Lei 9.985/00.

No dia 24/05/2012 a Gerência de Compensação Ambiental, por meio do ofício


N°260/2012/IEF/DIAP/GCA, reiterou a solicitação de informações complementares para dar
continuidade ao cumprimento da condicionante estabelecida no licenciamento do
empreendimento. As informações foram entregues à Gerência em 11/09/2012, protocolo nº
1218.

A presente análise técnica tem o objetivo de subsidiar a CPB-COPAM na fixação do valor da


Compensação Ambiental e forma de aplicação do recurso, nos termos da legislação vigente.

Maiores especificações acerca deste empreendimento estão descritas no RCA/PCA, RADA,


Parecer Único Central Metropolitana N° 145/2009 e 046/2011, e pasta GCA N° 531,
referente ao processo de compensação ambiental.

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2.2 – Caracterização do Empreendimento

A barragem de rejeito I foi implantada em 1976, estando contemplada no licenciamento


global da Mina do Córrego do Feijão desde 1992. Foi somente em 2005, frente à
necessidade de se proceder ao 9° (figura 1) e 10° (figura 2) alteamentos na referida
barragem que a Vale S.A. formalizou processos para a supressão da vegetação junto aos
órgãos ambientais competentes e assim foi orientada a proceder a LOC específica da
barragem1.

Para a finalização das obras da barragem I haverá necessidade de intervenção numa área
total de 3,0 ha, com supressão de Mata Atlântica secundária em estágios médio a avançado
de regeneração autorizado pela APEF N° 00212042.

Figura 1 - Áreas de intervenção/supressão para a finalização das obras do nono alteamento da


barragem I (cota 937 m)

1
Parecer Único SUPRAM CM N° 145/2009, página 02.
2
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 04.
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Figura 2 – Áreas de intervenção/supressão para a finalização das obras do décimo e último
alteamento da barragem I (cota 942 m)

A Barragem I situa-se no alto curso da bacia do Rio Paraopeba, nas cabeceiras do Ribeirão
Ferro-Carvão, afluente pela margem direita do Paraopeba, em terras do município de
Brumadinho, Minas Gerais. A Barragem I tem como finalidade conter os rejeitos
provenientes da usina de concentração. Esta barragem vem sendo alteada em etapas pelo
método de montante de forma intermitente, a depender da produção da unidade3.

Os alteamentos foram executados por várias empreiteiras. O dique inicial foi projetado por
uma empresa alemã em 1974-76, tendo sido executado com solo compactado até atingir a
crista na cota 874 m, com altura inicial de 18 m. Atualmente, a crista da barragem está na
cota 937 m (9° alteamento). A próxima etapa atingirá a cota 942 m (10° alteamento), quando
então a barragem I deverá atingir sua configuração final4.

A usina opera em média 8.000 h/ano, gerando cerca de 210 t/h de rejeitos (base seca), com
densidade dos sólidos de 4,1 t/m³, com um teor de sólidos na polpa de 18%, em massa,
considerando-se que a densidade aparente seca dos rejeitos sedimentados e adensados no
reservatório está em torno de 2,1 t/m³5.

A água sobrenadante, que se separa na sedimentação e no adensamento dos rejeitos, mais


a água de chuva extravasam para o reservatório de outra barragem (Barragem VI) onde

3
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 10.
4
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 10.
5
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 25.
Página 4 de 21
ocorre a recirculação para a usina6. O volume de água armazenado na Barragem I é
pequeno, sendo requerida a sua retenção no reservatório apenas para clarificação.
A Barragem I insere-se no sistema de disposição e contenção de rejeitos e recirculação de
água da Mina Córrego do Feijão. Este sistema é integrado pelos seguintes componentes:

 Barragem,
 Extravasor,
 Reservatório,
 Bombeamento e adução dos rejeitos e,
 Bombeamento e adução de água.

A Vale S.A. contratou empresa especializada para execução das obras de alteamento.
Atualmente são empregados nesta obra 126 funcionários (mobilização de mão-de-obra
temporária) 7.

Em relação à mobilização de equipamentos, insumos e serviços, os mesmo serão


adquiridos de acordo com os quantitativos previstos para as obras do 10° alteamento8.

A empreiteira contratada para execução das obras de alteamento da Barragem I instalou


sua base de apoio (área de vivência) com infraestrutura composta por: alojamento,
vestiários e banheiros, ou seja, infraestrutura mínima de conforto para os trabalhadores
regidos de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Outro ponto que deve
ser destacado é o fornecimento de água potável e instalação de banheiros químicos nas
frentes das obras9.

2.3 - Caracterização da área de Influência

2.3.1 - Abrangência

Os estudos ambientais descrevem a abrangência do empreendimento por meio de


categorias cuja definição está relacionada a seguir:

Área Diretamente Afetada – ADA: corresponde à área da Barragem I até seu último
alteamento (cota 942m), composta por áreas com vegetação nativa a serem suprimidas de
3,0ha. A área total da ADA é de 50,49 ha.

Área de Influência Direta – AID e Área de Influência Indireta – AII: Segundo o RCA
(página 54), a AID e a AII foi definida de acordo com o “Plano de Contingência da Barragem
I”, elaborado pela Tecnosolo (2003), que considera (hipótese/simulação) um provável
rompimento da barragem e seus efeitos sobre o meio ambiente e populações situadas à
jusante. A propagação da lama de rejeitos ao longo do curso d´água (Ribeirão Ferro-
Carvão) afetaria todo este curso d´água à jusante, numa faixa de aproximadamente 500
metros para cada margem, numa extensão de, aproximadamente, 9 km (até a foz do
Ribeirão Ferro-Carvão no Rio Paraopeba).
6
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 29.
7
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 40.
8
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 40.
9
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 41.
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Sendo assim a AID e a AII está dentro do raio de 10 km da ADA, porém a abrangência dos
impactos típicos desta atividade estende-se por toda a bacia a jusante do empreendimento,
resultando em uma abrangência regional.

2.3.2 Caracterização biótica

2.3.2.1 Flora

A Barragem I insere-se no domínio de Mata Atlântica, apresentando, em sua área,


vegetação secundária de Floresta Estacional Semidecidual. Esta vegetação encontra-se
antropizada, ligada a um fragmento maior de mesma vegetação a norte e leste, e a áreas de
solo exposto ou à própria barragem a sul e oeste10.

O estudo realizado, feito por caminhamento, permitiu verificar que nas porções a serem
suprimidas pelo 10° alteamento da Barragem I, percebem-se, basicamente, quatro tipos de
ambientes: um com vegetação arbórea e com menor intervenção (Ambiente 1); outro com
um grau maior de intervenção (Ambiente 2); outro com árvores remanescentes e com
intensa regeneração natural (Ambiente 3) e outro ambiente praticamente com ausência de
vegetação arbórea adulta, com predominância de braquiária (Ambiente 4) 11.

O ambiente 1 encontra-se em estágio médio de regeneração natural, apresentando, na


grande maioria, indivíduos com altura superior a doze metros. Possui fisionomia arbórea
dominante sobre as demais, com dossel bastante fechado. Caracteriza-se por apresentar
três estratos bem definidos, um arbóreo (emergente), um arbustivo e um herbáceo 12 (figura
3).

A regeneração é representada basicamente por espécies arbustivas-arbóreas, destacando-


se Camboatá (Matayba sp.), Canela amarela (Nectandra oppositifolia), Canjerana (Cabralea
canjerana), Carne-de-vaca (Roupala montana), Folha santa (Siparuna guianensis), Imbiruçu
(Pseudobombax grandiflorum), Jambo vermelho (Myrcia fallax), Maria mole (Guapira
opposita) e Pessegueiro-do-mato (Prunus sellowii) 13.

No estrato arbóreo pode-se observar como espécies predominantes: Pombeiro (Tapirira


guianensis), Canjerana (Cabralea canjerana), Café-do-mato (Casearia sylvestris), Embaúba
vermelha (Cecropia glaziovi), Jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra), Canela amarela
(Nectandra oppositifolia) e Farinha seca (Senna multijuga) 14.

10
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 68.
11
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 69.
12
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 69.
13
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 69.
14
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 69.
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Figura 3 - Aspecto do interior do Ambiente 1.

O Ambiente 2 (figura 4) é o mais expressivo em termos de área, aparentemente encontra-se


em estágio médio de regeneração natural, apresentando, na grande maioria, indivíduos de
até 12 (doze) metros de altura. Apresenta fisionomia arbórea e arbustiva predominando
sobre a herbácea. As copas das árvores são ralas, permitindo a passagem de luz,
resultando em expressiva regeneração do sub-bosque, com presença de cipó15.

Esta regeneração é representada basicamente por espécies arbustivas-arbóreas,


destacando-se Azeitona-do-mato (Amaioua guianensis), Camboatá mataiba (Matayba
eleagnoides), Canela azeitona (Myrsine ferruginea), Carne-de-vaca (Roupala montana),
Folha santa (Siparuna guianensis), Ingá miúdo (Inga marginata), Jaborandi (Piper sp. 1),
Jaborandi gigante (Piper sp. 2), Jambo vermelho (Myrcia fallax), Mama-de-porca
(Zanthoxylum riedelianum), Maria mole (Guapira opposita), Pindaíba (Guatteria sp.) e
Samambaiuçu (Cyathea corcovadensis) 16.

Os indivíduos adultos verificados na área são representados principalmente por Pombeiro


(Tapirira guianensis), Jequitibá rosa (Cariniana estrellensis), Café-do-mato (Casearia
sylvestris), Copaíba (Copaifera langsdorffii), Capixingui (Croton floribundus), Camboatá
cupania (Cupania vernalis), Samambaiuçu (Cyathea corcovadensis), Jacarandá-da-bahia
(Dalbergia nigra), Goiabeira folha miúda (Eugenia involucrata), Açoita cavalo (Luehea
grandiflora), Braúna (Melanoxylon brauna), Farinha seca (Senna multijuga), Pau Mercúrio
(Solanum leucodendron) e Mama-de-porca (Zanthoxylum riedelianum) 17.

15
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 70.
16
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 70.
17
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 71.
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Figura 4 - Aspecto dos remanescentes do Ambiente 2

No Ambiente 3 (figura 5) observa-se grande intervenção antrópica. Caracteriza-se por


apresentar intensa regeneração inicial de espécies herbáceas, arbóreas e arbustivas em
meio a árvores remanescentes espaçadas18.

Na regeneração inicial citam-se como espécies de ocorrência a Carqueja (Baccharis


trimera), Camboatá (Matayba sp.), Bico-de-pato (Machaerium nictitans), Café-do-mato
(Casearia sylvestris) e Aroeira brava (Lithraeae molleoides). Há também a incidência de
Capim gordura (Melinis minutiflora) e presença de cipós19.

As árvores adultas são representadas principalmente por Brauninha (Dyctioloma


vandellianum), Sucupira preta (Bowdichia virgilioides), Camboatá cupania (Cupania
vernalis), Pau santo (Kielmeyera sp.) e Canela azeitona (Myrsine ferruginea) 20.

Figura 5 - Aspecto dos remanescentes do Ambiente 3

18
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 71.
19
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 71.
20
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 71.
Página 8 de 21
O Ambiente 4 é caracterizado por pastagens, com predominância da espécie Braquiária
(Brachiaria sp.). Existem poucas árvores se regenerando, podendo-se citar Alecrim
(Baccharis dracunculifolia), Camboatá (Matayba sp.), Capixingui (Croton floribundus), Ipê
(Tabebuia sp.) e Macaúba (Astrocaryum aculeatissimum) 21.

Das espécies ocorrentes na área de influência, 2 (duas) encontram-se incluídas na Lista das
Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção do Estado de Minas Gerais, na categoria
Vulnerável (Biodiversitas, 2007): Braúna (Melanoxylon brauna) e Jacarandá-da-Bahia
(Dalbergia nigra).

2.3.2.2 Fauna

A cobertura vegetal de grande parte da AI do empreendimento é formada por matas e


capoeiras em estágios diversos de regeneração. Estas se comunicam com matas mais
extensas que se expandem pela base da serra e seguem pelos vales acompanhando
vertentes e cursos d’água. Estas matas apresentam uma boa capacidade de suporte para a
fauna, o que foi corroborado pelas espécies identificadas durante as atividades de campo22.

A avifauna observada mostrou-se significativamente rica e diversa apresentando no


levantamento 55 espécies amostradas. Dentre estas espécies, Maria pequena
(Phylloscartes sylviolus) é constada na Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de
Extinção no Estado de Minas Gerais (Biodiversitas, 2007), na categoria “em perigo”.

Na listagem das espécies de mamíferos de provável ocorrência na área do


empreendimento, foram encontradas aproximadamente 11 espécies23 destacando-se o
Gambá de orelha branca (Didelphis albiventris), Mico estrela (Callithrix penicillata), Tatu
peba (Euphractus sexcinctus), Preá (Cavia aprea) e Mão pelada (Procyon cancrivorus).

Os estudos da herpetofauna visaram ao diagnóstico quali-quantitativo das espécies de


anfíbios e répteis presentes na área de influência do décimo alteamento da Barragem I.

Após a identificação e definição dos tipos representativos de habitats, as margens da


Barragem VI, considerada AID, foram percorridas em sua porção frontal e lateral esquerda;
a margem esquerda da Barragem I, ADA, também foi percorrida à procura de registro de
anfíbios e répteis. Os ambientes lóticos, reconhecidos como AID, foram também percorridos
em sua extensão ou até o surgimento de barreiras que impedissem o acesso. Os ambientes
foram visitados nos períodos diurno, vespertino e noturno, com o intuito de registrar
eventuais vocalizações de anfíbios, localizar girinos e o encontro ocasional de répteis24.

Foram registradas somente quatro espécies de anfíbios anuros na AID, número reduzido
provavelmente devido aos fatores climáticos, citados anteriormente, associados à curta
duração da amostragem e à degradação do ambiente: Sapo-cururu-vermelho (Chaunus

21
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 72.
22
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 72.
23
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 76.
24
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 77.
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rubescens), Perereca 1 (Bokermannohyla circumdata), Perereca creu-creu (Hypsiboas
albopunctatus) e Perereca 2 (Scinax sp.) 25.

2.3.3 Caracterização do meio físico

2.3.3.1 Hidrografia

O Complexo Minerador Córrego do Feijão situa-se na sub-bacia do Ribeirão Ferro-Carvão,


afluente da margem direita do Rio Paraopeba, um dos principais tributários do alto Rio São
Francisco. A posição geográfica desta sub-bacia, na região próxima à Região Metropolitana
de Belo Horizonte, faz com que tenha importante papel no contexto estadual em relação ao
abastecimento urbano e industrial e, pelo fato de situar-se em uma região rica em minerais,
comporta intensa atividade extrativa26.

O Ribeirão Ferro-Carvão possui suas nascentes na vertente sul da serra Três Irmãos
(extensão sudoeste da Serra do Curral), localizadas ao norte da pilha de estéril de Menezes
Oeste. O Ribeirão Ferro-Carvão corre na direção sul, recebendo toda a contribuição da área
das instalações e ferroviária da Mina de Córrego do Feijão27.

O Córrego Olaria tem suas nascentes posicionadas na serra Três Irmãos, a uma altitude
média de 1.100m, fluindo na direção sul até desaguar no Ribeirão Ferro-Carvão28.

2.3.3.2 Aspectos geológicos e geotécnicos

Na região da Barragem I o maciço rochoso é representado por gnaisses bandados sendo


que, na área do barramento, este encontra-se capeado por horizonte de material terroso,
constituído de solos saprolitos/residual/coluvionar. Estes solos mostram boa capacidade de
suporte e permeabilidade baixa29.

A camada de solo superficial de baixa consistência/compacidade e contaminado foi


removida na área de fundação do aterro. O terreno de fundação nos maciços de
alteamentos é constituído por solo residual/saprolito nas ombreiras e na parte central pela
praia de rejeito e aterro do dique subjacente30.

Ressalta-se que a barragem de rejeitos I da Mina Córrego do Feijão não interferirá em área
de ocorrência de patrimônio arqueológico e espeleológico, sendo as cavidades mais
próximas registradas localizadas na Mina da Jangada, de propriedade da Vale. Não
obstante, nos trabalhos de campo realizados pela equipe da NICHO Engenheiros
Consultores Ltda. não foram visualizados qualquer indício de vestígios arqueológicos ou
espeleológicos na ADA31.

25
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 77.
26
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 61.
27
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 61.
28
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 61.
29
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 60.
30
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 60.
31
NICHO Engenheiros Consultores Ltda. EIA - Mina Córrego do Feijão – Recuperação de Pellet Feed da Barragem I e VI e
Estruturas Associadas – Brumadinho/MG/Brasil. 2010 (adaptado).
Página 10 de 21
2.3.3.3 Pedologia

Quanto ao tipo de solo, na área predominam os latossolos, cambissolos húmicos e


distróficos, devendo haver combinações entre si e associados com outros tipos de solos,
beneficiando ou não diretamente o porte e/ou tipologia vegetal32.

2.4 Impactos ambientais

Tendo em vista o objetivo específico deste Parecer é aferir o Grau de Impacto do


empreendimento, com base na tabela de GI, oficializada pelo Decreto 45.175/2009 alterado
pelo Decreto 45.629/2011, serão usados como linhas orientadoras da identificação dos
impactos, os índices de relevância da referida tabela.

Esclarece-se que, para fins de aferição do GI, apenas serão considerados os impactos
gerados, ou que persistirem, em período posterior a 19/07/2000, quando foi criado o
instrumento da compensação ambiental.

2.4.1 Meio Biótico

 Ocorrência de espécies ameaçadas em extinção, raras, endêmicas, novas e


vulneráveis e/ou interferência em áreas de reprodução, de pousio ou distúrbios
de rotas migratórias – ver item 2.3.2.1 e item 2.3.2.2.

 Interferência/supressão de vegetação, acarretando fragmentação -


ecossistemas especialmente protegidos - Para a finalização das obras da
barragem I haverá necessidade de intervenção numa área total de 3,0 ha, com
supressão de Mata Atlântica secundária em estágios médio a avançado de
regeneração autorizado pela APEF N° 002120433.

O estudo realizado, feito por caminhamento, permitiu verificar que nas porções a
serem suprimidas pelo 10° alteamento da Barragem I, percebem-se basicamente
quatro tipos de ambientes: um com vegetação arbórea e com menor intervenção
(Ambiente 1); outro com um grau maior de intervenção (Ambiente 2); outro com
árvores remanescentes e com intensa regeneração natural (Ambiente 3) e outro
ambiente praticamente com ausência de vegetação arbórea adulta, com
predominância de braquiária (Ambiente 4) 34.

Dentro do contexto da barragem, que por suas características funciona como barreira
física para o trânsito da fauna e para a dispersão de propágulos (fluxo gênico), a
supressão 3,0 ha de Mata Atlântica secundária em estágio médio a avançado de
regeneração para ampliação do empreendimento, contribui significativamente para a
intensificação do processo de fragmentação dos remanescentes de vegetação nativa
da região. A retirada da vegetação ocasionará, ainda, na eliminação da “borda”

32
TECISAN. PTRF, página 38.
33
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 04.
34
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 69.
Página 11 de 21
desse remanescente de modo a alterar as condições de luminosidade/umidade de
áreas antes sombreadas, intensificando assim o chamado “efeito de borda”.

O impacto de natureza negativa gerado será irreversível, de abrangência local,


relevante e de alta magnitude35.

 Interferência em unidades de conservação de proteção integral - Conforme


análise do mapa “Localização do Empreendimento x Unidades de Conservação”,
constante dos anexos deste parecer, a área de implantação do empreendimento está
inserida em zona de interferência da unidade de conservação de uso integral Parque
Estadual Serra do Rola Moça, localizado a aproximadamente 7,7 km de distância da
ADA da Barragem I – Mina Córrego do Feijão.

 Interferência em Áreas Prioritárias para a Conservação - Conforme apresentado


no mapa “Localização do Empreendimento x Áreas Prioritárias para a Conservação”,
constante dos anexos deste parecer, o empreendimento está localizado em área de
Importância Biológica Especial, segundo o Mapa Síntese das Áreas Prioritárias para
Conservação de Minas Gerais, integrante da publicação “Biodiversidade em Minas
Gerais - Um Atlas para sua Conservação”.

2.4.2 Meio Físico

 Alteração da qualidade físico-química da água, do solo e do ar – Com os


trabalhos de alteamento, supressão de vegetação, retirada de solos de baixa
resistência, abertura de acessos, movimentação de caminhões, trator de esteira e
obras de drenagem haverá alterações físico-químicas na água, no solo e no ar. O
decapeamento da cobertura vegetal do solo, no momento da supressão vegetal, irá
provocar o rompimento da ciclagem de nutrientes no sistema solo planta, havendo
uma significativa perda de reposição de nutrientes, além de provocar sua exposição
às intempéries, o que contribui significativamente com o empobrecimento,
carreamento e lixiviação do material orgânico e seus nutrientes36. A remoção das
camadas superficiais do solo poderá promover uma movimentação de suas
partículas, que dependendo do grau de declividade, irão ser transportadas para
regiões inferiores do terreno, podendo se alojar nos ambientes hídricos, promovendo
o assoreamento de nascentes e drenagens, além de outros danos aos ambientes
aquáticos e os seres vivos associados37.

Conforme descrito na caracterização do empreendimento, houve necessidade de


contratação de mão-de-obra especializada para execução das obras de alteamento
da Barragem I. A empresa contratada montou canteiro de obras conforme estabelece
a norma regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego. Caso o mesmo não
seja bem administrado poderá gerar uma série de impactos ambientais negativos no
solo e nos recursos hídricos (geração de resíduos diversos, efluentes sanitários,
etc.).

35
LUME estratégia ambiental. RCA/PCA, página 101.
36
Tecisan. PTRF, página 20.
37
Tecisan. PTRF, página 20.
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A alteração da qualidade do ar está relacionada às emissões de poeiras provocadas
principalmente pela movimentação interna de equipamentos pesados que tendem a
aumentar os níveis de materiais particulados na atmosfera na área diretamente
afetada (ADA).

 Rebaixamento ou soerguimento de aquíferos ou águas superficiais – Na


operação do empreendimento, em consequência da infiltração, a água da barragem
penetrará no subsolo e através da ação da gravidade sofrerá um possível movimento
descendente até atingir uma zona onde os vazios, poros e fraturas se encontram
totalmente preenchidos d’água. Por capilaridade, a água se elevará por entre os
interstícios de pequenas dimensões aumentando assim, o nível do lençol freático38.

 Transformação ambiente lótico em lêntico – O Córrego Ferro Carvão nasce a


sudeste da cava da Mina Córrego Feijão, onde afloram duas nascentes importantes:
Nascente Jequitibá e Nascente Leste. Na porção elevada deste curso d’agua tem-se
a barragem de rejeito I, localizada em um vale da margem esquerda39. A construção
do maciço e dos diques de alteamento alterou a condição natural do vale para a
situação de vale barrado, transformando-o em um ambiente lêntico.

 Emissão de gases que contribuem efeito estufa - A emissão de gases do efeito


estufa, com destaque para o dióxido de carbono (CO2), esta relacionada à queima de
combustíveis fósseis de máquinas e veículos durante as fases de implantação e
operação do empreendimento. Ademais, a movimentação de veículos e máquinas
movidos a diesel pode gerar fumaça preta tóxica para a atmosfera, como resultado
da queima incompleta deste combustível.

 Aumento da erodibilidade do solo - Em relação à suscetibilidade erosiva, as


feições erosivas e de instabilidade mais frequentes, tanto na área de influência
quanto na área diretamente afetada das barragens, correspondem a ravinas e sulcos
profundos. As erosões estão associadas à impermeabilidade do substrato rochoso e
às elevadas declividades das encostas naturais. A exposição dos solos pela
supressão de vegetação, as obras de engenharia para implantação do
empreendimento, a compactação promovida pelo aumento do trânsito de máquinas e
caminhões durante as obras, promoverão desorganização das estruturas do solo,
deixando expostas suas camadas inferiores e aumentando a suscetibilidade para
instalação de processos erosivos.

 Emissão de sons e ruídos residuais - Durante a implantação/operação da


Barragem de Rejeito I ocorrerá aumento dos níveis de ruídos proveniente do tráfego
de máquinas e caminhões pesados. Esses ruídos serão cíclicos, devido às
atividades de alteamento e compactação do maciço do barramento. O aumento de
ruídos, aliado ao aumento da emissão de material particulado pelas obras de
terraplanagem e aumento do tráfego de caminhões e máquinas ocasionará redução

38
Prof. M. Marangon. Mecânica dos Solos II - Hidráulica Dos Solos. Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de
Geotecnia/UFJF.
39
Vale S.A. Relatório de Acompanhamento Hidrogeológico. Página 43. 2010.
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da qualidade ambiental, podendo contribuir para o afugentamento da fauna e sua
instalação na área de entorno.

2.5 Indicadores Ambientais

2.5.1 Índice de Temporalidade

A temporalidade de um empreendimento para fins de Grau de impacto é definida pelo


Decreto 45.175/2009, como o tempo de persistência dos impactos gerados pelo mesmo
empreendimento no meio ambiente.

Assim, considerando o conjunto de impactos inerentes ao empreendimento, principalmente


aqueles relacionados à modificação da paisagem e à supressão de vegetação nativa,
constata-se que seus efeitos estendem-se a períodos muito superiores a 20 anos. Destaca-
se que a eliminação da biodiversidade local e a alteração da paisagem são irreversíveis e
que o fato do sistema encontrar um novo equilíbrio dinâmico, quando da recuperação da
área degradada, não invalida a persistência destes impactos.

2.5.2 Índice de Abrangência

Considerando os impactos que recaem sobre a microbacia na qual o empreendimento está


inserido, em função do desenvolvimento das atividades de implantação (decapeamento,
exposição do solo e movimentação de terras) e operação do empreendimento e, ainda, a
rede de distribuição e contribuição hídrica associados a esta microbacia, o empreendimento
é classificado como de abrangência regional.

3- APLICAÇÃO DO RECURSO

3.1 Apuração da Compensação Ambiental

Considerando o valor de referência do empreendimento informado pelo empreendedor e o


Grau de Impacto GI, bem como o Decreto 45.175/09 alterado pelo 45.629/11, obtém-se o
valor de compensação ambiental:

 Valor do GI apurado: 0,5% .


 Valor de referência dos empreendimentos: R$ 23.508.927,15 (Vinte e três milhões,
quinhentos e oito mil, novecentos e vinte e sete reais e quinze centavos).
 Valor da Compensação Ambiental (GI x VR): R$ 117.544,64 (Cento e dezessete mil,
quinhentos e quarenta e quatro reais e sessenta e quatro centavos).

3.2 Unidades Beneficiadas de acordo com o POA/2012

Para a avaliação das unidades inseridas no raio de 10 km do empreendimento, de acordo


com o mapa 1 (em anexo), as mesmas foram analisadas de acordo com os requisitos
estabelecidos no POA/2013. Assim, segue abaixo a relação das unidades avaliadas e seu
status no tocante a atender ou não os requisitos acima citados:

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Unidades de Conservação no raio de 10 km do empreendimento não consideradas
afetadas em função de não atenderem requisitos do POA/2013
Distância do Requisito do POA não
Unidade de Conservação
empreendimento atendido
APE Taboão Aproximadamente 6 km APE não recategorizada
APE Rola Moça e Bálsamo Aproximadamente 9,5 km APE não recategorizada
APE Rio Manso Aproximadamente 9,3 km APE não recategorizada
RPPN Mata do Jequitibá 20 m Não abriga o
empreendimento em seu
interior

Unidade de Conservação no raio de 10 km do empreendimento considerada afetada e


que atende os requisitos do POA/2013
Distância do
Unidade de Conservação Requisito do POA atendido
empreendimento
Parque Estadual Serra do UC de proteção integral -
7,7km
Rola Moça cadastrada no CNUC.
UC de uso sustentável que
abriga o empreendimento
APA Sul 0 km
em seu interior e está
cadastrada no CNUC.

Uma vez que as unidades Parque Estadual da Serra do Rola Moça e Área de Proteção
Ambiental Sul-RMBH foram consideradas afetadas, de acordo com os critérios do
POA/2013, as mesmas foram submetidas à metodologia para cálculo do índice de
distribuição, que estipula a percentagem de recursos previstos para as unidades:

Unidade Diretamente Afetada Parque Estadual Serra do Rola Moça


Área Prioritária Especial
Espécies Ameaçadas Vulnerável
Índice Biológico Crítico
Área da Unidade 3.941,09ha
Índice Biofísico Especial
Categoria de Uso Proteção Integral
Índice de Distribuição 100%

Unidade Diretamente Afetada Área de Proteção Ambiental Sul – RMBH


Área Prioritária Especial
Espécies Ameaçadas Vulnerável
Índice Biológico Crítico
Área da Unidade 163.316,151473ha
Índice Biofísico Especial
Categoria de Uso Uso Sustentável
Índice de Distribuição 62,5%

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De acordo com o POA/2013, as unidades afetadas devem receber até 30% da
compensação ambiental apurada, o que no caso equivale a R$ 35.263,39.

Como a soma dos Índices de Distribuição obtidos pelas UCs afetadas é superior a 100%, o
mesmo POA recomenda a aplicação de uma regra de três simples para a obtenção do
percentual a ser destinado a cada unidade. Deste modo tem-se:

ID1 (100%) + ID2 (62,5%) = 162,5% (corresponde a 100% do valor destinado às unidades
afetadas, ou seja, R$ 35.263,39 ).

Para o qual:

Parque Estadual da Serra do Rola Moça APA Sul RMBH


(ID 100%) (ID 62,5%)

162,5% ----------- R$ 35.263,39 162,5% ----------- R$ 35.263,39


100% ----------- X 62,5 % ----------- Y

X = R$ 21.700,55 Y = R$ 13.562,84

3.3 Recomendação de Aplicação do Recurso

Desse modo, obedecendo a metodologia prevista, bem como as demais diretrizes do


POA/2013, este parecer faz a seguinte recomendação para a destinação dos recursos:

Valores e distribuição do recurso


Regularização fundiária (50%) R$ 58.772,33
Plano de manejo, bens e serviços (10%): R$ 11.754,46
Recurso destinado prevenção e combate a incêndios florestais (5%) R$ 5.877,23
Estudos para criação de UCs (5%): R$ 5.877,23
UC 1: PE Rola Moça R$ 21.700,55
UC 2: APA Sul RMBH R$ 13.562,84
Valor total da compensação: R$ 117.544,64

Os recursos deverão ser repassados ao IEF em até 04 parcelas, o que deve constar do
Termo de Compromisso a ser assinado entre o empreendedor e o órgão.

4 – CONTROLE PROCESSUAL

Trata-se o expediente de processo visando o cumprimento da condicionante de


compensação ambiental nº 6, requerida pela empresa VALE S.A., fixada na fase de Licença
de Operação em Caráter Corretivo, certificado LOC nº 143/2009, para a atividade de
Barragem de rejeito, visando, assim, compensar ambientalmente os impactos causados pelo
empreendimento/atividade em questão. A condicionante foi repetida no processo de
Revalidação PA Nº 00245/2004/046/2010, condicionante 7 (fls. 65).

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O processo encontra-se formalizado e instruído com a documentação solicitada no Ofício nº
260/2012/IEF/DIAP/GCA, fls. 85 a 90)

O valor de referência do empreendimento foi apresentado sob a forma de Planilha, vez que
o empreendimento foi implantado após 19/07/2000 (fls 100) e está devidamente assinada
por profissional legalmente habilitado, competente, acompanhada da anotação de
responsabilidade técnica - ART de seu elaborador, em conformidade com o Art. 11, §1º do
Decreto Estadual 45.175/2009 alterado pelo Decreto 45.629/2011:

§1º O valor de Referência do empreendimento deverá ser informado


por profissional legalmente habilitado e estará sujeito a revisão, por
parte do órgão competente, impondo-se ao profissional responsável
e ao empreendedor as sanções administrativas, civis e penais, nos
termos da Lei, pela falsidade da informação.

Assim, por ser o valor de referência um ato declaratório, a responsabilidade pela veracidade
do valor informado é do empreendedor, sob pena de, em caso de falsidade, submeter-se às
sanções civis, penais e administrativas, não apenas pela prática do crime de falsidade
ideológica, como também, pelo descumprimento da condicionante de natureza ambiental,
submetendo-se às sanções da Lei 9.605/98, Lei dos Crimes Ambientais.

Mister frisar que o empreendedor foi questionado pelo técnico quanto à data de implantação
do empreendimento, tendo em vista que o Parecer Único da SUPRAM apresentou data de
implantação diferente da declarada pela empresa, fato que influencia a forma de
apresentação do valor de referência do empreendimento (fls. 101). A VALE S.A. confirmou a
data de implantação como posterior a 2000 através do ofício GALMG BH/MG 061/2013 (fls.
103).

A sugestão de aplicação dos recursos financeiros a serem pagos pelo empreendedor a título
de compensação ambiental neste Parecer estão em conformidade com a legislação vigente,
bem com, com as diretrizes estabelecidas pelo Plano Operativo Anual – POA/2013.

Dessa forma, de acordo com as análises técnicas empreendidas e, conforme metodologia


constante no POA/2013, as unidades de conservação Parque Estadual do Rola Moça e APA
SUL RMBH encontram-se aptas para receber os recursos, pois cumprem os requisitos
POA/2013 e da Resolução CONAMA 371/2006, art. 11, §1º:

Art. 11 A entidade ou órgão gestor das unidades de conservação


selecionadas deverá apresentar plano de trabalho da aplicação dos
recursos para análise da câmara de compensação ambiental,
visando a sua implantação, atendida a ordem de prioridades
estabelecidas no art. 33 do Decreto nº 4.340, de 2002.

§ 1º Somente receberão recursos da compensação ambiental as


unidades de conservação inscritas no Cadastro Nacional de
Unidades de Conservação, ressalvada a destinação de recursos para
criação de novas unidades de conservação.

Isto posto, a destinação dos recursos sugerida pelos técnicos neste Parecer atende as
normas legais vigentes e as diretrizes do POA/2013, não restando óbices legais para que o
mesmo seja aprovado.

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5 - CONCLUSÃO

Considerando a análise e descrição técnicas empreendidas,

Considerando a inexistência de óbices jurídicos para a aplicação dos recursos provenientes


da compensação ambiental a ser paga pelo empreendedor, nos moldes detalhados neste
Parecer,

Infere-se que o presente processo encontra-se apto à análise e deliberação da Câmara de


Proteção à Biodiversidade e áreas protegidas do COPAM, nos termos do Art. 18, inc. IX do
Decreto Estadual 44.667/2007.

Ressalta-se, finalmente, que o cumprimento da compensação ambiental não exclui a


obrigação do empreendedor de atender às demais condicionantes definidas no âmbito do
processo de licenciamento ambiental.

Este é o parecer.

Smj.
Belo Horizonte, 10 de abril de 2013.

Aryane A. M. C. Rocha Antônio Leonardo da Silva


Analista ambiental Assistente Ambiental
CRBIo: 087652/04-D MASP: 1308027-0 CRC/MG 093710/0-2

Carla Adriana Amado da Silva Sabrina Rochelle Mariano Pereira


OAB-MG 122.660 OAB-MG 90.456

De acordo:

Samuel Andrade Neves Costa


Gerente da Compensação Ambiental
OAB/MG 117.572 MASP: 1.267.444-6

Patrick de Carvalho Timochenco


Coordenador da Gerência de Compensação Ambiental
MASP 1147866-6

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Tabela de Grau de Impacto - GI
Índices de Relevância Valoração Valoração Valoração

Ocorrência de espécies ameaçadas de extinção, raras, endêmicas, novas e


vulneráveis e/ou interferência em áreas de reprodução, de pousio ou
distúrbios de rotas migratórias 0,0750 0,0750 x
Introdução ou facilitação de espécies alóctones (invasoras) 0,0100 0,0100 x
Interferência /supressão de ecossistemas especialmente protegidos
vegetação, acarretando (Lei 14.309) 0,0500 0,0500 x
fragmentação outros biomas 0,0450
Interferência em cavernas, abrigos ou fenômenos cársticos e sítios
paleontológicos 0,0250
Interferência em unidades de conservação de proteção integral, sua zona
de amortecimento, observada a legislação aplicável. 0,1000 0,1000 x

Importância Biológica Especial


0,0500 0,0500 x
Interferência em áreas
prioritárias para a Importância Biológica Extrema
conservação, conforme 0,0450
‘Biodiversidade em Minas
Gerais – Um Atlas para sua Importância Biológica Muito Alta 0,0400
Conservação
Importância Biológica Alta
0,0350
Alteração da qualidade físico-química da água, do solo ou do ar 0,0250 0,0250 x
Rebaixamento ou soerguimento de aquíferos ou águas superficiais 0,0250 0,0250 x
Transformação ambiente lótico em lêntico 0,0450 0,0450 x
Interferência em paisagens notáveis 0,0300
Emissão de gases que contribuem efeito estufa 0,0250 0,0250 x
Aumento da erodibilidade do solo 0,0300 0,0300 x
Emissão de sons e ruídos residuais 0,0100 0,0100 x
Somatório Relevância 0,6650 0,4450
Indicadores Ambientais
Índice de temporalidade (vida útil do empreendimento)
Duração Imediata – 0 a 5 anos 0,0500
Duração Curta - > 5 a 10 anos 0,0650
Duração Média - >10 a 20 anos 0,0850
Duração Longa - >20 anos 0,1000 0,1000 x
Total Índice de Temporalidade 0,3000 0,1000
Índice de abrangência
Área de Interferência Direta do empreendimento 0,0300
Área de Interferência Indireta do empreendimento 0,0500 0,0500 x
Total Índice de Abrangência 0,0800 0,0500
Somatório FR+(FT+FA) 0,5950

Valor do grau do impacto a ser utilizado no cálculo da compensação


0,5000%
Valor de referencia do empreendimento R$ 23.508.927,15
Valor da compensação ambiental R$ 117.544,64

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ANEXO I

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ANEXO II

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