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{01 HCNOLOGICOS, TRABALHO E DINAMICA ESPACIAL Ionic € do boo coordenagde de marketing, come também sobre «tomers de cada pei Em compensogéo, o5 Fabrica fcom ‘apnos os tnsSes a.ectodas pelos problems da Hesibitdade bt, ela dvisde do Beislidade, segundo os cencriosvollados pore pode te vriade« gerida dilerentemene, de acordo com a compre bro a Benbiidade-wonedode @ Nexblidade-inovago 0 conjnio dees roblemos, am ava complesidede, que 9 geo do Jogi. em sonido omple, deve abronger. E 6 em toeno do solugéo deste blema que, a0 mesmo tempo, deve-se abserer: ‘une comunicayte ova #infansa pode se estobelecer entre os ferentes goes « ores 1 cena ogBo-proete pode se generaliay, porque, na nossa apinido, & @ Unica copor de govie o eombinagao de formas de exibidade «efi: ‘a glabol fem prodvidods) que doi pode resutor Zoran & peso w profesor da Escola de Engenharia ss/CERIES (Ecole Nationale de Pats e! Chavsses). seh 10 a FORDISMO E MODELO JAPONES: Helena Hirota Picts c eta ni tl cr ues asf Or Gomes como Progrema Bailie de Quolidode ePod.tvidode(PBQM) cou 0 Programa de Compatvidode Industrial (Pl) elaremae impli ov ex fllstamente 2 modelos nieracionois de orgonzogso nv A relerénca te modelo joponts,sobretud, sbeosare recover ros Sseusos documen- ton governomentois referents 9 uma nove poli nduaral« fcrogica oso objeve neste tevo & present algunos caraerishos do modelo ions de ergorizogio do wobalho indurril he, Feqsenamentcons dar do como aenaina G3 Farodgms Torso, pore avai, am segide, quai os implcabes posseis deste modelo no coro broileve. AS espacedodes om termos de evade de robo « emprego (orp coningente de despre godos subempregadas, omplo str informal escossequaiiagto forma da tmGo-de-cba, ee podem se ontaposas 6 corecrcsfponesos qv, a ‘ono er, parma ol hoje © deservolvimerto de um mode japon de rganizegéo do robalho do empresa, de vlagbes industri « ce relies inerempreis (nite foraecedoras cts) Neto ids cenol de que ocompetivisod indus doponde eat mente da quldode dos rlogSe secs no empresa eda qualidode do Hobo Tho nor empresas. Ora, ro Bros 6 o moment preacepago em rma do ‘moderioqio parece refltir muito mais uma preecupogeo de moderizog00 teenldgica do que de moderizagbo dos relogbs de voboho © medel japonts *frdismo brio” ou nove paracdgina de orgorizoz5o industrial? © inegavel sucesso ecandmico do Jape nos dtimos anos te fenado ‘ext poisalve de debotes«polémicos da grande akaidode. Froqdentemente © ‘opie 6 opreseiods como um modelo #9" iitado, por empress © esa- dstos, ue rexsaiom os quaidodes dos produtos japaneses © 0 desompenho © ‘0 produtvidade do suns indisies, Mos outros runs, sbretudo no rea Of0- ‘mien, thm ressaltado as conladigbese os Frogiidodes dese modelo PADROES TECNOLOGICOS, TRABALHO E DINAMICA ESPACIAL A empresa japoneso tem sido apontade, na discussdo sobre 0 emergéncia lc unr novo paradigma de organizagéo e desenvolvimento industriais, como a {.jura emblemética da especializagéo flexivel e de uma organizagéo nao-toylo- uot nao-fordista do trabalho. Alguns autores identificany, no Japdo, 08 ragos vistitutives deste novo paradigma (Piore e Sabel, 1984); outros voem na orga- 190 da empresa japonesa apenas um “fordismo hibrido” (Boyer, }9B9b: 14), uma variante do taylorisme, demonstrando que existe uma continvidade ‘egavel entre 0 modelo japonés e 0 paradigma fordista (Dohse, Jurgens Mals- «h, 1984); Wood, S. 8/d) © debote sobre a caracterizagao do modelo japonés em relagéo ao mode. ordista esté em plena evolugéo, acompanhando desenvolvimento dos pes- juisas académicas sobre 0 Japéo. © préprio Boyer deixou de usar, recente- inte, (cf. Boyer, R., 1991:2-7; 17 @ sq.) @ expressao “fordismo hibrido", declo- sundo que “é medida que se desenvolveram pesquisas mais precisos, vé-se que os encadeamentos verificados na economia japonesa no curso dos dois Ultimos dlocénios estavam em rupture com relago & Iégica do fordismo e ao modo de ‘equlagao monopolista verificados nos Estados Unidos e num certo numero de paises europeus, entre os quais a Franca’ (op. cit., 1991:2). Boyer conclvi dai jue “o toyotismo constitu um modo de desenvolvimento Juas configuragées da producéo e do consumo de masse” (op. ci i Contribuindo para 0 debate, apresentamos nosso ponto de vista sobre 0 snodelo japonés, abordando os seguintes pontos: 1) caracterizagio do modelo, snalisondo em particular a forma de organizagao do trabalho no modelo japo- hos, 2) precondigées que tornam esse modelo eficaz no contexte japonés; 3) Jiguns elementos comparativos do modelo japonés em relagdo a0 fordismo 1. Caracterizagdo do modelo | 1 O modelo japonés de erganizagéo do trabalho e da empresa + snnutelis japenés de orgunizagdo consiste, segundo uma parte de seus Jitu quarcorte nimero de técnicas e métodos de organizagao do trabalt, jh gosto lea produgao (ust in time, kanban, circulos de controle de qualida- FORDISMO F MODELO JAPONES, de, controle estotistico de processo, controle de quelidade total, etc). Erajuanto conjunto de métodos ¢ técnicas, 0 modelo seria facilmente transponivel, Este nivel de caracterizagao 6, evidentemente, insuficierre, embora um bom numero de apresentagées do modelo permaneca limitado apenas a ele (por exemplo, Schonberger, 1982; para uma opresentagéo enfetizando aspectos sécio-orga nizacionais, ver Reynaud, 1990) Esses métodos e técnicos sao, na realidade, praticados no contexto de uma atividade em grupo, que parece decisiva para a execugG0 do trabalho. Como 1208 “grupes semi-auténomos” de industria sueco, a responsabilidade pela exe. cugéo do trabalho é atvibuida ao grupo, endo a0 individuo. Esto caracteristica, praticamente ausente na organizagéo do trabalho industrial no Brasil, 6 bastan- te difundida no empresa japonesa e é provavelmente uma dos poucas coracte- risticas que se pode observar qualquer que sejo 0 tamanho (pequena, média ov grande empresa}, 0 tipo de processo industrial (produgéo discreto, continua ou semicontinua) e @ cotegoria da mao-de-obra empregada {masculina ov femini- 1a, temporéria ou estavel), embora os grupos de trabalho sejam mais frequen- tes nas industrias empregondo homens que mulheres, e mais frequentes nos sndostrias de processo continuo que nos de série. Esse funcionamento em grupos de trabolho ¢ facilitado pela quase inexis- ‘enaia, na indéstria japonesa, da organizagdo por posto de trabalho. Prevalece, Fimbeém, uma outra modalidade de diviso do tratalho, que néo a constituida | wabalhador/posto de trabalho: € a prética de uma polivaléncia generaliza- \,00, manutenggo, controle de qualidade e gestéo dos fluxos assegu- mesmo operério de produgéo) e de um rodizio bastante amplo de © operdrio “multifuncional” japonés, ver Coriat, 1991) 11a notével e conhecida em relagdo.ao modelo fordiste cléssico envolvimento do trabalhador no processo produtivo. No Japao, & 1ticipagéo dos trobalhadores nos otividades da empresa se do jivors, Primwiramente, hé uma participagéo macica dos trabalhadores vv tecnologica. O tipo de protica @ de relegées sociais na grande em \imeto de reunides, de trabalho em grupo, CCs, et) fa lat de pe tas (ol Usa d pres pponesa (gran srs rabvalhadores regulares participem nos processes dle Jagico, recebendo inforrracoes de todos os tipes (O0 idade formal ¢ forayasne pak Avimnonte tece 119817). mantondes un alto nivel de escol PADROES TECNOLOGICOS, TRABALHO F DINAMICA ESPACIAL sional sistematica dentro e fora da empresa, o que permite rentabihzar as infor magoes. Esso porticipagée ompla nos processos de desenvolwimento, sobretudo nas inovagées diferenciais (Hiratay e Zarifian, 1990; Fleiny, 1990), faz parte do cotidiane de trabalho industrial, no medida em que inlegram um proceso con- ino e ilimitado no tempo (Kaizen). KAIZEN Kaizen quer dizer melhorias, mudangas positives (kai = aralameru, kaeru mudar; zen = yoi, yokusury = bom, tornar bom). Ela significa a superagéo con- tinue do estado atual da técnica, da organizagio, dos conhecimentos, que séo percebidos como provisérios (Hirata, H.; Zarifian, Ph., 1990). A fabrica joponeso 6 "um canteiro de obras permanente”, como diz K. Sugita (1987). Para essa prética de aperfeigoamento constante, de eliminagéo de defeitos e folhas, de procura incessante de ume qualidade superior, que pode ser interpretada como integrante da trajetéria da inovagao tecnolégica no Jopao, o conhecimento glo- bal do proceso produtivo, dos objetivos estratégicos do empreso e do lugor que ela ocupe no sociedade e na economia como um todo ¢ indispensével ‘A democratizago das informagoes 6, nesse contexlo, ume precondigso pore « realizagdo do trabalho; donde a clivage entre engenheiros e operérios ndo poder se situar no terreno do informagdo ou no moropélio do saber. Também hi ‘uma participagéo maciga dos trabalhadores na praducéo da qualidade do pro- duto industrial. PRODUCAO DA QUALIDADE PELO COLETIVO DE BASE © padrao de tratamento da qualidade na empresa tem coracteristicas que parocem ndo ter sido afetadas pelas mudangas conjunturais recentes (intra): se \vlilizagao do pessoal em torno da qualidade pode sofrer modificagées e ser mowmentos de fluxo e refluxo em nivel de empresa, a diversidade dos rom para a estuturacéo desse padiGo, inclusive a politica go. slosenvolver a qualidade industrial J.C. de Toledo, 1987:11- tofurgando a produgdo da qualidade pelo coletivo de bose. FORDISMO E MODELO JAPONES Pode-se dizer que a qualidade industrial é, no JapGo, de algada de « individuo, sujeito do processo de trabalho na empreso japonesa. © Dey mento de Controle de Qualidade continua existindo, sendo uma instinci le especializagdo técnica maior e de atividades técnicas de controle; a0 m« tempo, & lugar de organizagéo de agées e de mobilizagéo do conjunto de 1 bathadores para a produgéo da qualidade. Tombém as praticas de controle de qualidade so permeadas pela ox} cio de uma pariilha de informagées & qual jd nos referimos (cf. supra). Av por exemplo, “nas empresas japonesas, o Iratamento dado és informas6r bre defeitos de qualidade ocorre no sentido de detalhar esses dados e repas los @ cada setor da produgéo e a cada posto de trabalho, enquanto nos {UA 00 contrério, 0 tratamento é realizado com o sentido de agregar e resumir dodos para serem repassades ds administragdes médias e superiores” (Tol S., 1982:110). Nossos estudos de caso no Jopéo permitiram melhor compreender a 0! do geréncia industrial no tratamento da qualidade. No caso de umo emp J setor da alimentagéo, foi estabelecido que o qualidade consistia no “julio jnonto" (handam) do produto pelas “pessoas que produzem’ (seisan suru hit «1 politica gerencial consistiria em checar o produto a cada etapa do proc © opetador (no caso @ operadora) tem a “responsabilidade pelo quali Finalmente, “o conjunto dos funcionérios deve fazer controle de qualili4 jyormn zentai ga seihin hinshitsu kanri o shinakya ikenai) duos coracteristicas - trabalho em grupo e os pratic«s | | que garantem o funcionamento do padrao japonés de or: habalho e de empresa. Elas 0 0 resultado de um proc: yronishmento e de envolvimento dos trabalhadores nos obj | 10-0, que permite a grande estabilidade de emprego, 0 valors'. Jo ponto de vista econdmico, as recompensas sali (cl. a caracterizagéo por B. Coriat, 1992 do “env! tia proprio ao modelo japonés de gestio da ma: to modelo do “envalvimento impesto ¢ controlade" inodelo do “envolvimento negociado” [Suécia, Alen 11092 21 22), Essas duas caracteristicas so, por sua ¥ tonne do relagées industriais. PAOROES TECNOLOGICOS, TRABALHO F DINAMICA ESPACIAL 1.2, © modelo japonés de relacdes industriais hate se, essencialmente, do sistema de emprego & de gestao de mao-de- “obro odotado pelas grandes empresas japonesas para os assolariados do sexo masculino, empregados regularmente. € constituido por: ¢ Emprego “vitalicio” - na realidade, um emprego muily esldvt ange prezo, que ocorre desde o segundo grav ov universidade, até aposentadoria, mas que, com aposentadoria aos 55 anos, deixa lugar & em empresas de menor um segundo emprego de menor remuneragé porte e presligio. O trabalhador & da empresa, € ndo de um posto de trabalho, com um cargo ao qual corresponde um salério. ¢ Promogéo por empo de service - embore tenha havido, gradual ov bru- talmente, a introducdo de eritérios de desempenho, o peso do tempo de servico ainda é determinante na grande empresa japoneso. + Sindicato de empresa - caracleriza um tipo particular de relagao capital- Frobelho' cristalizado, em nivel institucional, nos sindicatos de empresa {auséncia de organizagao forte intercategoria ov contederago de traba- Ihadores; eleiggo do estabelecimento como espaso privilegiado das pro- ticas sindicais). Esse tipo de relacées industriais 6 um modelo de exclusdo, pois néo se esten- «as mulheres nem aos trabolhadores de pequenas e médias empresas. E es tvestamente relacionado com 0 modelo de organizagGo do trabalho. Alguns cxumplos: 0 foto do trabalhador ser recrutado em grande parte de sua vida ohva pare kobalhar numa empresa, sem alocagao a um posto de trabalho ou um cargo preciso, permite uma gesléo em termos de polivaléncia e de rotagao éncias, pela formagao de tarefas; © emprego estével permite acumular exper snfinva no émbito de empresa, tanto on the job quanto em cursos e eslGgios Relingins pran conflantes, que tim mois a ver com o esmagamento do movimiento operate no vermotie” do por-querra do que com una “dociidade natural” do opersia. FORDISMO E MODELO IAPONES, Hib Tamben 0 fato do trabalhador née ser recrutado pora um posto 'erminado e a inexisténcia de um sistema de qualificagées coi Nie age com seus coeficientes, como no Franga, permitem o lloxivel da méo-de-obra. vemplo 6 a estruturagdo em sindicatos de empresa, que tém papel evante 10 desenvolvimento amplo das atividades de pequenos grupos, como ‘CQ, @ lornam possivel o tipo de compromelimento que coracteriza a rela- tos trabalhadores com a grande empresa japonesa? 1.3. O modelo japonés de relagées entre empresas Trata-se da organizagéo industrial interempresas boseada em intercdmbio ‘e hpo particular entre fornecedores (pequenos e médias empresos subcontro- Jas) e as grandes empresos clientes. E um modelo hierarquizador e dualista, onde © posigéo de subordinagio das primeiras és segundos ¢ institucionalizada pelo diferencial de salérios, por um estatuto de dependéncia e fidelidade em todos os niveis. Tais relagdes nGo sao unilateriais, na medida em que também ‘as grandes empresas clientes 1m praticas, em geral, de exclusividade com suas fornecedoras, e tecem relago de colaboragao tecnolégica, de programas de formagéo, etc., que permitem exigir em conformidede com os crtérios de qua- lidade e com as préticas de gestao da produgdo em vigor na empresa motriz. Deve-se solientar que as préticas de subcontratagéo sd0 complexas, po: ‘ave néo hé apenos um Unico modelo, as relagées podem ir desde ume pro ximidade muito estreita a relades bastante mais ténves (para uma apresento. Go do andlise feito pelos economistas joponeses de tal relagéo de subcontiato 0, cl. B. Coriat, 1991). Assim, por exemplo, no caso de uma industria Fesquisada no selor aliner ticio do Jopéo, havia desde fornecedores de insumos ou embalagens com rela Ses com o cliente mais préximas daquelas mantidas entre empresas ociden fois, até subcontratadas fobricando um dos principais produlos «ka empresa Embora nos ulumos quae @ ance anos alguns wdicios do s4ptutus Heste niet sndustviois enhar side constatadoe (ver enirvsta com Kamota, 1991}, nda se pode dizer que he, Thoje ume mudance global ne padree de relacbes induninass aera apresenad. numa unidade industrial no outro extremo do po sos do prépria empresa cliente, e uiilizando suas rece 15 construida com recur- do fabricagéo. A partir do relato da geréncia de um grupo industrial japonés do ramo metalirgico sobre os diferentes fipos de relagées interempresas por ele praticados, pode-se deduzir que existem pelo menos quatro: '* kogaisha (empresa filial); Iyoryoku gaisha (empresa cooperadora); kankei gaisha (empresa relacionada, com a qual se tem relagdes; empresa coligada); ® shitouke gaisha (empreso subcontratada). Os fornecedores gorantem de insumos, componentes e embolagens a pro- dutos finais ov mao-de-obra temporéria. Embora 0 grau de proximidade posso variar, em geral as grandes empresas mantém com os fornecedores tipos de coloboragéo que podem chegar, como no caso dos shitauke gaisha, o uma relagdo de dependéncia e fidelidade, de subordinagée hierdrquica (diferencial significativo de salérios e de qualilicacéo entre os assaloriados da empresa- matriz e da empresa subcontratade, sobretudo nos cosos de empreiteiras de méo-de-obra temporéria) e, eventualmente, de colaboragéo tecnolégica sus- entada por programas de formagéo fornecidos pela empresa-cliente, como no caso das firmos fornecedoras de componentes, pegas, etc Essa relagéo de subcontratagéo tem incidéncie direte sobre a qualidade indusirial e impée, na prética, uma conformidade absoluta, por porte do sub- contratada, aos critérios de qualidode da empreso-cliente, o que elimina toda necessidade de, por exemplo, checar pecos e componentes no momento da wcepgGo, 0 que néo acontece com firmas brasileiras que ensaiom o justin time extern (ver Salerno, M., 190). 2. Fatores contextuais presentes na experiéncio japonesa Assim como. o modelo de relagies industriis, o organizagéo dualista 6 es ‘ooviamente ular rekacionada com ¢ modelo de organizagdo da produgéo, pois 0s otheo justin time externo e © kanban séo proticamente irrealizéveis sor FORDISMO E MODELO JAPONES essa relagao de subcontratagéo, tipico da estrutura produtiva japoneso. 2.1. © contexto sécio-econémico: modelo de desenvolvimento @ mudangas recentes da economia japoneso A espantoso recuperagéo econémica do Japéo apés a Segundo Guerra ‘Mundial foi reforcada entre 1960 ¢ 1973, periodo de crescimento rdpido « sustentado, conhecido como kodo seicho ki. Neste periodo, assistiu-se a um crescimento sustentado da demanda interna, acompanhado de fortes ganhos de produtividade (H. Nadel, 1991:4). Pode-se dizer que o modelo japonés de relagdes industriais e de organizagdo da empresa, como o conhecemos hoje, # construido progressivamente nesta época, cristalizando-se com 0 controle dia inflagdo apés a crise do petréleo, em meados dos anos 70. Assiste-se ao {in dos dltimos conflitos de trabalho e & consolidacéo do sindicato de empresa, 00 crescimento voltado para o exterior, a0 declinio de indistric pesada e 4 expan s00 do setor de servigos (H. Nodel, id. ib. A partir de meados de 1980, iniciou-se um novo boom econémico prolon judo, que provocou mudangas significativas no modelo japonés, tal como ito na parte 1. Em 1989, 0 Jopdo conhecey as toxas de crescimento mais Jevadas do mundo industrial: 5% (Le Monde, 28/2/1990). Emibora os enfoques econémicos do sucesso japonés tenham enfatizado os uspectos tecnolégicos e os mecanismos de ordem econémico-financeira, acre Ionia sar necessério salientar alguns condicionantes de tipo social, sobretudo \ntivos 08 praticas de trabalho. MUDANGAS RECENTES NO MODELO JAPONES DE RELAGOES INDUSTRIAIS E DE ORGANIZAGAO DA EMPRESA su expansdo econémica prolongada introduziv falhas no model, « .dos homens, trabolhando em cardter ‘egula Hlotaeany iiclusive os assala ‘i yrandes empresas: um certo numero de empresas comesou 0 p ade enon 1 “ do, on meio de Carreira, de assalariades orivide Fwaponder as necessidades de diversificagdo das alivicite vile exporsdncias j@ acumuladas em outras firmas most PADROES TECNOLOGICOS, TRABALHO E DINAMICA ESPACIAL interessantes, se ndo necessérias. ‘A diversificagao industrial 6 uma tendéncia +0 de grupos industriais de diferentes ramos. Um balango oficial de siderurgia japonesa, por exemplo, considera que “numerosos qrupos japoneses do ramo -agdo em direcao a novos negdcios, fora te de um grande numero siderurgico procedem a ume diversi da produgae e distribuigée atval de ferro e de ago, conducinde ts ulividades de pesquisa e desenvolvimento nesta dtica. Entre esses novos negécios existem novos materiais de base metélica, o cerdmica, a eletrénica, a informatica, 0 comynicacéo, a biotecnologia e mesmo o urbanismo, a educacdo, a sade e 0 welfare” (Ando, T., 1988:236). “€ dificil formar alguém numa usina sidertirgica pora trabalhar em seguida numa fébrica de cerémica”, declarou-nos, numa entrevista, o Sr. Kashibuchi, do The Iron and Stee! Institute of Japan, de Tokyo, em dezembro de 1989. Com essa tendéncia ao recrutamento em meio de carreira, o emprego dito “vitali- cio", na realidade muito estével e a muito longo prazo, é abalado. ‘Ao mesmo tempo, esia conjuntura econémica modifica, de modo espe- tacular, 0 perfil do mercado de trabalho. A atividade feminina aumenta no- tavelmente, sobretudo as assalariades em tempo parcial. Pela primeira vez no histéria da industriolizagao japonesa recorre-se ao trabalho ilegal de estrangeiros NOVAS TENDENCIAS DO EMPREGO FEMINIMO Em primeiro lugar, no que diz respeito ao trabalho das mulheres, a expan 10 do emprego feminino, sobretudo em tempo parcial, foi bastanle significati- “1 entre: 1983 € 1987 0 némero de assalariados em tempo parcal, dos dois «105, aumentou em 40% (contro 4,7% dos empregados em regime integral). © snero de mulheres assalariadas em tempo parcial oumentou em 38,2% no 110 periodo, @ representa hoje um tergo do conjunto dos mulheres assalari vlos (Osawa, M., 1989:96}. Elas estéo no comércio, nos servigos & nos 10906 Lepelitivos eriados pela aulomacdo. Ao mesmo tempo, assiste-se «i Hitamento do um certo ndmero de mulheres universitarias para acu | \wailos nas indUstias eletrénicas e de informética, em oben! »cetor de pesquisa & desenvolvimento. FORDISMO E MODELO JAPONES Ume mudanga importante om relagéo @ sityagdo encantrada em uma pes quiso que realizamos em 1982 (¢. Hirata, H., 1983): 0 recrulamento de mulhe: res universilérias era, j6 nequela época, um fato corrente, em razdo do nivel escolar mut elevado do populagdo trabathadora, Mrs elas eram contratadas como se fossem diplomadas em segundo grav (e pagos como se tivessem 50 mente esse nivel de escoloridade}, para trabalhos considerados pouco qualii- cados. Hoje, um certo numero de mulheres universitirias 6 recrutado no nivel universitirio para exercer oficios qualificados, @ isto representa uma grande diferenca. A lei sobre a igualdade profissional, votada apenas em 1987 {na Suécia, por exemplo, a lei foi aprovada jd em 1980), parece ter alguma influén- Gia sobre 0 comportamento atual das empresas, mas @ raz60 determinante é, sem divido, a escossez do méo-de-obra masculina mais qualificada, em face da gran de demands por parte das empresas. (© EMPREGO DOS ESTRANGEIROS - OS DEKASEGUI © trabalho dos estrangeiros esté em crescimento hé cinco ov seis anos © scorupa © governo japonés, no medida em que é eminentemente ilegal (0 trabalho autorizado aos estrangeiros est6 relacionado ao ensino de jas 0 & cozinha estrangeira). Solugdo ad hoc para fazer frente a falta de \» de-obra néo-qualificada e semiqualificada de origem japoneso, 0 tra- Joie ilegal no setor de construgée civil, na industria © nos servicos ¢ feito inte pelos ositicos, oriundos das Filipinos, do Paquistéo, de Ban Chino, da Coréia do Sul ¢ da Toiléndia - mas também de paises eru, a Argentina e 0 Brasil, que fornecem o trabalho dos nissei e do» + equnda e terceira geragoes de imigrantes japoneses, pression be econémica brasileira e tentando uma nova imigragao) A ty Jida pelos nisseis era estimada em torno de 200 000) c 1 pesquisa no Japao (1990), mas esta cilia eshy pr wevelinonty ndo nenhuma estatistica confeivel para peronstes, enfoanmacs, enyprogidas doandabe , aperaras, et hiv orcad trabalbe mete homaginee, que sere nana dys eat PADROES TECNOLOGICOS, TRABALHO € DINAMICA ESPACIAL teristics do Japéo, é, por isso, alenuads, e falo-se, pela primeira vez, em uma “internacionalizagéo” do mercado de trabalho, expresso usada pelo Sr. Hiro- ta, do Japan Institute of Labor de Téquio, e evisla sobre as mudangas recentes no modelo de relacées industriais japonesas (dezembro de 1989). MUDANGAS NO MODELO DE ORGANIZAGAO DA EMPRESA E DE RELAGOES INTEREMPRESAS - © JUST IN TIME Este modelo baseia-se no uso de uma mao-de-obra extremamente po- livalente e bem formada, tanto em nivel da educagao escolar bésica quanto da formagao profissional on the job, e em uma experiéncia prolongada no local de trabalho, sobretudo com cooperacio e comunicagac entre os cole- gas do equipe. Aentrado macica de estrangeiros no interior da empresa joponesa, com pou- ca ou nenhuma formagéo profissional prévia e sem os hdbitos de trabclho dos operdrios joponeses - como a entrada de 600 operdrios nisseis brosileiros nas linhas de montagem da Isuzu, sexlo montadora de automéveis do Japao - néo pode deixar de perturbar © modelo japonés de organizagie do trabalho, sustenta- do pela concepgio de just in time (produzir as coisas necessérios no quantidade cexigida © no momento certo) Ito impée o estabelecimento de requisites para o méo-de-obra empregada, sobretudo a nivel de comprometimento, 0 que quer dizer, entre outros itens, estabilidade. ‘Ora, as empresas que uilizam dekasegui mencionom o fato de que estes praticam o tum over voluntério, possando com relative facilidade de uma empresa para outro, em fungao de ofertas salariais mais interessantes. Esso rotatividade voluntaria seria uma das roz6es pelas quais o just in time conheceria, hoje, Miculdades de execugéo ne proprio Jopso, justamente no momento em que cnypresas ocidentais tentam transpé-lo ¢ adoté-lo na sua gestao da produsao. Hum qrupo industrial do ramo metalirgico estudado no segundo semestre de dificuldades foram apontadas como decorrentes da interagdo mats empresas fornecedoras e cliente, provocando estrangylamentos 0 no" ~ lermo em uso no Brasil, na medica ery que 1 1990, « “ext sows pst in fi Justin fime & interno ( empresa) @ externo (implicando rela ves) FORDISMO E MODELO JAPONES: As dificuldades seriam do seguinte on * falta de mao-de-obra em relagdo 4 quantidade de encomendas, ao. sando @ produgao (na empresa e provavelmente também nas subec todas, tornecedoras de componentes}; subcontra @ falta de motérias-primas & pegus purus fabricuyae dos produlos ence mendados (na empresa e provavelmente também nas fornecedoras); * a situagao das estradas, com problemas constantes de engarramento, * 0 questéo da polvigdo (kogai). Hé criticas ao desperdicio, que consiste em “transportar varias vezes por dia pegos para um sé cliente, pois heé empresas que pedem ao fornecedor para se deslocar quatro ou cinco vezes a0 dia” (entrevista com o responsével por um estabelecimento do grupo industrial metalirgico estudado). A sociedade civil critica, hoje, as empresas industriais pelos problemas ambientais que provocam, ¢ pede regulamentagio, limitagées ¢ proibicées. 2.2. Macrocondicionantes sécio-politicos e inslitucionais presentes na experiéncia japonesa Diwersos mecanismos sécio-polificos e institucionais originais, bastante di- ox daqueles observéveis no Brasil, estéo presentes no coso japonés. + | utura sindical - © sindicolismo de empresa e a participagio ample Jlonaidos em préticas cuja iniciotiva é da empresa, sem oposigdo sindi- 1 lion. mobilizagdo das capacidades e qualificagées dos opersrios pare vvolumento da competitividade industrial. ‘wwii da qualidade e da competitividade dos produtos japaneses fo: 10 do combatividade operdria € ao fim das gieves © ente dec jue marcaram © Japao nos anos pés-guerra, sobretide 1960. Esses ' tnos lambém de forma intermitente cté meados de fp operanos qrewstas demitidos das empress shial fabricante de vidro aco (embalag 1965. Alé entao, em wns ropramictos, fe nn qeupie ine ens Jumames ao Japae, a ultima datava de PADROFS TECNOLOGICOS, TRABALHO E DINAMICA ESPACIAL presa enfrentava um problema de baixa produtividade crénica. Esso greve, co- nhecide como “greve de 100 dias”, terminou com um grande nimero de de- missées e com a formagéo de um sindicato de empresa, em 1966, contra o sindicato anteriormente hegeménico (0 Sohyo}, hoje congregando um punhado, de militantes sindicais, marginalizados na empresa. E importante notar que © sindicalismo de empresa e 6 "harmonia” capital-trabalho nao sao caracteristi- cos atemporais, @ sim bem delimitadas no tempo. Todos os assaloriados de produgdo ¢ de escritirio so sindicalizados, ¢ 05 mensolidades so subtraidas da folha de pagamento. A partir do momento em que fazem parte da hierarquia gerencial, no seu nivel mais baixo: (chefe de seco, kacho), sé0 obrigados @ deixar o sindicalo, que & considerado por al- guns como instancia formadora, ao menos em parle, desses chefes. © Escolaridade - O nivel médio de formagao escolar, profissional e técnica é elevodo, facilitando a participagéo dos trabalhadores nos direfentes progromos de qualidade e nos projetos de inovacées tecnolégicas incrementais ¢ radicais, Aliés, embora 0 modelo japonés seja muitas vezes identificado com alto nivel de ‘automatizagéo de base microeletrénica, ele néo parece ser superior, com critérios comporéveis de classificagéo de robés, por exemplo, ao nivel atingido em certos paises europeus. Assim, 0 que parece ser especifico do caso japonés sdo princi- palmente os condigées sécio-organizacionais nas quais se desenrola © projeto detalhado, a implantogao, viabilizagio dos processos automatizados, etc. ‘¢ Emprego - © modelo japonés vigora no contexio de uma baixa toxa de desemprego, em torno de 2%, Deve-se, entretanto, mencionar que hé uma presséo social no sentido do afastamento das mulheres do mercado de trabo- iho, apds © casamento; estas passam a configurar a categoria de inativas, n6o engrossando @ faixa dos desempregados. # Fomilia e divisao do trabalho entre homens e mulheres - Ha, no Japao, uma Nivel especificidade das estruturas familiares ¢ da diviséo sexval do trabalho 1 esfera damostica e profissional. © grupo e a empresa prevalecem sobre © Je uma hierarquizagao rigido das relagdes entre velhos ¢ jovers enti 1 sia: e riutheres, na familia @ na sociedade. # Democracio salarial - Finalmente, é necessério mencionar macrocondici ‘nantes relatives a uma maior democracia salarial ¢ maior igualdade de condi- Bes de vido entre a populagdo japonesa: os indices de concentragio de renda sao 0s mais baixos do mundo, @ os diferenciais de salario so extromamente pequenos. O leque salarial numa empresa 6 bastante estreito, da ovdem de cinco vezes entre 0 salério de uma operdria nao qualificada em inicio 1a e 0 diretor de fabrica. As condig6es de transporte e moradia também sao relativomente homogéneas entre as diferentes categorias de assalariados Essa menor desigualdade solorial e social certamente facilita a utilizagao de métodos gerenciais (controle de quatidade total, ciréulos de controle de qua dade, sistema participativo de maneira geral, trabalho em grupo, etc.), que se apdiom na confianga mitua € na cooperagio entre diferentes escaloes hierdr wicos, ao invés de terem como base a diferenca e 0 conflito, como no padréo getencial taylorista-fordista. Concluséo © modelo japonés de organizacéo do trabalho industrial boseia-se num lolo de relagies industriais (sistema de emprego} e num modelo de relacdes ook empresas fornecedoras (subcontratadas) e empresas clientes, que possi- 111 praticas como o justin time externo ou 0 controle de qualidade total. hago de ser apenas uma soma de métodos e técnicas, ele se baseia num de telagées sociais de trabalho onde hé porticipagéo coletive na ino- fa Hesolugao de problemas e na gestéo da producéo, e ‘onde o processo jicdutve @ baseado no trabalho em grupo. Embora se mencionem, em refe- an modelo japonés, mais freqdentemente as técnicas como o justin time Lunhon «© o CCQ, elas s60, a nosso ver, indissociéveis do tipo de relagses sna empresa joponesa. 10 inicial era: 6 modelo japonés expressa um novo paradigme de Jonuyagdes ou nde passa de um modelo "fordista hibrido”? Poderiamos set tente secjinda alternativa, se 0 critério de avaliagso for o tipo de produ , «lipo de objetivo (racionalizagao da produgdo, inclusive pelo trabalho}. Isto porque o modelo japonés permite um aumento da produtividade industiais, baseado numa su PADROES TECNOLOGICOS, TRABALHO £ DINAMICA ESPACIAL pressdo de elementos supéifiues; © loyotismo, baseade nu idéia de supressio de tudo o que é supérfivo ou “inutil” (muda, em japond tem como consequénca a supressdo das porosidades na jornada de trabalho e uma intensificagéo do traba- iho que nade fica o dever aos mélodos loylorstas-fordistus de oxanizagao. Entretanto, se elegermos como critério basico o tipo de relacées sociais (0 trabalho realizado em grupo, sem especializagdo pronunciada das tarefas, a participago nas inovagées € na gestao do produgao}, estaremos longe da con- figuragéo toylorista ¢ fordista, baseada numa linha hierdrquica rigida ¢ numa relagao do tipo “um posto de trabalho/um trabalhacor”. Aandlise da originalidade japonesa efetuada por R. Boyer (cf. esquema in H, Nadel, 1991:21) 6 interessante, pois mostra como os objetivos de Henry Ford so realizados, néo pelo fordismo, historicamente constituido e plenamen- te desenvolvido nos Estados Unidos, mas pelo modelo japonés. Assim, o modo paternalista de integragdo almejado por Ford seria realizado apenas pelas gran- des empresas japonesas, e ndo pela interacéo entre sindicato, empresa e Esta- do do modelo americano. A busca de cooperacée de Ford encontraria eco apenas no comprometimento do assalariado japonés com a empresa, e de maneira alguma no modelo de conflito entre trabalhadores © geréncio que caracteriza as relagées industriais nos Estados Unidos. © acorde proprio a cada empresa & caractetistica do modelo japonés, mois do que das convenées colelivas padronizadas dos Estados Unidos. O salivio correspondente & lealdade para com a empresa pode ser encontrado fais na combinagéo entre as negociagées centralizcedas no “ofensiva de prima- vera” e na légica de competitividade das grandes empresas do que na negoci 4,40 solarial entre patronato e sindicato opés greves e conflitos, que coracteri- 14 lnugéo do salério no padrdo americano. © ideal fordista de uma grande estabilidade da mo-de-obra é realizado ‘ars pelas empresas japonesos do que pelas americanos, onde a rotatividecte + com raras excegdes (Ford, GM), predominante. © salério indexado aos pre: + sc anteripagas dos ganhos de produtividade do sistema americano & mars \tonte do ideal fordista de partilha dos lucros como complemento a um sali fo tien vio que o sistema japonds de “bonus”. A disciplinarizagae aufontine le Joie sla eda familia operdria pela empresa encontra mas. ec nr out hy pioqotnear pela empresa japonesa sobre @ sociedkule ta OE _ FORDISMO £ MODELO Japon american way of life do consumidor estadunider Boyer, apud H. Nadel, 1991:21) recut Essas comparagées mostram que fismo se re era oe son ts a {1% projeto fords, isto &, de Henry Ford, sé pode ny sneer ec om ruptura com 0 fordismo coneretizado no modelo americans, de pr consumo - ruptura esta realizado no Japéo. Por nossa parte, tenderiamos a dizer que o conjunto das caracterisicas apontadas da relagéo solarial em vigor no Japdo tem precondigoes precisas Para sua realizagéo, sobretudo a selegdo e a exclusdo sistematicas (cf Hirato, H.; Zarifian, Ph., 1990), que se assentam em parte na dualidade entre grandes ‘empresas clientes e pequenas e médias empresos fornecedoras e subcontrata- las. © emprego dito vitalicio beneficia menos do metade da méo-de-obra noneso, isto é, apenas os assalariados homens, com estatuto de trabelhado- wlares nas grandes empresas. A entrada nesse sistema de emprego ests: | das grandes empresas 6, por si, altamente seletiva e excludente, pois & inti vinente Figada & selegéo escolar (os melhores alunos 8m as melhores oportu- 1: de emprego). A divisdo sexual do trabalho doméstico e assolariado, tal « verifica no JapGo, também é precondigéo essencial pora a estrutura- sa empresa integrada e “consensual”, altamente competitiva, corres. Pi € assim por diante (ef. R ‘odo produgio ¢ pondente ao projeto fordista. nos igualmente necessério salientor ovtra caracteristca social que pica, win parte, © sucesso da economia japonesa: trate-se das préticas de ‘jnalho na empresa, que nem sempre correspondem 6 legislagée do trabalho vularmente, a pratica em relacéo ao tempo Ye trobalhadas. A prdtica genera imeniar de férias (sete dios onvais a coda novo Por ayor Mencionamos aqui, partic Jo tiabalho a questo das horas efetivament |i de uso apenas parcial do tempo regula : ano na empresa, um dia suplementor de férias a cae Powe na empresa, até completor vile dias anvaisl 0 /e0i0s%° pre declaradas @ ramunerad ras extras; horas tabathadas entre o Ps )00 horas por ano, mas, NA nsiderados: f pane la name : no hi jos com opulagde trabalhadora idade, considera eal O excesso de traba- no causador de mor to fatowas que dever s ee adhe re vere ados ane citer, 0 JOP, ___PADROES TECNOLOGICOS, TRABALHO F DINAMIC te, € 0 karoshi (morte por excesso de trabalho) foi considerado doenga profissi- onal passive! de indenizacdo, caso demonstrada a relagao entre excesso de trabalho e morte. © acidente cardiaco ou cerebral provocado por excesso de trabalho foi © motivo alegado em 1.900 pedidos de indenizagoo das familias de vitimas entre 1987 ¢ 1990. Apenas 80 casos foram aceitos, por dificuldade, segundo os organismos prévidencidrios, de estabelecer um nexo causal entre excesso de trabalho e morte (Momura, K., 1991) Pode-se concluir, assim, que ndo so apenas as inovagées tecnolégicas ‘organizacionais que tornam iniguoléveis a produtividade e a competitividade da inddstria japonesa, mas o tipo de relacées sociais, de trabalho profissional na empresa e de trabalho doméstico e familior na sociedade. Esso diviséo do trabalho social entre homens e mulheres na sociedade permite aos homens uma atengéo exclusive ao trabalho profissional, cabendo inteiramente ds mu- Iheres a educagéo dos filhos e os cuidados domésticos, além de uma notavel e generalizade descontinuidade na vida profissional. Acreditamos que as ligdes que 0 caso japonés pode oferecer para o desen- volvimento industrial brasileiro ou de qualquer outro pais devem salientor este quadro social, que ndo sé explica como torna possiveis as préticas empresariais japonesas. 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