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As Influencia das manchas solares sobre o homem

“AS MANCHAS SOLARES IMPÕEM CORTE RADIOFÔNICO”, declarava a


manchete no Times de Nova Iorque. A notícia que se seguia afirmava:
“Um corte mundial de comunicações provocado pelas manchas
solares cortou ontem os Estados Unidos da maioria das áreas na
Europa e no Extremo Oriente. Os encarregados das comunicações
descreveram os distúrbios atmosféricos como sendo ‘os piores que
temos tido nos anos recentes’.”
Talvez tenha visto notícias similares de vez em quando, falando das interrupções
das comunicações radiofônicas internacionais. Os sinais de ondas curtas de rádio
se tornam tão fracos que não podem ser transmitidos de forma eficaz. Tais
distúrbios, e outros, são o resultado direto das manchas solares.
As manchas solares são intensas tempestades na face do sol. Causam erupções
que lançam gigantescas massas de matéria bem longe no espaço. Mas, o que
provoca as manchas solares? Que aparência têm? O que produzem? Que efeitos
têm sobre o lar do homem, a terra?
Para encontrar as respostas a estas perguntas, precisamos primeiro examinar
mais de perto o ponto de sua origem, o sol.
O Sol
O sol é uma resplandecente bola de gases quentes. É uma estrela de tamanho
médio que tem um diâmetro de cerca de 1.400.000 quilômetros, mais de 100 vezes
que o da terra. O sol, estando localizado a cerca de 152.000.000 de quilômetros de
distância, um foguete que viaje a pouco mais de 40.000 quilômetros por hora levará
cerca de 155 dias para atingi-lo, partindo da terra. Todavia, o sol se acha
relativamente próximo, pois a seguinte estrela mais próxima, chamada “Próxima
Centauri” acha-se tão distante que o mesmo foguete levaria quase 115.000 anos
para chegar até lá!
O sol é a principal fonte de energia da terra. E a quantidade que produz é
fantástica! Pode ser comparada a um fluxo de cerca de 84.000 cavalos-vapor
continuamente para cada metro quadrado de sua superfície. A energia que vem em
direção da terra em apenas um dia, diz-se, iguala a energia que poderia ser
produzida por se queimar 550 bilhões de toneladas de carvão. Esse é tanto carvão
quanto os Estados-Unidos ou a Rússia produziriam em cerca de 1.000 anos,
segundo sua presente taxa de produção.
O único processo até agora conhecido pelo homem que pode gerar tão tremenda
energia é a fusão nuclear. Assim, realmente, o sol é uma imensa fornalha atômica.
Produz a energia por fundir os átomos de hidrogênio, o elemento mais leve
conhecido, em hélio, o elemento mais leve logo em seguida. Quando quatro átomos
de hidrogênio se unem, ou se fundem, constituem um átomo de hélio. Mas, no
processo, cerca de 1 por cento do hidrogênio se transforma em calor e em luz. É
algo parecido a se meter à força uma cavilha quadrada em um buraco redondo —
alguns de seus cantos são aparados.
Calcula-se que, a cada segundo, mais de 500 trilhões de toneladas de hidrogênio
são fundidas dessa forma. E, diz-se que, de cada quilo de hidrogênio “queimado”,
são liberadas 200.000.000 kilowatts-hora. Todavia, não há perigo do reator atômico
do sol se esgotar em breve, visto que usa apenas a menor fração do seu total.
Esta reação nuclear dentro do sol produz temperaturas calculadas como sendo
até de 20.000.000° Centígrados. Por meio de radiação, esta energia flui para fora
da superfície do sol, onde a temperatura “esfria-se” a cerca de 6.000° C. E, se achar
que isto deve ser um tanto frio, lembre-se que se é preciso apenas 100° C. para
ferver água na terra ao nível do mar!
Neste processo, rodopiantes colunas de gases saem do interior do sol e abrem
caminho para a superfície, onde a pressão é menor. Este processo resulta no
nascimento de manchas solares.
As Manchas Solares
Se pudesse ver uma mancha solar por meio dum telescópio especial, veria uma
mancha escura na superfície do sol. Mas, só parece escura porque não é tão
brilhante nem tão quente como a superfície normal do sol, sendo cerca de 2.000° C.
“mais fria”. Este “resfriamento” é produzido pela expansão dos gases que
constituem a mancha solar. Assim, parece escura somente em contraste com as
cercanias muito mais quentes.
Uma mancha solar normal parece uma área central escura (chamada de
“umbra”) cercada por uma área de sombra mais leve (chamada “penumbra”.)
Parece-se muito com uma cavidade na superfície do sol. Partindo de pequeno início,
o tamanho da área escura varia de poucas centenas de quilômetros em diâmetro
nas manchas menores até cerca de 130.000 quilômetros ou mais de diâmetro na
maior delas. E o tamanho de uma área mais clara é mais ou menos o dobro ou o
triplo da área escura. A vida média de uma mancha solar é de uma ou duas
semanas.
Talvez a melhor forma de se descrever as manchas solares seja assemelhá-las
a tempestades que experimentamos na atmosfera de nosso lar, a terra. Assim como
um furacão ou um tornado é uma massa rodopiante de nuvens, uma mancha solar,
ou tempestade solar, é uma massa de gases rodopiantes e turbulentos carregados
de eletricidade.
Os estudos relacionados ao número de manchas solares que apareceram no
decorrer dos anos indicam que têm um ciclo de cerca de onze anos. Neste respeito,
1964 e 1965 foram designados anos do “sol calmo”, períodos de pouca atividade de
manchas solares. Espera-se, contudo, que a atividade das manchas solares atinja
um auge por volta de 1970. No entanto, outros, que usam o campo magnético do
sol e suas variações como base para medições, afirmam que o ciclo atual de
manchas solares tem cerca de vinte e dois anos, e apontam para aquele mesmo
ano como o auge das atividades de manchas solares.
Protuberâncias Solares — Progênie das Manchas Solares
As manchas solares dão origem a gigantescas protuberâncias solares, também
chamadas explosões. Tais protuberâncias são erupções chamejantes de gás,
principalmente de hidrogênio. Talvez atinjam até uns 400.000 quilômetros ou mais
de distância do sol. Observou-se uma que se estendeu por cerca de um milhão e
seiscentos mil quilômetros, mais do que o diâmetro do sol!
Estas protuberâncias se revestem ao redor das linhas magnéticas de energia do
sol. A atração do sol usualmente as puxa de novo para a sua superfície, mas
algumas partes talvez escapem da força gravitacional do sol, rompam-se e se
lancem no espaço.
Como é que surgem estas protuberâncias solares? Pensa-se que à medida que
as manchas solares se movem pela superfície do sol, produzem tremendas forças
magnéticas. Não raro os campos magnéticos em redor de diferentes manchas
solares são tão fortes que se atraem uns aos outros. Os campos magnéticos então
desaparecem e são aniquilados. Tais campos magnéticos das manchas solares,
segundo se afirma, têm mais de 10.000 vezes a força do campo magnético da terra.
Por conseguinte, seu colapso libera tremendas quantidades de energia e matéria
que é lançada no espaço.
Durante a “explosão” de uma protuberância, que só leva alguns minutos para
atingir o brilho máximo, trilhões de partículas dotadas de carga elétrica, e ondas
eletromagnéticas, são lançadas no espaço. Aumenta a emissão das ondas de rádio.
Às vezes, raios cósmicos solares são também produzidos e partem velozmente em
direção à terra com velocidade quase igual à da luz.
As protuberâncias se compõem principalmente de gás hidrogênio ionizado.
Trata-se de átomos de hidrogênio que perderam seus elétrons, deixando o núcleo
do átomo de hidrogênio, o próton. Esta corrente de partículas eletricamente
carregadas é lançada no espaço.
Estas, e outras partículas, liberadas durante as protuberâncias solares são todas
adicionais às liberadas pelo sol em sua atividade regular.
Como a Terra É Influenciada
As erupções de vários tipos de partículas e raios, resultantes das protuberâncias
solares partem do sol em todas as direções. Algumas, naturalmente, viajam rumo à
terra.
Antes mesmo de a mais rápida das partículas atingir a terra, são precedidas
pelas poderosas ondas eletromagnéticas, que incluem luz, calor, e ondas de rádio,
bem como os raios ultravioletas e raios-X, todos fazendo o percurso em oito
minutos, movendo-se à velocidade da luz.
Assim, a atmosfera superior da terra já está “supercarregada” por volta do tempo
em que os raios cósmicos e outras partículas, que vêm logo atrás, atingem o campo
magnético da terra em cerca de oito minutos. Se cerca de meia hora depois, uma
nuvem de partículas dotadas de cargas elétricas produzida pela protuberância
atingir o campo magnético da terra, isto produziria violenta tempestade magnética
que influiria nos aparelhos de navegação e nos ímãs não controlados pela
eletricidade ou outras forças externas. Até mesmo bússolas comuns de bolso
sofreriam a influência disso. Este efeito pode durar diversos dias, às vezes mais de
uma semana. Esta ocorrência provoca violentas e extravagantes auroras,
acendendo-se e apagando-se como um letreiro de gás néon, algumas sendo vistas
tão alto quanto a 960 quilômetros acima da terra.
Algumas partículas, impulsionadas a menores velocidades numa enorme nuvem
de “plasma”, atingem a terra cerca de vinte e quatro horas ou mais depois. Quando
tais partículas colidem, incitam os átomos de oxigênio e de nitrogênio na atmosfera
da terra. Isto causa os usuais espetáculos da aurora, a aurora boreal e a austral.
Estas reluzem simultaneamente pelo inteiro céu noturno tanto nos hemisférios
setentrional como meridional em altitudes de quase 100 a 160 quilômetros ou mais.
Os padrões são de cortinas, arcos e raios brilhantes vermelhos, verdes e azuis,
semelhantes a uma chama.
Outro resultado da nuvem de plasma é a interrupção dos sinais de ondas curtas
de rádio. As comunicações de ondas curtas de rádio talvez se tornem impossíveis
por várias horas ou dias. Também, a corrente elétrica pode aumentar na atmosfera,
resultando na queima de fusíveis nas linhas telegráficas.
Um efeito incomum da nuvem de plasma ao atingir a terra é que reduz o número
de raios cósmicos que atingem a atmosfera da terra, provenientes de fora do
sistema solar. Os raios cósmicos se compõem das partículas de energia mais
violentas e mais fortes conhecidas pelo homem. Dispõem de energias muitos
milhões de vezes superiores às das partículas produzidas pelo maior dos
aceleradores atômicos do homem. Tais raios cósmicos que provêm de fora do
nosso sistema solar bombardeiam a atmosfera terrestre provenientes de todas as
direções. Compõem-se principalmente de núcleos de diferentes elementos,
principalmente de hidrogênio.
Mas, à medida que a protuberância solar produz sua nuvem de plasma e esta
atinge a terra, também ocorre a diminuição de intensidade daqueles raios cósmicos
que vêm de fora do sistema solar. Aparentemente, muitos deles são desviados
pelas linhas de força magnética de dentro da nuvem de plasma. E tal intensidade
dos raios cósmicos não volta ao normal até que a nuvem solar passe além da terra.
Durante os anos de máxima atividade das manchas solares, há tantas
protuberâncias solares que produzem nuvens de plasma que atingem a terra que a
intensidade dos raios cósmicos na superfície da terra é reduzida a menos que a
metade do nível normal. Exatamente que efeito isto causa na terra é uma das muitas
perguntas cujas respostas o homem procura achar.
Ao mesmo tempo que estes raios cósmicos de fora do sistema solar estão sendo
desviados pelas nuvens de plasma, a própria protuberância solar que deu origem à
nuvem de plasma às vezes produz seus próprios raios cósmicos. Estes são
chamados de raios cósmicos solares e são um tanto mais brandos do que os que
vêm de fora do sistema solar. Sua intensidade pode aumentar bastante durante, em
especial, poderosas protuberâncias solares.
Perigo Para a Viagem Espacial
Os cientistas se interessam especialmente na atividade das manchas solares,
por causa das viagens espaciais. Enquanto os astronautas permaneceram na
atmosfera e no campo magnético da terra (que se estende mais ou menos por uns
65 a 80 mil quilômetros acima da terra, no lado que dá para o sol, e vai mais longe
no lado escuro) ficam protegidos das partículas e dos raios perigosos que resultam
das protuberâncias solares. Tais viagens não teriam sofrido influência das
protuberâncias solares, mesmo que estas ocorressem.
No entanto, vôos tripulados ao redor da lua ou na direção dela são algo diferente,
pois se sai desta proteção. Assim, os cientistas precisam predizer as erupções ou
protuberâncias potencialmente perigosas do sol, produzidas pelas manchas
solares. Mas, eles não podem fazer isso com exatidão no tempo atual. Por que não?
Porque, ao passo que grupos de manchas solares parecem estar relativamente
quietas, giram ao redor do sol. Do outro lado, longe da terra e invisíveis, talvez
explodam em gigantescas protuberâncias. Assim, quando reaparecem no lado do
sol que dá para a terra, talvez estejam então em erupção, lançando perigosas
nuvens de partículas.
Rumo à lua, os astronautas poderiam assim ser varridos por nuvens de plasma
provenientes das protuberâncias solares que não estavam em evidência quando se
iniciou sua viagem. E poderiam também ser atingidos pelos penetrantes raios
cósmicos solares, bem como pelos raios cósmicos que vêm de fora do sistema
solar. Se os astronautas ficarem expostos à radiação prejudicial, talvez não
observem seus efeitos por muitos dias. Na realidade, os efeitos da radiação talvez
não apareçam senão um ano ou mais depois. Isto depende da atividade solar por
ocasião de sua viagem para fora da atmosfera protetora e do campo magnético da
terra.
Por isso, ao planejar a exploração espacial, não se pode ignorar o sol. Se fosse
possível ao homem explorar o sistema solar, isso só poderia ser feito em certas
ocasiões. As protuberâncias solares que ocorrem com freqüência em épocas de
máxima atividade das manchas solares proibiria longas viagens aos planetas.
Somente durante os anos do “sol calmo”, os anos de mínima atividade de manchas
solares, poderia o homem chegar a ter esperança de explorar os planetas gozando
certa medida de segurança.
Sim, as manchas solares e sua progênie, as protuberâncias solares, realmente
influem sobre a terra, o lar do homem. Mas, a plena medida deste efeito ainda não
é sequer conhecida. No entanto, já se sabe o suficiente para avaliar a provisão
ímpar da atmosfera e do campo magnético da terra, que protegem o lar do homem,
tornando possível a contínua existência da vida na terra.

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