O surgimento do Distrito Federal relaciona-se a necessidade de uma Capital Dederal. Na
estrutura da federação dos EUA tal necessidade revelou-se porque a autonomia das entidades federativas regionais entre si e em relação a união e do governo desta em face daquelas exigiu que a sede do governo federal se localizasse em território sujeito a sua própria jurisdição. Trazendo a ideia de distrito federal para a realidade atual brasileira, tem-se que a Constituição de 1988 deu ao Distrito Federal uma nova configuração jurídica, incluindo-o ao lado da união, dos estados e dos municípios, como componentes da organização político-administrativa da República Federativa do Brasil. Quanto a sua natureza jurídica, José Afonso da Silva descreve da seguinte forma: “Não é Estado. Não é Município. Em certo aspecto, é mais do que o Estado, porque lhe cabem competências legislativas e tributarias reservadas aos Estados e Municípios. Sob outro aspecto é menos do que os Estados, porque algumas de suas instituições fundamentais são tuteladas pela União. É nele que se situa a Capital Federal (Brasília). Tem, pois como função primeira servir de sede ao governo federal. Agora, goza de autonomia político-constitucional, logo não pode mais ser considerado simples autarquia territorial, como o entendíamos no regime constitucional anterior. Parece que basta concebê-lo como uma unidade federada com autonomia parcialmente tutelada. É uma unidade federada autônoma, mas com restrições que o separam dos Estados, e com competências além das que cabem aos Municípios. Então, é algo diverso. A autonomia do Distrito Federal está reconhecida no art. 32, CF, onde se declara que se regerá por lei orgânica própria, como nos Municípios. O § 1º do citado artigo prevê as áreas de competência do Distrito Federal, enquanto os §§ 2º e 3º definem regras de eleição de governador, vice-governador e deputados distritais. Disso depreende-se que a autonomia do Distrito Federal compreende as capacidades de auto-organização, autogoverno, autolegislação e auto-administração sobre áreas de competência exclusiva. No entanto, vale salientar que essas capacidades sofrem limitações em questões fundamentais, visto que não envolvem a organização e manutenção de Poder Judiciário, nem de Ministério Público, nem de Defensoria Pública, nem mesmo de Polícia Civil ou Militar ou de Corpo de Bombeiros, que são organizados e mantidos pela União (art. 21, XIII e XIV). Portanto, a autonomia é tutelada, ficando aquém dos Estados. No que se refere à sua auto-organização, tem-se que esta se dará por meio de lei orgânica, a ser votada em dois turnos com interstício mínimo de 10 dias, e se considerará aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição. No que concerne às competências do Distrito Federal, a ele são atribuídas competências tributárias e legislativas iguais às reservadas aos Estados e Municípios.