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Ficha Técnica
Objetivos gerais
Pretende-se com este curso proporcionar aos formandos conhecimentos na área da gestão
financeira em geral e dos instrumentos financeiros em particular de forma a:
Objetivos específicos
Destinatários
Colaboradores diretamente envolvidos no projeto formação ação.
A. Introdução 4
Mas, qualquer que seja o tipo ou abrangência da decisão a tomar, a abordagem financeira
deverá ser sempre a mesma: melhorar a rendibilidade da empresa e simultaneamente
controlar o risco financeiro da forma mais rigorosa possível.
Para que tal seja possível é necessário que nas empresas exista o know-how adequado,
nomeadamente ao nível da conceção, construção e interpretação de instrumentos de análise e
controlo financeiro.
“A Gestão Financeira abrange o conjunto de técnicas cujos objetivos principais consistem na obtenção
regular e oportuna dos recursos financeiros necessários ao funcionamento e desenvolvimento da
empresa, ao menor custo possível e sem alienação da sua independência e, também, no estudo e
controlo da rendibilidade de todas as aplicações a que são afetos esses recursos.”
Independentemente dos objetivos que levam a que se faça a análise financeira de uma
empresa, todos os analistas utilizam um conjunto de técnicas que se baseiam em 2 tipos de
material:
o Balanço
a Demonstração de Resultados
o Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados
a Demonstração de Fluxos de Caixa
entre outros secundários.
Balanço – é uma demonstração financeira, referida a uma determinada data, dos
ativos, passivos e capital próprio da empresa, devidamente valorados.
O Balanço é um dos mais importantes mapas financeiros para qualquer analista financeiro.
Este constitui um quadro de representação do património da empresa (ou seja, representa o
conjunto de valores utilizados pela empresa ou unidade económica no exercício da sua
atividade) num determinado momento (por exemplo, no final de determinado semestre ou de
determinado ano).
O balanço SNC deve apresentar ativos correntes e não correntes e passivos correntes e não
correntes como classificações separadas na face do balanço.
A NCFR 1 requer a divulgação das quantias que se espera sejam recuperadas ou liquidadas
num prazo superior a 12 meses para cada linha de item de ativo e de passivo que combine
quantias que se espera sejam recuperadas ou liquidadas:
a) até doze meses após a data do balanço;
b) após doze meses contados a partir da data do balanço.
Ativo: O Ativo diz respeito aos bens e direitos possuídos pela empresa.
- Ativo Corrente: o Ativo Corrente diz respeito a todos os bens e direitos que não têm carácter
permanente ou duradouro na empresa e que são utilizados para transformar, para vender ou
para utilizar na compra de outros bens, ou seja, que fazem parte do ciclo de exploração. Estão
incluídos neste tipo de ativos as disponibilidades (numerário e outras disponibilidade em caixa,
depósitos à ordem e a prazo e ainda diversas outras aplicações de tesouraria), os créditos
sobre terceiros (nomeadamente dívidas a receber de clientes e de outros devedores), as
existências ou inventários (que inclui mercadorias para venda, matérias-primas e produtos
acabados).
- Ativo Não Corrente: O Ativo Não Corrente (ou Fixo) corresponde ao conjunto de bens
duráveis e de natureza diversa, detidos pela empresa como instrumentos de apoio à sua
atividade e nunca para vendidos ou transformados. Este tipo de ativos pode ainda ser dividido
em Ativo Fixo Tangível (tais como terrenos, edifícios, material de transporte, máquinas,
equipamentos de escritório e mobiliário), Ativo Fixo Intangível (tais como trespasses e outros
direitos de utilização, patentes, etc.).
Passivo: O Passivo diz respeito às dívidas da empresa a terceiros sendo, por isso, também
designado por Capital Alheio.
Dívidas de Médio e Longo Prazo: dizem respeito a dívidas contraídas pela empresa e com
prazo superior a um ano.
Dívidas de Curto Prazo: são dívidas com exigibilidade inferior a um ano e estão geralmente
associadas à exploração da empresa. Integra este grupo um conjunto extremamente variado
de dívidas como sejam, por exemplo, as dívidas a fornecedores, as dívidas ao Estado, as
dívidas bancárias cuja maturidade seja inferior a um ano, as dívidas de curto prazo aos sócios,
entre numerosas outras.
Capital Próprio: Como visto antes, os Capital Próprio corresponde à riqueza ou valor
(contabilístico) da empresa e pode ser obtido pela diferença entre o Ativo (aquilo que a
empresa tem) e o Passivo (aquilo que a empresa deve). Tal como acontece com o Ativo e com
o Passivo, também o Capital Próprio é composto por diversas rubricas, nomeadamente:
- Capital Social: diz respeito à entrada inicial dos sócios e eventuais posteriores reforços, quer
através de novas entradas efetuadas pelos sócios, quer pela transformação de outras rubricas
do capital próprio em capital social.
Sempre que tal seja considerado relevante para melhor compreensão do desempenho
financeiro da entidade, as NCRF permite ainda a apresentação de itens adicionais, títulos e
subtotais.
Variação nos inventários da produção – esta rubrica pode apresentar valor positivo ou
negativo em função do incremento ou redução do valor dos inventários relativamente ao ano n-
1. Se o valor for positivo é adicionado, se for negativo, tem de ser subtraído.
Gastos com o pessoal – à semelhança das linhas anteriores, também os valores aqui
evidenciados são sempre a subtrair às linhas anteriores. Estão aqui relatados os valores
referentes aos gastos com remunerações e outros encargos incorridos com os recursos
humanos da entidade de relato.
Outros rendimentos e ganhos – todos os rendimentos e ganhos que não sejam juros
ou similares e que não sejam incluídos nas rubricas anteriores deverão integrar esta rúbrica,
sendo adicionados às anteriores linhas. De salientar que os valores destes rendimentos e
ganhos deverão ser de valor imaterialmente relevante de forma a poderem ser agregados.
Outros custos e perdas – esta linha subtraída às anteriores agrega todos os gastos de
valor imaterialmente relevante que não estejam referenciados nas linhas anteriores e que não
sejam:
• Gastos/reversões de depreciação e de amortização;
• Imparidade de ativos depreciáveis / amortizáveis;
• Juros e gastos similares;
• Imposto sobre o rendimento do período.
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
GASTOS
GASTOS
RENDIMENTOS
RENDIMENTOS
RESULTADO
RESULTADO
LÍQUIDO
LÍQUIDO
As duas questões fundamentais a que uma análise financeira de uma organização deve dar
resposta podem resumir-se em:
Até que ponto a empresa dispõe dos meios financeiros adequados às suas
necessidades operacionais, ou qual a sua capacidade de os vir a obter por forma a
garantir a sua sobrevivência e independência?
Qual a capacidade da empresa para gerar valor de forma a garantir a sua permanência
e crescimento e a remuneração adequada de todos quantos nela participam, sejam eles
investidores, trabalhadores ou outros?
A primeira questão diz respeito ao estudo do equilíbrio financeiro de longo prazo (estrutura
financeira / solvabilidade) e de curto prazo (liquidez).
Tendo em conta o atraso que quase sempre se verifica na disponibilidade dos balanços e das
demonstrações de resultados anuais, estes documentos não podem constituir uma ferramenta
de gestão. Nesta fase são efetuadas, no entanto, análises pontuais do custo ou da margem
gerada por um determinado produto ou atividade. Estas análises não são efetuadas
ciclicamente e nem sempre incidem sobre todos os produtos ou atividades.
5 – Cálculo e Interpretação de Indicadores
Como é sabido, a empresa é uma organização que tem em vista determinados objetivos
económicos, sociais, políticos, entre outros. De um ponto de vista meramente económico, o
objetivo principal de uma empresa é a obtenção da máxima rendibilidade, pelo que tem de se
estruturar da forma mais adequada, de modo a conseguir tirar o máximo rendimento dos seus
recursos materiais e humanos.
Por outro lado, para a empresa dispor dos necessários recursos materiais e humanos, precisa
de meios financeiros (próprios ou alheios, a curto, médio e longo prazos). Quando se examina
até que ponto os meios financeiros utilizados pela empresa são adequados para manter o seu
desenvolvimento estável e permitir-lhe fazer face aos seus compromissos à medida que se vão
vencendo, diz-se que estamos a fazer análise financeira.
Para que uma empresa tenha solvabilidade é preciso que seja capaz de fazer face aos seus
compromissos. Em princípio, a empresa será capaz de solver os seus compromissos desde
que o seu capital próprio seja igual ou superior ao seu passivo.
A análise de risco é outra das vertentes da análise financeira. Por risco entende-se a
capacidade da empresa fazer face aos seus compromissos para com terceiros (é o mesmo
que dizer, ter capacidade para pagar atempadamente as suas dívidas).
CP
AF
AL
Algebricamente:
Ac
Líq
Pcp
Listagem de indicadores úteis
Apresenta-se abaixo uma listagem de indicadores úteis, os quais poderão fazer parte de um
eventual sistema de controlo de gestão que venha a ser construído e implementado na
empresa.
IndicadoresFinanceiros
Indicadores Financeiros
Indicadores
Fórm. Cálculo Interpretação
Financeiros
Mede a capacidade da empresa em fazer face aos
seus compromissos de curto prazo. Se este
Ac indicador for superior a 1, tal significa que a
Liquidez Geral Líq
Pcp empresa dispõe de activos com liquidez de curto
prazo suficientes para pagar todas as dívidas
exigíveis no curto prazo.
Mede a capacidade da empresa em fazer face aos
CP seus compromissos de longo prazo. Um valor muito
Grau de Autonomia
Financeira
AF baixo deste indicador, significa que a empresa está
AL muito endividada, correndo riscos de
insolvabilidade.
Indicador muito semelhante ao grau de autonomia
financeira mas que agora considera como capitais
Grau de Auton. Financ. CP Supr estáveis equiparáveis a capitais próprios os
Ajust.
AF suprimentos de sócios. Apenas deverá ser utilizado
AL
no caso dos suprimentos terem características de
estabilidade.
Indicador que mede a parte dos investimentos em
CP capital fixo financiados com capitais próprios. Um
Grau de cobertura
Imobilizados
GC indicador inferior a 1 significa que a empresa teve
IL necessidade de recorrer ao exterior para financiar
investimentos.
por exemplo, a rendibilidade de uma máquina pode ser entendida como a comparação entre o
ganho líquido proporcionado pela máquina comparado com o valor dessa mesma máquina. No
caso de uma empresa, a sua rendibilidade pode ser entendida como os ganhos
proporcionados por essa mesma empresa comparados com o seu próprio valor.
Tendo em conta que os ganhos proporcionados pela empresa são os seus resultados líquidos
(RL) e que o seu valor corresponde ao valor dos seus capitais próprios (CP), temos que a
rendibilidade da empresa (comummente designada por rendibilidade dos capitais próprios ou
RL
RCP), temos que: RCP
CP
Além da rendibilidade dos capitais próprios são ainda utilizados outros indicadores de
rendibilidade como sejam a rendibilidade das vendas e a rendibilidade do ativo. No caso da
rendibilidade das vendas, esta é calculada através da divisão dos resultados líquidos pelo valor
das vendas; quanto à rendibilidade do ativo, esta é calculada através da divisão dos resultados
líquidos pelo valor líquido dos ativos (por vezes, para efeitos de tomada de decisões quanto a
financiamentos, a rendibilidade do ativo é calculada considerando não os resultados líquidos
mas antes os resultados líquidos acrescidos dos custos financeiros de financiamento).
IndicadoresEconómicos
Indicadores Económicos
Indicadores
Fórm. Cálculo Interpretação
Económicos
Mede a taxa de retorno dos capitais
Rentab. Capitais RLE investidos, considerando como
Próprios
RCP capitais investidos o valor
CP
contabilístico da empresa.
Rendibilidade das
RLE Mede o acréscimo de valor
Vendas
RV x100 proporcionado pela empresa sobre
Vendas as vendas efetuadas.
RL = Resultados Líquidos; CP = Capital Próprio; Supr = Suprimentos; CFin = Custos Financeiros; AL = Ativo Líquido;
VAB = Valor Acrescentado Líquido; VN = Volume de Negócios; CMVMC = Custo das Mercadorias Vendidas e das
Matérias Consumidas;
Indicadoresde
Indicadores deFuncionamento
Funcionamento
Indicadores
Fórm. Cálculo Interpretação
Financeiros
Indicador de eficiência na utilização dos
VolNeg ativos utilizados pela empresa na sua
Rotação dos
Ativos
Ra atividade. Quanto maior o valor deste
AL indicador maior a eficiência da gestão da
empresa.
Indicador de eficiência na gestão de
CMV stocks. Um valor elevado deste
Rotação dos
Stocks
Rs indicador significa que a empresa é
Stocks eficiente em termos de gestão de
stocks/existências.
Indicador semelhante ao anterior mas
Tempo Médio de Stocks que transforma uma rotação em tempo
Inventários
TMI t de permanência dos stocks em
CMV
armazém.
Indicador que mede o tempo médio que
Fornec a empresa demora a efetuar os
Prazos médios PMP t pagamentos a fornecedores. As
de pagamentos Compras compras incluem compras de matérias e
mercadorias e FSE e o respetivo IVA.
Indicador que mede o tempo médio que
Prazos médios Clientes a empresa demora a receber dos seus
PMR t
de recebimentos VolNeg clientes. O Volume de Negócios deve
incluir o respetivo IVA.
O t indica a unidade de tempo: se t=52, dará o tempo em semanas; se t=365, dará o tempo em dias.
VolNeg = Volume de Negócios; AL = Ativo Líquido; CMV = Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias
Consumidas;