Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
Vitória
Dezembro, 2018
VITOR RENOLDI ALVES
Vitória
Dezembro, 2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – UFES
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
Comissão Examinadora
André B. C. Rosa
Engenheiro Mecânico, ArcelorMittal Tubarão
Examinador
Dedico ao meu irmão Igor, pelo qual eu possuo
um amor incondicional. Se não houvesse você
em minha vida eu jamais teria chegado aonde
cheguei, pois você sempre foi o meu motivo
para continuar lutando e sempre será o maior
orgulho da minha vida. Eu te amo.
AGRADECIMENTOS
An equipment used for emission reduction is the Scrubber, widely used in steel
companies, equipment which removes particulate matter by spraying water into a gas stream.
However, in an industrial case, a great amount of dirty water goes to the second level of the
scrubber, then to the spraying system, clogging the valves. There is also unwashed particulate
going to the second level of the scrubber, which causes abrasion wear in the subsequent
exhauster. Both problems generate losses to the company, through high maintenance costs of
these equipments.
A methodology used to evaluate the flow in industrial equipment is the computational
fluid dynamics (CFD), which is applied in this work. The simulations were carried out on
ANSYS CFX 18.0, which uses the Finite Volume Method. The computational domain was
modeled using a tetrahedral mesh, and one from the RANS turbulence models was applied, the
𝑘 − 𝜀 model. From the scrubber simulations, it was observed that the inlet velocity profile has
a great influence in the flow inside the scrubber.
As a result, the non-homogeneous profile generates a preferential flow in one side of
the scrubber, which is potentially a reason for a bad particulate collection. It is noticed that the
chinese hat influences the flow as a barrier which prevents the flow to go straight to the next
level of the scrubber, and the grid works as a flow divider. At the outlet, it is noticed a non-
homogeneous velocity profile. The pressure distribution was also evaluated, indicating that the
pressure loss is mostly located at the outlet tube region, where in its inlet there is a pressure loss
of 65%, and it is also important to mention that there is a region where is possible to observe
negative gauge pressures.
Key Words: Computational Fluid Dynamics, Scrubber, 𝑘 − 𝜀 Model, Non-
Homogeneous Profile.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13
1.1. Motivação ................................................................................................................. 13
1.2. Objetivos ................................................................................................................... 14
METODOLOGIA ................................................................................................... 40
3.1. Modelagem computacional....................................................................................... 40
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 47
4.1. Avaliação das linhas de corrente .............................................................................. 47
4.2. Avaliação do Campo de Velocidades ....................................................................... 49
4.3. Avaliação da Distribuição de Pressão no Lavador de Gases. ................................... 53
CONCLUSÃO......................................................................................................... 58
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 60
INTRODUÇÃO
1.1. Motivação
de particulado, e a partir disso propor melhorias para que seja reduzido os custos com a
manutenção de válvulas de spray, impedindo que particulado úmido se dirija ao segundo estágio
do lavador de gases. Já em relação ao exaustor subsequente, aumenta-se sua vida útil com a
sucção gás de gás limpo, devido à melhor lavagem do mesmo.
Para os casos de lavadores de gases, trabalhos como Li et al. (2008), Saleh (2010),
Toledo-Melchor et al. (2014), Selvakumar e Kim (2015), Bayatian, Ashouri e Mahmoudkhani
(2016), avaliaram o comportamento do escoamento no interior de diferentes tipos deste
equipamento, alguns desses avaliando também a performance. Já Kim et al. (2001) avalia a
performance baseada no tipo de coleta. Vale citar também o trabalho de Sartim et al. (2012),
em que foi simulado o escoamento nas coifas do sistema de despoeiramento primário de uma
aciaria, coifas estas que direcionam o escoamento ao lavador de gases.
Visto o poderio dessa ferramenta, o presente trabalho visa avaliar o escoamento no
interior de um lavador de gases do tipo coluna de spray, um equipamento de captura de material
particulado, à fim de identificar as razões da má eficiência para a redução de custos de
manutenção.
1.2. Objetivos
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
_________________
2 - Disponível em: www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=660
3 – Informação Verbal passada por Rafael Sartim em Junho de 2018.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 16
Como já dito anteriormente, o material particulado pode causar danos não somente ao
ambiente, como também aos seres humanos, logo num sistema industrial este deve ser removido
do escoamento de gases, e o desenvolvimento de tecnologias limpas é cada vez mais necessário.
No entanto, em muitos casos o custo de se investir em tecnologias mais limpas é muito superior
ao investimento nos sistemas de controle de poluição tradicionais (CHEREMISINOFF, 2002).
As partículas podem ser removidas por câmaras de sedimentação, filtros de mangas,
precipitadores eletrostáticos ou lavadores de gases (COOPER & ALLEY, 2002). Nestes
equipamentos, as partículas são removidas pela ação de uma ou mais forças, sendo elas
gravitacionais, centrífugas, inerciais e eletroestáticas (COOPER & ALLEY, 2002;
THEODORE, 2008).
A câmara de sedimentação (Figura 2) foi um dos primeiros equipamentos de redução
de emissões utilizados. É um simples equipamento de coleta de particulado que usa o princípio
da gravidade para remover o material particulado à medida que uma corrente de gás passa por
uma câmara longa (WANG; PEREIRA; HUNG, 2004). É simplesmente uma câmara de
expansão na qual a velocidade do gás é reduzida, permitindo à partícula se sedimentar pela ação
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 17
Um sistema análogo (que usa o princípio de gravidade) são os ciclones, que usa
também a força centrífuga (por meio de movimento rotacional) para remoção de partículas
finas. A força centrífuga e a inércia fazem com que as partículas se movam e se choquem com
a parede do ciclone, assim deslizando até o fundo, onde são coletadas. O ciclone é constituído
por um cilindro na vertical com um cone invertido anexado à sua base (WANG; PEREIRA;
HUNG, 2004). Os ciclones são um método mais barato de remoção de gás de fluxos de gases
de exaustão, com uma eficiência de remoção muito melhor do que as câmaras de sedimentação
(THEODORE, 2008). O processo de coleta de partículas de um ciclone é mostrado na Figura
3.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 18
O lavador de gases deste estudo, diferente dos outros equipamentos mostrados acima,
remove o particulado por meio de mistura do particulado com líquido, sendo um sistema de
remoção de particulado úmido, ou wet dust removal.
líquido, ou pela estrutura do lavador e depois sendo capturadas pelo líquido que entra em
contato com a parede do lavador (SCHNELLE & BROWN, 2002).
Segundo Theodore (2008), o líquido pode entrar em contato com o gás de maneiras
diversas: pode-se haver a injeção por meio de sprays na corrente de gás, o gás pode ser forçado
a passar por filmes de líquido, ou o gás pode se mover através de enchimento de plástico coberto
com líquido. Ainda segundo o autor, o contato líquido-gás pode refrigerar ou aquecer os fluidos,
dependendo de suas temperaturas.
De acordo com Schnelle e Brown (2002) o lavador de gases é eficiente para remoção
de partículas de 0,1 até 20 μm, chegando à 99%. Já abaixo disso, mesmo com grandes
quantidades de energia, a eficiência do lavador de gases não se mostra elevada.
O tipo mais comum de lavador de baixa-energia são as torres de lavagem por spray,
nas quais as gotículas de líquido são borrifadas nos gases de exaustão passantes e são drenados
no fundo da câmara de lavagem (THEODORE, 2008).
Segundo Brauer e Varma (1981), o lavador do tipo coluna de spray consiste
basicamente em um vaso cilíndrico quase vazio no qual são arranjadas uma ou mais válvulas
na horizontal, que dispersam a água no lavador. O fluxo no lavador pode ser concorrente,
contracorrente ou de corrente cruzada. Nos lavadores com fluxo concorrente, o gás de entrada
e o líquido escoam na mesma direção, permitindo uma velocidade de escoamento maior do que
nos lavadores com fluxo contracorrente. Consequentemente, os equipamentos com fluxo
concorrente são menores em comparação com os de fluxo contracorrente para a mesma
quantidade de gases de exaustão. Nos lavadores de corrente cruzada, também chamados de
lavadores de spray horizontais (do inglês horizontal spray scrubbers), os gases e o líquido
escoam em direções perpendiculares. Na figura 6 é mostrado um lavador de gases do tipo coluna
de spray.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 22
O tipo de fluxo do lavador estudado neste trabalho é o concorrente, pois o fluxo do gás
vem de uma coifa que é encaixada ao mesmo no bocal superior, com o gás limpo saindo do
lavador por dutos na parte inferior do mesmo, como é indicado na Figura 7.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 23
A coleta de particulado nos lavadores deste tipo é diretamente afetada pelo movimento
relativo entre as partículas e as gotículas de líquido (BRAUER & VARMA, 1981). Os
principais mecanismos envolvidos na coleta de particulados nos lavadores de gás são a
impactação inercial, interceptação direta, difusão Browniana e deposição gravitacional. De uma
maneira geral, os lavadores utilizam uma combinação destes mecanismos e é difícil classificá-
los, quanto ao mecanismo predominante. Entretanto, a maioria dos lavadores aplica a
impactação inercial e a interceptação direta (SCHNELLE & BROWN, 2002).
Impactação Inercial
A impactação inercial nos lavadores de gases ocorre como resultado de uma mudança
de velocidade entre o particulado suspenso e o gás. Este, ao se aproximar de um obstáculo, tal
como uma gotícula de líquido, muda de direção e escoa em torno da gotícula. As partículas
contidas no do gás irão também acelerar seu movimento e tentarão mudar de direção para passar
em torno da gotícula. (WOODWARD,1998).
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 24
As partículas maiores, que estão contidas no gás, tendem a continuar num caminho em
linha reta por causa de sua inércia, podendo se chocar com a gotícula, e sendo assim, coletados
(THEODORE, 2008). Este mecanismo de coleta é descrito na Figura 8.
Interceptação Direta
Difusão Browniana
• Ventiladores
• Vaso de Lavagem (Carcaça do lavador)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 26
• Sistemas de Dutos
• Bomba
• Tubulação
• Bicos de Spray
Segundo Mujumdar (2006) e Theodore (2008), a maioria dos problemas dos lavadores
de gases envolvem o entupimento dos bicos de spray, restrições da circulação de líquido e
arrastamento de gotículas da unidade de lavagem. O entupimento dos bicos ocorre devido a
seleção incorreta destes, também por causa orifícios muito pequenos onde um líquido de
lavagem muito denso deve passar, operação errada de uma bomba, sedimentação de sólidos ou
falha mecânica.
Vale ressaltar também que, segundo Theodore (2008), um sistema de lavagem está
sujeito à um ambiente hostil. A abrasividade de algumas partículas causa o desgaste de
ventiladores (devido à não lavagem dos gases no interior do lavador). Os gases também podem
conter componentes que, quando úmidos, podem gerar compostos corrosivos, logo todos os
componentes de um lavador de gases devem ser projetados e manutenidos com esses
parâmetros em mente.
Segundo Mujumdar (2006), Cooper & Alley (2002), EPA-US (2005), podemos listar
as vantagens e desvantagens dos lavadores de gases de coluna de spray:
1. Vantagens:
• Podem lidar com gases explosivos e inflamáveis com um risco muito baixo
de problemas;
• Fornece absorção de gás e remoção de particulado numa mesma unidade;
• Podem lidar com névoas;
• Fornece resfriamento de gases quentes;
• Gases e particulados corrosivos podem ser retirados do escoamento.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 27
2. Desvantagens:
Segundo Schifftner e Hesketh (1996), para um lavador de coluna de spray com fluxo
concorrente a coleta é essencialmente por impactação (apesar de também existirem os outros
métodos de captura, mas em pequena quantidade). Por meio do estudo de Kim et al. (2001) é
dado um fator que se relaciona com a eficiência da impactação inercial, o número de Stokes,
ou Stk, definido por:
𝜌𝑝 𝑑𝑝 2 (𝑈𝑠𝑑 − 𝑈𝑠𝑖 )
𝑆𝑡𝑘 = (2.1)
18𝜇𝐷
Percebe-se que pela equação 2.1, a eficiência da impactação inercial está diretamente
relacionada com o diâmetro da partícula. Quanto maior for a partícula, mais difícil será para ela
seguir o fluxo gasoso, assim como quanto maior for a velocidade relativa da partícula em
relação ao líquido, maior será a probabilidade da partícula se chocar com as gotas de água.
Segundo Mujumdar (2006), que baseado em trabalhos como o de Calvert et al. (1972)
e Calvert (1984), os lavadores do tipo coluna de spray são lavadores de baixa energia,
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 28
apresentando perda de carga na faixa de 750 a 1250 Pa, correspondendo ao tipo com a menor
eficiência de coleta. A equação de perda de carga num lavador de gases de coluna de spray com
fluxo concorrente ∆P, segundo o autor, se dá pela equação:
𝑄𝑙
∆𝑃 = 1,03 𝑥 10−3 ( ) 𝑢𝑔2 (2.3)
𝑄𝑔
sprays para ter uma ideia do fluxo de ar que passa pelo lavador, e posteriormente o autor
analisou a trajetória de 100 gotículas borrifadas pelo sistema de spray. Foi constatado na análise
sem o spray que o campo de fluxo consiste num fluxo descendente rápido, com pequenas
recirculações em torno da parte superior da geometria cônica da câmara. Foram comparadas as
velocidades simuladas e as medidas em campo em diferentes níveis de altura do lavador de
gases, e foi constatado que na maioria dos níveis medidos, a velocidade simulada foi menor do
que a medida. Onde a velocidade simulada foi maior, o autor constata que a razão pode ser uma
variação periódica de velocidade nesses locais. Logo, um comportamento transiente foi
detectado nesse lavador, e uma posterior análise transiente deve ser feita. Após isso, foi
realizada uma simulação com 100 gotículas representando 10 tamanhos diferentes, e foi
analisado o seu fluxo dentro do lavador de gases. Constatou-se que para diferentes tamanhos,
diferentes tempos até a deposição foram percebidos, com partículas maiores apresentando um
maior tempo (aproximadamente 3,6 segundos até a deposição), contrariando alguns modelos
que se baseiam somente na gravidade e não levando em conta o comportamento do fluxo dentro
do lavador. Por fim, é concluído que as simulações em CFD predizem com grande confiança o
comportamento interno do lavador, enfatizando que o padrão do fluxo tem influência direta nas
trajetórias das partículas, sendo que esta tem uma grande importância para demonstrar a
existência de deposição e está relacionada diretamente com o desempenho deste tipo de lavador.
Toledo-Melchor et al. (2014) simulou, por meio de CFD, o comportamento do
escoamento no interior de um lavador Venturi, variando os ângulos de convergência e
divergência e avaliando o efeito do escoamento de água na perda de carga no lavador Venturi,
utilizando um modelo tridimensional simplificado. O modelo numérico foi validado pelos
resultados serem muito próximos aos experimentais. Foi observado que todas as geometrias
testadas têm o mesmo comportamento, com a menor pressão manométrica sendo no final da
garganta, não importando o ângulo de divergência. Foi observado que as maiores perdas de
cargas se dão quando há uma maior vazão, entretanto, a perda de carga não aumenta
proporcionalmente com o aumento da vazão. Quando modificados os ângulos de convergência
ou divergência, não houve significante modificação na velocidade máxima no Venturi. Mas,
tais mudanças afetam significantemente os valores de pressão. Constatou-se que as geometrias
com o mesmo ângulo de divergência possuem valores de perda de carga parecidos. Além disso,
quando o líquido foi introduzido ao domínio, não houveram mudanças significantes na perda
de carga do sistema.
Selvakumar e Kim (2015) investigaram as caraterísticas do escoamento no interior de
um equipamento de lavagem de gases, tais como parâmetros termodinâmicos, evaporação e
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 30
concentração das gotículas de spray. A torre foi projetada com três seções de placas defletoras
para controlar e guiar o fluxo de gases, que entram à 500K. As gotas de água foram borrifadas
de 27 sprays divididos em três seções de nove. A introdução das gotas de água à 300K acelerou
o processo devido ao resfriamento da temperatura dos gases devido à troca de calor entre eles.
Percebeu-se que na parte inferior do lavador não houve muita variação na temperatura devido
à quantidade de gases quentes serem muito maior que a quantidade de gotas. Com a vazão de
entrada, foi possível observar nas linhas de corrente a velocidade de entrada no lavador, com a
velocidade de saída variando a cada timestep. Os autores concluíram que a redução na
temperatura e pressão é o resultado evidente do resfriamento de gás quente por borrifamento de
água, com os gases saindo do lavador a 330 K.
Bayatian, Ashouri e Mahmoudkhani (2016) simularam por meio da ferramenta CFD,
o comportamento do fluido no interior de um lavador de gases do tipo coluna de spray, focando
nas partículas de sílica. Primeiro, foram calculados o diâmetro e a altura do lavador de gases
baseados nos parâmetros da ACGIH4, tal como as vazões mínimas e máximas para o fluxo de
gases no lavador. Foi constatado que ao aumentar a vazão de água, a eficiência de coleta de
partículas de sílica também aumentou, devido ao aumento do contato entre gotículas de água e
o material particulado. É dito também que o contato aumenta por uma segunda razão, a de que
ao aumentar a vazão, o diâmetro das gotículas saindo dos bicos de spray diminui, aumentando
a quantidade de gotas a serem borrifadas, e estudos anteriores comprovam isso. Os autores
comparam seus resultados com o estudo de Vaaraslahti, Laitinen e Keskinen (2002, apud
Bayatian, Ashouri e Mahmoudkhani, 2016), sendo que em seu experimento foram medidas as
coletas de particulado para três diferentes vazões, e descobriu-se que a eficiência de coleta
aumentava com o aumento da vazão. É concluído também que as simulações utilizando CFD
podem aumentar a eficiência, reduzir custos, e diminuir os períodos experimentais. Tal
ferramenta pode também fornecer ideias para aperfeiçoar o projeto de equipamentos.
Já no estudo Kim et al. (2001), foi analisado a eficiência de remoção de partículas num
lavador de gases gravitacional pelos métodos de difusão, interceptação e impactação inercial.
No estudo os autores descrevem cada tipo de método de coleta, descrevendo suas equações para
cálculo de eficiência. Destas equações, é dito que, pela difusão, a eficiência deve diminuir com
o aumento da velocidade da gota de água. Já no caso da interceptação, a velocidade não tem
influência sobre a eficiência, e na impactação inercial a eficiência depende de parâmetros como
_________________
4 - Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais (do inglês American Conference of Governmental Industrial
Hygienists).
velocidades relativas e diâmetros de partículas e da gotícula. Então, são desenvolvidas equações
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 31
para a eficiência total dos 3 métodos, de acordo com o tamanho das partículas, se os diâmetros
destas são maiores ou menores que 0,05 μm. Posteriormente, variou-se o tamanho das partículas
e foi checada a eficiência de coleta. Os resultados indicaram que o tamanho das gotículas é
muito importante na eficiência de coleta, tal como foi citado acima no trabalho de Bayatian,
Ashouri e Mahmoudkhani (2016), e para uma maior eficiência é sugerido diminuir o tamanho
das gotículas. Outro fato que é mostrado nos resultados de Kim et al. (2001), é que os lavadores
de gases, ao contrário do que se pensa, conseguem remover particulados muito menores do que
1 μm, se estiver em condições ótimas de desempenho, porém são poucos os esforços feitos para
testar a performance dos lavadores gravitacionais. Segundo o autor, não houve nenhum teste
compreensível até hoje por causa da falta de técnica experimental.
No estudo de Sartim et al. (2012), foi estudado o escoamento de gás nas coifas de um
despoeiramento primário de uma aciara, coifas que direcionam o fluxo para o lavador de gases.
Este trabalho foi realizado com o intuito de compreender o escoamento para poder reduzir o
desgaste nas coifas. Foram analisadas duas regiões de maior desgaste das coifas, e em cada uma
delas houve uma análise dos perfis de velocidade, descrevendo o comportamento do
escoamento e como a geometria da coifa poderia estar contribuindo para o desgaste das coifas.
Chegou-se à conclusão de que haviam dois métodos de desgaste presentes: abrasão e erosão. O
primeiro acontecia devido à descida do material particulado mais pesado no sentido contrário
ao fluxo presente na zona de baixa velocidade na região de inclinação da coifa, já o segundo
acontecia devido à projeção do material particulado em alta velocidade na parede posterior da
curva de saída da coifa. Ao entender o escoamento em um sistema de coifas, pode-se entender
também como as regiões críticas de desgaste estão relacionadas com o escoamento.
como tridimensional em que 𝑢𝑖=(𝑢x,𝑢y,𝑢z) e xi = (x; y; z), e também analisa-se a pressão 𝑝. Para
isso, o princípio da conservação de massa e a segunda lei de newton para fluidos são
consideradas.
Nos estudos de Ferziger e Péric (2002) e Versteeg e Malalasekera (2007), é possível
encontrar as deduções mais detalhadas das equações à serem mostradas abaixo.
A equação da conservação de massa representa uma soma entre a taxa de variação de
massa em um elemento fluido e a taxa líquida de fluxo de massa através das faces desse
elemento, igualadas à zero. Ou seja, a quantidade de massa que entra deve sair de um volume
de controle, para garantir tal condição. A equação (2.4) representa matematicamente tal
afirmação:
𝜕𝜌 𝜕(𝜌𝑢𝑖 )
+ =0 (2.4)
𝜕𝑡 𝜕𝑥𝑖
𝜕(𝜌𝑢𝑖 )
=0 (2.5)
𝜕𝑥𝑖
𝜕(𝜌𝑢𝑖 𝑢𝑗 ) 𝜕𝑝 𝜕(𝜏𝑖𝑗 )
= − + (2.6)
𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑗
Segundo Ferziger e Péric (2002), existem três métodos para a solução numérica das
equações diferenciais: O Método das Diferenças Finitas (MDF), dos Volumes Finitos (MVF) e
de Elementos Finitos (MEF). No presente trabalho, foi utilizado o software ANSYS CFX 18.0,
que utiliza o método dos volumes finitos.
O método dos volumes finitos utiliza a forma integral das equações de conservação
como seu ponto de partida. Este método subdivide o domínio em um número finito de volumes
de controle. No centroide de cada volume se encontra um ponto nodal, onde as equações
diferenciais são integradas em cada um deles. (FERZIGER & PÉRIC, 2002). Realizando a
integração para todos os volumes de controle, obtemos uma equação algébrica para cada uma
e, portanto, têm-se o sistema de equações à ser resolvido (MALISKA, 2004).
Modelagem da Turbulência
como função do escoamento médio e suas flutuações, como mostrado na Figura 11. Como
exemplo, pode-se utilizar a velocidade (u), que é mostrado na equação (2.9) e na Figura 15.
𝜕(𝜌𝑢̅𝑖 )
=0 (2.10)
𝜕𝑥𝑖
𝜕(𝜌𝑢̅𝑖 𝑢̅𝑗 ) 𝜕𝑝̅ 𝜕 𝜕𝑢̅𝑖 𝜕𝑢̅𝑗 ̅̅̅𝑖̅′̅𝑢̅̅𝑗̅′ ]
= − + [ 𝜇( + ) − 𝜌𝑢 (2.11)
𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑖
̅̅̅𝑖̅′̅𝑢̅̅𝑗̅′),
Nota-se na equação (2.11) que há o aparecimento de um termo adicional (−𝜌𝑢
devido às interações das flutuações turbulentas no escoamento, sendo este termo adicional
conhecido como Tensões de Reynolds. Logo, a modelagem da turbulência se reduz ao cálculo
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 36
das Tensões de Reynolds. Há uma proposta de resolução dessas tensões, enunciada em 1877,
por Bousinesq. Na proposta era enunciado que as tensões de Reynolds podem ser proporcionais
à taxa de deformação (VERSTEEG & MALALASEKERA, 2007). Baseando-se nisso, as
Tensões de Reynolds (𝜏𝑖𝑗 ) podem ser descritas como:
1 ′2 2 2
𝑘= (𝑢̅ + 𝑣̅′ + ̅̅̅
𝑤′ ) (2.13)
2
𝜇𝑒𝑓𝑓 = 𝜇𝑡 + 𝜇 (2.15)
2.7.1.1.1. Modelo k - ε
Segundo Launder e Spalding (1974, apud Versteeg & Malalasekera, 2007), o modelo
padrão 𝑘 − 𝜀 possui duas equações modelo. A primeira para a energia cinética turbulenta 𝑘, e
a segunda para a taxa de dissipação desta energia, baseado no entendimento dos processos
relevantes que causam mudanças nessas variáveis. Assim, pode-se definir a viscosidade
turbulenta (𝜇𝑡 ) como:
𝜌𝑘 2
𝜇𝑡 = C𝜇 (2.16)
𝜀
𝜕(𝜌𝑘𝑢𝑗 ) 𝜕 𝜇𝑡 𝜕𝑘
= [(𝜇 + ) ] + 𝑃𝑘 − 𝜌𝜀 (2.17)
𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜎𝑘 𝜕𝑥𝑗
𝜕(𝜌𝜀𝑢𝑗 ) 𝜕 𝜇𝑡 𝜕𝜀 𝑘
= [(𝜇 + ) ] + (𝐶1 𝑃𝑘 − 𝐶2 𝜌𝜀) (2.18)
𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜎𝑒 𝜕𝑥𝑗 𝜀
Termo Advectivo
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 38
integração, e 𝜙𝑖𝑝 é o valor no ponto de integração. O que diferencia os esquemas de cálculo são
as escolhas de 𝛽 e ∇𝜙.
Neste trabalho foi utilizado o High Resolution Scheme. Segundo o manual ANSYS
(2013a), o High Resolution Scheme utiliza uma equação não linear especial em cada nó, com 𝛽
tendo um valor mais próximo a um possível sem introduzir oscilações numéricas no sistema.
Já o valor de ∇𝜙 é considerado igual ao gradiante da variável do nó à montante.
Acoplamento Pressão-Velocidade
de massa. Para isso, usa-se o esquema de interpolação proposto por Rhie e Chow (1982), cuja
explicação detalhada pode ser encontrada em ANSYS (2013b).
METODOLOGIA
Para definir o domínio computacional, após análise dos desenhos 2-D fornecidos, uma
geometria 3-D do lavador foi desenhada utilizando de ferramentas como o Solid Edge e o
ANSYS Space Claim. Para a realização do desenho, foram desconsiderados os sprays, pois não
são utilizados para fins de análise de escoamento, limitando a análise à este fim. É valido
comentar que, para fins de observação do escoamento, houve uma prolongação do tubo interno
(que é existente, mas não foi prolongado no tamanho conforme projeto e sim para se ter uma
visualização do perfil do escoamento), para que se evitassem recirculações. Na tabela 2 estão
representados alguns valores de projeto para o estudo.
3.1.2. Malha
Após definição do domínio, foi realizado um teste de malha, que será descrito no
Apêndice A. Foi escolhida uma malha com cerca de 18,3 milhões de nós, e consiste de
elementos tetraédricos. Nas regiões próximas à paredes foi utilizado um insuflamento, com
elementos triangulares na direção normal, onde há um maior refino para o melhor entendimento
dos efeitos da camada limite. As malhas foram geradas utilizando a ferramenta ANSYS
Meshing, e a malha pode ser vista nas Figuras 14 e 15.
Capítulo 3 – Metodologia 43
Para que a simulação computacional fosse realizada, se fez necessário adotar certas
hipóteses. O fluido foi considerado como ar gás ideal à 750°C, monofásico e incompressível,
pois este estudo tem como objetivo apenas observar e descrever a distribuição do escoamento,
e incluir as partículas torna a simulação muito mais complexa devido a modelagem da formação
do composto água + partículas. Outra hipótese adotada foram as condições isotérmicas, haja
vista que na geometria não foram incluídos os sprays de água. Além disso, foi considerado o
regime permanente, e desconsiderou-se a gravidade.
Capítulo 3 – Metodologia 45
No presente estudo foi utilizado o critério de convergência RMS (Root Mean Square
– Raiz Quadrada Média) do residual inferior à 10-4 para todas as variáveis, que segundo o
manual do ANSYS (2013b), é um valor razoável em aplicações de engenharia.
As simulações foram realizadas em um computador de 128Gb de RAM e com 36
núcleos de processamento, pertencente ao Laboratório de Fenômenos de Transporte
Computacional (LFTC), localizado no Centro Tecnológico desta universidade. Foi utilizado o
software ANSYS CFX para a realização das simulações.
47
RESULTADOS E DISCUSSÃO
velocidade na saída do tubo de saída está descrita na Figura 18a, enquanto na figura 18b estão
descritos os vetores de velocidade na mesma região.
Figura 17 - Linhas de corrente no interior do lavador de gases: (a) lavador em sua posição de
trabalho; (b) rotacionada em 90 graus no sentido anti-horário; (c) semelhante ao item a com
menos linhas de corrente e (d) semelhante ao item b com menos linhas de corrente.
sprays. Porém, potencialmente, essa é uma zona com baixa concentração de material
particulado. De modo geral, a análise da região de entrada indica que a eficiência não está
adequada por conta da não homogeneidade na distribuição do fluxo de gás dentro do lavador
de gases.
Na região inferior, o fluxo preferencial tem um direcionamento para a parede, o
material particulado, com uma alta velocidade, tem uma inércia maior, com uma tendência forte
em colidir na lateral da parede. Como a lateral da parede está umidificada, e o material
particulado potencialmente também estará, pode-se haver um contato e uma maior adesão com
a parede, o que pode promover uma boa redução do material particulado. Vale ressaltar que
isso é apenas uma visão conceitual, pois não há nenhuma medição em campo para poder validar
essa informação.
FONTE: Autor
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 51
descolamento da camada limite, o que gera uma grande perda de pressão. Na zona de saída do
tubo, a pressão manométrica é 0, uma das condições de contorno aplicadas na simulação.
Figura 25 – Distribuição da pressão na zona do chapéu e grade e saída: (a) escala normal; (b)
escala reduzida entre 750 e 0 Pa e (c) escala reduzida entre 0 e -1294 Pa.
FONTE: Autor
58
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ACGIH. Industrial Ventilation: A Manual of Recommended Practice for Design. 29. ed. [S.l.]:
Signature Publications, 2016.
BRAGA, A. et al. Poluição atmosférica e saúde humana. Revista USP, n. 51, p. 58-71, 2001.
BRAUER, H.; VARMA, Y. B. G. Design and Operation of Wet Dust Scrubbers. In: Air
Pollution Control Equipment. Springer, Berlin, Heidelberg, 1981.
CALVERT, S et al. Wet Scrubber System Study. Vol. 1, Scrubber Handbook. EPA-R2-72-118a.
U.S. Environmental Protection Agency, 1972.
CALVERT, S.; ENGLUND, H. M. Handbook of air pollution technology. CRC Press 1984.
COOPER, C. D.; ALLEY, F. C. Air pollution control: A design approach. [S.l.]: Waveland
Press, 3. ed, 2002.
DAS, P. K.; SARKAR, S.; AJMANI, S. K. Transient Thermal Stress Analysis of BOF Hood
Failure. Journal of Failure Analysis and Prevention, v. 17, n. 3, p. 496-504, 2017.
EPA – US. Air Poluttion Control Technology Fact Sheet. EPA 452/F-03-004, North Carolina,
2005.
FERZIGER, Joel H.; PÉRIC, Milovan. Computational methods for fluid dynamics. Springer
Science & Business Media, 2012.
LI, S.H. et al. CFD simulation on performance of new type umbrella plate
scrubber. Transactions of Nonferrous Metals Society of China, v. 18, n. 2, p. 488-492, 2008.
LICHT, William. Air pollution control engineering: Basic calculations for particulate
collection. CRC Press, 1988.
RHIE C. M., CHOW W. L. A numerical study of the turbulent flow past an isolated airfoil with
training edge separation. AIAA paper, pp. 82-0998, 1982.
SCHIFFTNER, K.C; HESKETH, H.E. Wet Scrubbers: A practical Handbook. CRC Press,
1996.
SCHNELLE, K. B.; BROWN, C. A. Air Pollution Control Technology Handbook. 1. Ed.: CRC
Press, 2002.
THEODORE, L. Air pollution control equipment calculations. [S.l.]: John Wiley & Sons, 2008.
WANG, L. K.; PEREIRA, N. C.; HUNG, Y.-T. Air pollution control engineering. [S.l.]:
Springer, 2004. v. 1.
Uma malha básica foi gerada com os refinamentos necessários nas regiões de maiores
gradientes, e nas regiões próximas às paredes foram utilizados elementos triangulares na
direção normal, para melhor entendimento da camada limite (inflation). As malhas variaram de
3 milhões de nós até 18,3 milhões de nós. O parâmetro utilizado no teste foi o perfil de
velocidades em uma linha traçada na região do tubo de saída, aproxidamente no meio do
mesmo. A linha está representada na Figura 28.