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Origem do Violão: Sua História, Características e Curiosidades

“O violão, em sua simplicidade, mesmo quando o pinho tosco se cobre de vernizes e arabescos
em madrepérola e pedrarias, parece ter sido criado para a linguagem sonora e sincera dos
simples; dos que sofrem e se queixam, dos que acreditam na poesia das frases musicais; dos
que estão sós e precisam falar consigo mesmo sem parecer que estão loucos; dos que não
sabem declarar o seu amor como os demais; dos que precisam fugir a realidade, seca por
demais para ser aceita sem um pouco de harmonia...”
Este é um trecho da contracapa do disco “Abismo de rosas”, de Dilermando Reis, escrito por
Nazareno de Brito, que em poucas palavras, tenta descrever o que o violão representa para
nós.

A Origem do Violão

A origem do Violão não é muito clara. Sua história começa há cerca de 2.000 anos a.C.
Na antiga Babilônia, arqueologistas encontraram placas de barro com figuras seminuas
tocando instrumentos musicais, muitos deles similares ao violão atual (1900-1800 a.C). Um
exame mais detalhado nos mostra que há diferenças significativas no corpo e no braço:
Também o fundo é chato, portanto sem relação com o alaúde, de fundo côncavo.
As cordas são pulsadas pela mão direita (para os destros), mas o número de cordas não é
claro; em algumas placas, pelo menos duas cordas são visíveis.
Indícios de instrumentos similares ao violão foram encontrados em cidades como Assíria, Susa
e Luristan.
No Egito: O único instrumento de cordas pulsadas era a HARPA de formato côncavo que
depois foi acrescentada de um braço com trastes cuidadosamente marcados e cordas feitas de
tripa animal. Pouco tempo depois estas características se combinariam e evoluíram para um
instrumento ainda mais próximo do violão.

Em Roma: Surge instrumento totalmente de madeira (30 a.C-400 d.C). O tampo, que antes era
de couro cru (semelhante ao banjo) agora é de madeira e possui cinco buracos. É importante
frisar que nas catacumbas egípcias foram encontrados instrumentos, com leves curvas
características do violão.

O primeiro instrumento de cordas europeu, de origem medieval, data de 300 anos depois de
Cristo, e possuía um corpo arredondado que se interligava com um braço de comprimento
considerável. Este tipo de instrumento foi utilizado por muitos anos e foi o antepassado
provavelmente da Teorba.
Há também a descrição de outro instrumento datado da Dinastia Carolingian, que pode ser de
origem tanto alemã como francesa. Este instrumento possuía formato retangular e seu corpo
era equivalente ao seu braço.
Em ilustrações pode se observar que na “mão ” do instrumento (de formato arredondado) se
encontravam quatro, e às vezes cinco tarraxas de afinação, com um número de cordas
equivalente. Este instrumento manteve seu formato e suas definições até o século quatorze.
Paralelamente a este instrumento, outro começou a se desenvolver. Possuía leves curvas nas
laterais do corpo tornando-o mais anatômico e confortável. Descrições deste instrumento
foram encontradas em catedrais inglesas, espanholas e francesas datadas do fim do século
quatorze.
É importante frisar que haviam distinções, como a guitarra Latina e a guitarra Morisca. A
guitarra Morisca, como o nome indica, tinha origem Moura, devido a colonização da Espanha e
da África do Norte.
Este instrumento possuía um corpo oval e o tampo possuía vários furos ornamentados
chamados de Rosetas. Era totalmente remanescente do Alaúde, e dentro deste conceito uma
série de outros modelos, com diferentes números de cordas também existiam.

Já a guitarra Latina, tinha as curvas nas laterais do corpo que marcariam o desenho já quase
definitivo do instrumento. A guitarra latina (assim como a Morisca) tinham muita popularidade
na Europa Medieval.
Essa popularidade se devia principalmente a presença dos “Trovadores”, músicos de natureza
nômade que com suas performances e constantes viagens enriqueceram a cultura europeia, e
impulsionaram a popularidade e reconhecimento do instrumento.
Até a Idade Média as informações sobre a guitarra eram obtidas de maneira indireta na sua
maioria, através de afrescos, pinturas e pequenas anotações da época.
A partir do período Barroco, as informações sobre instrumentos em geral e sobre música são
muito mais claras e precisas.
Há duas hipóteses mais aceitas atualmente, e que Emílio Pujol cita na sua conferência em
Paris, no dia 9 de novembro de 1928, intitulada “La guitarra y su História”:
Primeira hipótese para a origem do violão
O violão seria derivado da chamada Khetara grega, que com o domínio do Império Romano,
passou a se chamar Cítara romana. Era também denominada de Fidícula.
Teria chegado à península Ibérica por volta do século I d.C. com os romanos; este instrumento
se assemelhava à Lira e, posteriormente foram acontecendo as seguintes transformações: os
seus braços dispostos na forma da lira, foram se unindo, formando uma caixa de ressonância, à
qual foi acrescentada um braço de três cravelhas e três cordas.
A esse braço foram feitas divisões transversais (trastes), para que se pudesse obter várias
notas de uma mesma corda, a ser tocado na posição horizontal. Assim, ficam estabelecidas as
principais características do Violão.
Segunda hipótese para a origem do violão
O violão seria derivado do antigo Alaúde Árabe que foi levado para a península Ibérica através
das invasões muçulmanas, sob o comando de Tariz, por volta dos anos 711 – 718.
O Alaúde Árabe que penetrou na península na época das invasões, foi um instrumento que se
adaptou perfeitamente às atividades culturais da época e, em pouco tempo, fazia parte das
atividades da corte.
Esse instrumento musical era conhecido desde o século VIII, tanto o de origem grega, como o
Alaúde Árabe, e viveram mutuamente na Espanha.
Isso se pode comprovar pelas descrições feitas no século XIII, por Afonso, o sábio, rei de
Castela, e Leão (1221-1284), que era um trovador e escreveu célebres cantigas através das
ilustrações descritas nas cantigas de Santa Maria. E assim pôde-se comprovar que no século
XIII existiram dois instrumentos distintos, convivendo juntos.
O primeiro era chamado de Guitarra Mourisca e era derivado do Alaúde Árabe. Este
instrumento possuía três pares de cordas e era tocado com um plectro (espécie de palheta);
possuía um som ruidoso.
O outro era chamado de Guitarra Latina, derivado da Khetara Grega. Ele tinha o formato de
oito, com incrustações laterais, o fundo era plano e possuía quatro pares de cordas. Era tocado
com os dedos e seu som era suave, sendo que o primeiro estava nas mãos de um
instrumentista árabe e o segundo, de um instrumentista romano.
Isso mostra claramente as origens bem distintas dos instrumentos, uma árabe e a outra grega;
que coexistiram nessa época na Espanha.
Vemos, portanto, como a origem do Violão e sua evolução estiveram intimamente ligadas à
Espanha e a sua história.

 Quantas cordas tem um violão?

Na idade média, era um fato comum encontrar instrumentos musicais de três, quatro e cinco
cordas. A “guitarra de quatro cordas” tinha muita popularidade no século quinze, porém no
século dezesseis a guitarra de cinco cordas assumiu posto de instrumento predileto europeu.
O primeiro indício de uma guitarra de cinco cordas foi uma gravura Italiana datada do século
quinze. O instrumento representado é pelo menos igual em tamanho em relação ao seu
semelhante moderno.
A sua caixa sonora é um pouco maior que a do violão moderno, e apresenta uma construção
refinada que chama a atenção, o que é característico de instrumentos de luthieres italianos.
A guitarra italiana possuía uma derivada, chamada de “Guitarra Batente”. O mesmo sendo
observado na França, com a “Rizzio Guitarre”. A afinação dessa guitarra de cinco cordas era A-
D-G-B-E, exatamente como o violão moderno.
Com o passar do tempo, o corpo do instrumento foi aumentado e uma corda foi adicionada e
sua afinação era a mesma da antiga guitarra com exceção da terceira corda, que era afinada
meio tom abaixo.
Este instrumento viria então a ser conhecido como a Vihuela. A Vihuela era apenas uma
guitarra de dimensões maiores, e possuía seis cordas duplas feitas de tripa animal.

No século dezesseis, a guitarra era denominada de três maneiras: Vihuela na Espanha, Rizzio
Gitarre na França e Guitarra Batente na Itália.
É da Alemanha do século dezessete, que se tem notícia da mais antiga publicação para guitarra
de seis cordas.

 Como surgiu o nome “Violão”?

Em vários países de língua não-portuguesa, o Violão é conhecido como “Guitarra”.Isso tem


muito a ver com o idioma inglês (Guitar), francês (Guitare), alemão (Gitarre), italiano (Chitarra)
e espanhol (Guitarra).
Acontece também, que os portugueses possuem um instrumento muito semelhante ao Violão,
que seria atualmente equivalente à nossa Viola Caipira: É a Viola portuguesa. Ela possui as
mesmas formas e características do Violão, sendo apenas um pouco menor.
Quando os portugueses se depararam com a “guitarra” (Espanhol), viram que ela era igual à
sua viola, sendo apenas um pouco maior. Então colocaram o nome do instrumento no
aumentativo, ou seja, de “Viola” passou a ser chamado de Violão…
O nome violão hoje faz parte do vocabulário de todos os brasileiros e designa de forma
inequívoca a guitarra clássica. Muitos tentaram, sem sucesso, fazer com que o termo
“guitarra” voltasse a ser utilizado no Brasil para unificar a nomenclatura a todas as outras
línguas.
Só no século vinte o nome “guitarra” retornou ao vocabulário corrente dos brasileiros, mas
apenas para designar a versão eletrificada do violão. O nome “guitarra clássica” também acaba
sendo alternativamente utilizado, muitas vezes, para designar os modelos de guitarras semi-
acústicas do jazz e blues tradicionais.

 Uso na música popular e erudita

O violão originou um ramo da música clássica ou erudita, composta por obras escritas
especialmente para tirar partido das suas possibilidades expressivas, geralmente prelúdios,
sonatas e concertos, embora qualquer forma de composição musical possa ser utilizada por
ele.
O violão é quase sempre tocado sem o uso de palhetas, utilizando-se as unhas (normalmente
da mão direita). As unhas devem estar bem polidas para um som mais perfeito.
Já Francisco Tárrega (1852-1909), preconizou que o toque devia ser realizado pela mão direita
com a parte “macia” do dedo – a polpa – ou seja, a unha não deveria ser utilizada.

O toque nas cordas pode ser feito sem apoio ou com apoio. Sendo com apoio, o dedo, após
ferir a corda, descansa na corda imediatamente acima.
Ao contrário da música popular, a execução clássica mais frequente é de uma linha melódica
tocada nas cordas agudas e linhas de baixo, escalas e arpejos são tocados simultaneamente à
melodia principal.
Na música popular as guitarras clássicas são utilizadas para acompanhamento do canto e a
execução frequentemente é harmônica. Os acordes são montados com a mão esquerda e com
os dedos da mão direita – ou palhetas – são feitos diversos tipos de ritmos, batidas, dedilhados
ou arpegios.
Alguns gêneros musicais permitem a utilização de linhas melódicas em introduções e solos. No
jazz podem ser utilizadas técnicas mais elaboradas como o tapping e a execução com
harmônicos.
Na música popular é comum a amplificação do violão com microfones dinâmicos. Os
amplificadores permitem ajustes de tonalidade e mesmo algumas leves distorções são
toleráveis às vezes, em alguns estilos populares.

 Origem do Violão no Brasil – Uma breve história

O primeiro instrumento musical de cordas que se tem notícias, que chegou ao Brasil, foi a viola
de dez cordas – ou cinco cordas duplas – trazida pelos jesuítas portugueses, que aqui
chegaram para catequisar os índios e a usavam durante a catequese.
A primeira notícia que se tem sobre este instrumento no Brasil, ocorre no século XVII em São
Paulo.
A confusão entre a viola e o violão começa em meados do século XIX, quando a viola é usada
com uma afinação própria do violão, isto é, lá, ré, sol, si, mi.
Atualmente, a viola passou-se a ser denominada de viola caipira, por ser um instrumento típico
do interior do país, e a nomenclatura violão, ao instrumento que era característico de uso
urbano, e ter sua forma atual estabelecida no final do século XIX.

Com isso, o violão passou a tornar-se o instrumento favorito para o acompanhamento vocal,
como no caso das modinhas, na música instrumental, acompanhando a flauta e o cavaquinho,
e com isso formando a base de um conjunto de choro ou chorinho.
O violão, por ser um instrumento muito usado na música popular brasileira, e pelo povo em
geral, passou a ter uma má fama, sendo considerado por muitos como um instrumento de
boêmios, presente entre seresteiros, chorões, tornando-se um símbolo de vagabundagem e,
carregando consigo este estigma por muitos anos.
Em virtude desta discriminação sofrida pelo violão no Brasil e sua associação, os primeiros que
tentaram desmistificar esse ranço pejorativo e discriminatório do violão, divulgando-o como
um instrumento sério foram considerados verdadeiros heróis.
Um dos precursores do violão moderno no Brasil foi o fundador da revista “O Violão”,
publicando-a em 1928, foi Joaquim Santos (1873-1935) ou Quincas Laranjeira, considerado o
“Pai do violão moderno” que nos últimos anos de sua vida dedicou-se a ensinar a tocar o
violão pelo método de Tárrega.
A origem do violão no Brasil, sua história, desenvolveu-se, basicamente, em dois grandes eixos
da expressão da arte no Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo. Foi nessas cidades que surgiram a
maioria dos grandes violonistas brasileiros.
O Brasil teve e tem a sua própria safra de grandes violonistas, e falaremos disso num outro
artigo.

 Construção e estrutura do violão

A configuração moderna e desenho do violão foram confeccionados na Espanha. Presente hoje


em quase todos os gêneros musicais populares, sua abrangência só se compara à do piano.
Ao longo do tempo este instrumento sofreu grandes evoluções e, hoje em dia, possui uma
grande variedade de formatos e tamanhos, cada qual mais apropriado a um estilo de execução
e muitas vezes personalizado pelo luthier que o construiu.
O violão ou guitarra clássica possui diversas características em comum com todas as outras
guitarras, e as principais diferenças em relação às outras são o fato de usar cordas de nylon, a
cabeça possuir cravelhas, o braço ser mais largo e o tipo de madeiras usadas.

A figura abaixo mostra as partes de um violão:

Cabeça, braço e escala

A cabeça da guitarra clássica é geralmente feita da mesma madeira do braço e em alguns casos
é entalhada no mesmo bloco de madeira. É fixada na extremidade do braço formando um
pequeno ângulo para facilitar o posicionamento das cordas sobre a pestana (feita de osso,
plástico ou latão em alguns casos).

As tarraxas ou cravelhas dos instrumentos modernos são feitos de aço com abas de plástico,
osso ou madrepérola. Na maior parte das guitarras acústicas há três carrilhões de cada lado da
cabeça. Outras configurações são possíveis, como 4+2, 4+3 em violões de 7 cordas e 2+2 para
violões-baixo.

O braço do violão é mais largo que o de outras guitarras acústicas, como por exemplo, a
guitarra folk. É composto basicamente de uma barra maciça e rígida de madeira fixada ao
corpo.
Madeiras de grande resistência à tração são preferíveis, e as mais usadas são o mogno e o
cedro. O braço é colado ao corpo com o auxílio de um reforço estrutural, o tróculo, em geral
entalhado na mesma peça do braço, mas que também pode ser uma parte separada e colada
ao braço e ao corpo.

Feita de uma madeira diferente do resto do braço, como o ébano, a escala é montada sobre o
braço para fixar os trastes e servir de apoio aos dedos do executante.
As guitarras clássicas geralmente não apresentam elementos decorativos sobre a escala. Os
violões modernos são construídos com os trastes posicionados para proporcionar intervalos
iguais em todos os semitons.
Em geral, a parte livre do braço é mais curta que nos instrumentos elétricos, com doze trastes
da pestana até a junção com o corpo.

Corpo
Em todos os tipos de violão o corpo tem as funções de caixa de ressonância e de fixação das
cordas. A combinação de madeiras utilizadas não é meramente decorativa.
Cada madeira é escolhida devido às suas características físicas, tais como flexibilidade,
resistência à tração e absorção de umidade.
As características combinadas de cada madeira permitem construir instrumentos com a
sonoridade desejada, bem como garantem que o instrumento terá afinação e timbre estáveis
em condições diferentes de temperatura, umidade e tensão das cordas.

Faixas laterais
Feitas de madeiras resistentes à tração. A madeira preferida para esta parte do corpo é o
jacarandá da Bahia. Como esta árvore está em risco de extinção, apenas luthieres que
possuem estoques antigos utilizam essa madeira.
Uma alternativa é o jacarandá da Índia, também chamado Rosewood. Também pode ser usado
o mogno ou algumas outras madeiras. As finas lâminas, de no máximo 3 mm de espessura e
com cerca de 3 a 5 cm de largura, são molhadas e moldadas no formato desejado do
instrumento (normalmente no formato aproximado de um 8) com a ajuda de moldes de
madeira e grampos.
Após alguns dias as faixas adquirem a forma definitivamente. Várias peças de madeira em
forma de “L” são coladas ao longo de toda a parte interna das faixas. Estas peças servirão para
colar o fundo e o tampo.

Fundo
Construído da mesma madeira que as faixas, o fundo também é uma lâmina fina de madeira,
cortada para preencher exatamente o contorno definido pelas faixas.
Na verdade, não é constituído de uma única chapa, mas de duas partes simétricas, fixadas no
meio a uma estrutura que se estende longitudinalmente ao corpo.
O resultado é um fundo que não é plano, mas levemente curvo em direção ao exterior. Essa
montagem permite a dilatação e faz com que alterações da madeira decorrentes de variações
de temperatura ou umidade sejam absorvidas sem danos às lâminas.
Tampo
Esta é a principal parte do corpo do violão. Como as cordas são fixadas ao tampo, quando elas
vibram todo o tampo vibra solidariamente. Este efeito é responsável pela maior parte da
amplificação acústica.
Como deve agir como uma membrana, o tampo deve ser construído de uma lâmina fina (em
geral menos espessa que o fundo e laterais) de uma madeira altamente flexível, mas ainda
assim resistente o suficiente para suportar a tração ocasionada pelas cordas.
A madeira preferencial para o tampo é o cedro, mas várias outras madeiras podem ser usadas.
Os melhores instrumentos são obtidos de árvores com pelo menos 200 anos, que possuem
veios praticamente paralelos.
Assim como o fundo, o tampo é obtido de uma única chapa de pinho dividida em duas
metades unidas ao meio e colado aos suportes em “L”. No ponto de junção entre as faixas e o
tampo, um friso é colado como elemento decorativo e também como reforço estrutural do
conjunto.
Aproximadamente no centro do tampo, há uma abertura, a boca. Ela serve para permitir a
passagem do ar em vibração. Em geral, um mosaico feito em marchetaria decora e protege as
bordas das aberturas. O desenho utilizado é característico de cada luthier.
Na parte interna do tampo, uma complexa estrutura de barras ou ripas de madeira é
construída para “disciplinar” a vibração do tampo. Chamada de leque, esta estrutura é
fundamental para permitir o reforço de determinados harmônicos e a absorção de ruídos
indesejáveis. Em geral o número de barras e o desenho utilizado é característico de cada
luthier ou de cada modelo.
Abaixo da boca é colado o cavalete, usado para fixar as cordas ao corpo. O cavalete possui
furos para a fixação das cordas e sobre ele é montado o rastilho, uma barra de osso ou plástico
que serve para apoiar e distanciar as cordas do corpo e da escala, além de transmitir a
vibração das cordas ao tampo.
Encordoamento
Os violões clássicos – ou de concertos – utilizam exclusivamente cordas de nylon; a construção
deste tipo de instrumento não suporta uma tensão maior, proporcionada pelas cordas de aço.
As cordas mais finas, chamadas de primas ou agudas, são feitas de nylon ou compostos
utilizando carbono e titânio. As mais grossas, chamadas de bordões ou baixos, consistem de
um núcleo composto por multifilamentos de fios de nylon, enrolados em espiral por um fio
metálico.
Este fio é feito geralmente de cobre (puro ou suas ligas), cobre banhado a prata, ou mesmo de
prata pura, tratado com revestimento antioxidante.
Esta construção permite maior resistência à tração, maior estabilidade de afinação e maior
flexibilidade do que seria possível caso se usassem fios de cobre também nas cordas mais
grossas.

 Curiosidades sobre o Violão

Por um bom período da história do violão – no Brasil – ele foi difamado devido a ser o
instrumento preferido dos boêmios e seresteiros, levando o título de “instrumento marginal”,
“coisa de vagabundo”. Felizmente esse fato já foi superado.
Por um bom tempo da nossa história também houve uma confusão em relação aos termos
viola e violão no país. Mas há muito tempo essa diferença entre os dois instrumentos é
notória.

Devido ao formato característico do corpo do violão, costuma-se dizer que ele tem as mesmas
proporções de um corpo feminino. Por analogia também se diz de mulheres que têm a cintura
acentuada, que elas têm um “corpo de violão”.

Aqui no Brasil, quando se fala em “guitarra”, nos referimos ao instrumento elétrico chamado
“Guitarra Elétrica”. Mas não é assim em outros países…

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