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Kaio Felipe1
1. Introdução
Em seu artigo Cultura marxista, publicado em 1983 no Jornal do Brasil, o ensaísta e
diplomata José Guilherme Merquior (1941-1991) comenta sobre a influência das idéias marxistas
na iniciação intelectual da “geração 1960”. Em tom bem-humorado, o autor alega que o marxismo
significava, “pelo menos no Rio [de Janeiro], duas coisas: estética e livros em italiano2” (Merquior,
1983, p. 196). O que mais interessava a jovens universitários como ele e seu amigo Leandro Konder
(1936-2014) era “a teoria da cultura do marxismo ocidental (...), com Lukács e Benjamin à frente”
(Ibidem, p. 196). Em muitos casos (como o dele próprio) o interesse por tais autores não se devia ao
fato de serem marxistas, “mas por soarem tão „cultura‟, tão sofisticados e vagamente heréticos,
dentro da tosca tradição marxista nesses domínios” (Ibidem, p. 196).
O filósofo e crítico húngaro Georg Lukács (1885-1971), um dos fundadores do marxismo
ocidental 3, foi de fato uma grande influência para essa “geração 1960” de intelectuais brasileiros.
Konder e Carlos Nelson Coutinho (1943-2012) organizaram as primeiras obras de Lukács
publicadas no Brasil, dentre elas Ensaios de Literatura (1965) e Realismo Crítico Hoje (1969).
Gunter Karl Pressler afirma em Benjamin, Brasil (2006) que também Luiz Costa Lima (1937) e
Roberto Schwarz (1938) foram fortemente influenciados por Lukács (cf. Pressler, 2006, p. 101).
No caso específico de José Guilherme Merquior, Pressler chega a rotulá-lo como um
“conservador esclarecido e „lukacsiano‟” (Ibidem, p. 112), argumentando que Lukács seria uma das
principais bases filosóficas e teóricas de Merquior (cf. Ibidem, p. 97). Nesse sentido, obras como
Formalismo e Tradição Moderna (1974) estariam marcadas por uma análise lukacsiana da
alienação na sociedade de massa. Entre as décadas de 70 e 80, José Guilherme, de acordo com
Pressler, “encontrou em Lukács aplicações críticas sobre a temática da alienação, mas „comprou‟ o
anti-modernismo” do crítico húngaro (Ibidem, p. 115).
1
Doutorando em Sociologia e Mestre em Ciência Política pelo IESP/UERJ. E-mail: kaiofelipe@iesp.uerj.br
2
A propósito, Merquior, Konder e outros jovens intelectuais brasileiros dos anos 1960 liam esses autores em italiano
porque, como não dominavam a língua alemã, recorriam às traduções publicadas na Itália, as quais, de acordo com José
Guilherme, contavam “com prefácios e introduções da melhor categoria, assinados por Paolo Chiarini, Renato Solmi e
outros „relações públicas‟ desse quilate.” (Ibidem, p. 197)
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Vertente do pensamento marxista caracterizada pela epistemologia humanística (isto é, a adoção de uma abordagem
hermenêutica e a crítica do naturalismo cientificista), pelo forte investimento na crítica cultural (tanto da arte erudita
quanto da cultura de massa) e pelo ecletismo conceitual. (cf. Merquior, 1987, p. 19) Na tradição do marxismo ocidental
há uma mescla das análises de Marx (1818-1883) com a filosofia de Hegel (1770-1831) e, no caso da Escola de
Frankfurt, com a sociologia de Georg Simmel (1858-1918) e Max Weber (1864-1920) (cf. Vandenberghe, 2012, p. 81).
Dentre os principais “marxistas ocidentais” podem ser citados, além de Lukács, Antonio Gramsci (1891-1937), Max
Horkheimer (1895-1973), Herbert Marcuse (1898-1979) e Theodor Adorno (1903-1969).
O propósito deste ensaio é averiguar se estas qualificações feitas por Gunter Pressler a
Merquior são consistentes. Pretendo responder a duas perguntas: até que ponto Merquior foi
influenciado por Lukács, isto é, em quais posições (tanto em estética quanto em sociologia da
cultura) ambos convergem? E quais são suas principais críticas e divergências em relação ao
pensador húngaro?
No próximo capítulo apresento um breve sumário das posições estéticas de Georg Lukács,
concentrando-me naquelas que são incorporadas ou criticadas por José Guilherme. Nos capítulos
seguintes pretendo analisar, em ordem cronológica, ensaios em que Merquior adota uma abordagem
lukacsiana, como Razão do Poema (1965), Contradições da vanguarda (1965) e Formalismo e
Tradição Moderna, além de escritos em que faz uma avaliação crítica de Lukács: Arte e Sociedade
em Marcuse, Adorno e Benjamin (1969), História de uma Classe de Inconsciência (1980) e O
Marxismo Ocidental (1986).
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José Guilherme Merquior provavelmente baseou-se na obra Main Currents of Marxism, de Leszek Kołakowski (1927-
2009), para fazer esta comparação entre o critico húngaro e o personagem criado Mann: “Lukács is depicted in literature
as the Jesuit Naphta in Thomas Mann's The Magic Mountain: a highly intelligent character who needs authority, finds
it, and renounces his own personality for its sake. Lukács in fact was a true intellectual, a man of immense culture (…),
but one who craved intellectual security and could not endure the uncertainties of a sceptical or empirical outlook. In
the Communist party he found what many intellectuals need: absolute certainty in defiance of facts, an opportunity of
desprezo pela modernidade de Lukács não só com o marxismo ocidental que este ajudou a fundar
com História e Consciência de Classe, mas também com a arte de vanguarda:
...o ânimo soteriológico por trás do messianismo revolucionário do
marxismo ocidental nasceu dos mesmos impulsos românticos e
irracionalistas que motivaram a ruptura da arte moderna com a sociedade
liberal e a civilização industrial. Numa palavra: marxismo ocidental e alto
modernismo europeu são filhos do mesmo caldo de cultura (Ibidem, p.159-
160; grifos no original).
Merquior critica o fato de que categorias como reificação (Simmel) e racionalidade
instrumental (Weber) se transformaram, na primeira obra marxista de Lukács, em “filosofemas
descarnados, despidos de especificação sociológica” (Ibidem, p. 161). Além disso, alega que essa
influência problemática se alastrou pelo marxismo ocidental, em particular na Escola de Frankfurt:
tal vertente seria marcada pela aliança de “filosofia social sem nenhum embasamento histórico-
sociológico com mitos de origem escatológica proclamado por decreto.” (Ibidem, p. 161)
A partir de 1928, entretanto, Lukács rechaça as teses de História e Consciência de Classe,
afastando-se do debate político, e inaugura uma polêmica tanto contra sectarismo da “arte
revolucionária” (a propósito, sua concepção de “realismo socialista” estava longe de ser fiel à
ortodoxia da arte oficial do regime soviético) quanto contra o modernismo literário. Desta vez, José
Guilherme tem uma avaliação favorável do conservadorismo estético – isto é, a valorização do
“cânone ocidental” em detrimento das inovações da arte contemporânea – assumido pelo húngaro:
O anti-vanguardismo do “segundo” Lukács encerra um núcleo teórico de
grande lucidez: a superação daquele extremado rejeicionismo em relação à
cultura liberal-burguesa, que tanto marcara a gnose estética dos
modernismos na Europa. Enquanto o jovem Lukács vituperava a
modernidade social, o Lukács maduro repele o modernismo para aceitar a
modernidade como estágio necessário na evolução da cultura. (...) Com essa
ultrapassagem de seu próprio messianismo sectário, Lukács se tornou um
grande precursor (...) de nossa urgente necessidade de fazer as contas com o
delírio irracionalista de nossa intelligentsia humanística. (Ibidem, p. 163).
É possível notar que a mudança de visão de mundo e de preocupações teóricas de José
Guilherme Merquior altera também a forma como ele se posiciona em relação a Lukács. Se nos
anos 60 e 70 havia empenhado uma defesa do modernismo e uma crítica ligeiramente
“frankfurtiana” da modernidade, agora os pólos se invertem: Merquior se assume um “neo-
iluminista”, em prol das instituições da “tradição moderna” (ciência, economia de mercado e
democracia) e rejeita a Kulturkritik das vanguardas estéticas e filosóficas. Desta forma, a crítica do
irracionalismo6 e da decadência feitas pelo “velho” Lukács é vista numa perspectiva mais favorável.
total commitment that supersedes criticism and stills every anxiety. In his case, too, the commitment was such as to
afford its own assurance of truth and invalidate all other intellectual criteria.” (Kolakowski, 1978, p. 306)
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Merquior concebe como irracionalismo “o repúdio sistemático aos valores da modernidade social”, “a rejeição
apocalíptica da dinâmica sociológica do mundo moderno – do universo social definido pela progressiva conjunção de
Os temas de História de uma Classe de Inconsciência são desdobrados no capítulo dedicado a
Lukács em O Marxismo Ocidental (1986); é a última e definitiva avaliação de sua obra feita por
Merquior. Este reconhece três méritos em A Teoria do Romance: primeiro a noção de que “a ficção
moderna fervilha de solitários em busca de algo, muitas vezes em luta com seu meio social” (Idem,
1987, p. 102); segundo, a perspicácia do húngaro em perceber que o tempo interior é um elemento
de estruturação nos romances modernos; por fim, a constatação da “posição irônica do autor
onisciente, tão desligado dos heróis quanto da própria sociedade em que vive” (Ibidem, p. 102).
Ao comentar a guinada de Lukács ao marxismo, José Guilherme volta a afirmar que ele
“votou ao comunismo sua semi-trágica, semi-utópica Kulturkritik, sua necessidade mística de
absolutos éticos.” (Ibidem, p. 107) A análise sobre História e Consciência de Classe revela uma
faceta interessante do húngaro – além de decisiva para o desdobramento do marxismo ocidental:
Seu objetivo ostensivo era fornecer uma legitimação filosófica à revolução
bolchevique. (...) No fundo, a política revolucionária era para Lukács pouco
mais que um meio para restauração de uma harmonia cultural há muito
perdida. Acresce que o cultural equivalia ao espiritual; cultura como alta
cultura era um substituto laico da espiritualidade. (...) Cultura, assim
concebida, é tudo menos superestrutura. (...) Indiscutivelmente, o que
Lukács oferece como filosofia da revolução bolchevique merece ser
chamado comunismo-cultura (Ibidem, pp. 118-119; grifos do autor).
A mistura de marxismo e crítica cultural romântica em Lukács, assim como sua argumentação
“apresentada mais por asserção do que por qualquer lógica demonstrativa” (Ibidem, p. 114), tiveram
um efeito deletério no marxismo como heurística sociológica, pois o transformaram em uma “„visão
de mundo‟ carregada de dogmatismo e girando em torno de uma mitologia de consciência de
classe” (p. 132). Baseando-se em Kolakowski, Merquior afirma que a conseqüência imprevista
disso que é que o romantismo e a rejeição da ciência e da indústria (associadas à reificação
capitalista) “deram à obra de Lukács o poder de desvendar a medula da mitologia marxista (...).
Lukács revelou o romantismo oculto do próprio marxismo” (Ibidem, p. 133; grifos meus). 7
técnica e democracia, eficiência e liberdade.” (Merquior, 1983, p. xi) Além disso, o autor vê como irracionalista o
comportamento em seita, a natureza gnóstica (isto é, a pretensão de possuir conhecimentos “superiores”) que certas
vanguardas artísticas e escolas do pensamento (por exemplo, a psicanálise e o próprio marxismo) possuem, imunizando-
se de possíveis críticas e refutações.
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Eis o trecho que embasou a análise de Merquior: “Despite his intention, his work had the effect of revealing the
mythological, prophetic, and utopian sense of Marxism which had eluded Marx's more scientistic followers. The
blurring of the distinction between descriptive and normative elements is in fact characteristic of the way in which a
myth is apprehended by believers: narration and precept are not distinguished, but are accepted as a single reality. (...)
Marxism is not simply a theory about the world, which can be accepted by anyone whether or not he approves the
values of the political Marxist movement; it is an understanding of the world that can only be enjoyed within that
movement and in political commitment to it. Marxism in this sense is invulnerable to rational argument: outsiders
cannot understand it correctly, and therefore cannot criticize it effectively. Thus, as Lukács showed, the Marxist
consciousness obeys the epistemological rules appropriate to a myth” (Kolakowski, 1978, p. 298; grifos no original).
José Guilherme termina sua avaliação crítica novamente reconhecendo que, a partir dos anos
30, o crítico húngaro deixou, em grande parte, de ser um marxista ocidental. Embora tenha
conservado inúmeros traços idealistas, como seu apego à totalidade, Lukács “abandonou a posição
de Kulturkritik exacerbada – tanto assim que descobriu inúmeras virtudes no passado capitalista,
distinguindo, em matéria de arte e cultura burguesas, boas e más tradições, tradições progressistas e
tradições reacionárias” (Ibidem, p. 134). Por outro lado, Merquior não concorda com a forma pela
qual Lukács equacionou o problema do irracionalismo; discorda, por exemplo, da associação “fácil”
entre Nietzsche e o fascismo que há em A Destruição da Razão (1952): “culpa por associação não é
critério para descartar teorias, seja de que espécie forem” (Ibidem, p. 135). Talvez Lukács devesse
enfrentar o irracionalismo que há não só no pensamento “burguês”, mas também no marxista.
Nota-se, portanto, que tanto em História de uma Classe de Inconsciência quanto em O
Marxismo Ocidental há críticas ao jovem Lukács (principalmente à obra História e Consciência de
Classe), pelo seu legado irracionalista e messiânico, e uma defesa do Lukács marxista “ortodoxo”,
ainda que restrita ao conservadorismo estético, à rejeição da arte de vanguarda e à luta contra o
irracionalismo filosófico.
5. Conclusão
Ao longo deste ensaio busquei demonstrar que José Guilherme Merquior se aproxima de
Lukács em pelo menos três pontos de vista: em primeiro lugar, sempre concordou com a tese de que
aquilo que é verdadeiramente social na arte (e, em particular, na literatura) está na forma e não no
conteúdo; em segundo lugar, a partir de 1980 concorda com a crítica lukacsiana à arte moderna pela
rejeição da mesma à modernidade, além de também preferir o teor crítico do realismo (entendido
aqui de forma ampla, não se restringindo ao “crítico” ou ao “socialismo”) em vez do
experimentalismo muitas vezes estéril da arte de vanguarda; em terceiro, compartilha do
diagnóstico de que o irracionalismo é um elemento central na crise da arte e cultura modernas.
Merquior diverge de Lukács em vários pontos, dos quais destaco três: primeiro, em seus
ensaios dos anos 60 e 70 é recorrente à crítica do sociologismo e da politização da arte que marcam
a fase marxista do pensador húngaro; segundo, em seus textos sobre Lukács na década de 1980 há
uma rejeição da Kulturkritik romântica e anticapitalista que marca a obra de juventude de Lukács,
assim como seu legado problemático para o marxismo ocidental; por fim, Merquior acredita que
não se resolve o problema do irracionalismo simplesmente associando-o à decadência da sociedade
liberal-burguesa, pois os elementos utópicos, dogmáticos e místicos do próprio pensamento
lukacsiano também podem ser encarados como irracionalistas.
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