Tenho um forte palpite de que – a curto, médio e longo prazo – as
criminosas bravatas do Presidente da República contra Barroso e as urnas atuais são bem menos letais à nossa capenga democracia que o mega golpe, em curso na Câmara, contra a lisura de nossas eleições. Basta dizer que uma das inúmeras e absurdas alterações na lei eleitoral propõe nada menos que a descriminalização da compra de votos. Sei bem que a lei jamais conseguiu impedir totalmente tal afronta ao Estado de Direito, mas torná-la legal é levar a cara de pau política a dimensões inéditas em qualquer outro lugar do planeta. E digo mais: suspeito que esses (já enfadonhos) chiliques diários de Bolsonaro têm um duplo objetivo: obviamente, tumultuar as eleições e, de lambuja, desviar nossa atenção de mais esse sinistro golpe parlamentar. Urdido por Lira e Centrão, esse projeto nefasto conta com a (infelizmente, previsível) adesão da maioria dos deputados. Tudo com o providencial apoio de Bolsonaro. O mesmo que se gaba de ter dado fim a Lava Jato. E é sobre isso que quero falar. Cabe notar que o total e escancarado desmonte da incipiente luta – que, recentemente, nos deu tanta esperança contra a tradicional impunidade de nossa “Toda-Poderosa” oligarquia cleptocrata – foi assistido passivamente (em alguns casos, euforicamente) por uma população que, de tanto ser humilhada e espoliada por seus governantes, sente-se exaurida e impotente. Todavia, estou convencida que, se as mal-intencionadas acusações a Moro e Deltan (símbolos da Lava Jato) não tivessem sido comemoradas por uma parte (minoritária, mas barulhenta) da população – seja por ingenuidade, fanatismo ou interesses pouco republicanos –o conchavo para perpetuar a roubalheira insaciável, que sofremos há séculos, não teria tido tanto sucesso. Ocorre que, após esses psicopatas criminosos testemunharem suas próprias vítimas os defendendo e, além disso, atacando os agentes da lei que ousaram puni-los, os corruptos não têm mais a mínima dúvida de que suportaremos silenciosa e eternamente seus malfeitos, por mais hediondos que estes sejam. Inevitável concluir que a relação entre os brasileiros e seus políticos faria Sade e Masoch morrerem de inveja. Certamente, somos o mais grave caso de “Síndrome de Estocolmo” da história humana! Uma prova cabal disto é o fato de Bolsonaro – mesmo após todo o horror que o vimos cometer – ainda permanecer no poder.
Se Baleia Tivesse Vencido, Maia Teria Montado Praticamente Uma Partido Político Dentro Da Câmara, Que Dominaria e Controlaria, Mesmo Que À Distância, e Com Mãos de Ferro