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O VERDADEIRO VANDALISMO

Luiz Sérgio Silveira Costa

São revoltantes as cenas de vandalismo e destruição de bens públicos e de


particulares, esses, muitos obtidos à custa de muito trabalho, sacrifícios e renúncias.
Mas, muito pior e mais custoso do que isso é o vandalismo diário e institucional
que o povo sofre com a corrupção, desfaçatez, desinteresse e exibicionismo de
governantes e políticos. São os sofrem perambulando de hospital em hospital para
suplicar atendimento, geralmente negado, a seus filhos e parentes. São os que são
chutados e empurrados a cassetete para entrar em trens superlotados. São os que
viram noites na rua para matricular seus filhos em colégios públicos, malcuidados e
com professores desconsiderados e malpagos. São os que se acotovelam em ônibus
sujos, não fiscalizados e causadores de tragédias. São os assaltados, estuprados,
mortos e têm a vida dilacerada por bandidos, geralmente menores, agasalhados por
legislação utópica e ideológica, e Justiça leniente, ágil somente para com as suas
benesses, como o indecente auxílio-alimentação. São os que sofrem com essa
infraestrutura lamentável, apesar de o país ser a 6ª economia do mundo. Somos todos
os que sofremos com essa corja política, de escândalos contumazes, os
patrimonialistas, pilhadores do Estado, todos de famílias pobres, hoje riquíssimos, os
Renam, Sarney, Barbalho,.... da vida... bandida. Somos os que sofremos com o
desrespeito de figuras abjetas, como Dirceu, a dizer “O PT não rouba e não deixa
roubar” ou o “Estou cada vez mais convencido da minha inocência”. Somos os que
sofremos com essa indecente associação de políticos e governantes com empresários,
para mútua locupletação. Somos os que sofremos com um Congresso dilapidador de
recursos e, agora se agigantando com PECs inaceitáveis, a mais audaciosa de todas a
que submete a si as decisões do STF!
Somos os que sofremos com o vandalismo de um ex-presidente que diz “O SUS
está à beira da perfeição”, mas se trata em hospital de 1º Mundo, e sai por esse
mundo fazendo lobby para empreiteiras, a peso de ouro, oferecendo dinheiro do
BNDES, que vai render novas contribuições às próximas campanhas. Somos os que
sofremos com o dinheiro público emprestado a ditadores e, depois, perdoadas as
dívidas. Somos os que sofremos com essa inaceitável simpatia por trogloditas de
ditaduras de esquerda. Somos os que sofremos com essa ridícula preferência terceiro-
mundista, com parceiros medíocres e inconfiáveis. Somos os que são vandalizados por
uma presidente que discute os graves problemas atuais não com o Conselho da
República, mas com um Conselho de petistas, incluindo o marqueteiro do partido,
numa clara confissão de que o partido é que importa, e não o país!
E mais, muito mais!!!
Os especialistas dizem que as inquietações são difusas, sem nítidas traduções
políticas, genéricas. Não são nada disso, são claras. Parecem difusas, pois são muitas,
todas contidas nas faixas e cartazes que expõem. O melhor deles, e o que sintetiza a
insatisfação geral, é o que diz “BRASIL 3X0 JAPÃO. E DAÍ? O JAPÃO DÁ DE 10X0 EM
SAÚDE, EDUCAÇÃO, TRANSPORTE E ÉTICA PÚBLICA”.
Em artigo de hoje, o sociólogo Demetrio Magnoli, arremata:
“As pessoas estão fartas do governo e da oposição, da corrupção e do
cinismo, da soberba e do descaso. O estádio superfaturado, o ônibus superlotado, a
1
escola arruinada, a inflação, a criminalidade, o Dirceu e o Eike.... O inimigo é toda a
elite política reorganizada durante a década da balofa euforia do lulopetismo”

O lulopetismo estava querendo dar um golpe sem tanques, apenas


institucionalmente, para se eternizar no poder, afrouxando a ética e distribuindo
capitanias, benesses, cargos e dinheiro ao Legislativo e Judiciário, para que, vassalos e
domesticados, chancelam tudo o que o governo quer, à la Venezuela, Bolívia, Equador
e Argentina. Agora estão amedrontados, com a presidenta, qual barata tonta,
correndo a se aconselhar com seu moralmente desqualificado mentor.
Na verdade, esses vandalismos das manifestações não são nada, nem material,
comportamental ou financeiramente, comparados com o vandalismo institucional de
governantes e políticos contra o povo, o interesse público e a ética, minando as nossas
esperanças de ter um país justo, decente e realmente de todos, especialmente com o
fim dessa dolorosa exclusão social e abominável frouxidão moral.

Rio de Janeiro, 20 de junho de 2013

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