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PRIMEIRO SEMESTRE DE 2022 — SEMANA 18 DO MÓDULO 1

LEITURA DE APOIO PARA O DESENVOLVIMENTO DA DISSERTAÇÃO

Entendendo o obscurantismo

"Viva la muerte, abajo la inteligencia", dizia o general franquista Millán Astray. Eis uma brutal síntese do
fenômeno conhecido como obscurantismo, e que se apresenta de diversas maneiras na vida social. Não há nada tão
desesperador como ler comentários de internet sobre temas como beijo gay, violência policial, segurança pública,
direito de manifestação e direitos humanos. É como ingressar numa sessão de tortura psicológica, numa terapia de
descrença na humanidade. Eis o tipo de sensação que se tem.
Por que o termo obscurantismo? Trata-se de um contraste com a tradição iluminista que envolveu as
revoluções burguesas e floresceu ao longo do desenvolvimento do modo de produção capitalista, em sua luta
ferrenha contra os resquícios de feudalismo nos séculos XVII e XVIII na Europa.
Em sua incursão revolucionária, a burguesia opôs a luz da filosofia e da ciência modernas às trevas da Idade
Média. Contra o absolutismo e os privilégios do Antigo Regime, a classe ascendente reivindicou as liberdades
democráticas que formam o que hoje se entende por Estado de Direito. Nesse processo, forjou-se uma forma política
estatal que se adequava aos imperativos das relações de produção capitalistas, mas que cumpria um papel
progressista na história.
No campo da filosofia política, o grande legado das revoluções burguesas foi o liberalismo político, se
compararmos, é claro, com as teorias absolutistas de Jean Bodin e companhia. Esse liberalismo, pretendendo
sepultar o passado feudal, trouxe avanços civilizatórios inegáveis para a época, como a defesa da igualdade perante
a lei, as garantias individuais contra abusos das autoridades, o direito de defesa nos processos, o Estado laico etc.
É evidente que, hoje, seja nas periferias das metrópoles brasileiras, seja nos protestos de rua, essas
garantias do Estado de Direito tornam-se letra morta. No entanto, é positivo que se possa qualificar, ainda, que
determinadas ações por parte do Estado são ilegais, mesmo que a responsabilização dos agentes seja de difícil
verificação.
O que importa, historicamente, é que o período das revoluções burguesas consagrou determinados direitos
civis e políticos que, no seu conjunto, moldam aquilo que hoje se chama democracia — uma democracia liberal e
burguesa, mas diferente de um regime ditatorial ou totalitário. Ocorre agora, porém, que os tempos são outros. A
sociedade burguesa já não produz pensadores como Voltaire, Rousseau e Kant. Vivemos na época de decadência
do capitalismo, uma época em que esse sistema social, longe de impulsionar a humanidade rumo a patamares
civilizatórios superiores, propicia o exato oposto: a barbárie.
(...)
Mas tornemos ao obscurantismo, essa negação das luzes burguesas do pretérito. Devo advertir desde logo
que não tomo os obscurantistas por adversários dignos. Digo isso pelo seguinte: uma vez que vivemos numa
sociedade capitalista, o mínimo de padrão civilizatório que se pode exigir num debate é aquele em que se
fundamenta historicamente o capitalismo. Retroceder para aquém da civilização capitalista é algo que deve estar fora
de cogitação. Por isso, creio-me no direito de não considerar como respeitáveis as posições que se mostram pré-
iluministas.
O que isso significa concretamente? Significa que a defesa do mercado, da propriedade privada e da lógica
do lucro, por exemplo, é respeitável em termos civilizatórios, por maiores que sejam as discordâncias. No entanto,
quando se afirma que a culpa do estupro é da mulher, que gays e lésbicas são doentes, que os negros devem sofrer
porque um suposto antepassado bíblico ficou nu na frente do pai etc., a situação muda de figura. Todas essas
afirmações ferem postulados básicos, e burgueses, de igualdade formal e laicidade do Estado. Quer-se com elas
discriminar negativamente um grupo, ou seja, impor-lhe uma condição social inferior, oprimi-lo e humilhá-lo, o que é
inaceitável.

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Quando vemos o que se passa no caso do jovem que foi mutilado e amarrado numa via pública do Rio de
Janeiro por um bando de "justiceiros", temos mais uma hipótese desse tipo, e até pior. Chegamos ao ponto em que
determinados membros de nossa sociedade burguesa celebram um evento no qual se nega aquilo que é essencial
ao Estado burguês: o monopólio do uso legítimo da força física. Esse monopólio deve-se, historicamente, à luta
contra o poder feudal; para que a burguesia pudesse fazer valer seu capital e suas mercadorias contra os feudos, era
preciso destruir os aparatos locais de repressão e julgamento; era necessário aniquilar os poderes particulares dos
senhores feudais e fundar uma autoridade única, perante a qual todos são cidadãos formalmente indistintos, para
que a igualdade formal do mercado pudesse realizar os mecanismos capitalistas de exploração da força de trabalho.
E ocorre que, em pleno século XXI, resiste ainda um ranço saudosista com relação à época anterior ao
Estado moderno capitalista, à época da justiça privada! É surpreendente como esses adoradores hodiernos do
capitalismo ultrajam a memória do velho Kant, notável filósofo burguês, entusiasta da construção de uma sociedade
civil no sentido liberal mais pleno! Hoje já não temos Kant, nem Voltaire e nem Rousseau. A burguesia nos oferece
mentes de qualidade deveras inferior, dando testemunho da degradação geral do sistema que a nutre. (...) Essas
mentes alimentam o sentimento de medo de uma burguesia débil, frustração de uma pequena burguesia
irremediavelmente confusa e de angústia de alguns setores desorganizados do proletariado.
De todas essas classes, destaca-se a pequena burguesia e sua relação de "amor não correspondido" com o
capitalismo: esses humildes proprietários ou empreendedores não entendem que o modo de produção capitalista
funciona para o grande capital, não para o pequeno. Por mais que idolatrem os valores burgueses (a propriedade, a
exploração do trabalho, o dinheiro, o individualismo), jamais terão, sob tal forma de sociedade, a segurança
econômica que almejam.
A essa pequena burguesia se unem alguns setores do proletariado que, por força da divisão entre trabalho
intelectual e trabalho material, e por seu pertencimento ao primeiro domínio, julgam-se superiores a seus irmãos
proletários. Unem-se num vale de lágrimas e lamentações. Os pequenos lojistas e os donos do próprio escritório,
assim como os carreiristas do mercado de trabalho intelectual, nutrem uma fé muito sincera pelo capital.
Tragicamente, o ingrato não lhes retribui os votos, de tal sorte que a prosperidade individual torna-se cada vez mais
difícil. O capitalismo, repito, é o jogo do grande capital, não há lugar ao sol para os pequeninos. Mas eles não
entendem e, revoltados, projetam a culpa de suas desgraças nas forças que se opõem aos seus valores. É o que
explica a fúria incontrolável de alguns desses indivíduos contra o comunismo.
Mas é claro que o obscurantismo não se resume ao ódio desmedido à esquerda. Nós o encontramos, como
eu disse antes, nas situações de afronta às premissas iluministas e liberais. O grupo é bem variado: separatistas
paulistas, arianistas, antinordestinos, skinheads, fascistas, fanáticos religiosos e tantos outros. A eles podemos
adicionar agora os "justiceiros", cujas ações bárbaras são apoiadas por âncoras de jornal e por uma massa de
comentários raivosos nas páginas de internet. Comentários que, em regra, permanecem recônditos de tão
inconfessáveis, mas que pululam quando alguma figura pública do obscurantismo mostra o caminho.
Eu diria que o "motor" do obscurantismo é uma postura que se poderia denominar "conformismo ativo", e que
consiste na repulsa resoluta a quem se empenha em transformar (e com isso transtornar) a sociedade. Não se trata
da mera indiferença, do marasmo, mas da condenação moral contra quem se levanta contra a sociabilidade existente
de alguma maneira. O capitalismo é bom, imagina-se, mas há quem o estrague. E quem o estraga são aqueles que
não se ajustam a ele, seja como militantes engajados, seja como indivíduos marginalizados. Além dos "políticos",
embora deles só se fale mal; raramente suas cabeças são exigidas.
Quem se opõe às "virtudes" da sociedade (capitalista) existente, nesse raciocínio, só pode ser mau. Os
"desajustados" abusam da sociedade, cabendo a esta reagir. Espera-se que o Estado possa dar conta de se livrar
desses seres "inconvenientes". No entanto, tantas são as contradições sociais do nosso capitalismo decadente (e os
obscurantistas não têm a menor ideia disso) que os descontentes com a ordem, bem como os marginalizados por
ela, não param de crescer em número. Diante desse fato, a resposta vislumbrada é (...): polícia e mais polícia.
E se o policiamento não basta, logo se aplaude a iniciativa dos cidadãos de bem que decidem fazer
(in)justiça com as próprias mãos, pessoas muito conscientes de seus deveres. Seus métodos são um tanto quanto
"rudes", mas cumprem o papel. E os obscurantistas nada temem com a escalada de violência pública e privada (via
"justiceiros"), pois só os maus são atingidos — do mesmo modo que se acreditava, farisaicamente, que somente os
"depravados" homossexuais poderiam contrair o vírus HIV. Não lhes ocorre que um dia podem ser tomados,
acidentalmente, por uma dessas figuras a quem desejam tanto mal. Também não lhes ocorre que justiça possa ser
algo diferente de vingança...
Firmes nessa crença, os obscurantistas insistem em não pensar racionalmente os dilemas da sociedade
contemporânea. "Que disparate imaginar que a maior parte do crime tenha raízes na miséria social e não na pura e

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simples maldade inerente a determinadas pessoas (sobretudo no que tange aquelas com doses a mais de
melanina...)"! "Como são estúpidos os sociólogos e criminólogos que propõem uma explicação científica para
problemas como esses"! O obscurantista não está interessado em entender, mas apenas em condenar e reprimir; à
maneira de um troglodita, dispõe-se a resolver questões complexas a golpes de tacape, tendo a pachorra de julgar
como bárbaros aqueles a quem esmaga. "Viva la muerte, abajo la inteligencia".

Disponível em https://armadacritica.blogspot.com/search?updated-max=2014-03-17T14:09:00-07:00&max-results=7. Acesso em 13 de


junho de 2022. Adaptado.

REDAÇÃO
Texto 1

Obscurantismo significa estado de quem se encontra na escuridão, de quem vive na ignorância. E, a nível social,
político e cultural, o sistema que nega a instrução e o conhecimento às pessoas com a consequente ausência de
progresso intelectual ou material. Os Estados totalitários e as grandes religiões na luta pelo poder recorreram, muitas
vezes, a práticas obscurantistas, sacrificando os povos e o progresso civilizacional. São muitos os exemplos que a
História nos oferece e que levaram a perseguições e outros crimes para preservar o estado de ignorância e facilitar o
poder das instituições. O fanatismo religioso ao longo do tempo, a Inquisição, as guerras étnicas, diversas ditaduras e
muitas outras práticas totalitárias são exemplos do obscurantismo. A Idade Média, por exemplo, é
definida por alguns historiadores como ―idade das trevas‖, com o conhecimento detido pela Igreja. Os principais
representantes do Renascimento afirmavam-se críticos do "obscurantismo" medieval, numa atitude de contestação à
influência da religião na cultura e no pensamento ocidental.
Disponível em https://www.infopedia.pt. Acesso em 13 de junho de 2022.

Texto 2

Inicialmente, é preciso esclarecer que a luta pela ciência, pelo direito à efetivação constitucional em defesa do
desenvolvimento da ciência em nosso país, é uma luta política por emancipação. É uma luta ética, enquanto se
destaca a procura pela racionalidade que eleve os padrões de conhecimento e de maturidade do povo; bem como
descortine um conhecimento que possa ser aplicado ao bem-estar de todos. É assim que prevê a Constituição
Federal de 1988, uma vez que há claro liame entre aprofundamento do conhecimento científico com a propagação do
Estado Laico, como forma-Estado em que se desenrola o ―desencantamento do mundo‖: ―desmagificação‖, ―perda
dos sentidos‖ (Weber, 1980). Portanto, não se trata de uma luta pelo Estado Ético — no sentido idealista —, mas sim
de natureza prática, socialmente engajada na elevação dos padrões morais e materiais do povo brasileiro. Vale frisar
que à racionalidade trazida pelo conhecimento científico — em oposição ao ―pensamento mágico‖ — alinha-se a ratio
(razão) formuladora do direito e, desse modo, a ciência serve de alavancagem ao fortalecimento da eticidade (própria
do direito) e do Estado Laico: em remoção a toda forma de ilusionismo, ideologias mascaradas de realidade,
fanatismos.
Disponível em https://jus.com.br/artigos/64659. Acesso em 13 de junho de 2022.

Texto 3

O obscurantismo do século XXI é um fenômeno global. Para alguns arautos da irracionalidade, aliás, a palavra
―global‖ nem faz sentido. É o caso dos terraplanistas, que seguem colecionando adeptos. Em outubro de 2018, um
grupo de ―pesquisadores‖ terraplanistas foi recebido por deputados estaduais na Assembleia Legislativa do Mato
Grosso do Sul, onde ganharam uma homenagem por seus ―estudos‖ sobre a forma do nosso planeta. O
terraplanismo é folclórico. Rende risadas. Mas o fato de sandices como essa ganharem popularidade não tem a
menor graça. Por duas razões. Primeiro porque se trata de um sintoma de que parte significativa da população viva

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hoje desconhece fatos objetivos sobre o mundo — como a Lei da Gravitação, que os terraplanistas dizem ser uma
farsa. Segundo, porque estamos descobrindo que quase ninguém sabe distinguir fatos de opiniões — você
simplesmente não pode ter uma ―opinião‖ sobre o formato da Terra ou sobre a existência da gravidade. Isso pertence
ao reino dos fatos. O pior, de qualquer forma, é que isso definitivamente não se aplica só a conceitos como o formato
da Terra.
Disponível em https://super.abril.com.br/opiniao. Acesso em 13 de junho de 2022.

Texto 4

Devemos nos colocar a questão do que podemos chamar de ―novo obscurantismo‖. A expressão é uma espécie de
oxímoro temporal, afinal, na época em que vivemos, de máximo avanço da ciência e das tecnologias, obscurantismo
não é algo que pareça fazer sentido. Quem pode imaginar que há gente que ainda acredita em Terra plana na época
da nanotecnologia? Portanto, é preciso avaliar o fenômeno. E há alguns caminhos básicos para que possamos fazer
essa avaliação. De um lado, é preciso avaliar por um ponto de vista histórico, que é o que primeiro nos espanta. O
que há de comum entre o passado e o presente? Os temas de hoje são os mesmos do passado, mas em épocas
diferentes são tratados de modos diferentes. Portanto, nossa questão é entender o tempo atual sem deixar de ter o
conhecimento do passado como um valor, mas considerando-o também como um fato, uma prova de que há causas
e consequências, de que há processos que levam a um ou a outro caminho e que pesquisas da história como ciência
nos ajudam a reconhecê-los. Para além da ciência, no dia a dia, podemos nos perguntar: o que é realmente novo em
relação ao passado? Afinal, não é preciso muita pesquisa para perceber que os preconceitos atuais, em sua maioria,
são preconceitos antigos. Preconceitos de classe, de religião, de raça, mas também o medo e o ódio à arte, às
mulheres, às sexualidades e gêneros não normativos, sempre existiram.
Disponível em https://revistacult.uol.com.br. Acesso em 13 de junho de 2022.

Texto 5

Disponível em https://twitter.com/humorpoliticobr/status/1084240113658404864. Acesso em 13 de junho de 2022.

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Considerando as ideias apresentadas nos textos acima e também outras informações que julgar pertinentes,
redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: O obscurantismo é uma
ameaça ao progresso da racionalidade dos indivíduos na contemporaneidade?

Instruções

● A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.


● Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível, e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.
● Dê um título a sua redação.

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REDAÇÃO

Imagine-se como um estudante de ensino médio de uma escola que organizará um painel sobre masculinidade tóxica
e suas implicações para os homens e mulheres na sociedade contemporânea. Nesse painel, destinado à
comunidade escolar, cada turma deverá escrever um gênero textual diferente sobre o tema. Você ficou responsável,
em seu grupo, por elaborar um verbete articulado com uma reflexão crítica. Assim, você deverá:

a) definir masculinidade tóxica, fornecendo exemplos para mostrar que esse mal está presente no cotidiano da
sociedade;
b) apresentar uma reflexão crítica sobre como a masculinidade tóxica prejudica homens e mulheres na
contemporaneidade.

Para redigir o seu texto, leve em conta os excertos apresentados a seguir.

1. Masculinidade tóxica se refere à noção de que um determinado conjunto de valores, ideias, comportamentos e
características biopsicossociais associadas a indivíduos do gênero masculino, e incentivadas culturalmente,
poderiam trazer consequências nocivas para a sociedade como um todo, inclusive para os próprios homens. O
conceito centra-se na ideia de que alguns traços culturais associados à masculinidade são arcaicos, perpetuando
a homofobia, a tendência à violência, a hipercompetitividade e o desejo de dominação. Um estudo publicado
no Journal of School of Psychology define a masculinidade tóxica como ―a constelação de traços socialmente
regressivos [masculinos] que servem para promover a dominação, a desvalorização das mulheres, a homofobia e a
violência gratuita‖. Na contemporaneidade, as pessoas costumam usar o termo masculinidade tóxica para descrever
traços masculinos exagerados que muitas culturas amplamente aceitaram ou glorificaram, tais como a crença de que
homem não chora, o uso da força, a falta de emoção e a sede de poder. De acordo com os valores masculinos
tóxicos tradicionais, um homem que não exibe o suficiente dessas características pode não ser um ―homem de
verdade‖. A ênfase exagerada nesses traços pode levar a desequilíbrios prejudiciais em indivíduos que tentam
corresponder a essas expectativas

Disponível em https://www.ecycle.com.br/masculinidade-toxica/. Acesso em 13 de junho de 2022.

2. Todos somos vítimas e reproduzimos a masculinidade tóxica. Homens e mulheres. Heterossexuais e LGBTQIAP+
(lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queers, intersexuais, assexuais, pansexuais). Crianças e idosos.
Todos estão dentro desse contexto. E tal assunto não começou nos dias de hoje, aliás, as raízes da masculinidade
tóxica remontam há dezenas de séculos. Nesse sentido, conseguimos traçar o seu começo para o momento em que
a raça humana deixou de ser nômade com o advento da agricultura. Cerca de 10 a 12 mil anos atrás, o processo de
patriarcado e a noção de propriedade começavam a se instalar como formas de organização social. Os modelos de
família heterossexual foram se formando e agindo como os sustentáculos principais do funcionamento social. Nessa
mesma época, as características atribuídas à mulher e ao feminino tornaram-se socialmente depreciadas. Além
disso, as raízes da LGBTQIAP+ fobia começam a nascer e se estabelecer, uma vez que sexualidades consideradas
desviantes (daquela que conhecemos como heteronormatividade) passaram a ser gradualmente discriminadas. A
sociedade foi se desenvolvendo por meio da competição entre clãs, famílias, vilas, cidades, povos e nações. Além
disso, características começaram a ser atribuídas aos sexos e gêneros. Dessa forma, os homens passaram a ser
vistos como fortes, rápidos, corajosos, valentes, agressivos, competitivos, racionais, práticos, ágeis, guerreiros,
incisivos, defensores, dominadores, objetivos, sábios, firmes, provedores, potentes, fecundadores e reprodutores
(quanto mais fecundar e reproduzir, mais homem será considerado). Por outro lado, a mulher e o gênero feminino
foram estereotipados num sentido praticamente ao oposto do homem. Então, passaram a ser vistos como frágeis,
lentos, delicados, vaidosos, preocupados muito com a estética, subjetivos, cautelosos, medrosos, emocionais,
afetivos, sensíveis, sentimentais, dramáticos, geradores, procriadores, cuidadores, cooperadores e indefesos.

Disponível em https://www.telavita.com.br/blog/masculinidade-toxica/. Acesso em 13 de junho de 2022.

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3. ―Você precisa ser homem‖. ―Engole o choro.‖ ―Ah, agora vai ficar bancando a garotinha.‖ Frases como essas
rondam o imaginário dos meninos e homens, convidando-os a nunca existir fora de uma caixinha estabelecida. Claro,
o patriarcado é a fonte primária da opressão das mulheres. Mas não há razão para excluir o quanto essa construção
social também atinge a visão que temos do masculino. ―As masculinidades de dominação se impõem esmagando as
outras masculinidades. A demonstração de força, a agressividade, a imposição de um papel, a obrigação de sucesso
e a cultura da proeza são armadilhas que a sociedade prepara para os homens (…). No fim das contas, o imperativo
de virilidade é um fardo‖, escreve o professor de história contemporânea Ivan Jablonka no livro Homens Justos. Foi a
partir dessa visão e de relatos nas redes sociais que a dita ―masculinidade tóxica‖ ganhou espaço nas conversas.
Apesar de não ser cunhado academicamente, enquanto um conceito, o termo levanta discussões sobre o quanto a
imposição de determinados comportamentos resultam numa cadeia de situações que atingem a todos. ―A noção de
masculinidade tóxica pode ter a vantagem de lembrar que há efeitos da masculinidade que seriam nocivos para os
próprios homens, não só para mulheres. No entanto, ainda não conseguimos debater a essência disso pelas
complexidades que a temática carrega‖, explica Pedro Ambra, psicanalista, doutor em psicologia social pela Pe
autor do livro ― ue É um Homem – Psicanálise e História da asculinidade no cidente‖. Mesmo com tantas
camadas, é possível vislumbrar os efeitos que noções rígidas a respeito do papel masculino podem causar na vida
deles, principalmente nas relações afetivas.

Disponível em https://claudia.abril.com.br/sua-vida/masculinidade-toxica/. Acesso em 13 de junho de 2022.

4. A construção da masculinidade tóxica é o elemento central de um cenário de homens que não falam sobre seus
problemas nem discutem e nem se engajam em eliminar a violência contra a mulher. Para o professor do curso de
Psicologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Sérgio Lizias Rocha, a masculinidade tóxica aparece nas
relações sociais como um fenômeno embasado, por exemplo, pelo mito do Jardim do Éden, em que a mulher foi feita
a partir da costela do homem. Dessa maneira, a mulher ―já nasce‖ como propriedade do homem, a quem ela deve
obediência, uma vez que é tida como objeto. O sistema que garante poder aos homens e inferioriza o sexo oposto é
o patriarcal. Por meio dele, a mulher é objetificada e os homens são ensinados, desde crianças, que eles podem
decidir o que é melhor para eles e para as mulheres. ― homem, como diz o sociólogo Pierre Bourdieu, acaba
vivendo num ‗ardiloso privilégio‘, pois se sente poderoso. Porém, esse ‗privilégio‘ custa caro, pois a construção da
masculinidade é um desafio para ele‖, disse o psicólogo. Mesmo com a ocorrência de processos históricos e sociais
que determinaram a desigualdade e a submissão da mulher no passado, mas que perduram até o presente, faz-se
necessária a construção de uma identidade masculina saudável. Essa construção, com uma sociedade mais
igualitária e equânime, vai permitir que o homem possa manifestar as vulnerabilidades e sensibilidades.

Disponível em https://avoador.com.br/maria-maria/masculinidade-toxica-prejudical-aos-homens-e-um-perigo-as-mulheres/. Acesso em 13 de junho


de 2022.

5.

Disponível em https://www.anf.org.br/masculinidade-toxica-e-afetividade/. Acesso em 13 de junho de 2022.

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TEORIA: TEXTO ENCICLOPÉDICO OU VERBETE

― texto enciclopédico é um gênero discursivo que apresenta, de maneira organizada e sistemática, as


informações básicas sobre determinado conteúdo do conhecimento humano. A finalidade desse gênero discursivo é
registrar e difundir o conhecimento acumulado, por meio da criação de uma obra de referência — a enciclopédia —
que pode ser consultada por qualquer pessoa.‖ (ABA RRE & ABA RRE, 2007:146. Adaptado)

ESTRUTURA DO TEXTO ENCICLOPÉDICO

― s textos enciclopédicos apresentam uma estrutura bastante regular. Em primeiro lugar, aparece a definição
do termo-base do verbete.
Definição, objetivos e/ou finalidade (acompanhados de exemplos) constituem, portanto, as primeiras
informações apresentadas nos textos enciclopédicos. Desse ponto em diante, a estrutura admite variações, porque o
conteúdo do texto depende da natureza do termo a ser apresentado.
De modo geral, esperam-se, na sequência, informações de natureza histórica: onde e quando surgiu
determinada técnica (ou quando algo foi descoberto), que tipo de transformações sofreu ao longo do tempo, qual é o
atual estado em que se encontram os estudos a seu respeito, etc.‖ (ABA RRE & ABA RRE, 2007:149 e 150.
Adaptado)

LINGUAGEM DO TEXTO ENCICLOPÉDICO

―A linguagem utilizada nos textos enciclopédicos é formal. As estruturas sintáticas são aquelas características
dos textos expositivos de maneira geral: ordem direta, com poucas inversões ou intercalações.
Outro aspecto importante é a escolha lexical. As palavras utilizadas devem ―traduzir‖ com precisão as
informações necessárias para a compreensão dos conceitos e termos apresentados.
Por se tratar de texto essencialmente informativo, o uso de adjetivos e advérbios deve ocorrer somente
quando for necessário caracterizar um processo.
Como a apresentação de informações de ordem histórica ou temporal é frequente nos textos enciclopédicos,
torna-se importante dominar os recursos disponíveis na língua para a determinação de sequências temporais.
No momento de redigir um texto enciclopédico, portanto, deve-se sempre buscar os termos mais adequados
para transmitir de modo correto e objetivo a informação desejada.‖ (ABA RRE & ABA RRE, 2007:152. Adaptado)

Bibliografia: ABAURRE, Maria Luiza. Produção de texto: interlocução e gêneros/Maria Luiza Abaurre, Maria Bernadete Marques Abaurre
– São Paulo: Moderna, 2007.

Este material está registrado em cartório sob a Lei dos Direitos Autorais. Assim, ―é vedada a reprodução deste material — seja para fins didáticos
ou comerciais — sem a devida autorização da autora. LEI Nº 9.610, de 19 de fevereiro, 1998.

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