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Rede Voltaire

«SOB OS NOSSOS OLHOS» (12/25)

Vitória da França pela Paz


Thierry Meyssan

Prosseguimos a publicação por episódios da obra de Thierry


Meyssan, Sous nos yeux . Neste episódio, tal como na Líbia, as duas
Franças enfrentam-se na Síria : pela paz ou pela guerra. Desta vez,
com a classe política a não perceber nada da Guerra de 4ª geração
conduzida pelos Estados Unidos, Claude Guéant consegue
convencer Nicolas Sarkozy a retirar o país deste atoleiro. Mas tal
será apenas um adiamento..

REDE VOLTAIRE | DAMASCO (SÍRIA) | 30 DE DEZEMBRO DE 2019

FRANÇAIS  ITALIANO  TÜRKÇE  ESPAÑOL 

E
ste artigo é extraído do livro Sob os nossos olhos.
Ver o Indíce dos assuntos.

Claude Guéant (no micro) defendeu uma


visão da França pela paz, enquanto Alain
Juppé (à direita da foto) incarnou o
partido da guerra. A opinião pública não
o soube. Para ela, Guéant não passa de
um alto funcionário de mão forte,
enquanto Juppé é um político brilhante.
Assim não reagirá quando, alguns anos
mais tarde, o primeiro for condenado à
prisão e o segundo, coroado de elogios,
entrar no Conselho Constitucional.
24— Síria: a guerra de 4ª geração

A 5 de Setembro de 2011, o Presidente Sarkozy recebe no Eliseu o


Patriarca maronita, S. B. Bechara Rai. Ele explica sem rodeios ao prelado
que os Aliados vão colocar os Irmãos Muçulmanos no Poder em
Damasco. Os católicos e os maronitas da Síria, e provavelmente, em
breve, os do Líbano, serão acolhidos em França. O Senador Adrien
Gouteyron está a tratar de verificar as condições de acolhimento. Os
ortodoxos serão massacrados. Sua Beatitute indigna-se antes de mostrar
boa cara à desgraça [1].

O Presidente Nicolas Sarkozy recebe Sua


Beatitude Mons. Béchara Raï, Patriarca
maronita de Antioquia e de Todo o
Oriente, no palácio do Eliseu, a 5 de
Setembro de 2011. O prelado, que chega
persuadido do apoio indefectível da
França, vai ficar de rastos.

Na Síria, os Estados Unidos testam uma nova estratégia. Eles vão


inverter os papéis e utilizar contra a República os métodos que os
Resistentes habitualmente usam contra o Império, mas tendo em mãos
um ás de trunfo: o poder dos seus média. É o princípio da «guerra de
quarta geração» (4GW): dar a impressão de que se está em toda parte
quando apenas se intervêm o mínimo [2].

Nestas condições, os Aliados vão recorrer apenas a algumas Forças


especiais, altamente móveis, que agirão junto com Sírios para criar a
confusão. Três tipos de operações serão realizadas: - acções contra
símbolos do Estado, por exemplo contra as estátuas de Hafez al-Assad, o
fundador da Síria moderna e pai do actual Presidente; - sabotagens, por
exemplo fazer descarrilar comboios ou destruir centrais eléctricas; -
assassinatos ao acaso de maneira a dar a impressão de um conflito
generalizado.

O inamovível General Benoît Puga. Ele


começou a sua carreira saltando sobre
Kolwezi (1978) e sonha apenas com
aventuras coloniais. Foi Chefe de Estado-
Maior particular dos Presidentes Nicolas
Sarkozy (UMP), depois François Hollande
(PS). Hoje em dia é Grande-Chanceler da
Ordem da Legião de Honra.

Tendo o Exército francês «reservas» sobre estes métodos, o Presidente


Sarkozy, confia a direcção de operações ao seu Chefe de Estado-Maior
pessoal, o General Benoît Puga. Este foi sucessivamente Comandante de
Operações Especiais (COS) e da Inteligência Militar. Oriundo de uma
família de militares de extrema-direita (o seu pai participou no putsch de
Argel), é um católico lefebvrista (o Arcebispo Lefebvre fora bispo de
Dakar). Oficial para-quedista, participou em inúmeras operações coloniais
em África e no Líbano. Foi conselheiro militar do antigo Primeiro-ministro
sueco Carl Bildt, quando este foi encarregado da administração do
Kosovo, no final da guerra, e quando ele se tornou administrador da
Bósnia-Herzegovina. Puga supervisionou a construção da extensão do
Muro de separação entre Israel e o Egipto. [3].

A sua inegável coragem confere-lhe uma autoridade sobre os


responsáveis políticos que serve. Ele destacou soldados da Legião
Estrangeira e do COS para os enviar, sob o seu comando, para o terreno.

É impossível estabelecer as posições das forças Francesas durante a


guerra. O mais que se sabe é que 19 soldados franceses acabarão
prisioneiros do Exército árabe Sírio durante o mandato de Nicolas
Sarkozy, e que, pelo menos, outros tantos encontrarão a morte. As suas
famílias, quando eles as têm, serão informadas da sua «morte em
missão», sem especificação do país nem outros detalhes [4].
Manifestação monstra em Damasco, a 12
de Outubro de 2011, agradecendo à
Rússia e à China que interromperam a
agressão ocidental opondo o seu veto no
Conselho de Segurança.

No Conselho de Segurança, a Rússia e a China opõem o seu veto ao


projecto de intervenção militar ocidental [5]. Uma multidão enorme, talvez
1 milhão de cidadãos, marcha pelas ruas de Damasco para agradecer a
Moscovo e a Pequim, e mostrar o seu apoio ao Presidente Bashar al-
Assad  [6]. A Liga Árabe, presidida pelo Catar, coloca uma missão de
observação que constata a inanidade dos relatos da imprensa ocidental e
dá razão à República Árabe Síria  [7]. Não haverá, pois, nem apoio
regional, nem legitimação a uma ingerência comparável à cometida
contra a Líbia.

A Secretária de Estado dos EUA, Hillary


Clinton, organiza a primeira Conferência
de Amigos da Síria em Túnis. Aí, ela
denuncia a China e a Rússia que «se
imiscuem frente às aspirações do povo
sírio».

Nestas condições, os Ocidentais tentam o tudo por tudo. Washington


reúne umas seis dezenas de Estados para formar uma aliança, os «Amigos
da Síria». A Rússia e a China, que foram convidadas, descobrem que a
ordem do dia não lhes permitirá exprimirem-se. Os participantes deverão
adoptar um documento que somente ficarão a conhecer no momento.
Moscovo e Pequim boicotam, pois, a reunião. Esta realiza-se em Túnis e é
aberta com atraso pelo Presidente Moncef Marzuki por causa de
manifestações hostis do seu Povo. Marzuki tem a imagem de ser uma
personalidade laica de esquerda, no entanto serve há longo tempo de
cobertura aos Irmãos Muçulmanos. Ele pronuncia, entretanto, um discurso
convidando o Presidente al-Assad a fugir e a Rússia a conceder-lhe asilo
político, afim de que a Irmandade se possa instalar no Poder. Alain Juppé
apela à aplicação de sanções contra a «ditadura alauíta»  [8], enquanto
Hillary Clinton anuncia que os Ocidentais irão fechar as suas embaixadas
em Damasco [9].

Este espetáculo põe em evidência uma série de erros de cálculo. -


Primeiro os Ocidentais nunca compreenderam porque é que a Rússia
apoia a Síria. Aos seus olhos, é uma questão de fidelidade a um antigo
aliado da época soviética. Eles, não desistirão, no entanto, em esperar
«convencer» Moscovo a segui-los «para o lado certo da história». - Em
seguida, vítimas da sua própria propaganda, persistem em afirmar que a
Síria é uma ditadura e que ela é controlada pela seita dos alauítas. No
entanto, se a autoridade do Presidente al-Assad se exerce sobre o
exército, muitos altos-funcionários civis só fazem o que lhes dá na cabeça
e não obedecem cegamente. Além disso, a República é laica e não
confessional. Ela foi fundada pelo Partido Baath, que durante muito
tempo controlou todas as engrenagens. Esta formação política bate-se
pela unidade do Povo árabe em nome dos princípios da Revolução
Francesa. No máximo pode-se argumentar que é um Estado em guerra
desde 1948 face a um vizinho expansionista, Israel, e que dispõe de um
regime militarizado e em grande parte controlado pelo Baath laico. -
Finalmente, acompanhando o movimento iniciado por Hillary Clinton, os
«Amigos da Síria» vão, ao chamar os seus diplomatas, privar-se de meios
legais de verificação de informações. Apenas os Estados Unidos e o Reino
Unido disporão, agora, de um vasto sistema de espionagem satélite
comum (os «Cinco olhos») permitindo-lhes distinguir o verdadeiro do
falso .

O papel das autoridades francesas permanecerá limitado. Primeiro são


encarregues de enquadrar a Brigada Omar al-Faruq, em Homs, e ainda o
ataque a Maalula, a primeira cidade cristã histórica.
Convencido de que era intocável, Gilles
Jacquier (à direita), jornalista da France2
e não obstante agente da Mossad e da
DGSE, é morto por engano pelos jiadistas
com quem acabava de se encontrar.

O jornalista da France 2, Gilles Jacquier —que trabalhava igualmente


para a DGSE e para a Mossad, em violação da Carta de Munique— morre
de um tiro de morteiro em Homs, a 11 de Janeiro de 2012. Ele devia
entrar em contacto com a Brigada Omar al-Faruq. De início, tinha pedido
para ser adstrito ao Exército Árabe Sírio e poder seguir os Generais Maher
al-Assad e Wajih Mahmud —sobre os quais os Serviços secretos
Ocidentais tentam reunir informações—. Chegado a Damasco, ele
precipita-se para um hotel conhecido dos Serviços de Segurança por ser o
local de encontro dos Irmãos Muçulmanos e dos seus patrocinadores
Ocidentais. Convidado a encontrar-se com famílias de mártires e
dirigentes da Oposição doméstica, acusa-os de «fazer a propaganda do
regime». Recusando uma escolta governamental parte sozinho para
Homs, convencido que nada há a temer dos «revolucionários». Entretanto,
acaba por ir ter ao bairro alauíta bombardeado diariamente pelos
jiadistas, a essa hora, e é morto como tantos Sírios [10].

Alain Juppé dirige-se ao Conselho de


Segurança para denunciar o assassínio
do jornalista Gilles Jacquier pelo «regime
de Bashar». Infelizmente a teve um
lapsus linguae e deixa perceber que era
um agente secreto em missão.

A DGSE tenta fazer atribuir a morte de Jacquier a «um complô do


regime». Alain Juppé dirige-se ao Conselho de Segurança, em Nova
Iorque, para «se inclinar perante a memória de Gilles Jaquier, o jornalista
francês morto no exercício das suas funções»; um lapso infeliz já que a
expressão «morte no exercício das suas funções» é habitualmente
reservada para funcionários em missão e não para jornalistas, mesmo que
empregados do serviço público.

A França participa igualmente ao lado do Exército turco no


enquadramento de jiadistas que atacam por duas vezes a pequena cidade
de Maalula, símbolo do cristianismo histórico. Eles destroem a estátua da
Virgem que encima a vista da cidade, e saqueiam também as relíquias da
«décima terceira apóstolo», Santa Tecla, assim como os mosteiros de S.
Sérgio e S. Baco, o único casal canonizado pela Igreja Católica. Vários
soldados franceses morrerão na aldeia vizinha de Sanayeh.

A Brigada Omar al-Faruq instaura a sua lei sobre a província de Homs.


Tal como Nicolas Sarkozy o havia anunciado previamente ao Patriarca
maronita, os pregadores anunciam pelos alto-falantes que os Cristãos
devem-lhe pagar a taxa devida pelos infiéis, depois dão-lhes alguns dias
para partir ou, então, morrer. É uma política recorrente, desde o plano
Beaudecourt de 1848, da França e da Turquia (então otomana), a de
deslocar os cristãos católicos e maronitas (ambos fiéis a Roma) e
exterminar os ortodoxos.

As Forças Especiais francesas enquadram por fim os taqfiristas, um ramo


dos Irmãos Muçulmanos, que se entrincheiram num pequeno quarteirão
de Homs, Baba Amr. Aí, proclamam um Emirado Islâmico. Segundo eles,
os muçulmanos que não seguem a doutrina da Irmandade devem ser
excomungados, condenados à morte e executados em público  [11].
Durante a guerra do Iraque, pregadores taqfiristas tinham percorrido as
áreas rurais sírias e tinham conseguido recrutar adeptos. Como, em certas
regiões, o habitat rural não está organizado em aldeias, mas em quintas
isoladas, ninguém tinha avaliado o seu número. No total eram cerca de
2.000 homens. O seu número aumentara com cerca de um milhar de
fugitivos à justiça, que os tinham seguido na sua aventura a troco de
dinheiro vivo, sonante. A ideia era fazer deste emirado o ponto de partida
para a conquista do país. É neste contexto que, pela segunda vez, a Rússia
e a China opõem o seu veto no Conselho de Segurança a um projecto de
intervenção militar da OTAN.

O Emirado Islâmico de Baba Amr fica seguro porque o Exército Árabe


Sírio apenas pode cercar o quarteirão que lhe serve de território. Uma
unidade de 70 dos seus soldados está bloqueada no interior, dentro de
um supermercado. É, portanto, impossível bombardear os jiadistas sem
correr o risco de matar os soldados regulares.

Também não é possível, seja como for, entrar em Baba Amr porque as
vias de acesso estão todas protegidas por baterias de mísseis anti-tanque
Milan (100. 000 euros por bateria, mais de 12.000 euros por tiro),
instaladas pelas Forças Especiais Francesas, e baterias 9K115-2 Metis-M,
de fabrico soviético  [12]. Quando muito, pode-se tentar avançar casa a
casa, sem usar as ruas. O pequeno Emirado islâmico é aprovisionado com
comida e munições através de uma vasta rede de túneis, que foram
construídos a partir dos canais de esgoto aquando da montagem da
guerra.

LYING SYRIAN REBELS "TERRORISTS" …

Gravação áudio (em inglês) da


espera de Abu Saleh antes de entrar em directo na Al-Jazeera.

A France 24 e a Al-Jazeera dispõem de correspondentes oficiais em


Baba Amr, entre os quais o jovem Abu Saleh. Este relata ao mundo inteiro
os bombardeamentos quotidianos. Mostra as vítimas e ele próprio é
ferido. Ele apela, em vão, ao Ocidente por socorro. Mas, a realidade é
completamente diferente. Os ruídos de explosões provêm das casas de
cristãos e dos partidários do regime que estão a ser destruídas. A fumaça
preta vem dos pneus que são queimados no cimo dos telhados. Os
feridos são apenas figurantes. O teatro é tão bem encenado e
corresponde tanto aos desejos dos Ocidentais que todos acreditam nele,
até que um jornalista britânico filma Abu Saleh a dirigir a encenação.

A República Árabe Síria receia que o cerco de Baba Amr acabe num
banho de sangue, como durante o golpe de Estado dos Irmãos
Muçulmanos de 1982. O General Assef Chawkat entra em contacto com o
Ministro francês do Interior, Claude Gueant, que é totalmente contrário a
esta guerra, tal como também foi contra a da Líbia. Os dois homens
concordam numa «paz dos bravos». Os oficiais franceses presentes no
local poderão sair livremente, mas os taqfiristas sírios terão de se render.
Guéant envia para o local um brilhante oficial da DCRI, anteriormente
Adido na Embaixada da França, e no momento colocado na Jordânia: ele
é recebido por Michel Kassua, o homem que tinha sido declarado
injustamente persona non grata em França, em 1982.

Claude Guéant e Gérard Longuet


prosseguem os seus esforços pela paz
iniciados na Líbia. Guéant, que conhece
bem a Síria e a aprecia, negoceia a
libertação do Emirado islâmico de Baba
Amr e a restituição dos prisioneiros
franceses. Desta vez, ele consegue
convencer Nicolas Sarkozy a retirar a
França deste atoleiro.

As duas partes acordam que eu seja o seu «terceiro de confiança» [13].


Não é a primeira vez que o Eliseu me pede um serviço ao mesmo tempo
que ordena à DGSE para me «neutralizar». Já me tinha solicitado como
intermediário numa negociação secreta com o Presidente Hugo Chávez,
afim de não utilizar o canal do Quai d’Orsay e de agir às escondidas dos
Estados Unidos. Evidentemente, eu agi no interesse dos dois países.

As negociações são interrompidas ao fim de vários dias de modo a que


Moscovo possa interceder junto de Paris. Finalmente, o acordo é aplicado.
Os Franceses são evacuados junto com «jornalistas». Os 19 outros oficiais
que foram feitos prisioneiros durante a guerra são igualmente
libertados  [14]. O Embaixador da França em Beirute, Denis Piéton e o
Chefe do Estado-Maior das Forças armadas, o Almirante Édouard
Guillaud, vem acolher os dois grupos à fronteira libanesa. Oficialmente, os
Franceses eram «desertores» da Legião Estrangeira, no entanto, alguns
deles tinham sido presos carregando uma maleta de comunicações
encriptadas da OTAN e foram acolhidos pelo Chefe de Estado-Maior em
pessoa.

O Almirante Édouard Guillaud veio


buscar os militares franceses em missão
à sua chegada à fronteira líbano-síria.
Estando o seu imponente comboio
protegido pela Convenção de Viena não
pode ser vistoriado pelo Exército libanês
devido ao seu estatuto diplomático.

A França retira-se da guerra. Ao fazê-lo, ela tira o tapete sob os pés de


Angus McKee, o agente do MI6 que dirige as operações a partir das
embaixadas britânicas de Damasco e de Beirute, e de Lord David Richards,
o Chefe de Estado-Maior britânico, cujo plano previa atacar a Síria com
100.000 homens  [15]. O pânico invade Washington. A NSA recebe a
ordem de piratear os computadores do Eliseu para perceber a reviravolta
francesa. O que é feito.

A imprensa russa relata a detenção de


soldados regulares franceses na Síria
enquanto a sua homóloga francesa a
ignora.
O caso dos prisioneiros franceses é tratado na imprensa não-ocidental,
nomeadamente pela Russia Today. Mas, o Eliseu intervêm junto dos
grandes média franceses e nenhum reproduz a informação

Em Paris, a hora é de ajuste de contas. O embaixador da França em


Damasco, cujas instalações foram fechadas e o pessoal repatriado, Éric
Chevalier, recebe os jornalistas. Ele revela, «em off», que o ministro
falsificou os seus relatórios para que correspondessem às suas fantasias
coloniais. Os dois homens teriam começado a contradizer-se desde o
início da guerra, Alain Juppé exigindo que ele validasse as imputações da
France24 acerca das crianças a quem se teriam arrancado as unhas e das
manifestações pela democracia [16].

O Embaixador a manter não ter tido condições de verificar a primeira


informação, que as manifestações não eram tantas como se tinha querido
fazer crer e que não mostravam nenhum slogan a favor da democracia. A
1 de Abril, Alain Juppé participa na segunda Conferência dos «Amigos da
Síria», em Istambul. Aí, participam 83 Estados e Organizações
internacionais. É melhor que em Túnis. Mas, a França não joga aí nenhum
papel. A Conferência reconhece que não será possível aplicar na Síria o
plano inicial, e tratá-la como a Líbia, sem entrar em conflito directo com a
Rússia e a China.

Será, todavia, talvez possível atacá-la sem autorização do Conselho de


Segurança, como foi feito contra a Jugoslávia (actual Sérvia) no Kosovo.
Para este fim, o Embaixador norte-americano, Stephen Rapp, é
encarregado de criar o Syria Justice and Accountability Centre, uma
«ONG» sediada em Haia. Ela irá recolher todos os testemunhos possíveis
para estabelecer o dossiê de acusação que permitirá condenar o
Presidente al-Assad perante um Tribunal Internacional. Nicolas Sarkozy,
esse, só se preocupa com a sua reeleição.

(Continua…)

Thierry Meyssan
Tradução
Alva

Este livro está disponível em Francês, Espanhol, Russo, Inglês e Italiano em versão em papel.
Possui versão já traduzida em Língua Portuguesa (à atenção de possíveis Editores-NdT).
[1] « L’Église maronite s’inquiète des intentions de l’Occident », par Pierre Khalaf, New Orient News (Liban),
Réseau Voltaire, 12 septembre 2011; « Le Patriarche, les catacombes et la "révolution" », « Les chrétiens
d’Orient s’érigent en remparts face au nouveau colonialisme occidental », par Mère Agnès-Mariam de la
Croix, Réseau Voltaire, 22 septembre. “Os cristãos do Oriente erguem-se como muralhas face ao novo
colonialismo ocidental”, Mère Agnès-Mariam de la Croix, Rede Voltaire, 18 de Outubro de 2011.

[2] Maneuver Warfare Handbook, William S. Lind, Westview Press (1985); “Understanding Fourth Generation
War”, William S. Lind, Military Review, September-October 2004; On War: The Collected Columns of William
S. Lind 2003-2009, Castalia House (2014).

[3] «Gaza: Francia supervisa la ampliación del muro de separación», Red Voltaire , 27 de diciembre de 2009.

[4] «La guerra secreta de Francia contra el pueblo sirio », Red Voltaire , 3 de marzo de 2012.

[5] « Réunion du Conseil de sécurité sur la situation en Syrie - Vétos russe et chinois », Réseau Voltaire, 4
octobre 2011.

[6] «Un millón de manifestantes en Damasco, Siria», Red Voltaire , 14 de octubre de 2011.

[7] « Rapport du chef de la Mission des observateurs de la Ligue Arabe en Syrie pour la période du
24/12/2011 au 18/01/2012 », Réseau Voltaire, 2 février 2012.

[8] « Intervention d’Alain Juppé lors de la conférence des Amis du peuple syrien », par Alain Juppé, Réseau
Voltaire, 24 février 2012.

[9] « Intervention d’Hillary Clinton lors de la conférence des Amis du peuple syrien », par Hillary Clinton,
Réseau Voltaire, 24 février 2012.

[10] “Síria: O fiasco dos agentes secretos franceses em Homs”, Boris V., Komsomolskaïa Pravda (Rússia) ,
Rede Voltaire, 25 de Fevereiro de 2012. «Admite Washington que Bachar al-Assad no será derrocado», Red
Voltaire , 17 de febrero de 2012.

[11] “Rebellen in Syrien : Der Henker von Bab Amr”, Ulrike Putz, Der Spiegel, 26 mars 2012. English version :
“The Burial Brigade of Homs : An Executioner for Syria’s Rebels Tells His Story”

[12] « Le bastion de l’Armée « syrienne » libre était équipé de missiles Milan », Réseau Voltaire, 16 février
2012. «Los terroristas del "Ejército Libre Sirio" equipados con sofisticados misiles franceses Milán», Red
Voltaire , 29 de febrero de 2012.

[13] «Los periodistas-combatientes de Baba Amro
», por Thierry Meyssan, Red Voltaire , 5 de marzo de
2012.
[14] «Francia negocia con Siria la devolución de los 18 agentes franceses capturados en ese país árabe»;
«Francia reinstaura la censura militar », Red Voltaire , 2 y 8 de marzo de 2012.

[15] “Syria conflict : UK planned to train and equip 100,000 rebels”, par Nick Hopkins, BBC, 3 juillet 2014.

[16] «Alain Juppé acusado por su propia administración de haber falsificado los informes sobre Siria», Red
Voltaire , 22 de marzo de 2012.

Fonte : “Vitória da França pela Paz”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 30 de
Dezembro de 2019, www.voltairenet.org/article208726.html

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