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Periodontite Agressiva Documento
Periodontite Agressiva Documento
Resumo
A periodontite agressiva é uma doença relativamente rara, de progressão rápida e que acomete
adolescentes e adultos jovens, na faixa etária dos doze aos trinta anos. Causa rápida perda vertical do
osso alveolar de suporte, resultando no aparecimento de bolsas infra-ósseas geralmente profundas. A
causa parece estar relacionada com um grupo de bactérias de alta virulência, além de comprometimento
genético em certas famílias, com doença periodontal agressiva. Apresenta-se uma revisão da literatura
sobre a periodontite agressiva em pacientes jovens e relatam-se dois casos da doença.
Abstract
Aggressive periodontitis is a rare form of periodontitis, with rapid progression. This disease
often begins in teenagers and young adults (twelve to thirty years old). It causes a rapid vertical
loss of the alveolar bone, which may result in deep infrabony pockets. The etiology of aggressive
forms of periodontitis is not well defined, but it seems to be associated to the presence of one
specific group of bacteriae presenting high virulence. This disease is characteristic of familial
aggregation and could be genetically transmitted. The aim of this study was to present a review
about aggressive periodontitis affecting young patients and report two cases of this disease.
mente, pode-se observar a existência de pequena agressiva com relação aos efeitos genéticos e
quantidade de placa bacteriana formando uma fatores do meio. Concluíram que estes contribuem
fina película sobre o dente e que raramente se para o desenvolvimento da doença. A
mineraliza a ponto de formar cálculos. Os sinais Actinobacillus actinomycetemcomitans difunde-se entre
iniciais mais comuns são a mobilidade e a migração membros da mesma família de duas maneiras: a
dos primeiros molares e dos incisivos permanentes transmissão por contato intrafamiliar ou por meio
(2, 4, 5, 11). Geralmente, observa-se migração da transmissão genética da susceptibilidade à
disto-vestibular dos incisivos superiores com doença (14).
surgimento de diastema. Os incisivos inferiores Estudos concluíram que a periodontite
parecem ter uma propensão menor para migrar do agressiva é transmitida geneticamente pelo
que os superiores. Padrões oclusais e a pressão da cromossomo X dominante. Os autores utilizaram
língua podem modificar a quantidade e o tipo de ratos em seu trabalho, comprovando que as ratas
migração. Além disso, há aumento aparente no eram duas vezes mais atingidos pela PA em
tamanho da coroa clínica, recessão gengival, relação aos ratos e a transmissão de pai para filho
acúmulo de placa e cálculo, surgindo então não existia, pois o rato envia para seu filho
clinicamente à inflamação. Dependendo da apenas o cromossomo Y (13).
progressão da doença, outros sinais e sintomas
podem surgir, como a exposição das superfícies Tratamento
radiculares, dores durante a mastigação, podendo
ocorrer também abscessos periodontais (2). Inicialmente, é imperativo realizar o
Radiograficamente, pode-se observar controle da infecção periodontal. Para isso, deve-
perda vertical de osso alveolar ao redor dos se realizar a raspagem e o alisamento de todos os
primeiros molares e incisivos permanentes, em sextantes. A literatura prova que apenas a
jovens saudáveis, sendo um sinal de provável PA instrumentação periodontal é ineficaz para a
(1-5). Outros achados radiográficos incluem a completa eliminação da A. actinomycetemcomitans.
“perda em forma de arco do osso alveolar, Diversos tipos de tratamento já foram testados,
estendendo-se da superfície distal do segundo mas os mais eficazes continuam sendo a orientação
pré-molar até a superfície mesial do segundo de higiene, a instrumentação mecânica (RAP)
molar” (2). associada à terapia cirúrgica e à medicação
sistêmica (15).
Etiologia Segundo Lindhe e Lilienberg (6), o
melhor tratamento é a administração de
A PA, segundo vários autores, é causada tetraciclina (250 mg, quatro vezes ao dia durante
por bactérias. Relata-se a presença da Actinobacillus duas semanas), associada à terapia cirúrgica dois
actinomycetemcomitans, além da Pophyromonas a três dias após o início da medicação, com
gingivalis (Pg), Bacteróides forsythus e Treponema retalho de Widman modificado, raspagem supra
denticola (1-3, 5, 6, 12-16). e subgengival, reposicionamento do retalho e,
Diversos autores descreveram um após a cirurgia, iniciar bochechos com clorexidina
padrão familiar de perda óssea alveolar e a 0,2%; duas vezes ao dia, durante dois minutos,
incluíram o fator genético na periodontite por duas semanas.
agressiva (1, 2, 11, 13, 16). Page et al. (1) Gustke (3) preconizou como seqüência
realizaram pesquisa com uma família composta de tratamento da periodontite agressiva a
por seis indivíduos (pai, mãe e quatro filhos). instrução de higiene oral, a remoção do cálculo
Após análise de cinco indivíduos desta família grosseiro (quando necessário), tratamento
(pais, filhos de 14, 12 e 5 anos de idade), cirúrgico das bolsas periodontais maiores que 5
concluíram que a PA é hereditária, pois foi mm, RAP e curetagem de eventuais lesões, uso
encontrada em quatro dos cinco indivíduos de clorexidine por uma a duas semanas, antibiótico
examinados, sendo que apenas a criança de associado, avaliação da evolução do caso quatro
cinco anos não apresentava ainda a doença. a seis semanas após o tratamento, retratamento
Diversos autores, em diferentes épocas, (quando necessário) e acompanhamento por três
observaram o padrão familiar da periodontite meses por meio de sondagem, radiografias
Durante a anamnese, o paciente não referiu ser portador de doenças sistêmicas; declarou-se não-
fumante e não-etilista. Relatou escovação dentária regular, três vezes por dia, com uso regular de fio dental
e enxaguatórios bucais. Perguntado sobre doenças periodontais semelhantes na família, declarou desconhecer.
Ao exame radiográfico, observou-se perda óssea vertical generalizada, sendo mais localizada nas regiões
de molares e incisivos. O diagnóstico foi periodontite agressiva (Figuras 2 e 3).
FIGURA 2 - Imagem panorâmica inicial. Diversas áreas de severa perda óssea vertical
FIGURA 4 - Severa mobilidade FIGURA 5 - Sondagem das bolsas FIGURA 6 - Sondagem das bolsas
grau III no 12 periodontais, vestíbulo periodontais, palatino
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