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SOPRO E CIANOSE

1. Causas de Sopro em Pediatria:

*Sopro inocente – Não há doença orgânica (ocorre quando temos certeza de que o resto do exame físico é
normal).

*Cardiopatias congênitas.

*Cardiopatias adquiridas – No Brasil, a mais comum é a Cardite Reumática.

*Endocardite bacteriana.

2. Na Maternidade...

*Sempre esclarecer o motivo do sopro antes da alta.

*Tem ICC?

*Tem Cianose? Colocar saturímetro sempre – Teste do “coraçãozinho” realizado até 48h de vida.

*Tem pulsos presentes?

**Todo recém nato que pode ser um cardiopata é urgência médica (não dar alta).

*Lembrar:

 Cardiopatia Congênita: Pode demorar alguns dias a iniciar o sopro, o tamanho do sopro não é
proporcional à gravidade do mesmo.
 Cardite Reumática: Quando há ICC, a lesão valvar é grave (sempre sopra).

*QP = “Está Roxinho”:

 Cianose Periférica:
 Aumento da diferença arteriovenosa de oxigênio (normal = 5mL/100mL).
 Causas:
 Vasoconstrição cutânea (Ex. Frio).
 Diminuição do Débito Cardíaco.
 Perfusão lenta.
 Cianose Central:
 Concentração média de hemoglobina reduzida no plexo venoso subpapilar da pele maior que 56%.
 Causas:
 Cardiopatias congênitas.
 Doenças pulmonares.
 Diminuição da concentração de hemoglobina.

Circulação Fetal:

Cardiopatia congênita, geralmente, tem peso e desenvolvimento normal.

Ao nascer, deve-se verificar o coto umbilical, que deve apresentar duas artérias e uma veia, caso contrário
é um forte indício de cardiopatia congênita.
A veia umbilical traz sangue oxigenado (menos de 95%), vivendo em meio de hipóxia relativa (crianças
apresentam hematócrito alto ao nascer).

Uma parte desse sangue entra no fígado e a outra, pelo ducto venoso (que se fecha depois do nascimento),
para veia cava inferior.

O sangue da veia cava superior, no átrio direito, vai, em parte, para o átrio esquerdo pelo forame oval (que
também deve se fechar) e outra parte vai para o ventrículo direito.

O sangue bem oxigenado do átrio esquerdo vai para o cérebro pela aorta.

A drenagem do cérebro vai para a veia cava superior (átrio direito) e para o ventrículo direito, havendo
mistura de sangue: O sangue desoxigenado, pelo canal arterial** chega na aorta (havendo ainda mais
mistura de sangue), partindo para artéria umbilical para que ocorram as trocas gasosas.

**Há cardiopatias dependentes do canal, por isso são uma urgência, pois se fechar haverá morte súbita.

*Dados relevantes na anamnese:

 Idade da criança.
 Início dos sintomas.
 Outros sinais e sintomas:
 Dispneia.
 Sopros.
 Ruídos.
 Hepatomegalia.
 Alguém na família tem cianose?
 Aparecimento de cianose: Quando SO2 está abaixo de 85%.

3. Cardiopatias Congênitas Cianóticas:

*Cianose do leito ungueal e mucosas:

 Não responde ao O2 suplementar.

*Subgrupos:

 Grupo Fallot: Por obstrução da saída do coração direito.


 Grupo das Transposições: Por circulações em paralelo.
 Simples.
 Com CIV. Dependem do canal arterial.
 Com CIV e EP.
 Cianose (pode ou não soprar).
 Conduta:
 Cateterismo.
 Cirurgia (15 dias de vida).

**Hipoplasia do Coração Direito:


 Diagnóstico intrauterino.
 Prostaglandina para manter canal arterial.
 Não faz cianose tão grave para que apareça em teste do coraçãozinho (não sempre).
 Cirurgia: Tratar coração como se fosse univentricular (VD como VE). Desconectar aorta (conectar
com VD) e pulmonar (conectar na subclávia realizando shunt).

IMPORTANTE:

*Patologias ictus-dependentes (canal arterial).

 Cianóticas.
 Obstrutivas.
 Transposição.

*Associação de determinadas patologias e doenças genéticas:

 Síndrome de Down.
 Síndrome de Cornevia de Langes (monosselha).
 Síndrome de Patau (trissomia do 13º) – Fatal.
 Síndrome de Edwards (trissomia do 18º) – óbito em 90% dos casos.
 Síndrome de Nooan.
 Síndrome de Williams.
 Síndrome de Turner – XO
 Coarctação da aorta.
 Geralmente CIA.

*Profilaxia para endocardite bacteriana subaguda.

 Pós-operatório de Tetralogia de Fallot.

4. Casos Clínicos:
a. Metemoglobinemia Hereditária:

*Recém-nato.

*SO2 = 85%.

*Exame físico normal.

*Ecocardiograma normal.

*Pai com SO2= 82%.

b. Pneumonia:

*8 meses.

*Tosse proliferativa.

*Febre há 48h.
*Resto do exame físico normal.

*Diagnóstico de IRA + prescrição de sintomáticos.

 Piora da tosse.
 Cansaço.
 Cianose.
 Febril.
 Taquidispneia.
 Estertor crepitante em 1/3 médio e inferior HTPE. – Sugere pneumonia (recomenda-se exame
durante o choro para que se avalie a inspiração, onde ocorre o estertor crepitante.).

*Exames Complementares:

 Raio X de Tórax – Hipotransparência.

*Conduta:

 Hidratação venosa.
 Oxigênio (cateter/ máscara/ tenda).
 Antibioticoterapia – Parece pneumonia pneumocócica por não apresentar doença Staphylocócica
anterior ou pneumatocele.
 Penicilina Cristalina (quando grave = IV).

c. Refluxo Gastro-Esofágico:

*Lactente jovem.

*”Quase morreu roxinho”.

*Exame físico normal.

*Suspeitar de broncoaspiração? Não! Muito difícil.

*Golfa e chora muito.

*Bebê chiador.

**Causa broncoespasmo ou obstrução da glote.

*ALTE: Apparent Life Threatening Events → Cuidado! Internar! Investigar QT longo. Evitar Síndrome
da Morte Súbita do Lactente.

**Não deixar o bebê de bruços: decúbito lateral ou ventral.

d. Tetralogia de Fallot:

*4h de vida.

*Sopro + cianose.
*SO2= 70% (Se houver acidose metabólica = insuficiência).

*Pulsos palpáveis nas 4 extremidades.

*Raio X coração “em bota” (Hipertrofia de VD).

**Geralmente diagnosticada no ecofetal.

*Conduta:

 Prostaglandina (mantem o canal arterial).


 Cirurgia paliativa (Se SO2 < 80%).

*Anatomia:

 CIV.
 Estenose pulmonar → Hipertrofia de VD.
 Aorta dextroposta.

*Clínica:

 Cianose.
 Sopro.
 Crises cianóticas.**

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