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Poder de Tornar-Se (Kindle Version)

David A. Bednar

© 2014 David A. Bednar.


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Para minha família, meus amigos e
para os fiéis santos dos últimos dias no
mundo inteiro em quem pude ver
e com quem pude aprender
sobre o poder de tornar-se

© 2014 David A. Bednar

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Library of Congress Cataloging-in-Publication Data


Bednar, David A., autor.
O Poder de Tornar-se / David A. Bednar.
páginas cm
Inclui referências bibliográficas e índice.
ISBN 978-1-60907-859-1 (capa dura; papel alcalino)
1. Vida cristã — Autores mórmons. 2. Doutrinas — A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias. 3. Doutrinas — Igreja Mórmon. I. Título.
BX8656.B4395 2014
248.4’89332—dc232013042047
Impresso no Brasil.
Publishers Printing, Salt Lake City, UT
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Table of Contents
Reconhecimentos
Prefácio
O Poder de Tornar-se e a Expiação de Jesus Cristo
O Poder de Tornar-se e o Dom Espiritual da Paz Pessoal
O Poder de Tornar-se, as Ordenanças do Sacerdócio e a Obediência Solícita
O Poder de Tornar-se e Perseverar Valentemente
O Poder de Tornar-se e Congregar Todas as Coisas
Vídeos
Fontes Citadas
Reconhecimentos
Sou grato a minha mulher, Susan, por seu amor, seu incentivo e seu
exemplo constante do poder de tornar-se. Agradeço também a Shauna
Swainston pela ajuda e pelo apoio sempre presentes; e a Sheri Dew pelas
oportunas sugestões e contribuições.
À equipe de edição da Deseret Book pelo profissionalismo e pela
excelência de seu trabalho. Quero agradecer a Laurel Christensen Day por
supervisionar o projeto; a Emily Watts, por sua perícia em aconselhar, editar
e ajudar na preparação do manuscrito para a publicação; ao Richard Erickson
e Sheryl Dickert Smith pelo design; a Rachael Ward pela tipografia; e a
Elizabeth Alley por sua ajuda nos segmentos de ensino online. Meu
agradecimento sincero a nossos familiares, amigos e colegas, cuja
participação foi essencial para que eu pudesse formular e refinar as ideias
apresentadas neste livro. Sou grato a todas as pessoas, tanto as citadas como
as não citadas, que me inspiraram, apoiaram e ajudaram a escrever O Poder
de Tornar-se.
Este livro não é uma declaração oficial das doutrinas, normas ou práticas
da Igreja, e sou o único responsável pelo conteúdo de O Poder de Tornar-se.
Prefácio
O título deste livro teve origem numa passagem de Doutrina e
Convênios:
“Eis que eu sou Jesus Cristo, o Filho de Deus. Eu sou a vida e a luz do
mundo.
Eu sou o mesmo que vim aos meus e os meus não me receberam;
Mas em verdade, em verdade eu te digo que a todos os que me
receberem darei poder para se tornarem filhos [e filhas] de Deus, sim,
àqueles que crerem em meu nome. Amém” (Doutrina e Convênios 11:28–30;
grifo do autor; ver também Doutrina e Convênios 39:4; 42:52; João 1:12).
Este volume tem por base e expande os padrões espirituais descritos em
Increase in Learning e Act in Doctrine, além de discutir como podemos ser
abençoados para receber o “poder de tornar-[nos]”.
Morôni é um de meus heróis espirituais favoritos. Filho de Mórmon,
condensador do livro de Éter e último escritor do Livro de Mórmon, Morôni
desempenhou um papel decisivo na Restauração do evangelho de Jesus
Cristo nos últimos dias. Enquanto estudava a vida e o ministério desse
notável profeta, reli várias vezes um versículo específico no Livro de
Mórmon que, acredito, revela muita coisa a respeito de sua devoção,
profundidade e experiência espiritual.
No décimo e último capítulo do livro de Morôni, ele declara que o
testemunho do Livro de Mórmon é recebido pelo poder do Espírito Santo,
que os dons espirituais são concedidos aos que são fiéis e que devemos vir a
Cristo e aperfeiçoar-nos Nele. Depois, ao encerrar seu registro, ele se despede
de seus futuros leitores e proclama seu penhor e derradeiro testemunho.
“E agora me despeço de todos. Logo irei descansar no paraíso de Deus,
até que meu espírito e meu corpo tornem a unir-se e eu seja carregado
triunfante pelo ar, para encontrar-me convosco no agradável tribunal do
grande Jeová, o Juiz Eterno tanto dos vivos como dos mortos. Amém”
(Morôni 10:34).
A parte que considero mais interessante desse versículo é “o agradável
tribunal do grande Jeová, o Juiz Eterno tanto dos vivos como dos mortos”
(grifo do autor). Observe que Morôni descreve o tribunal do grande Jeová
como agradável. É provável que muitas pessoas achem que o fato de
apresentar-se diante do Juiz Eterno será apavorante, amedrontador,
insuportável, angustiante e assustador — tudo, menos agradável. Mas Morôni
não tinha medo nem estava apreensivo quanto a esse dia inevitável de
prestação de contas. Ele ansiava pelo momento de se encontrar no agradável
tribunal do grande Jeová! Morôni compreendeu antes de sua morte, ao menos
em parte, o que o aguardava além do véu.
Uma pergunta muito simples surge em minha mente e em meu coração a
partir dessa escritura em tom de bênção: De que maneira Morôni poderia
saber e sabia, ainda na mortalidade, que o julgamento do grande Jeová seria
agradável?
Será que você e eu sabemos, assim como Morôni sabia, se o rumo que
tomamos na vida agrada a Deus? E se é possível conhecer essas coisas, como
podemos conhecê-las? Tal questionamento é, sem dúvida, um dos mais
cruciais e pungentes da alma.
Quanto mais nos aprofundamos no conhecimento do Salvador e de Seu
evangelho e nos esforçamos com mais disposição para agir segundo Sua
doutrina, Suas ordenanças e Seus convênios, tanto mais somos abençoados
com poder, por meio de Sua Expiação, de nos tornarmos cada vez mais
semelhantes a Ele. Nosso coração e nossa natureza se transformam, e nossos
desejos se voltam para Ele e Seus propósitos. Sua vontade substitui a nossa
vontade. Seus desejos suplantam os nossos desejos. Seus propósitos se
tornam os nossos propósitos. Essas mudanças raramente ocorrem de uma
hora para outra, drasticamente, ou de uma só vez; em vez disso, elas entram
em nossa vida “linha sobre linha, preceito sobre preceito, um pouco aqui e
um pouco ali” (2 Néfi 28:30).
Mas como saber de fato qual é a nossa situação e se nosso caminho está
de acordo com a vontade de Deus? Neste livro, O Poder de Tornar-se,
procuro apresentar as verdades, os princípios e padrões do evangelho que vão
ajudar cada um de nós em nosso empenho de prosseguir com firmeza em
Cristo e encontrar individualmente as respostas a essas perguntas eternamente
essenciais.
A formatação de O Poder de Tornar-se traz margens extralargas,
propícias para a anotação de pensamentos, inspirações e perguntas. O livro
foi escrito para ser uma experiência interativa, isto é, não só para ler, mas
para servir de trampolim para o seu processo de aprendizado. Cada capítulo
termina com algumas perguntas para reflexão e um espaço em branco onde
você pode registrar as próprias perguntas e as respostas que estiver
recebendo. Foi também incluído um convite para aprender e agir de acordo
com os princípios discutidos no capítulo, além de três perguntas correlatas a
serem refletidas em conjunto, mas respondidas individualmente. Portanto, as
três perguntas aparecem no início de cada página de resposta, mas a que deve
ser respondida estará em destaque.
Cada capítulo também traz um QR code, além de um URL. Ambos
remetem a vídeos curtos de discussões que conduzi pessoalmente com vários
grupos, sobre os assuntos tratados no capítulo.
Espero que este livro leve você a ponderar, orar, refletir, avaliar, agir e
progredir espiritualmente. Que a combinação de sua fé no Salvador com sua
disposição em atuar como um agente, este texto e as experiências de
aprendizado em que se envolver convidem o Espírito Santo para ajudá-lo a
compreender mais plenamente as verdades básicas do evangelho e os padrões
espirituais — até o ponto em que cada um de nós possa ter a bênção de
receber O Poder de Tornar-se.
Capítulo 1

O Poder de Tornar-se e a Expiação de Jesus Cristo


Se honrarmos os convênios sagrados, obedecermos aos mandamentos de
Deus, buscarmos a companhia do Espírito Santo e cumprirmos fielmente
nossa responsabilidade pessoal de “aumentar em doutrina” (Provérbios 9:9) e
“agir em doutrina” (Doutrina e Convênios 101:78), poderemos ser
abençoados com “o poder de tornar-nos”.
“Eis que eu sou Jesus Cristo, o Filho de Deus. Eu sou a vida e a luz do
mundo.
Eu sou o mesmo que vim aos meus e os meus não me receberam;
Mas em verdade, em verdade eu te digo que a todos os que me
receberem darei poder para se tornarem filhos [e filhas] de Deus, sim,
àqueles que crerem em meu nome. Amém” (Doutrina e Convênios 11:28–30;
grifo do autor; ver também Doutrina e Convênios 39:4; 42:52; João 1:12).
Os propósitos principais do discipulado dedicado são “despertar” para
Deus (Alma 5:7; 7:22), “nascer de novo” (João 3:3; Mosias 27:25; Alma
5:49; 7:14), despojar-se do homem natural (ver Mosias 3:19) e fazer-se
“novo” em Cristo. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as
coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Coríntios 5:17).
Devemos também “prosseguir com firmeza em Cristo” (2 Néfi 31:20) e
“perseverar com fé em Seu nome até o fim” (ver Mateus 24:13; 2 Néfi 31:16;
Doutrina e Convênios 14:7; 20:29).
Em última análise, os seguidores de Cristo devem tornar-se como Ele é.

“Sim, vinde a Cristo, sede aperfeiçoados nele e negai-vos a toda


iniquidade; e se vos negardes a toda iniquidade e amardes a Deus com
todo o vosso poder, mente e força, então sua graça vos será suficiente; e
por sua graça podeis ser perfeitos em Cristo; e se pela graça de Deus
fordes perfeitos em Cristo, não podereis, de modo algum, negar o poder
de Deus.

E novamente, se pela graça de Deus fordes perfeitos em Cristo e não


negardes o seu poder, então sereis santificados em Cristo pela graça de Deus,
por meio do derramamento do sangue de Cristo, que está no convênio do Pai
para a remissão de vossos pecados, a fim de que vos torneis santos, sem
mácula” (Morôni 10:32–33).

“Mas a caridade é o puro amor de Cristo e permanece para sempre;


e para todos os que a possuírem, no último dia tudo estará bem.

Portanto, meus amados irmãos, rogai ao Pai, com toda a energia de


vosso coração, que sejais cheios desse amor que ele concedeu a todos os que
são verdadeiros seguidores de seu Filho, Jesus Cristo; que vos torneis os
filhos de Deus; que quando ele aparecer, sejamos como ele, porque o
veremos como ele é; que tenhamos esta esperança; que sejamos purificados,
como ele é puro. Amém” (Morôni 7:47–48; ver também I João 3:2).

O Élder Dallin H. Oaks explicou a importância de imitarmos o


Salvador e nos esforçarmos para nos tornar como Ele:

“Paulo ensinou que os ensinamentos e mestres do Senhor foram


concedidos para que chegássemos à ‘medida da estatura completa de Cristo’
(Efésios 4:13). Esse processo exige muito mais do que a aquisição de
conhecimento. Não basta sequer que sejamos convencidos do evangelho,
precisamos agir e pensar de modo a sermos convertidos a ele. Ao contrário
das instituições do mundo, que nos ensinam a saber algo, o evangelho de
Jesus Cristo desafia-nos a tornar-nos algo.
Em muitas passagens da Bíblia e das escrituras modernas, lemos sobre
um juízo final em que todas as pessoas serão recompensadas de acordo com
seus atos, suas obras ou os desejos de seu coração. Mas outras escrituras
ampliam essa ideia e afirmam que seremos julgados pela condição que
tivermos alcançado.
O profeta Néfi descreveu o Juízo Final com base no que nos tivermos
tornado: ‘E se suas obras tiverem sido imundas, eles serão imundos; e se
forem imundos, não poderão habitar o reino de Deus’ (1 Néfi 15:33; grifo do
autor). Morôni declarou: ‘Aquele que é imundo ainda será imundo; e aquele
que é justo ainda será justo’ (Mórmon 9:14; grifo do autor; ver também
Apocalipse 22:11–12; 2 Néfi 9:16; D&C 88:35). O mesmo se aplicaria a
‘egoísta’ ou ‘desobediente’ ou qualquer outra característica pessoal que não
esteja em harmonia com as leis de Deus. Ao referir-se ao ‘estado’ dos iníquos
no juízo final, Alma explicou que se formos condenados por nossas palavras,
nossas obras e nossos pensamentos, ‘não seremos considerados sem mancha’
(…) e nesse terrível estado não nos atreveremos a olhar para o nosso Deus’
(Alma 12:14).
À luz desses ensinamentos, concluímos que o juízo final não é apenas
um balanço do total de atos bons e ruins, ou seja, do que fizemos. É a
constatação do efeito final de nossos atos e pensamentos, ou seja, do que nos
tenhamos tornado. Não basta fazer tudo mecanicamente. Os mandamentos,
as ordenanças e os convênios do evangelho não são uma lista de depósitos
que precisamos fazer numa conta bancária celestial. O evangelho de Jesus
Cristo é um plano que nos mostra como podemos tornar-nos o que nosso Pai
Celestial deseja que nos tornemos” (“O Desafio de Tornar-se”, p. 40; itálicos
no original).
Aprender e agir em retidão pode levar a “tornar-nos”, desde que seja
pela Expiação, por intermédio da Expiação e devido à Expiação do Salvador.
A palavra tornar denota crescimento, desenvolvimento, mudança,
transformação e conversão. Ao “virmos a Cristo” e sermos aperfeiçoados
Nele e por meio Dele (ver Morôni 10:32–33), obteremos, de modo cada vez
mais intenso e extenso, a Sua mente (ver Filipenses 2:5) e Seu caráter. Vamos
nos despojar do homem natural e seremos, na própria essência do nosso ser,
mudados, transformados e “convertidos ao Senhor” (Alma 23:6). O
evangelho e a Expiação de Jesus Cristo visam essencialmente à mudança —
visam ajudar-nos, como filhos e filhas de Deus, a progredir e a tornar-nos
mais como Ele. O plano de felicidade do Pai Celestial mostra a estrutura do
progresso eterno, e o evangelho do Salvador traz as doutrinas, os convênios e
as ordenanças necessárias para nos tornarmos tudo o que se espera que os
filhos de Deus sejam.
A profundidade e a intensidade do amor do Pai por todos os Seus filhos
se evidenciam na disposição de permitir que Seu Filho Unigênito oferecesse
o sacrifício infinito e eterno da Expiação (ver Alma 34:10, 14). E é a
Expiação que nos possibilita aprender, agir, crescer e receber o poder de
tornar-nos como são o nosso Pai Celestial e Seu Filho Amado.

Da corte celestial chegou;


Com grande amor desceu
O Cristo, nosso Salvador,
E o mundo renasceu!

Seu sangue pelos homens deu,


e assim nos libertou;
Seu sacrifício de amor
ao mundo resgatou.

Obedecendo ao Pai de amor,


O prêmio conquistou;
O Teu querer, Senhor, farei;
Humilde e grato sou.

Na Terra, o Mestre nos mostrou


A senda que conduz
À vida eterna, onde Deus
Habita em plena luz.
(“Da Corte Celestial”,
Hinos, nº 195)

“Sede Vós Pois Perfeitos”


Se devemos tornar-nos aquilo que o Pai Celeste tanto anseia que nos
tornemos, qual, pois, deve ser o principal objetivo desse processo?
O Senhor, nas sagradas escrituras, dá-nos a resposta para essa pergunta
eternamente importante.

“Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos
céus” (Mateus 5:48).

“Quisera que fôsseis perfeitos, assim como eu ou como o vosso Pai


que está nos céus é perfeito” (3 Néfi 12:48).

“Portanto, que tipo de homens devereis ser? Em verdade vos digo


que devereis ser como eu sou”. (3 Néfi 27:27).

Os profetas e apóstolos dos últimos dias têm-nos ensinado


frequentemente acerca de nossa responsabilidade de seguir com firmeza
no caminho da perfeição. Observem como os temas se repetem nas
mensagens desses líderes inspirados.

“Cremos que Deus criou o homem mentalmente capaz de aprender


e com uma capacidade que pode ser ampliada em proporção à atenção e
ao cuidado dedicados à luz transmitida do céu ao intelecto; e que, quanto
mais o homem se aproxima da perfeição, mais claros se tornam os seus
pensamentos e maior é a sua alegria, até conseguir superar todas as
coisas ruins da vida e perder toda a vontade de pecar; e, como os
antigos, até sua fé chegar ao ponto em que seja envolto pelo poder e
glória de seu Criador e arrebatado para morar com Ele” (Joseph Smith,
History of the Church, volume 2, p. 8).

“Quando subimos uma escada, somos obrigados a começar de


baixo e subir degrau por degrau, até chegar ao alto; o mesmo acontece
com os princípios do Evangelho — devemos começar com o primeiro e
continuar subindo até que tenhamos aprendido todos os princípios de
exaltação. Mas só muito tempo depois de termos passado pelo véu é que
os aprenderemos” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph
Smith, p. 280).

“Pode parecer estranho para alguns de vocês, e certamente parecerá


para o mundo, afirmar ser possível que um homem ou uma mulher se
torne perfeito aqui nesta Terra. Está escrito: ‘Sede vós pois perfeitos,
como é perfeito o vosso Pai que está nos céus’. Também: ‘Se alguém
não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear
todo o corpo’. Isso é perfeitamente plausível para a pessoa que entende o
que é perfeição.
Se a primeira citação que fiz não tiver sido formulada de modo a ser
captada por nosso entendimento, podemos alterar a fraseologia da sentença e
dizer: ‘Sede vós tão perfeitos quanto puderem’, pois isso é o que podemos
fazer, embora esteja escrito: sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai que
está nos céus. (…) Quando tudo o que fazemos corresponde ao melhor que
podemos fazer, tanto em nossa esfera de atuação como na situação em que
nos encontramos, somos justificados na lei, na retidão, na misericórdia e no
julgamento que pertencem ao Senhor do céu e da Terra. Somos tão
justificados quanto os anjos que se assentam diante do trono de Deus. O
pecado que permanecerá sobre toda a posteridade de Adão e Eva é o de não
terem dado o máximo de si.
Quando usamos o termo perfeição, isso se aplica ao homem na sua
condição presente e, da mesma forma, aos seres celestiais. Hoje somos, ou
podemos ser, tão perfeitos em nossa esfera de atuação como Deus e os anjos
o são na deles; mas mesmo a maior inteligência que há pode continuar a se
expandir para níveis mais elevados de perfeição” (Discourses of Brigham
Young, 89).

“Acredito que o Senhor disse exatamente o que tencionava dizer, e


que devemos ser perfeitos como nosso Pai que está nos céus é perfeito.
Isso não acontecerá de repente, mas linha sobre linha, preceito sobre
preceito, de exemplo em exemplo; e mesmo assim, não acontecerá
durante nossa vida mortal, pois teremos que continuar além do túmulo
para alcançar essa perfeição. (…)

Mas é aqui que construímos o alicerce. É aqui que aprendemos essas


simples verdades do evangelho de Jesus Cristo, neste estado probatório, para
preparar-nos para a perfeição. Temos o dever de ser melhores hoje do que
fomos ontem, e melhores amanhã do que fomos hoje. Por quê? Porque,
(…) caso estejamos guardando os mandamentos do Senhor, estamos no
caminho para a perfeição e só podemos chegar a ela por meio da obediência e
se tivermos no coração o desejo de vencer o mundo.
Todo homem tem o dever de procurar ser semelhante a seu Pai Eterno”
(Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação, volume 2, pp. 18–19).

“Supõem que o Salvador estivesse sugerindo uma meta impossível


de ser alcançada e assim zombando de nossos esforços para atingir essa
perfeição? É impossível para nós aqui na mortalidade chegar a esse
estado de perfeição mencionado pelo Mestre, mas nesta vida
estabelecemos o alicerce sobre o qual edificaremos na eternidade.
Portanto, precisamos certificar-nos de que nossas bases estejam
assentadas firmemente na verdade, na retidão e na fé. A fim de
atingirmos esta meta, precisamos guardar os mandamentos de Deus e ser
fiéis até o fim de nossa vida mortal. E depois, do outro lado do véu,
devemos persistir em retidão e sabedoria até nos tornarmos como nosso
Pai Celestial. Em grandes revelações, o Senhor nos disse que os que
‘vencem pela fé e são selados pelo Santo Espírito da promessa que o Pai
derrama sobre todos os que são justos e fiéis (…) estes são os que são a
igreja do Primogênito (…) em cujas mãos o Pai colocou todas as coisas.
Estes são os que são os sacerdotes e reis, que receberam de sua plenitude
e de sua glória’ (D&C 76:53–56). ‘E qualquer que nele tem esta
esperança purifica-se a si mesmo, como também [Deus] é puro’ (I João
3:3).

Aparentemente, o Apóstolo Paulo considerou essa doutrina verdadeira,


pois nós o vemos declarando-a aos membros da Igreja daquela época: ‘De
sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo
Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a
Deus’ (Filipenses 2:5–6). Além disso, ele indicou o curso pelo qual se obtém
a perfeição. Ao falar sobre Jesus, declarou: ‘Ainda que era Filho, aprendeu a
obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a
causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem’ (Hebreus 5:8–9)”
(Harold B. Lee, Decisions for Successful Living, pp. 40–41).

“E o que devemos fazer para chegar à perfeição em nossa vida?


Não se trata de uma decisão tomada uma única vez; é um processo a ser
perseguido lenta e trabalhosamente por toda a vida. Edificamos a partir
de blocos simples e acrescentamos os refinamentos à medida que a
construção sobe em direção aos céus” (TheTeachings of Spencer W.
Kimball, p. 166).
“Para o homem, não há pergunta mais importante do que aquela
que Paulo fez: ‘Senhor, que queres que eu faça?’ (Atos 9:6). Para o
homem, não há ação mais grandiosa do que seguir um caminho que o
leve à resposta para essa pergunta e, depois, agir de acordo com essa
resposta. O que o Senhor Jesus Cristo gostaria que fizéssemos? Ele
respondeu a essa pergunta dizendo: ‘Sede vós pois perfeitos, como é
perfeito o vosso Pai que está nos céus’ (Mateus 5:48), e: ‘Portanto, que
tipo de homens devereis ser? Em verdade vos digo que devereis ser
como eu sou’ (3 Néfi 27:27).

Cristo, então, estabeleceu para nós o exemplo de como devemos ser e o


que devemos fazer. (…) Esse Jesus é o nosso exemplo e Ele nos deu o
mandamento de seguir Seus passos” (Ezra Taft Benson, God, Family,
Country, 155–156).

“Nesta vida, certas ações podem ser aperfeiçoadas. Um goleiro


pode terminar uma partida sem deixar passar nenhuma bola. Um
cirurgião pode realizar um procedimento cirúrgico sem cometer um erro
sequer. Um musicista pode executar um programa inteiro sem errar
nenhuma nota. Da mesma forma, podemos alcançar perfeição em termos
de pontualidade, pagamento do dízimo, guardar a Palavra de Sabedoria,
e assim por diante. O enorme esforço exigido para atingir tamanho
autodomínio é recompensado por um profundo senso de satisfação. E o
mais importante é que as conquistas espirituais na mortalidade
acompanham-nos por toda a eternidade. (…)

A perfeição mortal pode ser alcançada ao nos esforçarmos por cumprir


todo o dever, seguir toda a lei e ao nos empenharmos para ser tão perfeitos
em nosso círculo de ação quanto o nosso Pai Celestial é no Dele. Se fizermos
o máximo que pudermos, o Senhor nos abençoará de acordo com nossas
ações e o desejo de nosso coração.
Mas Jesus pediu mais que a perfeição mortal. Naquele momento em que
pronunciou as palavras ‘como é perfeito o vosso Pai que está nos céus’, Ele
estendeu nossa visão para além dos limites da mortalidade. Nosso Pai
Celestial é eternamente perfeito. Esse fato, por si só, merece uma
consideração mais abrangente.
Estudei recentemente as edições em inglês e em grego do Novo
Testamento, atendo-me especificamente ao uso do termo perfeito e seus
derivados. Esse estudo nos dois idiomas deu-me algumas ideias interessantes,
uma vez que o grego foi o idioma original do Novo Testamento.
Em Mateus 5:48, o termo perfeito foi traduzido do grego teleios, que
significa ‘completo’. Teleios é um adjetivo derivado do substantivo telos, que
significa ‘fim’. A forma do infinitivo do verbo é teleiono, que significa
‘alcançar um objetivo distante, chegar ao desenvolvimento pleno, estar
consumado ou terminado’. Observem que a palavra não implica o sentido de
‘livre de erro’, mas sim, de ‘conquistar um objetivo distante’. Na verdade,
quando os autores do Novo Testamento em grego desejavam descrever a
perfeição no comportamento — precisão ou excelência do esforço humano
— eles não usavam nenhuma das formas de teleios; em vez disso, escolhiam
palavras diferentes.
Teleios não é um termo totalmente desconhecido para nós. É dele que
vem o prefixotele, que usamos diariamente. Telefone significa literalmente
‘conversa à distância’. Televisão significa ‘ver à distância’. Telefoto significa
‘luz distante’, e assim por diante.
Com base nesse conhecimento, analisemos outra declaração de profunda
significância feita pelo Senhor. Pouco antes de Sua crucificação, ele disse:
‘No terceiro dia serei aperfeiçoado’. [N.T.: em inglês, lê-se “I shall be
perfected” (serei aperfeiçoado)]. Pensem nisso! O Senhor, sem pecado e sem
erro — já perfeito segundo nossos padrões mortais — proclama o próprio
estado de perfeição como algo ainda a ser alcançado no futuro. Sua perfeição
eterna sucederia Sua Ressurreição e o recebimento de ‘todo o poder (…) no
céu e na Terra’.
A perfeição que o Senhor imagina para nós é muito mais do que um
simples desempenho sem erros. É a eterna expectativa, manifestada pelo
Senhor na grandiosa oração que fez ao Pai em nosso favor, de que
pudéssemos ser aperfeiçoados e capazes de viver com Eles na eternidade
vindoura” (Russell M. Nelson, “Perfection Pending”, pp. 86–87; grifo no
original).

O Caráter de Cristo
Qual é a natureza ou o tipo de perfeição pela qual temos lutado? O
próprio caráter de Jesus responde a essa pergunta.
Um dos maiores indicadores do caráter justo é a capacidade de
reconhecer e reagir adequadamente diante de outras pessoas que passam
pelos mesmos desafios ou adversidades que tão violenta e imediatamente
oprimem nossa própria vida. O caráter se revela, por exemplo, na capacidade
de enxergar o sofrimento de outras pessoas, quando nós mesmos estamos
sofrendo; na habilidade de detectar a fome de outros, quando nós mesmos
estamos famintos; e no poder de estender a mão ao próximo e sentir
compaixão por sua agonia espiritual quando nós mesmos estamos
espiritualmente angustiados. Portanto, o caráter de alguém se demonstra ao
olhar para fora de si mesmo, ao voltar-se para outrem e doar de si mesmo
quando a resposta instintiva do “homem natural” (Mosias 3:19) seria fechar-
se em si, ser egoísta e absorver-se no próprio ego.
O Salvador sempre Se voltou para os outros, compadecendo-Se deles e
servindo-os — especialmente quando enfrentou adversidade espiritual e dor
física. A capacidade do Mestre de abençoar outras pessoas e ministrar a elas,
mesmo em meio a Sua própria aflição “mostrou a senda” (“Da Corte
Celestial”, Hinos, nº 114) na qual, durante nossa provação mortal, por
intermédio do poder e da eficácia de Sua Expiação, poderemos despojar-nos
das tendências egocêntricas do homem natural e agir mais de acordo com a
verdadeira doutrina.
Em Jesus Cristo não havia pecado, mas altruísmo divinal; Ele é a fonte,
o padrão e o critério mais definitivo do caráter moral e o exemplo mais
perfeito de caridade e de constância
De Graça em Graça
A enormidade absoluta da perfeição como meta ou resultado eterno
pode fazer-nos sentir completamente incapazes, inadequados e desanimados.
Mas, como aprendemos nos ensinamentos de nossos líderes gerais
anteriormente, neste capítulo, a perfeição não é atingida de uma só vez, nem
na mortalidade. Pois até mesmo nosso exemplo perfeito, o Salvador,
progrediu “linha sobre linha, preceito sobre preceito” (2 Néfi 28:30).
“E eu, João, testifico que contemplei sua glória, como a glória do
Unigênito do Pai, cheio de graça e verdade, sim, o Espírito da verdade, que
veio e habitou na carne e habitou entre nós.
E eu, João, vi que no princípio ele não recebeu da plenitude, mas
recebeu graça por graça;
E a princípio não recebeu da plenitude, mas continuou de graça em
graça, até receber a plenitude;
E assim foi chamado de Filho de Deus, porque não recebeu da plenitude
no princípio” (Doutrina e Convênios 93:11–14).
E o mesmo padrão que se aplica ao Redentor também se aplica a nós.
“E dou-vos estas palavras, para compreenderdes e saberdes como adorar
e saberdes o que adorais, para que venhais ao Pai em meu nome e, no devido
tempo, recebais de sua plenitude.
Porque, se guardardes meus mandamentos, recebereis de sua plenitude e
sereis glorificados em mim como eu o sou no Pai; portanto digo-vos:
Recebereis graça por graça” (Doutrina e Convênios 93:19–20).
Da mesma forma, não atingimos a perfeição sozinhos ou dependendo
exclusivamente das ínfimas possibilidades do homem ou da mulher natural
que existe em cada um de nós. Podemos confiar na ajuda, na força e no apoio
dos céus. O Salvador declarou: “Se me amais, guardai os meus
mandamentos.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique
convosco para sempre;
O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê
nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em
vós.
Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós” (João 14:15–18; grifo do
autor).

“Se Deus é convosco, a quem temereis?


Ele é vosso Deus, Seu auxílio tereis.
Se o mundo vos tenta, se o mal faz tremer,
Com mão poderosa vos há de suster.
(“Que Firme Alicerce”, Hinos, nº 42)

Na Força do Senhor
Para os discípulos de Jesus Cristo, a jornada da mortalidade é paralela ao
caminho da perfeição. A Expiação do Salvador fortalece-nos e capacita-nos a
prosseguir com firmeza e perseverança. Nossa limitada capacidade mortal
pode alargar-se para cumprir os requisitos do preceito divino: “Sede vós pois
perfeitos” (Mateus 5:48).
O grande objetivo do evangelho do Salvador foi resumido sucintamente
pelo Presidente David O. McKay, como citado pelo Élder Franklin D.
Richards: “O propósito do evangelho é (…) tornar os homens maus bons, e
tornar os homens bons melhores, e mudar a natureza humana” (Conference
Report, outubro de 1965, pp. 136–137). Assim, a jornada da mortalidade é
progredir de maus para bons, e de bons para melhores, e passar por uma
vigorosa mudança no coração — passar por uma mudança em nossa natureza
decaída (ver Mosias 5:2) e ser “aperfeiçoados Nele” (Morôni 10:32–33).
O Livro de Mórmon é nosso manual de instruções, ao viajarmos pelo
caminho que nos leva de maus a bons, e de bons para melhores, e ao nos
esforçarmos para passar por uma mudança no coração. O rei Benjamim
ensinou sobre a jornada da mortalidade e o papel da Expiação para
navegarmos com sucesso nessa jornada: “Porque o homem natural é inimigo
de Deus e tem-no sido desde a queda de Adão e sê-lo-á para sempre; a não
ser que ceda ao influxo do Santo Espírito e despoje-se do homem natural e
torne-se santo pela expiação de Cristo, o Senhor” (Mosias 3:19; grifo do
autor).
Chamo sua atenção para duas frases específicas. Primeiro — “despoje-
se do homem natural”. Nossa jornada de maus para bons é o processo de
despojar-nos do homem ou da mulher natural que existe em cada um de nós.
Na mortalidade, todos somos tentados na carne. Os próprios elementos dos
quais nosso corpo foi criado são de natureza decaída e estão sempre sujeitos à
influência do pecado, da corrupção e da morte. Mas podemos aumentar nossa
capacidade de sobrepujar os desejos da carne e as tentações “pela expiação de
Cristo”. Quando cometemos erros, como quando transgredimos e pecamos,
podemos arrepender-nos e tornar-nos limpos por meio do poder redentor da
Expiação de Jesus Cristo.
Segundo — “torne-se santo”. Essa frase descreve a continuação e a
segunda fase da jornada da vida para tornar “os homens bons em melhores”
ou, em outras palavras, tornarem-se santos. Essa segunda parte da jornada,
esse processo de passar de bom para melhor, é um tópico sobre o qual não
estudamos nem ensinamos com suficiente frequência. Creio que não a
entendemos adequadamente.
Suspeito que muitos membros da Igreja estejam mais bem
familiarizados com a natureza do poder redentor e purificador da Expiação do
que estão com o seu poder fortalecedor e capacitador. Uma coisa é saber que
Jesus Cristo veio à Terra para morrer por nós — isso é fundamental e básico
para a doutrina de Cristo. Mas também precisamos ser gratos pelo fato de o
Senhor desejar, por meio de Sua Expiação e pelo poder do Espírito Santo,
viver em nós — não apenas para nos dirigir, mas também para nos capacitar.
A maioria de nós sabe que, quando fazemos coisas erradas, precisamos
de ajuda para vencer os efeitos do pecado em nossa vida. O Salvador pagou o
preço e possibilitou que nos tornássemos limpos por meio de Seu poder
redentor. A maioria de nós compreende claramente que a Expiação é para os
pecadores.
Não tenho certeza, porém, se sabemos e compreendemos que a Expiação
também é para os santos — para homens e mulheres bons que são obedientes,
dignos e conscienciosos e que se esforçam por tornar-se melhores e servir
mais fielmente. Podemos erroneamente acreditar que precisamos fazer a
jornada de bons para melhores e tornar-nos santos sozinhos, por meio da
força de vontade e do esforço próprio, da disciplina, e com nossa capacidade
obviamente limitada.
O evangelho do Salvador não se refere simplesmente a evitar o mal em
nossa vida. Também se refere essencialmente a fazermos o bem e a nos
tornarmos bons. E a Expiação nos ajuda a vencer e evitar o mal e a fazer o
bem e tornar-nos bons. A ajuda do Salvador está disponível para toda a
jornada da mortalidade — de maus para bons, de bons para melhores — e
para mudar nossa própria natureza.
Não estou sugerindo que os poderes de redenção e capacitação da
Expiação sejam separados e distintos. Na verdade, essas duas dimensões da
Expiação estão conectadas entre si e são complementares. Ambas precisam
funcionar durante todas as fases da jornada da vida. E é eternamente
importante para todos nós reconhecer que ambos os elementos essenciais da
jornada da mortalidade — tanto o processo de despojar-nos do homem
natural como o de tornar-nos santos, tanto vencer o mal como tornar-nos bons
— são alcançados por meio do poder da Expiação. A força de vontade
individual, a determinação e a motivação pessoais, o planejamento eficaz e o
estabelecimento de metas são coisas necessárias, mas no final serão
insuficientes para que completemos triunfalmente esta jornada mortal.
Verdadeiramente precisamos confiar nos “méritos e misericórdia e graça do
Santo Messias” (2 Néfi 2:8).
A Graça e o Poder Capacitador da Expiação de Jesus Cristo
No Dicionário Bíblico, em inglês, aprendemos que a palavra graça
frequentemente é usada nas escrituras para referir-se a um poder que nos
fortalece e coloca certas coisas ao nosso alcance:
“[Graça é] uma palavra que ocorre com frequência no Novo
Testamento, especialmente nos escritos de Paulo. O significado principal da
palavra refere-se aos meios divinos pelos quais recebemos ajuda ou forças
concedidos pela imensa misericórdia e pelo abundante amor de Jesus Cristo.
É pela graça do Senhor Jesus Cristo, devido ao Seu sacrifício expiatório,
que a humanidade ganhará a imortalidade, significando que toda pessoa
receberá seu corpo de volta para viver eternamente. Da mesma forma, é pela
graça do Senhor que os indivíduos, pela fé no sacrifício de Jesus Cristo e no
arrependimento de seus pecados, recebem força e ajuda para fazer boas
obras, o que não conseguiriam se tivessem de agir sozinhos. Essa graça é o
poder capacitador que permite a homens e mulheres ganharem a vida eterna
e a exaltação depois de fazerem todos os esforços que estiverem a seu
alcance” (Bible Dictionary, “Grace”; grifo do autor).
A graça é o auxílio divino ou a ajuda divina que cada um de nós
necessita desesperadamente a fim de qualificar-se para entrar no reino
celestial. Portanto, o poder capacitador da Expiação de Cristo nos fortalece
para fazer o bem e ser bons e para servir além de nosso próprio desejo
individual e nossa capacidade natural.
Em meu estudo pessoal das escrituras, frequentemente insiro o termo
poder capacitador toda vez que encontro a palavra graça. Considerem, por
exemplo, este versículo que todos conhecemos muito bem: “Sabemos que é
pela graça que somos salvos, depois de tudo o que pudermos fazer” (2 Néfi
25:23). Creio que podemos aprender muito sobre esse aspecto vital da
Expiação se inserirmos a expressão “poder capacitador e fortalecedor” toda
vez que encontrarmos a palavra graça nas escrituras.
A Graça e o Poder Capacitador: Ilustrações e Implicações
A jornada da mortalidade é ir de mau para bom e de bom para melhor e
fazer com que nossa própria natureza seja mudada. O Livro de Mórmon está
repleto de exemplos de discípulos e profetas que sabiam do poder capacitador
da Expiação, compreendiam-no e foram transformados por ele ao fazerem
essa jornada. Ao compreendermos melhor esse poder sagrado, nossa
perspectiva do evangelho será imensamente ampliada e enriquecida. Essa
perspectiva vai mudar-nos de um modo extraordinário.
Néfi é um bom exemplo de alguém que conhecia o poder capacitador do
Salvador, compreendia-o e confiava nele. Relembrem que os filhos de Leí
tiveram de voltar a Jerusalém para convidar Ismael e sua família para unir-se
à causa deles. Lamã e outros do grupo que viajavam com Néfi na volta de
Jerusalém para o deserto rebelaram-se, e Néfi exortou seus irmãos a terem fé
no Senhor. Foi nesse ponto de sua jornada que os irmãos de Néfi o
amarraram com cordas e planejaram sua destruição. Prestem atenção à oração
de Néfi: “Ó Senhor, de acordo com minha fé em ti, livra-me das mãos de
meus irmãos; sim, dá-me forças para romper estas cordas com que estou
amarrado” (1 Néfi 7:17; grifo do autor).
Sabem pelo que eu provavelmente teria orado, se eu tivesse sido
amarrado por meus irmãos? “Por favor, tira-me desta situação difícil
AGORA MESMO!” Para mim, é particularmente interessante ver que Néfi
não orou para que sua situação mudasse. Em vez disso, orou para ter forças e
mudar suas circunstâncias. E creio que ele orou dessa maneira precisamente
porque conhecia, compreendia e vivenciara o poder capacitador da Expiação.
Não creio que as cordas com que Néfi foi amarrado simplesmente
caíram magicamente de suas mãos e seus pulsos. Em vez disso, suspeito que
ele foi abençoado tanto com persistência como com força pessoal superior a
sua capacidade natural, para que, “com a força do Senhor” (Mosias 9:17) ele
trabalhasse, torcesse e forçasse as cordas, até por fim literalmente conseguir
rompê-las.
A implicação desse relato para cada um de nós é muito direta. À medida
que passamos a compreender e a aplicar o poder capacitador da Expiação em
nossa vida pessoal, vamos orar e buscar forças para mudar nossa situação, em
vez de orar pedindo que nossa situação seja mudada. Vamos tornar-nos
agentes que exercem a ação, em vez de objetos que recebem a ação (ver 2
Néfi 2:14).
Examinemos o exemplo que lemos no Livro de Mórmon, quando Alma
e seu povo foram perseguidos por Amulon. A voz do Senhor veio àquelas
pessoas boas em sua aflição e declarou:
“E também aliviarei as cargas que são colocadas sobre vossos ombros,
de modo que não as podereis sentir sobre vossas costas. (…)
E aconteceu que as cargas impostas a Alma e seus irmãos se tornaram
leves; sim, o Senhor fortaleceu-os para que pudessem carregar seus fardos
com facilidade; e submeteram-se de bom grado e com paciência a toda a
vontade do Senhor” (Mosias 24:14-15; grifo do autor).
O que mudou nesse relato? Não foram as cargas que mudaram. Os
desafios e as dificuldades da perseguição não foram imediatamente
removidos do povo. Mas Alma e seus seguidores foram fortalecidos, e sua
capacidade e suas forças aumentadas tornaram mais leves as cargas que
levavam. Aquelas boas pessoas foram capacitadas pela Expiação para atuar
como agentes e mudar sua situação. E “com a força do Senhor” Alma e seu
povo foram então conduzidos para a segurança da terra de Zaraenla.
Vocês podem justificadamente se perguntar: “O que torna o relato de
Alma e seu povo um exemplo do poder capacitador da Expiação?” A resposta
está na comparação entre Mosias 3:19 e Mosias 24:15.
“E despoje-se do homem natural e torne-se santo pela expiação de
Cristo, o Senhor; e torne-se como uma criança, submisso, manso, humilde,
paciente, cheio de amor, disposto a submeter-se a tudo quanto o Senhor
achar que lhe deva infligir, assim como uma criança se submete a seu pai”
(Mosias 3:19; grifo do autor).
Ao progredirmos na jornada da mortalidade, de maus para bons e de
bons para melhores, ao despojar-nos do homem ou da mulher natural que há
em cada um de nós, e ao esforçar-nos por tornar-nos santos e sentir uma
mudança em nossa própria natureza, os atributos detalhados nesse versículo
descreverão cada vez mais o tipo de pessoa em que estamos nos tornando.
Vamos tornar-nos mais semelhantes a uma criança: mais submissos, mais
pacientes e mais dispostos a nos submeter.
Agora comparem as características vistas em Mosias 3:19 às usadas para
descrever Alma e seu povo: “E submeteram-se de bom grado e com
paciência a toda a vontade do Senhor” (Mosias 24:15; grifo do autor).
Considero marcantes os paralelos traçados entre os atributos descritos
nesses versículos, sendo eles uma indicação de que o bom povo de Alma
estava tornando-se melhor por meio do poder capacitador da Expiação de
Cristo, o Senhor.
Relembrem a história de Alma, o filho, e Amuleque, contida em Alma
14. Naquela ocasião, muitos santos fiéis foram mortos pelo fogo, e aqueles
dois servos do Senhor tinham sido aprisionados e espancados. Ponderem esta
súplica feita por Alma ao orar na prisão: “Dá-nos forças, ó Senhor, de acordo
com nossa fé em Cristo, para que sejamos libertados” (Alma 14:26; grifo do
autor).
Nesse versículo vemos novamente a compreensão e a confiança de
Alma no poder capacitador da Expiação refletida em seu pedido. E observem
o resultado dessa oração:
“E eles [Alma e Amuleque] arrebentaram as cordas com que estavam
amarrados; e quando o povo viu isto, começou a fugir, pois o temor da
destruição caíra sobre eles. (…)
E Alma e Amuleque saíram ilesos da prisão, porque o Senhor lhes havia
concedido poder segundo sua fé em Cristo” (Alma 14:26, 28; grifo do autor).
Novamente o poder capacitador fica evidente quando aquelas boas
pessoas lutaram contra o mal e se esforçaram para tornar-se ainda melhores e
a servir mais eficazmente “com a força do Senhor”.
Outro exemplo do Livro de Mórmon é muito instrutivo. Em Alma 31,
Alma está dirigindo uma missão para resgatar os zoramitas apóstatas que,
depois de construírem seu Rameumptom, ofereciam uma oração decorada e
orgulhosa.
Observem a súplica por forças na oração pessoal de Alma: “Ó Senhor,
concede-me forças para suportar com paciência essas aflições que sofrerei
por causa da iniquidade deste povo” (Alma 31:31; grifo do autor).
Alma também ora para que seus companheiros missionários recebam
uma bênção semelhante: “Concede-lhes forças para suportarem as aflições
que lhes advirão por causa das iniquidades deste povo” (Alma 31:33; grifo do
autor).
Alma não orou para que as aflições deles fossem removidas. Ele sabia
que era um agente do Senhor e orou para ter a capacidade de agir e influir em
sua situação.
O ponto-chave desse exemplo está contido no versículo final de Alma
31: “[O Senhor] deu-lhes força para que não padecessem qualquer espécie de
aflição que não pudesse ser sobrepujada pela alegria em Cristo. Ora, isso
aconteceu por causa da oração de Alma; e isto porque havia orado com fé”
(versículo 38; grifo do autor).
As aflições não foram removidas. Mas Alma e seus companheiros foram
fortalecidos e abençoados por meio do poder capacitador da Expiação, de
modo “que não padecessem qualquer espécie de aflição que não pudesse ser
sobrepujada pela alegria em Cristo”. Que bênção maravilhosa! E que lição
que cada um de nós deve aprender!
Os exemplos do poder capacitador não se encontram apenas nas
escrituras. Daniel W. Jones nasceu em 1830, no Missouri, e filiou-se à Igreja
na Califórnia, em 1851. Em 1856, participou do resgate das companhias de
carrinhos de mão que estavam impedidas de prosseguir por causa de fortes
nevascas. Depois que o grupo de resgate encontrou os santos aflitos, proveu o
alívio imediato que pôde oferecer e cuidou para que os doentes e debilitados
fossem transportados para Salt Lake City, Daniel e vários outros rapazes se
ofereceram para ficar e proteger os pertences da companhia. O alimento e os
suprimentos deixados com Daniel e seus companheiros eram escassos e
rapidamente foram consumidos. A seguinte citação do diário pessoal de
Daniel Jones descreve o que aconteceu em seguida.
“A caça logo se tornou tão escassa que não conseguíamos abater nada.
Consumimos toda a carne magra, que deixaria qualquer um faminto. Por fim,
acabou tudo, nada restando além de couro cru. Experimentamos comê-lo.
Cozinhamos e comemos uma grande porção dele sem qualquer preparo, e
todo o grupo passou mal. (…)
As coisas pareciam sombrias, porque nada restava a não ser alguns
pedaços de couro cru tirados do gado que morrera de fome. Pedimos ao
Senhor que nos orientasse quanto ao que fazer. Os irmãos não reclamaram,
mas sentiram que deviam confiar em Deus. (…) Por fim, tive a inspiração de
como preparar aquilo e aconselhei a companhia, explicando-lhes como
cozinhá-lo, dizendo que eles deviam chamuscar e raspar o pelo antes, porque
isso tendia a eliminar e purificar o gosto ruim que lhe dava o cozimento.
Depois de raspar, deviam cozinhar por uma hora com bastante água e jogar
fora a água na qual se extraiu a cola, depois lavar e raspar cuidadosamente o
couro, enxaguando com água fria, e então cozinhar até ficar gelatinoso e
deixar esfriar, e depois comer polvilhado com um pouco de açúcar. Tudo isso
dava um trabalho considerável, mas pouco mais havia para fazer, e era
melhor do que morrer de fome.
Pedimos ao Senhor que abençoasse o nosso estômago e o adaptasse
àquele alimento . (…) Ao prová-lo dessa vez todos pareceram saborear o
banquete. Estávamos sem comer havia três dias, antes de fazermos essa
segunda tentativa. Desfrutamos aquela suntuosa refeição por cerca de seis
semanas” (Forty Years among the Indians, pp. 57–58; grifo do autor).
Naquelas circunstâncias, provavelmente eu teria orado pedindo outra
coisa para comer: “Pai Celestial, por favor, envia-me uma codorna ou um
búfalo”. Talvez não me tivesse ocorrido orar pedindo que meu estômago
fosse fortalecido e adaptado para o alimento que tínhamos. O que Daniel W.
Jones conhecia? Conhecia o poder capacitador da Expiação de Jesus Cristo.
Ele não orou para que suas circunstâncias fossem mudadas. Orou para ser
fortalecido a fim de lidar com suas circunstâncias. Assim como Alma e seu
povo, Alma, o filho, Amuleque e Néfi foram fortalecidos, Daniel W. Jones
teve a visão espiritual para saber o que pedir naquela oração.
O poder capacitador da Expiação de Cristo nos fortalece para fazermos
coisas que jamais faríamos por nós mesmos. Às vezes me pergunto se em
nosso mundo moderno de facilidades — com fornos de micro-ondas,
telefones celulares, carros com ar-condicionado e lares confortáveis — pelo
menos reconhecemos nossa dependência diária do poder capacitador da
Expiação.
Minha mulher, Susan, é uma pessoa extraordinariamente fiel e
competente; aprendi com ela importantes lições sobre o poder fortalecedor ao
ver seu exemplo sereno. Observei-a perseverar ao sofrer continuamente de
intensos enjoos matinais. Ela literalmente passou mal todos os dias por oito
meses durante cada uma das três gestações que teve. Oramos juntos para que
ela fosse abençoada, mas o desafio nunca foi removido. Em vez disso, foi-lhe
permitido suportar fisicamente o que ela não conseguiria fazer com as
próprias forças. Ao longo dos anos, também observei como ela foi
magnificada para lidar com a zombaria e o desprezo provindos de uma
sociedade secular quando uma mulher santo dos últimos dias atende aos
conselhos proféticos e faz da família e da criação dos filhos suas principais
prioridades.
As experiências de Susan com o poder fortalecedor da Expiação são
particularmente marcantes precisamente porque elas podem parecer um tanto
comuns, nada de mais. Esses episódios simples prestam testemunho
eloquente da verdade de que as bênçãos da Expiação do Salvador estão
disponíveis e são eficazes para todos nós em nossos desafios e nossas lutas
cotidianas. “E (…) Deus não faz acepção de pessoas” (Atos 10:34; ver
também Doutrina e Convênios 1:35; 38:16).
Agradeço e presto tributo a Susan por ajudar-me a aprender essas lições
inestimáveis.
O Salvador Sabe e Compreende
Em Alma, capítulo 7, aprendemos como e por que o Salvador é capaz de
prover o poder capacitador:
“E ele seguirá, sofrendo dores e aflições e tentações de toda espécie; e
isto para que se cumpra a palavra que diz que ele tomará sobre si as dores e
as enfermidades de seu povo.
E tomará sobre si a morte, para soltar as ligaduras da morte que prendem
o seu povo; e tomará sobre si as suas enfermidades, para que se lhe encham
de misericórdia as entranhas, segundo a carne, para que saiba, segundo a
carne, como socorrer seu povo, de acordo com suas enfermidades” (Alma
7:11–12, grifo do autor).
O Salvador sofreu não apenas por nossas iniquidades, mas também pelas
desigualdades, injustiças, dor, angústia e sofrimento emocional que com tanta
frequência nos afligem. Não há dor física, angústia da alma, sofrimento do
espírito, enfermidade ou fraqueza que sentimos durante nossa jornada mortal
que o Salvador não tenha sentido antes. Todos nós, em um momento de
fraqueza, podemos exclamar: “Ninguém compreende. Ninguém sabe”. Talvez
nenhum ser humano saiba. Mas o Filho de Deus sabe e compreende
perfeitamente, porque sentiu e tomou sobre Si nossas cargas antes que as
vivenciássemos. E por ter pago o preço final e tomado sobre Si a carga, Ele
tem perfeita empatia e pode estender-nos Seu braço de misericórdia nas
muitas fases de nossa vida. Ele pode estender a mão, tocar, socorrer —
literalmente correr para nós — e fortalecer-nos para que sejamos mais do que
jamais poderíamos ser e ajudar-nos a fazer o que jamais poderíamos fazer se
dependêssemos apenas de nossa própria capacidade.
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos
aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28–30).
Jugo é uma trave de madeira, geralmente usada numa parelha de bois ou
outros animais, permitindo que puxem juntos uma carga. O jugo coloca os
animais lado a lado de modo que possam mover-se juntos para cumprir uma
tarefa.
Ponderem o convite que o Senhor faz individualmente a cada um de nós:
“Tomai sobre vós o meu jugo”. A realização e o cumprimento de convênios
sagrados nos vinculam ao jugo do Senhor Jesus Cristo. Em essência, o
Salvador nos convida a confiarmos Nele e a puxarmos junto com Ele, embora
nossos melhores esforços não se igualem nem possam ser comparados aos
Dele. Cristo tomou sobre Si as dores e aflições; tomou sobre Si a morte;
tomou sobre Si as enfermidades — para “[saber], segundo a carne, como
socorrer seu povo” (Alma 7:12). Ao nos achegarmos ao Salvador, confiarmos
Nele e dependermos Dele, e ao puxarmos ao lado Dele nesta jornada da
mortalidade, certamente Seu jugo será suave e Seu fardo será leve (ver
Mateus 11:30).
Não estamos e jamais precisaremos estar sozinhos. Não prosseguiremos
com firmeza no caminho da perfeição sem a ajuda divina. “Portanto continuai
vossa viagem; e que se alegre vosso coração, pois eis que eu estarei convosco
até o fim” (Doutrina e Convênios 100:12).
Graças à Expiação do Salvador, podemos receber capacidade e forças
maiores do que as nossas (ver “Sim, Eu Te Seguirei”, Hinos, nº 134). Nosso
amoroso Salvador de fato atende à súplica “ensinai-me, ajudai-me as leis de
Deus guardar” (“Sou um Filho de Deus”, Hinos, nº 193).

Resumo
Ao aprofundarmos nosso conhecimento dos atributos e do caráter do
Salvador e ao agirmos segundo Sua doutrina, somos abençoados com o poder
de tornar-nos mais semelhantes a Ele. Recebemos graça sobre graça e somos
fortalecidos para fazer o bem e tornar-nos melhores por meio de Sua
Expiação infinita e eterna. A direção que devemos tomar no caminho da
perfeição se torna cada vez mais clara, e nosso passo, cada vez mais
constante. Temos a bênção de “prosseguir com firmeza em Cristo, tendo um
perfeito esplendor de esperança e amor a Deus e a todos os homens. Portanto,
se assim prosseguirdes, banqueteando-vos com a palavra de Cristo, e
perseverardes até o fim, eis que assim diz o Pai: Tereis vida eterna.
E agora, meus amados irmãos, eis que este é o caminho; e não há
qualquer outro caminho ou nome debaixo do céu pelo qual o homem possa
ser salvo no reino de Deus. E agora, eis que esta é a doutrina de Cristo e a
única e verdadeira doutrina do Pai e do Filho e do Espírito Santo, que são um
Deus, sem fim. Amém” (2 Néfi 31:20-21).
Uma vez que o caminho do Salvador “é o caminho”, e visto que “não há
outro caminho”, então podemos, ainda na mortalidade, receber o real
conhecimento de que o curso da nossa vida está de acordo com a vontade de
Deus (ver Lectures on Faith, p. 67).

Por que dizeis: “É dura a provação”?


Tudo é bom, não temais.
Por que pensais em grande galardão,
Se a luta evitais?
Mas não deveis desanimar
Se tendes Deus para vos amar;
Podeis agora proclamar:
Tudo bem! Tudo bem!
(“Vinde, Ó Santos”, Hinos, nº 20).

“Ó, meus amados irmãos, vinde, pois, ao Senhor, o Santo.


Lembrai-vos de que seus caminhos são justos. Eis que o caminho para o
homem é estreito, mas segue em linha reta adiante dele; e o guardião da
porta é o Santo de Israel; e ele ali não usa servo algum, e não há
qualquer outra passagem a não ser pela porta” (2 Néfi 9:41).

Leituras Correlatas
1. Thomas S. Monson, “Ele Ressuscitou!” A Liahona, maio de 2010,
pp. 87–90.

2. James E. Faust, “Expiação: Nossa Maior Esperança” A Liahona,


janeiro de 2002, p. 19.

3. Gordon B. Hinckley, “To All the World in Testimony”, Ensign, maio


de 2000, pp. 4–6.

4. Bruce R. McConkie, “The Purifying Power of Gethsemane”, Ensign,


maio de 1985, pp. 9–11.

5. Dallin H. Oaks, “Revelation”, Devocional da BYU, 29 de setembro


de 1981. Disponível em inglês no site speeches.byu.edu.

6. Spencer W. Kimball, “Absolute Truth”, Devocional da BYU, 6 de


setembro de 1977. Disponível em inglês no site speeches.byu.edu.

7. John A. Widtsoe, “The Transforming Power of the Gospel”,


Conference Report, abril de 1952, pp. 32–35.

Pondere:
O que posso e devo fazer a fim de trazer para minha vida o poder
fortalecedor e capacitador da Expiação de Jesus Cristo?

Pondere:
De que maneira o fato de aumentar meu entendimento sobre o “poder de
tornar-me” afeta meu coração, meus motivos e meu comportamento?
Pondere:
O que posso e devo fazer em minha vida para continuar prosseguindo
com firmeza no caminho da perfeição?
Minhas Próprias Questões a Ponderar
Escrituras Relacionadas ao Que Estou Aprendendo

Entrevista com o Élder e a irmã Bednar


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Capítulo 2

O Poder de Tornar-se e o Dom Espiritual da Paz


Pessoal
Ao nos empenharmos por viver em retidão e buscar devidamente a
perfeição em Cristo, podemos receber do Salvador, por meio de Sua
Expiação, mais capacidade, mais dons espirituais e mais bênçãos celestiais.
Um dos maiores dons espirituais que podemos receber ao prosseguirmos pelo
caminho reto e apertado é a paz pessoal.
Sempre encontramos obstáculos de vários tipos e atrasos inesperados em
nosso progresso rumo à perfeição nesta jornada mortal. A paz pessoal,
contudo, oferece uma perspectiva, uma estabilidade e uma tranquilidade que
nos ajudam a manter o foco em nosso destino eterno, apesar das dificuldades
e dos desenganos da vida.
Durante a permanência do Profeta Joseph Smith na Cadeia de Liberty,
de dezembro de 1838 a abril de 1839, ao lado de vários outros líderes da
Igreja, ele se angustiou ao saber que os santos dos últimos dias tinham sido
expulsos do Missouri sob uma “ordem de extermínio” emitida pelo
governador. O Profeta suplicou ao Senhor que lhe desse entendimento e
forças.
“Ó Deus, onde estás? E onde está o pavilhão que cobre teu esconderijo?
Até quando tua mão será retida e teu olho, sim, teu olho puro,
contemplará dos eternos céus os agravos contra teu povo e contra teus servos
e teu ouvido será penetrado por seus lamentos?
Sim, ó Senhor, até quando suportarão esses agravos e essas opressões
ilícitas, antes que se abrande teu coração e tuas entranhas deles se
compadeçam?
Ó Senhor Deus Todo-Poderoso, criador do céu, da Terra e dos mares e
de tudo o que neles há; e que controlas e sujeitas o diabo e o escuro e
tenebroso domínio de Seol — estende tua mão; que teu olho penetre; que se
erga teu pavilhão; que já não se cubra teu esconderijo; que teu ouvido se
incline; que se abrande teu coração e que se compadeçam de nós tuas
entranhas.
Que se acenda tua ira contra nossos inimigos; e, na fúria de teu coração,
com tua espada vinga-nos dos agravos que sofremos.
Lembra-te de teus santos que estão sofrendo, ó nosso Deus; e teus servos
regozijar-se-ão em teu nome para sempre.
Meu filho, paz seja com tua alma; tua adversidade e tuas aflições não
durarão mais que um momento;
E então, se as suportares bem, Deus te exaltará no alto; triunfarás sobre
todos os teus inimigos” (Doutrina e Convênios 121:1–8; grifo do autor).
Em meio à adversidade que ele e os santos sofreram devido ao
encarceramento injusto, Joseph Smith aprendeu mais uma vez o que todos
nós devemos aprender: que o Senhor Jesus Cristo é a única fonte de paz
pessoal e duradoura.

“Aprende de mim e ouve minhas palavras; anda na mansidão de


meu Espírito e terás paz em mim.

Eu sou Jesus Cristo; vim pela vontade do Pai e cumpro sua vontade”
(Doutrina e Convênios 19:23–24).

“Aprendei que aquele que pratica as obras da retidão receberá sua


recompensa, sim, paz neste mundo e vida eterna no mundo vindouro.

Eu, o Senhor, disse-o e o Espírito testifica. Amém” (Doutrina e


Convênios 59:23–24).

“E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os


vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Filipenses
4:7).

O Salvador prometeu a Seus apóstolos que eles seriam abençoados


com o “Consolador, que é o Espírito Santo”, e depois, proferiu estas
importantes palavras: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la
dou como o mundo a dá” (João 14:26–27). E pouco antes de Sua Oração
Intercessora: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz. No
mundo tereis aflições: mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João
16:33).
A paz que o Salvador nos concede como Seus discípulos é um
componente vital do poder de tornar-nos ainda mais como Ele, e cada um de
nós deve pedir e buscar adequadamente essa bênção tão importante. Sua paz
faz com que possamos nos submeter com mansidão, tal qual uma criança —
assim como Ele fez; persistir com perspectiva e paciência — assim como Ele
fez; levar o fardo com humildade e dignidade — assim como Ele fez; e “não
recuar” diante do cálice amargo — assim como Ele fez. Assim, o dom
espiritual da paz pessoal é o alicerce sobre o qual se edifica o poder de tornar-
se.
O papel e a importância da paz pessoal na jornada da mortalidade se
enfatizam repetidamente nos ensinamentos de profetas e apóstolos dos
últimos dias.

O Presidente Heber J. Grant declarou: “Sua paz amenizará nossos


sofrimentos, aliviará nosso coração aflito, removerá de nós todo ódio e
suscitará em nosso peito um amor ao próximo que encherá nossa alma
de serenidade e felicidade” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja:
Heber J. Grant, p. 226).

O Presidente George Albert Smith testificou: “Embora o mundo


esteja cheio de aflição, e os céus escureçam, e haja relâmpagos
cintilantes, e a Terra trema do centro para fora, se soubermos que Deus
vive, e nossa vida for justa, seremos felizes, haverá paz indescritível,
porque saberemos que nosso Pai aprova nossa vida” (Ensinamentos dos
Presidentes da Igreja: George Albert Smith, p. 262.

O Élder Jeffrey R. Holland testificou: “Declaramos ao mundo todo:


para que venha a paz real e duradoura, precisamos esforçar-nos para ser
mais semelhantes ao exemplar Filho de Deus. Há muitos entre nós que
tentam fazer isso. Elogio-os por sua obediência, por sua paciência, sua
espera fiel no Senhor pelas forças que buscam e que certamente virão.
Mas alguns de nós, por outro lado, precisam efetuar algumas mudanças
na vida e esforçar-se mais para viver o evangelho. E é possível mudar. A
principal beleza da palavra arrependimento é a promessa de livrar-se de
velhos problemas, velhos hábitos, velhas tristezas e velhos pecados. Ela
está entre as mais esperançosas, as mais encorajadoras e sim, as mais
pacíficas palavras do vocabulário evangélico. Na busca da verdadeira
paz, alguns de nós precisarão melhorar o que deve ser melhorado,
confessar o que deve ser confessado, perdoar o que deve ser perdoado e
esquecer o que deve ser esquecido, para receber essa serenidade. Se não
estivermos cumprindo algum mandamento e, por não o fazermos, isso
está nos corroendo e ferindo as pessoas que nos amam, reivindiquemos
o poder do Senhor Jesus Cristo para ajudar-nos, libertar-nos, conduzir-
nos pelo arrependimento, a fim de desfrutarmos essa paz ‘que excede
todo o entendimento’ (Filipenses 4:7)” (“‘The Peaceable Things of the
Kingdom,’” p. 83).

De fato, ao escolhermos o que é certo, encontramos paz no justo


proceder; e há segurança para a alma. O fato de escolhermos o que é certo em
todos os nossos afazeres fará com que Deus e os céus sejam nossa meta (ver
“Faze o Bem, Escolhendo o Que É Certo”, Hinos, nº 148).

Princípios Relativos à Paz Pessoal


Conheço uma mulher cuja mãe já idosa foi envolvida em um grave
acidente automobilístico. Essa amada mãe teve ferimentos e um trauma
gravíssimo na cabeça. No decorrer de vários dias no hospital, foi acometida
de pneumonia e a nobre matriarca entrou em estado de coma. Em
determinado momento, os médicos informaram à família que ela
provavelmente não sobreviveria àquela noite.
A filha permaneceu no hospital ao lado da mãe naquela noite sombria e
fatídica, acompanhada por um irmão mais velho que era menos ativo na
Igreja. Durante aquelas noites insones, os dois irmãos tiveram oportunidade
de conversar e discutir diversos assuntos. Em dado momento, o irmão disse à
irmã: “Espero que haja mesmo um Deus, e espero que tudo em que a mamãe
acredita a respeito Dele seja verdade. Ela viveu a vida inteira por isso.” A
filha recorda-se de sentir, naquele quarto de hospital, uma certeza calma e
serena envolvê-la — um testemunho de que, de fato, tudo em que a mãe
acreditava a respeito de Deus era verdade: que há vida após a morte; que as
famílias podem ser eternas; que o Deus de sua mãe estava ciente da situação
dela e não a abandonaria.
Como a filha ficou grata pelo sentimento que experimentara naquele
hospital! A mãe não partiu naquela noite. Em vez disso, foi-lhe concedido
viver e abençoar a família com sua convivência por mais oito meses. Esse
período, contudo, não foi fácil para aquela filha carinhosa e seus dedicados
irmãos. A mãe, da maneira que a conheciam antes do acidente, nunca mais
retornou, e a família ainda tinha difíceis problemas a resolver e decisões a
tomar. Diversas vezes, a filha fiel recorreu àquela experiência no hospital
como fonte de forças e conforto. Na verdade, essa boa mulher passou a
entender o significado do que o Salvador disse: “Deixo-vos a paz, a minha
paz vos dou. (…) Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João
14:27).
Tenho uma amiga que me falou sobre um dia tristonho no início de
junho, quando tinha 12 anos de idade. O pai havia falecido naquela manhã,
depois de uma batalha contra o câncer que durara um tempo relativamente
curto. A funerária viera retirar o corpo, à medida que familiares e amigos
começavam a ligar e a chegar à casa. Ela se lembra de achar que havia muita
comoção no ambiente e de sentir-se confusa e muito amedrontada.
Em determinado momento, talvez perto do meio-dia, a garotinha viu-se
sentada no quarto onde o pai falecera, a cama hospitalar agora vazia. Estava
sentada na beira da outra cama do quarto, olhando pela janela que dava para o
jardim da entrada. O dia estava sombrio. Havia chovido por vários dias — ou
assim parecia. Então um raio de sol conseguiu atravessar as nuvens e cintilou
sobre a grama molhada. No mesmo instante, um raio de esperança tocou o
coração daquela garotinha. Sentiu-se invadida pela certeza de que tudo estaria
bem com seu pai. Sabia que ele vivia! E sabia que tudo ficaria bem com ela,
com sua mãe, seus irmãos e suas irmãs. A menina descobriu a paz oferecida
pelo Salvador, quando disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-
la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.
Aquele jovem coração já não se angustiava; ela já não se sentia confusa ou
amedrontada.
A paz do Salvador é potente e está disponível em uma ampla variedade
de situações e circunstâncias. Por exemplo, uma das maiores histórias de
guerra no Livro de Mórmon está contida nos capítulos 56 a 58 do livro de
Alma. Helamã estava no comando de um grupo de 2.000 jovens lamanitas
cujos pais haviam jurado nunca mais pegar em armas contra seus inimigos.
Mas os filhos, que não tinham feito o juramento, colocaram-se sob a
orientação de Helamã e ajudaram os nefitas em suas principais batalhas
contra os lamanitas. Devido a sua admirável fé e sua habilidade, esses jovens
foram essenciais para ajudar a defender os direitos do povo nefita.
Os versículos 10 a 13, no capítulo 58, são particularmente instrutivos
quanto ao papel da oração na preparação desses jovens para a guerra e quanto
ao tipo específico de ajuda que receberam.
“Portanto elevamos a alma a Deus em oração, para que ele nos
fortalecesse e livrasse das mãos de nossos inimigos; sim, e que também nos
desse força para conservar nossas cidades e nossas terras e nossos bens, para
sustento de nosso povo.”
Observem as bênçãos que os jovens guerreiros receberam em resposta a
suas orações, descritas nos versículos 11 e 12 e no início do versículo 13.
“Sim, e aconteceu que o Senhor nosso Deus nos deu a certeza de que
nos livraria; sim, de tal modo que nos encheu a alma de paz e concedeu-nos
grande fé e fez com que tivéssemos esperança nele para nossa libertação.
E criamos coragem com o pequeno reforço recebido e dispusemo-nos,
com determinação, a dominar nossos inimigos e a manter nossas terras e
nossos bens e nossas esposas e nossos filhos e a causa de nossa liberdade.
E assim avançamos com toda a nossa força contra os lamanitas” (grifo
do autor).
É interessante notar que a resposta a essas orações não produziu armas
adicionais nem maior número de tropas. Em vez disso, Deus concedeu
àqueles fiéis guerreiros a certeza de que Ele os livraria; e também paz na
alma e grande fé e esperança. Assim, os filhos de Helamã adquiriram
coragem e a firme determinação de vencer, e seguiram adiante com toda a sua
força contra os lamanitas. A certeza, a paz pessoal, a fé e a esperança
inicialmente podem não parecer bênçãos que guerreiros possam desejar em
uma batalha, mas elas são precisamente as bênçãos de que aqueles valorosos
jovens precisavam para prosseguir e prevalecer física e espiritualmente. Esses
jovens guerreiros valorosos e fiéis passaram, sem dúvida, a entender o
significado do que o Salvador disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz
vos dou. (…) Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14:27).
Um garotinho de seis anos estava participando de uma atividade na ala,
uma festa com água. Em determinado momento da tarde, o menino resolveu
deitar-se no asfalto do estacionamento para se secar. Um dos membros da ala
saiu com o carro e acidentalmente passou sobre o menino, matando-o quase
instantaneamente.
Quando a mãe do garoto se ajoelhou sobre o corpinho sem vida, várias
perguntas invadiram sua mente: “Ah, meu filho, por que você se deitou nesse
asfalto? Por que não saiu ao ouvir o som da partida do carro?” Um
pensamento veio-lhe à mente, quase no mesmo instante em que fez essas
perguntas: “Se ele pudesse me responder, diria: ‘Mãe, isso não tem
importância. Simplesmente, não importa’.”
Nos momentos iniciais depois de perder o filho, a mulher recebeu a
bênção da paz prometida pelo Salvador — a certeza de que, sob uma
perspectiva eterna, as perguntas dela simplesmente não tinham importância.
Seu filho fora transferido para outra fase de sua existência eterna, e o
processo específico dessa transferência simplesmente não importava. Essa
jovem mãe estava vivenciando o significado do que o Salvador disse:
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. (…) Não se turbe o vosso coração,
nem se atemorize”.
Ao refletir sobre essas e muitas outras histórias semelhantes, destacam-
se três princípios que se repetem, relacionados à paz: (1) a paz está centrada
em Cristo; (2) a fé e a esperança no Salvador convidam o dom espiritual da
paz para nossa vida — paz que somente o Príncipe da Paz pode oferecer; e
(3) a paz que Cristo nos dá excede todo o entendimento.
1º Princípio: A paz está centrada em Cristo.
O mundo vive à procura da paz e em geral acredita que a realização
pessoal pode ser obtida por meio de posses materiais, prestígio e
preeminência, ou por meio de conselhos interpessoais disponíveis de
imediato na seção de autoajuda da loja de livros mais próxima. Tais tentativas
de encontrar a paz afastam-se total e completamente da fonte real da paz — o
Senhor Jesus Cristo.
O Livro de Mórmon ensina-nos que existem dois tipos de paz: a paz
civil e a paz espiritual. A paz civil, que é a ausência de conflito físico e
social, era muito desejada e procurada pelos povos justos descritos no Livro
de Mórmon. De muito maior valor, contudo, é a paz espiritual ou “paz de
consciência”, que é concedida a pessoas fiéis pelo Espírito Santo por meio da
aplicação da Expiação do Senhor Jesus Cristo. A paz tem origem em Cristo e
vem de Cristo, por causa de Cristo. E é imperativo que nos lembremos disto:
Ele nos dá a Sua própria paz.
Em Mosias, capítulo 4, lemos a respeito da reação do povo do rei
Benjamim ao sermão a respeito do Salvador e de Sua Expiação. Também
lemos que a verdadeira paz de consciência está centrada no Redentor e flui de
Sua infinita Expiação.
“E então aconteceu que após ter dito as palavras que lhe haviam sido
transmitidas pelo anjo do Senhor, o rei Benjamim olhou para a multidão ao
redor e eis que haviam caído por terra, porque o temor do Senhor se havia
apoderado deles.
E haviam visto a si mesmos em seu estado carnal, menos ainda que o pó
da Terra. E todos clamaram a uma só voz, dizendo: Oh! Tende misericórdia e
aplicai o sangue expiatório de Cristo, para que recebamos o perdão de nossos
pecados e nosso coração seja purificado; porque cremos em Jesus Cristo, o
Filho de Deus, que criou o céu e a Terra e todas as coisas; que descerá entre
os filhos dos homens.
E aconteceu que depois de haverem pronunciado essas palavras, o
Espírito do Senhor desceu sobre eles e encheram-se de alegria, havendo
recebido a remissão de seus pecados e tendo paz de consciência, por causa da
profunda fé que tinham em Jesus Cristo que haveria de vir, de acordo com as
palavras que o rei Benjamim lhes dissera” (Mosias 4: 1–3; grifo do autor).
Notem o relacionamento entre obter a remissão dos pecados e encher-se
de alegria, e entre ter nosso coração purificado e receber paz de consciência.
Somente o sangue expiatório de Cristo faz com que esses doces resultados
espirituais sejam possíveis.
Ao aprendermos a respeito de Cristo, ao ouvirmos Suas palavras e ao
caminharmos na mansidão de Seu Espírito, podemos efetivamente receber a
paz que só o Príncipe da Paz pode nos dar (ver Doutrina e Convênios 19:23).
2º Princípio: A fé e a esperança no Salvador convidam o dom espiritual da
paz para nossa vida.
Como pode uma mulher que assiste à própria mãe lutar contra graves
ferimentos e um extenso período de recuperação receber contínua força e
confiança espiritual? Como pode uma garota de 12 anos que luta para
entender a morte do próprio pai vir a saber que tudo está bem — com o pai,
com a mãe e com seus irmãos? Como puderam os dois mil jovens guerreiros
marchar com determinação para vencer — mesmo estando em número
drasticamente menor, e tendo pela frente um inimigo tão feroz? Como pôde
uma jovem mãe sentir-se reconfortada mesmo nos primeiros momentos após
a morte de seu filhinho? E como pode cada um de nós receber o dom pessoal
da paz enquanto vivemos sob as pressões — corriqueiras, mas persistentes —
do dia a dia?
Creio que as respostas a essas profundas questões se encontram em
Morôni 7:40–42. Procurem observar nesses versículos a inter-relação entre os
princípios da fé e da esperança.
“E novamente, meus amados irmãos, gostaria de falar-vos sobre a
esperança. Como podeis alcançar a fé a não ser que tenhais esperança?
E o que é que deveis esperar? Eis que vos digo que deveis ter esperança
de que, por intermédio da expiação de Cristo e do poder da sua Ressurreição,
sereis ressuscitados para a vida eterna; e isto por causa da vossa fé nele, de
acordo com a promessa.
Portanto, se um homem tem fé, ele tem que ter esperança; porque sem fé
não pode haver qualquer esperança.”
Esses versículos descrevem o padrão que convida o dom da paz para
nossa vida. A fé no Senhor Jesus Cristo — isto é, total confiança Nele,
completa dependência Dele e plena segurança em Seus méritos, misericórdia
e graça — conduz à esperança. Graças à Expiação do Salvador, essa
esperança no poder da Ressurreição e na vida eterna propicia a doce paz de
consciência pela qual homens e mulheres sempre ansiaram. O poder redentor
e purificador da Expiação do Salvador ajuda-nos a dissipar o desespero
causado pela transgressão e pelo pecado. O aspecto capacitador e fortalecedor
da Expiação ajuda-nos a ver e a fazer o bem e a tornar-nos bons de maneira
tal que jamais poderíamos reconhecer ou conseguir com nossa limitada
capacidade mortal. Ao trabalhar, aprender, progredir e lutar, somos
abençoados para saber que “aquele que pratica as obras da retidão receberá
sua recompensa, sim, paz neste mundo e vida eterna no mundo vindouro”
(Doutrina e Convênios 59:23).
3º Princípio: A paz que Cristo nos dá excede todo o entendimento.
Nas ocasiões em que discuti o tema da paz com familiares e amigos,
fiquei surpreso com a frequência com que eventos importantes e até
dramáticos da vida foram mencionados — eventos como a morte de um ente
querido, o nascimento de um bebê, a luta contra a dor e a limitação física, ou
a natureza crucial de uma decisão familiar ou profissional. Particularmente
interessante foi notar que a experiência de perder um ente querido foi o
evento mais mencionado. Ora, reconhecemos e sabemos que o recebimento
do dom espiritual da paz não está relacionado exclusivamente a eventos
emocionais ou de mudança na vida; somos constantemente abençoados com
paz de consciência em coisas pequenas, simples e aparentemente
insignificantes. Não obstante, perguntava-me por que minhas questões sobre
a paz sempre suscitava respostas ligadas aos episódios mais difíceis e críticos
da vida.
Mas as razões são bastante simples. A paz está centrada no Senhor Jesus
Cristo. A fé e a esperança no Salvador convidam o dom espiritual da paz para
nossa vida. Nosso entendimento do plano de felicidade e do papel da
Expiação infinita e eterna permite que vejamos um pouco além das fronteiras
e das limitações da mortalidade. E, ao sermos confrontados pelos maiores
desafios de nossa existência mortal, um Salvador amoroso nos concede a paz
que transcende a mortalidade e adentra a eternidade. Essa é a paz de
consciência que não se compreende em termos terrenos ou racionais. Como
Paulo explicou aos Filipenses:
“Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam
em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de
graças.
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos
corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Filipenses 4:6–7).
A filha que cuidou da mãe enferma foi fortalecida pelo conhecimento de
que sua mãe ressuscitaria e teria um corpo perfeito e glorificado e viveria
eternamente. A garota de 12 anos que perdeu o pai recebeu ajuda celestial
para saber que, de fato, as famílias poderão ser e serão eternas se forem
sempre fiéis a suas ordenanças e seus convênios. Os jovens de Helamã foram
fortalecidos para lutar com firmeza e uma convicção gerada pela fé em Cristo
e na correção eterna de sua causa. E a mãe que perdeu o filho de apenas seis
anos soube em seu coração — de uma maneira não necessariamente bem
compreendida por sua mente — que “aqueles que morrerem em mim não
provarão a morte, porque lhes será doce” (Doutrina e Convênios 42:46).
Quando as palavras não conseguem oferecer o consolo necessário ou
procurado, quando é simplesmente inútil tentar explicar o que é inexplicável,
quando a lógica e a razão não conseguem dar explicações adequadas quanto
às injustiças e às desigualdades da vida, quando a experiência mortal e a
estatística são insuficientes, quando parece que estamos completamente
sozinhos, é aí que recebemos a paz que só o Príncipe da Paz pode dar — em
verdade, a paz que excede todo o entendimento.
Joshua Loth Liebman, em seu livro Peace of Mind, fez um
levantamento, ainda rapaz, das coisas que ele considerava mais desejáveis na
vida — saúde e amor, beleza e talento, riqueza e fama. Mostrou sua lista a
um homem mais velho a quem respeitava, concluindo que a pessoa que
possuísse tudo aquilo “seria como um deus”.
Eis seu relato: “Percebi que, no canto dos olhos do meu amigo, rugas de
diversão se juntavam num enlevo de paciência. ‘Uma lista e tanto’, disse ele,
ponderando-a com interesse. ‘Conteúdo muito bem pensado e organizado
adequadamente. Todavia, meu jovem amigo, parece que você omitiu o
elemento mais importante. Você se esqueceu do único ingrediente cuja
ausência faz de toda posse um terrível tormento e da sua lista inteira, um
fardo intolerável.’
‘E qual é’, perguntei, com uma dose de aspereza na voz, ‘esse
ingrediente’?
Usando o toco de um lápis, fez um risco na lista, de cima abaixo. Então,
após demolir com um só golpe minha estrutura sonhadora de adolescente,
escreveu estas três palavras: paz de consciência.”
O velho sábio continuou, destacando que todos os outros itens da lista
estavam ao alcance de muitos, mas que a paz de consciência era algo
extremamente raro, um dom que a maioria das pessoas busca em vão a vida
inteira.
“Naquela fase da vida, eu achava difícil acreditar totalmente na
sabedoria do meu experiente amigo. No entanto, um quarto de século de
observação e experiência pessoal ajudou-me a confirmar sua declaração
quase oracular. Finalmente compreendi que a paz de consciência é a
característica mais marcante do Próprio Deus. (…) Hoje sei que a soma de
todas as nossas posses não contribui necessariamente para a paz de
consciência; e, no entanto, vejo essa tranquilidade interior florescer sem o
suporte material de propriedades ou o reforço da saúde física. Lenta e
dolorosamente, aprendi que a paz de consciência pode transformar uma
choupana em um espaçoso palacete; e que a falta dela pode transformar o
bosque real num cubículo de prisão” (Peace of Mind, 3–5).
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a
dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14:27).
A paz pessoal está centrada em Cristo. Em um mundo onde cresce cada
vez mais o tumulto, a confusão e a inquietação, podemos receber a bênção da
paz de consciência e um claro senso de propósito e direção. Os dons
espirituais da fé e da esperança no Salvador convidam o dom espiritual da
paz para nossa vida. A paz que Cristo nos dá é doce e reconfortante, e excede
todo o entendimento.

Paz e Adversidade
A paz pessoal que entra em nossa vida por meio da paz no Senhor Jesus
Cristo pode fortalecer-nos para enfrentar e vencer a adversidade e ainda
aprender com ela. “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz. No
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João
16:33).
Os exemplos a seguir demonstram incontestavelmente a verdade de que
“a inclinação do Espírito é vida e paz” (Romanos 8:6) — e como o dom
espiritual da paz pessoal é essencial para que nos tornemos tudo o que Deus
espera que nos tornemos.
Discípulo Dedicado, Exemplo de Alguém Que “Não Recua”
O Élder Neal A. Maxwell foi um amado discípulo do Senhor Jesus
Cristo. Ele serviu como membro do Quórum dos Doze Apóstolos por 23
anos, de 1981 a 2004. O poder espiritual de seus ensinamentos e seu exemplo
de discipulado fiel abençoaram e continuam a abençoar de modo marcante os
membros da Igreja restaurada do Salvador e as pessoas do mundo inteiro.
Em outubro de 1997, Susan e eu recepcionamos o Élder e a irmã
Maxwell na Universidade Brigham Young–Idaho. O Élder Maxwell iria falar
aos alunos, funcionários e professores em um devocional. Todos no campus
aguardavam ansiosamente sua visita à universidade, e nos preparamos
fervorosamente para receber sua mensagem.
Naquele mesmo ano, o Élder Maxwell havia passado 46 dias e noites
sendo submetido a uma debilitante quimioterapia, devido à leucemia. Pouco
depois de terminar seu tratamento e receber alta do hospital, ele falou
brevemente na conferência geral da Igreja, em abril. Sua reabilitação e terapia
contínua progrediram positivamente entre abril e agosto, mas a força física e
a disposição do Élder Maxwell estavam limitadas quando ele viajou para
Rexburg. Depois de receber o Élder e a irmã Maxwell no aeroporto, Susan e
eu os levamos de carro para nossa casa para que descansassem e fizessem
uma refeição leve antes do devocional.
Durante nossas conversas daquele dia, perguntei ao Élder Maxwell que
lições ele havia aprendido ao longo de sua enfermidade. Sempre me
lembrarei da resposta precisa e pungente que ele deu. “Dave”, disse ele,
“aprendi que não recuar é mais importante do que sobreviver.”
Sua resposta à minha pergunta era um princípio com o qual ele havia
adquirido extensa experiência pessoal durante a quimioterapia. Quando o
Élder Maxwell e sua esposa estavam indo de carro para o hospital, em janeiro
de 1997, no dia marcado para a primeira série do tratamento, eles pararam no
estacionamento e passaram um momento juntos, em particular. O Élder
Maxwell “deu um profundo suspiro e olhou para [a esposa]. Segurou a mão
dela e disse: ‘Simplesmente não quero recuar’” (Bruce C. Hafen, A
Disciple’s Life, p. 16; grifo no original).
Em sua mensagem na conferência geral de outubro de 1997, o Élder
Maxwell ensinou com grande propriedade: “Ao nos defrontarmos com nossas
(…) dificuldades e tribulações, também podemos suplicar ao Pai, como fez
Jesus, para que (…) ‘não recuemos’ — isto é, não fujamos nem nos
escondamos (D&C 19:18). Não recuar é muito mais importante do que
sobreviver! Além disso, partilhar da taça amarga sem que isso nos torne
amargos faz parte também de nosso empenho de imitar Jesus” (“‘Apply the
Atoning Blood of Christ’”, p. 22).
A resposta que o Élder Maxwell deu à minha pergunta me fez refletir
nos ensinamentos do Élder Orson F. Whitney, que também foi membro do
Quórum dos Doze Apóstolos: “Nenhuma dor que sofremos, nenhuma
provação que vivenciamos é em vão. Ela ministra à nossa educação e ao
desenvolvimento de qualidades como paciência, fé, força e humildade. Tudo
o que sofremos e padecemos, principalmente quando suportamos com
paciência, fortalece nosso caráter, purifica nosso coração, enobrece nossa
alma e torna-nos mais dóceis e caridosos, mais dignos de ser chamados filhos
de Deus (…) e é por meio da tristeza e do sofrimento, da fadiga e da
tribulação que obteremos a educação que viemos adquirir aqui” (como citado
em Spencer W. Kimball, Faith Precedes the Miracle, p. 98).
E as escrituras a seguir, referentes ao sofrimento do Salvador quando
ofereceu o infinito e eterno sacrifício expiatório, tornaram-se ainda mais
tocantes e significativas para mim.
“Portanto ordeno que te arrependas — arrepende-te, para que eu não te
fira com a vara de minha boca e com minha ira e com minha cólera e teus
sofrimentos sejam dolorosos — quão dolorosos tu não sabes, quão intensos tu
não sabes, sim, quão difíceis de suportar tu não sabes.
Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos, para que não
precisem sofrer caso se arrependam;
Mas se não se arrependerem, terão que sofrer assim como eu sofri;
Sofrimento que fez com que eu, Deus, o mais grandioso de todos,
tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo
como no espírito — e desejasse não ter de beber a amarga taça e recuar —
Todavia, glória seja para o Pai; eu bebi e terminei meus preparativos
para os filhos dos homens” (Doutrina e Convênios 19:15–19).
O Salvador não recuou no Getsêmani nem no Gólgota.
O Élder Maxwell também não recuou. Aquele vigoroso Apóstolo
prosseguiu com firmeza e foi abençoado com tempo adicional na mortalidade
para amar, servir, ensinar e testificar. Os últimos anos de sua vida foram um
enfático e notável exemplo de discipulado dedicado — tanto em palavras
quanto em ações.
Creio que a maioria de nós provavelmente esperaria que um homem
com a capacidade, experiência e estatura espiritual do Élder Maxwell
encarasse uma doença grave e a morte com a compreensão do plano de
felicidade de Deus, com segurança e graça, e com paz pessoal de consciência.
E, sem dúvida, ele o fez. Mas eu testifico que essas bênçãos não são
privilégio exclusivo das Autoridades Gerais ou de um grupo seleto de
membros da Igreja.
Desde meu chamado para ocupar a vaga no Quórum dos Doze criada
pela morte do Élder Maxwell, minhas designações e viagens me permitiram
conhecer santos dos últimos dias do mundo inteiro que são fiéis, corajosos e
valorosos. Quero contar-lhes sobre um rapaz e uma moça que abençoaram
minha vida e me ajudaram a aprender lições espirituais essenciais sobre não
recuar, e permitir que nossa vontade individual seja “absorvida pela vontade
do Pai” (Mosias 15:7).
Esse relato é verdadeiro e as pessoas são reais. Contudo, não utilizarei o
nome verdadeiro das pessoas envolvidas. Vou chamar o rapaz de John e a
moça de Heather. Com a permissão deles, também uso algumas declarações
de seus diários pessoais.
A Fé para Não Ser Curado
John é um digno portador do sacerdócio e serviu fielmente como
missionário de tempo integral. Depois de voltar da missão, namorou uma
moça justa e maravilhosa chamada Heather e casou-se com ela. John tinha 23
anos e Heather tinha 20 no dia em que foram selados para esta vida e para
toda a eternidade na casa do Senhor. Tenham em mente a respectiva idade de
John e de Heather no decorrer da história.
Aproximadamente três semanas depois de seu casamento no templo, um
câncer ósseo foi diagnosticado em John. Como foram descobertos nódulos
cancerosos nos pulmões, o prognóstico não era bom.
John escreveu em seu diário: “Foi o dia mais aterrador da minha vida.
Não apenas porque me disseram que eu tinha câncer, mas também porque
tinha acabado de casar e sentia que havia falhado como marido. Eu era o
provedor e o protetor de nossa família recém-constituída, e agora — após três
semanas nesse papel — senti que havia fracassado. Sei que esse pensamento
é absurdo, mas é uma das coisas malucas que eu disse para mim mesmo
naquele momento de crise.”
Heather escreveu: “Foram notícias arrasadoras, e lembro como isso
alterou enormemente nossas perspectivas. Eu estava na sala de espera do
hospital, escrevendo bilhetes de agradecimento do casamento, enquanto
aguardava os resultados dos exames de John. Mas, ao saber do câncer, as
panelas e talheres deixaram de ser importantes. Foi o pior dia da minha vida,
mas lembro que fui me deitar naquela noite sentindo gratidão por nosso
selamento no templo. Embora os médicos tivessem dado a John apenas 30
por cento de chance de sobrevivência, eu sabia que, se permanecêssemos
fiéis, eu teria 100 por cento de chance de estar com ele para sempre.”
Aproximadamente um mês depois, John começou a quimioterapia. Ele
descreveu sua experiência: “Os tratamentos me fizeram sentir-me pior do que
tudo que já havia sentido na vida. Perdi o cabelo, emagreci 20 quilos e senti
como se meu corpo estivesse se desfazendo. A quimioterapia também me
afetou emocional, mental e espiritualmente. A vida era uma montanha-russa
durante os meses de quimioterapia, com altos e baixos, e tudo o que vinha
entre eles. Mas, ao longo do processo, Heather e eu mantivemos a fé,
acreditando que Deus me curaria. Simplesmente sabíamos disso.”
Heather fez um registro de seus pensamentos e sentimentos: “Eu não
podia deixar que John passasse a noite sozinho no hospital, por isso dormi
todas as noites em um pequeno sofá, no quarto dele. Muitos amigos e
familiares nos visitavam durante o dia, mas as noites eram a parte mais
difícil. Eu ficava olhando para o teto e me perguntando o que o Pai Celestial
havia planejado para nós. Às vezes, minha mente se ocupava com
pensamentos depressivos, e meu medo de perder o John quase me dominava.
Mas eu sabia que aqueles pensamentos não provinham do Pai Celestial.
Minhas orações por consolo se tornaram mais frequentes, e o Senhor me deu
forças para seguir em frente.”
Três meses depois, John foi submetido a um procedimento cirúrgico
para retirar um grande tumor da perna. Ele declarou: “A cirurgia era muito
importante para nós, porque seriam feitos exames anatomopatológicos no
tumor para ver o quanto ele ainda estava ativo e até que ponto as células
cancerosas estavam mortas. Aquela análise nos daria o primeiro indicativo da
eficácia da quimioterapia e de quanto os futuros tratamentos teriam de ser
agressivos.”
Dois dias depois da cirurgia, visitei John e Heather no hospital.
Conversamos sobre quando conheci John no campo missionário, seu
casamento, o câncer e as lições eternamente importantes que aprendemos ao
longo das provações da mortalidade. Ao encerrarmos nossa conversa, John
perguntou se eu poderia dar-lhe uma bênção do sacerdócio. Respondi que o
faria com muito prazer, mas primeiro precisava perguntar algumas coisas.
Fiz perguntas que não tinha planejado e sobre as quais nunca havia
refletido antes: “John, você tem fé para não ser curado? Se for da vontade do
Pai Celestial que você seja transferido pela morte em sua juventude para o
mundo espiritual a fim de continuar seu ministério, tem fé para submeter-se à
vontade Dele e não ser curado?”
Francamente, fiquei surpreso com as perguntas que fui inspirado a fazer
para aquele casal. Lemos com frequência nas escrituras que o Salvador ou
Seus servos exerciam o dom espiritual da cura (ver I Coríntios 12:9; Doutrina
e Convênios 35:9; 46:20) e percebiam que a pessoa tinha fé para ser curada
(ver Atos 14:9; 3 Néfi 17:8; Doutrina e Convênios 46:19). Mas, quando John,
Heather e eu conversamos e nos debruçamos sobre aquelas perguntas,
compreendemos cada vez mais que, se fosse da vontade de Deus que aquele
bom jovem fosse curado, então essa bênção só poderia ser recebida se o
valoroso casal tivesse primeiro fé para não ser curado. Em outras palavras,
John e Heather precisavam vencer, por meio da Expiação do Senhor Jesus
Cristo, a tendência do “homem natural” (Mosias 3:19), presente em todos
nós, de exigir com impaciência e insistir incessantemente as bênçãos que
desejamos e que acreditamos merecer.
Reconhecemos um princípio que se aplica a todo discípulo dedicado:
uma grande fé no Salvador inclui submissão à vontade e ao tempo Dele em
nossa vida — mesmo que o resultado não seja o que esperávamos ou
queríamos.” Sem dúvida, John e Heather desejavam a cura, ansiavam e
imploravam por ela com todo seu poder, sua mente e força. Porém seria mais
importante que eles estivessem “[dispostos] a submeter-se a tudo quanto o
Senhor achar que [lhes] deva infligir, assim como uma criança se submete a
seu pai” (Mosias 3:19). De fato, eles precisariam estar dispostos a “[ofertar-
lhe] toda a [sua] alma, como dádiva” (Ômni 1:26) e a orar humildemente,
dizendo: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a
minha vontade, mas a tua” (Lucas 22:42).
O que inicialmente pareciam ser perguntas intrigantes para John, para
Heather e para mim, tornou-se parte de um padrão geral de paradoxos do
evangelho. Reflitam sobre a admoestação do Salvador: “Quem achar a sua
vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á”
(Mateus 10:39). Ele também declarou: “Porém, muitos primeiros serão os
derradeiros, e muitos derradeiros serão os primeiros” (Mateus 19:30). E o
Senhor aconselhou a Seus discípulos modernos: “E por tua palavra muitos
soberbos serão humilhados e por tua palavra muitos humildes serão
exaltados” (Doutrina e Convênios 112:8). E Ele instruiu Seus primeiros
discípulos a terem paz pessoal em meio à tribulação (ver João 16:33). Assim,
ter fé para não ser curado parece encaixar-se adequadamente em um vigoroso
padrão de pungentes paradoxos que nos obrigam a pedir, a buscar e a bater
para que possamos receber conhecimento e entendimento (ver 3 Néfi 14:7).
Depois de refletir o suficiente sobre aquelas perguntas e conversar com
sua esposa por algum tempo, John me disse: “Élder Bednar, não quero
morrer. Não quero deixar a Heather. Mas, se a vontade do Senhor for que eu
seja transferido para o mundo espiritual, então acho que para mim está tudo
bem.” Meu coração se encheu de gratidão e admiração ao testemunhar aquele
jovem casal se defrontar com a mais difícil das batalhas espirituais — a
humilde submissão da vontade deles à de Deus. Minha fé se fortaleceu ao vê-
los permitir que seus fortes e compreensíveis desejos de cura fossem
“[absorvidos] pela vontade do Pai” (Mosias 15:7).
John descreveu sua reação a nossa conversa e à bênção que recebeu: “O
Élder Bednar compartilhou conosco o pensamento do Élder Maxwell de que
não recuar é melhor do que sobreviver. Depois, o Élder Bednar me
perguntou: ‘Eu sei que você tem fé para ser curado, mas será que você tem fé
para não ser curado?’ Aquele era um conceito novo para mim. Basicamente
ele estava perguntando se eu tinha fé para aceitar a vontade de Deus, se Sua
vontade fosse que eu não seria curado? Se estivesse chegando minha hora de
entrar no mundo espiritual pela morte, será que eu estava preparado para me
submeter e aceitar?”
John continuou: “Ter fé para não ser curado parecia contraditório, mas
essa perspectiva mudou a forma como minha esposa e eu pensávamos, e nos
permitiu depositar nossa plena confiança no plano do Pai para nós.
Aprendemos que precisávamos ter fé no fato de que o Senhor está no
comando, independentemente do resultado, e que Ele vai guiar-nos de onde
estamos para onde precisamos estar. Ao orar, nossas súplicas mudaram de
‘Por favor, cura-me’ para ‘Por favor, dá-me fé para aceitar qualquer resultado
que tenhas planejado para mim’.
Eu tinha certeza de que, como o Élder Bednar era um apóstolo, ele iria
abençoar os elementos de meu corpo para que se recompusessem, e eu
saltaria da cama e começaria a dançar ou algo extremo assim! Mas, quando
ele me abençoou naquele dia, fiquei surpreso ao ver que as palavras que ele
disse foram quase idênticas às do meu pai, às do meu sogro e às do meu
presidente de missão. Percebi que, afinal, não importava de quem eram as
mãos que estavam sobre a minha cabeça. O poder de Deus não muda, e Sua
vontade nos é revelada individualmente e por meio de Seus servos
autorizados.”
Heather escreveu: “Aquele dia foi repleto de uma mistura de emoções
para mim. Eu estava certa de que o Élder Bednar colocaria as mãos sobre a
cabeça do John e o curaria completamente do câncer. Eu sabia que, por meio
do poder do sacerdócio, ele poderia ser curado, e eu queria muito que isso
acontecesse. Depois que ele nos ensinou sobre a fé para não ser curado, fiquei
apavorada. Até aquele momento, nunca tinha encarado o fato de que o plano
do Senhor poderia incluir a perda de meu marido tão jovem. Minha fé ainda
dependia dos resultados que eu almejava. Por assim dizer, era
unidimensional. Embora aterrorizante a princípio, a ideia de ter fé para não
ser curado acabou me libertando das preocupações. Isso me permitiu ter
completa confiança de que meu Pai Celestial me conhecia melhor do que eu
mesma e que faria o que seria melhor para mim e para o John.”
A bênção foi dada, e passaram-se semanas, meses e anos. O câncer de
John começou milagrosamente a regredir. Ele pôde terminar seus estudos
universitários e conseguir um emprego bem remunerado. John e Heather
continuaram a fortalecer seu relacionamento e a desfrutar a vida juntos.
Algum tempo depois, recebi uma carta de John e Heather informando-
me que o câncer havia retornado. A quimioterapia foi retomada, e uma
cirurgia foi programada. John explicou: “Aquela notícia não só foi uma
decepção para Heather e para mim, mas nos deixou perplexos. Havia algo
que não tínhamos aprendido na primeira vez? Será que o Senhor esperava
mais de nós? Tendo sido criado como santo dos últimos dias, era comum eu
ir à Igreja e ouvir a frase ‘toda provação que Deus nos dá é para nosso
benefício’. Ora, para ser honesto, eu não conseguia ver como aquilo estava
me beneficiando!
Então, comecei a orar pedindo maior clareza e que o Senhor me ajudasse
a entender por que aquela recorrência do câncer estava acontecendo. Um dia,
enquanto lia o Novo Testamento, recebi minha resposta. Li o relato de
quando Cristo e Seus Apóstolos estavam no mar, e houve uma tempestade.
Temendo que o barco virasse, os discípulos foram ao Salvador e
perguntaram: ‘Mestre, não se te dá que pereçamos?’ Era exatamente assim
que eu me sentia! Não se te dá que eu tenha câncer? Não se te dá que
queiramos começar uma família? Mas, ao continuar a ler aquela história,
identifiquei minha resposta. O Senhor olhou para eles e disse: ‘Ó homens de
pouca fé’, e estendeu a mão e acalmou as águas.
Naquele momento tive que me perguntar: ‘Será que eu realmente
acredito nisso? Eu realmente acredito que Ele acalmou as águas naquele dia?
Ou é apenas uma bela história de se ler?’ A resposta foi: Eu acredito; e, por
saber que Ele acalmou as águas, soube imediatamente que Ele poderia me
curar. Até aquele ponto, tinha muita dificuldade para conciliar a necessidade
de ter fé em Cristo com a inevitabilidade de Sua vontade. Eu as via como
duas coisas separadas, e às vezes sentia que uma contradizia a outra. ‘Para
que ter fé, se a vontade Dele é a que vai valer no final?’ eu me perguntava.
Depois daquela experiência, eu soube que ter fé — pelo menos na minha
situação — não era necessariamente saber que Ele iria me curar, mas saber
que Ele poderia me curar. Eu tinha de acreditar que Ele podia e, então, o que
viesse a acontecer cabia a Ele decidir.
Ao permitir que essas duas ideias coexistissem na minha vida — fé
centralizada em Jesus Cristo e submissão completa à vontade Dele —
encontrei maior consolo e paz. É extraordinário ver a mão do Senhor em
nossa vida. As coisas entraram nos eixos, milagres aconteceram e sentimo-
nos continuamente humildes ao ver o plano de Deus para nós se desenrolar.”
Gostaria de enfatizar a declaração de John: “Ao permitir que essas duas
ideias coexistissem na minha vida — fé centralizada em Jesus Cristo e
submissão completa à vontade Dele — encontrei maior consolo e paz.”
A retidão e a fé são, sem dúvida, fundamentais para se moverem
montanhas — desde que a mudança da montanha cumpra os propósitos de
Deus e esteja de acordo com a vontade Dele. A retidão e a fé são, sem
dúvida, fundamentais para que se curem os doentes, os surdos e coxos —
desde que essas curas cumpram os propósitos de Deus e estejam de acordo
com a vontade Dele. Assim, mesmo com uma forte fé, muitas montanhas não
serão movidas. E nem todos os doentes e enfermos serão curados. Se toda a
oposição fosse eliminada, se todas as moléstias fossem removidas, então os
principais objetivos do plano do Pai seriam frustrados.
Muitas lições que devemos aprender na mortalidade só podem ser
recebidas por meio das coisas que vivenciamos e às vezes sofremos. E Deus
espera e confia em nossa capacidade de enfrentar as temporárias adversidades
mortais com a Sua ajuda para que aprendamos o que precisamos aprender e,
por fim, tornemo-nos o que devemos nos tornar na eternidade.
Essa história sobre John e Heather é ao mesmo tempo comum e
extraordinária. Esse jovem casal representa milhões de fiéis santos dos
últimos dias que guardam os convênios no mundo inteiro e que prosseguem
no caminho reto e apertado, com firmeza em Cristo e um perfeito esplendor
de esperança. John e Heather não estavam servindo em cargos de destaque na
liderança da Igreja, não eram parentes de Autoridades Gerais, e às vezes
tinham dúvidas e medos. Em muitos desses aspectos, a história deles é
bastante comum.
Mas esse jovem casal foi abençoado de maneira extraordinária ao
aprender lições essenciais para a eternidade por meio da aflição e do
sofrimento. Contei essa história a vocês porque John e Heather, que são
semelhantes a muitas pessoas fiéis, entenderam que não recuar é mais
importante do que sobreviver. Assim, a experiência pessoal deles não era
principalmente sobre viver e morrer, mas, sim, sobre aprender, viver e tornar-
se.
A vigorosa combinação espiritual de ter fé no santo nome de Jesus
Cristo, de submeter-se humildemente à vontade e ao tempo Dele, de
prosseguir “com infatigável diligência” (Helamã 15:6) e de reconhecer Sua
mão em todas as coisas produz as coisas pacíficas do reino de Deus que
trazem alegria e vida eterna (ver Doutrina e Convênios 42:61). À medida que
o casal enfrentava dificuldades aparentemente insuperáveis, eles viveram
“uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (I Timóteo
2:2). Sua conduta foi pacífica (ver Morôni 7:4) com e entre os filhos dos
homens. “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, [guardou seus]
corações e os [seus] sentimentos em Cristo Jesus” (Filipenses 4:7).
Talvez a história deles seja, tenha sido ou possa ser a sua história. Vocês
estão enfrentando, enfrentaram ou ainda enfrentarão desafios equivalentes na
vida com a mesma coragem e perspectiva espiritual que John e Heather
tiveram. Não sei por que algumas pessoas aprendem as lições da eternidade
por meio de provação e sofrimento, enquanto outros aprendem lições
semelhantes por meio do resgate e da cura. Não conheço todas as razões,
todos os propósitos, e não sei tudo sobre o tempo do Senhor. Tal como Néfi,
todos podemos dizer que “não [conhecemos] o significado de todas as coisas”
(1 Néfi 11:17).
Mas algumas coisas eu sei com absoluta certeza. Sei que somos filhos
espirituais de um Pai Celestial amoroso. Sei que o Pai Eterno é o autor do
plano de felicidade. Sei que Jesus Cristo é o nosso Salvador e Redentor. Sei
que Jesus tornou o plano do Pai possível por meio de Sua Expiação infinita e
eterna. Sei que o Senhor “com sofrimento e dor [cumpriu] a lei, para nos
resgatar” (“Jesus de Nazaré, Mestre e Rei”, Hinos, nº 106), e que Ele pode
socorrer e fortalecer “seu povo, de acordo com suas enfermidades” (Alma
7:12). E sei que uma das maiores bênçãos da mortalidade é a de não recuar e
permitir que nossa vontade individual seja “absorvida pela vontade do Pai”
(Mosias 15:7), e a de receber “paz de consciência” (Mosias 4:3).
Embora eu não saiba tudo sobre como, quando, onde e por que essas
bênçãos ocorrem, de fato sei que elas são reais. Testifico que todas essas
coisas são verdadeiras e que sabemos o suficiente, pelo poder do Espírito
Santo, para prestar um testemunho seguro da sua divindade, realidade e
eficácia.

Resumo
Paulo ensinou: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. (…) Sigamos, pois, as coisas que
servem para a paz” (Romanos 14:17, 19). E Pedro declarou: “Porque Quem
quer amar a vida, E ver os dias bons, Refreie a sua língua do mal, E os seus
lábios não falem engano. Aparte-se do mal, e faça o bem; Busque a paz, e
siga-a” (I Pedro 3:10–11).
Toda alma humana anseia pela paz — sim, a paz de consciência e a paz
que excede todo o entendimento. Essa bênção não é obtida por meio de
riquezas mundanas ou realizações profissionais, preeminência, prestígio ou
poder pessoal. O Senhor Jesus Cristo é a única fonte de paz pessoal
duradoura. Ter fé e esperança Nele, ser obedientes a Seus mandamentos e
prosseguir com firmeza e valor na jornada da mortalidade convidam o dom
espiritual da paz para nossa vida. E Sua paz nos fortalece para enfrentar as
adversidades com segurança e perspectiva — e ajuda-nos a
“[permanecermos] fundados e firmes na fé, e não [nos movermos] da
esperança do evangelho” (Colossenses 1:23).

Onde encontrar a paz


e o consolo
Quando o mundo estiver contra mim?
Se n’alma carregar dor, desconsolo
Onde encontrarei
a paz sem fim?

Se me aflige a dor,
Se perco o alento,
Anseio por saber a quem correrei.
Quem pode aliviar o meu tormento?
Em Cristo paz real,
certo, terei.
Ele é meu Salvador
E meu amigo,
Responde minha oração, dá-me paz.
Sempre que eu lhe pedir, virá comigo,
Para vencer o mal,
Forte me faz.
“Onde Encontrar a Paz?” Hinos, nº 73)

Leituras Correlatas
1. Richard G. Scott, “Paz de Consciência e Paz Mental”, A Liahona,
novembro de 2004, p. 15.

2. Richard G. Scott, “O Caminho da Paz e Alegria”, A Liahona, janeiro


de 2000, pp. 25-27.

3. Henry B. Eyring, “A Life Founded in Light and Truth,” Devocional


da BYU, 15 de agosto de 2000. Disponível em inglês no site
speeches.byu.edu.

4. Jeffrey R. Holland, “‘The Peaceable Things of the Kingdom,’”


Ensign, novembro de 1996, pp. 82–84.

5. Thomas S. Monson, “The Path to Peace,” Ensign, maio de 1994, pp.


60–63.

6. Sheri L. Dew, “Our Only Chance,” Ensign, maio de 1999, pp. 66–67.

Pondere:
O que posso e devo fazer em minha vida para buscar adequadamente “a
paz que excede todo o entendimento”?
Pondere:
O que estou aprendendo a respeito do Salvador como “Príncipe da Paz”
(Isaías 9:6)?
Pondere:
De que maneira o fato de aprender e entender o relacionamento entre a
adversidade e a paz pessoal influencia meu discipulado?
Minhas Próprias Questões a Ponderar
Escrituras Relacionadas ao Que Estou Aprendendo

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Um Convite para Aprender,


Agir e Tornar-se
Que outras doutrinas e outros O que posso e devo Como saberei se estou
princípios, desde que bem fazer para agir de progredindo em meu
entendidos, me ajudariam a trazer acordo com essas empenho de me tornar
adequadamente para minha vida doutrinas e esses mais semelhante ao
o poder de tornar-me? princípios? Salvador?

Um Convite para Aprender,


Agir e Tornar-se
Que outras doutrinas e outros O que posso e devo Como saberei se estou
princípios, desde que bem fazer para agir de progredindo em meu
entendidos, me ajudariam a trazer acordo com essas empenho de me tornar
adequadamente para minha vida doutrinas e esses mais semelhante ao
o poder de tornar-me? princípios? Salvador?
Um Convite para Aprender,
Agir e Tornar-se
Que outras doutrinas e outros O que posso e devo Como saberei se estou
princípios, desde que bem fazer para agir de progredindo em meu
entendidos, me ajudariam a trazer acordo com essas empenho de me tornar
adequadamente para minha vida doutrinas e esses mais semelhante ao
o poder de tornar-me? princípios? Salvador?

Debate com Casais

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Capítulo 3

O Poder de Tornar-se, as Ordenanças do Sacerdócio e a


Obediência Solícita
Para os homens e as mulheres mortais, o poder de tornar-se é possível
graças à Expiação de Jesus Cristo e por meio dela. “Cremos que, por meio da
Expiação de Cristo, toda a humanidade pode ser salva por obediência às leis e
ordenanças do Evangelho” (Regras de Fé 1:3).
As ordenanças do sacerdócio e a obediência solícita são essenciais à
medida que trilhamos o caminho da perfeição durante a jornada da
mortalidade.
As ordenanças realizadas pela devida autoridade do sacerdócio e
recebidas dignamente proporcionam acesso a todas as bênçãos viabilizadas
pelo sacrifício expiatório do Salvador. “Cremos que os primeiros princípios e
ordenanças do Evangelho são: primeiro, Fé no Senhor Jesus Cristo; segundo,
Arrependimento; terceiro, Batismo por imersão para remissão de pecados;
quarto, Imposição de mãos para o dom do Espírito Santo” (Regras de Fé 1:4).
Sem as bênçãos e os dons da Expiação, recebidos por intermédio das
ordenanças do sacerdócio, nosso progresso na mortalidade e na eternidade
estaria comprometido.

“E este será nosso convênio: Caminharemos de acordo com todas


as ordenanças do Senhor” (Doutrina e Convênios 136:4).

“Portanto, aquele que ora, cujo espírito é contrito, esse é aceito por
mim, se obedecer a minhas ordenanças.

Aquele que fala, cujo espírito é contrito, cuja linguagem é mansa e


edifica, esse é de Deus, se obedecer a minhas ordenanças” (Doutrina e
Convênios 52:15–16).

A obediência alimenta a fé no Senhor e reflete a sinceridade e a


intensidade de nosso esforço contínuo de manter o foco no Senhor e não
em nós mesmos.
“O Espírito da verdade é de Deus. Eu sou o Espírito da verdade e
João prestou testemunho de mim, dizendo: Ele recebeu a plenitude da
verdade, sim, de toda a verdade;

E homem algum recebe a plenitude a não ser que guarde seus


mandamentos.
Aquele que guarda seus mandamentos recebe verdade e luz, até ser
glorificado na verdade e conhecer todas as coisas” (Doutrina e Convênios
93:26–28).

“E também vos digo: Se fizerdes o que vos ordeno, eu, o Senhor,


desviarei de vós toda ira e indignação; e as portas do inferno não
prevalecerão contra vós” (Doutrina e Convênios 98:22).

“E em nada ofende o homem a Deus ou contra ninguém está acesa


sua ira, a não ser contra os que não confessam sua mão em todas as
coisas e não obedecem a seus mandamentos” (Doutrina e Convênios
59:21).

“Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e


sacrifícios, como em que se obedeça à voz do Senhor? Eis que o
obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a
gordura de carneiros” (I Samuel 15:22).

“Se me amais, guardai os meus mandamentos” (João 14:15).

“Eis que esta é a tua obra: guardar meus mandamentos, sim, com
todo teu poder, mente e força” (Doutrina e Convênios 11:20).

O Poder da Divindade
Uma ordenança é um ato sagrado e formal realizado por uma autoridade
do sacerdócio. Algumas ordenanças são essenciais a nossa exaltação. Essas
ordenanças se chamam ordenanças de salvação e incluem o batismo (ver
Mateus 3:16; Doutrina e Convênios 20:72–74), a confirmação (ver Doutrina e
Convênios 20:68; 33:15), a ordenação ao Sacerdócio de Melquisedeque para
os homens (ver Doutrina e Convênios 84:6–16; 107:41–52), a investidura no
templo (ver Doutrina e Convênios 124:39), e o selamento do casamento (ver
Doutrina e Convênios 132:19–20). Fazemos solenes convênios com o Senhor
em cada uma dessas ordenanças.
As ordenanças nos ajudam a aprender quem somos como filhos de Deus
e a nos lembrar disso; elas nos relembram também os nossos deveres e nossas
responsabilidades espirituais. O Senhor nos deu as ordenanças para ajudar-
nos a vir a Ele e a receber a vida eterna. Quando honramos as ordenanças, Ele
nos fortalece.
As ordenanças do sacerdócio abrem caminho e proporcionam acesso ao
poder da divindade.
“E esse sacerdócio maior administra o evangelho e contém a chave dos
mistérios do reino, sim, a chave do conhecimento de Deus.
Portanto em suas ordenanças manifesta-se o poder da divindade.
E sem suas ordenanças e a autoridade do sacerdócio, o poder da
divindade não se manifesta aos homens na carne” (D&C 84:19–21).
A mente e os idiomas mortais do ser humano não conseguem definir
com precisão ou adequadamente o significado da expressão escriturística
“poder da divindade”. Mas a plenitude das bênçãos da Expiação — redenção
dos pecados; forças para fazer o bem e tornar-nos bons; o dom espiritual da
paz pessoal; os poderes e habilidades que nos ajudam a enfrentar decepções,
injustiça, improbidade, desigualdade e muito mais — certamente constitui
pelo menos uma parte do poder da divindade.
A visão de Leí dá-nos um exemplo inspirador do relacionamento
existente entre a Expiação do Salvador e as ordenanças do sacerdócio. A
figura central no sonho de Leí é a árvore da vida — uma representação do
“amor de Deus” (1 Néfi 11:21–22).
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna” (João 3:16).
O nascimento, a vida e o sacrifício expiatório do Senhor Jesus Cristo são
as maiores manifestações do amor de Deus por Seus filhos. Conforme
testificou Néfi, esse amor é “a mais desejável de todas as coisas” e “a maior
alegria para a alma” (1 Néfi 11:22–23; ver também 1 Néfi 8:12, 15). O
capítulo 11 de 1 Néfi apresenta uma descrição detalhada da árvore da vida
como símbolo da vida, do ministério e do sacrifício do Salvador — “a
condescendência de Deus” (1 Néfi 11:16). A árvore pode ser considerada
uma representação de Cristo.
Uma forma de pensar no fruto da árvore é como um símbolo das
bênçãos da Expiação. É interessante notar que uma pessoa só vai poder
receber o caminho que conduz à árvore se entrar pela porta, isto é, por meio
das ordenanças do batismo e da confirmação. “Porque a porta pela qual
deveis entrar é o arrependimento e o batismo com água; e recebereis, então, a
remissão de vossos pecados pelo fogo e pelo Espírito Santo” (2 Néfi 31:17).
Prosseguir com firmeza e comer do fruto da árvore pode representar o
recebimento de um acréscimo de ordenanças e de convênios pelos quais a
Expiação pode tornar-se plenamente eficaz em nossa vida. O fruto é descrito
como algo “desejável para fazer uma pessoa feliz” (1 Néfi 8:10) e que produz
grande alegria e desejo de partilhá-lo com os outros.
Considere agora o solene significado das implicações decorrentes da
visão de Leí e dos versículos já citados da seção 84 de Doutrina e Convênios.
Para vir ao Salvador, a pessoa precisa primeiro passar pela porta do batismo
e receber o dom do Espírito Santo; depois, deve prosseguir pelo caminho dos
convênios e das ordenanças, que conduz ao Salvador e às bênçãos de Sua
Expiação (ver 2 Néfi 31). As ordenanças do sacerdócio são essenciais para
“vir a Cristo, e ser aperfeiçoados Nele” mais plenamente (Morôni 10:32; ver
também os versículos 30–33). Sem as ordenanças, ninguém pode receber
todas as bênçãos que foram viabilizadas pelo sacrifício expiatório infinito e
eterno do Senhor (ver Alma 34:10–14) — sim, o poder da divindade.
O Presidente Boyd K. Packer ensinou: “O marinheiro se orienta pela luz
dos corpos celestes — do sol, durante o dia, e das estrelas, à noite (…)
O sextante espiritual que cada um de nós possui também funciona de
acordo com o princípio da luz vinda de fontes celestes. Fixem esse sextante
em sua mente com a palavra convênio ou a palavra ordenança. A luz brilhará.
Então vocês poderão determinar sua posição e estabelecer um curso correto
na vida.
Não importa a cidadania, a raça, se é homem ou mulher, não importa a
profissão, não importa a educação, seja qual for a geração em que vivemos, a
vida, para todos nós, é uma jornada de volta à presença de Deus em Seu reino
celestial.
As ordenanças e os convênios tornam-se nossas credenciais para sermos
admitidos na presença Dele. Recebê-las dignamente é o grande desafio da
vida; guardá-las posteriormente é o grande desafio da mortalidade.
Depois de as recebermos para nós mesmos e para nossa família, temos a
obrigação de prover essas ordenanças vicariamente a nossos antepassados, na
verdade a toda a família humana” (“Covenants”, p. 24).
A pessoa tem seu arbítrio moral e o exerce para decidir se vai receber as
ordenanças do evangelho restaurado. Essa pessoa, contudo, não determina e
nem poderia determinar as consequências por rejeitar ou negligenciar essas
ordenanças sagradas. O Presidente James E. Faust ensinou-nos: “A
frequência ao templo é uma questão de escolha; mas muitos não percebem
que o recebimento das ordenanças do templo a fim de virem a Cristo não é
opcional: é essencial. Ninguém conseguirá vir a Cristo sem esses passos e
sem as ordenanças” (James P. Bell, In the Strength of the Lord, p. 443).
Na verdade, o poder da divindade se manifesta por meio das ordenanças
do sacerdócio.
Ordenanças do Sacerdócio e Corações
Numa assembleia solene realizada no Templo de Kirtland, em 6 de abril
de 1837, o Profeta Joseph Smith falou sobre assuntos relacionados ao
sacerdócio e aos quóruns do sacerdócio. Ele explicou aos irmãos da
assembleia:
“Depois de tudo o que foi dito, o maior e mais importante dever é pregar
o evangelho” (History of the Church, volume 2, p. 478).
Quase exatamente sete anos depois, em 7 de abril de 1844, Joseph Smith
proferiu um sermão conhecido como o discurso de King Follett. Nesse
discurso, o Profeta Joseph Smith declarou:
“A maior responsabilidade que Deus colocou sobre nós neste mundo é a
de buscar nossos mortos. O apóstolo disse: ‘Eles, sem nós, não [podem ser]
aperfeiçoados’, porque é necessário que o poder selador esteja em nossas
mãos para selar nossos filhos e nossos mortos para a plenitude da
dispensação dos tempos — uma dispensação para cumprir as promessas
feitas por Jesus Cristo antes da fundação do mundo para a salvação do
homem” (History of the Church, volume 6, p. 313).
Algumas pessoas podem imaginar como pregar o evangelho e buscar
nossos mortos podem ser, simultaneamente, os maiores deveres e
responsabilidades que Deus colocou sobre Seus filhos. Mas esses
ensinamentos do Profeta destacam a unidade e a união do trabalho de
salvação dos santos dos últimos dias. O trabalho missionário e o trabalho do
templo e de história da família são aspectos complementares e inter-
relacionados de um grande trabalho, “de tornar a congregar em Cristo todas
as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos
céus, quanto as que estão na Terra; [sim, Nele]” (Efésios 1:10).
Pregar o evangelho e buscar nossos mortos são duas responsabilidades
divinamente atribuídas que se relacionam tanto ao nosso coração quanto às
ordenanças do sacerdócio. A essência do trabalho do Senhor é mudar, voltar
e purificar os corações por meio dos convênios e das ordenanças realizadas
pela devida autoridade do Sacerdócio.
A palavra coração é usada mais de mil vezes nas obras padrão e
simboliza os sentimentos profundos de uma pessoa. Assim, nosso coração —
a soma total de nossos desejos, nossas afeições, intenções, nossos motivos e
nossas atitudes — define quem somos e determina o que seremos.
O propósito do Senhor para o trabalho missionário é convidar as pessoas
a achegarem-se a Cristo, receberem as ordenanças, os convênios e as bênçãos
do evangelho restaurado e perseverarem até o fim por meio da fé em Cristo
(ver Pregar Meu Evangelho, p. 1). Não compartilhamos o evangelho
meramente para aumentar o tamanho numérico e a força da Igreja dos últimos
dias. Em vez disso, procuramos cumprir a responsabilidade divinamente
atribuída de proclamar a realidade do plano de felicidade do Pai, a divindade
de Seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, e a eficácia do sacrifício expiatório do
Salvador. Os objetivos fundamentais de se pregar o evangelho são: convidar
todos a “[vir] a Cristo” (Morôni 10:30–33), a experimentar a “vigorosa
mudança de coração” (Alma 5:12–14) e oferecer as ordenanças de salvação a
pessoas na mortalidade que ainda não estão sob o convênio.
O propósito do Senhor em construir templos e realizar as ordenanças
vicárias é possibilitar a exaltação dos vivos e dos mortos. Não adoramos nos
templos sagrados somente para ter uma memorável experiência individual ou
familiar. Em vez disso, procuramos cumprir a responsabilidade divinamente
atribuída de oferecer as ordenanças de salvação e exaltação a toda família
humana. Plantar no coração dos filhos as promessas feitas aos pais — mesmo
Abraão, Isaque e Jacó — voltando o coração dos filhos aos próprios pais e
realizando pesquisa de história da família e ordenanças vicárias no templo
são trabalhos que abençoam as pessoas que estão no mundo espiritual que
ainda não estão sob o convênio.
A obra do Senhor é uma obra majestosa centrada nos corações, nos
convênios e nas ordenanças do sacerdócio. Talvez o Senhor tenha enfatizado
essa verdade na própria sequência de eventos ocorridos quando a plenitude
do evangelho foi restaurada na Terra nestes últimos dias.
No Bosque Sagrado, Joseph Smith viu o Pai Eterno e Jesus Cristo e
falou com Eles. Essa visão introduziu a “dispensação da plenitude dos
tempos” (Efésios 1:10) e possibilitou a Joseph que aprendesse a verdadeira
natureza da Trindade e da revelação contínua.
Aproximadamente três anos depois, em resposta a uma sincera oração,
na noite de 21 de setembro de 1823, o quarto de Joseph encheu-se de luz até
“ficar mais iluminado do que ao meio-dia” (Joseph Smith—História 1:30).
Uma pessoa apareceu ao lado de sua cama, chamou o menino pelo nome e
declarou “que era um mensageiro enviado a mim da presença de Deus (…) e
que seu nome era Morôni” (versículo 33). Ele instruiu Joseph sobre o
surgimento do Livro de Mórmon. E, depois, Morôni citou o livro de
Malaquias, no Velho Testamento, com uma pequena variação na linguagem
usada na versão do rei Jaime: “Eis que vos revelarei o Sacerdócio, pela mão
de Elias, o profeta, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. (…) E
ele plantará no coração dos filhos as promessas feitas aos pais; e o coração
dos filhos voltar-se-á para seus pais. Se assim não fosse, toda a terra seria
totalmente destruída na sua vinda” (Joseph Smith–História 1:38–39).
As instruções de Morôni ao jovem profeta, em última análise, incluíam
dois temas principais: (1) o Livro de Mórmon e (2) as palavras de Malaquias
que prediziam o papel de Elias na Restauração “de tudo, dos quais Deus falou
pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio” (Atos 3:21).
Portanto, os acontecimentos iniciais da Restauração revelaram uma correta
compreensão da Trindade, o estabelecimento da realidade da revelação
contínua, salientaram a importância do Livro de Mórmon e previram o
trabalho de salvação e exaltação tanto para os vivos quanto para os mortos.
Agora considerem o papel do Livro de Mórmon na mudança de
corações, e o do espírito de Elias em voltar os corações, como preparatórios
para o recebimento digno das ordenanças do sacerdócio.
O Livro de Mórmon combinado ao Espírito do Senhor é a maior
ferramenta que Deus nos deu para converter o mundo (ver Ezra Taft Benson,
“A New Witness for Christ”, p. 7). Este volume de escrituras da Restauração
é a pedra fundamental de nossa religião e é essencial para trazer almas ao
Salvador. O Livro de Mórmon é outro testamento de Jesus Cristo — uma
testemunha confirmadora da divindade do Redentor em um mundo que se
torna cada vez mais secular e cínico. Os corações são mudados conforme as
pessoas leem e estudam o Livro de Mórmon e oram com real intenção para
saber de sua veracidade.
O Espírito de Elias é “uma manifestação do Espírito Santo, que presta
testemunho da natureza divina da família” (Russell M. Nelson, “Uma Nova
Colheita”, p. 34). Essa influência singular do Espírito Santo presta vigoroso
testemunho do plano de felicidade do Pai e motiva as pessoas a buscar e amar
seus antepassados e os familiares — tanto do passado como do presente. O
espírito de Elias influencia tanto pessoas de dentro como de fora da Igreja,
fazendo os corações voltarem-se para seus pais.
A obra do Senhor é uma obra majestosa centrada nos corações — que
mudam e se voltam, nos convênios sagrados e no poder divino manifestado
por meio das ordenanças do sacerdócio.
O Senhor declarou: “Posso executar minha própria obra” (2 Néfi 27:21),
e “Apressarei minha obra a seu tempo” (Doutrina e Convênios 88:73). Hoje
vemos a chegada do tempo de acelerar Seu trabalho.
Vivemos, aprendemos e servimos na dispensação da plenitude dos
tempos. Era necessário, nesta final dispensação, “que uma total, completa e
perfeita união e fusão de dispensações e chaves e poderes e glórias
[ocorressem e fossem] reveladas desde os dias de Adão até o tempo atual. E
não somente isso, mas as coisas que nunca se revelaram desde a fundação do
mundo, mas que se conservaram ocultas aos sábios e prudentes, serão
reveladas (…) nesta dispensação, que é a da plenitude dos tempos” (Doutrina
e Convênios 128:18). O Profeta Joseph explicou: “Todas as ordenanças e
deveres que já foram exigidos pelo Sacerdócio, sob a direção e mandamentos
do Todo-Poderoso, em qualquer das dispensações, serão todas obtidas na
última dispensação (…) levando a efeito a restauração mencionada pela boca
de todos os santos profetas” (History of the Church, volume 4, pp. 210–211;
grifo do autor).
Joseph também proclamou que, em preparação à Segunda Vinda do
Senhor Jesus Cristo, “a dispensação da plenitude dos tempos trará à luz as
coisas que foram reveladas em todas as dispensações anteriores; também
outras coisas que não foram reveladas anteriormente” (History of the Church,
volume 4, p. 426). Como declarou o Apóstolo Paulo: “Deus [tornará] a
congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos,
tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; [sim, Nele]” (Efésios
1:10). Assim, o propósito mais abrangente desta última dispensação é
congregar todas as coisas em Cristo. E o acesso ao poder da divindade por
meio das ordenanças do sacerdócio será maior nesta dispensação do que em
qualquer época anterior na história da Terra.
O reconhecimento da importância eterna da singularidade da
dispensação em que vivemos deve influenciar tudo o que fazemos e que nos
esforçamos para nos tornar. O trabalho de salvação a ser realizado nestes
últimos dias é grandioso, imenso, vital e urgente. Como devemos ser gratos
pelas bênçãos e responsabilidades de viver nesta época específica da última
dispensação! E devemos ser igualmente humildes, sabendo que “a quem
muito é dado, muito é exigido” (Doutrina e Convênios 82:3).

A Obediência Solícita
A primeira lei dos céus é a obediência.
“ESCUTAI, ó vós, élderes de minha igreja, que vos reunistes em meu
nome, sim, Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo, o Salvador do mundo;
porquanto credes em meu nome e guardais meus mandamentos.
Outra vez vos digo: Escutai e dai ouvidos e obedecei à lei que vos darei”
(Doutrina e Convênios 42:1–2; grifo do autor).
Observem como a palavra obedecei se relaciona com escutai e com dai
ouvidos. Escutar é o processo de prestar atenção, e dar ouvidos conota aplicar
a mente ao que é ouvido. A obediência, então, resulta de escutar a palavra de
Deus (ver Romanos 10:17; Alma 32), ponderá-la (ver 1 Néfi 11:1; Morôni
10:3) e estudá-la em nossa mente (ver Doutrina e Convênios 9:8).
Obediência é alinhar nossa vontade à vontade de Deus. “Recebemos as
bênçãos de Deus (…) por obediência espontânea à lei na qual elas se
baseiam (ver D&C 130:20–21). Assim, nossos desejos mais intensos
determinam o grau de nossa ‘obediência a algo a que não somos forçados a
obedecer’” (Neal A. Maxwell, “Swallowed Up in the Will of the Father”, p.
24).
“E estava entre eles um que era semelhante a Deus; e ele disse aos
que se achavam com ele: Desceremos, pois há espaço lá, e tomaremos
destes materiais e faremos uma terra onde estes possam habitar;

E assim os provaremos para ver se farão todas as coisas que o Senhor


seu Deus lhes ordenar;
E os que guardarem seu primeiro estado receberão um acréscimo; e os
que não guardarem seu primeiro estado não terão glória no mesmo reino que
aqueles que guardarem seu primeiro estado; e os que guardarem seu segundo
estado terão um acréscimo de glória sobre sua cabeça para todo o sempre”
(Abraão 3:24–26).

“Há uma lei, irrevogavelmente decretada no céu antes da fundação


deste mundo, na qual todas as bênçãos se baseiam —

E quando recebemos uma bênção de Deus, é por obediência à lei na qual


ela se baseia” (D&C 130:20–21).

“Pois eis que eu te revelo um novo e eterno convênio; e se não


cumprires esse convênio, então serás condenado, porque ninguém pode
rejeitar esse convênio e ter permissão de entrar em minha glória.

Pois todos os que receberem uma bênção de minhas mãos obedecerão à


lei que foi designada para essa bênção e suas condições, como instituídas
desde antes da fundação do mundo” (Doutrina e Convênios 132:4–5).

“E em nada ofende o homem a Deus ou contra ninguém está acesa


sua ira, a não ser contra os que não confessam sua mão em todas as
coisas e não obedecem a seus mandamentos” (Doutrina e Convênios
59:21).

“Eis que o Senhor requer o coração e uma mente solícita; e os que


são solícitos e obedientes comerão do bem da terra de Sião nestes
últimos dias.

E os rebeldes serão cortados da terra de Sião e afastados e não herdarão


a terra.
Pois em verdade eu digo que os rebeldes não são do sangue de Efraim;
portanto serão extirpados” (Doutrina e Convênios 64:34–36).

O caminho do Salvador para a perfeição foi marcado pela


obediência solícita e submissão total à vontade de Seu Pai.

“Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade
daquele que me enviou” (João 6:38).

“Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que


padeceu.

E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos
os que lhe obedecem” (Hebreus 5:8–9).

O Senhor dedicou inteiramente Sua vida à obediência ao Pai.

A obediência se efetua em inúmeros níveis diferentes. O Élder Bruce R.


McConkie explicou-nos: “A obediência é a primeira lei nos céus, a pedra de
esquina sobre a qual se edificam a retidão e o progresso. É formada pela
observância à lei divina, em conformidade com a mente e a vontade da
Trindade, em total sujeição a Deus e a Seus mandamentos. Obedecer à lei do
evangelho é render obediência ao Senhor, viver Seus mandamentos e ser
governados por Ele, de quem somos” (Mormon Doctrine, p. 539; grifo do
autor).
Observem como o Élder McConkie inclui elementos como observância,
conformidade e sujeição ou submissão em sua descrição de obediência. Cada
um desses três elementos pode ser considerado um nível progressivo de
obediência. Dessa forma, a obediência não é meramente uma condição
estática; em vez disso, ela cresce, desenvolve-se, aprofunda-se e expande-se
ao prosseguirmos com firmeza em Cristo. Nossa experiência com o princípio
da obediência, assim como nosso entendimento desse princípio, muda à
medida que nos desenvolvemos espiritualmente e recebemos mais luz e
conhecimento — linha sobre linha e preceito sobre preceito. Da mesma
forma, nossa expectativa espiritual cresce e se intensifica à medida que
continuamos a obedecer aos mandamentos de Deus.
Uma série de comparações ilustra a maneira como a obediência se efetua
em diferentes níveis.
Uma coisa é obedecer para qualificar-se e receber bênçãos; outra bem
diferente é obedecer como preparação para dar e para servir mais
eficazmente.
Uma coisa é observar mera e até mecanicamente os mandamentos de
Deus; outra bem diferente é obedecer e assim submeter-se e sujeitar-se
totalmente à vontade e ao tempo do Senhor.
É muito bom obedecer por uma questão de dever, mas mais importante,
mais desafiador espiritualmente, é obedecer por uma questão de amor.
Uma coisa é relutar ou reclamar para estar em conformidade com os
mandamentos; outra coisa bem diferente é alegrar-se em “obedecer a cada
palavra de comando e cumpri-la com exatidão” (Alma 57:21; grifo do autor)
e com entusiasmo “guardar estritamente os mandamentos de Deus” (Helamã
13:1; grifo do autor).
Uma coisa é realizar ações exteriores de obediência; outra coisa bem
diferente é tornar-nos interiormente aquilo que os mandamentos devem
ajudar a nos tornar.
Uma coisa é obedecer aos mandamentos institucionais, públicos e
compartilhados relacionados com o reino do Senhor na Terra —
mandamentos como a lei da castidade, a lei do dízimo e a Palavra de
Sabedoria; outra coisa bem diferente é receber os mandamentos individual,
particular e pessoalmente revelados que resultam da obediência contínua e
fiel e responder a eles.
Finalmente, obedecemos prontamente porque amamos ao Senhor e
esforçamo-nos por obter as bênçãos e o poder para tornar-nos mais como Ele.
Mandamentos, Não Poucos
“Sim, bem-aventurados aqueles cujos pés estão sobre a terra de Sião,
que obedeceram a meu evangelho; pois receberão como recompensa as
coisas boas da terra e ela produzirá com sua força.
“E também serão coroados com bênçãos do alto, sim, e com
mandamentos, não poucos, e com revelações em seu tempo — aqueles que
são fiéis e diligentes perante mim” (Doutrina e Convênios 59:3–4; grifo do
autor).
Aprendemos nesses versículos que aquele que obedece ao evangelho
receberá as coisas boas da terra, bênçãos do alto, mandamentos, não poucos,
e revelações em seu tempo. Em especial quero dirigir sua atenção à frase
“mandamentos, não poucos”.
Procurei estabelecer uma diferença entre a obediência que é
predominantemente observadora — e conformista em essência — e o nível
mais elevado de obediência, que inclui submissão espiritual e nos capacita a
receber “mandamentos, não poucos”. A obediência que é em essência
cumpridora e conformista é boa. Mas o nível mais elevado de obediência, que
se expande além da letra da lei para o espírito da lei, tanto é sincera como
imediata, e traz visão, perspectiva e poder individualizados acerca do
evangelho cujo valor é imensurável.
Como estudamos em Doutrina e Convênios:

“Eis que o Senhor requer o coração e uma mente solícita; e os que


são solícitos e obedientes comerão do bem da terra de Sião nestes
últimos dias” (Doutrina e Convênios 64:34; grifo do autor).

“Mas ao que guarda meus mandamentos darei os mistérios de meu


reino; e será como uma fonte de água viva vertendo para a vida eterna”
(Doutrina e Convênios 63:23).

O progresso do nível de obediência cumpridora para o nível da


obediência sincera e solícita não ocorre rapidamente ou de uma só vez.
Tampouco é questão de maior disciplina pessoal; é uma questão de
mudança de disposição, de mudança de coração. E o Senhor é quem
opera essa mudança de coração dentro de nós, por meio do poder do Seu
Espírito, gradualmente, linha sobre linha.

Por exemplo, em Filipenses 2:12, Paulo incentiva os santos a “[operar] a


[sua] salvação com temor e tremor”. Mas como podemos fazer isso?
Observem a resposta no versículo 13: “Porque Deus é o que opera em vós
tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” Isto é, nós nos
entregamos ao Senhor porque escolhemos ser mudados. Ele opera sobre nós e
em nós. É vitalmente importante que nos lembremos de que o progresso para
os níveis mais elevados e espiritualmente desafiadores da obediência não é
mera questão de maior determinação pessoal ou mais coragem ou força de
vontade; mas sim, esse progresso se efetua por meio do poder capacitador da
Expiação do Senhor Jesus Cristo.
Intimamente relacionado à obediência com um coração solícito é o fato
de chegarmos ao ponto de não sermos mais motivados ou direcionados por
regras; em vez disso, aprendemos a governar nossa vida por princípios.
Certamente, cumprimos as regras, mas também nos perguntamos: “Qual é o
princípio que existe aqui?” Quem atinge esse nível se torna menos
dependente de suporte e instruções externas e mais dependente de orientação
divina, calma e contínua. O Profeta Joseph explicou-nos: “Ensino-lhes
princípios corretos e eles governam-se a si mesmos” (The Teachings of
Joseph Smith, p. 32).
O caminho para a perfeição em nossa jornada mortal leva-nos a
transcender aquela obediência aos mandamentos públicos e institucionais “ao
pé da letra da lei”, e traz-nos para este espírito de dedicado discipulado e esta
mudança de coração particular, pessoal e individual.
O Presidente Ezra Taft Benson enfatizou a diferença entre a obediência
relutante e a obediência solícita: “Quando a obediência deixar de ser algo
irritante e se transformar em meta, esse será o momento em que Deus nos
investirá de poder” (Donald L. Staheli, “Obedience — Life’s Greatest
Challenge”, p. 82).
Acho fascinante que uma das maiores bênçãos relacionadas a cumprir os
mandamentos de Deus seja termos mais mandamentos. É claro que as
pessoas que consideram os mandamentos restritivos e limitadores não vão
considerar mais mandamentos como uma bênção. Mas o Apóstolo João
ensinou-nos que “os mandamentos [de Deus] não são pesados” (I João 5:3)
para aquele que vem a Cristo e nasce de novo. Portanto, aquele que tem olhos
para ver e ouvidos para ouvir reconhecerá prontamente o supremo benefício
espiritual que lhe advém diretamente do céu. Mas o que são esses
“mandamentos, não poucos”, e como os receberemos?
Os “mandamentos, não poucos” individuais e pessoais que recebemos
frequentemente tendem a centrar-se nas coisas boas que podemos e devemos
fazer para desenvolver e aprofundar nosso discipulado — em vez de centrar-
se principalmente nas coisas más que devemos evitar ou sobrepujar. Tais
instruções em geral são proativas e antecipatórias por natureza. Vejam, por
exemplo, os ensinamentos do Presidente Spencer W. Kimball acerca das
ofertas de jejum. Ele declarou: “Acho que, quando somos abastados, como o
são muitos de nós, deveríamos ser muito, muito generosos. (…) Acho que
devemos ser muito generosos e, em vez de doar a quantia que economizamos
nas duas refeições em que jejuamos, talvez devêssemos doar muito, muito
mais (…) dez vezes mais, caso tenhamos condições” (Conference Report,
abril de 1974, p. 184).
Uma pessoa ou família pode sentir-se inspirada a contribuir
liberalmente, com disposição e alegria, para o fundo de jejum a um nível
muito acima do padrão rotineiro e básico da “letra da lei” a que a maioria de
nós está habituada. O mandamento “não pouco” nesse exemplo é obedecido
com alegria para abençoar e fortalecer outros que enfrentam problemas
difíceis sem os recursos suficientes.
Atentem para o exemplo de viver os “mandamentos, não poucos”
evidenciado na história de uma família. Albert Frehner e Matilda Reber
casaram-se em 20 de abril de 1888, no Templo de St. George. Albert e
Matilda organizaram seu lar humilde em Littlefield, Arizona. A fim de prover
o sustento da família, o irmão Frehner transportava mercadorias entre o
Desfiladeiro El Dorado e a Balsa de Bonelli. A irmã Frehner cuidava da
família em crescimento e das tarefas domésticas, como limpar, fazer sabão,
fazer conservas de vegetais e frutas ou secá-las, tricotar meias e agasalhos e
costurar todas as roupas necessárias. Para esses santos fiéis, a vida juntos era
árdua e feliz, numa região árida e desolada.
Albert e Matilda estavam no seu décimo ano de casados quando o irmão
Frehner foi chamado em 1898 pelo Presidente Lorenzo Snow para uma
missão na Suíça, sua terra natal. Na época do chamado de Albert, Matilda
estava grávida pela quinta vez. Contudo, nunca lhes passou pela mente
recusar o chamado; ambos aceitaram o desafio com disposição. Matilda
assumiu total responsabilidade pelo cuidado da jovem família e da fazenda de
algodão, além da administração do serviço de correio que funcionava num
pequeno cômodo da casa. Ela também hospedava a professora local. Cinco
meses depois da partida de Albert para a missão, Matilda deu à luz as gêmeas
Edith e Ethel.
Contei-lhes esses dados históricos sobre Matilda e sua circunstância para
contextualizar o incidente que ocorreu. Certo dia, a irmã Frehner fazia seu
trabalho no posto do correio. Um homem, ao preparar-se para sair depois de
ser atendido, deu a Matilda 25 centavos para que mandasse para Albert no
campo missionário. Vinte e cinco centavos pode não parecer muito para nós
hoje, mas para Matilda, isso significava muito! A irmã Frehner agradeceu ao
bom irmão e pediu-lhe permissão para usar dois centavos daquele dinheiro
para comprar um selo. Matilda explicou que havia escrito uma carta para
Albert havia uma ou duas semanas, mas não a enviara por não ter dois
centavos para o custo da remessa. O homem concordou imediatamente, o selo
foi adquirido e a carta foi enviada.
Notem que Matilda era a gerente daquele posto de correio. Ela poderia
facilmente ter emprestado e usado um selo — honestamente tencionando
pagar os dois centavos quando tivesse condições. E ninguém ficaria sabendo.
Naquela situação financeira, certamente pareceria razoável que tivesse feito a
remessa da carta na mesma ocasião em que a escrevera. Ninguém ficaria
sabendo!
Mas Matilda era obediente a um mandamento pessoal “não pouco”
relativo a sua honestidade e integridade. E a irmã Frehner simplesmente se
recusou a usar, de modo algum, algo pelo que não podia pagar. Ela também
teve o cuidado de pedir permissão ao homem para usar parte daquele dinheiro
para um propósito diferente daquele para o qual fora determinado. O exemplo
de Matilda, minha trisavó, exerceu uma influência profunda e duradoura em
minha vida. A irmã Frehner é um exemplo de discípula dedicada e de
integridade e honestidade para com Deus, para consigo mesma e para com
outras pessoas.
Mais alguns exemplos podem ser úteis. Mas tenham em mente que não
estou tentando dar-lhes uma lista prescritiva e abrangente do que os
“mandamentos, não poucos” são ou deveriam ser. Tais mandamentos são
individuais e muito pessoais; no entanto, outros exemplos podem ajudar-nos
a compreender melhor esse princípio.
Podemos receber “mandamentos, não poucos” e “revelações em seu
tempo” a respeito da maneira adequada de melhorar nosso padrão de
adoração — tanto em casa como na Igreja.
O mestre familiar ou a professora visitante pode receber “mandamentos,
não poucos” e “revelações em seu tempo” para ministrar segundo as
necessidades de pessoas específicas, em vez de centrar-se em meras visitas ou
apresentação de mensagens preparadas.
Podemos receber “mandamentos, não poucos” e “revelações em seu
tempo” a respeito da importância e da reverência que devemos dedicar ao
nosso corpo físico como elemento fundamental no plano de felicidade do Pai.
“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita
em vós?” (I Coríntios 3:16).
Tanto marido quanto mulher pode receber “mandamentos, não poucos”
e “revelações em seu tempo” a respeito da comunicação de um com o outro e
o apoio de um ao outro, quando um deles recebe um novo chamado na Igreja
ou se sente sobrecarregado e inadequado no lar ou no trabalho.
Podemos receber “mandamentos, não poucos” e “revelações em seu
tempo” a respeito do uso adequado das diversas tecnologias para convidar a
companhia constante do Espírito Santo — e da ampliação da nossa
capacidade de viver, amar e servir significativamente.
A criança pode receber “mandamentos, não poucos” e “revelações em
seu tempo” a respeito de maneiras construtivas de não mais brigar com os
irmãos ou as irmãs e tornar-se um pacificador em seu lar.
Podemos receber “mandamentos, não poucos” e “revelações em seu
tempo” a respeito de como viver uma vida virtuosa, casta e pura em um
mundo onde grassam a impureza e a vulgaridade.
Podemos receber “mandamentos, não poucos” e “revelações em seu
tempo” a respeito de como preparar-nos mais eficazmente para participar das
ordenanças do sacerdócio repetidas frequentemente, como o sacramento e as
ordenanças vicárias do templo.
Por sermos discípulos que prosseguem com firmeza no caminho da
perfeição, podemos receber “mandamentos, não poucos” e “revelações em
seu tempo” a respeito de como esforçar-nos para “não [termos] mais
disposição para praticar o mal, mas sim, de fazer o bem continuamente”
(Mosias 5:2).
Podemos receber “mandamentos, não poucos” e “revelações em seu
tempo” a respeito de como exceder as expectativas simplesmente por vestir-
nos com recato, a fim de tornar-nos autêntica e constantemente recatados na
mente, no coração e no comportamento.
Podemos receber “mandamentos, não poucos” e “revelações em seu
tempo” a respeito de como aprimorar nosso comportamento religioso pessoal
e particular, como no estudo das escrituras, na oração e no jejum.
Podemos receber “mandamentos, não poucos” e “revelações em seu
tempo” a respeito do dom espiritual do discernimento para tornar-nos pessoas
“de percepção rápida” (Mórmon 1:2) em nosso lar, no serviço na Igreja e em
todos os demais aspectos da vida.
“Mandamentos, não poucos” não são opressores, mas libertadores; não
geram tristeza, mas alegria; não são proibitivos, mas motivadores.
“E ainda mais, quisera que considerásseis o estado abençoado e feliz
daqueles que guardam os mandamentos de Deus. Pois eis que são abençoados
em todas as coisas, tanto materiais como espirituais; e se eles se conservarem
fiéis até o fim, serão recebidos no céu, para que assim possam habitar com
Deus em um estado de felicidade sem fim. Oh! Lembrai-vos, lembrai-vos de
que estas coisas são verdadeiras, porque o Senhor Deus as disse” (Mosias
2:41).
Essas instruções divinas também possibilitam que façamos uma
atualização periódica do nosso progresso na jornada da mortalidade.

“E se vossos olhos estiverem fitos em minha glória, todo o vosso


corpo se encherá de luz e em vós não haverá trevas; e o corpo que é
cheio de luz compreende todas as coisas” (Doutrina e Convênios 88:67).

“A todos os reinos se deu uma lei;

E há muitos reinos; pois não existe espaço em que não haja reino; e não
existe reino em que não haja espaço, seja um reino maior ou um reino menor.
E a todo reino é dada uma lei; e toda lei também tem certos limites e
condições.
Todos os seres que não se conformam a essas condições não são
justificados.
Pois a inteligência apega-se à inteligência; a sabedoria recebe a
sabedoria; a verdade abraça a verdade; a virtude ama a virtude; a luz se apega
à luz; a misericórdia se compadece da misericórdia e reclama o que é seu; a
justiça segue seu curso e reclama o que é seu; o julgamento vai ante a face
daquele que se assenta no trono e governa e executa todas as coisas”
(Doutrina e Convênios 88:36–40).
O Lar É o Melhor Lugar para Vivenciar a Obediência Solícita
A primeira, mais importante e maior responsabilidade de ensinar e
moldar a obediência recai sobre os pais. A melhor forma de aprender a
obedecer e a tornar-nos é com nossos entes queridos, em um lar
espiritualmente protegido, resguardado e seguro.
Todos nós conhecemos o comentário inicial de Néfi, no Livro de
Mórmon: “tendo nascido de bons pais, recebi, portanto, alguma instrução em
todo o conhecimento de meu pai” (1 Néfi 1:1; grifo do autor).
Evidentemente, as sementes da constante fidelidade de Néfi e de sua
obediência solícita foram plantadas no terreno fértil de sua alma e cultivadas
e nutridas em um lar centrado no evangelho. É significativo que as palavras
finais registradas no relato de Néfi reflitam tanto a experiência de sua vida
como a vigorosa influência de seu lar: “Porque o que eu selo na Terra será
apresentado contra vós no tribunal; porque assim me ordenou o Senhor e
devo obedecer. Amém” (2 Néfi 33:15; grifo do autor).
Da mesma forma que as palavras finais de Néfi nos fornecem excelente
noção de sua vida, também aprendemos muito sobre o próprio Profeta Joseph
Smith e seu lar ao examinarmos uma declaração simples em Joseph Smith—
História. Lembrem-se de que o jovem Joseph foi visitado e instruído por
Morôni três vezes numa só noite. No dia seguinte a essa visita, Joseph tentou
realizar suas responsabilidades cotidianas na fazenda, mas estava tão exausto
que não conseguiu. Ao ver as condições em que se achava o menino, o pai de
Joseph instruiu-o a voltar para casa. Conforme Joseph saiu do campo e
atravessou a cerca, caiu no chão e, por alguns instantes, ficou completamente
inconsciente.
“A primeira coisa de que me lembro é uma voz chamando-me pelo
nome. Olhei para cima e vi o mesmo mensageiro acima de minha cabeça,
cercado de luz como antes. Repetiu-me tudo o que havia relatado na noite
anterior e ordenou-me que fosse contar a meu pai a visão e os mandamentos
que havia recebido” (Joseph Smith—História 1:49).
No começo do versículo 50, encontramos a declaração de apenas uma
palavra que nos diz muito a respeito de Joseph e seu lar: “Obedeci.” E as
experiências anteriores de Joseph com a obediência sincera e solícita em seu
lar geraram um alicerce sólido sobre o qual foi edificada uma vida inteira de
liderança fiel e destemida. O Profeta Joseph explicou-nos: “Adotei a seguinte
regra: Quando o Senhor ordenar, faça-o” (History of the Church, volume 2,
p. 170;grifo no original).
Não é utópico afirmar que, em tempos como estes em que vivemos, os
pais em Sião devem esforçar-se ao máximo para criar e manter o lar como
eram o de Néfi e o de Joseph: lares onde pais e filhos vivenciam e aprendem
juntos a respeito da obediência sincera e solícita. É desses lares que vêm os
santos dos últimos dias que são puros — certamente não perfeitos, mas puros
e sem mácula. E essa pureza produz o poder imaculado de aprender, agir,
tornar-se e literalmente [“afugentar] as trevas do meio de [nós]” (Doutrina e
Convênios 50:25). A pureza pessoal produz poder espiritual inigualável, e
nosso lar é o lugar em que a obediência sincera e solícita e a pureza pessoal
crescem e florescem. Assim, o lar centrado em Cristo é um dos ambientes
mais importantes para receber e vivenciar o poder de tornar-se.
“[Põe] em ordem [tua] família; e [faz] com que sejam mais diligentes e
interessados em casa e orem sempre” (Doutrina e Convênios 93:50).

Resumo
As ordenanças do sacerdócio constituem o canal pelo qual o poder da
divindade e as bênçãos da Expiação de Jesus Cristo podem fluir para nossa
vida. A ordenança é um ato físico sagrado com significado simbólico, como o
batismo, a confirmação ou o sacramento. A obra do Senhor é um trabalho de
amor centrado nos corações, nos convênios e nas ordenanças do sacerdócio.
A obediência aos princípios e às ordenanças do evangelho liberta a
pessoa do cativeiro espiritual do pecado (ver João 8:31–36). O Presidente
Gordon B. Hinckley explicou-nos: “A liberdade verdadeira repousa na
obediência aos conselhos de Deus. (…) O evangelho não é uma filosofia de
repressão, como muitos o consideram. É um plano de liberdade que provê
disciplina ao apetite e direção ao comportamento” (“A Principle with a
Promise”, p. 521).
O Presidente Thomas S. Monson prometeu-nos: “Podemos receber o
conhecimento que buscamos, as respostas pelas quais ansiamos e a força que
desejamos hoje para enfrentar os desafios de um mundo complexo e
inconstante se, de boa vontade, obedecermos aos mandamentos do Senhor”
(“A Obediência Traz Bênçãos”, p. 89).
Quando tivermos em nós o desejo e a determinação de obedecer aos
mandamentos de Deus de todo coração e com uma mente solícita, poderemos
qualificar-nos para receber “mandamentos, não poucos” e “revelações em seu
tempo” e seremos abençoados para recebê-los. Essa orientação pessoal e
particular vinda de nosso amoroso Pai Celestial é uma fonte suprema de
segurança, luz e alegria.
O lar é o lugar ideal para aprender, ensinar e aplicar os princípios do
evangelho. Os profetas modernos exortam as famílias a darem o máximo de
prioridade à oração familiar, à noite familiar, ao estudo e ensino do evangelho
e às atividades familiares salutares.
O Presidente David O. McKay resumiu o papel das ordenanças do
sacerdócio e da obediência solícita no que se refere ao poder de tornar-se.
Qual é a glória suprema de um homem nesta Terra no tocante a suas
realizações pessoais? É o caráter — um caráter formado por meio da
obediência às leis da vida conforme reveladas pelo evangelho de Jesus Cristo,
que veio ao mundo para que tivéssemos vida e a tivéssemos com abundância
(ver João 10:10). A principal preocupação do homem na vida não deve ser a
aquisição de ouro, fama ou bens materiais. Não deve ser o desenvolvimento
de força física nem capacidade intelectual, mas seu objetivo maior na vida
deve ser o desenvolvimento de um caráter cristão” (Ensinamentos dos
Presidentes da Igreja: David O. McKay, p. 240).

Guarda os mandamentos! Guarda os mandamentos!


Seguro estarás e em paz, sim, em paz.
Deus te promete as ricas bênçãos.
Diz o profeta: Guarda os mandamentos!
Seguro estarás e em paz.
“Guarda os Mandamentos”, Hinos, p. 194.

Leituras Correlatas
1. Boyd K. Packer, “A Honra e Ordem do Sacerdócio”, A Liahona,
junho de 2012, p. 28.

2. D. Todd Christofferson, “O Poder dos Convênios”, A Liahona, maio


de 2009, p. 19.

3. Dallin H. Oaks, “Bom, Muito Bom, Excelente”, A Liahona,


novembro de 2007, p. 104.
4. Neal A. Maxwell, “The Pathway of Discipleship”, Serão na BYU, 4
de janeiro de 1998. Disponível em inglês no site speeches.byu.edu.

5. James E. Faust, “‘The Great Imitator,’” Ensign, novembro de 1987,


pp. 33–36.

6. Neal A. Maxwell, “Meekly Drenched in Destiny”, Serão na BYU, 5


de setembro de 1982. Disponível em inglês no site speeches.byu.edu.

7. Bruce R. McConkie, “The Doctrine of the Priesthood”, Ensign, maio


de 1982, pp. 32–34.

8. Boyd K. Packer, “Crocodilos Espirituais”, A Liahona, outubro de


2002, p. 8.

9. J. Reuben Clark Jr., “The Priesthood”, Conference Report, abril de


1953, pp. 52–56.

10. C. S. Lewis, Mere Christianity.

Pondere:
O que posso e devo fazer para receber mais plenamente na vida “o poder
da divindade”?
Pondere:
O que estou aprendendo sobre o papel das ordenanças do sacerdócio no
que se refere a “[vir] a Cristo e [ser aperfeiçoado] Nele”?

Pondere:
De que maneira “mandamentos, não poucos” influenciam meu
discipulado?
Minhas Próprias Questões a Ponderar

Escrituras Relacionadas ao Que Estou Aprendendo

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Um Convite para Aprender, Agir e


Tornar-se
Que outras doutrinas e outros O que posso e Como saberei se
princípios, desde que bem entendidos, devo fazer para estou progredindo
me ajudariam a convidar agir de acordo em meu empenho
adequadamente para minha vida o com essas de me tornar mais
poder da divindade por meio das doutrinas e esses semelhante ao
ordenanças do sacerdócio? princípios? Salvador?

Um Convite para Aprender, Agir e


Tornar-se
Que outras doutrinas e outros O que posso e Como saberei se
princípios, desde que bem entendidos, devo fazer para estou progredindo
me ajudariam a convidar agir de acordo em meu empenho
adequadamente para minha vida o com essas de me tornar mais
poder da divindade por meio das doutrinas e esses semelhante ao
ordenanças do sacerdócio? princípios? Salvador?
Um Convite para Aprender, Agir e
Tornar-se
Que outras doutrinas e outros O que posso e Como saberei se
princípios, desde que bem entendidos, devo fazer para estou progredindo
me ajudariam a convidar agir de acordo em meu empenho
adequadamente para minha vida o com essas de me tornar mais
poder da divindade por meio das doutrinas e esses semelhante ao
ordenanças do sacerdócio? princípios? Salvador?

Debate Com as Mulheres

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Capítulo 4

O Poder de Tornar-se e Perseverar Valentemente


É aqui na mortalidade que traçamos nosso curso e começamos a tornar-
nos o que seremos, por fim, na eternidade. O nosso segundo estado (ver
Abraão 3:26) não é uma experiência probatória a ser tolerada com relutância
e de má vontade. Em vez disso, a escritura afirma que podemos “prosseguir
com firmeza em Cristo, tendo um perfeito esplendor de esperança e amor a
Deus e a todos os homens. Portanto, se assim prosseguirdes, banqueteando-
vos com a palavra de Cristo, e perseverardes até o fim, eis que assim diz o
Pai: Tereis vida eterna” (2 Néfi 31:20; grifo do autor).

“Todos os tronos e domínios, principados e poderes serão revelados


e concedidos a todos os que tiverem perseverado valentemente por
causa do evangelho de Jesus Cristo” (Doutrina e Convênios 121:29;
grifo do autor).

“Meu filho, paz seja com tua alma; tua adversidade e tuas aflições
não durarão mais que um momento;

E então, se as suportares bem, Deus te exaltará no alto; triunfarás sobre


todos os teus inimigos” (Doutrina e Convênios 121:7–8; grifo do autor).

“E sabemos que todos os homens precisam arrepender-se e crer no


nome de Jesus Cristo e adorar ao Pai em seu nome e perseverar com fé
em seu nome até o fim; do contrário não podem ser salvos no reino de
Deus” (Doutrina e Convênios 20:29; grifo do autor).

“E ouvi a voz do Pai, dizendo: Sim, as palavras do meu Amado são


verdadeiras e fiéis. Quem perseverar até o fim, esse será salvo.

E agora, meus amados irmãos, sei por isso que, a menos que o homem
persevere até o fim, seguindo o exemplo do Filho do Deus vivente, não
poderá ser salvo” (2 Néfi 31:15–16; grifo do autor).
“Digo-vos que se haveis adquirido conhecimento da bondade de
Deus e de seu incomparável poder e de sua sabedoria e de sua paciência
e de sua longanimidade para com os filhos dos homens; e também da
expiação que foi preparada desde a fundação do mundo, a fim de que,
por ela, a salvação possa vir para aquele que puser sua confiança no
Senhor e guardar diligentemente seus mandamentos e perseverar na fé
até o fim da vida, quero dizer, a vida do corpo mortal —

Eu digo que este é o homem que recebe a salvação, por meio da


expiação que foi preparada desde a fundação do mundo para toda a
humanidade que existiu, desde a queda de Adão, ou que existe ou que existirá
até o fim do mundo” (Mosias 4:6–7; grifo do autor).

“Isto porém, posso dizer-vos: se não tomardes cuidado com vós


mesmos e vossos pensamentos e vossas palavras e vossas obras; e se não
observardes os mandamentos de Deus nem continuardes tendo fé no que
ouvistes concernente à vinda de nosso Senhor, até o fim de vossa vida,
perecereis. E agora, ó homem, lembra-te e não pereças” (Mosias 4:30;
grifo do autor).

“Contudo, o que permanecer na fé e fizer minha vontade, vencerá;


e, quando vier o dia da transfiguração, receberá uma herança na Terra”
(Doutrina e Convênios 63:20; grifo do autor).

“Persevera nestas coisas até o fim e terás uma coroa de vida eterna
à direita de meu Pai, que é cheio de graça e verdade” (Doutrina e
Convênios 66:12; grifo do autor).

“Procura trazer à luz e estabelecer minha Sião. Guarda meus


mandamentos em todas as coisas.

E se guardares meus mandamentos e perseverares até o fim, terás vida


eterna, que é o maior de todos os dons de Deus” (Doutrina e Convênios 14:6–
7; grifo do autor).
“Aquele que for fiel e perseverar vencerá o mundo” (Doutrina e
Convênios 63:47; grifo do autor).

A palavra valente deriva do radical em Latim valere — “ser forte”.


Portanto, perseverar valentemente denota possuir ou demonstrar
constante comprometimento, coragem e determinação “com o correr do
tempo” (Moisés 7:21). Devemos prosseguir e atuar como agentes e não
esperar passivamente como objetos que esperam receber a ação.
Devemos perseverar valentemente, e bem, e com fé no Senhor Jesus
Cristo. O poder de tornar-se inclui uma persistência tolerante e
disciplinada para suportar tanto o bem como o mal de nossa existência
mortal.

O Élder Neal A. Maxwell explicou-nos: “Por melhor que tenha sido a


experiência espiritual de ontem, ela, porém, não nos livra de uma recaída
amanhã. Por isso, a persistência é tão importante. Mais pessoas do que
supomos, por exemplo, já tiveram experiências espirituais celestiais e
afastaram-se logo depois ou, o que é mais frequente, estacionaram à beira da
estrada, ainda que sua intenção tenha sido apenas descansar um pouco.
Portanto, é sábia a ênfase em suportar bem até o final, simplesmente
porque o risco existe até o final! Ao suportarmos bem até o final, poderemos,
por exemplo, ver felicidade em meio à pobreza e ver gratidão mesmo sem
plenitude. Poderemos até ver mansidão em meio à injustiça. Ninguém vê a
‘raiz de amargura brotando’ nos discípulos que perseveram (Hebreus 12:15)”
(If Thou Endure It Well, p. 122).

Um Modelo em Todas as Coisas


Na revelação recebida por meio do Profeta Joseph Smith em junho de
1831, o Senhor declarou: “E também eu vos darei um modelo em todas as
coisas, para que não sejais enganados; porque Satanás está solto na terra,
enganando as nações” (Doutrina e Convênios 52:14). Observem a seguinte
sentença nesse versículo: “um modelo em todas as coisas”.
Um modelo é um guia ou um padrão. Os modelos são usados no corte e
costura, nos trabalhos com madeira e metal e em uma ampla variedade de
outros passatempos, atividades e trabalhos produtivos. Os modelos ajudam a
evitar o desperdício e desvios indesejados e facilitam a obtenção da
uniformidade que é adequada e benéfica. Imaginem a dificuldade de costurar
uma camisa ou fazer uma peça de mobiliário sem o devido modelo.
Os modelos espirituais vitais são evidentes na vida do Salvador, nas
escrituras e nos ensinamentos dos profetas e apóstolos vivos. Esses modelos
espirituais são agora e sempre foram auxílios importantes para o
discernimento e fontes essenciais de direção e proteção para os santos dos
últimos dias que são fiéis. E os modelos espirituais são essenciais para evitar
os enganos que são tão comuns no mundo de hoje.
Um modelo vigoroso usado pelo Senhor para levar Sua obra adiante e
guiar os filhos do Pai Celestial na Terra é o das “coisas pequenas e simples”.

“Mas eis que te digo que é por meio de coisas pequenas e simples
que as grandes são realizadas; e pequenos meios muitas vezes
confundem os sábios” (Alma 37:6).

“Portanto não vos canseis de fazer o bem, porque estais lançando o


alicerce de uma grande obra. E de pequenas coisas provém aquilo que é
grande” (Doutrina e Convênios 64:33).

Esse modelo é especialmente importante para os discípulos fiéis do


Salvador que lutam a fim de perseverar valentemente até o final.

Muitas pessoas em nosso mundo contemporâneo são atraídas por


promessas de grandes resultados que ocorrem rapidamente e de uma só vez.
Considerem, por exemplo, todo o dinheiro gasto em bilhetes de loteria.
Pensem nas mensagens de propagandas que já viram, que prometem perda de
peso imediato, saúde instantânea, crescimento rápido dos cabelos e uma
aparência mais jovem em apenas quatorze dias. E até ouvimos que cinco
passos rápidos e fáceis podem ajudar-nos a crescer espiritualmente em apenas
três semanas. Somos constantemente bombardeados por mensagens das mais
diversas fontes que promovem uma satisfação instantânea ou um desempenho
espetacular que vai impressionar sua família e seus amigos.
Da mesma forma, na vida pré-mortal, o adversário fez uma campanha
sensacional, prometendo resultados surpreendentes: “E eu, o Senhor Deus,
falei a Moisés, dizendo: Aquele Satanás a quem tu deste ordem em nome de
meu Unigênito é o mesmo que existiu desde o princípio; e ele apresentou-se
perante mim, dizendo: Eis-me aqui, envia-me; serei teu filho e redimirei a
humanidade toda, de modo que nenhuma alma se perca; e sem dúvida eu o
farei; portanto dá-me a tua honra” (Moisés 4:1). Mas a promessa grandiosa de
Lúcifer era oca e vazia, pois ele “[procurou] destruir o arbítrio do homem”
(Moisés 4:3).
Em contraste ao que tanto observamos no mundo, o Senhor tem, por
característica, ministrar “um por um’” (3 Néfi 11:15). Ele permite que
aprendamos “linha sobre linha, preceito sobre preceito, um pouco aqui e um
pouco ali” (2 Néfi 28:30). E Ele realiza Sua obra ao levar a efeito grandes
coisas por meios pequenos e simples.
Acredito que muitas, se não todas as realizações memoráveis em nosso
lar, na Igreja, no trabalho, na carreira e em nossa comunidade serão o produto
desse importante padrão espiritual — das coisas pequenas e simples.
Devemos encontrar grande consolo no fato de que pessoas comuns que, com
fidelidade, diligência e constância fazem coisas pequenas que são corretas
diante de Deus terão resultados extraordinários ao buscarem adequadamente
o poder de tornar-se.
Os exemplos a seguir ilustram essa verdade.
Exemplo 1: Conversão e Contribuição
Luke Syphus e Christiana Long nasceram, respectivamente, em 1827 e
1832, e viveram na Inglaterra. Tanto Luke como Christiana aceitaram e
estudaram o evangelho restaurado de Jesus Cristo e foram batizados. Depois
que se converteram, conheceram-se, namoraram e casaram-se no Dia de
Natal de 1851. Aproximadamente um ano depois do casamento, embarcaram
no navio Java e partiram para a Austrália.
Na viagem, que durou cinco meses, Luke e Christiana fizeram amizade
com Joseph e Adelaide Ridges. O casal Ridges, da mesma forma, estava
imigrando para a Austrália, deixando o país de origem, a Inglaterra. Quando
o navio chegou a seu destino, em abril de 1853, as famílias Syphus e Ridges
moraram e trabalharam juntas em Pennant Hills, cerca de 24 quilômetros a
noroeste de Sydney.
Luke e Christiana apresentaram o evangelho restaurado de Jesus Cristo a
Joseph e Adelaide. Durante a viagem saindo da Inglaterra, a família Ridges
passou a ter grande admiração por Luke e Christiana, devido a seus bons
hábitos, sua gentileza e seu exemplo de força e devoção quando o casal
Syphus teve de enfrentar a tristeza da perda do primeiro filho. Luke
emprestou a Joseph um exemplar do Livro de Mórmon e um texto com os
ensinamentos do Élder Orson Pratt. Tanto Joseph como Adelaide vieram por
fim a convencer-se da veracidade do evangelho e foram batizados em 1853
(verDeseret News, 16 de fevereiro de 1901).
Desde a infância, Joseph Ridges era fascinado por uma fábrica de órgãos
perto de sua casa, na Inglaterra. Ele passava longas horas observando e
aprendendo como os órgãos eram construídos. Em seu tempo livre na
Austrália e usando a habilidade desenvolvida na Inglaterra, Joseph começou a
construir um pequeno órgão de sete tubos. O presidente de missão, Augustus
Farnham, sugeriu que o irmão Ridges doasse o órgão à Igreja, em Salt Lake
City. Joseph concordou e, com a ajuda de membros e missionários,
desmontou o órgão, separou as partes em seis grandes caixas de estanho e
colocou o instrumento no porão de um grande veleiro, o Jenny Lind. Em
1856, aproximadamente 120 pessoas entraram na embarcação e rumaram
para Utah, inclusive as famílias Ridges e Syphus e o órgão que Joseph
construíra.
Depois de chegarem à Califórnia, o órgão foi transportado por parelhas
de mulas através do deserto, chegando a Salt Lake City em junho de 1857. O
irmão Ridges instalou o pequeno órgão no antigo tabernáculo de tijolos de
barro na Praça do Templo, onde fica hoje o Assembly Hall. Aquele
instrumento simples foi o precursor de um grande órgão construído
posteriormente pelo mesmo irmão Ridges.
A construção começou em meados de 1860, no tabernáculo que hoje
vemos na Praça do Templo. Brigham Young perguntou a Joseph, que na
ocasião era fazendeiro em Provo, se ele construiria um órgão maior para o
novo edifício. O irmão Ridges disse que sim, e começou a trabalhar. O novo
instrumento, por fim, viria a ter dois teclados, 27 pedais, 35 botões de parada
e aproximadamente 2.000 tubos; e teria cerca de seis metros de comprimento,
nove de largura e doze de altura. Foram necessários mais de dez anos para o
órgão ficar pronto.
Nesse exemplo testemunhamos o poder de um modelo espiritual
profundo: coisas pequenas e simples fazem com que as grandes sejam
realizadas. Os atos de bondade, de boa influência e de amor cristão
demonstrados por Luke e Christiana foram fundamentais para a conversão de
Joseph e Adelaide. E aquele órgão pequeno e simples, trazido da Austrália,
foi o precursor do magnífico órgão do Tabernáculo, um dos ícones atuais de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Nenhum resultado
grandioso aconteceu rápida ou inesperadamente. Em vez disso, foi por meio
de coisas pequenas e simples que as grandes foram realizadas.
Exemplo 2: Fé no Salvador
Durante o tempo em que fui presidente de estaca, conheci um homem
que aceitou a mensagem da Restauração, foi batizado e recebeu o dom do
Espírito Santo e foi confirmado membro da Igreja. Ele também recebeu o
Sacerdócio Aarônico e foi ordenado ao ofício de sacerdote. Por ser militar
reformado e ter enfrentado muitos eventos e muitas circunstâncias difíceis na
vida, era um homem de coragem e bravura. O curioso, contudo, é que esse
homem valoroso, em seu ofício de sacerdote à mesa do sacramento, morria
de medo de oferecer a oração dos emblemas do sacramento diante da
congregação. O temor que o acometia era intenso e quase paralisante. Mas ele
orou pedindo ajuda, preparou-se e treinou. Sua fé simples no Senhor ficou
evidente em sua ação: suas orações, sua preparação e seu treino.
Por várias semanas, ele se retirava para um local isolado próximo a sua
casa, ajoelhava-se reverentemente e treinava as bênçãos do pão e da água.
Repetiu a prática muitas, muitas vezes. Ele foi abençoado com o dom da fé na
superação de seu medo até que, um dia, disse ao presidente do ramo que
estava pronto para assumir sua responsabilidade diante da mesa do
sacramento. O presidente do ramo ligou para mim depois da reunião
sacramental na qual esse homem abençoou o sacramento pela primeira vez.
Disse não ter palavras para descrever a expressão de felicidade e alegria
estampada no semblante daquele bom homem, quando foi sentar-se ao lado
da família depois de realizar a ordenança do sacramento.
A determinação fiel, as orações sinceras e a firme persistência
produziram um resultado espiritual aparentemente comum, mas na verdade
extraordinário para esse irmão e sua família. É por meio de coisas pequenas e
simples que as grandes são realizadas.
Exemplo 3: Serviço Abnegado
Nossos filhos frequentavam o seminário matinal às 6h, e as aulas eram
ministradas na capela da nossa ala. A ala cobria uma extensa área geográfica,
e muitos alunos do seminário viajavam de madrugada com os pais longas
distâncias para poderem participar.
Certa manhã, levei meu filho mais velho até a capela para a aula do
seminário. Quando ele abriu a porta para sair do carro, vi uma jovem mãe
sentada no banco do motorista de uma van estacionada ao nosso lado.
Também pude ouvir sons estranhos vindo da parte de trás da van. Eu sabia
que aquela boa irmã morava a aproximadamente 45 minutos da capela; decidi
então sair do carro e verificar se havia algo errado com a van ou se ela
precisava de algum tipo de ajuda.
Quando ela baixou o vidro para falar comigo, vi seus filhos menores no
assento de trás da van; uns estavam comendo salgadinhos e outros estavam
brincando ou desenhando. E eu, sem um pingo de tato, perguntei: “Por que
cargas d’água você está aqui a esta hora da manhã com todas essas crianças?”
Ela simplesmente sorriu para mim; e antes que ela pudesse me responder, eu
já sabia a resposta. O emprego do marido forçava-o a ausentar-se de casa de
segunda a sexta-feira todas as semanas. O filho mais velho tinha idade para ir
ao seminário, mas não para dirigir um carro. Na pequena comunidade onde a
família morava, não havia outros membros da Igreja com quem ela pudesse
combinar um esquema de caronas. Assim, a cada manhã, bem cedo, ela
acordava todos os filhos, aprontava-os e trazia-os consigo até a capela, para
que o mais velho pudesse frequentar o seminário. A mãe e os outros filhos
esperavam na van, brincando de escolinha até o final da aula do seminário.
Essa era a única maneira pela qual o filho mais velho poderia frequentar o
seminário matinal diariamente e ter condução para ir à escola depois.
Jamais esquecerei o que senti e aprendi quando olhei para o banco de
trás da van e soube por mim mesmo a resposta para a pergunta que fiz àquela
irmã. Essa jovem mãe foi um exemplo extraordinário de serviço abnegado.
Simplesmente, ela se dispôs a fazer tudo o que fosse necessário para que seu
filho recebesse a bênção da instrução no evangelho e da companhia do
Espírito Santo por meio do seminário.
Sinto-me abençoado ao ver pessoas como essas que, no decorrer do
tempo, tornam-se mais semelhantes ao Salvador por meio de seu serviço
abnegado. Existe um poder santificador e purificador que não pode ser
recebido de outra maneira. Por meio de coisas pequenas e simples, as grandes
são realizadas.
Por Que as Coisas Pequenas e Simples Realizam as Grandes?
Reflitam um pouco sobre duas perguntas importantes relacionadas ao
princípio das coisas pequenas e simples:
1. Por que as coisas pequenas e simples realizam as grandes?
2. Por que o modelo espiritual das coisas pequenas e simples que
realizam as grandes é tão importante para aprender e para viver o
evangelho de Jesus Cristo, para perseverar até o fim com fé e diligência, e
para receber o poder de tornar-se?
Aprendemos muito sobre a natureza e a importância desse modelo
espiritual ao examinarmos o processo da formação ou do aumento da
resistência física. Uma das definições de resistência é ter energia e força para
manter o movimento por um longo período de tempo, como durante uma
atividade, um evento, uma doença ou uma situação de mudança. Quando nos
referimos à resistência física, normalmente pensamos em exercícios, esportes,
sessões na academia ou outra atividade desse tipo. Uma grande resistência
física significa essencialmente que o corpo humano consegue suportar dor,
fadiga, estresse e sofrimento com mais facilidade. Em termos simples, a
resistência faz com que a pessoa se exercite por mais tempo sem precisar
descansar.
Em geral, as pessoas seguem passos como os seguintes para aumentar
sua resistência física:
1. Levam uma vida ativa, com uma grande quantidade de exercícios
físicos para aperfeiçoar a saúde.
2. Bebem grande quantidade de água para manter o corpo hidratado.
3. Adotam uma dieta saudável e balanceada, com vegetais variados,
grãos integrais, carnes magras e frutas.
4. Visualizam sua meta.
5. Aumentam gradualmente sua capacidade física até atingir o nível de
desempenho desejado.
Desenvolver resistência física é um processo demorado. O corpo precisa
acostumar-se gradualmente a um nível mais intenso de atividade física a fim
de evitar a “exaustão” nos estágios iniciais do processo. O aumento
deliberado e constante da atividade todos os dias possibilita que o corpo
melhore o uso do oxigênio, aumente a capacidade dos pulmões e fortaleça os
músculos em torno do coração, permitindo-lhe maior rapidez em bombear
mais oxigênio.
O aumento da resistência física requer foco constante e esforço
frequente, em oposição a picos ocasionais ou intermitentes de intensa
atividade. Semelhantemente, se vocês e eu mantivermos nosso foco e formos
constantes para desenvolver nossa capacidade espiritual, poderemos, lenta e
consistentemente, fortalecer nossa mente e nosso coração para discernir,
aceitar e empregar a veracidade do evangelho; poderemos aumentar nossa
capacidade espiritual para detectar e evitar a tentação; e poderemos aumentar
nossa determinação e nossa capacidade de superar, por meio do poder
capacitador da Expiação, quaisquer obstáculos que viermos a encontrar.
O modelo espiritual das coisas pequenas e simples que levam grandes a
serem realizadas produz firmeza e determinação, devoção profunda e uma
conversão mais completa ao Senhor Jesus Cristo e ao Seu evangelho. À
medida que você e eu nos tornarmos cada vez mais firmes e inamovíveis,
ficaremos menos propensos a arrancadas zelosas e exageradas de
espiritualidade seguidas de períodos extensos de negligência. Aqueles que
têm “arrancadas espirituais” são os que têm curtos picos de esforço
espetacular seguidos de períodos frequentes e prolongados de descanso.
Embora um arranque espiritual possa parecer impressionante em curto
prazo, a constância nas coisas pequenas ao longo do tempo é bem mais
eficaz, bem menos perigosa e produz bem melhores resultados. Em última
análise, um jejum de três dias consecutivos pode não ser tão eficaz
espiritualmente como três meses sucessivos de jejum e adoração adequados,
no devido domingo de jejum — uma das muitas coisas pequenas e simples
bem feitas com regularidade. Uma tentativa extrema de orar por cinco horas
seguidas provavelmente não produzirá o mesmo resultado espiritual da
oração significativa feita pela manhã e à noite por cinco semanas — uma das
muitas coisas pequenas e simples bem feitas com regularidade. E uma única e
grandiosa maratona de estudo das escrituras não terá o mesmo impacto
espiritual do estudo constante das escrituras feito por vários meses.
O Presidente Spencer W. Kimball ensinou-nos a respeito da importância
das coisas pequenas e simples para o nosso desenvolvimento e progresso
espiritual. Ao explicar o significado da parábola das dez virgens, ele afirmou:
“As néscias pediram às outras que repartissem seu óleo, mas a
preparação espiritual não pode ser partilhada num instante. As sábias
precisavam partir, ou o noivo não seria bem recebido, e era-lhes necessário
todo o óleo para si mesmas; não podiam salvar as néscias. A responsabilidade
era individual.
Isso não foi egoísmo nem indelicadeza. A espécie de óleo que é
necessário para iluminar o caminho e romper a escuridão não é partilhável.
Como é possível partilhar a obediência ao princípio do dízimo, a mente
tranquila por um viver digno, ou o conhecimento acumulado? Como pode
alguém partilhar a fé e o testemunho? Como pode alguém partilhar as atitudes
e a castidade, ou as experiências de uma missão? Como pode alguém
partilhar os privilégios das ordenanças do templo? Cada um deve obter essa
espécie de óleo por si mesmo.
As virgens néscias não eram avessas à compra de óleo, e sabiam que
deviam tê-lo em reserva. Elas simplesmente deixaram para a última hora, não
sabendo quando chegaria o noivo.
Na parábola, o óleo podia ser comprado no mercado. Em nossa vida, o
óleo da preparação é acumulado gota a gota por meio de um viver digno. A
frequência à reunião sacramental acrescenta óleo a nossa lâmpada, gota a
gota, ao longo dos anos. O jejum, a oração familiar, o ensino familiar, o
controle dos apetites carnais, a pregação do evangelho, o estudo das
escrituras — cada um desses atos de dedicação e obediência é uma gota
acrescentada a nossa reserva. Nossos atos de bondade, o pagamento de
ofertas e dízimos, os pensamentos e atos castos e o casamento no convênio
para a eternidade também configuram uma importante contribuição para o
óleo com o qual poderemos, à meia-noite, reabastecer nossas lâmpadas
exauridas” (Faith Precedes the Miracle [A Fé Precede o Milagre], pp. 255–
256).
A lição mais importante que devemos aprender com a parábola das dez
virgens é que a preparação e o desempenho deliberado e constante alimentam
nossas lâmpadas com o óleo necessário. É por meio de coisas pequenas e
simples que as grandes são realizadas.
O Élder Neal A. Maxwell explicou-nos: “A constância deliberada é mais
eficaz do que os arranques que são seguidos por negligência. Além disso,
estaremos menos propensos ao desgaste se persistirmos com prudência em
vez de usar uma combinação de esforço e repouso extremos. Talvez
queiramos, às vezes, compensar essa exaustão com um descanso temporário
que acaba virando permanente; em geral fazemos isso ao pensar em tudo o
que já fizemos até agora, e que, com certeza, está na hora de outros também
fazerem sua parte” (Wherefore, Ye Must Press Forward, p. 74).
Do ponto de vista do evangelho, precisamos manter o foco e a
consistência para edificar sabiamente nossa resistência espiritual e evitar os
picos espirituais esporádicos e superficiais. Podemos evitar ou superar os
picos espirituais insustentáveis ao usar o modelo do Senhor das coisas
pequenas e simples e ao tornar-nos discípulos valentes e resistentes
espiritualmente — abençoados com a capacidade de perseverar até o fim com
fé no Salvador.

Perseverar Valentemente — Princípios Básicos


Dois princípios básicos podem abençoar e fortalecer-nos enquanto nos
esforçamos para prosseguir com firmeza e perseverar valentemente: (1)
entender nossa identidade divina; e (2) discernir o intento do nosso inimigo.
Entender Nossa Identidade Divina
O Élder John A. Widtsoe declarou: “A segunda pergunta mais
importante da vida foi feita pelo antigo Salmista: ‘Que é o homem mortal
para que te lembres dele?’ Em importância, essa questão só fica abaixo da
que se refere à natureza de Deus. A incapacidade de responder a essa
pergunta já derrubou fiéis devotos. A resposta correta já levou homens e
nações a edificarem um futuro com segurança. A fé é mais eficaz quando
acompanhada pela compreensão do relacionamento entre o homem e a
Trindade. A solução para o trágico caos do mundo, para o terror da pobreza,
da doença e da guerra precisa ser iluminada pela compreensão da natureza e
do destino do homem” (Conference Report, outubro de 1936, p. 97).
“A Família: Proclamação ao Mundo” é um presente oportuno de um Pai
amoroso para Seus filhos, entregue pelos apóstolos e profetas dos últimos
dias, a respeito do conhecimento da nossa identidade divina. Ele nunca nos
deixou sós para que adivinhássemos o que mais importa na vida, e Ele nos
ajuda a saber quem somos, como Seus filhos, e tudo o que podemos nos
tornar.
A Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos proclamaram:
“O casamento entre homem e mulher foi ordenado por Deus e (…) a
família é essencial ao plano do Criador para o destino eterno de Seus filhos.
Todos os seres humanos — homem e mulher — foram criados à
imagem de Deus. Cada indivíduo é um filho (ou filha) gerado em espírito por
pais celestiais que o amam e, como tal, possui natureza e destino divinos. O
sexo [masculino e feminino] é uma característica essencial da identidade e do
propósito pré-mortal, mortal e eterno de cada um.
Na esfera pré-mortal, os filhos e filhas que foram gerados em espírito
conheciam e adoravam a Deus como seu Pai Eterno e aceitaram Seu plano,
segundo o qual Seus filhos poderiam obter um corpo físico e adquirir
experiência terrena, a fim de progredirem rumo à perfeição, terminando por
alcançar seu destino divino como herdeiros da vida eterna. O plano divino de
felicidade permite que os relacionamentos familiares sejam perpetuados além
da morte. As ordenanças e os convênios sagrados dos templos santos
permitem que as pessoas retornem à presença de Deus e que as famílias
sejam unidas para sempre” (“A Família: Proclamação ao Mundo”).
É importante notar que os primeiros três parágrafos da proclamação
respondem às perguntas mais importantes da vida, como definidas pelo Élder
Widtsoe. Obviamente, o estudo e a ponderação da doutrina contida na
proclamação ajudarão cada um de nós a entender melhor a resposta à
pergunta “Que é o homem mortal para que te lembres dele?” (Salmos 8:4) e
proverão uma “âncora para [nossa] alma” (Éter 12:4) em meio a tempos tão
trabalhosos e confusos.
Conhecer e entender nossa identidade divina como filhos de um Pai
Celestial amoroso deve influenciar tudo o que se refira ou que se relacione a
nós — o que pensamos, o que fazemos, aonde vamos, o que comemos, o que
bebemos, o que vestimos e inúmeras outras decisões e ações. Cada aspecto de
nossa vida é influenciado pelo entendimento correto de quem somos e da
responsabilidade que temos de ser leais a nossa realeza intrínseca. Essa
verdade fundamental é essencial para perseverarmos valentemente até o fim e
tornarmo-nos tudo o que o Pai e o Filho anseiam que nos tornemos.
O entendimento de quem e do que somos, como filhos de Deus, nunca
foi mais importante nem mais necessário do que hoje. Visto que o adversário
sempre direciona seus ataques mais violentos contra as doutrinas, os
convênios e as ordenanças que têm maior valor eterno, não é surpresa ver que
um dos principais alvos de Lúcifer é a verdade a respeito da natureza e do
destino do homem.
O Presidente Boyd K. Packer enfatizou: “Ainda não foi revelado um
ideal maior que a verdade suprema de que somos filhos de Deus e diferimos,
em virtude de nossa criação, de todos os demais seres viventes. (…)
Nenhuma ideia foi tão destrutiva da felicidade, nenhuma filosofia produziu
tanta tristeza, tanto sofrimento e tanto engano, nenhuma ideia fez tanto para
destruir a família quanto a ideia de que não somos a progênie de Deus, mas
sim, animais evoluídos, compelidos a ceder a todo desejo carnal” (“Our
Moral Environment”, p. 67; grifo no original).
Deus é o regente supremo do universo e o Pai da humanidade. Quando
falamos de Deus, referimo-nos, em geral, ao Pai, e toda a humanidade é Sua
progênie. O gênero humano tem um relacionamento especial com Deus que
diferencia homens e mulheres de todas as outras criaturas; nós somos
literalmente descendência de Deus, feitos à Sua imagem, ao passo que as
outras coisas são resultado do trabalho de Suas mãos (ver Bible Dictionary,
verbete “God”, pp. 681–682).
A natureza desse relacionamento entre Deus e Seus filhos destaca-se em
A Pérola de Grande Valor, no primeiro capítulo do livro de Moisés. Nesse
capítulo, Deus revela-Se para Moisés e conversa com ele.
“As palavras de Deus, que ele disse a Moisés, numa ocasião em que
Moisés foi arrebatado a uma montanha sumamente alta;
E viu Deus face a face e falou com ele e a glória de Deus estava sobre
Moisés; portanto Moisés podia suportar sua presença” (Moisés 1:1–2).
No versículo três, Moisés começa a aprender as respostas para as
perguntas mais importantes da vida — a pergunta sobre a identidade e a
natureza de Deus. E na primeira linha do versículo quatro, começa a aprender
a resposta para a segunda pergunta mais importante da vida, isto é, “Que é o
homem?” (Salmos 8:4).
“E Deus falou a Moisés, dizendo: Eis que eu sou o Senhor Deus Todo-
Poderoso; e Infinito é meu nome, pois eu sou sem princípio de dias ou fim de
anos; e não é isso infinito?
E eis que tu és meu filho; portanto olha e mostrar-te-ei as obras de
minhas mãos” (Moisés 1:3–4; grifo do autor).
A identidade de Moisés como filho de Deus é reiterada com vigor nos
versículos seis e sete.
“E tenho uma obra para ti, Moisés, meu filho; e tu és à semelhança de
meu Unigênito; e meu Unigênito é e será o Salvador, pois ele é cheio de
graça e verdade. (…)
E agora, eis que te mostro isto, Moisés, meu filho (…) ” (Moisés 1:6–7;
grifo do autor).
Deus identifica Moisés como Seu filho por três vezes.
A transfiguração se encerra, a glória de Deus já não estava sobre
Moisés, e ele foi deixado sozinho.
“E aconteceu que se passaram muitas horas antes que Moisés recobrasse
sua força natural como homem; e disse a si mesmo: Ora, por esta razão sei
que o homem nada é, coisa que nunca havia imaginado.
Mas agora meus próprios olhos contemplaram Deus; não, porém, meus
olhos naturais, mas, sim, meus olhos espirituais, porque meus olhos naturais
não poderiam ter contemplado; pois eu teria fenecido e morrido em sua
presença; mas sua glória estava sobre mim e eu contemplei sua face, pois fui
transfigurado diante dele” (Moisés 1:10–11).
“E aconteceu que, quando Moisés pronunciou essas palavras, eis que
Satanás veio tentá-lo, dizendo: Moisés, filho de homem, adora-me” (Moisés
1:12). Em essência, o adversário desafia o entendimento de Moisés a respeito
de sua identidade e seu potencial divinos: Você não é realmente filho de
Deus, Moisés. Você é só um homem. Não há absolutamente nada de divino
ou de distinção em sua descendência.
“E aconteceu que Moisés olhou para Satanás e disse: Quem és tu? (…)
Pois eis que sou um filho de Deus, à semelhança de seu Unigênito; e onde
está tua glória, para que te adore?
Pois eis que eu não poderia olhar para Deus, a não ser que sua glória
estivesse sobre mim e eu fosse transfigurado perante ele. Mas posso olhar
para ti como homem natural. Não é certamente assim?” (Moisés 1:13-14;
grifo do autor).
Faz todo sentido que Moisés confie no conhecimento de que ele é filho
do Pai Celestial, como fonte principal de proteção, e em sua experiência com
a glória de Deus para repudiar a alegação de Satanás.
E Moisés continua:
“Vai-te, Satanás, não me enganes; pois Deus me disse: Tu és à
semelhança de meu Unigênito. (…)
E também Moisés disse: Não cessarei de invocar a Deus, porque tenho
outras coisas a perguntar-lhe, pois sua glória tem estado sobre mim; portanto
posso discernir entre ele e ti. Retira-te daqui, Satanás” (Moisés 1:16, 18).
É Claro que Satanás tenta Moisés pela segunda vez.
“E então, quando Moisés pronunciou essas palavras, Satanás clamou
com alta voz e bramou sobre a terra e ordenou, dizendo: Eu sou o Unigênito;
adora-me.
E aconteceu que Moisés começou a temer muito; e ao começar a temer,
viu a amargura do inferno. Não obstante, clamando a Deus recebeu forças e
ordenou, dizendo: Retira-te de mim, Satanás, porque somente a este único
Deus adorarei, o qual é o Deus de glória” (Moisés 1:19–20).
Então, Satanás começa a tremer e por fim se retira.
Esse relato é muito instrutivo. O que exatamente capacitou Moisés a
resistir aos ardentes dardos do adversário? Como foi capaz de enfrentar a
influência do grande enganador? Moisés sabia qual era sua identidade divina:
sabia que era filho de Deus. E uma força protetora flui do correto
entendimento de quem somos, de nosso relacionamento com Deus e de nosso
propósito mortal e destino eterno.
A tática de Lúcifer ainda é exatamente a mesma, hoje. Seu desafio
fundamental e direto continua o mesmo: Você não é quem pensa que é. Você
não é aquilo que lhe ensinaram. Você não é realmente um filho ou uma filha
de Deus. Moisés foi abençoado e protegido precisamente porque aprendeu,
entendeu e lembrou-se de quem era.
Nos dias de hoje, as investidas contra o fato de Deus ser nosso Pai e de
que nós, Seus filhos, somos irmãos e irmãs, passaram a ser cada vez mais
frequentes, mais acintosas, mais diretas e mais sofisticadas. Por exemplo,
vivemos em uma época e em sociedades nas quais os poderes da procriação
concedidos a nós por um Pai amoroso são vistos cada vez mais como um
apetite egoísta e animalístico a ser satisfeito “aqui e agora”, em vez de serem
vistos como um privilégio e uma responsabilidade sagrada com
consequências eternas. Vivemos em uma época em que a unidade familiar
composta por pai, mãe e filhos, uma das características centrais do plano
eterno de felicidade criado pelo Pai, é vista por muitos como antiquada e
obsoleta. E vivemos em uma época em que mencionar o nome de Deus, o Pai
Eterno, e de Seu Filho Amado, Jesus Cristo, é cada vez mais controverso em
ambientes públicos. Apesar dessas influências e dessa oposição, podemos
permanecer firmes e fortes ao nos lembrarmos sempre da nossa identidade
divina e ao nos esforçarmos por ser leais a nossa realeza intrínseca.
O quarto capítulo de Mateus, no Novo Testamento, contém outra lição
vigorosa sobre os ataques e as estratégias enganosas de Satanás contra nossa
identidade divina. Enquanto o Salvador Se preparava para Seu ministério
mortal, Ele jejuou por quarenta dias e quarenta noites. (As correções a esse
texto, contidas na Tradução da Bíblia por Joseph Smith, foram inseridas entre
colchetes nos versículos relevantes.)
“E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites [e estado em
comunhão com Deus], depois teve fome; [e foi tentado pelo diabo.]
E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda
que estas pedras se tornem em pães.
Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o
homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
“Então [Jesus foi transportado à cidade santa, e o Espírito colocou-o
sobre o pináculo do templo];
[E o diabo se achegou a ele e disse]: Se tu és o Filho de Deus, lança-te
de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu
respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra.
(…)
[E novamente, Jesus estava no Espírito e este o transportou] a um monte
muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles.
[E o diabo achegou-se a ele novamente e disse-lhe]: Tudo isto te darei
se, prostrado, me adorares.
Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor
teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mateus 4:2–10; grifo do autor).
Em nosso estudo individual e nas várias aulas de que participamos na
Igreja aprendemos que o pão descrito nesses versículos pode representar as
tentações dos desejos e apetites físicos; que “lança-te de aqui abaixo” pode
simbolizar a tentação de ganhar reconhecimento e preeminência no mundo; e
que os reinos do mundo e a glória deles podem significar as tentações da
riqueza, do poder, do cargo e do prestígio.
Observem, contudo, que as três tentações a que nos referimos
frequentemente nesse relato são secundárias por natureza; elas não são
principais. O desafio abrangente e fundamental feito ao Salvador em cada um
desses três confrontos está contido na sarcástica proposição: “Se tu és o Filho
de Deus”. A estratégia de Satanás, na essência, era desafiar o Filho de Deus a
demonstrar indevidamente Seus poderes divinais e, assim, esquecer quem
era. A provocação do adversário visava levá-lo a voltar-Se para Si mesmo —
alimentar a Ti mesmo, buscar reconhecimento para Ti mesmo, obter tesouros
mundanos para Ti mesmo. Mas o caráter de Cristo é sempre voltar-se para
fora, em amor e serviço aos outros e, por isso, Satanás tentou o Salvador para
que traísse Sua identidade divina e agisse contrariamente a Seu caráter,
voltando-Se para Si mesmo. O adversário tentou atacar o entendimento que o
Mestre tinha de quem Ele era e Seu relacionamento com Seu Pai. Portanto,
enquanto o Salvador Se preparava para iniciar e dava início a Seu ministério
mortal, o adversário atacou Seu entendimento das respostas às duas mais
importantes perguntas da vida.
Quando Seu ministério mortal se aproximou do fim, Jesus foi acusado e
condenado diante de Pilatos, foi escarnecido e crucificado. Lembrem-se de
que o Salvador do mundo estava prestes a completar o sacrifício expiatório.
O Senhor tinha sido traído e agredido fisicamente; Ele havia “pisado sozinho
o lagar” (Doutrina e Convênios 76:107). Por causa da agonia no Jardim do
Getsêmani e Sua tortura na cruz, provavelmente não houve nenhum momento
em Seu ministério terreno em que Ele tenha estado mais exausto fisicamente,
mais desgastado espiritualmente e mais exaurido emocionalmente.
Naturalmente, o adversário sabia que só teria uma última chance de frustrar o
plano do Pai e interromper a Expiação. Em vista das condições do Salvador e
da situação desesperadora de Satanás, que tentação e estratégia o malicioso
enganador usaria?
“E foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à
esquerda.
E os que passavam blasfemavam dele, meneando as cabeças,
E dizendo: Tu, que destróis o templo, e em três dias o reedificas, salva-
te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz.
E da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os
escribas, e anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam:
Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel,
desça agora da cruz, e crê-lo-emos.
Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de
Deus.
E o mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele
estavam crucificados” (Mateus 27:38–44; grifo do autor).
O último e mais potente dos ardentes dardos que Lúcifer poderia
arremessar no Salvador, exatamente como havia tentado no início do
ministério mortal do Mestre, tinha por alvo as respostas às duas mais
importantes perguntas da vida. Ao ver todos os seus desígnios diabólicos
prestes a desabarem, Satanás novamente lança o sarcástico desafio de “Se és
Filho de Deus”, “Se Ele é o Rei de Israel”, e “se [o Pai] o ama”. É curioso ver
que, nessa cena final, o desafio sarcástico parte de outras pessoas e não
diretamente do adversário.
Satanás vai usar sem dúvida a mesma estratégia e táticas semelhantes
com cada um de nós, especialmente quando estivermos nos esforçando
valentemente para perseverar em tempos trabalhosos e confusos. Ele vai
tentar nos convencer de que Deus não é nosso Pai Eterno e que, portanto, não
existe a possibilidade de Ele Se preocupar conosco. Entretanto, as escrituras e
os apóstolos e profetas vivos ensinam e testificam que nós realmente somos
filhos de Deus, que “Ele [nos] mandou à Terra, deu-[nos] um lar e pais tão
bons para [nós]” (“Sou Um Filho de Deus”, Hinos, nº 193). Assim como o
Salvador foi fortalecido por meio do entendimento correto de quem Ele era e
qual era Seu relacionamento com o Pai Eterno, da mesma forma podemos nós
ser abençoados e protegidos por causa e por intermédio dessas verdades
eternas.
“Que é o homem mortal para que te lembres dele?” (Salmos 8:4). Somos
filhos e filhas de Deus. “E galardão [teremos]. Se [cumprimos] Sua lei aqui,
Com Ele [viveremos]” (“Sou Um Filho de Deus,” Hinos, nº 193).
Discernir o Intento do Adversário
As lições que podemos aprender com o estudo repetitivo dos capítulos
das guerras contidos no Livro de Mórmon têm grande valor e aplicabilidade
para nós nestes últimos dias, em nossos esforços por perseverar valentemente
até o fim. Inúmeros episódios neste sagrado volume de escrituras realçam a
verdade de que a correta consciência do intento do inimigo leva à devida
preparação para a batalha.
No livro de Alma, por exemplo, lemos como Anlici tenta persuadir seus
seguidores a se rebelarem contra o modelo de governo “pela voz do povo”
(Alma 2:3) e fazer dele rei.
“E aconteceu que o povo se reuniu em toda a terra, cada um segundo a
sua opinião, a favor ou contra Anlici, em grupos separados, havendo muitas
disputas e grandes contendas entre eles.
E assim se reuniram para expressar suas opiniões sobre o assunto; e
apresentaram-nas aos juízes.
E aconteceu que a voz do povo foi contrária a Anlici, de modo que não
foi proclamado rei” (Alma 2:5–7).
Porém a voz do povo não diminuiu as ambições de Anlici.
“Anlici incitou os que estavam a seu favor a encolerizarem-se contra os
que não o apoiavam.
E aconteceu que se reuniram e consagraram Anlici como rei.
Ora, quando Anlici foi proclamado rei, ordenou-lhes que pegassem em
armas contra seus irmãos; e isto fez para poder subjugá-los” (Alma 2:8–10).
Vejam a lição contida nos versículos doze e treze: “Os nefitas, portanto,
sabendo do intento dos anlicitas, prepararam-se para enfrentá-los; sim,
armaram-se com espadas e com cimitarras e com arcos e com flechas e com
pedras e com fundas e com todo tipo de armas de guerra de toda espécie.
E assim estavam preparados para enfrentar os anlicitas, quando
chegassem” (Alma 2:12–13; grifo do autor).
Nos dias de hoje não lutamos com espadas, cimitarras, arcos, flechas e
pedras. Em vez disso, confiamos no poder protetor das ordenanças e dos
convênios sagrados, na “virtude da palavra de Deus” (Alma 31:5), em
“[banquetear-nos] com a palavra de Cristo” (2 Néfi 31:20; 32:3), na oração
individual e familiar, na noite familiar e no serviço consagrado.
Os discípulos dedicados também tomam sobre si “toda a armadura de
Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e
vestida a couraça da justiça;
E calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os
dardos inflamados do maligno.
Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a
palavra de Deus” (Efésios 6:13–17).
Portanto, o fato de conhecer o intento do inimigo é pré-requisito básico
para uma efetiva preparação e nos capacita a mais eficazmente “enfrentar
[nossos oponentes] quando chegarem”. Não temeremos ataques surpresa ou
ser apanhados sem o devido preparo. Aprendemos com os nefitas que ter
ciência de algo, estar preparados e ser oportunos são condições que
proporcionam tanto proteção como paz.
Em outro episódio, Alma e Amuleque proclamaram o evangelho em
Amonia e chamaram o povo ao arrependimento.
“Mas eis que vos digo que, se persistirdes em vossas iniquidades, vossos
dias não serão prolongados na terra, porque os lamanitas serão enviados
contra vós; e se não vos arrependerdes, eles virão num dia em que vós não
sabeis e sereis visitados com total destruição; e isto acontecerá de acordo com
a ardente ira do Senhor” (Alma 9:18; grifo do autor).
Alma advertiu-os de que a iniquidade tolheria a capacidade de percepção
e de preparação dos nefitas. Portanto, a retidão é essencial, se quisermos nos
qualificar para receber as bênçãos de proteção do Senhor.
Alma e seus filhos também continuaram a pregar o evangelho na ocasião
em que alguns zoramitas e nefitas dissidentes se tornaram lamanitas. Morôni,
o líder militar dos nefitas, preparou-se para a batalha contra o crescente
exército dos lamanitas e armou seus guerreiros com uma armadura defensiva
inovadora (ver Alma 43:16–23). Todos os planos e todas as táticas de Morôni
tinham por base sua ciência do intento do inimigo.
“E então, como Morôni sabia da intenção dos lamanitas, que era
destruir seus irmãos ou subjugá-los e torná-los escravos a fim de
estabelecerem um reino para si próprios por toda a terra;
E também sabendo ele que o único desejo dos nefitas era preservar suas
terras e sua liberdade e sua igreja, não considerou pecado, portanto, defendê-
los por meio de estratagemas; assim descobriu, por intermédio de seus espias,
qual o caminho que os lamanitas iriam seguir.
Por essa razão dividiu o exército, levando uma parte para o vale e
ocultando-a a leste e ao sul da colina de Ripla;
E o restante ele ocultou no vale do oeste, a oeste do rio Sidon, e assim
entrando pelas fronteiras da terra de Mânti.
Dessa forma, havendo disposto o exército segundo seu desejo, estava ele
preparado para enfrentá-los” (Alma 43:29–33; grifo do autor).
Observem que Morôni formulou estratégias tanto defensivas como
ofensivas com base em seu conhecimento sobre o intento do inimigo, e seu
desígnio se fundamentou numa causa justa.
Há outro exemplo no livro de Alma que enfatiza a importância da
preparação diligente e inspirada para nossos “lugares de defesa”. A invasão
lamanita foi incapaz de tomar as cidades fortificadas de Amonia e Noé por
causa das medidas preparatórias instruídas pelo Capitão Morôni.
“Eis que eu disse que a cidade de Amonia havia sido reconstruída. Digo-
vos, sim, que ela fora reconstruída em parte; e em virtude de os lamanitas
terem-na destruído uma vez por causa da iniquidade do povo, supuseram que
ela se tornasse novamente presa fácil para eles.
Mas eis que grande foi seu desapontamento; porque eis que os nefitas
haviam levantado um parapeito de terra ao seu redor, tão alto que os
lamanitas não podiam atirar suas pedras e suas flechas de modo a produzir
efeito; nem podiam atacá-los, senão pelo lugar de entrada.
Ora, nessa ocasião os capitães-chefes dos lamanitas ficaram
grandemente surpresos com a sabedoria dos nefitas na preparação de seus
lugares de defesa” (Alma 49:3–5; grifo do autor).
Exemplos atuais de “lugares de defesa” podem ser nossa família e nosso
lar, nossos padrões e nossas práticas de retidão, e nossas estacas, alas e
nossos distritos e ramos.
“Ora, os chefes dos lamanitas haviam suposto, devido a sua
superioridade numérica, sim, supuseram que teriam a oportunidade de atacá-
los como até então haviam feito; sim, e tinham-se também preparado com
escudos e couraças; e também se prepararam com vestimentas de pele, sim,
vestimentas bem grossas para cobrir-lhes a nudez.
E achando-se assim preparados, supunham poder facilmente dominar e
sujeitar seus irmãos ao jugo da escravidão; ou matá-los e massacrá-los
segundo sua vontade.
Mas eis que, para sua total surpresa, eles estavam preparados para
recebê-los de uma forma nunca antes vista entre os filhos de Leí. Ora,
estavam preparados para os lamanitas, para combater segundo as instruções
de Morôni.
E aconteceu que os lamanitas, ou seja, os amaliquiaítas, ficaram muito
surpresos com a maneira pela qual eles se haviam preparado para a guerra”
(Alma 49:6–9; grifo do autor).
A diligência e a fidelidade dos nefitas produziram essa maneira de se
preparar, que era inspirada, inovadora e eficaz. E o mesmo resultado teremos
nós também nestes últimos dias, ao prosseguirmos com firmeza no caminho
da perfeição na jornada da mortalidade.
O intento do inimigo na guerra dos últimos dias em que nos engajamos é
muito claro. O plano do Pai tem como objetivo prover orientação para Seus
filhos, ajudá-los a ser felizes e levá-los em segurança de volta à presença
Dele, com um corpo ressuscitado e exaltado. O Pai Celestial deseja que
estejamos juntos na luz e tenhamos plena esperança. Em contraposição,
Lúcifer se empenha em fazer com que os filhos e as filhas de Deus fiquem
confusos e infelizes, prejudicando o progresso eterno deles. O abrangente
intento do pai das mentiras é o de que todos nos tornemos “tão miseráveis
como ele próprio” (2 Néfi 2:27). Lúcifer deseja que no final fiquemos
sozinhos nas trevas e desprovidos de esperança.
Satanás trabalha incansavelmente para distorcer os elementos mais
importantes do plano do Pai. Ele não tem um corpo, e seu progresso eterno
foi interrompido. Assim como a água que flui pelo leito de um rio é barrada
por uma represa, da mesma forma o progresso eterno do adversário foi
estancado por ele não ter um corpo físico. Devido a sua rebelião, Lúcifer
negou-se a si mesmo todas as bênçãos e vivências da mortalidade que são
possíveis por meio de um corpo de carne e ossos. Ele não pode aprender as
lições que somente um espírito com corpo pode aprender. Ele fica
incomodado com a realidade de uma Ressurreição universal e literal de toda a
humanidade. Um dos fortes significados da palavra condenado, no contexto
das escrituras, é ilustrado por sua incapacidade de continuar a se desenvolver
para tornar-se semelhante ao Pai Celestial.
Como o corpo físico é uma parte essencial do plano de felicidade
estabelecido pelo Pai e de nosso desenvolvimento espiritual, Lúcifer procura
frustrar nosso progresso tentando-nos para que usemos nosso corpo de
maneira inadequada. Uma das maiores ironias da eternidade é a de que o
adversário, que é miserável justamente por não ter um corpo físico, incite-nos
a compartilhar de sua miséria pelo uso indevido de nosso próprio corpo.
Justamente a ferramenta que ele não possui é o alvo principal de seu
empenho para atrair-nos para a destruição espiritual.
O adversário também ataca outros elementos importantes do plano do
Pai — mais especificamente, a importância do casamento e da família. Seu
plano de batalha foi traçado há muito tempo, seus exércitos são numerosos e
bem equipados, e ele comanda e luta ferozmente. Todavia, ele não sairá
vitorioso nesta guerra! Nossa vitória estará garantida se honrarmos fielmente
os convênios e se confiarmos nos méritos, na misericórdia e na graça do
Santo Messias.

“Com a força do Senhor saímos para batalhar contra os [inimigos];


porque [nós] clamamos fervorosamente ao Senhor para que nos livrasse
das mãos de nossos inimigos, porque nos veio à lembrança a libertação
de nossos pais” (Mosias 9:17).
“Digo-vos estas coisas por causa de vossas orações; portanto
acumulai sabedoria em vosso íntimo, para que a maldade dos homens
não vos revele estas coisas, pela sua iniquidade, de uma forma que vos
fale ao ouvido com voz mais alta do que aquela que estremecerá a Terra;
mas se estiverdes preparados, não temereis” (Doutrina e Convênios
38:30; grifo do autor).

Resumo
O Senhor declarou, nos primeiros dias desta dispensação: “Eu vos darei
um modelo em todas as coisas, para que não sejais enganados; porque
Satanás está solto na terra, enganando as nações” (Doutrina e Convênios
52:14). Em um mundo de iniquidade crescente, um mundo que ao mal chama
bem e, ao bem, mal; que faz “da escuridão luz e, da luz, escuridão”; (2 Néfi
15:20), podemos ser abençoados com “a esperança da justiça” (Gálatas 5:5),
“a luz do Senhor” (Isaías 2:5), e a proteção contra a cegueira (ver 1 Néfi
15:24; Helamã 5:12).
Como disse o Senhor: “Portanto não vos canseis de fazer o bem, porque
estais lançando o alicerce de uma grande obra. E de pequenas coisas provém
aquilo que é grande” (Doutrina e Convênios 64:33; grifo do autor).
Ao aprender e compreender que somos filhos e filhas de Deus, e ao ser
abençoados com discernimento acerca do intento dos nossos inimigos,
receberemos a bênção de perseverar valentemente e suportar bem. As
dificuldades e provações não serão eliminadas de nossa vida; mas, por meio
da Expiação de Jesus Cristo, nossa força e capacidade espirituais serão
aumentadas e expandidas.
As imagens descritas em Doutrina e Convênios são muito instrutivas:
“Sabeis, irmãos, que um navio muito grande é beneficiado sobremaneira por
um pequeno leme, durante uma tempestade, sendo mantido na direção do
vento e das ondas.
Portanto, amados irmãos, façamos alegremente todas as coisas que
estiverem a nosso alcance; e depois aguardemos, com extrema segurança,
para ver a salvação de Deus e a revelação de seu braço” (Doutrina e
Convênios 123:16–17; grifo do autor).
Em verdade, podemos prosseguir no caminho da perfeição com firmeza
no Salvador, tendo um perfeito esplendor de esperança e amor a Deus e a
todos os homens. E, se nos banquetearmos com as palavras de Cristo e
perseverarmos valentemente até o fim, a promessa é de que teremos vida
eterna (ver 2 Néfi 31:20).

Firmes segui com fé no Salvador;


Na alma, a esperança a luzir,
Tendo por Deus real e puro amor.
Aleluia!

Firmes segui a voz do Salvador.


Tomai Seu santo nome sobre vós
E, então, tereis a luz que vem do Senhor.
Aleluia!

Perseverai, enão desanimeis.


O amor de Deus a todos proclamai.
Diz o Senhor: “A vida eterna tereis”.
Aleluia!

(“Firmes Segui” Hinos, nº 41)

Leituras Correlatas
1. Henry B. Eyring, “The Power of Deliverance”, Devocional da BYU,
15 de janeiro de 2008. Disponível em inglês no site speeches.byu.edu.

2. Dallin H. Oaks, “The Dedication of a Lifetime”, CES Devotional, 1º


de maio de 2005. Disponível on-line no site sundayschool.lds.org

3. Jeffrey R. Holland, “Cast Not Away Therefore Your Confidence,”


Devocional da BYU, 2 de março de 1999. Disponível em inglês no site
speeches.byu.edu.
4. Dallin H. Oaks, “Our Strengths Can Become Our Downfall,” BYU
Fireside, 7 de junho de 1992. Disponível em inglês no site
speeches.byu.edu.

5. Harold B. Lee, “Be Loyal to the Royal within You,” Devocional da


BYU, 11 de setembro de 1973. Disponível em inglês no site
speeches.byu.edu.

6. Marvin J. Ashton, “In His Strength,” Ensign, julho de 1973, pp. 24–
27.

7. Gordon B. Hinckley, “The Loneliness of Leadership,” Devocional da


BYU, 4 de novembro de 1969. Disponível em inglês no site
speeches.byu.edu.

8. J. Reuben Clark Jr., “To Them of the Last Wagon,” Conference


Report, outubro de 1947, pp. 154–160.

Pondere:
De que maneira o modelo estabelecido pelo Senhor das “coisas
pequenas e simples” aumenta minha capacidade de “perseverar
valentemente”?
Pondere:
O que estou aprendendo sobre o papel e o poder de minha identidade
divina em minha vida?
Pondere:
De que maneira o fato de discernir “o intento do meu inimigo” me ajuda
a melhor preparar e fortalecer meus “lugares de defesa”?
Minhas Próprias Questões a Ponderar
Escrituras Relacionadas ao Que Estou Aprendendo
Explore mais esses conceitos com um grupo de discussão.

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Um Convite para
Aprender, Agir e Tornar-se
Que outras doutrinas e outros O que posso e devo Como saberei se estou
princípios, desde que bem fazer para agir de progredindo em meu
entendidos, poderiam ajudar- acordo com essas empenho de me tornar
me a perseverar doutrinas e esses mais semelhante ao
valentemente? princípios? Salvador?

Um Convite para
Aprender, Agir e Tornar-se
Que outras doutrinas e outros O que posso e devo Como saberei se estou
princípios, desde que bem fazer para agir de progredindo em meu
entendidos, poderiam ajudar- acordo com essas empenho de me tornar
me a perseverar doutrinas e esses mais semelhante ao
valentemente? princípios? Salvador?

Um Convite para
Aprender, Agir e Tornar-se
Que outras doutrinas e outros O que posso e devo Como saberei se estou
princípios, desde que bem fazer para agir de progredindo em meu
entendidos, poderiam ajudar- acordo com essas empenho de me tornar
me a perseverar doutrinas e esses mais semelhante ao
valentemente? princípios? Salvador?

Debate com os Jovens Adultos Solteiros

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Capítulo 5

O Poder de Tornar-se e
Congregar Todas as Coisas
Sendo discípulos do Senhor Jesus Cristo, nossa responsabilidade
individual é aprender o que devemos aprender, agir e viver como sabemos
que devemos agir e viver, e tornar-nos o que o Mestre quer que nos tornemos.
Esses três imperativos fundamentais e inter-relacionados do evangelho —
aprender, agir e tornar-se — são essenciais para o nosso desenvolvimento e
nossa felicidade espirituais na mortalidade e para o nosso progresso através
da eternidade.
Uma perspectiva precisa e uma capacidade espiritual expandida resultam
de “congregar em Cristo todas as coisas, (…) tanto as que estão nos céus
como as que estão na terra” (Efésios 1:10). O poder que o evangelho do
Salvador tem de abençoar-nos e de guiar-nos resulta da conectividade e do
inter-relacionamento de suas doutrinas, seus princípios e suas práticas.
Somente quando congregarmos todas as coisas em Cristo é que poderemos
esforçar-nos diligentemente para tornar-nos o que Deus deseja que nos
tornemos (ver Mateus 5:48; 3 Néfi 12:48) e perseverar valentemente até o
fim.
Embora o Senhor procure congregar todas as coisas, tendemos com
frequência segmentar, especificar e aplicar as verdades do evangelho a nossa
vida de maneira a limitar o nosso entendimento e a nossa visão. Tal
abordagem restringe a purificação, a alegria, a conversão contínua e o poder e
a proteção espiritual resultantes de “entregar [nosso] coração a Deus”
(Helamã 3:35). O mero cumprimento e a aplicação mecânica de certos
princípios do evangelho como se fossem itens de uma lista de coisas a fazer
não nos capacita necessariamente a receber Sua imagem em nosso semblante
nem experimentar uma mudança de coração (ver Alma 5:14).
Neste capítulo final, eu gostaria de tentar “congregar todas as coisas”,
fazendo uma breve revisão da sequência e dos conceitos e princípios básicos
apresentados em cada capítulo contido em Increase in Learning, Act in
Doctrine, e O Poder de Tornar-se. A repetição de verdades essenciais é
intencional, já que a repetição é um princípio importante do efetivo
aprendizado do evangelho.

Aumentar em Doutrina: Padrões Espirituais para Receber as


Próprias Respostas
“Estamos aqui na Terra para nos preparar para a eternidade, para
aprender a aprender, para aprender coisas que são materialmente importantes
e eternamente essenciais e para ajudar outras pessoas a adquirir sabedoria e
encontrar a verdade (ver Doutrina e Convênios 97:1). Entender quem somos,
de onde viemos e por que estamos na Terra coloca sobre cada um de nós uma
grande responsabilidade, tanto de aprender a aprender quanto de aprender a
amar o aprendizado.
A Responsabilidade Individual de Aprender
Cada membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
tem sobre si a responsabilidade individual de aprender e de viver as verdades
do evangelho restaurado do Salvador e de receber as ordenanças de salvação
pela devida autoridade. Não devemos esperar que a Igreja, como organização,
nos ensine ou diga todas as coisas que precisamos aprender e fazer para nos
tornar discípulos dedicados e perseverar valentemente até o fim (ver Doutrina
e Convênios 121:29). O arbítrio moral concedido a todos os filhos de nosso
Pai por meio do plano de salvação e da Expiação de Jesus Cristo é
divinamente designado para facilitar nosso aprendizado individual e
independente, nossa ação individual e independente e, por fim, nosso poder
individual e independente de tornar-nos.
O conhecimento espiritual não pode ser recebido ou tomado emprestado
de outra pessoa. Não existem atalhos para o objetivo desejado. A correria
para o decisivo exame final no dia do julgamento não vai adiantar. Nesse
empenho de importância eterna, o padrão do Senhor é “linha sobre linha,
preceito sobre preceito, um pouco aqui e um pouco ali; e abençoados os que
dão ouvidos aos meus preceitos e escutam os meus conselhos, porque
obterão sabedoria; pois a quem recebe darei mais” (2 Néfi 28:30; grifo do
autor). A eficácia da lei da colheita aplica-se claramente a nossa
responsabilidade pessoal de aprender e viver as verdades do evangelho:
“Porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7).
Conhecimento, Entendimento e Inteligência
Existe uma hierarquia entre as coisas que vocês e eu podemos aprender.
Certamente, todas as informações e todo o conhecimento não são igualmente
importantes. O Apóstolo Paulo ensinou-nos essa verdade em sua segunda
epístola a Timóteo, na qual ele adverte que, nos últimos dias, haveria pessoas
“que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade”
(II Timóteo 3:7).
Muitos fatos são úteis ou pelo menos interessantes para saber. Alguns
conhecimentos são úteis para aprender e aplicar. Mas é essencial que
entendamos as verdades do evangelho e as vivamos, se quisermos tornar-nos
o que nosso Pai Celeste deseja que nos tornemos.
O conhecimento refere-se em geral a fatos, informações e habilidades
adquiridos pela experiência ou pela educação. Usando o instrumento de nosso
corpo físico e nossa capacidade de refletir e raciocinar, reunimos e
analisamos fatos, organizamos e interpretamos informações, adquirimos
experiência e aprendemos com ela e identificamos padrões e
relacionamentos. Dentre os inúmeros tipos de conhecimento que podemos
adquirir, o conhecimento espiritual é o mais importante, tanto na mortalidade
como na eternidade.
O entendimento é a pedra angular que se ergue sobre o alicerce do
conhecimento e precede a inteligência. É curioso notar que, nas escrituras, a
palavra entendimento se relaciona, em geral, com o coração. O termo
entendimento usado nas escrituras não se refere unicamente — nem mesmo
principalmente — à compreensão intelectual ou cognitiva. Em vez disso, o
entendimento ocorre sempre que o Espírito Santo confirma em nosso coração
a veracidade do que conhecemos com a mente.
Começamos a obter entendimento e vivenciamos uma grande mudança
de coração à medida que o testemunho e a convicção passa da cabeça para o
coração. Os pensamentos e sentimentos colocados no coração pelo Espírito
Santo (ver Doutrina e Convênios 100:5–8; 8:2) resultam do dom espiritual da
revelação. O entendimento, portanto, é uma conclusão revelada e um dom
espiritual.
A inteligência é a aplicação justa do conhecimento e do entendimento
nas ações e nos julgamentos. É o pináculo construído sobre o alicerce do
conhecimento e estabilizado pela pedra angular do entendimento. Ações
justas têm origem no entendimento. Vocês e eu talvez saibamos qual é a
coisa certa a fazer, mas a inteligência envolve mais do que o mero saber. Se
formos inteligentes, faremos sempre as coisas certas. Inteligência é viver de
maneira que as doutrinas do evangelho sejam uma parte ativa e permanente
de quem somos, do que somos, do que fazemos e do que pensamos.
Na primeira seção de Doutrina e Convênios, o Salvador descreve esta
Igreja como “a única igreja verdadeira e viva na face [da] (…) Terra”
(Doutrina e Convênios 1:30). Mas o que, na verdade, faz A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias ser uma igreja viva? O Salvador vivo, o
dom do Espírito Santo com suas bênçãos e seus dons espirituais, a autoridade
e o poder do sacerdócio — isso é o que faz a Igreja do Salvador ser
verdadeira e viva. A busca apropriada do conhecimento, do entendimento e
da inteligência é essencial para que cada um de nós se torne um membro vivo
da Igreja viva do Salvador.
“Pois a inteligência apega-se à inteligência; a sabedoria recebe a
sabedoria; a verdade abraça a verdade; a virtude ama a virtude; a luz se apega
à luz” (Doutrina e Convênios 88:40).
Inquirir Fervorosamente: Pedir, Buscar e Bater
Inquirir é uma palavra de ação que denota perguntar, requerer, pedir,
solicitar, investigar e explorar. O ato de inquirir o Senhor requer de nós mais
do que um mero pedido rotineiro: é um processo espiritualmente exigente e
rigoroso. O desejo sincero, a preparação diligente, o arrependimento
profundo, a confiança na instrução esperada e o comprometimento de segui-
la precedem o ato de inquirir fervorosamente. Assim, inquirir o Senhor
pressupõe perguntar, mas o mero ato de perguntar não representa tudo o que
está incluído no ato de inquirir. Inquirir fervorosamente é um pré-requisito
básico para a inspiração e para a revelação.
Três componentes do ato de inquirir fervorosamente são enfatizados
repetidamente nas escrituras: pedir, buscar e bater. Esses três componentes
ativos de inquirir fervorosamente denotam iniciar, engajar-se ansiosamente,
prosseguir com firmeza e agir. Pedir, buscar e bater são elementos vitais
inter-relacionados e superpostos no padrão que o Senhor empregava quando
dava orientação, instrução e revelação. Para pedir, buscar e bater, é
necessário haver honestidade, esforço, comprometimento e persistência.
O princípio de inquirir fervorosamente e o padrão de pedir, buscar e
bater capacitam-nos a obter o conhecimento, o entendimento e a inteligência
essenciais para que nos tornemos membros vivos da Igreja viva do Senhor e
sugerem três responsabilidades básicas para cada um de nós, santos dos
últimos dias aprendizes. Primeiro, inquirir o Senhor por meio de pedir, buscar
e bater requer e é uma expressão de fé no Salvador. Segundo, devemos
simultaneamente persistir e ser pacientes durante esse processo ativo.
Terceiro, discernir e aceitar a vontade de Deus em nossa vida são elementos
fundamentais de inquirir fervorosamente por meio das ações de pedir, buscar
e bater.
“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado,
sabendo de quem o tens aprendido” (II Timóteo 3:14).
“Aprende de mim e ouve minhas palavras; anda na mansidão de meu
Espírito e terás paz em mim” (Doutrina e Convênios 19:23).
Doutrinas, Princípios e Aplicações: Esquema para o Aprendizado do
Evangelho
O aprendizado é central para o plano de salvação, para nossa felicidade
na mortalidade e para nosso progresso eterno. Um esquema básico e flexível
para aprender mais sobre o evangelho inclui três elementos fundamentais:
doutrinas, princípios e aplicações.
Uma doutrina do evangelho é uma verdade — uma verdade de salvação
revelada por um Pai Celestial amoroso. As doutrinas do evangelho são
eternas, não mudam e dizem respeito ao eterno progresso e exaltação dos
filhos e das filhas do Pai Celestial. Doutrinas como a natureza da Trindade, o
plano de felicidade e a Expiação de Jesus Cristo são básicas, fundamentais e
abrangentes.
As doutrinas do evangelho respondem à pergunta “por quê?” Por
exemplo, a doutrina do plano de felicidade responde à pergunta por que
estamos aqui na Terra. A doutrina da Expiação explica por que Jesus é nosso
mediador e advogado perante o Pai. As doutrinas básicas do evangelho
formam o alicerce espiritual de tudo o que aprendemos, ensinamos e
fazemos; elas são uma fonte vital de poder e força, enquanto nos esforçarmos
por tornar-nos o que o Senhor quer que nos tornemos.
Um princípio do evangelho é uma diretriz de base doutrinária para o
exercício justo do arbítrio moral. Os princípios são subconjuntos ou
componentes de verdades mais amplas do evangelho e fornecem orientação.
Os princípios corretos sempre se baseiam em doutrinas e delas se originam;
princípios não mudam, e respondem à pergunta “o quê?” Muitos princípios
podem surgir a partir de uma única doutrina e estar a ela relacionados. Por
exemplo, a doutrina do plano de felicidade dá origem a princípios como a
obediência, o serviço e o progresso.
Um princípio não é um comportamento ou uma ação específica. Mas
sim, os princípios fornecem diretrizes básicas para o comportamento e a ação.
Aplicações são os efetivos comportamentos, os passos, as práticas ou os
procedimentos pelos quais as doutrinas e os princípios do evangelho atuam
em nossa vida. Ainda que doutrinas e princípios não mudem, as aplicações
podem variar adequadamente de acordo com as necessidades e
circunstâncias. As aplicações respondem à pergunta “como?” Muitas
aplicações podem surgir a partir de um único princípio e estarem a ele
relacionadas.
O esquema de doutrinas, princípios e aplicações é uma ferramenta
flexível que pode ser usada para expandir nosso aprendizado do evangelho.
Não se trata de um conjunto rígido de definições ou uma fórmula de respostas
“corretas” a respeito de quais aplicações ou princípios estão relacionados a
que doutrinas em particular. Mas sim, ele pode ser um auxílio valioso ao
usarmos o princípio de inquirir fervorosamente e o padrão de pedir, buscar e
bater. Se centrarmos o foco em fazer as perguntas certas, será muito mais
provável que recebamos respostas inspiradas e significativas ao trabalhar,
ponderar, procurar e orar.
Nossa tendência, como membros da Igreja, é manter o foco nas
aplicações. Mas, ao aprendermos a perguntar “Que doutrinas e princípios, se
bem entendidos, nos ajudariam neste momento de dificuldade?”, passaremos
a perceber que as respostas estão sempre nas doutrinas e nos princípios do
evangelho.

Agir Segundo a Doutrina: Padrões Espirituais para Manter o Foco


no Salvador e Não em Nós Mesmos
Ao buscarmos a companhia do Espírito Santo e nos esforçarmos
fielmente para cumprir nossa responsabilidade pessoal de “[aumentar] em
doutrina” (Provérbios 9:9), passaremos a “[agir] em doutrina” (Doutrina e
Convênios 101:78) mais consistentemente.
A palavra agir denota desempenho, comportamento e vivência. A
doutrina de Cristo é verdade revelada que diz respeito a nosso progresso e
nossa felicidade eterna. Portanto, “agir em doutrina” é viver de acordo com a
verdade revelada e viver “na” verdade revelada.
O processo de fazer e viver efetivamente o que sabemos ser verdade é
um dos maiores desafios da mortalidade. Infelizmente para todos nós, nem
sempre aquilo que aprendemos e sabemos se reflete no que fazemos. Como
discípulos do Salvador, não estamos apenas nos esforçando para saber mais.
Precisamos constantemente colocar em prática as coisas que sabemos ser
corretas e, com isso, tornar-nos melhores. “Se sabeis estas coisas, bem-
aventurados sois se as fizerdes” (João 13:17).
O Caráter de Cristo
Como foi descrito em Lectures on Faith, uma das três coisas
“necessárias para que qualquer ser racional e inteligente possa exercer fé [no
Pai e no Filho] para a vida e salvação” é “uma ideia correta do caráter, das
perfeições e dos atributos [Deles]” (p. 38). Assim, o nome, o caráter e a
Expiação do Senhor Jesus Cristo nos levam ao Pai e constituem a base e a
principal fonte da grande mudança no coração (ver Alma 5:12–14), do
testemunho forte, da conversão profunda e do discipulado diligente.
“Aumentar em doutrina” (Provérbios 9:9–10) a respeito do caráter do
Salvador é o primeiro passo essencial a dar, se quisermos reduzir o espaço
entre o que sabemos e o que fazemos, se quisermos “agir em doutrina”
(Doutrina e Convênios 101:78) mais fiel e consistentemente, se quisermos
receber “o poder de sua palavra (…) em nós” (Alma 26:13), e se quisermos
verdadeiramente “vir a Cristo” (Morôni 10:32).
Um dos maiores indicadores do caráter justo é a capacidade de
reconhecer e reagir adequadamente diante de outras pessoas que passam
pelos mesmos desafios ou pelas adversidades que tão violenta e
imediatamente oprimem nossa própria vida. O caráter se revela, por exemplo,
na capacidade de enxergar o sofrimento de outras pessoas, quando nós
mesmos estamos sofrendo; na habilidade de detectar a fome de outros,
quando nós mesmos estamos famintos; e no poder de estender a mão ao
próximo e sentir compaixão por sua agonia espiritual quando nós mesmos
estamos espiritualmente angustiados. Portanto, o caráter de alguém se
manifesta ao olhar para fora de si mesmo, ao voltar-se para outrem e doar de
si mesmo quando a resposta instintiva do “homem natural” (Mosias 3:19)
seria fechar-se em si, ser egoísta e absorver-se no próprio ego. E o Salvador
do mundo é a fonte, o padrão e o critério mais extremo do caráter moral e o
exemplo mais perfeito de caridade e constância. O caráter divino do Senhor
revela-se repetidamente nas sagradas escrituras.
Podemos buscar ainda na mortalidade ser abençoados com os elementos
essenciais do caráter de Cristo e desenvolvê-los. De fato podemos, como
mortais, esforçar-nos em retidão para receber os dons espirituais relacionados
à capacidade de estender a mão para outros mesmo em nossos momentos de
dificuldade. Não se obtém essa capacidade por pura força de vontade ou
determinação pessoal. Mas sim, precisamos e dependemos dos “méritos e
misericórdia e graça do Santo Messias” (2 Néfi 2:8). E com “linha sobre
linha, preceito sobre preceito” (2 Néfi 28:30) com o correr do tempo (ver
Moisés 7:21), aumentaremos nossa capacidade de estender a mão para outros
mesmo que nossa tendência natural seja fechar-nos em nós mesmos.
Enquanto nos esforçamos por ter “em [nós] o mesmo sentimento que
houve também em Cristo Jesus” (Filipenses 2:5), é fácil ver que o que
sabemos a respeito do Salvador e Seu evangelho restaurado nem sempre se
reflete no que fazemos e na maneira como vivemos. O primeiro passo
essencial para reduzir a disparidade entre o conhecimento do evangelho e o
comportamento justo é estudar e imitar o caráter de Cristo.
Arbítrio Moral
O dom do arbítrio moral é essencial ao plano de felicidade estabelecido
pelo Pai além de ser uma bênção suprema. O arbítrio capacita os filhos e as
filhas de Deus para serem “seus próprios árbitros” (Doutrina e Convênios
58:28) além de ser a fonte de nossa capacidade de “agir em doutrina”.
No conselho pré-mortal, Satanás “procurou destruir o arbítrio do
homem” (Moisés 4:3). Se o arbítrio fosse anulado, nenhum pecado ou
transgressão teria jamais sido cometido pelos filhos e pelas filhas de Deus e,
portanto, não haveria a queda de Adão nem os pecados individuais. Sem o
arbítrio, não teria sido possível aprender, crescer e desenvolver. Se nenhum
pecado ou transgressão fosse cometido, a lei da justiça não seria violada. E,
se a lei da justiça não fosse violada, não teria havido necessidade do sacrifício
redentor para atender aos requisitos da lei.
Lúcifer desejava ter a glória do Pai (ver Moisés 4:1). Ele não estava
interessado no nosso bem-estar nem preocupado conosco; ele só queria nos
usar para obter egoisticamente algo em benefício próprio. Satanás é
impaciente, impulsivo, impetuoso e intolerante — ele “procura tornar todos
os homens tão miseráveis como ele próprio” (2 Néfi 2:27).
Um convênio é um acordo entre Deus e Seus filhos na Terra; e é
importante que se compreenda que Deus determina as condições de todos os
convênios do evangelho. Não somos nós quem decidimos a natureza dos
componentes de um convênio. Mas, exercendo nosso arbítrio moral,
aceitamos os termos e as exigências de um convênio da forma como nosso
Pai Eterno os estabeleceu (ver Bible Dictionary, “Covenant”, p. 651).
O ato de usar o arbítrio e fazer um convênio com Deus — por exemplo,
o convênio relacionado à ordenança do batismo — dá início a uma
transformação eternamente importante. Ao voltar-nos para o Salvador e
afastar-nos do egoísmo e do pecado, começamos a “[despojar-nos] do homem
natural” (Mosias 3:19). Iniciamos o processo de tornar-nos santos (ver
Mosias 3:19) ao imitarmos e esforçar-nos humildemente para obter o caráter
de Cristo, ao agirmos com obediência e retidão, ao renunciar-nos a nós
mesmos, ao tomar sobre nós Sua Cruz e segui-Lo (ver Mateus 16:24; Marcos
8:34; Lucas 9:23).
Ao voltar-nos para o Salvador e afastar-nos de nós mesmos por meio
dos convênios, estaremos, em essência, obrigando-nos a agir em doutrina.
Muitas vezes, a disparidade entre o que sabemos a respeito das doutrinas
e dos princípios do evangelho restaurado do Salvador e a maneira como
vivemos é causada por um conhecimento impreciso ou incompleto. É
essencial que cada membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias tenha um entendimento correto a respeito do plano de felicidade
estabelecido pelo Pai, da Expiação, do arbítrio moral e dos convênios.
Quanto mais aumentarmos nosso aprendizado sobre essas verdades básicas,
mais se intensificará, se estenderá e se fortalecerá a nossa capacidade de agir.
O conhecido hino “Faze o Bem, Escolhendo O Que É Certo” tem esse
título por uma razão. Não recebemos a bênção do arbítrio para escolher tudo
o que quisermos sempre que quisermos. Mas sim, o arbítrio moral nos
capacita, como árbitros, a voltar-nos para o Senhor em vez de nós mesmos, a
ofertar nossa disposição de tomar sobre nós o Seu nome, a amar-nos uns aos
outros e escolher a Deus, e a obrigar-nos a agir fielmente em Sua doutrina.
Conversão ao Senhor
Ao aumentarmos nosso aprendizado, voltar-nos para o Salvador e
agirmos em doutrina, nosso testemunho pessoal a respeito Dele e Seu
evangelho é fortalecido, e tornamo-nos mais plenamente convertidos.
O testemunho é o conhecimento pessoal de uma verdade espiritual. O
testemunho resulta da confirmação do Espírito Santo a nossa alma quanto à
veracidade de algo (ver Morôni 10:4:5). Os componentes fundamentais do
testemunho incluem o conhecimento de que o Pai Celestial vive e nos ama,
que Jesus Cristo é nosso Redentor e Salvador e que o evangelho de Jesus
Cristo é verdadeiro e foi restaurado sobre a Terra em sua plenitude nestes
últimos dias.
O conhecimento e a convicção espiritual que recebemos do Espírito
Santo são frutos da revelação. A busca e a obtenção dessas bênçãos exigem
um coração sincero, real intenção e fé no Senhor Jesus Cristo (ver Morôni
10:4). Um testemunho pessoal também traz consigo responsabilidade, dever e
prestação de contas.
A conversão é descrita nas escrituras como despojar-se do homem
natural (ver Mosias 3:19), sentir uma grande mudança no coração (ver Alma
5:12–14), nascer do Espírito (ver Mosias 27:24–25), e tornar-se uma nova
criatura em Cristo (ver II Coríntios 5:17). Notem que a conversão descrita
nesses versículos é vigorosa, não superficial — é um renascimento espiritual
e uma mudança básica no que pensamos e sentimos, no que desejamos e
fazemos, no que somos e naquilo que lutamos para nos tornar. De fato, a
essência do evangelho de Jesus Cristo produz uma mudança fundamental e
permanente em nossa própria natureza graças à Expiação do Salvador.
Quando decidimos seguir o Mestre, optamos por mudar o nosso coração —
renascer espiritualmente.
É importante e necessário saber, pelo poder do Espírito Santo, que Jesus
é o Cristo. Mas é preciso muito mais do que o mero conhecimento para nos
achegarmos sinceramente a Ele e Lhe entregarmos toda a nossa alma como
oferta. A conversão contínua exige todo nosso coração, toda nossa mente,
todo nosso poder e toda nossa força (ver Doutrina e Convênios 4:2).
O testemunho é o início da conversão ao Senhor e um pré-requisito para
que ela ocorra. O testemunho é um ponto de partida, não o destino final. Um
testemunho forte é o alicerce necessário sobre o qual a conversão se
estabelece. O testemunho é o passo inicial no caminho da conversão contínua
e profunda.
Embora o testemunho seja o conhecimento espiritual da verdade obtido
por meio do poder do Espírito Santo, a conversão é a devoção profunda e a
aplicação constante do conhecimento que recebemos. O conhecimento de que
o evangelho é verdadeiro é a essência de um testemunho. A constante
fidelidade a este evangelho é a essência da conversão. Podemos ser
constantes e fiéis a muitas coisas dignas; mas, em última análise, precisamos
nos converter ao Senhor e às coisas que sejam espirituais e eternamente
essenciais. Devemos todos saber que o evangelho é verdadeiro e ser fiéis ao
evangelho.
À medida que adquirirmos o conhecimento da verdade, que formos
convertidos ao Senhor e honrarmos e recordarmos os convênios sagrados, é-
nos prometida a bênção de que nunca apostataremos. Deporemos
imediatamente as armas da rebelião em nossa vida. O ato de voltar-nos ao
Senhor em vez de a nós mesmos será “firme e inamovível” (Mosias 5:15).
Nossa capacidade de viver mais em harmonia com o que sabemos será
aumentada.
Por desígnio divino, o discipulado requer dedicação. Mas somente
quando usarmos nosso arbítrio moral para adequar nossa vida à Sua vontade
e a Seu tempo — ao perdermos nossa vida por amor Dele — é que por fim a
encontraremos (ver Mateus 10:37–39).
O Papel de Professor
Ao voltar-nos resolutamente para o Salvador, seremos abençoados com
“amor a Deus e a todos os homens” (2 Néfi 31:20; grifo do autor), sentindo-
nos motivados a servir nossos irmãos e nossas irmãs. A consequência natural
de vir a Cristo com real intenção e de esforçar-nos por ser aperfeiçoados Nele
(ver Morôni 10:32) é voltar-nos para nosso próximo com serviço e
compaixão. Assim, o egoísmo do homem natural é substituído pelo altruísmo
do verdadeiro santo, ao voltar-nos para o Senhor e convidar para a nossa vida
as ricas bênçãos de Sua Expiação infinita e eterna.
Cada pessoa que faz convênios sagrados e se torna membro de A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é um professor — em todos os
momentos e em todos os lugares. O ato de ensinar é um dos mais importantes
tipos de serviço que podemos prestar em nosso lar e na Igreja, pois o ato de
ajudar outros a aprender e a viver as verdades do evangelho é eternamente
importante e individualmente edificante.
Devemos sempre nos lembrar de que o Espírito Santo é o principal e
verdadeiro professor, e não nós. Como professores, temos a responsabilidade
de pregar o evangelho pelo Espírito, sim, o Consolador, como pré-requisito
para o aprendizado pela fé, que só é obtido pelo e por meio do Espírito Santo
(ver Doutrina e Convênios 50:14). Mas as lições que ensinamos e os
testemunhos que prestamos são preparatórios para que o aluno passe a agir e
a aprender por si mesmo.
Independentemente do quanto somos dignos e da nossa eficácia como
professores, vocês e eu não podemos forçar ou obrigar o aluno a receber a
verdade em seu coração. Ensinar, exortar, explicar e testificar, por mais
importantes que seja, não pode transferir ao aluno ou pesquisador um
testemunho da veracidade do evangelho restaurado. Mesmo o nosso melhor
empenho só poderá levar a mensagem da verdade ao coração (ver 2 Néfi
33:1). Em última instância, o aluno ou pesquisador precisa agir em retidão e,
por esse meio, convidar a verdade a entrar no próprio coração. Somente
dessa maneira as pessoas que buscam sinceramente a verdade desenvolverão
a capacidade espiritual de encontrar as respostas por si mesmas — e “servir
de testemunhas de Deus em todos os momentos, em todas as coisas e em
todos os lugares” (Mosias 18:9). Uma das responsabilidades mais
importantes que temos como professores é ajudar os alunos a agir — exercer
seu arbítrio moral — de acordo com os ensinamentos do Salvador.
O ensino do evangelho do Senhor pode também incluir os atos de
observar, ouvir e discernir como pré-requisitos para o ato de falar. A
sequência desses quatro processos inter-relacionados tem muita importância.
Notem que observar e ouvir com atenção precede o discernir; e observar,
ouvir e discernir vem antes do falar. O uso desse padrão possibilita que o
professor identifique e ensine de acordo com as necessidades dos alunos.
À medida que observarmos, ouvirmos e discernirmos, “na hora precisa
[nos] será dada a porção que será concedida a cada homem” (Doutrina e
Convênios 84:85) — a verdade a ser enfatizada e as respostas a serem dadas
que atenderão às necessidades específicas de uma pessoa ou um grupo em
especial. E somente ao observarmos, ouvirmos e discernimos é que
poderemos ser guiados pelo Espírito para dizer e fazer as coisas que serão
mais úteis àqueles a quem ensinamos e servimos. Os pais e professores do
evangelho que falam sem observar, ouvir e discernir não ensinam a lição nem
ensinam à pessoa. Ao contrário, falam para si mesmos defronte aos alunos.
Como representantes do Salvador, vocês e eu temos a responsabilidade
constante de trabalhar diligentemente e de implantar no coração e na mente as
doutrinas e os princípios fundamentais do evangelho restaurado, em especial
do Livro de Mórmon. Ao fazermos isso, é-nos prometida a bênção de que o
Espírito Santo “[nos] fará lembrar de tudo quanto [nos tem] dito” (João
14:26) e nos investirá de poder para ensinar e testificar. Mas o Espírito só
poderá operar conosco e por nosso intermédio se Lhe dermos algo com o que
possa operar. Ele não poderá nos ajudar a lembrar de algo que não tenhamos
nos esforçado para aprender.
O serviço efetivo como professores requer de nós dignidade pessoal,
humildade, contínuo entesouramento das palavras de vida, discernimento e o
entendimento de que nós somos representantes de Jesus Cristo. Se assim nos
prepararmos para esse serviço sagrado, nós nos tornaremos instrumentos nas
mãos de Deus e ajudaremos Seus filhos a encontrar respostas para as
questões da alma — respostas sempre encontradas na plenitude do evangelho
restaurado de Jesus Cristo.

O Poder de Tornar-se: Padrões Espirituais para Prosseguir com


Firmeza em Cristo
Se honrarmos os convênios sagrados, obedecermos aos mandamentos de
Deus, buscarmos a companhia do Espírito Santo e cumprirmos fielmente
nossa responsabilidade pessoal de “aumentar em doutrina” (Provérbios 9:9) e
“agir em doutrina” (Doutrina e Convênios 101:78), poderemos ser
abençoados com “o poder de tornar-nos”.
Os propósitos principais do discipulado dedicado são “despertar” para
Deus (Alma 5:7; 7:22), “nascer de novo” (João 3:3; Mosias 27:25; Alma
5:49; 7:14), despojar-se do homem natural (ver Mosias 3:19) e fazer-se
“novo” em Cristo. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as
coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Coríntios 5:17).
Devemos também prosseguir com firmeza em Cristo (2 Néfi 31:20) e
perseverar com fé em Seu nome até o fim (ver Mateus 24:13; 2 Néfi 31:16;
Doutrina e Convênios 14:7; 20:29).
Em última análise, os seguidores de Cristo devem tornar-se como Ele é.
Na Força do Senhor
Aprender e agir em retidão pode levar a “tornar-nos”, desde que seja
pela Expiação, por intermédio da Expiação e devido à Expiação do Salvador.
A palavra tornar denota crescimento, desenvolvimento, mudança,
transformação e conversão. Ao “virmos a Cristo” e ser aperfeiçoados Nele e
por meio Dele (ver Morôni 10:32–33), obteremos, de modo cada vez mais
intenso e extenso, a Sua mente (ver Filipenses 2:5) e Seu caráter. Vamos nos
despojar do homem natural e seremos, na própria essência do nosso ser,
mudados, transformados e “convertidos ao Senhor” (Alma 23:6). O plano de
felicidade do Pai Celestial mostra a estrutura do progresso eterno, e o
evangelho de Jesus Cristo traz as doutrinas, os convênios e as ordenanças
necessárias para nos tornarmos tudo o que se espera que os filhos de Deus se
tornem.
A enormidade absoluta da perfeição como meta ou resultado eterno
pode fazer-nos sentir completamente incapazes, inadequados e desanimados.
Mas não se alcança a perfeição de uma só vez ou mesmo durante a
mortalidade. Pois até mesmo nosso exemplo perfeito, o Salvador, progrediu
“linha sobre linha, preceito sobre preceito” (2 Néfi 28:30).
Da mesma forma, não atingimos a perfeição sozinhos ou dependendo
exclusivamente das ínfimas possibilidades do homem ou da mulher natural
que existe em nós. Podemos confiar na ajuda, na força e no apoio dos céus.
Para os discípulos de Jesus Cristo, a jornada da mortalidade é paralela ao
caminho da perfeição. A Expiação do Salvador fortalece-nos e capacita-nos a
prosseguir com firmeza e perseverança. Nossa limitada capacidade mortal
pode alargar-se para cumprir os requisitos do preceito divino: “Sede vós pois
perfeitos” (Mateus 5:48).
Ao aprofundarmos nosso conhecimento dos atributos e do caráter do
Salvador e ao agirmos segundo Sua doutrina, somos abençoados com o poder
de tornar-nos mais semelhantes a Ele. Recebemos graça sobre graça e somos
fortalecidos para fazer o bem e tornar-nos melhores por meio de Sua
Expiação infinita e eterna. A direção que devemos tomar no caminho da
perfeição se torna cada vez mais clara, e nosso passo, cada vez mais
constante. Temos a bênção de “prosseguir com firmeza em Cristo, tendo um
perfeito esplendor de esperança e amor a Deus e a todos os homens. Portanto,
se assim prosseguirdes, banqueteando-vos com a palavra de Cristo, e
perseverardes até o fim, eis que assim diz o Pai: Tereis vida eterna.
E agora, meus amados irmãos, eis que este é o caminho; e não há
qualquer outro caminho ou nome debaixo do céu pelo qual o homem possa
ser salvo no reino de Deus. E agora, eis que esta é a doutrina de Cristo e a
única e verdadeira doutrina do Pai e do Filho e do Espírito Santo, que são um
Deus, sem fim. Amém” (2 Néfi 31:20-21).
O Dom Espiritual da Paz Pessoal
Ao nos empenharmos por um viver justo e por buscar devidamente a
perfeição em Cristo, poderemos receber do Salvador, por meio de Sua
Expiação, mais capacidade, mais dons espirituais e mais bênçãos celestiais.
Um dos maiores dons espirituais que podemos receber ao prosseguirmos pelo
caminho reto e apertado é a paz pessoal. Assim, o dom espiritual da paz
pessoal é o alicerce sobre o qual se edifica o poder de tornar-se.
Sempre encontramos obstáculos de vários tipos e atrasos inesperados em
nosso progresso rumo à perfeição nesta jornada mortal. A paz pessoal,
contudo, oferece uma perspectiva, uma estabilidade e uma tranquilidade que
nos ajudam a manter o foco em nosso destino eterno, apesar das dificuldades
e dos desenganos da vida.
O mundo vive à procura da paz e em geral acredita que a realização
pessoal pode ser obtida por meio de posses materiais, prestígio e
preeminência, ou por meio de conselhos interpessoais disponíveis de
imediato na seção de autoajuda da loja de livros mais próxima. Tais tentativas
de encontrar a paz afastam-se total e completamente da fonte real da paz — o
Senhor Jesus Cristo.
A paz tem origem em Cristo e vem de Cristo, por causa de Cristo. E é
imperativo que nos lembremos disto: é a Sua paz que Ele nos dá.
A fé no Senhor Jesus Cristo — isto é, total confiança Nele, completa
dependência Dele e plena segurança em Seus méritos, Sua misericórdia e
graça — conduz à esperança. Graças à Expiação do Salvador, essa esperança
no poder da Ressurreição e na vida eterna propicia a doce paz de consciência
pela qual homens e mulheres sempre ansiaram. O poder redentor e
purificador da Expiação do Salvador ajuda-nos a dissipar o desespero
causado pela transgressão e pelo pecado. O aspecto capacitador e fortalecedor
da Expiação ajuda-nos a ver e a fazer o bem e a tornar-nos bons de maneira
tal que jamais poderíamos reconhecer ou conseguir com nossa limitada
capacidade mortal.
Nosso entendimento do plano de felicidade e do papel da Expiação
infinita e eterna permite que vejamos um pouco além das fronteiras e das
limitações da mortalidade. E, ao sermos confrontados pelos maiores desafios
de nossa existência mortal, um Salvador amoroso nos concede a paz que
transcende a mortalidade e adentra a eternidade — a paz de consciência que
não pode ser compreendida nos termos do mundo ou da razão.
A paz pessoal que entra em nossa vida por meio da paz no Senhor Jesus
Cristo pode fortalecer-nos para enfrentar e vencer a adversidade e ainda
aprender com ela. Toda alma humana anseia pela paz — sim, a paz de
consciência e a paz que excede todo o entendimento. Essa bênção não é
obtida por meio de riquezas mundanas ou realizações profissionais,
preeminência, prestígio ou poder pessoal. O Senhor Jesus Cristo é a única
fonte de paz pessoal e duradoura. Ter fé e esperança Nele, ser obedientes a
Seus mandamentos e prosseguir com firmeza e valentemente no caminho da
perfeição convida o dom espiritual da paz para nossa vida. E Sua paz nos
fortalece para enfrentarmos a adversidade com segurança e perspectiva.
Ordenanças do Sacerdócio e Obediência Solícita
Para os homens e as mulheres mortais, o poder de tornar-se é possível
graças à Expiação de Jesus Cristo e por meio dela. “Cremos que, por meio da
Expiação de Cristo, toda a humanidade pode ser salva por obediência às leis e
ordenanças do Evangelho” (Regras de Fé 1:3).
As ordenanças do sacerdócio e a obediência solícita são essenciais à
medida que trilhamos o caminho da perfeição durante a jornada da
mortalidade.
As ordenanças realizadas pela devida autoridade do sacerdócio e
recebidas dignamente proporcionam acesso a todas as bênçãos viabilizadas
pelo sacrifício expiatório do Salvador. Sem as bênçãos e os dons da
Expiação, recebidas por intermédio das ordenanças do sacerdócio, nosso
progresso na mortalidade e na eternidade estaria comprometido.
Uma ordenança é um ato sagrado e formal realizado por uma autoridade
do sacerdócio que nos ajuda a aprender e a nos lembrar que somos filhos de
Deus; ela também nos lembra de nossas responsabilidades e nossos deveres
espirituais. O Senhor nos deu as ordenanças para ajudar-nos a vir a Ele e a
receber a vida eterna. Quando honramos as ordenanças, Ele nos fortalece.
As ordenanças do sacerdócio abrem caminho e proporcionam acesso ao
poder da divindade. Para vir ao Salvador, a pessoa precisa primeiro passar
pela porta do batismo e receber o dom do Espírito Santo; depois, deve
prosseguir pelo caminho dos convênios e das ordenanças, que conduz ao
Salvador e às bênçãos de Sua Expiação (ver 2 Néfi 31). As ordenanças do
sacerdócio são essenciais para “vir a Cristo, e ser aperfeiçoados Nele” mais
plenamente (Morôni 10:32; ver também os versículos 30–33). Sem as
ordenanças, ninguém pode receber todas as bênçãos que foram viabilizadas
pelo sacrifício expiatório infinito e eterno do Senhor (ver Alma 34:10–14) —
sim, o poder da divindade.
A primeira lei dos céus é a obediência, ou seja, o alinhamento de nossa
vontade individual à vontade de Deus. A obediência se efetua em inúmeros
níveis diferentes, não sendo meramente um estado passivo e imutável. Ao
contrário, a obediência cresce, desenvolve-se, aprofunda-se e expande-se.
Nossa experiência com o princípio da obediência, assim como nosso
entendimento desse princípio, muda à medida que nos desenvolvemos
espiritualmente e recebemos mais luz e conhecimento — linha sobre linha e
preceito sobre preceito. Da mesma forma, nossa expectativa espiritual cresce
e se intensifica à medida que continuamos a obedecer aos mandamentos de
Deus.
Intimamente relacionado à obediência com um coração solícito é o fato
de chegarmos ao ponto de não sermos mais motivados ou direcionados por
regras; em vez disso, aprendemos a governar nossa vida por princípios.
Certamente, cumprimos as regras, mas também nos perguntamos: “Qual é o
princípio que existe aqui?” Quem atinge esse nível se torna menos
dependente de suporte e instruções externas e mais dependente de orientação
divina, calma e contínua. O Profeta Joseph explicou-nos: “Ensino-lhes
princípios corretos e eles governam-se a si mesmos” (The Teachings of
Joseph Smith, p. 32).
O caminho para a perfeição em nossa jornada mortal leva-nos a
transcender aquela obediência aos mandamentos públicos e institucionais
segundo “a letra da lei”, e traz-nos para este espírito de discipulado dedicado
e para esta mudança de coração particular, pessoal e individual.
A obediência aos princípios e às ordenanças do evangelho liberta a
pessoa do cativeiro espiritual do pecado (ver João 8:31–36). Ao obtermos o
desejo e a determinação de obedecer aos mandamentos de Deus de todo
nosso coração e com uma mente solícita, podemos qualificar-nos para receber
“mandamentos, não poucos” e “revelações em seu tempo” e ser abençoados
para recebê-los. Essa orientação pessoal e particular vinda de nosso amoroso
Pai Celestial é uma fonte suprema de segurança, luz e alegria.
Perseverar Valentemente
É aqui na mortalidade que traçamos nosso curso e começamos a tornar-
nos o que seremos, por fim, na eternidade. O nosso segundo estado (ver
Abraão 3:26) não é uma experiência probatória a ser tolerada com relutância
e de má vontade. Em vez disso, as escrituras afirmam que podemos
“prosseguir com firmeza em Cristo, tendo um perfeito esplendor de
esperança e amor a Deus e a todos os homens. Portanto, se assim
prosseguirdes, banqueteando-vos com a palavra de Cristo, e perseverardes
até o fim, eis que assim diz o Pai: Tereis vida eterna” (2 Néfi 31:20; grifo do
autor).
“Todos os tronos e domínios, principados e poderes serão revelados e
concedidos a todos os que tiverem perseverado valentemente por causa do
evangelho de Jesus Cristo”(Doutrina e Convênios 121:29; grifo do autor).
Os modelos espirituais vitais são evidentes na vida do Salvador, nas
escrituras e nos ensinamentos dos profetas e apóstolos vivos. Esses modelos
espirituais são agora e sempre foram auxílios importantes para o
discernimento e fontes essenciais de direção e proteção para os santos dos
últimos dias que são fiéis. E os modelos espirituais são essenciais para evitar
os enganos que são tão comuns no mundo de hoje.
Um método poderoso usado pelo Senhor para levar Sua obra adiante e
guiar os filhos do Pai Celestial na Terra é o das “coisas pequenas e simples”.
“Mas eis que te digo que é por meio de coisas pequenas e simples que as
grandes são realizadas; e pequenos meios muitas vezes confundem os sábios”
(Alma 37:6).
“Portanto não vos canseis de fazer o bem, porque estais lançando o
alicerce de uma grande obra. E de pequenas coisas provém aquilo que é
grande” (Doutrina e Convênios 64:33).
Esse modelo é especialmente importante para os discípulos fiéis do
Salvador que lutam a fim de perseverar valentemente até o final.
O modelo espiritual das coisas pequenas e simples que levam grandes a
serem realizadas produz firmeza e determinação, devoção profunda e uma
conversão mais completa ao Senhor Jesus Cristo e ao Seu evangelho. À
medida que você e eu nos tornarmos cada vez mais firmes e inamovíveis,
ficaremos menos propensos a arrancadas zelosas e exageradas de
espiritualidade seguidas de períodos extensos de negligência. Aqueles que
têm “arrancadas espirituais” são os que têm curtos picos de esforço
espetacular seguidos de períodos frequentes e prolongados de descanso.
Podemos evitar ou superar os picos espirituais insustentáveis ao usar o
padrão do Senhor das coisas pequenas e simples e ao tornar-nos discípulos
valentes e resistentes espiritualmente — abençoados com a capacidade de
perseverar até o fim com fé no Salvador.
Conhecer e entender nossa identidade divina como filhos de um Pai
Celestial amoroso deve influenciar tudo o que se refira ou que se relacione a
nós — o que pensamos, o que fazemos, aonde vamos, o que comemos, o que
bebemos, o que vestimos e inúmeras outras decisões e ações. Essa verdade
fundamental é essencial para perseverarmos valentemente até o fim e
tornarmo-nos tudo o que o Pai e o Filho anseiam que nos tornemos.
Ao nos esforçarmos por perseverar valentemente até o fim, as lições que
podem ser aprendidas pelo estudo repetido dos capítulos de guerras no Livro
de Mórmon são extremamente úteis e aplicáveis para nós. Inúmeros episódios
neste sagrado volume de escrituras realçam a verdade de que a correta
consciência do intento do inimigo leva à devida preparação para a batalha.
O intento do inimigo na guerra dos últimos dias em que nos engajamos é
muito claro. O plano do Pai tem como objetivo prover orientação para Seus
filhos, ajudá-los a ser felizes e levá-los em segurança de volta à presença
Dele, com um corpo ressuscitado e exaltado. O Pai Celestial deseja que
estejamos juntos na luz e tenhamos plena esperança. Em contraposição,
Lúcifer se empenha em fazer com que os filhos e as filhas de Deus fiquem
confusos e infelizes, prejudicando o progresso eterno deles. O abrangente
intento do pai das mentiras é o de que todos nos tornemos “tão miseráveis
como ele próprio” (2 Néfi 2:27). Lúcifer deseja que no final fiquemos
sozinhos nas trevas e desprovidos de esperança.
Ao aprender e compreender que somos filhos e filhas de Deus, e ao ser
abençoados com discernimento acerca do intento dos nossos inimigos,
receberemos a bênção de perseverar valentemente e suportar bem. As
dificuldades e provações não serão eliminadas de nossa vida; mas, por meio
da Expiação de Jesus Cristo, nossa força e capacidade espirituais serão
aumentadas e expandidas.

Ser Aceitos pelo Senhor


Aprendemos em Lectures on Faith que três são as coisas básicas
“necessárias para que qualquer ser racional e inteligente possa exercer fé [no
Pai e no Filho] para a vida e salvação”: (1) A ideia de que Eles realmente
vivem; (2) A correta ideia do caráter, das perfeições e dos atributos Deles; e
(3) “o conhecimento real de que o curso da vida que levamos está de acordo
com a vontade de [Deus]” (Lectures on Faith, p. 38). Observem que a
natureza sem pecado e sem egoísmo do caráter e das perfeições do Salvador,
as bênçãos viabilizadas em nossa vida por meio de Seu sacrifício expiatório
infinito e eterno, e as possibilidades e armadilhas de nosso caminho mortal
para a perfeição estão enfatizadas repetidamente em Increase in Learning,
Act in Doctrine, e O Poder de Tornar-se. Cada um desses três grandes temas
se relaciona com os requisitos para o exercício da verdadeira fé em Deus.
Examinem a responsabilidade que cada um de nós tem, como discípulo,
de obter o real conhecimento de que o curso da vida que levamos está de
acordo com a vontade de Deus. Esse conhecimento pode ser obtido ainda na
mortalidade? De que maneira vou realmente saber que o rumo que tomo na
vida agrada a Deus? E se é possível conhecer essas coisas, como podemos
conhecê-las? Tal questionamento é, sem dúvida, um dos mais cruciais e
pungentes da alma.
Quanto mais nos aprofundamos no conhecimento do Salvador e de Seu
evangelho e nos esforçamos com mais disposição para agir segundo Sua
doutrina, Suas ordenanças e Seus convênios, tanto mais somos abençoados
com poder, por meio de Sua Expiação, de nos tornarmos cada vez mais
semelhantes a Ele. Nosso coração e nossa natureza se transformam, e nossos
desejos se voltam para Ele e Seus propósitos. Sua vontade substitui a nossa
vontade. Essas mudanças raramente ocorrem de uma hora para outra,
drasticamente, ou de uma só vez; em vez disso, elas entram em nossa vida
“linha sobre linha, preceito sobre preceito, um pouco aqui e um pouco ali” (2
Néfi 28:30).
Mas como saber de fato qual é a nossa situação e se nosso caminho está
de acordo com a vontade de Deus?
Foram colocados ao longo do caminho da perfeição alguns indicadores,
simples mas importantes, de nosso progresso — placas sinalizadoras que
oferecem informações oportunas sobre nossa direção e nosso ritmo. E
algumas perguntas ajudarão a centralizar o foco nas informações contidas
nesses indicadores.
Se pudermos responder sim a essas perguntas ou pelo menos reconhecer
o progresso na direção certa (em vez de ziguezaguear de um lado para outro
no caminho reto e apertado, fazer paradas e partidas periódicas ou desvios
não intencionais), então poderemos saber realmente que o curso da vida que
levamos está de acordo com a vontade de Deus. Nosso resultado pode não ser
muito aparente ou causar grande impressão em outras pessoas. E certamente
não teremos chegado ainda a nosso destino mais importante e final. Mas a
regularidade em alcançar os imperativos básicos do evangelho de aprender,
agir e tornar-se é uma parte primordial do desejo de Deus para cada um de
Seus filhos.

“Para qualquer pessoa, o fato de realmente saber que o curso que


segue na vida está de acordo com a vontade de Deus é essencial para
que ela tenha aquela confiança em Deus sem a qual não é possível
alcançar a vida eterna” (Lectures on Faith, p. 67).

“Assim foi e assim sempre será a situação dos santos de Deus que,
a menos que tenham conhecimento real de que o curso de sua vida está
de acordo com a vontade de Deus, enfraquecerão e desfalecerão em seu
ânimo” (Lectures on Faith, pp. 67–68).

“Observem que uma religião que não exige o sacrifício de todas as


coisas jamais terá poder suficiente para produzir a fé necessária à vida e
à salvação; pois desde a primeira existência do homem, a fé necessária
para alcançar a vida e salvação nunca pôde ser obtida sem o sacrifício de
todas as coisas terrenas. É por meio desse sacrifício, e somente por meio
dele, que Deus ordenou que os homens alcançassem a vida eterna; e é
pelo sacrifício de todas as coisas terrenas que os homens
verdadeiramente sabem que estão fazendo as coisas que agradam a
Deus” (Lectures on Faith, p. 69).

“Mas aqueles que não fizeram esse sacrifício a Deus não sabem se
o curso que seguem na vida agrada a Deus; pois seja qual for sua crença
ou sua opinião, trata-se de uma questão de dúvida e incerteza em sua
mente; e onde há dúvida e incerteza não há fé, nem pode haver. Pois a
dúvida e a fé não podem coexistir na mesma pessoa; de modo que
aqueles cuja mente estiver sujeita a dúvidas e temores não podem ter
confiança inabalável; e onde não existe confiança inabalável, a fé é
fraca; e onde a fé é fraca, as pessoas não serão capazes de lutar contra
toda oposição, tribulação e aflição que precisarão enfrentar a fim de
serem herdeiras de Deus e co-herdeiras com Cristo Jesus; e elas
desfalecerão em seu ânimo, e o adversário terá poder sobre elas e as
destruirá” (Lectures on Faith, p. 71).

Quando os santos no Missouri foram submetidos a intensa


perseguição em 1833, sendo forçados a assinar um acordo para deixar o
Condado de Jackson, o Profeta Joseph Smith recebeu a seguinte
revelação:

“Em verdade vos digo: Todos os que, dentre eles, souberem que seu
coração é honesto e está quebrantado e seu espírito, contrito; e que estiverem
dispostos a observar seus convênios por meio de sacrifício — sim, todo
sacrifício que eu, o Senhor, ordenar — esses serão aceitos por mim.
Pois eu, o Senhor, farei com que produzam como uma árvore muito
frutífera, plantada em terra fértil junto a um riacho de água pura, que produz
muitos frutos preciosos” (Doutrina e Convênios 97:8–9; grifo do autor).
Cada um de nós pode convidar o Espírito Santo para nos ajudar a ver as
“coisas como realmente são” (Jacó 4:13) a respeito de nosso progresso ao
longo do caminho dos convênios, da obediência e do serviço. Ele nos
ensinará de maneira simples e direta a respeito da sinceridade de nosso
coração, da natureza contrita do nosso espírito e a respeito de nossa
disposição em observar nossos convênios por meio do sacrifício, sim, todo
sacrifício que o Senhor lhes ordenar. Sermos aceitos pelo Senhor é
certamente o elemento chave na confirmação de que o curso de nossa vida
está de acordo com a santa vontade e mente de Deus. Tal confirmação pode
ser recebida se prosseguirmos em nossa jornada mortal no caminho da
perfeição.
Néfi foi um filho fiel e diligente de Helamã. Seu reinado público e
ministério sagrado entre os nefitas e lamanitas expandiram-se por quase
quarenta anos, terminando pouco antes do nascimento do Salvador. Uma
descrição de Néfi contida nas escrituras traz importantes princípios para o
nosso tempo.
“E aconteceu que surgiu entre o povo uma divisão, de modo que se
apartaram uns para um lado e outros para outro; e seguiram seus caminhos,
deixando Néfi, que se achava no meio deles, sozinho.
E aconteceu que Néfi tomou o caminho de sua casa, refletindo sobre as
coisas que o Senhor lhe revelara.
E aconteceu que enquanto assim meditava — estando extremamente
desanimado em virtude das iniquidades do povo nefita, suas secretas obras de
trevas e seus assassinatos e suas pilhagens e toda sorte de maldades —
aconteceu que enquanto assim meditava em seu coração, eis que ouviu uma
voz, dizendo:
Bem-aventurado és tu, Néfi, pelas coisas que tens feito; pois observei
que foste infatigável em pregar a este povo as palavras que te dei. E não o
temeste nem te preocupaste com tua própria vida, mas procuraste conhecer
minha vontade e cumprir meus mandamentos.
E agora, por teres feito isso com tanta perseverança, eis que te
abençoarei para sempre e te farei poderoso em palavras e ações, em fé e em
obras; sim, para que todas as coisas se realizem segundo tua palavra, pois
nada pedirás que seja contrário a minha vontade.
Eis que tu és Néfi e eu sou Deus. Eis que te declaro, na presença de
meus anjos, que terás poder sobre este povo” (Helamã 10:1–6; grifo do
autor).
Néfi aprendeu, entendeu e cumpriu seu dever infatigavelmente. Ao se
deparar com oposição e dificuldades, ele ponderava as coisas que o Senhor
lhe havia mostrado, voltava-se com firmeza para o Salvador e buscava
somente fazer a vontade de Deus.
Cada um de nós, como discípulos de Cristo, pode da mesma forma
ponderar sobre as coisas que o Senhor nos tem mostrado e feito por nós e
aprender a agir infatigavelmente em nossa vida pessoal. Não receberemos
exatamente as mesmas bênçãos que foram conferidas a Néfi, mas seremos
abençoados com poder — sim, o poder de tornar-nos.
“Aprende de mim e ouve minhas palavras; anda na mansidão de meu
Espírito e terás paz em mim” (Doutrina e Convênios 19:23).
“Eis que eu sou Jesus Cristo, o Filho de Deus. Eu sou a vida e a luz do
mundo.
Eu sou o mesmo que vim aos meus e os meus não me receberam;
Mas em verdade, em verdade eu te digo que a todos os que me
receberem darei poder para se tornarem filhos de Deus, sim, àqueles que
crerem em meu nome. Amém” (Doutrina e Convênios 11:28–30; grifo do
autor).

Leituras Correlatas
1. Dieter F. Uchtdorf, “Uma Questão de Poucos Graus”, A Liahona,
maio de 2008, p. 57.

2. Thomas S. Monson, “Decisions Determine Destiny”, CES Fireside, 6


de novembro de 2005. Disponível em inglês no site speeches.byu.edu.

3. Gordon B. Hinckley, “Esta É a Obra do Mestre”, A Liahona, julho de


1995, p. 74.

4. Ezra Taft Benson, “O Livro de Mórmon — Pedra Angular de Nossa


Religião”, A Liahona, janeiro de 1987, p. 3.

5. Bruce R. McConkie, “The Caravan Moves On”, Ensign, novembro


de 1984, pp. 82–85.

6. LeGrand Richards, “One Lord, One Faith, One Baptism,” Ensign,


maio de 1975, pp. 95–97.

7. LeGrand Richards, “I Am More Interested in the Long Hereafter”,


BYU Devotional, 25 de fevereiro de 1975. Disponível em inglês no site
speeches.byu.edu.

8. Spencer W. Kimball, “Planning for a Full and Abundant Life,”


Ensign, maio de 1974, pp. 86–89.
9. Dallin H. Oaks, “A Única Igreja Verdadeira e Viva”, A Liahona,
agosto de 1971, p. 48.

10. Spencer W. Kimball, “Tragedy or Destiny?” BYU Devotional, 6 de


dezembro de 1955. Disponível em inglês no site speeches.byu.edu.
Também disponível como “Tragédia ou Destino?” capítulo 2 de
Ensinamentos dos Presidente da Igreja: Spencer W. Kimball, 2006, p.
12.

Pondere:
O que estou aprendendo sobre a importância de padrões justos em
aprender, agir e tornar-me?

Pondere:
De que maneira posso aplicar mais eficazmente em meu aprendizado e
minha vivência do evangelho o princípio de “Congregar todas as Coisas”?

Pondere:
O que estou aprendendo a respeito de cumprir meus convênios por meio
do sacrifício e ser aceito pelo Senhor?
Minhas Próprias Questões a Ponderar

Escrituras Relacionadas ao Que Estou Aprendendo


1. Será que estou aprofundando meu conhecimento a respeito das
coisas mais importantes da eternidade como: a natureza da
Trindade, o plano de salvação, a realidade e divindade do Senhor
Jesus Cristo, a eficácia do sacrifício expiatório infinito e eterno do
Salvador e a Restauração do evangelho nos últimos dias? Será que
estou expandindo minha capacidade de obter respostas às
importantes perguntas espirituais por meio do estudo diligente e do
poder do Espírito Santo?
2. Será que as coisas que estou aprendendo se refletem de modo cada
vez mais intenso e constante na forma como eu ajo na doutrina de
Cristo? Será que consigo detectar algum progresso na redução da
disparidade entre o que sei sobre o evangelho e a maneira como
vivo o evangelho? Será que estou mantendo o foco no Salvador e
não em mim mesmo?
3. As coisas que aprendo e a maneira como ajo na doutrina me
possibilitam receber cada vez mais e constantemente o poder de
tornar-me aquilo que Deus anseia que eu me torne? Será que estou
prosseguindo no caminho da perfeição?

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Um Convite para Aprender,


Agir e Tornar-se
Que outras doutrinas e outros O que posso e devo Como saberei se estou
princípios, desde que bem fazer para agir de progredindo em meu
entendidos, me ajudarão a acordo com essas empenho de me tornar
continuar prosseguindo com doutrinas e esses mais semelhante ao
firmeza no caminho da princípios? Salvador?
perfeição?

Um Convite para Aprender,


Agir e Tornar-se
Que outras doutrinas e outros O que posso e devo Como saberei se estou
princípios, desde que bem fazer para agir de progredindo em meu
entendidos, me ajudarão a acordo com essas empenho de me tornar
continuar prosseguindo com doutrinas e esses mais semelhante ao
firmeza no caminho da princípios? Salvador?
perfeição?

Um Convite para Aprender,


Agir e Tornar-se
Que outras doutrinas e outros O que posso e devo Como saberei se estou
princípios, desde que bem fazer para agir de progredindo em meu
entendidos, me ajudarão a acordo com essas empenho de me tornar
continuar prosseguindo com doutrinas e esses mais semelhante ao
firmeza no caminho da princípios? Salvador?
perfeição?

Debate com os Jovens


http://bit.ly/1AV4N7u
Vídeos

1. Entrevista com o Élder e a irmã Bednar (Capítulo 1)

2. Debate com Casais (Capítulo 2)

3. Debate Com as Mulheres (Capítulo 3)

4. Debate com os Jovens (Capítulo 4)

5. Debate com os Jovens Adultos Solteiros (Capítulo 5)


Fontes Citadas
Bell, James P. In the Strength of the Lord: The Life and Teachings of
James E. Faust, 1999.
Benson, Ezra Taft. God, Family, Country: Our Three Great Loyalties,
1974.
———.“A New Witness for Christ.” Ensign, novembro de 1984, pp. 6–
8
“A Família: Proclamação ao Mundo”. A Liahona, novembro de 2010, p.
129.
Hafen, Bruce C. A Disciple’s Life: The Biography of Neal A. Maxwell,
2002.
Hinckley, Gordon B. “A Principle with a Promise.” Improvement Era,
1965, p. 521.
Holland, Jeffrey R. “‘The Peaceable Things of the Kingdom’”, Ensign,
novembro de 1996, pp. 82-84.
Hinos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1985.
Jones, Daniel W. Forty Years among the Indians, 1890.
Kimball, Spencer W. Faith Precedes the Miracle, 1972.
———. The Teachings of Spencer W. Kimball. Edição de Edward L.
Kimball, 1982.
Lectures on Faith, 1985.
Lee, Harold B. Decisions for Successful Living, 1973.
Liebman, Joshua Loth. Peace of Mind. 1946.
Maxwell, Neal A. “‘Apply the Atoning Blood of Christ.’” Ensign,
novembro de 1997, pp. 22-24.
———. If Thou Endure It Well. 1996.
———. “‘Swallowed Up in the Will of the Father.’” Ensign, novembro
de 1995, pp. 22-24.
———. Wherefore, Ye Must Press Forward, 1977.
McConkie, Bruce R. Mormon Doctrine, 2ª ed., rev. 1966.
Monson, Thomas S. “A Obediência Traz Bênçãos”, A Liahona, maio de
2013, p. 89.
Nelson, Russell M. “A New Harvest Time”, Ensign, maio de 1998, pp.
34-36.
———. “Perfection Pending.” Ensign, novembro de 1995, pp. 86-88.
Oaks, Dallin H. “O Desafio de Tornar-se”, A Liahona, novembro de
2000, p. 40.
Packer, Boyd K. “Covenants.” Ensign, maio de 1987, pp. 22-25.
———. “Our Moral Environment”, Ensign, maio de 1992, pp. 66-68.
Pregar Meu Evangelho: Guia para o Serviço Missionário 2004.
Smith, Joseph, History of The Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints. 7 volumes, 1932–1951.
———. The Teachings of Joseph Smith. Edição de Larry E. Dahl e
Donald Q. Cannon, 1997.
Smith, Joseph Fielding, Doutrinas de Salvação. 3 volumes, Edição de
Bruce R. McConkie, 1954–1956.
Staheli, Donald L., “Obedience—Life’s Great Challenge”, Ensign, maio
de 1998, pp. 81–82.
Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: David O. Mckay, 2003.
Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: George Albert Smith, 2011.
Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Heber J. Grant, 2002.
Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith. 2007.
Young, Brigham, Discursos de Brigham Young, Comp. Élder John A.
Widtsoe 1954.

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