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•UMTS - ntrodução

Introdução

O crescimento sem precedentes verificado nos últimos tempos no mercado da


comunicação sem fios, juntamente com os avanços das tecnologias da comunicação e o
desenvolvimento dos serviços suportados pelas redes fixas, obrigaram a introdução de
uma nova tecnologia de comunicações moveis.

A tendência dos próximos anos será a convergência das comunicações, informação e


entretimento, produtos electrónicos e informáticos. O UMTS permitirá alcançar os
referidos objectivos. A comunicação de voz, a transmissão de imagem, vídeo e o acesso
a um vasto leque de serviços multimédia, tudo isto com um padrão de qualidade
impossível nos sistemas de comunicações móveis actuais, associados a um significativo
aumento da mobilidade e personalização do serviço, independentes do local, rede ou
terminal, tornarão o UMTS no sistema móvel do 3º milénio

O UMTS (“Universal Mobile Telecom-munications System”), é um membro da família


IMT-2000 (International Mobile Telecommunications–2000) de sistemas móveis de
comunicações da terceira geração (3G). O UMTS, também referido como W-CDMA
(wideband code division multiple access), é um dos avanços mais significativos na
evolução das telecomunicações para as redes de 3G. Este permite fornecer aos
utilizadores um conjunto vasto de aplicações, fornecendo também uma ligação vital
entre o sistema actual de GSM (Global System for Mobile Communication) e o futuro
standard para todas as telecomunicações moveis, o IMT-2000.

O UMTS é a plataforma móvel preferida para distribuir os futuros serviços de alto


conteúdo e aplicações agregados. Este procura construir e melhorar a capacidade das
tecnologias moveis sem fio e via satélite com uma maior capacidade de transmissão de
dados e um maior número de serviços.

Evolução das Comunicações Moveis

Os sistemas de comunicação celulares surgiram no final da década de 70, tendo


representando um avanço significativo no mundo das comunicações. Esta primeira
geração de comunicações móveis (1G), permitia apenas a transmissão de voz em
formato analógico.

A necessidade de aumentar a qualidade, a capacidade e a cobertura das transmissões,


levou à evolução para a Segunda geração de comunicações móveis (2G). Nesta geração
já se tornou possível fazer algo mais do que transmissão de voz, estes dispositivos
moveis permitiam o envio de fax ou de mensagens escritas. Dos vários standards que
fazem parte da 2G, aquele que teve mais sucesso foi o GSM sendo usado por 250 dos
450 milhões de utilizadores das comunicações moveis.

Na migração entre a 2G e a 3G, surgiram a fase 2 e a fase 2+ da 2G. Nestas foram


disponibilizados novas características, que ajudam à introdução da 3G.

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•UMTS - Arquitectura

Arquitectura de Rede UMTS

Organização

O UMTS será um sistema global, que complementará as componentes terrestre e


satélite. Terminais multimodo irão permitir aos utilizadores usarem sistemas de 2G
(segunda geração), com GSM 900 e 1800. A utilização de satélites representam uma
mais valia, pois permitem proporcionar a cobertura total.

Figura 3.1 – Cobertura da Rede UMTS

No terreno a cobertura será feita através de células dimensionadas de acordo com os


débitos e a mobilidade adequados. Para áreas reduzidas, como escritórios e casas ,
instalam-se células pico, as quais permitem débitos acima dos 2 Mbps mas limitam a
mobilidade a uma velocidade máxima de 10 Km/h. Para as áreas urbanas serão usadas
células micro, as quais permitem uma cobertura de alguns quilómetros quadrados,
suportando taxas de transferência entre os 384 Kbps e os 2 Mbps, permitindo uma
mobilidade à velocidade máxima de 120 km/h. A nível suburbano serão usadas células
macro, as quais permitem débitos na ordem dos 144 Kbps e possibilitam deslocação a
500 km/h. A cobertura de áreas remotas será garantida pela rede global de satélites,
denominadas células mega.

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Tipo de Célula Mobilidade Taxa de Transferência Área Coberta


Macro Alta 144 Kbps Dezenas de Km
Micro Media 384 Kbps / 2 Mbps Acima de um Km
Pico Baixa 2 Mbps Dezenas de metros

Espectro

Para os futuros sistemas do IMT-2000, no qual se inclui o UMTS, foram definidas as


faixas de frequência de 1885 – 2025 MHz e 2110 – 2200 MHz, sendo a faixa de 1980 –
2010 MHz destinada à componente satélite dos sistemas.

Acesso-Rádio Frequências

O sistema UTRA (UMTS Terrestrial Radio Acess) suportará a operação do sistema com
alta eficiência espectral e qualidade de serviço. Os terminais UMTS poderão não operar
todo o tempo na taxa mais alta de transmissão de dados, e em áreas remotas ou muito
congestionadas os serviços poderão só suportar taxas de dados mais baixas. Estas
limitações podem-se dever a dificuldades de propagação do sinal ou devido a razões
económicas, restrições no dimensionamento e construção da rede. Afim de permitir o
acesso permanentemente à rede, os serviços serão flexíveis às diferentes taxas de
transmissão oferecidas pelas redes e a outros parâmetros de Qualidade de Serviço
(QoS).

Figura 3.2 – Usos do TDD e FDD

As duas técnicas utilizadas no acesso-rádio frequência são o W-CDMA (Wideband


Code Division Multiple Acess) e o TD-CDMA (Time Division Code Division Multiple
Acess), figura XX. O W-CDMA, também conhecido no contexto UMTS por UTRA-
FDD (UTRA-Frequency Division Duplex), é usado nas células de maior cobertura por
que permite uma mobilidade elevada. Esta técnica usa bandas de comunicação
simétricas, isto é, tem igual largura de banda na emissão e recepção, 2 x 60 MHz. O
TD-CDMA ou, no referido contexto, UTRA-TDD (UTRA-Time Division Duplex), é
utilizado nas células de menor cobertura onde a taxa de transferência é preponderante à
mobilidade. Esta técnica usa bandas de comunicação assimétricas, ou seja, tem
diferentes larguras de banda para a emissão e recepção, sendo a recepção superior. No
conjunto as duas bandas perfazem 35 MHz. Esta diferença justifica-se pelo facto de a
quantidade de dados recebidos ser, geralmente, muito superior à transmitida.

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Elementos de Rede da Fase 1 do UMTS

O UMTS difere da fase 2+ do GSM principalmente nos novos princípios usados no


interface de transmissão aérea (W-CDMA em substituição do TDMA/FDMA). Assim é
introduzido um novo RAN (Radio Access Netowork), chamado UTRAN (UMTS
terrestrial radio access network). De modo a suportar esta mudança são apenas
necessárias ligeiras alterações, assim como funções de compressão de voz, a nível do
CN (Core Network).

UTRAN

O protocolo UMTS pode ser visto como uma extensão das redes já existentes. São
inseridos dois novos elementos de rede no UTRAN, o RNC (Radio Network Controller)
e o Node B (estação emissora de UMTS). O UTRAN está dividido em RNSs (sistemas
de redes de radio individuais), onde cada RNS é controlada por um RNC. O RNC está
ligado a um conjunto de elementos Node B, cada um dos quais pode servir uma ou mais
células.

Figura 3.3 – Elementos de rede UMTS

Alguns elementos de rede existentes actualmente podem ser adaptados de modo a


suportarem os requerimentos do UMTS, no entanto o RNC e o Node B são elementos
novos, tendo que ser completamente desenhados.

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O UMTS define quatro novos interfaces:

• Uu: Interface entre o equipamento do utilizador (UE) e Node B (ULTRA,


interface aéreo UMTS W-CDMA)
• Iu: Interface entre RNC e GSM Fase 2+ CN (MSC (mobile services
switching center, message sequence chart)/VLR(visitor location register) ou
SGSN(serving GPRS support node))
• Iu-CS para dados circuit-switched
• Iu-PS para dados packet-switched
• Iub: Interface entre o RNC e o Node B
• Iur: Interface entre RNCs

Os interface Iu, Iub e Iur são baseados em princípios de transmissão ATM


(Asynchronous Transfer Mode).

RNC (Radio Network Controller)

O RNC possibilita a gestão autónoma dos recursos de radio pelo UTRAN. Este fornece
o controlo central para os elementos RNS. O RNC é responsável pelas operações e
manutenção de todo o RNS, sendo responsável pelas comunicações protocolares entre
os interfaces Iu, Iur e Iub. Como os interfaces são baseados em ATM, o RNC transfere
células ATM entre eles. Os dados do utilizador, tanto circuit-switched com packet-
switched, provenientes dos interfaces Iu-CS e Iu-PS são multiplexados juntamente para
transmissões multimédia via os interface Iur, Iub e Uu, destinados ou provenientes do
Equipamento do Utilizador.

Figura 3.4 - RNC

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O RNC usa o interface Iur para controlar todo o RRM (Radio Resource Management),
deixando essa tarefa de ser da responsabilidade do CN (2G). As funções de controlo de
serviços assim como a admissão e a ligação do RRC (Radio Resource Control) ao UE,
são da responsabilidade de apenas um RNC (SRNC). Se outro RNC estiver envolvido
na actividade da ligação este é declarado como drift RNC (DRNC). É possível haver
uma mudança do SRNC para o DRNC, sendo isto da responsabilidade do RNC de
controlo (CRNC).

Node B

O Node B é a unidade física para a transmissão/recepção radio com as células. Uma ou


mais células podem ser servidas pelo mesmo Node B. O mesmo Node B pode suportar
os modos FDD (Frequency Division Duplex) e TDD (Time Division Duplex)
simultaneamente. O Node B liga-se com o UE através do interface radio W-CDMA Uu,
e com o RNC através do interface baseado no Iub ATM.

A principal tarefa do Node B é a conversão de dados provenientes e destinados ao


interface radio Uu. Isto inclui a correcção de erros e a adaptação da taxa de
transferencia. Mede a qualidade da ligação e determina a taxa de erros, transmitindo
esses dados para o RNC.

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Figura 3.5 – Node B

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UMTS - Interfaces

Interfaces

Para as quatro interfaces do UMTS (Iu, Iur, Iub, Uu) foram desenvolvidos vários
protocolos, de seguida apresenta-se uma descrição do modelo geral dos protocolos
usados, assim como uma descrição geral das interfaces.

Modelo Geral do Protocolo


A interface UTRAN é constituída por um conjunto de camadas horizontais e verticais.
Para os requisitos de transmissão do UTRAN é utilizada a camada horizontal radio
network. A camada vertical control plane é usada para controlar uma ligação, enquanto
que a user plane é usada para transmitir os dados das camadas superiores de forma
transparente. Os requisitos de transmissão standard independentes do UTRAN são
aplicados na camada horizontal transport network.

Figura 4.1 Interface UTRAN — General Protocol Model

Identificam-se no protocolo cinco blocos principais:


• Signaling bearers (portadores de sinal) – Transmitem para as camadas
superiores sinalização e informação de controlo.
• Data bearers (portadores de dados) – Transportam as data streams.
• Application protocols (protocolos de aplicação) – Fornecem sinalização e
controlo específicos do UMTS dentro do UTRAN, assim como activar
bearers na camada radio network.
• Data Streams – Contem os dados do utilizador que são transmitidos entre os
elementos da rede.
• Alcap (Access link control application part) – Através dos pedidos vindos da
camada radio network, activam, mantêm e libertam os data bearers.

Fazem parte do UMTS quatro interfaces, o Iu, o Iur, o Iub e o Uu, os quais fazem a
interligação entre os vários constituintes da rede UMTS.

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UMTS - Interfaces

Iu
O interface Iu é responsável pela interligação entre o RNC e o CN.

Identificam-se com principais funções as seguintes:


• Gestão do radio access bearer, inclui setup, manutenção e libertação
• Pedidos de paginas da CN para o equipamento do utilizador
• Tratamento das situações de erro e de overload
• Suporta os serviços de Broadcast
• Transferência de sinalização NAS (nonaccess stratum) entre o UE e o CN
• Serviços de localização
• Acesso simultâneo a vários CNs por um único UE
• Reserva de recursos para pacotes de dados

Iur

O Iur é responsável pela interligação entre RNCs.

Identificam-se como principais funções as seguintes:

• Gestão da rede de transporte


• O Iur é responsável por permitir a mobilidade do UE entre várias RNSs,
realizando a negociação, a gestão dos recursos de rádio e a sincronização
entre os RNSs.
• Possibilita o transporte de dados do utilizador e informação de controlo entre
o SRNC e o Node B, através do DRNC.
• Paging
• Medição dos recursos dos canais de transporte dedicados

Iub

O Iub é responsável pela ligação do RNC ao Node B

As principais funções do Iub são:

• Gestão dos recursos de transporte do Iub


• Gestão da configuração das células
• Performance da rede de rádio
• Gestão do sistema de informação
• Gestão de trafico dos canais comuns
• Gestão do trafico dos canais dedicados
• Gestão do trafico dos canais Partilhados
• Gestão da sincronização

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UMTS - Interfaces

Uu

O Uu é responsável pela ligação entre o UE e o Node B

O Uu tem como principais funções:

- Paginação e notificação.
- Informação de broadcasting.
- Gestão dos radio bearers, que inclui a sua activação, manutenção e
libertação.
- Protecção da integridade da mensagem.

Iu, Iur, Iub sobre ATM

As comunicações broadband vão desempenhar um papel importante no UMTS. Para


além da voz também vão ser transmitidas aplicações multimédia (videoconferência,
”navegar” na Internet e partilha de documentos). A tecnologia ATM foi escolhida por
ser necessária uma tecnologia que conseguisse lidar com transmissão circuit-switched e
packet-switched e ainda isochrnous e assíncrona.

Os dados do utilizador são organizados e transmitidos em cada ligação como uma


stream de células ATM. As AALs (ATM adaptation layer) são definidas para
efectuarem os diferentes tipos de serviços com o correspondente comportamento de
tráfego.
- Iu-CS, Iur, Iub: Através da AAL2 (ATM adaptation layer type 2) são
suportadas ligações connection-oriented em modo isochrnous com um bit
rate variável e delay mínimo. Esta camada foi desenhada para serviços em
tempo real com data rates variáveis (ex.: vídeo). Excepto para a interface Iu-
PS a AAL2 é sempre usada para transportar as data streams do utilizador.
- Iu-PS, Iur, Iub: Através da AAL5 (ATM adaptation layer type 5) numa
ligação connection-oriented em modo isochrnous com bit rate variável. Esta
camada é usada para a sinalização e emulação do IP em LAN.
- IU,IUR,IUB: O SSCOP (service-specific connection-oriented protocol) é um
protocolo connection-oriented que se situa no topo da AAL, que
disponibiliza uma transferência de dados fiável entre os peers. Transfere
dados das camadas superiores garantindo a sequência, controlo de fluxo, no
caso de um longo intervalo sem transferir dados mantém a ligação. A
correcção de erros é efectuada por:
- Informação de controlo do protocolo
- Retransmissão
- Informação à camada gestora
- Informação de status

IP sobre ATM

O IP (Internet protocol) pode ser encapsulado e depois transmitido numa rede ATM.
Actualmente o IP é um protocolo de camada 3 e o UDP (user datagram protocol) de
camada 4. Tendo sido a tecnologia ATM escolhida para a camada 2, no entanto os

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UMTS - Interfaces

protocolos das camadas superiores usados na camada transport network indicam uma
maior abertura do UMTS para uma solução IP pura.

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UMTS - Bibliografia

Bibliografia

http://www.iec.org/online/tutorials/umts/

http://www.3gmaster.com.br/tutorial/umts/

http://www.cellular.co.za/umts.htm

http://www.tbm.tudelft.nl/webstaf/rudiw/TB9612/UMTS/Umts0.htm

http://www.geocities.com/comunicacao_3gs/a_umts.htm

3rd Generation Partnership Project, Technical Specification Group Radio Access,


Network, UTRAN Iu Interface: General Aspects and Principles (Release 1999)

3rd Generation Partnership Project, Technical Specification Group Radio Access,


Network, UTRAN Iur Interface: General Aspects and Principles (Release 1999)

3rd Generation Partnership Project, Technical Specification Group Radio Access,


Network, UTRAN Iub Interface: General Aspects and Principles (Release 1999)

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