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Resumo
Este artigo se propôs apresentar e comparar duas metodologias para análise de substituição
de equipamentos. Para tanto, definições e conceitos fundamentais foram explicitados à luz da
Engenharia Econômica, e dois modelos propostos por Newman & Lavelle (1998) e Lapponi
(2000) concernentes a esta análise são discutidos, os quais, respectivamente denominados: 1)
Custo Anual Uniforme Equivalente (CAUE) e Custo Marginal (CM); e 2) construção do
Fluxo de Caixa Incremental (FCI) e o cálculo do Valor Presente Líquido (VPL). A partir da
comparação das duas metodologias, observou-se que o modelo proposto por Lapponi (1998)
não possui ramificações, sendo uma proposição mais direta e de fácil compreensão. Porém, o
modelo de Newman & Lavelle (2000) possibilita precisar em que momento será viável
proceder a substituição e determina o tempo que se deve ficar com o equipamento antigo.
1. Introdução
O contexto da análise de substituição de equipamentos configura-se num tópico revestido de
grande importância dentro da Engenharia Econômica, uma vez que está sempre presente no
cotidiano da atividade empresarial e é estratégico para o planejamento de custos e receitas.
Este tópico ainda exerce influência direta no desempenho da produção, visto que a decisão de
manter um equipamento antigo ou substituí-lo por um novo tem implicações na contenção dos
custos de fabricação, como também, no dinamismo dos processos e fluxo produtivo.
De acordo com Newman & Lavelle (1998), a substituição de um ativo existente pode ser
recomendada em várias situações, incluindo obsolescência, depleção e deterioração devido ao
envelhecimento. Tais termos compõem alguns dos pressupostos necessários à compreensão
deste tema, sendo definidos pelos referidos autores como segue:
– Obsolescência: concerne à situação em que a tecnologia de um ativo foi ultrapassada por
tecnologias novas e/ou diferentes.
– Depleção: refere-se à perda gradativa do valor de mercado de um bem, na medida em que
este é consumido ou exaurido. Na grande maioria dos casos, o ativo será utilizado até esgotar-
se, quando, então, será substituído.
– Deterioração devida ao envelhecimento: trata-se da condição geral de perda de valor de um
ativo devido ao processo de envelhecimento. Visando a compensar a perda de eficiência
devida ao processo de envelhecimento, incorre-se em despesas adicionais de operação e
manutenção para manter o ativo em condições eficientes de operações.
Em adição às situações anteriormente expostas, Hirschfeld (1998) acrescenta dois aspectos
como ocasiões em que convém analisar a conveniência ou não de uma eventual substituição, a
saber: a inadequação para atender a demanda atual e a possibilidade de locação de
equipamentos similares com vantagens relacionadas com o Imposto de Renda.
O mesmo autor menciona que, os insumos relacionados a operações e manutenções do
período anterior à substituição não devem ser incluídos em estudos de substituição de
equipamentos, já que estes insumos estão incorporados, exclusivamente, no período posterior
à substituição. Entretanto, os efeitos relacionados com o Imposto de Renda, cujas causas
tenham sido originadas no passado, devem ser considerados. O valor do equipamento no
instante da substituição é igual à oferta recebida pela sua revenda.
Em cada um desses casos está em xeque a capacidade de determinado ativo previamente
implementado produzir um resultado desejado. A análise de substituição pode recomendar a
substituição de um determinado equipamento e a inclusão, no orçamento de despesas de
capital, do dinheiro para a substituição. Ainda que não seja recomendada a substituição do
equipamento no momento, tal recomendação certamente surgirá em tempos futuros. Newman
& Lavelle (1998) asseguram que em algum instante, o equipamento existente será substituído,
seja quando não for mais necessário ou quando aparecer um equipamento melhor ou mais
sofisticado. Dessa forma, segundo esses autores, a questão central relativa à substituição de
equipamentos não se enquadra na possibilidade de substituição, mas sim no momento
adequado para efetuar a referida substituição.
O cerne da análise de substituição consiste em comparar o ativo previamente instalado com o
melhor equipamento disponível. A regra de decisão básica a ser seguida é: caso este ativo
revele-se mais econômico, ele será mantido; em contrapartida, se o novo equipamento
mostrar-se mais econômico, ele será instalado.
O objetivo deste trabalho foi estudar e estabelecer um paralelo comparativo entre duas
metodologias de análise de substituição de equipamentos, adotando para o desenvolvimento
deste estudo o detalhamento de conceitos, variáveis envolvidas, modelos matemáticos e
situações de aplicação, concernentes a cada modelo em particular.
2. Conceitos fundamentais para a análise de substituição de equipamentos
Visando à apresentação e comparação dos modelos propostos por Newman & Lavelle (1998)
e Lapponi (2000), faz-se necessária a compreensão de alguns conceitos estruturais, abordados
pelos referidos autores, cuja apreciação se encontra nas linhas seguintes.
2.1 Custos Marginais (CM)
Segundo Newman & Lavelle (1998), custos marginais são os custos ano a ano associados à
manutenção de um ativo. O período de qualquer custo marginal associado à posse é sempre de
um ano. Em problemas de substituição de equipamentos, o custo marginal total para qualquer
ano compõe-se da soma das seguintes parcelas: o custo de recuperação do capital (perda de
valor de mercado e juro perdido no ano); custos anuais de operação e manutenção; impostos e
seguros anuais; e outras despesas anuais que venham a existir durante o ano. No cálculo do
custo marginal anual da posse de um ativo, faz-se necessário dispor de estimativas do valor de
mercado do ativo em base ano a ano para toda a vida útil, bem como de despesas comuns
anuais.
2.2 Custo Anual Uniforme Equivalente (CAUE)
Newman & Lavelle (1998) afirmam que o CAUE total para cada ano é calculado através da
soma das seguintes parcelas: CAUE dos custos de recuperação de capital; CAUE dos custos
de operação e CAUE dos custos de manutenção e reparo. O CAUE dos custos de recuperação
de capital é calculado por intermédio da expressão algébrica seguinte:
i ⋅ (1 + i )n
A = P⋅ (1)
(1 + i ) − 1
n
Já o CAUE dos custos de operação, bem como dos custos de manutenção e reparo são
calculados para cada ano através da expressão:
1 n
A =G⋅ − (2)
i (1 + i ) − 1
n
onde i = Taxa efetiva de juros por período (dada em forma de decimal); n = Número de
períodos; P = Valor presente ou atual; G = Aumento ou decréscimo uniforme, período por
período, nos recebimentos ou desembolsos de dinheiro – gradiente aritmético; e A = Um
recebimento ou desembolso de dinheiro, ao final do período, em uma série uniforme de n
períodos.
O comportamento do CAUE total ao longo do tempo tende a seguir um padrão côncavo, isto
é, alto no início e no fim, devido respectivamente aos custos de recuperação de capital e às
despesas de manutenção e de operação, conforme se pode ver na Figura 1 baixo.
10000
9000
8000
7000
Custo ($)
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Tempo (ano)
CAUE de Recuperação de Capital
CAUE de Manutenção e Reparo
CAUE de Operação
CAUE Total
O VPL é definido, conforme Newman & Lavelle (1998), como a diferença entre o valor
presente dos benefícios e o valor presente dos custos. Algebricamente, o cálculo do VPL, a
partir do FCI, pode ser efetuado através da expressão a seguir:
n
Ct
VPL = − I + ∑ (3)
t =1 (1 + i )
t
10000
9000
8000
Custo ($)
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Tempo (ano)
Construção do fluxo
de caixa operacional (FCO)
Construção do fluxo
de caixa incremental (FCI)
Regra de decisão:
VPL>0 (viável)
VPL<0 (não viável)
Dados do
Disponível Custo Marginal do Não Disponível
Equipamento a ser
Substituído
Sim
Técnica de Análise #3
Técnica de Análise #1 Técnica de Análise #2 Na falta de dados sobre o custo marginal
Comparar o custo marginal do Comparar o CAUE do equipamento do equipamento a ser substituído, comparar o
próximo ano do equipamento a a ser substituído com o CAUE CAUE deste de equipamento sobre o restante
ser substituído com o CAUE do novo equipamento, cada de sua vida útil com o CAUE do novo
do novo equipamento um em suas vidas de custo mínimo. equipamento em sua vida de custo mínimo
ANEXO – Modelo para a análise de substituição proposto por Newman & Lavelle (1998)