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APLICAÇÃO DO MÉTODO AHP NA IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

DE CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE PROJETOS: UM CASO DO SETOR DE


ENERGIA

APPLICATION OF AHP METHOD IN THE IDENTIFICATION AND


CLASSIFICATION OF PROJECT SELECTION CRITERIA: AN ENERGY
SECTOR CASE STUDY
Silvério, Adriano Augusto – Universidade Nove de Julho, Uninove

Rodrigues, Leonel Cezar – Universidade Nove de Julho, Uninove

Xavier, Amanda Fernandes – Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ

Resumo
Escolher dentre diversas alternativas de projetos de investimento em hidrelétricas para compor
um portfólio de projetos é um assunto complexo. Dentre os modelos de seleção mais utilizados,
encontram-se os métodos financeiros. Todavia, esses métodos restringem a análise das opções de
projetos aos aspectos econômico-financeiros. Como alternativa, o presente artigo propõe a
utilização do método multicritério AHP (Analytic Hierarchy Process) que incorpora medidas de
avaliação tanto quantitativas quanto qualitativas. Este método baseia-se em critérios ou
parâmetros de processos operacionais que dificultam ou facilitam a execução dos projetos. Para
definição do conjunto dos critérios, utilizou-se a técnica Delphi, aplicada a um grupo de sete
especialistas em gestão de projetos de hidrelétricas. Os resultados obtidos mostraram que os
critérios determinantes para seleção não se limitam a aspectos financeiros, mas a critérios de
caráter burocrático, organizacional e do ambiente político e tecnológico. Pode-se concluir que o
potencial financeiro dos projetos de hidrelétricas não são os únicos determinantes dos
investimentos e, em grande parte, estão condicionados a outros critérios burocráticos e
tecnológicos, impeditivos para a realização dos projetos.

Palavras-chave
Seleção de Projetos; Gestão de Portfólio; Gestão de Projetos; Hidrelétricas.

Iberoamerican Journal of Project Management (IJoPM). www.ijopm.org.


ISSN 2346-9161. Vol.6, No.1, A.E.C., pp.81-99. 2015.
Recepción: 14/12/14. Aceptación: 27/04/15. Publicación: 14/07/15.
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Abstract
Choosing from several alternative investment projects in hydropower to build a portfolio of
projects is a complex matter. The most commonly used selection model for building the portfolio
is the financial method, however it constraints options investments to the economic and financial
parameters, which are limiting in nature. Alternatively, this paper proposes the use of
multicriterial method Analytic Hierarchy Process – AHP, which incorporates measures to
evaluate both quantitative and qualitative data. This method is based on criteria or parameters of
operational processes that hinder or facilitate the execution of projects. In order to get the
definition of the set of criteria, the Delphi technique was applied to a group of seven experts in
managing hydropower projects. Main results show that essential criteria for selection of project
investment portfolio, are not limited to financial aspects, but it involves criteria of bureaucratic,
organizational, and political environment and technological characters. The conclusion is that the
financial potential of hydropower projects are not the only determinants for investments on
hydropower projects and, at large, these project are conditioned to other criteria such as, those of
bureaucratic and technological nature.

Keywords
Project Selection, Portfolio Management, Project Management, Hydropower.

1. Introdução
Usinas de grande porte a serem instaladas na região amazônica constituem a nova fronteira
hidrelétrica nacional e irão interferir não apenas na dimensão do sistema de geração, mas também
no perfil de distribuição de energia em todo o País, abrindo novas possibilidades de
desenvolvimento regional e nacional (1).
No entanto, a construção de usinas exige desde o rígido cumprimento das exigências legais até o
atendimento dos anseios da comunidade em que estão inseridos. Isso porque são projetos que
causam diversos impactos ambientais tais como a diminuição da correnteza do rio e consequente
alteração da dinâmica do ambiente aquático, perda/alteração da vegetação da área, poluição,
desequilíbrio dos processos de bioprodução e decomposição, dentre outros (2). Adicionalmente,
esses projetos exigem altas quantias de investimento. A estimativa do Ministério de Minas e
Energia para o período 2008-2017 indica aportes públicos e privados da ordem de R$ 352 bilhões
para a ampliação do parque energético brasileiro. Para a área hidrelétrica estão previstos cerca de
R$ 83 bilhões (1).
Este artigo encontra-se inserido neste contexto de que projetos do setor de energia elétrica são
complexos e envolvem riscos e grandes quantias de capital investido. Portanto, exigem um
modelo que permita, de forma clara, selecionar e classificar projetos.

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Dentre os modelos de seleção mais utilizados no Brasil, encontram-se os métodos financeiros
como Taxa Interna de Retorno, Payback e Valor Presente Líquido (3;4). Embora bastante
utilizados, estes métodos restringem a análise das opções de projetos aos aspectos econômico-
financeiros destes. Portanto, uma das limitações destas técnicas é não considerar os aspectos
qualitativos dos projetos (5). Como alternativa, diversos autores (6;7;8) propõem o Analitic
Hierarchy Process (AHP). O AHP é um método multicritério desenvolvido por Saaty (1990) para
lidar com problemas complexos de decisão. Por meio da incorporação de medidas de avaliação,
tanto objetiva quanto subjetiva, ele auxilia na identificação e ponderação de múltiplos critérios de
seleção relativos às opções de projetos disponíveis.
Embora utilizado como instrumento de seleção de projetos de vários setores, são raros os estudos
de utilização da metodologia AHP no setor de energia. Todavia, trata-se de um setor regulado
pelo governo e como tal o tomador de decisão não pode basear suas escolhas somente em
critérios financeiros (VPL, TIR ou até Payback), pois tem de considerar o atendimento de fatores
legais impostos pelo órgão regulador como: qualidade, segurança, preservação do meio ambiente,
entre outros (5). Assim, há uma lacuna no setor de energia referente à utilização de métodos que
permitam selecionar os projetos considerando tanto critérios quantitativos (como o VPL) como
qualitativos (como preservação do meio ambiente) justificando o uso de uma metodologia como a
AHP.
Todavia, para a aplicação da metodologia AHP é necessário a correta definição dos critérios de
seleção. Uma definição incorreta destes pode levar a organização a iniciar projetos em desacordo
com seu planejamento estratégico e às expectativas dos stakeholders. Tal fato pode levar a
consequências desastrosas para a empresa e todos envolvidos como perda de competitividade e
até mesmo redução no valor da organização (9).
Nesse sentido, este artigo tem como questão de pesquisa: 'Quais os critérios essenciais para
seleção de projetos de investimento em usinas hidrelétricas a partir do método multicritério
AHP?'. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo identificar e classificar, por ordem de
relevância justificada, critérios essenciais, na visão de especialistas em gestão de portfólio de
projetos, para seleção de projetos de investimentos em usinas hidrelétricas, segundo metodologia
AHP.
O objetivo prático desse trabalho, considerando que o processo de seleção para investimentos é
um processo que envolve riscos, pela sua própria natureza, é desenvolver uma lista ordenada de
critérios que poderão ser utilizados para melhorar a eficiência e diminuir os riscos inerentes ao
processo de seleção de projetos para investimentos. Desta forma, pretende-se otimizar a alocação
dos recursos dos investimentos. A partir dos critérios ordenados, gerentes de portfólio de
empresas de energia podem realizar a comparação, par a par, das alternativas de projetos (usinas
hidrelétricas) e montar o ranking de suas opções de projetos.

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2. Referencial teórico
Existe no Brasil uma necessidade por investimentos nos setores de bens e serviços de
infraestrutura, em especial em energia elétrica, não só para o atendimento da demanda atual como
também para sustentar o crescimento econômico (10). Conforme estudo realizado pela Empresa
de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, o crescimento do consumo de
energia no país deve ser em média de 4,5% ao ano, pelos próximos dez anos (11). Para atender a
este aumento de consumo, o Plano Decenal da EPE prevê que a capacidade instalada no Sistema
Elétrico Interligado Nacional (SIN) deve evoluir de 110 GW (2010) para 171 GW (2020), com a
priorização das fontes renováveis (hidráulica, eólica e biomassa). Embora a participação das
hidrelétricas cair de 75% para 67%, nota-se aumento relevante em valores absolutos de 22 GW
nesse horizonte.
A previsão do Plano Decenal de Energia é que o país terá 71 novas usinas hidrelétricas até 2017,
com potencial de geração de 29.000 MW, sendo 15 na bacia do Amazonas, 13 na bacia do
Tocantins-Araguaia, 18 no rio Paraná e 8 no rio Uruguai. As 28 usinas hidrelétricas planejadas na
região amazônica têm no seu conjunto, a capacidade instalada de 22.900 MW (1). Nota-se,
portanto, uma demanda significativa por projetos de usinas hidrelétricas no país. Entretanto, trata-
se de um grande desafio para as empresas equilibrarem suas carteiras de projetos e garantirem
que todos estejam totalmente alinhados com a estratégia do negócio (12).
Os autores Ghasemzadeh e Archer (7) chamam a atenção para as diversas dificuldades
relacionadas à seleção de projetos, dentre elas: a) há vários e muitas vezes conflitantes objetivos;
b) alguns dos objetivos podem ser qualitativos; c) incerteza e risco podem afetar projetos; d) a
carteira de projetos selecionada pode precisar ser equilibrada em termos de fatores importantes
como risco e tempo para conclusão. Dessa forma, deve-se fazer uso de modelos e técnicas que
permitam selecionar apenas os projetos mais alinhados aos objetivos estratégicos da organização.
No Brasil há uma preferência pelos métodos financeiros. Em pesquisa realizada por Eid Jr. (4)
constatou-se, por meio de consulta a organizações de variados setores e tamanhos que atuam no
país, que as técnicas de avaliação e seleção de projetos predominantes no Brasil são: Taxa Interna
de Retorno (52%), Payback (51%) e Valor Presente Líquido (41%). Outros trabalhos sobre o
tema (3;13) também foram realizados e obtiveram resultados semelhantes.
Embora sejam métodos consagrados e bastante utilizados mundialmente, todos possuem
limitações, tais como não considerar aspectos qualitativos dos projetos, e nem sempre espelhar as
preferências e expectativas dos tomadores de decisão. Sabe-se que no cenário particular a cada
empresa existem variáveis qualitativas relevantes, tais como: o impacto das decisões sobre a
sociedade e o meio ambiente, as forças políticas, sociais e sindicais, critérios regulatórios, dentre
outros (10). Nesse sentido, um conjunto mínimo de critérios variados pode ser muito útil para
nortear o processo de tomada de decisão de projetos, dado que muitos dos problemas envolvendo
gerenciamento de portfólio não têm somente um objetivo – na verdade, os objetivos são múltiplos
e muitas vezes conflituosos (5).

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Dentre os métodos para avaliar objetivos e critérios múltiplos, optou-se neste trabalho em se
utilizar o Analytic Hierarchy Process (AHP). A escolha se deu levando em consideração a
simplicidade do método, aderência do mesmo ao setor elétrico, visto que o mesmo exige uma
análise de critérios tanto quantitativos como qualitativos, e facilidade de construção da
modelagem matemática do método em software Excel para aplicação. O AHP baseia-se na
capacidade humana de usar a informação e a experiência para estimar importâncias relativas
através de comparações par a par. Trata-se de uma abordagem flexível que utiliza a lógica aliada
à intuição do tomador de decisão, com a finalidade de obter julgamentos (7).
Conforme Saaty (6), como modelo racional de tomada de decisão o AHP preconiza os seguintes
passos: 1) definição do problema: formular o problema como uma necessidade de chegar a um
novo estado; 2) busca de alternativas: estabelecer as diferentes alternativas (consideradas como as
diferentes possíveis soluções do problema) e determinar critérios de avaliação; 3) comparação
entre critérios: comparar os critérios aos pares, estabelecendo importâncias relativas; 4)
classificação das alternativas: indicar a prioridade de decisão e; 5) avaliação da consistência do
modelo: analisar a inconsistência das escolhas subjetivas, de acordo com o nível de tolerância
definido.
Dessa forma, a AHP pressupõe comparações paritárias dos critérios, para identificar a
importância relativa de cada um, e também comparações paritárias das alternativas para
identificar o quanto eles são preferíveis em relação à cada critério, ressalvando-se que o numero
máximo de critérios e das alternativas seja no máximo nove. (8). A Figura 1 a seguir representa
um exemplo de estruturação hierárquica:

Figura 1 - Exemplo de estruturação hierárquica.


Fonte: Elaborado pelos autores

As comparações par a par são obtidas através de uma escala linear própria, que varia de 1 a 9, a
qual é denominada Escala Fundamental de Saaty e é demonstrada na Figura 2 a seguir:

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Figura 2- Escala Fundamental de Saaty e Relação de Consistência
Fonte: Adaptado de Saaty (6).

O método exige ainda que se calcule a Relação de Consistência (RC), indicando o desvio entre o
cálculo dos resultados e um valor ideal para a mesma quantidade de critérios adotados na
avaliação. Caso a RC esteja fora dos parâmetros preestabelecidos, é necessário rever as
comparações realizadas, par a par, para aquela alternativa, e então refazer o teste de Relação de
Consistência (14). Os percentuais de RC permitidos para cada número de critérios foram
demonstrados na figura 2 anteriormente apresentada.
Portanto, pode-se concluir que o AHP quebra um problema em subproblemas e depois agrega as
soluções dos subproblemas em uma solução geral. Assim, este método facilita a tomada de
decisão ao organizar percepções, sentimentos, julgamentos e memórias em uma estrutura que
exibe as forças influentes na decisão e que gera um resultado numérico e conclusivo (15).

3. Metodologia
Existem várias formas de classificar as pesquisas. Segundo Gil (16), podemos classificá-la quanto
à natureza, meios de investigação, abordagem, objetivos e procedimentos técnicos (métodos). No
presente artigo, o problema de pesquisa investigado consistia em identificar e classificar critérios
essenciais para seleção de projetos de investimento em usinas hidrelétricas a partir do método
multicritério AHP.
Com intuito de atender a este propósito, desenhou-se a parte empírica dessa pesquisa buscando
informações especializadas com um grupo de especialistas em projetos de investimento em
hidrelétricas. Assim desenhada, a pesquisa pode ser caracterizada de modo singular, dentro dos
critérios de caracterização sugeridos por Gil (16).
Portanto, pode-se dizer que, quanto à natureza, essa pesquisa pode ser caracterizada como
qualitativa, pois busca analisar no conjunto de opiniões, emitidas por pessoas especializadas, os
elementos e fatores que permitirão construir o conjunto de parâmetros e indicadores de seleção de
projetos. Como a natureza dessas informações é estritamente subjetiva, elas servirão de

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fundamento para a necessária análise e extrapolação de parâmetros e indicadores de seleção,
demonstrando, de forma inerente aos aspectos empíricos, a natureza qualitativa da pesquisa.
Quanto aos meios de investigação, as informações a serem coletadas não têm sua base cognitiva
originária da literatura especializada, mas do conhecimento tácito e experiencial dos especialistas.
Estes serviram de base cognitiva original para a pesquisa, por meio do método Delphi para coleta
de informações.
A abordagem tipicamente qualitativa dessa pesquisa, por outro lado, traz incorporada distintos
graus de investigação – exploratório, descritivo e explicativo (16). Como não se possui ainda um
arcabouço de parâmetros e indicadores específicos e validados, que possa garantir a eficácia do
processo analítico e seletivo de projetos de investimentos em hidrelétricas, o grau de investigação
permitido para esse caso é o exploratório.
A premissa para a coleta de informações acerca dos parâmetros e indicadores de seleção é de que
existe sim, na literatura e na experiência acumulada dos especialistas selecionados, um conjunto
de parâmetros e indicadores de caráter genérico que podem ser utilizados – e frequentemente o
são - para trabalhos dessa natureza. Por isso, buscar consenso (técnica Delphi de coleta de
informações) entre especialistas acerca de um conjunto específico de parâmetros é ainda
exploratório.
Em síntese, o Delphi consulta um grupo de especialistas a respeito de determinado assunto
através de um questionário. Este questionário é repassado contínuas vezes até que seja obtido um
consenso nas respostas, isto é, uma consolidação do julgamento do grupo. Pressupõe-se que o
julgamento coletivo, quando organizado adequadamente, é melhor do que a opinião de um só
indivíduo (17).
A coleta e interpretação dos dados foi realizada de acordo com a aplicação do método Delphi,
proposta por Giovinazzo e Fischmann (18), e é descrita na Figura 3. A primeira etapa da
aplicação do método consistiu na elaboração do questionário e seleção dos especialistas a serem
consultados. O questionário da 1ª Rodada de Delphi visava identificar os principais critérios para
seleção de projetos de energia hidrelétrica e foi composto de duas partes. A primeira parte
contemplava campos para preenchimento de dados pessoais, experiência em gestão de projetos de
energia do consultado e questionamento a respeito da participação do mesmo no processo de
seleção de projetos de energia hidrelétrica de sua respectiva organização. Já a segunda parte do
questionário trazia a seguinte questão: 'Em sua organização, quais os principais critérios para
seleção de projetos de energia hidrelétrica?' Foi solicitado ao especialista que listasse no máximo
nove critérios de seleção e concedesse uma breve descrição dos mesmos.
O limite de nove critérios foi definido para que fosse possível trabalhar posteriormente com a
metodologia AHP, já que a mesma possui esta restrição.
Paralelamente foi realizada a seleção dos sujeitos sociais da pesquisa. Segundo Cardoso et al.
(19) especialista é o profundo conhecedor do assunto, seja por formação acadêmica ou por

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experiência no ramo em questão. No presente estudo utilizou-se como conceito de especialista o
sujeito social que atendesse aos seguintes requisitos: a) trabalhasse atualmente em empresas do
setor de energia hidrelétrica; b) participasse ativamente do processo de seleção de projetos de
energia elétrica em sua respectiva organização e; c) possuísse experiência mínima de 5 anos em
gerenciamento de projetos de energia hidrelétrica.
No método Delphi não há exigência de um número mínimo ou máximo de especialistas. Assim, a
amostra utilizada pode ser intencional, probabilística ou mesmo uma conjunção de ambas. Dessa
forma, optou-se por uma amostra de sete especialistas, sendo o número e os participantes
escolhidos de forma intencional pelo pesquisador conforme sua rede de contatos.

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Figura 3. - Atividades para Execução de Delphi.
Fonte: Adaptado de Giovinazzo e Fischmann (18).

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Pode-se verificar no Quadro 1, a seguir, que os sujeitos sociais selecionados atendiam aos
critérios estabelecidos para participar da pesquisa.

Quadro 1. - Especialistas Consultados

Fonte: Elaborado pelos autores

Portanto, verificou-se que todos profissionais consultados exerciam cargo de gerência ou


coordenação e estavam envolvidos na avaliação e prospecção de novas oportunidades para suas
respectivas organizações na área de energia, sobretudo energia elétrica (usinas hidrelétricas).
Todas as organizações em que os especialistas trabalhavam são da iniciativa privada e atuam com
investimentos relacionados à geração, transformação, transporte, distribuição e comércio de
energia em qualquer forma.
A etapa seguinte consistiu no envio do questionário por e-mail aos especialistas, estes tiveram um
prazo de sete dias a partir do recebimento do mesmo para responder. Efetuou-se um
acompanhamento do recebimento das respostas e, de posse de 100% das mesmas, seguiu-se para
a próxima etapa do método que consistia na tabulação e análise dos dados a fim de se obter uma
lista única de critérios de seleção de projetos de energia elétrica. No processo de consolidação das
respostas, critérios similares ou complementares citados pelos especialistas foram agrupados em
único critério (os critérios identificados, bem como os agrupamentos realizados são discutidos na
seção 4 – Análise dos Resultados).
Tendo sido realizada a identificação dos critérios essenciais para seleção de projetos de
investimento em usinas hidrelétricas, avançou-se para a etapa de elaboração de novo questionário
e envio aos especialistas. Nesta etapa, o questionário visava obter a classificação dos critérios
identificados em ordem de relevância utilizando a metodologia AHP. Assim, foi solicitado aos
especialistas que realizassem a comparação par a par dos critérios conforme escala de Saaty e

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respeitando o nível de relação de consistência aceitável estabelecido pela metodologia AHP.
Além disso, foi requisitado aos especialistas que descrevessem sucintamente as justificativas para
cada classificação realizada.
Após recebimento das respostas realizou-se a tabulação dos dados e análise estatística: mediana,
média aritmética e amplitude inter-quartílica. Uma vez que não se verificou o consenso no grupo
quanto à classificação dos critérios ocorreu uma nova rodada. A evolução em direção ao
consenso, estatisticamente, pode ser mensurada pela relação entre a distância do 1° ao 3° quartil
das respostas e o valor da mediana (19).
Nesta segunda rodada, as perguntas foram repetidas e os participantes reavaliaram suas
conclusões à luz das respostas numéricas (representações estatísticas) e das justificativas dadas
pelos demais respondentes na rodada anterior.
Após nova devolução das respostas realizou-se a tabulação dos dados e nova análise estatística,
na qual verificou-se o consenso do grupo. Dessa forma, o resultado final da classificação dos
critérios foi dado pela média das respostas dos especialistas e foi compartilhado com estes. Os
resultados são apresentados e discutidos na seção a seguir.

4. Análise dos resultados


4.1 Identificações dos critérios essenciais pelos especialistas
A partir das respostas dos sujeitos sociais pesquisados foi realizada uma consolidação dos
critérios conforme as características e natureza destes. Dessa forma, obteve-se a seguinte lista
final de critérios de seleção para projetos de investimento em hidrelétricas (Quadro 2):

Quadro 2. - Critérios Identificados pelos Especialistas

Fonte: Elaborado pelos autores.

Os critérios financeiros apontados pelos especialistas foram agrupados em um só denominado


Atratividade Financeira. Isso foi feito para que fosse possível obter uma lista única de critérios, já
que os pesquisados embora não tenham descrito exatamente os mesmos critérios financeiros,

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citaram critérios similares e/ou complementares. Foram apontados os seguintes critérios
financeiros: análise do VPL - Valor Presente Líquido (citado por dois especialistas), Análise da
TIR - Taxa Interna de Retorno (citado por cinco especialistas) e análise da disponibilidade de
recursos financeiros (financiamento e recursos próprios) para o projeto (citado pelos sete
especialistas).
Adicionalmente, o critério de Licenciamento e Impacto Ambiental foi citado pelos sete
consultados. Conforme descrição de um dos especialistas consultados, grande parte dos impactos
ambientais de uma hidrelétrica deve-se à construção do reservatório e de seu funcionamento.
Esses impactos consistem em perda/alteração da vegetação da área, poluição, desequilíbrio dos
processos de bioprodução e decomposição, dentre outros. Assim, em geral, quanto menor o
impacto ambiental, menor o risco de demora na obtenção da licença ambiental. Sendo assim, é de
fundamental importância a elaboração de um estudo de impacto ambiental apropriado e uma
análise adequada da facilidade ou complexidade para obtenção da licença ambiental.
Outro critério apontado como fundamental na visão de todos especialistas foi a Capacidade e
Competência Operacional da Organização. Na definição informada pelos especialistas trata-se do
conhecimento e experiência que a empresa possui em relação à tecnologia, competência e
capacidade necessária para construção da usina hidrelétrica.
O Desenvolvimento de Novas Tecnologias ou Novas Competências também foi citado como um
critério a ser considerado no momento da seleção dos projetos de usinas hidrelétricas por todos os
pesquisados. Segundo justificativa de um dos especialistas, embora o mercado de energia
hidrelétrica possua uma tecnologia já dominada por todos os concorrentes, é justamente este fato
que torna a busca por inovações e adoção de soluções não convencionais em engenharia um
critério importante no momento da tomada de decisão. Conforme outro especialista, inovações no
projeto de construção da usina, além do uso de novas tecnologias, podem representar ganho de
eficiência e/ou redução de custos e, consequentemente, aumentar a competitividade da
organização.
Por fim, todos consultados também destacaram como critério a ser considerado a análise do
Ambiente Político-Legal. A justificativa de um dos pesquisados foi que decisões de investimento
em hidrelétricas são fortemente afetadas por mudanças no ambiente político-legal, formado por
leis e órgãos governamentais que influenciam e limitam o poder de decisão das organizações. Em
geral, os especialistas justificaram a importância deste critério com o fato de que é preciso estar
atento à movimentação do Governo Federal, pois este pode tornar investimentos atrativos ou
insustentáveis de acordo com suas decisões.
Portanto, na visão dos especialistas os cinco critérios descritos acima são essenciais para seleção
de projetos de investimento em hidrelétricas. A seguir são apresentados e discutidos os resultados
do estudo quanto à classificação dos critérios.

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4.2 Classificações dos critérios essenciais em ordem de relevância
A classificação dos critérios para seleção de projetos de investimento em hidrelétricas em ordem
de relevância conforme metodologia AHP foi realizada por meio de duas rodadas de Delphi.
Após a realização da primeira rodada, tanto os resultados estatísticos quanto as justificativas
foram reenviadas aos especialistas, mantendo o anonimato destes, para que pudessem reavaliar e
aprofundar suas opiniões em uma segunda rodada.
Após a realização da primeira rodada de Delphi foi realizada uma análise estatística das
respostas: mediana, média aritmética e amplitude inter-quartílica conforme demonstrado na
Tabela 1 a seguir:

Tabela 1. - Média Mediana e Quartis da 1ª Rodada de Classificação dos Critérios

Fonte: Elaborado pelos autores

Pode-se observar que, embora a mediana tenha ficado próximo da média na análise de todos os
critérios, os especialistas estiveram próximo do consenso apenas no que diz respeito ao critério de
Atratividade Financeira. Isso porque apenas para este critério a distância entre 1º e 3º quartil
esteve próxima de 25% que é a distância aceitável para se considerar consenso conforme Cardoso
et al. (19). Portanto, após a primeira rodada de Delphi não foi possível ordenar os demais
critérios para seleção de projetos de investimento em hidrelétricas. Sendo assim, foi solicitado
aos especialistas que reavaliassem suas respostas em uma nova rodada de Delphi. Os resultados
desta segunda rodada são apresentados na Tabela 2 a seguir:

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Tabela 2. - Média Mediana e Quartis da 2ª Rodada de Classificação dos Critérios

Fonte: Elaborado pelos autores.

Após a realização da segunda rodada foi possível verificar que a mediana seguiu o mesmo
comportamento da primeira rodada e permaneceu próxima da média para todos os critérios
comparados. No entanto, a distância entre 1º e 3º quartil, que é a referência para obtenção ou não
de consenso, diminuiu para todos os critérios tendo ficado próximo ou abaixo de 25% em todos
os casos. Portanto, considerou-se que após a 2ª Rodada de Delphi foi obtido o consenso no que
diz respeito à classificação de cada um dos critérios identificados pelos especialistas para seleção
de projetos de investimento em hidrelétricas. Sendo assim, adotou-se como peso de cada critério
a média das respostas dos especialistas obtida na segunda rodada, vide Tabela 3 a seguir:

Tabela 3. - Classificação Final dos Critérios para Seleção de Projetos de Investimento em


Hidrelétricas

Fonte: Elaborado pelos autores

Portanto, o critério Atratividade Financeira foi classificado como o de maior importância com
51,4%. Em resumo, a justificativa utilizada pelos especialistas foi que, assim como em qualquer

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negócio, se faz necessário selecionar as oportunidades mais rentáveis de forma a obter um retorno
sobre o investimento superior ou, no mínimo, igual à Taxa Mínima de Atratividade (TMA)
exigida pelos acionistas de cada uma das organizações.
O segundo critério mais relevante, na visão dos especialistas, foi o de Licenciamento e Impacto
Ambiental com 21,1%. Segundo os especialistas a relevância deste critério se dá, dentre outros
motivos, por conta de que no Brasil o licenciamento de empreendimentos hidrelétricos é feito, em
sua maioria, por Secretarias de Meio Ambiente Estaduais.
De um modo geral, embora as regras para o licenciamento sejam estabelecidas pelo Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), na prática, cada secretaria possui seu próprio modelo
de avaliação que, muitas vezes, é subjetivo. Dessa forma, não fica claro às organizações como se
dá a aprovação do EIA/RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) e a obtenção do
licenciamento ambiental. Como exemplo, um dos especialistas comentou que uma mesma
metodologia de trabalho utilizada na elaboração do EIA/RIMA pode ser aceita por determinadas
secretarias e recusadas por outras. Tal fato causa atraso nos projetos e gastos adicionais visando o
atendimento de exigências das secretarias que não estavam previstas.
O terceiro critério considerado mais importante foi a Capacidade e Competência Operacional da
Organização com 12,9%. Dentre as justificativas dadas pelos sujeitos sociais consultados
destacou-se a questão da importância de se considerar, no momento da tomada de decisão, o
conhecimento e experiência da organização em relação à tecnologia, competência e capacidade
necessária para construção da usina hidrelétrica em questão (equipamentos, materiais, sistemas,
segurança, qualidade e experiência do quadro de pessoal e outros). Caso estes aspectos sejam
negligenciados o projeto pode acabar não sendo tão rentável quanto o esperado.
O critério Ambiente Político-Legal foi considerado o quarto mais relevante com 8,0%. A
importância deste critério é justificada, na visão dos especialistas, pelo fato de que o Governo
Federal pode intervir no setor e até mesmo em um empreendimento em específico de várias
formas. Especialista afirmou que o próprio Governo Federal por meio da Medida Provisória (MP)
579 reduziu tarifas e receitas para novas concessões de geração e transmissão de energia que
vencem entre 2015 e 2017, fazendo com que seja necessário rever expectativas de ganhos e até
mesmo a viabilidade destas concessões.
Finalmente, o critério de Desenvolvimento de Novas Tecnologias ou Novas Competências foi
classificado com 6,5%. Dentre as justificativas dadas pelos especialistas para este critério,
destacou-se o fato de que a identificação de uma alternativa que permita reduzir a área de
alagamento da obra ou uma nova forma de projetar o reservatório, além do uso de novas
tecnologias, pode representar ganho de eficiência e/ou redução de custos e, consequentemente,
aumentar a competitividade da organização e a rentabilidade do empreendimento.
Portanto, os critérios identificados pelos especialistas para seleção de projetos de investimento
em hidrelétricas foram classificados em ordem de relevância utilizando-se a metodologia AHP.

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A partir dessa lista ordenada de critérios, gerentes de portfólio de empresas de energia podem
realizar a comparação par a par das alternativas (usinas hidrelétricas) conforme metodologia AHP
e obter o ranking de suas opções de projetos. Assim, espera-se que este estudo contribua de forma
prática no processo de tomada de decisão das empresas do setor de energia elétrica no Brasil.

5. Conclusões
Este artigo abordou a questão da gestão de portfólio de projetos de investimentos para
organizações do setor de energia no Brasil. Para qualquer empresa, escolher dentre diversas
alternativas, os projetos que comporão sua carteira de projetos é um assunto complexo. No setor
de energia elétrica tal fato não é diferente, pois projetos de hidrelétricas envolvem inúmeros
riscos e necessidade de investimento de grandes quantias de capital. Sendo assim, faz-se
necessário a utilização de um modelo de seleção que permita, de forma clara, selecionar e
classificar os melhores projetos.
Dentre os modelos de seleção mais utilizados no Brasil, encontram-se os métodos financeiros. No
entanto, estes métodos são limitados por não considerarem os aspectos qualitativos dos projetos.
Por isso, diversos autores (6;7;8) propõem o Analytic Hierarchy Process (AHP) como
instrumento para decisão da construção do portfólio de projetos.
Nesse sentido, o artigo teve como questão de pesquisa examinar “quais os critérios essenciais
para seleção de projetos de investimento em usinas hidrelétricas a partir do método multicritério
AHP”. Para responder a esta questão foi realizada uma consulta a especialistas do setor de
energia que, através da técnica Delphi, identificaram e classificaram em ordem de relevância os
critérios de seleção de projetos de investimento em hidrelétricas. Os resultados obtidos
mostraram que os critérios determinantes no processo de seleção são, em ordem decrescente de
relevância: atratividade financeira, licenciamento e impacto ambiental, capacidade e competência
organizacional, ambiente político-legal e, finalmente, desenvolvimento de novas tecnologias e
competências técnicas.
Observou-se que o critério Atratividade Financeira foi considerado, na visão dos especialistas
consultados, como de maior importância com peso de 51,4%. Tal fato indica que é primordial
para as organizações do setor de energia selecionarem as oportunidades mais rentáveis, de forma
a obter um retorno sobre o investimento superior ou, no mínimo, igual àquele exigido por seus
acionistas. Entretanto, como o critério obteve pouco mais de 50% de relevância, fica claro que
não se pode limitar o processo de seleção de projetos de investimentos em hidrelétricas aos
fatores financeiros, sendo necessária a análise de outros critérios.
O critério de Licenciamento e Impacto Ambiental foi considerado o segundo de maior relevância
com 21,1%. Aparentemente inofensivos, tanto o licenciamento quanto o impacto ambiental
podem criar grandes dificuldades e impedir o avanço do projeto ou até mesmo sustá-lo, caso não
sejam resolvidos num prazo razoável. Isso ocorre, principalmente, porque no Brasil existe um

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risco de demora na obtenção da licença ambiental. Esse risco é causado principalmente porque
as Secretarias de Meio Ambiente Estaduais têm sistemas de avaliação subjetivos e, portanto, não
fica claro às organizações como proceder para obter a aprovação do licenciamento ambiental.
Esta possível demora é um limitador em potencial, e real se confirmado, uma vez que implica
atrasos nos cronogramas dos projetos e, consequentemente, perdas financeiras e redução da
rentabilidade dos mesmos.
O terceiro critério considerado como mais importante para se definir um portfólio de projetos de
usinas hidrelétricas foi a Capacidade e Competência Operacional da Organização (critério com
peso de 12,9%). Tal fato demonstra a necessidade de se considerar, no momento da tomada de
decisão, o conhecimento e experiência da empresa em relação à tecnologia, competência e
capacidade necessária para implementação de um projeto de usina hidrelétrica. Caso estes
aspectos sejam mensurados incorretamente, a organização certamente terá sua rentabilidade
reduzida em razão da necessidade de novas contratações ou consultorias para atingir a
performance esperada no projeto.
Por fim, os especialistas apontaram que, também se faz necessário levar em consideração outros
critérios como Ambiente Político-Legal (8,0%) e Desenvolvimento de Novas Tecnologias ou
Novas Competências (6,5%). A análise do Ambiente Político-Legal se mostra relevante visto que
o Governo Federal pode intervir no setor de energia de diversas maneiras. Um exemplo foi a
implementação da Medida Provisória (MP) 579 que reduziu tarifas e receitas para novas
concessões de geração e transmissão de energia que vencem entre 2015 e 2017. Esta ação do
Governo Federal fez com que as organizações revissem as expectativas de ganhos e até mesmo a
viabilidade destas concessões. Já com relação ao Desenvolvimento de Novas Tecnologias ou
Novas Competências tem sua importância demonstrada pela necessidade de busca de alternativas
que permitam reduzir o impacto ambiental e ainda possam representar ganho de eficiência e
aumento de competitividade da organização.
Assim, a partir dos critérios identificados e ordenados pode-se utilizar o método AHP para
realizar a seleção de projetos de investimento em hidrelétricas. Tendo os critérios e os pesos dos
mesmos já definidos pelos especialistas, gerentes de portfólio podem realizar o comparativo par a
par das alternativas (usinas hidrelétricas) e obter uma lista ordenada de suas opções de projetos.
Finalmente ressalta-se que, além da contribuição de caráter técnico à prática da gestão de
portfólio, o estudo contribuiu cientificamente para o avanço do conhecimento sistematizado, isto
é, para o desenvolvimento do conhecimento de instrumentos para o processo decisório, no
contexto da gestão de portfólio de projetos.

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para o ambiente brasileiro", VI Semead, São Paulo: FEA/USP, 2003.
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"Prospecção de futuro e Método Delphi: uma aplicação para a cadeia produtiva da construção
habitacional", Ambiente Construído, v.5, n.3, p 63-68, jul/set 2005.

7. Correspondência
Adriano Augusto Silvério
Correio adriano.silverio@yahoo.com.br
Uninove - Universidade Nove de Julho
Leonel Cezar Rodrigues
Correio leonelcz@gmail.com
Uninove - Universidade Nove de Julho
Amanda Fernandes Xavier
Correio amandaxavier86@gmail.com
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

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