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CARTA DA RENASCENGA CULTURAL DE AFRICA CARTA DA RENASCENCA CULTURAL DE AFRICA PRAMBULO Nos, Chefes de Estado © do Governo reunidos na Sexta Sesséo Ordinais da conferéncia da Unigo Aicana, em Cartum, Repubics do Sudao, de 23 a 24 de saneio de 2008, Inspirados pola Carta Cultural da AVtica, adoptada pelos Chefes de Estado © de Governo da Organizagio da Undade Aveana reundos na sua Décima-Terceia ‘Sessd0 Ordinana em Port Louis, Maurlias, de 2 a5 de Juno da 1976, Guiados pelo Acto Constitutive da Unido Aficana; Pela Deciaracio Universal de Principios de cooperagio cultural intemacional ‘acoptada pela Conferénca Geral da UNESCO na sua Décme-quarta Sess3o om 1966, Polo Manifesto Cultural Pan-aticano de Argel (1969), e pela Conferéncia Inter. ‘goveramental sobre Polticas Culturais em Africa orgarizeda pela UNESCO em ‘era, em 1975, em cooperaczo.com a Organizagio da Unidade Africana; Pola Carta Africana sobre os Dititos do Homem e dos Povos de (1981); ‘A Convene interacional sobre a proteogso dos bens culturais em caso de confilo ‘artmado (1854) € 08 protocols adicionais; ‘A Convengo Intemacional sobre a Interdgao da importagso, exportagdo & transferéncia de propriedade ita; Exportagdoe transferéncia da Propiedade Cultural (1970) Cconvongdo sobre a protecg30 do patiménio mundial, cultural e natural (1972) DDeciaragdo Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural (2001) CConvengao sobre @ Selvaguarda da Heranga Cultural intangivel (2003), CConvengao sobre a Protecgdo © Promogdo da Diversidade em Expressbes Cultus (2005), Pela Decisio da Cimeira da QUA sobre a criagao da Academia Africana de Linguss; A Decisto da Primera Conferéncia dos Ministos Africans da Cultura sobre a fadopedo do Projecto de Carta da Renascenca Cultura da AMfca, de 13 a 14 de Dezembro de 2005, em Nairobi, Quénia; ‘AFIRMANDO Que qualquer socedade humana & nocessariamente regulada por nornas © principios baseados na cultura; @ a cultura deve se: considerada como um conjunto| fe caractorsticas linguisticas, espintua's, materiais, intelectusis © emocionais fistintas de uma sociedade au de um grupo, ¢ que inclu, a arte e a iteralura, estos, {e Vi, ormes de vida em comum,sistomas de valores, wadignes e crencas. De que todas as cultures emsnam das sociedades, comunidades. grupos @ individuos ¢ que qualquer politics cultural africana deve necessariamente, permiir ‘que. 08 povos se possam expandir para uma maior respansablidsde’ no Seu Gosenvowviment, CIENTES DO FACTO DE QUE Gualquer pavo tom 0 dito inaienavel de organizar a sua vida cultural em total hharmonia com as suas elas polticas, econémicas, socials, flosficas e espiiuais; CONVENCIDOS (De que todas as culuras do mundo tém igual direito a0 justo respeito bem como {0do$ 08 incividuos s80 iguais em relago 20 Iie acesso 8 cultura, RECORDANDO {Que apesar de dominagéo cultural que durante o téfico de escravos e 0 periodo colonial levou & negagae da pereonalidade da parte dos povos aficanos, fasiicau @ ‘sua historia, denagi e combateu sisiematicamente os valores aficanos e tentou ‘ubsttuiras suas linguas pela lingua do colonizador CONVENCIDOS: De que a unidade da Afce alicerga-se em prieico lugar na sua historia, De que a afimagio da idenidade cultural denota uma preocupagio comum de todos 0s povos da Africa: De que a diversidade cultural unidade atticanas sao um factor de equllo,forga no desenvolvimento econémico aficano, na resolugao de confitos & na recugao de ‘desequllbvios @ da injustiga em prol da integracao nacional; ‘Que ¢ imperative edtcar sistemas de educagso que enquedrem os valores aficaos bem como valores universais, de mado a garantr tanto o enraizamiento Gos jovens ra cultura africana come a permitirlnes 0 acesso para enrquecer as conibuicnes de ouiras ciilzacées © mobilzar as forcas. socais no. contexto de um ‘desenvolvimento endogeno sustentavel aberia 80 mundo; Que ¢ imperative que se assegure de forma determinada a promogdo das linguas aficanas, dos fundamentos e da media da heranga cultural tangiveleintangivel nas ‘suas formas mals auténticas ¢ essencialmente populares, bem como os factores de esenvelvimento, ‘Quo ¢ imperative realizar de forma sistomatica um Inventaio do pattiménio cultural, materal e imateral, em pericular nas Areas da historia e des tracigaes, dos Soahecimentos, das artes ¢ do atesanato, de modo a preservitioe promovEsts; cuIADos. Por uma delerminagio comum de rlorgar @ compreenséo no seo dos nossos povos ‘8 cooparagde no solo das nossos Estados, para a salisfagdo das aspiracdes dos nossos paves e zelar pelo reforco da falemidade e da soidaiedade no quadro de lima maior uniéade cultural que traneoende as dversidades éinicas, nacionals © regionais na base de uma viedo eomum, CONSCIENTES De que a cultura constitu para os nossos povos 0 meio mals seguro de promaver o camino de Afica em prol do desenvohimento tecnoldgico © a resposta mals elicente aos desarios da global aga; CONVENCIDOS De que a cultura aficana tome-se insigniicante 2 menos que ela posse ‘desempenhar uma parte plena na uta peta libertagao pola e social bem como nos fesforgos de. reabllagio e unifcagao e que N&O existe nenhum limite a0 esenvowvimento cultural de um pov; CONVENCIDOS De que uma determinagdo comum oferece 2 base para a promogao do esenvoWvimento cultural hrmonioso des nossos Estados e das nossas sociecades; ‘TOMANDO EM CONTA ‘Que o processo de globalizacSo facilitado pela répida mudanca das lecnologias de Informagso e comunicagao constitui 20 mesmo tempo um desefio tanto para a ‘dentidades cuturais como para as diversidades culturals e requer uma mobilzacSo Universal a favor do cialogo entre as cvizagoes, ACORDAMOS Estabelecer a presente Carta de Renascenga Cultural de Africa Antigo 1 Substituigdo da Carta Cultural de Africa de 1976 ‘A Carta Cultural de Afica adoptada em 1976 pelos Chefes de Estado ¢ de Governo ‘da Organizagao da Unidade Africana 6 a seguir substiuida pela presente Carta Artigo 2 Relagdes entre as Partos da Carta Revista o as Partes abrangidas ‘pela Carta Cultural de Africa de 1976, ‘A Garta deve aplcar-se apenas entre as partes abrangises por esta Carta, ‘As relagbes entre as Parts da Carta Cultural orginal para Aca de 1976 ¢ as, artes desta Carta Revista devam ser regidas polas disposigoes da Carta, Cultural original de Attica PARTE! OBJECTIVOS E PRINCIPIOS ‘Antigo 3 (0s objectivos desta Carta so 0s soguin 9) afirmar a dignitade de Homens e Mulheres atricanos bem como os fundamentos populares da sua culture b) promover @ liberdade de expresso © democracia cultural, que & {nahisivel 6a democracia pale © social; ©) promover um ambiente propicio para os povos afisanos manterem & {eforgarem o sentido ea vontade de progresso e desenvolvimento; 8) preservar e promover aheranga cultural africana, através da resto da reabilag ‘combater @ eliminar todas as foimas de alienagio, excluséo @ de ‘opressao cultural om todas as partes da Africa; ‘encorajar a cooperagao cultural entre os Estados Membros, com vista 20 relorgo da unidade africana, através do uso de linguas afscanas, bbem camo encorajar 0 dialogo ene culturas: integrar 08 objectives culturais nas estratégias de desenvolvimento; fencorajar_a cooperaggo cultural interracional para uma_melhor ompreensde ene os povos dentro e fora de Aca, promover, em cada pals, a populatizagso da cidncia @ da tecnologia, Ineluinda ‘sslomas da connecmento tradicional coma condigéo para uma moinor compreensdo © preservagso do patiménio cultural © ratural reforgaro papel da cultura na promogao da paz e da boa govemacéo; esenvolver todos 08 valores dindmicos na heranga cultural africana que promova os dotos do homem, a cossdo social e 0 esenvoimente humane; sponibilzar todos 0s povos alticanos recursos para responder & lobalizacao. Astigo 4 Para 0 cumprimento destes objectives estabelecidos no Artigo 1, 08 Estados siicanos subscrevem solenemente os soguinias principio: 2) acesso de todos 0s cidados & educagto e cultura )_respetto pela lberéade de criare de libertar o génio cristo dos povos: ©} respetto pelas identidades nacionaise regioneis no dominio da cutura, bem como dos direitos culuras das minors, 6) forgo 6o lugar da céncia ¢ de tecnologia, incuindo sistemas do ‘conhecimento indigena na vida dos povos aficancs, incuindo através {do uso delinguas aicanas ; intercémbio e disseminacéo de experiéncias culurals entre os paises atricanos. DIVERSIDADE CULTURAL, IDENTIDADE E RENSACENGA AFRICANA artigo 1. 03 Estados africanos reconhecem que a diversidade cultural é um factor de eriguecimento muluo. dos povos © das NagSes. Consequentemente, eles Ccomprometem-se a defender esta dlversidade cultura, a das minorias, 05 suas ultras, os cous drotos e as suas lberdades fundamentas 2. A diversidade cultural concore para a expresszo das identidades nacionais, regionais ¢ em grande media para a constucso do pan-aficanismo. Astigo 6 ‘No plano nacional, a promocéo de identidades consist em estimular a compreenséo ‘mutua e impulsionar 0 slogo inler-cultural eo didiogo entre as goragdes. No Plano ‘uncial, 2 promogao de idenidades aficanas demonstra a digndade e @ lberdade fircanas e exprime deste modo os valores aficanos e @ cantrougso do continent, ‘bom como das suas Didsporas na edicagao da chvilzacao universal, artigo 7 1. Os Estados Micanos comprometem-se a trabalnar para a Renascenga Aoana. Eles acordam na necessidade de uma reconstrucao da meméria © da onscienciahistbricas da Africae das suas Dissporas, 2. Eles consideram que a histéia geval publicada pela UNESCO constitu! ume base valiosa para o ensino da Hisiéia de Afica e recomendam a sua cifusdo ‘maseiva, incuindo em linguas aficanas e, por outro lado, racomendam a pubicacao Ge versdes resumidas e simplificadas da histira da Africa para uma audiéncia mais vaste DESENVOLVIMENTO CULTURAL CAPITULO! Principios Fundamentals das Pollticas Culturals, ‘Artigo 8 ‘A experiéncia das décadas precedentes recomenda a uma renovaco profunda das ‘bordagens nacionsis e regionais em malria de pollica comum. Como producto {0s povos, das comunidades de base, de artistas eilelecuais, a cultura um factor de progresso social e uma forga mote Atigo 9 (0s Estados tém como misséo essencial, constuir um ambiente favorével& criagdo @ desenvolvimento culturais. Para este fin, oles 620 os garanies da Iberdade e da ‘expreseso de lodos os eidadaos e aclores culturas Atigo 10 4. 0s Estados garantiao pela introduglo dos valores cultura aficanos e dos Principios unlversais dos. deltos. humanes no ensino nos programas do Informagao e de comuricaeso. 2 Os Estados comprometem-se a proteger © promover a liberdade dos artistas, itelectuals ¢ homens de cultura proteger @ valorizaro patimdnio cultural materiale imateria ‘apolar financeira e materialmente as iniciatvas cullurais em todas as ‘camadas da sociedade, faciitar © acesso de todas as camadas da populacéo & educagao © & cultura. capituLo w ‘Actores Culturals, Astigo 11 1, 0s. Estados recanhocem que vérios actores sto instumentos do desenvolvimento cultural: cradores, promotores. prvados, associagbes, ‘comunidades locals, sector privad, 2. Os Estados comprometem-se a apoiar o desenvolvimento cultural através do TMedidas de inctacao nos planos fiscal, legslavo administralivo. Estas medidas Serdo dreccionadas para 0s portadares de inclatvas, associagaes, sociedade civile sector privado. Artigo 12 1. Os Estados Membros reforgardo as capacidades dos seclores culturais @ dos aclores atraves da orgarizagdo de fesvais, seminaries, conferéncias, estigios de foimagao © de aperelgcamento 20s nivels nacional, regional, continental e pan- alricano, 2 Os Estados zelardo, em particular, pela garantia do acesso legal dos omens 0 das mulheres a expressao cUilural, tomada de decisso, proissoes de arte © da cultura, Artigo 13 1. Os ovens representam a maiera da populagso alricana. € no seio destes que ‘0 enconliamn os recursos-chave para a ctiagdo contemporanea, 2. _ Os Estados comprometem-se 2 reconhecer suas expressbes cullurais dos Javens, albuindo-os justo valor e salisfazendo as suas aspragbes, de acordo com & cultura 08 valores aticanos, Atigo 14 (0s Ancidos © 08 diigantos traciconais s60 actores culturais no seu pleno diet. O ‘seu papel ea sua mporlincia merecem reconhecimento ofcal de moco a integrs- os nos mecanismos modemos de resolueso de confites, bem como no sistema do logo intercultural. Antigo 15 ‘A formago & uma componente cultural to importante quanto o desenvolvimento ‘econémico @ social. Consequentomente, os Estados aficanos deviam car um ‘ambiente favocével para o aumento do acesso @ da participagso de todos na cultura, induingo as comunidades marginaizadas e destavorecidas. Artigo 16 Com vista @ realzaréo do objectvo defirido no Aigo precedente, os Eslacos ‘strcanos devem defnrpolieas de formagao que garanteme inercade dos atsies, os crladores @ de oulros actores culturas Antigo 17 ‘A formagao protssional para artistas criatvos @ de outros actores cultrais deve ser ‘melharada e métocos madernos devem ser adoptades, sem 0 corte do cordéo {umbilical que os liga fontes tradicional da are aficana. Para este fim devern sor ‘ministradas formagges de especialstes nas inttigdes nacionais, regionals © sub; regionals de formagao a sorem criados om Attica PARTE, (USO DAS LINGUAS AERICANAS Artigo 18, 0s Estados africanos davom reconhecer @ necessidade de desenvolver as linguas afreanas, a fim de gerentr 0 seu. avango cultural e accleragdo do seu ‘daservolvimonto econdmico © socal Para alcangar este fim, eles deve esforgar-e por formularpoliias nacionais em relagao as linguss Artigo 19 0s Esiados africanos devem preparare implementarreformas para a introdugo de linguas.efreanas no curiculo da educagdo. Para este fim. cada Estado deve expand o uso das linguas aficanas, tomando em consideragao os requisites 6a 08840 social, do progresso tecnolégcoe da intepragso regional arcana, 0s Estados atricanas devem reconhecer @ ligagdo entre a cultura, a formaggo @ ‘camunicagao. Por isso, devem encoralar 0 uso a infomaeao e da comunicagso Dara 0 desenvowimento e promogao cultural Astigo 21 Oe Estados aticanos: ‘devem garantro uso das tecnologias 6 informagao e da comunicato para promover a cultura africana, dovem promover a criagdo de casas publicadoras e distibuidores de livros, de manuais.escolares, de livros para crangas © obras, ‘audiovisuals, pticdarmente em linguasaricaras; muito particulermante, dovem criar um ambiente favorével_ que aumenle a erage, protecgao, produgao e dlstibuicao de obras cultura, PARTEV (© PAPEL DOS ESTADOS NO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA CAPITULO IH ‘Assistlncla & Criagio e Expresso Artisticas Artigo 22, 0s Estados devem proporcionar um ambiente favordvel que promova 0 reforGo da crlatividads em todas as suas civersidades, princpalmenteatraves de: fa) Estabelecer instiuigdes © estrturas. apropradas que facitem a chatividade o expressao arlsteas: ') Prostar assiséncia financeira,tBeica e de ouras formas de apoio para eslimular a criagao @ a expressao arlstica, de preteréncia através do estabelecimente de fundos naconals para a promogéo ds cultura € d85 are Prostar assisténca fiscal incentvos, inluindo a redugdo de impostos para bens e serigns cuturaisaficanos; Subscrever @ ratficar cartas, convengees e outros instrumentos normativas da preservagao que estabelecem padres que preserva & Bromavem a cnagao © @ expressso arristcas,inter-alia, a Convencao Sobre 2 Prolecqao © Promocio da Diversidade de Expressoes Cuturais (2006), que 6 Um inerumenta Imporante para proteger 8s linguas locals, a arte @ cultura contra os efeitos que uriformizam a ‘lobalizagaa cutural, paricularmante nos pelses em desenvolvimento, Tomar medidas apropriedas que protejam 0s direitos da propriesade Infelecual para aqueles que se encontram envolvidos na diversidade cul Ajustar a politica ea leislagdo com as cartas nacionsis, convengses & ‘outros instruments intnacionais que fixam padrdes a esse respelto capituLolv Protecgio de Bons o Servigos Artisticos Africanos Artigo 23, (0s Estados aicanos devem preparer uma convengio inleraficana sobre os Gretos do autor a im de garantir a protecgao de obras africanas. Eles devem também intensiicar o& seus esforgos para allora as convengées internacional texistentes em conformiade com os interesses africanos, Artigo 24 (0s Estados aficanos devem promulgar leis @ regulamentes nacionais e ina:

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