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Relatório Condutividade Térmica

A. Ferreira (67893), A. Patrı́cio (67898), M. Prata (67933), T. Coutinho(67947)


LCET, Engenharia Fı́sica Tecnológica 2o ano,
IST, Av. Rovisco Pais 1049-001 Lisboa, Portugal
(Dated: 24 de Março de 2011)
Nesta actividade, determinámos a condutividade térmica do alumı́nio por estudo do regime esta-
cionário e variável da equação de difusão do calor. Estimámos o número de Lorenz L com base na
condutividade obtida de modo a verificar quais os condutores maioritários de calor no alumı́nio.
Obtivémos um valor médio κAl = 224 ± 12 W/(m.K) e estimámos L = 2.2 ± 0.2 W.Ω.K, o que
confirmou a previsão de serem os condutores maioritários de calor os electrões.

1. INTRODUÇÃO TEÓRICA
∂T
Equação de Condução do Calor = 0 ⇒ ∇2 T = 0 (5)
∂t
cujas soluções, funções harmónicas, têm propriedades bem co-
Podemos definir calor como “energia térmica em trânsito”. nhecidas como a do valor médio. Em particular, consideremos
O calor quantifica a transferência de energia térmica em res- o problema de Dirichlet de resolução da equação de Laplace ao
posta a um gradiente de temperatura, sendo que esta depende longo de uma barra de comprimento L com extremos a tempe-
da condutividade térmica do material que, a uma dimensão, raturas constantes T (0) = TF F e T (L) = TF Q :
podemos ilustrar recorrendo à seguinte imagem[2]:

Pelo principio de máximo[4], a solução é única e vemos ser


 
TF Q − TF F
T0 (x) = x + TF F , 0≤x≤L (6)
O calor flui de zonas a maior temperatura para zonas a menor L
temperatura, em sentido oposto ao gradiente de temperatura. Sendo o fluxo unidimensional e P a potência média que flui
O fluxo de calor pode descrever-se pelo vector densidade de pela barra com secção S no regime estacionário, vem para κ
corrente térmica J,~ energia térmica que flui por unidade de  
TF Q − TF F P
tempo e de área. Assim, vemos que a componente em z de J~ é ~
P = ||J||S = κS ⇐κ= dT (7)
L S
dx

 
∂T
Jz = −κ (1) onde κS/L é a conductância térmica e o seu recı́proco L/Sκ
∂z
a resistência térmica da barra.
onde κ é a chamada condutividade térmica do material. Em
geral, a 3 dimensões J~ relaciona-se com a temperatura como Regime Variável
J~ = −κ∇T (2) O problema consiste agora em resolver a equação de difusão
Esta não é uma lei universal, mas para a maioria dos metais do calor em regime variável na barra anterior, com as condições
e substâncias ‘boas condutoras de calor’ é bastante exacta.[3] na fronteira T (0, t) = TF F e T 0 (L, t) = 0(após estabelecimento
de regime estacionário e isolamento térmico em x = L), ou
Equação da Difusão de Calor seja, o problema com condições mistas:
 ∂T

 ∂t
= D∇2 T para 0≤x≤L
t ∈ R+

Consideremos a situação de uma metal(despreza-se a convec- T (0, t) = T
FF para
(8)
∂T (L,t)
ção) sem fontes ou ‘sugadores’ de calor no seu interior(reacção 

 ∂x
=0 para t ∈ R+
quı́mica p.e.). Neste caso, a energia térmica conserva-se e, se 0≤x≤L

T (x, 0) = T0 (x) para
suposermos a temperatura no material proporcional à quanti- Usando separação de variáveis e uma expansão em série
dade de calor por unidade de volume, isto é, o material tem de Fourier, facilmente encontramos que a solução do pro-
um calor
R especı́fico C por unidade de volume, a energia tér- blema(única pelos teoremas de unicidade p.e. em[4]) é
mica V CT dV num volume V do material deve diminuir exac- ∞ π+2πn 2
tamente pela quantidade de calor que flui pela superfı́cie S 8L dT0 X (−1)n e−( 2L ) Dt
(π + 2nπ)x
T (x, t) = TF F + 2 · sin
Z Z  Z π dx n=0 (2n + 1)2 2L
∂ ∂T
J~ · n̂dS = − CT dC =− C dC (3)
S ∂t V V ∂t Propriedades dos Metais
Pelo teorema de Gauss e sendo isto válido para qualquer Num gás, os portadores maioritários de calor são os electrões
volume no corpo, obtemos a equação de difusão do calor: mas num metal a pergunta “São os electrões ou os fonões[6]
∂T ∂T que transportam a maioria da corrente térmica?” impõe-se.
∇ · J~ = −C ⇔ = D∇2 T (4)
∂t ∂t Num metal puro, a contribuição electrónica κe é dominante
para todas as temperaturas mas em metais com impurezas o
onde D = κ/C é a difusidade térmica. Esta equação de
livre percurso médio dos electrões reduz-se por colisões com as
continuidade traduz a conservação local da energia térmica.
impurezas[7] e a contribuição dos fonões κphonons aumenta.
Para estimar a condutividade térmica devido aos electrões,
Regime Estacionário
podemos recorrer à lei de Wiedemann-Franz:
 2
Para um material nas condições anteriores, e numa situação κe πkB
= LT, L=3 ≈ 2.44 × 10−8 W ΩK −2 (9)
estacionária, a sua temperatura não varia ao longo do tempo e σ e
a equação de difusão resume-se à equação de Laplace: sendo e a carga do electrão, σ a condutividade eléctrica e L
o número de Lorenz.
2. DESCRIÇÃO E PROCEDIMENTO Ensaio ∆t(s)a φ (m3 s−1 ) eφ (m3 s−1 ) φmedio
EXPERIMENTAL 51,85 1,93E-06 6 × 10−8
1 52,05 1,92E-06 6 × 10−8 1,92E-06
52,12 1,92E-06 6 × 10−8
O sistema em estudo(fig.2) é constituı́do por uma barra de 52,84 1,89E-06 6 × 10−8
alumı́nio de comprimento L = 0.12 m e secção S = 4×10−4 m2 . 2 52,76 1,90E-06 6 × 10−8 1,90E-06
A barra encontra-se termicamente isolada, excepto nos extre- 52,69 1,90E-06 6 × 10−8
mos, onde num deles(fonte quente) se encontra um sistema de 52,18 1,92E-06 6 × 10−8
3 51,35 1,95E-06 6 × 10−8 1,93E-06
aquecimento eléctrico e no outro(fonte fria) um sistema de re- 51,56 1,94E-06 6 × 10−8
frigeração a água. Ao longo da barra estão colocados 5 sensores
espaçados 2.5 cm entre si, estando o primeiro localizado 1.0 cm a Com um erro e∆t = 0.5 s
abaixo da unidade de arrefecimento. Os sensores, em conjunto
com uma unidade de polarização, geram tensões, sendo estas Tabela I: Dados experimentais relativos ao caudal φ
convertidas em temperaturas( T1 a T5 ) por sofware existente
no laboratório. Existem ainda 4 sensores adicionais que per-
mitem registar a temperatura da unidade de aquecimento TF Q
e também de entrada Tin , circulação TF F e saı́da da água Tout Para o regime estacionário I,com uma tensão na fonte de
. potência da unid. aquecimento U = 14.85 ± 0, 05 V e corrente
I = 1.28 ± 0.01A, registámos as temperaturas na tabela II.

Sensor x (m)a T (K) eT (K)


T5 0,110 327,33 0,04
T4 0,085 322,70 0,06
T3 0,060 317,13 0,07
T2 0,035 311,55 0,05
T1 0,010 306,43 0,09
TF F - 297.97 0.06
TF Q - 341.7 0.7
Tin - 293.9 0.5
Tout - 341.7 0.7
a Com um erro ex = 0.001 m.

Figura 1: Esquema da montagem experimental. Tabela II: Temperaturas para o regime estacionário I.

Estudo do regime estacionário O regime estacionário II, com uma tensão na fonte de po-
tência U = 18.96 ± 0, 05 V e uma corrente I = 1.62 ± 0.01A,
Aplicámos uma tensão ao sistema de aquecimento eléctrico, forneceu as temperaturas na tabela V.
aguardando que se estabelecesse o equilı́brio térmico em casa
sensor (considerámos este atingido quando as oscilações de
temperatura eram inferiores a 0.4o C). Calculámos o caudal da Sensor x (m)a T (K) eT (K)
água φ, registando(3 medições para cada um de 3 ensaios) o T5 0.110 347.69 0.06
tempo de enchimento de uma pipeta de 100 ml usando o fluxo T4 0.085 340.89 0.10
T3 0.060 331.77 0.11
de água proveniente da fonte fria. T2 0.035 321.47 0.06
Repetimos este procedimento para um diferente valor de ten- T1 0.010 314.49 0.13
são. Através do ajuste dos dados experimentais à equação (6) TF F - 301.90 0.09
obtivémos κAl , tendo calculado as potênciais fornecidas à fonte TF Q - 372.93 0.97
Tin - 294.46 0.77
quente PF Q = V I assim como a dissipada na fonte fria PF F :
Tout - 298.20 0.06
a Com um erro ex = 0.001 m.
PF Q = V I (10)
PF F = cH2 0 ρH2 0 φ∆T (11) Tabela III: Temperaturas para o regime estacionário II.

Estudo do regime variável


As potências PF Q e PF F correspondentes bem como a po-
Desligámos a unidade de aquecimento e isolámos o topo da tência dissipada PD = PF Q − PF F apresentam-se na tabela IV.
barra(com esferovite), provocando a descida das temperaturas
(aproximando-se de TF F ). O registo da dependência T (t) para
cada sensor foi obtido pelo software de leitura.
Determinámos κAl tanto por ajuste à equação (4), como à Regime Estac. PF Q (W) PF F (W) PD (W)a
solução do problema (8) (aos 10 primeiros termos). I 19.0 ± 0.2 17.4 ± 4.2 1.6 ± 4.4
II 30.8 ± 0.3 30.0 ± 6.9 0.8 ± 7.1
a Valores sem significado apenas apresentados para completude e poste-
3. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
rior análise.

Medições do caudal Tabela IV: Potências térmicas envolvidas nos regimes estacionários.

O valor do caudal, média ponderada dos dados seguintes:


foi φ = (1.92 ± 0.01) × 10−6 kg.m−3 ( erro relativo de 0.7% ). Regime variável
Regimes estacionários
Na figura 2 apresentam-se graficamente as dependências T (t)
2 experimentais para cada um dos sensores de temperatura.
Ttopo serão as temperaturas a considerar na análise da equação
6, com a correspondência TF F → Tbase e TF Q → Ttopo .
4.1.2. Condutividade Térmica do Alumı́nio

Considerando a potência que flui pela barra igual a P =


PF Q , obtemos uma condutividade κAl = 226±9 W/(m.K) para
o regime estacionário I, com um desvio à precisão de 4.0% e à
exactidão de 4.8%. Para o regime estacionário II, conseguimos
uma condutividade térmica κAl = 222 ± 8 W/(m.K), com um
desvio de 3.4% à precisão e 6.2% à exactidão 1 .
O valor médio destes dois resultados é
κAl = 224 ± 8 W/(m.K), obtido com um erro relativo de
3.7% e um desvio de 5.5% à exactidão.
Figura 2: Temperaturas, para cada sensor, no regime variável. Assumindo, por outro lado, a potência que flui pela barra
igual a P = PF F , obtivémos κAl = 207 ± 55 W/(m.K) para o
regime estacionário I, com desvio à precisão de 26.7% e exacti-
4. ANÁLISE DE RESULTADOS
dão de 12.8%. Para o regime estacionário II, conseguimos uma
4.1. Regimes Estacionários condutividade térmica κAl = 217 ± 51 W/(m.K), com um des-
4.1.1. Variação da Temperatura vio de 23.6% à precisão e 8.5% à exactidão.
Portanto, o valor médio destes dois regimes é
A representação gráfica da temperatura em função da po- κAl = 212 ± 53 W/(m.K), obtido com um erro relativo
sição na barra, bem como o ajuste da função teórica (6) aos de 25.1% e um desvio de 10.7% à exactidão.
dados do regime estacionário I, apresenta-se na figura 3). Finalmente, um valor médio(ponderado pelos erros) dos re-
sultados anteriores é κAl = 224 ± 12 W/(m.K), com um erro
relativo de 5.4% e desvio à exactidão de 5.6%.
Note-se que, como esperado, o valor médio obtido conside-
rando PF Q como potência de escoamento foi superior ao con-
seguido considerando para o mesmo efeito PF F .
Note-se que os valores obtidos usando PF F como potência
de escoamento apresentam erros bastante elevados. Esta situ-
ação corresponde a um defeito experimental na medição de Tin
afectada de um erro elevado face a ∆T . Consideraremos, daqui
para a frente, como potência de escoamento PF Q .
4.1.3. Perdas de Calor

Apesar dos valores apresentados para a potência dissipada


Figura 3: Ajuste da função teórica (6) aos dados na tabela II. na tabela IV não possuirem significado evidente pois têm erros
superiores ao valor, podemos tentar tirar uma de 2 conclusões:
Esta recta de ajuste permitiu-nos obter um declive óptimo • não houve perdas de calor sensı́veis em ambas as extre-
para a função teórica (6) de |dT /dx| = 210.7 ± 0.7 K/m e uma midades da barra;
ordenada na origem igual a uma temperatura na base Tbase =
304.3 ± 0.1 K. Por extrapolação, obtemos uma temperatura • as perdas de calor em cada um dos extremos da barra
média no topo da barra Ttopo = 329.6 ± 2.3 K. foram aproximadamente idênticas.
A representação gráfica da temperatura e o ajuste da função Devido à montagem experimental, a primeira hipótese é
teórica (6) aos dados do regime II, apresenta-se na imagem 4). pouco realista, sendo a segunda mais provável. Assumindo
um completo isolamento térmico, poderemos mesmo dizer que
a potência dissipada foi máxima na base, junto à fonte fria.
4.1.4. Resistências Térmicas

A resistência térmica R de um material com secção S cons-


tante, introduzida atrás para a barra completa, define-se como
R = ∆T /P (12)
onde P é a potência que flui pela secção S do material e ∆T a
variação de temperatura no comprimento do material.
Assim, obtivémos as resistências térmicas para cada uma das
partes da montagem:

Regime Estac. Rbase (K/W) Rtopo (K/W) Rbarra (K/W)


Figura 4: Ajuste da função teórica (6) aos dados na tabela V. I 0.37 ± 0.09 0.64 ± 0.16 1.33 ± 0.20
II 0.27 ± 0.07 0.70 ± 0.16 1.35 ± 0.19
Esta segunda recta de ajuste permitiu obter um declive
para a função teórica (6) de |dT /dx| = 345.9 ± 1.0 K/m e Tabela V: Resistências térmicas nos regimes estacionários
uma ordenada na origem igual a uma temperatura média
Tbase = 310.0 ± 0.1 K. Por extrapolação, obtemos uma
temperatura média no topo da barra de Ttopo = 351.5 ± 3.7 K.
De referir que, daqui para a frente, as temperaturas Tbase e 1 Considerámos como valor exacto κAl = 237 W/(m.K), retirado de [8].
3
Estas medidas podem, em parte, confirmar a análise qua- um desvio sistemático em relação ao valor tabelado, sendo
litativa anterior relativa à potência dissipada. De facto, por aproximadamente 2 vezes inferior a este.
aumento da temperatura da fonte quente(e assumindo que a
condutividade não varia significativamente com este pequeno 4.3. Contribuição Electrões vs. Fonões
aumento de temperatura), verificamos que a variação do valor
Vamos calcular, com base nos valores obtidos e na condutivi-
da resistência térmica foi máxima para Rbase e mı́nima para
dade eléctrica σelectric = 3.546 × 107 Ω−1 .m−1 [9] do alumı́nio à
Rbarra , o que pode traduzir o isolamento relativo de cada com-
temperatura ambiente Tamb. ≈ 293 K(pretendemos apenas um
ponente da montagem.
cálculo aproximado), um valor experimental para a constante
de Lorenz L, verificando com base neste que a condutividade
4.2. Regime Variável
do metal alumı́nio se deve essenialmente aos electrões.
4.2.1. Diferenças Finitas De facto, com o valor médio κAl = 224 ± 12 W/(m.K), ob-
temos L = (2.2 ± 0.2) × 10−8 W.Ω.K −1 , com desvio à precisão
Determinámos numericamente a condutividade do alumı́nio. 7.1% e um desvio ao valor L = 2.44 × 10−8 W.Ω.K −1 de 11.6%.
∂2T
Tendo em conta que D = ∂T /
∂t ∂ x2 , considerámos um con- Assim, vemos que a nossa estimativa experimental um pouco
junto discreto de pontos da curva de T3 ( maior incerteza nas grosseira confirma que os electrões contribuem, de facto, mai-
extremidades) entre os valores extremos de tempo 30.05 s ≥ oritariamente para a condução no alumı́nio.
t ≤ 59.86 s, próximo da origem do regime variável durante o
qual a curva de pontos experimentais se encontra bem definida, 5. CONCLUSÕES E CRÍTICAS
com uma variação bastante contı́nua. Começámos por analisar o regime estacionário de distribui-
Para cada intervalo ∆t = 1.375 s dentro destes extremos, cal- ção de temperaturas na barra. Esta análise permitiu obter um
2
culámos ∂∂ 2Tx recorrendo a diferenças finitas aplicadas na tem- valor médio para a condutividade de κAl = 224 ± 12 W/(m.K)
2
peratura T3 , ∂∂ 2Tx ≈ T (x+∆x)−2T (x)+T (x−∆x)
∆x2 = T4 −2T
∆x2
3 +T2
e com uma precisão de 94.6% e uma exactidão de 94.4%. Este
calculámos D para este intervalo( com ∆x = 0.025m). valor praticamente concorda, dentro do erro experimental, com
Obtivémos um valor médio para a condutividade o valor tabelado. De facto, devemos ressalvar que o valor usado
κAl = 243 ± 32 W.m−1 .K −1 . como tabelado é apenas indicativo e foi obtido para uma tempe-
ratura de 27o C e um tipo de alumı́nio provavelmente diferente
4.2.2. Série de Fourier do usado nesta experiência[8]. Os valores obtidos usando a po-
tência da fonte fria como potência de escoamento foram, como
Para cada sensor, ajustámos a solução do regime variável(10 esperado, inferiores aos respectivos considerando para potência
primeiros termos) aos dados experimentais, obtendo-se os re- de escoamento a potência da fonte quente.
sultados na fig. 5(com todos os parâmetros livres). A fonte de erro mais relevante nestas medições foi principal-
mente a perda de energia térmica para o ambiente ao longo e
nas extremidades da barra, não previstas na análise teórica ide-
alizada. Por análise dos ajustes realizados, podemos verificar
que a relação linear 6 é coerente com os dados experimentais, o
que confirma a hipótese de homogeneidade da barra e refuta a
hipótese de mau funcionamento de um dos sensores( existindo,
no entanto, ainda a hipótese de um desvio de calibração no
conjunto de sensores, pouco relevante neste contexto).
Devemos ainda notar que o balanço energético estimando as
diferenças entre a potência fornecida e a retirada pela fonte
fria é bastante grosseira e não permite a medição da potência
dissipada com rigor uma vez que os erros na determinação de
∆T na fonte fria induzem neste valor um um erro experimental
bastante elevado( desvios à precisão de 23.9% e 22.9% ).
Figura 5: Ajustes das soluções do regime variável aos dados exp. Os erros cometidos na medição do caudal são desprezáveis e
devem-se na maioria a erros na medição do tempo.
A partir dos ajustes anteriores, obtivémos uma difusidade Relativamente ao regime variável, obtivémos valor coerentes
média D = (3.69 ± 0.13) × 10−5 m2 .s−1 de onde obtemos uma entre si, mas com desvio sistemático em relação ao tabelado.
estimativa para a condutividade de κAl = 98.3 ± 1.6 W/(m.K), Apesar de verificarmos que o parâmetro livre dt0 /dx não foi
com um desvio de 1.6 %. Permitiu ainda obter uma tempera- constante para cada posição, os bons ajustes obtidos confirmam
tura Tbase = 298.1 ± 0.7 K, com desvio à precisão 0.2%. que, pelo menos localmente em torno da posição de cada sensor,
Os ajustes das soluções deste regime aos dados experimentais a solução do regime variável atrás obtida é válida.
foram bastantes satisfatórios e a temperatura da base manteve- Porém, as perdas energéticas ao longo da barra, em particu-
se aproximadamente constante(traduzido pelo baixo desvio à lar no seu topo, invalidam globalmente o modelo ideal utilizado.
precisão). Porém, a condutividade obtida com base neste re- Também a variação não linear das resistividades térmicas e da
gime, apesar de possuir um baixo desvio à precisão, apresenta temperatura na barra(apesar de pequena) ao longo do tempo
é um factor de erro.

[1] J. L. Figueirinhas, Aula de apresentação sobre a condutividade condutividade_termica.pdf


Térmica. [6] Charles Kittel, Introduction to Solid State Physics, 1963, Wiley,
[2] S.J.Blundell, K.M.Blundell, Concepts in Thermal Physics( 2a chap. 4, 5
ed. ), OXFORD University Press, UK 2010 [7] http://en.wikipedia.org/wiki/Drude_model
[3] R. P. Feynman, R. B. Leighton and M. Sands, The Feynman [8] http://www.hukseflux.com/thermalScience/
Lectures on Physics( Vol 2 ), Addison-Wesley, 1964, chap. 2.6 thermalConductivity.html
[4] F. John, Partial Differential Equations, Springer, 1971 [9] Serway, Raymond A., Principles of Physics. 2nd ed, Fort Worth,
[5] J. L. Figueirinhas, http://www.ciul.ul.pt/~figuei/ Texas; London: Saunders College Pub, 1998. p602
4

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