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Unidade I
5 SISTEMA DE ENSINO E ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
A conceituação da palavra sistema, segundo Lalande (apud DIAS, 2004, p. 1), refere-se a um “conjunto
de elementos, materiais ou não, que dependem reciprocamente uns dos outros, de maneira a formar
um todo organizado”. Na citação está presente a ideia de estrutura, de um todo formado por partes
interdependentes presentes no interior de um conjunto de elementos.
Quando usamos essa teoria, referimo-nos a um ambiente que, além de considerar o que está
dentro do sistema, analisa também o que está fora, pelas trocas que se realizam entre o sistema
e o ambiente.
O sistema pode ser aberto ou fechado. O fechado não faz troca com o ambiente. Já no sistema
aberto há troca, pela interação com o ambiente. Por isso, recebe informações de fora e devolve
informações a partir do funcionamento do sistema, o feedback. Para fazer referência ao que
entra como informação no sistema, usamos o conceito inputs, e para o que é devolvido como
informação para o ambiente, outputs.
O sistema escolar brasileiro tem como finalidade proporcionar educação num aspecto específico, que
é a escolarização. Este é um processo sistemático e intencional, que tem como objetivo o desenvolvimento
intelectual, físico, social, emocional e moral dos educandos. Essa é a exigência da nossa sociedade em
relação ao sistema educacional brasileiro. É um processo integral.
Podemos afirmar que as contribuições da sociedade para a escola são o conteúdo cultural,
os recursos humanos, os recursos financeiros e os alunos. Já as contribuições da escola para
a sociedade são a melhoria do nível cultural da população, o aperfeiçoamento individual, a
formação de recursos humanos e o resultado de pesquisas nos diferentes campos do conhecimento
humano.
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Unidade I
5.2.1 Estrutura
O sistema escolar brasileiro compreende uma rede de escolas e uma estrutura de sustentação:
A rede de escolas é composta de estabelecimentos de ensino que atendem aos alunos, nos níveis de
ensino descritos a seguir.
As modalidades de ensino são oferecidas ao longo da educação básica e da Educação Especial desde
a Educação Infantil até o fim da escolaridade possível ao educando, ou quando, por outros motivos, a
criança ou o adolescente se integra à Educação Especial. A Educação de Jovens e Adultos é ofertada
aos que não cursaram na idade própria o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. As outras modalidades
previstas na lei são oferecidas de acordo com as peculiaridades locais e as necessidades.
Os elementos não materiais constituem-se dos princípios e objetivos da educação escolar nacional,
bem como dos deveres, direitos e responsabilidades dos integrantes do setor educacional. Expressam-se
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
pelas legislações educacionais, que têm o objetivo de regulamentar, orientar, coordenar, acompanhar,
implantar, implementar e avaliar ações, planos, programas e planejamentos de todos os níveis de
organização e funcionamento do sistema de ensino nacional.
• Entidades mantenedoras:
5.2.2 Sistema
O que consideramos sistema escolar brasileiro é aquele que está situado no território nacional, que
está vinculado à cultura brasileira, expressa nos valores, costumes, hábitos, princípios e objetivos da
educação nacional. Além disso, é também aquele que é ministrado na língua nacional e está submetido
a uma legislação comum, incluindo disposições legais que articulam e integram os diferentes níveis e
modalidades de ensino.
5.2.3 Funcionamento
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Unidade I
Segundo Faustini (apud MENESES, 2004), as instituições sociais, para atender aos objetivos sociais
que lhes são determinados, devem ater-se a prescrições e regulamentos específicos. São atividades que
estão previstas nas legislações gerais e específicas já apontadas e que os teóricos da Administração
chamam de aspecto burocrático da organização.
Os sistemas de ensino brasileiros possuem uma rede de autoridades, desde aquelas que envolvem o
país até as que se instauram nas unidades escolares. Há uma hierarquia de autoridades e de repartições
em todos os níveis administrativos e com funções claramente definidas.
A LDB dispõe, no Título IV, artigo 8º, sobre a organização da educação nacional, e, no artigo 9º, sobre
as competências e atribuições da União.
A União tem o papel de coordenar a política nacional de educação, articular os diferentes níveis
e sistemas de ensino e exercer as funções normativa, redistributiva e supletiva em relação às outras
instâncias educacionais. A função normativa estabelece leis, regulamentos e normas que devem ser
respeitados para o funcionamento integrado dos sistemas de ensino. Já a função redistributiva refere-
se à contribuição com verbas para o ensino quando os sistemas de ensino estaduais e municipais não
atingem o mínimo de verbas necessário para o desenvolvimento e a manutenção do ensino. Por fim, a
função supletiva trata da situação decorrente de os sistemas de ensino terem dificuldade de cumprir
todas as atribuições e competências em relação à estrutura e ao funcionamento da educação básica.
Título IV
O conceito destacado é o de regime de colaboração, que deve ser o tipo de relação a reger os
diferentes sistemas de ensino. O papel principal da União é coordenar a política nacional de educação e
articular os diferentes níveis e sistemas com as funções normativa, redistributiva e supletiva.
Prosseguindo:
§ 2°. Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá acesso
a todos os dados e informações necessários de todos os estabelecimentos e
órgãos educacionais.
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Também compete à União garantir a participação de todos na educação; para isso, o plano deve
conter diretrizes e metas a serem alcançadas, especificadas por nível e modalidade de ensino, com a
vigência de 10 anos. Após essa elaboração, o plano deve ser encaminhado para discussão e aprovação
no Congresso Nacional, que pode transformá-lo em lei federal.
Outra função do Estado é prestar assistência técnica, o que acaba se resumindo na elaboração
das diretrizes educacionais, que são aceitas pelos sistemas de ensino. O conceito de colaboração
novamente aparece, assim, como instrumento que vai efetivamente garantir pensar numa educação
nacional, com a criação de mecanismos que assegurem a formação básica comum a todos, como está
expresso na lei.
A introdução da ideia de avaliação se constitui, nessa lei, como um dos pilares da política educacional
brasileira. É o que chamamos de avaliação realizada da forma mais mensurável possível, assegurando
o processo nacional de avaliação do rendimento escolar. O objetivo é eleger as prioridades nacionais
(locais) com vistas à melhoria da qualidade de ensino. Já em 1995, antes da aprovação da Lei nº 9.394/96,
o governo federal instaurou uma medida provisória, em 1995, a Lei nº 9.131/95, instituindo o Provão
no ensino superior (o Exame Nacional de Cursos), O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e o Saeb
(Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica).
Observação
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Unidade I
O artigo 10º apresenta as atribuições e competências dos estados brasileiros diante do ensino escolar
no sistema nacional de educação. Podemos notar que há uma organização de atribuições e funções
entre os diferentes sistemas de ensino.
4
Texto com modificações promovidas pelas leis 12.061/2009 e 10.709/2003.
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Os municípios passam a ter atribuições na educação escolar. As ações estão em consonância com as
atribuições da União e dos estados e devem acontecer em regime de colaboração, podendo essas esferas
de governo formar um sistema único de educação básica. Assim, as políticas educacionais municipais
devem estar integradas às políticas e aos planos da União e dos estados.
VII – informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso,
os responsáveis legais, sobre a frequência e [o] rendimento dos alunos, bem
como sobre a execução da proposta pedagógica da escola;
O artigo 12 trata das competências e responsabilidades da escola, destacando-se seu dever de elaborar
e executar sua proposta pedagógica. Outros deveres são: assegurar o cumprimento dos dias letivos, velar
pelo cumprimento do plano de trabalho docente e prover meios de recuperação dos alunos de menor
rendimento, articular-se com as famílias e a comunidade, informar pais sobre o rendimento dos alunos e
5
Texto com modificações promovidas pelas leis 12.061/2009 e 10.287/2001.
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Unidade I
São apresentadas neste artigo as funções dos professores: participar da elaboração da proposta
pedagógica da escola, elaborar e cumprir o plano de trabalho de acordo com a proposta da unidade
escolar, estabelecer estratégias de recuperação dos alunos de menor rendimento, participar integralmente
das reuniões de planejamento, avaliação e desenvolvimento profissional, assim como colaborar com as
atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.
O artigo 14 trata dos princípios da educação escolar municipal. Trata com destaque da gestão
democrática da escola pública, mas não aponta como deve ser escolhido o gestor/diretor da escola.
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Para continuarmos nossa abordagem, leia o trecho a seguir, que trata do sistema de ensino federal.
Lembrete
6
Parágrafo com redação revista pela Lei n° 12.020, de 2009.
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Saiba mais
Acesse:
Total
Total geral % Federal % Estadual % Municipal % Privada %
pública
0,5
50.545.050 42.222.831 83,5 276.436 18.721.916 37,0 23.224.479 45,9 8.322.219 16,5
Nota: não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE).
Continuando o estudo mais acurado da lei, passaremos agora ao Capítulo I do Título V da Lei nº
9.394/96, que discute o conceito de educação e diferencia-a de educação escolar. O texto legal diferencia
a educação entendida pelo senso comum da educação escolar, que, como é claramente definido, é
aquela que acontece por meio do ensino e nas escolas que estão sob a vigência da Lei nº 9.394/96.
Título V
Capítulo I
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Unidade I
Capítulo II
DA Educação Básica
Seção I
A partir do artigo 22, a lei vai tratar das disposições curriculares para o funcionamento das
etapas e modalidades de ensino em todo o território nacional e vai apontar a possibilidade de
atender às especificidades regionais. Assim, esse artigo trata das finalidades da educação básica de
desenvolvimento do educando com a formação comum indispensável para a cidadania, o trabalho e
estudos posteriores.
Esse artigo trata da organização da escola, que pode se dar em séries anuais ou períodos semestrais,
basear-se no critério da competência ou em outros, possibilitar a reclassificação dos alunos e adequar o
calendário escolar às peculiaridades locais.
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada
de acordo com as seguintes regras comuns:
Estão apontadas no artigo 24 as regras comuns para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, com
carga horária mínima anual de 800 horas, divididas em 200 dias letivos (os quais devem ser compostos
de, no mínimo, 4 horas de efetivo trabalho escolar). O texto legal trata, ainda, de aspectos como os
critérios para a classificação dos alunos, a organização das classes por níveis mais avançados de ensino
ou de disciplinas, a verificação do rendimento escolar com prevalência dos aspectos qualitativos sobre
os quantitativos, recuperação paralela ao período letivo, obrigatoriedade da recuperação dos estudos e
controle da frequência por conta da escola. Especifica também que a escola é responsável pela expedição
dos certificados e históricos escolares.
Há, no artigo 25, enfoque na importância do número de alunos por professor nas diferentes etapas
da educação básica e na necessidade de haver, nas condições materiais da escola, padronização ou
equivalência às condições regionais e locais disponíveis.
III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar,
estiver obrigado à prática da Educação Física;
V – (Vetado);
Esses artigos tratam da importância do trabalho com valores humanos, direitos e deveres dos
cidadãos com vistas ao bem comum e à democracia, da preocupação com a discussão sobre o trabalho
e as práticas esportivas, e da atenção às disparidades regionais, trazendo informações sobre o ensino na
zona rural e suas características locais e regionais.
7
Texto com modificações promovidas pelas leis 10.793/2003, 11.645/2008, 11.769/2008, 12.287/2010, 12.608/2012
e 12.796/2013.
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
podemos encontrar, no site do MEC, os planos, programas e ações previstas para o atendimento às
prioridades nacionais. O perfil dos programas que o governo implementa delimita o perfil de tratamento
que ele pretende prestar à sua população. A seguir apresentaremos programas e ações do ministério,
assim como suas secretarias e instituições auxiliares:
• Mais Educação;
• ProInfância;
• Saúde na Escola;
• Atleta na Escola;
• infraestrutura;
• avaliações da aprendizagem;
• TV Escola.
Saiba mais
Para saber mais a respeito dos programas do MEC, visite o site:
<www.portal.mec.gov.br>.
Trata-se de uma medida para promover a aprendizagem dos educandos e garantir a permanência na
escola com sucesso até o fim do Ensino Fundamental.
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Unidade I
5.3.3 Fundeb
O Fundeb tem natureza contábil, o que significa que os gastos devem ser comprovados por
meio de prestação de contas junto aos órgãos administrativos públicos e acompanhados pelos
conselhos.
A merenda escolar é um programa muito antigo na educação escolar pública. Os benefícios desse
programa são indiscutíveis. Atualmente a merenda está sendo complementada com a produção agrícola
local, o que promove o desenvolvimento da agricultura familiar e fortalece a cultura local, a identidade
e os hábitos e costumes da região.
É um programa que vem atender a uma demanda dos profissionais da educação escolar, que sempre
mostraram a importância de a escola receber verba para o aprimoramento da aprendizagem e do uso
das verbas de acordo com as necessidades apontadas pelo Projeto Político-Pedagógico.
É o programa que visa a atender à meta de aprimorar a qualidade do ensino, dando assistência direta
ao aluno, por meio do livro didático. Atualmente os alunos recebem os livros didáticos das diferentes
disciplinas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Programa que visa à reunião dos dirigentes da educação municipal escolar e à discussão das políticas
públicas educacionais em suas regiões. Prevê a formação continuada de toda a equipe da educação
municipal para que as metas educacionais sejam atingidas por meio da compreensão dos princípios e
objetivos da educação escolar no Brasil.
A legislação educacional prevê a instalação dos conselhos municipais de educação como parte da
organização e do funcionamento do sistema municipal de educação. O programa é parte da formação
necessária ao grupo gestor do município.
Projeto que prevê a instalação de bibliotecas nas escolas, com o objetivo de possibilitar aos alunos
o manuseio de variados materiais de leitura, com a orientação dos professores. A medida é de grande
importância, pois estudos sobre a leitura no Brasil revelam dados insatisfatórios sobre a capacidade
leitora dos alunos.
O projeto prevê financiamento para a construção de creches e pré-escolas. Deve ser desenvolvido em
parceria com os municípios interessados.
5.3.14 ProInfantil
Esse projeto prevê a formação inicial dos professores, uma vez que, em 2012, 0,1% de professores
tinha Ensino Fundamental incompleto, num total de 2.095 professores, o que revela a incapacidade do
sistema escolar brasileiro de atender às exigências legais.
O cuidado com as crianças e com os adolescentes também prevê programas de saúde, pois
a população brasileira ainda precisa lidar com questões delicadas, como gravidez precoce, drogas e
doenças sexualmente transmissíveis.
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Unidade I
É um projeto de importância para a educação básica brasileira, pois prevê a formação continuada
dos professores que estão atuando na rede pública de ensino. Não é obrigatória para os sistemas de
ensino, pois é proposta em forma de parceria e de adesão voluntária dos interessados.
É um projeto que atende ao transporte escolar, especificamente, dos educandos que moram na zona
rural.
É um projeto que atua diretamente no transporte escolar, previsto como dever do Estado com a
educação escolar para os educandos que moram a mais de dois quilômetros da escola.
Saiba mais
<http://www.mec.gov.br/>.
A seguir incluímos outros programas interessantes cujas informações também estão disponíveis no
site do MEC:
• Juventude Viva;
• Mercosul Educacional;
• Educação Ambiental;
• Tecnologia Social.
Órgãos vinculados
• acumulação de cargos;
• aproveitamento/complementação de estudos;
• carga horária;
• certificação de estudos;
• cobrança de taxas;
• colégios de aplicação;
• conceito de sede;
• convalidação de estudos;
• credenciamento/recredenciamento;
• cursos de Teologia;
• cursos noturnos;
• década da educação;
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
• delegação de competência;
• direitos humanos;
• descredenciamento voluntário;
• educação a distância;
• ensino militar;
• ensino religioso;
• equivalência de disciplinas;
• estágios;
• estatutos/regimentos;
• financiamento da educação;
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Unidade I
• formação de docentes/docência;
• hora-aula;
• Língua Espanhola;
• livre-docência;
• notório saber;
• pós-graduação;
• registro de diplomas;
• relações étnico-raciais;
• reprovação;
• sistemas de ensino;
• transferência de alunos;
• transversalidade;
• vestibulinhos.
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Lembrete
As informações sobre o funcionamento do sistema nacional de ensino,
apresentando as propostas de políticas públicas do MEC, os assuntos tratados
pelo Conselho Nacional de Educação e os órgãos administrativos do MEC servem
para explicitar a postura do governo diante da população brasileira.
Iniciando a discussão sobre os níveis de ensino da educação básica, vamos apresentar a Educação
Infantil como sua primeira etapa, conquista que só foi obtida com a Constituição Federal de 1988.
Seção II
Da Educação Infantil
Art. 29. A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em
81
Unidade I
Os artigos que acabamos de ler expressam o reconhecimento da Educação Infantil como parte
da educação escolar brasileira, constituindo-se na primeira etapa da educação básica, que deve
apresentar estrutura e funcionamento pertinentes ao desenvolvimento infantil (na faixa etária de
0 a 5 anos), com coerência nos registros que faz e nas avaliações que aplica. A lei explicita que a
Educação Infantil não apresenta a função de preparar para o Ensino Fundamental.
8
Texto com modificações promovidas pela Lei n° 12.796/2013.
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Seção III
Do Ensino Fundamental
83
Unidade I
Art. 34. A jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá pelo menos quatro
horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado
o período de permanência na escola.
84
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
O Ensino Fundamental, devido à nova conceituação de Educação Infantil, deixa de ser visto como
o único nível educacional obrigatório e passa a ser considerado como mais uma fase de estudos (a da
educação dos 6 aos 14 anos). Essa fase, apesar de ser complemento da educação iniciada na primeira
infância, diferencia-se da Educação Infantil, como podemos constatar pelas características próprias que
a definem e organizam, conforme lemos na Seção III.
Convém ainda dizer que o Ensino Fundamental permanece como nível de ensino com o maior
número de matrículas e propicia a continuidade de estudos ao aluno, com vistas ao aprofundamento do
que foi iniciado na Educação Infantil.
A seguir trataremos da última etapa da educação básica, o Ensino Médio, que deve ser entendido
como a etapa de consolidação dos estudos realizados. O conceito de educação básica se realiza nesse
nível, que não deve ser entendido como um conjunto de etapas estanques, mas, ao contrário, como um
processo de escolarização que se desenvolve ao longo desse nível de ensino.
9
Texto com modificações promovidas pelas leis 9.475/1997, 11.274/2006, 11.525/2007 e 12.472/2011.
85
Unidade I
Seção IV
Do Ensino Médio
Art. 35. O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, com duração
mínima de três anos, terá como finalidades:
Seção IV A
O Ensino Médio, etapa final da educação básica, representa a consolidação dos estudos do aluno
ao longo desse nível de ensino. O texto apresenta o Ensino Médio de nível técnico, que está organizado
paralelamente ao Ensino Médio e não se confunde com ele.
10
Texto com modificações promovidas pelas leis 11.684/2008 e 11.741/2008.
88
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
O número de matrículas no Ensino Médio no Brasil é bem inferior ao do Ensino Fundamental. Isso
representa que o conceito de educação básica, aquela que ocorre do início da Educação Infantil até o
fim do Ensino Médio, ainda não constitui uma realidade em nosso país.
A Educação de Jovens e Adultos tem representado um desafio para a educação brasileira, pois apesar
de todo o respaldo legal que a Constituição Federal de 1988 e a Lei nº 9.394/96 apresentam quanto à
obrigatoriedade da oferta dessa modalidade de educação aos que ainda não completaram a educação
básica, inclusive aos que não estudaram na faixa etária própria, dados educacionais publicados pela
imprensa demonstram que 8,7% dos jovens acima dos 15 anos são analfabetos. No Brasil, esse número
representa um total de 13,1 milhões de brasileiros. A reportagem mostra ainda que a região Nordeste
concentra metade dessa população (LEAL, 2013). Nesse sentido, podemos entender a importância dessa
modalidade de ensino para a educação brasileira como um benefício capaz de atingir o Brasil de modo
mais fundamental.
Seção V
Art. 37. A Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio
na idade própria.
11
Parágrafo com modificações promovidas pela Lei n° 11.741/2008.
89
Unidade I
A Seção V é a descrição da oferta da educação básica para os que não estudaram ou concluíram
os estudos na faixa etária proposta pela lei e da obrigatoriedade de oferta desse ensino pelo Estado.
Há a preocupação de atender aos alunos de forma que concilie estudos e trabalho, assim como às
necessidades específicas dos jovens e adultos.
Os dados do IBGE apresentam um número maior de pessoas jovens a adultas que ainda não
concluíram seus estudos ou nunca passaram pela escola e são analfabetas. Ou seja, em termos práticos,
apesar de a Lei nº 9.394/96 reconhecer o direito aos estudos, o atendimento continua bem inferior ao
necessário.
A educação profissional tem como meta a formação técnica e continuada dos trabalhadores,
tendo em vista as constantes transformações da sociedade. O desenvolvimento constante e
amplo do conhecimento e o avanço das tecnologias da informação e comunicação têm levado
à necessidade de um novo perfil do trabalhador. A reestruturação produtiva coerente com a
globalização, as alterações na economia e a forma do capitalismo, com consequentes qualificação
e requalificação profissionais, tem sido uma meta permanente, com vistas à integração e à
reintegração do trabalhador aos novos postos de trabalho que se apresentam em função das novas
necessidades do mercado. Destacamos, assim, a necessidade e a atualidade dessa modalidade de
ensino que vamos estudar a seguir.
90
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Capítulo III
Da Educação Profissional
A Lei nº 9.394/96 apresenta a modalidade de ensino Educação Especial, que prevê o atendimento
a educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. Essa nova
nomenclatura visa a explicitar o que a lei entende por Educação Especial. Como exemplo, há as crianças e os
adolescentes que são internados em hospitais ou com atendimento domiciliar, por algum problema de saúde,
e estão incluídos nessa modalidade de ensino para o seu atendimento educacional. Essa é a forma que existe
de atender aos que não podem frequentar a escola por algum tempo, devido a um impedimento de saúde.
Capítulo V
Da Educação Especial
Art. 58. Entende-se por Educação Especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
A Educação Especial apresenta uma revisão ao definir os alunos que estão dentro do seu campo
de abrangência. Para obter maior clareza e orientar a respeito de cuidados que a lei deve garantir ao
educando, acrescenta ao conceito, além das deficiências, os transtornos globais do desenvolvimento e
as altas habilidades.
permitir saber como acontece o atendimento, em que local ocorre, de que tipo é. Em contrapartida, o
atendimento nas classes comuns já é uma realidade, e, novamente, o número de matrículas na zona
urbana é superior ao da zona rural.
Sistema Educacional
0 a 3 anos Creches
4 a 5 anos Pré-escola Educação Infantil
6 anos 1º ano
7 anos 2º ano
8 anos 3º ano
9 anos 4º ano
10 anos 5º ano Ensino Fundamental
11 anos 6º ano
Educação Especial
12 anos 7º ano
13 anos 8º ano
14 anos 9º ano
15 anos 1º ano
16 anos 2º ano
Ensino Médio
17 anos 3º ano
18 anos 4º ano etc.
Processos seletivos – Vestibulares
(Cursos sequenciais)
Educação Superior
Cursos de graduação
Cursos de pós-graduação:
aperfeiçoamento, especialização etc.
mestrado e doutorado
(Cursos de extensão)
Segundo Vieira e Albuquerque (2001), precisamos entender os profissionais da educação como parte
de um caminho em construção no Brasil. A formação dos profissionais da educação é um debate que
vem sendo realizado no Brasil desde a época dos colonizadores, que deixaram a responsabilidade da
formação educativa aos jesuítas e, depois da expulsão dos religiosos, em 1759, a seus discípulos e a
leigos. Foi somente em meados do século XIX que se instalou o ensino mútuo, seguindo o Método
Lancaster, e se pretendeu superar a falta de professores, pois eles eram substituídos por monitores, o
que tornava nítida a falta de preocupação com a qualidade da educação e dos educadores. Problemas
impediram a constituição de um quadro de professores em todas as províncias e principalmente o
94
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
seu pagamento. Assim, somente a partir de 1880 é que, com a intervenção do governo, iniciou-se um
movimento para a instalação das escolas normais, com a inauguração da primeira escola normal no
município da Corte. Nessa época, em vinte anos de funcionamento, a preparação para o magistério, com
abertura e fechamento de turmas e escolas, formou em torno de quarenta professores.
Somente na Constituição de 1988 e por meio da criação da Lei nº 9.394/96 os anseios dos educadores
e da sociedade civil se fazem presentes no título que trata dos profissionais da educação. Essa mudança
pode ser entendida como um marco que define uma proposta de educação para o país e, no que toca
ao Magistério, aponta uma preocupação com condições dignas de salário e de exercício da profissão
docente. Em termos práticos, oferece-se garantia de planos de carreira para o Magistério público, piso
salarial e ingresso por concurso de provas e títulos, assegurando regime jurídico único para todas as
instituições federais, o que contribuiu para a construção de uma política de valorização do Magistério.
Observação
Título VI
§ 7º. (Vetado).
97
Unidade I
A formação de professores para a educação básica é feita em cursos de licenciatura; são assim
nomeados os cursos específicos para a docência. Atualmente, está prevista também a formação
continuada e a capacitação dos trabalhadores da educação escolar ao longo do exercício profissional.
A meta é que todos os que atuam na escola como professores tenham a formação exigida, conforme
está explicitado na legislação. Contudo, os dados estatísticos no Brasil ainda estão em processo de
atendimento, como mostram os dados estatísticos na tabela a seguir.
14
Texto com modificações promovidas pelas leis 11.301/2006, 12.014/2009, 12.056/2009 e 12.796/2013.
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Apesar de a Lei nº 9.394/96 estar em vigor desde 1997, ainda encontramos, no Brasil, professores
atuando na educação básica sem a formação necessária exigida pela lei. Quando verificamos o grau de
escolaridade de alguns profissionais, vemos que há professores sem o Ensino Fundamental completo.
Em 2012, estavam nessa situação 20.950 professores (0,1% do total de 2.095.013), o que é um número
alto, pois, se fizermos o cálculo e estimarmos que cada um desses profissionais atende a uma classe com
trinta alunos, constataremos que 62.850 alunos em 20.950 classes serão afetados. Sendo 15 a média do
número de salas de aula das escolas do Ensino Fundamental (séries iniciais, por período), com 30 classes
por escola, obtemos um total de 697 escolas com professores sem o Ensino Fundamental completo
lecionando indevidamente.
99
Unidade I
O Parecer define o que se compreende por docência: “ação educativa e processo pedagógico
metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas” (BRASIL, 2006b,
p. 5) na articulação de conhecimentos científicos, valores éticos e estéticos inerentes a processos
de aprendizagem, socialização e construção de conhecimento, considerando a articulação entre as
diferentes visões de mundo. Considera também como atividade docente a participação na
Conclusivamente, fica claro que do empenho das autoridades constituídas e da intensa participação
da iniciativa privada na área do ensino ocorrerá o almejado aprimoramento da educação nacional em
todos os seus níveis e modalidades, com reflexos na cidadania, no aprendizado e até, em especial, no
desenvolvimento do país.
Nesse item estamos iniciando a discussão sobre o financiamento da educação, que é expresso por
meio da vinculação de recursos públicos à área educacional. Essa vinculação só começa a existir quando
as constituições brasileiras reconhecem a educação escolar como um direito do cidadão. Tal conquista
se deu ao longo do tempo e sofreu avanços e retrocessos, como apontaremos a seguir.
A sociedade brasileira concebeu a educação como um direito social a partir da Constituição Federal
de 1988, mas foi o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932, no qual foi proposto o
movimento de reconstrução educacional no Brasil, que apontou que “Na hierarquia dos problemas
nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação” (MANIFESTO..., 2006, p. 1).
O documento denunciou a falta de planos e iniciativas da determinação dos fins de educação e da
aplicação de métodos científicos aos problemas da área. Além disso, destacou a educação escolar como
100
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
uma função essencialmente pública e fez a defesa da escola única para todos, bem como dos princípios
de laicidade, gratuidade, obrigatoriedade e coeducação.
Da chegada dos colonizadores portugueses ao Brasil, em 1500, até 1920, a educação não se
caracterizava como problema para a nação brasileira. Com o desenvolvimento industrial e o fenômeno da
urbanização, um novo perfil de trabalhador foi necessário para atender às exigências do desenvolvimento
econômico brasileiro.
Dessa forma, no início do século XX, o desenvolvimento científico trouxe novas informações sobre a
relação entre escola, família e sociedade. No decorrer do século passado, as concepções da Escola Nova,
que valorizavam as diferenças individuais e a liberdade do aluno para estudar aquilo em que tivesse
aptidão e interesse, defenderam a necessidade de estruturar uma nova escola, para formar o novo
cidadão brasileiro, visto que a escola tradicional que existia no Brasil já não atendia aos interesses da
sociedade democrática em formação.
O marco histórico desse processo foi o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito por
educadores brasileiros, em 1932, que se dirigia aos governantes e ao povo brasileiro e apontava os graves
problemas educacionais que havia, denunciando o analfabetismo como doença e vergonha nacional. O
documento já apontava para a necessidade da construção de um sistema nacional de educação.
Luzuriaga (2000) situa as origens da instrução pública religiosa nos séculos XVI e XVII.
O século XVIII é caracterizado pelo surgimento da educação pública estatal, que, sob a influência do
iluminismo, combate as ideias religiosas. Prevalece, assim, uma visão laica do mundo.
A Revolução Francesa levanta a bandeira da escola pública universal, gratuita, obrigatória e laica.
Firma-se com clareza o dever do Estado com relação à educação. No século XIX, é a educação pública
nacional que é defendida quando se constituem os Estados Nacionais.
No século XX, a grande questão é a construção da educação pública democrática. A tarefa do Estado
é democratizar a educação quantitativamente, garantindo o direito ao acesso à escola e promovendo
a universalização e a democratização da educação qualitativamente. Encontramos, nesse período, a
difusão dos movimentos de renovação pedagógica.
Apesar disso, o Estado brasileiro ainda não se revelou capaz de democratizar o ensino, pois permanece
distante da organização de uma educação pública democrática de âmbito nacional.
101
Unidade I
Luzuriaga (2000) analisa que estamos no limiar do século XXI sem que a sociedade moderna tenha
realizado o que se propôs como tarefa dos séculos XIX e XX: a educação pública nacional e democrática.
Vamos retomar o histórico da educação escolar nacional, agora sob a perspectiva dos princípios
defendidos para toda a nação brasileira nas constituições brasileiras e da vinculação de recursos.
Em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova propõe que os princípios para a educação
nacional devem ser fixados na nova constituição e traduzir-se na defesa dos seguintes conceitos:
laicidade, defesa do ambiente escolar acima de crenças e disputas religiosas, gratuidade em todos os
estabelecimentos de ensino e igualdade em todos os níveis, obrigatoriedade do ensino até os 18 anos
e coeducação, escola para meninos e meninas, em comum. A organização escolar é pensada tendo
como estrutura a unidade da função educacional, a autonomia técnica, administrativa e econômica e
a descentralização, pois é defendida a ideia de que unidade não é uniformidade, e sim multiplicidade,
pela descentralização. Fica o governo central responsável pela organização de um plano comum e pela
orientação da execução e dos rumos gerais da função educacional.
No Império, houve uma proposta de estabelecimento, em lei, de um mínimo das receitas a ser
aplicado em educação.
102
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n° 4.024/61, amplia o mínimo da União
para 12% e mantém as porcentagens para as outras instâncias legais.
Anos depois, a Constituição de 1967 retira a vinculação de receitas para o setor educacional, o que é
revisto pela Emenda Constitucional nº 1, de 1969, que retoma a vinculação de 20% da receita tributária
dos municípios ao ensino primário.
Somente em 1983 a Emenda Constitucional nº 24, conhecida como Emenda João Calmon, reintroduz
a vinculação de recursos, com 13% tributados à União e 25% aos estados, ao Distrito Federal e aos
municípios. Finalmente, a Constituição Federal de 1988 mantém a vinculação e altera a alíquota de 13%
para 18% no caso da União, embora mantenha os outros valores.
O quadro a seguir apresenta a distribuição das fontes do financiamento da educação definidas pelo
governo federal.
Quadro 3
Governo federal
Administração direta
Setor público Governos estaduais
Administração indireta Governos municipais
Empresas estatais Fundações e autarquias
Famílias e indivíduos
Setor privado Associações Senai, Senac, Igrejas, clubes etc.
Empresas privadas
O quadro apresenta de forma sintética as fontes do financiamento da educação dos setores privado
e público. O setor público engloba a administração direta e indireta e as empresas estatais. Já o setor
privado abarca famílias, indivíduos, associações e empresas privadas.
O quadro que segue apresenta a vinculação de recursos para a educação no Brasil, conforme as
constituições.
Quadro 4
103
Unidade I
A importância da vinculação de recursos à educação está na prioridade dada a esta no conjunto das
políticas governamentais e na reserva de fundos oficiais fixos para aplicação na elaboração da proposta
orçamentária para a área educacional. Os dispositivos legais apontam as porcentagens apresentadas
como o mínimo a ser gasto em educação, ou seja, os governantes podem aumentar essa alíquota, mas
não reduzir.
Quadro 5
A Constituição Federal de 1988 reconhece a educação como um direito social e tem como princípios
para o ensino o acesso à escola pela oferta de vagas a todas as crianças e a todos os adolescentes com
prioridade no Ensino Fundamental, na Educação Infantil e no Ensino Médio. Também são princípios a
104
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
permanência do aluno até a conclusão da educação básica com sucesso escolar, a obrigatoriedade do
Ensino Fundamental de nove anos e a diversidade com respeito às diferenças, garantindo a inclusão
social de todos na escola.
A educação escolar brasileira apresenta avanços em relação aos princípios defendidos pelos pioneiros
da educação, em 1932. Em oitenta anos, o conceito de laicidade foi superado, e a escola pública
passou a discutir as religiões presentes no país. Além disso, o conceito de obrigatoriedade do ensino já
responsabiliza judicialmente os responsáveis pelos alunos que não estão na escola e os órgãos públicos
pelo não atendimento a crianças e adolescentes no Ensino Fundamental. Também se vincula o conceito
de acesso e permanência com sucesso na escola até o término da escolaridade básica, estabelece-se a
meta da escola para todos, inclusiva, com o conceito da diversidade como benefício, e, ainda, o conceito
de gratuidade na escola pública.
Estão presentes na Constituição Federal, bem como na Lei nº 9.394/96 e nas suas regulamentações,
os dispositivos legais que asseguram o atendimento ao direito à educação com qualidade. Na
Constituição Federal de 1988, encontramos nos artigos 212 e 213 a descrição de como deve ser tratado
o financiamento da educação, complementada pelo artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT).
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no Título VII (Dos Recursos Financeiros), do artigo
68 ao 77, são abordadas as fontes de recursos (no artigo 68), a vinculação de recursos (nos artigos de 69
a 73) e a transferência de recursos públicos para a escola privada (artigo 77).
Título VII
105
Unidade I
§ 3º. Para fixação inicial dos valores correspondentes aos mínimos estatuídos
neste artigo, será considerada a receita estimada na lei do orçamento anual,
ajustada, quando for o caso, por lei que autorizar a abertura de créditos
adicionais, com base no eventual excesso de arrecadação.
§ 5º. O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios ocorrerá imediatamente ao
órgão responsável pela educação, observados os seguintes prazos:
III – recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final de cada mês, até
o décimo dia do mês subsequente.
106
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo será calculado
pela União ao final de cada ano, com validade para o ano subsequente,
considerando variações regionais no custo dos insumos e as diversas
modalidades de ensino.
Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos estados será exercida
de modo a corrigir, progressivamente, as disparidades de acesso e garantir o
padrão mínimo de qualidade de ensino.
§ 3º. Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a União poderá
fazer a transferência direta de recursos a cada estabelecimento de ensino,
considerado o número de alunos que efetivamente frequentam a escola.
108
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
§ 4º. A ação supletiva e redistributiva não poderá ser exercida em favor do Distrito
Federal, dos estados e dos municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino
de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10º e o inciso V do art. 11
desta Lei, em número inferior à sua capacidade de atendimento.
§ 1º. Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de
estudo para a educação básica, na forma da lei, para os que demonstrarem
insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares
da rede pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público
obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua rede local.
O quadro a seguir apresenta os impostos discriminados pela Constituição Federal a ser vinculados à
educação.
Quadro 6
109
Unidade I
Além desses recursos, o inciso III do artigo 68 da LDB menciona a receita do salário-educação e outras
contribuições sociais. O salário-educação é a contribuição social das empresas destinada à educação dos
funcionários e de seus filhos, para a educação fundamental, regular ou supletiva, que pode ser recolhida
aos cofres públicos, caso a empresa não ofereça esse nível de ensino.
Para melhor explicar o que significam os gastos em educação, o artigo 70 da LDB nº 9.394/96
explicita as despesas que poderão destinadas à manutenção e ao desenvolvimento do ensino, para a
consecução dos objetivos básicos das instituições escolares de todos os níveis. O artigo 71 da LDB nº
9.394/96, com o objetivo de esclarecer o que são gastos em educação, explica o que não é considerado
despesa para a manutenção e o desenvolvimento do ensino.
Estão excluídas dessas despesas a merenda escolar, a melhoria da infraestrutura urbana (mesmo
quando estiver diretamente ligada à rede escolar) e também o pagamento de pessoal com desvio de
função, geralmente cedido para outras áreas da administração pública e dos Poderes Legislativo e
Judiciário.
O debate sobre gastos em educação tem sido realizado desde a década de 1930 e fez parte da
proposta dos pioneiros da educação. Havia muita divergência sobre o que considerar despesa com
educação, o que levou ao uso muito diferenciado das verbas públicas, culminando, muitas vezes, em seu
uso para fins que não o educacional. Isso, naturalmente, prejudicou o atendimento aos objetivos últimos
da educação, como a universalização do ensino obrigatório.
Outra medida de grande importância da Lei nº 9.394/96 é o que está proposto nos artigos 72 e
73, os quais exigem que as receitas e as despesas com a manutenção e desenvolvimento do ensino
sejam apuradas e publicadas nos balanços do Poder Público, assim como nos relatórios. Há, também, a
definição dos órgãos fiscalizadores das prestações de contas. Na Constituição Federal de 1988 e na Lei
110
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
nº 9.394/96, aparece a determinação da publicação dos dados de arrecadação e despesa com educação,
bem como da fiscalização do cumprimento da vinculação de recursos.
A Lei nº 9.394/96 traz nos artigos 74, 75 e 76 a explicação do que deve ser entendido como garantia
do padrão de qualidade para oportunidades educacionais no Ensino Fundamental, que é baseado no
cálculo do custo mínimo por aluno. Já os artigos 75 e 76 estabelecem critérios para avaliar a capacidade
de cada esfera administrativa e propõem a divisão do montante dos recursos pelo custo-aluno.
Nesse caso, não está em discussão qual seria o montante de recursos necessários para a manutenção
e o desenvolvimento do ensino de qualidade, e sim o montante de recursos existentes e disponíveis no
momento, que se torna a referência para definir o padrão de qualidade para o cálculo do custo-aluno.
A legislação constitucional para a educação estabelece que, para o atendimento à educação básica
brasileira, os recursos destinados devem ser divididos da seguinte forma: a União deve aplicar 18%
das receitas provenientes dos impostos, e estados, Distrito Federal e municípios, 25% das receitas
provenientes dos impostos e da transferência de um ente federativo para outro. Os recursos são
destinados ao desenvolvimento do ensino e à manutenção das escolas. Além destas, o salário-educação
é outra fonte de financiamento a ser recolhida pelas empresas, na forma da lei.
Segundo Palma Filho (2006), em 2006, o gasto público brasileiro com a função social educação não
alcançou 5% do PIB (Produto Interno Bruto). A participação das diferentes esferas educacionais foi de
46% do total gasto em educação pagos pelos governos estaduais (o que significa 2,3% do PIB), 29,5%
pagos pelos municípios (1,4% do PIB) e 24,4% pagos pela União (1,2% do PIB). Palma Filho (2006)
chama a atenção para o fato de que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco) recomenda para os países em desenvolvimento um gasto mínimo de 10% do PIB em
educação.
No Brasil, o PNE de 2001 propunha como destinação à área educacional o uso de 7% do PIB para o
atendimento às demandas educacionais, o que não aconteceu.
A Lei nº 9.394/96 introduziu uma importante inovação no que diz respeito ao financiamento da
educação. Os mecanismos que podemos apontar e que configuraram o que podemos considerar como
avanço, segundo Melchior (2004), são os seguintes:
111
Unidade I
• fixação dos prazos para o repasse dos recursos – esses prazos variam
de 10 a 19 dias, depois de feita a arrecadação;
Melchior (2004) denuncia os abusos realizados antes dessas regulamentações, como o caso de
municípios que asfaltavam as ruas em torno das escolas e consideravam isso despesa educacional,
ou ainda outros que levavam “água encanada” aos bairros das escolas e consideravam esse serviço
como despesa de infraestrutura educacional. Apesar dessas alterações e das denúncias do uso
indevido, ainda há muito a fazer para garantir o uso adequado das verbas e o atendimento aos
preceitos constitucionais.
A seguir, falaremos dos planos previstos nos dispositivos legais responsáveis pelo desenvolvimento
das políticas públicas nacionais.
A elaboração do Plano Nacional de Educação – PNE está prevista no artigo 214 da Constituição Federal
de 1988 e na Lei nº 9.394/96. O Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, de 1997, deu andamento
ao processo de discussão do Plano Nacional de Educação. Assim, o PNE foi aprovado e tornou-se a Lei nº
10.172/2001, que definiu como objetivos e prioridades a serem desenvolvidos e estabelecidos:
112
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
• garantia de Ensino Fundamental a todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria ou que
não o concluíram;
O PNE definiu as diretrizes para o atendimento aos objetivos, tendo em vista os recursos financeiros
e a extensão da qualidade de ensino que se construirá constante e progressivamente. São estas:
De acordo com essas prioridades e com os princípios da gestão democrática na escola, os mecanismos
de participação estão sendo implementados pelo desenvolvimento dos conselhos escolares e da
autonomia pela gestão colegiada das unidades escolares.
A lei prevê que o novo Plano Nacional de Educação seja elaborado, já que em 2011 tivemos o término
da vigência do PNE elaborado em 2001. O Plano Nacional de Educação atual tem vigência de 2011 a
2020. Foi protocolado em 24 de abril de 2012 o projeto do Plano Nacional de Educação 2011-2020. As
principais metas apontadas no projeto do Plano Nacional de Educação são dadas no seguinte artigo:
I – erradicação do analfabetismo;
113
Unidade I
O texto do Projeto de Lei continua e aponta vários aspectos que deverão ser abarcados pelo PNE.
Art. 3º. As metas previstas no Anexo desta Lei deverão ser cumpridas no
prazo de vigência do PNE – 2011/2020, desde que não haja prazo inferior
definido para metas específicas.
Art. 4º. As metas previstas no Anexo desta Lei deverão ter como referência os
censos nacionais da Educação Básica e Superior mais atualizados, disponíveis
na data da publicação desta Lei.
Art. 6º. A União deverá promover a realização de pelo menos duas conferências
nacionais de educação até o final da década, com intervalo de até quatro
anos entre elas, com o objetivo de avaliar e monitorar a execução do PNE –
2011-2020 e subsidiar a elaboração do Plano Nacional de Educação para o
decênio 2021-2030.
O Projeto de Lei, nos artigos citados, aponta como as políticas públicas devem acompanhar o
desenvolvimento da educação escolar brasileira, bem como os mecanismos que devem ser usados para
que a qualidade de ensino necessária à educação básica brasileira esteja de acordo com as necessidades
locais e nacionais.
O Ministério da Educação, por isso, elaborou o Projeto de Lei do Plano Nacional de Educação, que
pretende promover mudanças positivas no decorrer do período de 2011 a 2020, em vinte metas que
trazemos a seguir, com comentários nossos.
• Meta 2 –universalizar o Ensino Fundamental de nove anos para toda a população de 6 a 14 anos:
essa meta é anterior, porém os dados educacionais apontam que o atendimento não atinge 100%
da faixa etária. Há, além disso, a discussão de como as crianças de 6 anos estão sendo atendidas
no Ensino Fundamental.
• Meta 3 – universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos
e elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no Ensino Médio para 85%, nesta faixa etária: há
um consenso de que o atendimento ao Ensino Médio já está universalizado, porém somente para
aqueles que se matriculam. Em outras palavras, existe uma margem de pessoas às quais o ensino
ainda não chega.
116
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
• Meta 5 – alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de idade: essa meta de
proposição de um tempo para uma avaliação da competência leitora e escritora das crianças, dentro
da proposta de progressão continuada, é um marco importante no caminho da aprendizagem
infantil.
• Meta 6 – oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica:
a realidade de educação em tempo integral é uma meta a ser conquistada. O ideário da escola
em tempo integral já é antigo na educação escolar brasileira e constitui uma realidade em outros
países.
• Meta 9 – elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até
2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo
funcional: os dados educacionais do Censo Escolar de 2010 apontam que existe uma taxa de 10%
de analfabetos nessa faixa etária, o que já é um dado alarmante por si só, mas pode ser agravado
caso levemos em consideração que não se sabe qual foi a concepção de alfabetização adotada no
levantamento desses dados.
• Meta 10 – oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de Educação de Jovens e Adultos na forma
integrada à Educação Profissional nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio:
nesse item há uma situação muito difícil de ser observada, pois jovens e adultos não têm acesso a
117
Unidade I
informações sobre matrículas nessa modalidade de educação. Isso culmina no não preenchimento
de muitas vagas oferecidas nas escolas. A consequência é que muitas classes da Educação de
Jovens e Adultos não são abertas, pela falta de uma política de divulgação e comunicação desse
direito fundamental do cidadão brasileiro.
• Meta 12 – elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para
33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta: trata-se, nessa meta, de
oferecer o atendimento no Ensino Superior a uma parcela mais ampla da população brasileira.
• Meta 16 – formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato sensu
e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação: visa-se, nessa
meta, à formação de professores na pós-graduação e também ao aprimoramento docente na
formação continuada.
• Meta 17 – valorizar o magistério público da educação básica a fim de aproximar o rendimento médio
do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio dos
demais profissionais com escolaridade equivalente: essa meta estabelece um critério de avaliação de
desempenho para os profissionais da educação em relação aos profissionais das outras áreas.
• Meta 18 – assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais
do magistério em todos os sistemas de ensino: essa meta está vinculada aos aspectos legais que
tratam da valorização do magistério.
• Meta 19 – garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos estados, do Distrito Federal
e dos municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos
de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar: muito se tem discutido sobre
118
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
a forma de nomeação ou designação dos diretores de escola. Para a legislação, todo cargo ou
função na área educacional deve ser ocupado por meio de concurso público de provas e títulos;
assim também deveria acontecer com o diretor. É muito discutida essa forma de escolha dos
diretores por meio de nomeação, ou seja, por escolha segundo critérios outros que não concurso,
nesse caso, por mérito e pela participação da comunidade na escolha de quem deve estar à frente
da unidade escolar.
Podemos encontrar novos mecanismos apresentados pelo Novo Plano Nacional de Educação
com vistas ao atendimento à qualidade de ensino, assim como novas diretrizes curriculares e novas
publicações que visam a orientar o Sistema Nacional de Educação. A seguir, apresentamos todas as
regulamentações emanadas do Conselho Nacional de Educação, que orientam quanto ao currículo dos
diferentes níveis e modalidades de ensino.
Tem como objetivo o desenvolvimento de ações que visem à implementação de uma educação de
qualidade, por meio do investimento na educação básica brasileira e no envolvimento de todos – pais,
alunos, professores e gestores –, com o propósito de alcançar o sucesso e a permanência do aluno na
escola.
O MEC pretende que a sociedade brasileira conheça o que acontece dentro e fora da escola, por meio
da prestação de contas e da participação de toda a sociedade na construção da qualidade de ensino
desejada para toda a população.
O PNE inclui metas de qualidade recomendadas pelo Compromisso Todos pela Educação e pelas
seguintes propostas: avaliação das crianças de 6 a 8 anos, para verificar a qualidade do processo de
alfabetização; alfabetização de jovens e adultos, com o programa Brasil Alfabetizado; criação de um piso
salarial nacional dos professores; e criação dos institutos federais de educação profissional, científica e
tecnológica.
• Caminho da Escola;
• Novo Proinfo;
• Saúde da Escola;
119
Unidade I
• Provinha;
• Ideb;
• Educacenso;
• Observatório da Educação;
• ProInfância;
• Mais Educação;
Esses e outros projetos estão sendo desenvolvidos com vistas ao atendimento das metas previstas no
Plano Nacional de Educação e nos seus planos complementares.
Devido à necessidade de superação do atual desequilíbrio regional no que toca aos recursos
financeiros e à garantia de uma oferta equitativa da educação pública, o financiamento à educação deve
tomar como referência o mecanismo do custo-aluno-qualidade (CAQ). A construção do CAQ deve ser
definida a partir da discussão ampla sobre formação continuada, condições de trabalho e remuneração
dos professores, número de alunos por turma e materiais necessários à aprendizagem do aluno para que
a educação pública adquira padrão mínimo de qualidade.
A partir da Constituição Federal de 1988, são estes os avanços propostos pela Lei nº 9.394/96, no que
se refere ao financiamento da educação:
• Reorganização da distribuição:
120
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
O texto constitucional trata, ainda, do financiamento da educação, no artigo 60 do ADCT, que propõe
como prioridades da educação brasileira, nos dez primeiros anos da promulgação da Constituição
Federal, a erradicação do analfabetismo e a universalização do Ensino Fundamental, conforme previsto
no artigo 212 da Constituição de 1988.
Em razão da dúbia interpretação do artigo 60 do ADCT e ao não cumprimento, em 1995, das disposições
nele contidas, o governo federal constatou que havia necessidade de resolver, além, obviamente, do
não cumprimento do dispositivo constitucional, o enorme desequilíbrio existente no atendimento à
demanda pelo Ensino Fundamental entre os diferentes poderes executivos (principalmente nas regiões
Sudeste e Nordeste) e também a questão do piso salarial do magistério.
8.1 Fundef
Como resposta a essa situação, em setembro de 1996, o Congresso Nacional aprovou a Emenda
Constitucional nº 14, que criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e
de Valorização do Magistério (Fundef), de natureza contábil, com base na Lei nº 9.424/96.
8.2 Fundeb
O Fundef reduziu os fundos ao Ensino Fundamental, sem a perspectiva de recursos para toda
a educação básica, e foi revisto. Em 2006, a Emenda Constitucional nº 53 criou, com base na Lei
121
Unidade I
No que diz respeito ao financiamento da educação, a substituição do Fundef pelo Fundeb foi realizada
com grande participação da sociedade civil organizada, iniciativa que fortaleceu a implantação de uma
política nacional voltada à articulação entre os diferentes poderes executivos, à descentralização do
sistema educativo e à valorização do magistério.
Além disso, o Fundeb aumentou o compromisso da união com a educação básica, ampliando o
aporte financeiro a título de complementação (de 500 milhões para 5 bilhões) e ainda instituiu um
único fundo para todas as etapas da educação básica (em vez de um fundo voltado apenas para o
Ensino Fundamental).
O Fundeb instaurou uma nova sistemática de financiamento da educação básica – para atender
ao princípio constitucional da equalização do financiamento – e agregou as ações do Plano de
Desenvolvimento da Educação, além de promover o cumprimento do Plano Nacional de Educação.
Porém, o Fundeb não é suficiente, por si só, para garantir a universalização da oferta de vagas, tampouco
a permanência do aluno na escola até a conclusão do Ensino Médio.
122
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Além dos avanços já apontados na legislação e nas políticas públicas em educação, ainda há
três aspectos a serem discutidos para que os dispositivos legais possam ser transformados em
políticas públicas de qualidade. O primeiro é a revisão do papel da União no financiamento da
educação básica; o segundo é a instituição de um verdadeiro regime de colaboração entre os
entes federados; e o terceiro é o estabelecimento de uma real valorização dos trabalhadores em
educação.
Exemplo de aplicação
Conforme Paro (1999), o gestor/diretor escolar deve estar voltado, como executor das políticas
públicas, para o papel da escola – de transformação social –, conforme segue:
Uma vez que apontamos as informações mais importantes sobre as políticas públicas em educação,
pedimos a você que faça uma pesquisa em sua cidade ou região e estude como os programas e planos
estão sendo desenvolvidos para que a educação escolar promova efetivamente um ensino de qualidade
para a comunidade local.
1. Aponte um conceito único para definir o papel do diretor/gestor em cada época histórica da
política brasileira estudada.
2. Relacione esse conceito com os princípios educacionais defendidos em cada período estudado.
3. Como você explica a relação entre as políticas públicas educacionais e o papel do diretor/gestor
como executor dessa política educacional na escola?
123
Unidade I
Saiba mais
Para obter mais informações sobre as diretrizes para a educação básica,
visite o site:
MEC. Diretrizes para a educação básica. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12992:diretrizes-para-
a-educacao-basica>. Acesso em: 29 out. 2013.
Resumo
Nesta unidade tratamos da conceituação de sistema de ensino, bem
como de sua organização nos âmbitos federal, estadual e municipal: sua
composição, incumbências e organogramas (LDB, artigos 8º a 20). Falamos
também sobre os níveis e etapas da educação escolar brasileira e sobre a
evolução das LDBs.
Exercícios
Questão 1. (ENADE 2008 – Adaptada) Leia a tabela a seguir, que apresenta dados do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb.
2005 2007 2007 2021 2005 2007 2007 2021 2005 2007 2007 2021
TOTAL 3,8 4,2 3,9 6,0 3,5 3,8 3,5 5,5 3,4 3,5 3,4 5,2
Dependência administrativa
Pública 3,6 4,0 3,6 5,8 3,2 3,5 3,3 5,2 3,1 3,2 3,1 4,9
Federal 6,4 6,2 6,4 7,8 6,3 6,1 6,3 7,6 5,6 5,7 5,6 7,0
Estadual 3,9 4,3 4,0 6,1 3,3 3,6 3,3 5,3 3,0 3,2 3,1 4,9
Municipal 3,4 4,0 3,5 5,7 3,1 3,4 3,1 5,1 2,9 3,2 3,0 4,8
Privada 5,9 6,0 6,0 7,5 5,8 5,8 5,8 7,3 5,6 5,6 5,6 7,0
Qual das afirmações faz uma análise coerente entre os dados da tabela e os fatores do Ideb?
A) Os dados sobre aprovação escolar e as médias totais de desempenho no Saeb e na Prova Brasil
resultaram em índices que ultrapassaram as metas para o Ensino Fundamental em 2007.
B) Os índices observados no ano de 2007, mais elevados quanto maior a escolaridade, são
ferramentas para o acompanhamento das metas de qualidade do Plano de Desenvolvimento
da Educação.
C) O Ideb, que reúne, em um indicador, o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações,
foi, no total de 2007, inferior à meta para o mesmo ano.
D) A superação das metas no Ensino Fundamental e no Ensino Médio foi um avanço, levando-se em
consideração que a escala do Ideb vai de 0 a 6.
E) A expectativa de avanço nas escolas estaduais é inferior àquela esperada para as escolas municipais,
uma vez que o índice é comparável nacionalmente.
125
Unidade I
A) Alternativa correta.
Justificativa: se a meta de aprovação do Saeb para o ano de 2007 era de 3,9 e o resultado foi 4,2,
podemos concluir que, de fato, os índices ultrapassam as metas para o Ensino Fundamental nesse
ano.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a tabela apresentada não mostra dados sobre o fluxo escolar, e sim as médias dos testes
aplicados aos alunos.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: a tabela mostra que a escala não vai de 0 a 6, já que temos metas estabelecidas com
7 pontos.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a tabela mostra que a expectativa de avanço nas escolas estaduais é superior ao das
municipais nos primeiros e nos últimos anos do Ensino Fundamental.
Questão 2. (ENADE 2005 – Adaptada) Leia o enunciado e considere as afirmativas que seguem.
Após o Golpe de 1964, desencadeou-se uma dura repressão que atingiu, implacavelmente, a educação
brasileira. Durante o Governo Costa e Silva foi aprovada e sancionada a Reforma Universitária, Lei nº
5.540, de 28 de novembro de 1968, que atuou no sentido de:
I – Promover a liberdade de ensino com a concentração das decisões nas mãos dos reitores.
126
Assinale a alternativa correta:
127
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EXERCÍCIOS
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