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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Unidade I
5 SISTEMA DE ENSINO E ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

5.1 Conceituação de sistema de ensino

O que significa sistema?

A conceituação da palavra sistema, segundo Lalande (apud DIAS, 2004, p. 1), refere-se a um “conjunto
de elementos, materiais ou não, que dependem reciprocamente uns dos outros, de maneira a formar
um todo organizado”. Na citação está presente a ideia de estrutura, de um todo formado por partes
interdependentes presentes no interior de um conjunto de elementos.

O que é a Teoria de Sistemas?

Quando usamos essa teoria, referimo-nos a um ambiente que, além de considerar o que está
dentro do sistema, analisa também o que está fora, pelas trocas que se realizam entre o sistema
e o ambiente.

O sistema pode ser aberto ou fechado. O fechado não faz troca com o ambiente. Já no sistema
aberto há troca, pela interação com o ambiente. Por isso, recebe informações de fora e devolve
informações a partir do funcionamento do sistema, o feedback. Para fazer referência ao que
entra como informação no sistema, usamos o conceito inputs, e para o que é devolvido como
informação para o ambiente, outputs.

Nesse sentido, há a ideia de supersistema e subsistema.

5.1.1 O sistema escolar

O sistema escolar brasileiro tem como finalidade proporcionar educação num aspecto específico, que
é a escolarização. Este é um processo sistemático e intencional, que tem como objetivo o desenvolvimento
intelectual, físico, social, emocional e moral dos educandos. Essa é a exigência da nossa sociedade em
relação ao sistema educacional brasileiro. É um processo integral.

Podemos afirmar que as contribuições da sociedade para a escola são o conteúdo cultural,
os recursos humanos, os recursos financeiros e os alunos. Já as contribuições da escola para
a sociedade são a melhoria do nível cultural da população, o aperfeiçoamento individual, a
formação de recursos humanos e o resultado de pesquisas nos diferentes campos do conhecimento
humano.

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Unidade I

5.2 Organização do sistema de ensino brasileiro nos âmbitos federal,


estadual e municipal: composição, incumbências e organogramas (LDB,
artigo 8º a 20)

5.2.1 Estrutura

O sistema escolar brasileiro compreende uma rede de escolas e uma estrutura de sustentação:

A rede de escolas é composta de estabelecimentos de ensino que atendem aos alunos, nos níveis de
ensino descritos a seguir.

• Primeira etapa – Educação Infantil:

— creche, dos 0 aos 3 anos;

— pré-escola, dos 4 aos 5 anos.

• Segunda etapa – Ensino Fundamental:

— séries iniciais (dos 6 aos 10 anos);

— séries finais (dos 11 aos 14 anos).

• Terceira etapa ou etapa final – Ensino Médio:

— dos 15 aos 17 anos.

As modalidades de ensino são oferecidas ao longo da educação básica e da Educação Especial desde
a Educação Infantil até o fim da escolaridade possível ao educando, ou quando, por outros motivos, a
criança ou o adolescente se integra à Educação Especial. A Educação de Jovens e Adultos é ofertada
aos que não cursaram na idade própria o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. As outras modalidades
previstas na lei são oferecidas de acordo com as peculiaridades locais e as necessidades.

• Estrutura de sustentação – estrutura administrativa composta de elementos não materiais,


entidades mantenedoras e administração. São elementos não materiais:

— normas – disposições legais: Constituição Federal, leis e decretos;

— disposições regulamentares: regimentos, portarias e instruções;

— disposições consuetudinárias: ética, costumes e praxe.

Os elementos não materiais constituem-se dos princípios e objetivos da educação escolar nacional,
bem como dos deveres, direitos e responsabilidades dos integrantes do setor educacional. Expressam-se
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pelas legislações educacionais, que têm o objetivo de regulamentar, orientar, coordenar, acompanhar,
implantar, implementar e avaliar ações, planos, programas e planejamentos de todos os níveis de
organização e funcionamento do sistema de ensino nacional.

A metodologia de ensino engloba orientações curriculares e metodológicas expressas nos


documentos legais, principalmente nas Diretrizes Curriculares Nacionais, nos Parâmetros Curriculares,
nos Referenciais Curriculares e nos materiais de orientação, avaliação e acompanhamento das ações
educativas em todos os níveis – local, regional e nacional.

Entidades mantenedoras são as instituições que organizam os estabelecimentos de ensino,


matriculam as crianças e os adolescentes, desenvolvem o currículo, o ano letivo e o processo avaliativo
e são responsáveis pela certificação na educação básica. São subdivididas conforme vemos a seguir:

• Entidades mantenedoras:

— Poder Público: federal, estadual e municipal;

— entidades particulares: leigas e confessionais;

— entidades mistas: autarquias.

Os órgãos administrativos do sistema são responsáveis por assegurar o desenvolvimento da política


pública educacional, fazer o levantamento dos alunos a serem atendidos na região, autorizar a criação
das classes no início do ano letivo, atribuir aulas aos professores e propiciar a formação continuada, a
seleção dos professores, sua remoção e aposentadoria.

5.2.2 Sistema

O que consideramos sistema escolar brasileiro é aquele que está situado no território nacional, que
está vinculado à cultura brasileira, expressa nos valores, costumes, hábitos, princípios e objetivos da
educação nacional. Além disso, é também aquele que é ministrado na língua nacional e está submetido
a uma legislação comum, incluindo disposições legais que articulam e integram os diferentes níveis e
modalidades de ensino.

5.2.3 Funcionamento

As características do funcionamento do sistema escolar brasileiro, do ponto de vista das entradas


para o sistema escolar, delimitam que a sociedade brasileira é responsável pela provisão de recursos
financeiros para que o sistema nacional de ensino funcione e que tem a responsabilidade de realizar o
recrutamento de pessoal de acordo com as necessidades nacionais, regionais e locais, em todas as áreas
de funcionamento do sistema. Também são características do funcionamento do sistema não somente
a admissão de todas as crianças e adolescentes e dos que não estudaram na idade própria, mas também
a oferta de vaga e a permanência na escola até o fim da educação básica.

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Unidade I

As características do funcionamento do sistema de ensino, do ponto de vista do processo educativo,


dizem respeito à orientação, à coordenação dos currículos, dos programas e sua atualização conforme
as necessidades da sociedade brasileira, por meio da constante qualificação do pessoal e da avaliação do
rendimento escolar por avaliações internas e externas. Isso inclui a constante busca da qualidade social
de ensino requerida pela nação brasileira, lutando por índices satisfatórios de desempenho escolar. A
evidência do bom desempenho do sistema escolar verifica-se por meio da promoção escolar, evitando a
evasão, a defasagem idade/série e a reprovação, assegurando os estudos de recuperação.

As características do funcionamento do sistema escolar, do ponto de vista das saídas desse


sistema, significam a formação e a qualidade de ensino oferecido pela escola que garanta a plena
cidadania, a formação para o trabalho e a preparação para a vida social. Assim, pretende-se que a
formação de profissionais dos vários níveis, de acordo com as necessidades sociais e pessoais, propicie o
desenvolvimento cultural da população, a partir da capacidade de expressar-se por escrito e oralmente
com fluência. Pretende-se também que essa população seja capaz de usufruir o patrimônio artístico e
cultural brasileiro. Ao mesmo tempo, é importante que o cidadão tenha a formação necessária para a
escolha da qualidade de vida desejada para si e sua família.

Segundo Faustini (apud MENESES, 2004), as instituições sociais, para atender aos objetivos sociais
que lhes são determinados, devem ater-se a prescrições e regulamentos específicos. São atividades que
estão previstas nas legislações gerais e específicas já apontadas e que os teóricos da Administração
chamam de aspecto burocrático da organização.

A forma burocrática tornou-se a forma dominante de organização de quase todas as sociedades da


atualidade, e burocracia significa um tipo hierárquico de organização formal. Esse conceito foi descrito
por Max Weber, que estabeleceu as características de uma organização burocrática do tipo ideal.

Em uma organização burocrática, a autoridade é exercida com base em um sistema de regulamentos


e métodos, por meio da posição oficial que os indivíduos ocupam na hierarquia da organização. As
posições obedecem a um critério, que é o grau de importância da posição e que abarca a autoridade
sobre os que estão abaixo. Há os que ocupam postos superiores e postos inferiores ou subordinados, mas
isso não implica superioridade ou inferioridade entre os indivíduos, pois na burocracia ideal deveria haver
impessoalidade na ocupação dos cargos e no cumprimento das tarefas. Nessa hierarquia formal existe
uma estrutura de autoridade chamada cadeia de autoridade ou comando. As atividades aí desenvolvidas
obedecem a regras abstratas e muito bem-definidas.

5.2.4 Níveis de administração dos sistemas de ensino

Os sistemas de ensino brasileiros possuem uma rede de autoridades, desde aquelas que envolvem o
país até as que se instauram nas unidades escolares. Há uma hierarquia de autoridades e de repartições
em todos os níveis administrativos e com funções claramente definidas.

Apresentaremos a organização administrativa dos diversos órgãos relacionados com a educação


básica do sistema de ensino brasileiro e destacaremos suas funções como se apresentam na legislação
básica.
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A LDB dispõe, no Título IV, artigo 8º, sobre a organização da educação nacional, e, no artigo 9º, sobre
as competências e atribuições da União.

O artigo 8º trata da organização da educação nacional em sistemas de ensino, de acordo com as


instâncias federal, estadual e municipal. Além disso, destaca o papel central da União na coordenação,
articulação e normatização do sistema nacional de educação, embora os sistemas de ensino tenham
garantido, no parágrafo 2º do artigo 8º da LDB, o direito de liberdade em sua organização.

A União tem o papel de coordenar a política nacional de educação, articular os diferentes níveis
e sistemas de ensino e exercer as funções normativa, redistributiva e supletiva em relação às outras
instâncias educacionais. A função normativa estabelece leis, regulamentos e normas que devem ser
respeitados para o funcionamento integrado dos sistemas de ensino. Já a função redistributiva refere-
se à contribuição com verbas para o ensino quando os sistemas de ensino estaduais e municipais não
atingem o mínimo de verbas necessário para o desenvolvimento e a manutenção do ensino. Por fim, a
função supletiva trata da situação decorrente de os sistemas de ensino terem dificuldade de cumprir
todas as atribuições e competências em relação à estrutura e ao funcionamento da educação básica.

Título IV

Da Organização da Educação Nacional

Art. 8º. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios organizarão,


em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino.

§ 1º. Caberá à União a coordenação da política nacional de educação,


articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa,
redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais.

§ 2º. Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta


Lei (BRASIL, 1996).

O conceito destacado é o de regime de colaboração, que deve ser o tipo de relação a reger os
diferentes sistemas de ensino. O papel principal da União é coordenar a política nacional de educação e
articular os diferentes níveis e sistemas com as funções normativa, redistributiva e supletiva.

Prosseguindo:

Art. 9º. A União incumbir-se-á de:

I – elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os estados,


o Distrito Federal e os municípios;

II – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do


sistema federal de ensino e o dos territórios;
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Unidade I

III – prestar assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal


e aos municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o
atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função
redistributiva e supletiva;

IV – estabelecer, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os


municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos
mínimos, de modo a assegurar formação básica comum;

V – coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação;

VI – assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no


Ensino Fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de
ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do
ensino;

VII – baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação;

VIII – assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação


superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre
este nível de ensino;

IX – autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente,


os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do
seu sistema de ensino.

§ 1º. Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação,


com funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado
por lei.

§ 2°. Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá acesso
a todos os dados e informações necessários de todos os estabelecimentos e
órgãos educacionais.

§ 3º. As atribuições constantes do inciso IX poderão ser delegadas aos estados


e ao Distrito Federal, desde que mantenham instituições de educação
superior (BRASIL, 1996).

O artigo 9° cita as atribuições e competências da União em relação à organização e ao funcionamento


da educação escolar (incumbências essas que em grande parte envolvem a coordenação das ações
educacionais – note-se que é função da esfera federal a elaboração do Plano Nacional de Educação,
ainda que isso ocorra em colaboração com estados, Distrito Federal e municípios).

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Também compete à União garantir a participação de todos na educação; para isso, o plano deve
conter diretrizes e metas a serem alcançadas, especificadas por nível e modalidade de ensino, com a
vigência de 10 anos. Após essa elaboração, o plano deve ser encaminhado para discussão e aprovação
no Congresso Nacional, que pode transformá-lo em lei federal.

Outra função do Estado é prestar assistência técnica, o que acaba se resumindo na elaboração
das diretrizes educacionais, que são aceitas pelos sistemas de ensino. O conceito de colaboração
novamente aparece, assim, como instrumento que vai efetivamente garantir pensar numa educação
nacional, com a criação de mecanismos que assegurem a formação básica comum a todos, como está
expresso na lei.

A introdução da ideia de avaliação se constitui, nessa lei, como um dos pilares da política educacional
brasileira. É o que chamamos de avaliação realizada da forma mais mensurável possível, assegurando
o processo nacional de avaliação do rendimento escolar. O objetivo é eleger as prioridades nacionais
(locais) com vistas à melhoria da qualidade de ensino. Já em 1995, antes da aprovação da Lei nº 9.394/96,
o governo federal instaurou uma medida provisória, em 1995, a Lei nº 9.131/95, instituindo o Provão
no ensino superior (o Exame Nacional de Cursos), O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e o Saeb
(Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica).

Observação

O Conselho Nacional de Educação foi criado pela mesma medida


provisória que criou o Provão. É no parágrafo 3º do artigo 9º que encontramos
uma medida descentralizadora da Lei nº 9.394/96, ao considerar como
regime de colaboração a possibilidade de baixar normas gerais para os
estabelecimentos de ensino.

No Governo Lula, o Provão foi substituído por outra metodologia de


avaliação chamada Sinaes – Sistema de Avaliação da Educação Superior –,
aplicada pela primeira vez em 2004.

Dando continuidade ao estudo, leia o próximo artigo.

Art. 10º. Os estados incumbir-se-ão de:

I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus


sistemas de ensino;

II – definir, com os municípios, formas de colaboração na oferta do Ensino


Fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das
responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos
financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;

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Unidade I

III – elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância


com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando
as suas ações e as dos seus municípios;

IV – autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente,


os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do
seu sistema de ensino;

V – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;

VI – assegurar o Ensino Fundamental e oferecer, com prioridade, o Ensino


Médio a todos [os] que o demandarem, respeitado o disposto no art. 38
desta Lei;

VII – assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual.

Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências referentes


aos estados e aos municípios (BRASIL, 1996).4

O artigo 10º apresenta as atribuições e competências dos estados brasileiros diante do ensino escolar
no sistema nacional de educação. Podemos notar que há uma organização de atribuições e funções
entre os diferentes sistemas de ensino.

Art. 11. Os municípios incumbir-se-ão de:

I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus


sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da
União e dos estados;

II – exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;

III – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;

IV – autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema


de ensino;

V – oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade,


o Ensino Fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino
somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de
sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos
vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do
ensino.

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Texto com modificações promovidas pelas leis 12.061/2009 e 10.709/2003.
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VI – assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal.

Parágrafo único. Os municípios poderão optar, ainda, por se integrar


ao sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de
educação básica (BRASIL, 1996).

Os municípios passam a ter atribuições na educação escolar. As ações estão em consonância com as
atribuições da União e dos estados e devem acontecer em regime de colaboração, podendo essas esferas
de governo formar um sistema único de educação básica. Assim, as políticas educacionais municipais
devem estar integradas às políticas e aos planos da União e dos estados.

Vejamos agora as atribuições dos estabelecimentos de ensino.

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as


do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:

I – elaborar e executar sua proposta pedagógica;

II – administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;

III – assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;

IV – velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;

V – prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;

VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de


integração da sociedade com a escola;

VII – informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso,
os responsáveis legais, sobre a frequência e [o] rendimento dos alunos, bem
como sobre a execução da proposta pedagógica da escola;

VIII – notificar ao Conselho Tutelar do município, ao juiz competente da


Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos
alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento
do percentual permitido em lei (BRASIL, 1996).5

O artigo 12 trata das competências e responsabilidades da escola, destacando-se seu dever de elaborar
e executar sua proposta pedagógica. Outros deveres são: assegurar o cumprimento dos dias letivos, velar
pelo cumprimento do plano de trabalho docente e prover meios de recuperação dos alunos de menor
rendimento, articular-se com as famílias e a comunidade, informar pais sobre o rendimento dos alunos e

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Texto com modificações promovidas pelas leis 12.061/2009 e 10.287/2001.
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o desenvolvimento da proposta pedagógica. Está presente também entre as responsabilidades da escola


administrar seu pessoal, bem como seus recursos materiais e financeiros. O fato de outras atividades não
terem sido mencionadas não significa que o papel da escola tenha sido alterado, mas sim ampliado em
sua visão e missão para com a coletividade escolar.

O artigo 13 trata das atribuições do corpo docente, conforme exposto a seguir.

Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:

I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de


ensino;

II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do


estabelecimento de ensino;

III – zelar pela aprendizagem dos alunos;

IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor


rendimento;

V – ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar


integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional;

VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e


a comunidade (BRASIL, 1996).

São apresentadas neste artigo as funções dos professores: participar da elaboração da proposta
pedagógica da escola, elaborar e cumprir o plano de trabalho de acordo com a proposta da unidade
escolar, estabelecer estratégias de recuperação dos alunos de menor rendimento, participar integralmente
das reuniões de planejamento, avaliação e desenvolvimento profissional, assim como colaborar com as
atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do


ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e
conforme os seguintes princípios:

I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto


pedagógico da escola;

II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou


equivalentes (BRASIL, 1996).

O artigo 14 trata dos princípios da educação escolar municipal. Trata com destaque da gestão
democrática da escola pública, mas não aponta como deve ser escolhido o gestor/diretor da escola.
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas


de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia
pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas
gerais de direito financeiro público (BRASIL, 1996).

Este artigo complementa o anterior ao enfocar a questão da autonomia pedagógica, administrativa


e de gestão financeira da escola, de forma progressiva.

Para continuarmos nossa abordagem, leia o trecho a seguir, que trata do sistema de ensino federal.

Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:

I – as instituições de ensino mantidas pela União;

II – as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa


privada;

III – os órgãos federais de educação.

Art. 17. Os sistemas de ensino dos estados e do Distrito Federal compreendem:

I – as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público


estadual e pelo Distrito Federal;

II – as instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público municipal;

III – as instituições de Ensino Fundamental e Médio criadas e mantidas pela


iniciativa privada;

IV – os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente.

Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de Educação Infantil,


criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino.

Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem:

I – as instituições do Ensino Fundamental, Médio e de Educação Infantil


mantidas pelo Poder Público municipal;

II – as instituições de Educação Infantil criadas e mantidas pela iniciativa


privada;

III – os órgãos municipais de educação.

Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis classificam-se nas


seguintes categorias administrativas:
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Unidade I

I – públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e


administradas pelo Poder Público;

II – privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas


físicas ou jurídicas de direito privado.

Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes


categorias:

I – particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas


e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado
que não apresentem as características dos incisos abaixo;

II – comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de


pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas
educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora
representantes da comunidade;6

III – confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos


de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a
orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso
anterior;

IV – filantrópicas, na forma da lei (BRASIL, 1996).

O conceito de sistema está presente na organização e no funcionamento da estrutura do sistema


nacional de ensino, apresentado nos artigos de 16 a 20. As atribuições dos diferentes sistemas, no que
se refere ao atendimento aos alunos nos níveis e nas modalidades de ensino, são detalhadas a fim de
diferenciar as esferas de atuação. O conceito de regime de colaboração traz a ideia dos níveis de ensino
não como etapas desligadas e estanques, mas como processo de atendimento ao aluno ao longo da
educação básica.

Lembrete

Usamos o termo sistema de ensino para nos referirmos a diferentes redes


de escolas: as vinculadas aos estados e as vinculadas aos municípios. Essa
organização se dá em todo o território nacional. Essa é a descentralização
da educação escolar.

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Parágrafo com redação revista pela Lei n° 12.020, de 2009.
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Saiba mais

É importante que você consulte a Lei nº 9.394/96 e as alterações que


sofreu no decorrer dos anos. Essa constatação é importante para que você
note que a lei é alterada de acordo com as necessidades sociais.

Acesse:

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes


e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 28 out. 2013.

A Tabela 2 apresenta a participação dos sistemas de ensino federais, estaduais e municipais no


atendimento às matrículas na educação básica. A rede pública é responsável pelo atendimento de 83,5%
dos alunos, e a rede privada, por 16,5%. A esfera municipal atende a 45,9% das matrículas, a rede
estadual, a 37,0%, e a federal, a 0,5%. Esses dados representam o funcionamento do sistema nacional
de educação, segundo o que está proposto na Lei nº 9.394/96.

Tabela 2 - Número de matrículas na educação básica por dependência


administrativa - Brasil – 2012

Total
Total geral % Federal % Estadual % Municipal % Privada %
pública
0,5
50.545.050 42.222.831 83,5 276.436 18.721.916 37,0 23.224.479 45,9 8.322.219 16,5

Nota: não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Fonte: Inep (2013, p. 15).

5.3 Organização curricular: regras comuns (LDB, artigos 21 a 28)

Continuando o estudo mais acurado da lei, passaremos agora ao Capítulo I do Título V da Lei nº
9.394/96, que discute o conceito de educação e diferencia-a de educação escolar. O texto legal diferencia
a educação entendida pelo senso comum da educação escolar, que, como é claramente definido, é
aquela que acontece por meio do ensino e nas escolas que estão sob a vigência da Lei nº 9.394/96.

Título V

Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino

Capítulo I

Da Composição dos Níveis Escolares

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Unidade I

Art. 21. A educação escolar compõe-se de:

I – Educação Básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e


Ensino Médio;

II – Educação Superior (BRASIL, 1996).

Prosseguiremos nossos comentários com a continuação do texto legal:

Capítulo II

DA Educação Básica

Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 22. A Educação Básica tem por finalidades desenvolver o educando,


assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da
cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores (BRASIL, 1996).

A partir do artigo 22, a lei vai tratar das disposições curriculares para o funcionamento das
etapas e modalidades de ensino em todo o território nacional e vai apontar a possibilidade de
atender às especificidades regionais. Assim, esse artigo trata das finalidades da educação básica de
desenvolvimento do educando com a formação comum indispensável para a cidadania, o trabalho e
estudos posteriores.

Art. 23. A Educação Básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos


semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não
seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou
por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de
aprendizagem assim o recomendar.

§ 1º. A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de


transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo
como base as normas curriculares gerais.

§ 2º. O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais,


inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino,
sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei (BRASIL,
1996).

Esse artigo trata da organização da escola, que pode se dar em séries anuais ou períodos semestrais,
basear-se no critério da competência ou em outros, possibilitar a reclassificação dos alunos e adequar o
calendário escolar às peculiaridades locais.
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POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Vejamos os próximos artigos.

Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada
de acordo com as seguintes regras comuns:

I – a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por


um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo
reservado aos exames finais, quando houver;

II – a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do Ensino


Fundamental, pode ser feita:

a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série


ou fase anterior, na própria escola;

b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas;

c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação


feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência
do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada,
conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino;

III – nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o


regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que
preservada a sequência do currículo, observadas as normas do respectivo
sistema de ensino;

IV – poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas,


com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de
línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares;

V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com


prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;

b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;

c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação


do aprendizado;

d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;

e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos


ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem
disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos;
69
Unidade I

VI – o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto


no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a
frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas
para aprovação;

VII – cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações


de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as
especificações cabíveis (BRASIL, 1996).

Estão apontadas no artigo 24 as regras comuns para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, com
carga horária mínima anual de 800 horas, divididas em 200 dias letivos (os quais devem ser compostos
de, no mínimo, 4 horas de efetivo trabalho escolar). O texto legal trata, ainda, de aspectos como os
critérios para a classificação dos alunos, a organização das classes por níveis mais avançados de ensino
ou de disciplinas, a verificação do rendimento escolar com prevalência dos aspectos qualitativos sobre
os quantitativos, recuperação paralela ao período letivo, obrigatoriedade da recuperação dos estudos e
controle da frequência por conta da escola. Especifica também que a escola é responsável pela expedição
dos certificados e históricos escolares.

Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades responsáveis alcançar


relação adequada entre o número de alunos e o professor, a carga horária e
as condições materiais do estabelecimento.

Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista das condições


disponíveis e das características regionais e locais, estabelecer parâmetro
para atendimento do disposto neste artigo (BRASIL, 1996).

Há, no artigo 25, enfoque na importância do número de alunos por professor nas diferentes etapas
da educação básica e na necessidade de haver, nas condições materiais da escola, padronização ou
equivalência às condições regionais e locais disponíveis.

Vamos continuar a leitura.

Art. 26. Os currículos da educação infantil, do Ensino Fundamental e do


Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em
cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte
diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia e dos educandos.

§ 1º. Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente,


o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo
físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil.

§ 2º. O ensino da Arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá


componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de
forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.
70
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

§ 3º. A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é


componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática
facultativa ao aluno:

I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas;

II – maior de trinta anos de idade;

III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar,
estiver obrigado à prática da Educação Física;

IV – amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro de 1969;

V – (Vetado);

VI – que tenha prole.

§ 4º. O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes


culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes
indígena, africana e europeia.

§ 5º. Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente,


a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira
moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das
possibilidades da instituição.

§ 6º. A Música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do


componente curricular de que trata o § 2º deste artigo.

§ 7º. Os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem incluir os princípios


da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos
conteúdos obrigatórios.

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e de Ensino Médio,


públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-
brasileira e indígena.

§ 1º. O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos


aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população
brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história
da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil,
a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da
sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social,
econômica e política, pertinentes à história do Brasil.

§ 2º. Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos


indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo
71
Unidade I

escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História


brasileiras (BRASIL, 1996)7.
Esse trecho trata com clareza da base nacional curricular comum e do complemento em cada sistema
de ensino e estabelecimento escolar, constituído pela parte diversificada, tendo em vista as características
regionais e locais, a cultura, a economia e a clientela da escola. Destaca-se, no texto legal, a importância do
ensino de Arte, Música e Educação Física. Enfatiza-se, ainda, o oferecimento do ensino noturno regular e
adequado às condições do estudante. Por fim, ressaltam-se as contribuições das diferentes etnias e culturas
para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia.

Art. 27. Os conteúdos curriculares da Educação Básica observarão, ainda, as


seguintes diretrizes:

I – a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e


deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;

II – consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada


estabelecimento;

III – orientação para o trabalho;

IV – promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não


formais.

Art. 28. Na oferta de Educação Básica para a população rural, os sistemas


de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às
peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente:

I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades


e interesses dos alunos da zona rural;

II – organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar


às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;

III – adequação à natureza do trabalho na zona rural (BRASIL, 1996).

Esses artigos tratam da importância do trabalho com valores humanos, direitos e deveres dos
cidadãos com vistas ao bem comum e à democracia, da preocupação com a discussão sobre o trabalho
e as práticas esportivas, e da atenção às disparidades regionais, trazendo informações sobre o ensino na
zona rural e suas características locais e regionais.

É de responsabilidade do Ministério da Educação coordenar o sistema nacional de educação proposto


na Lei nº 9.394/96 e o desenvolvimento das ações previstas no Plano Nacional de Educação. Assim,

7
Texto com modificações promovidas pelas leis 10.793/2003, 11.645/2008, 11.769/2008, 12.287/2010, 12.608/2012
e 12.796/2013.
72
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

podemos encontrar, no site do MEC, os planos, programas e ações previstas para o atendimento às
prioridades nacionais. O perfil dos programas que o governo implementa delimita o perfil de tratamento
que ele pretende prestar à sua população. A seguir apresentaremos programas e ações do ministério,
assim como suas secretarias e instituições auxiliares:

• Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa;

• Mais Educação;

• Ensino Médio Inovador;

• ProInfância;

• Saúde na Escola;

• Atleta na Escola;

• formação continuada para professores;

• livros e materiais para escolas, estudantes e professores;

• tecnologia a serviço da educação básica;

• apoio à gestão educacional;

• infraestrutura;

• avaliações da aprendizagem;

• TV Escola.

Saiba mais
Para saber mais a respeito dos programas do MEC, visite o site:
<www.portal.mec.gov.br>.

Na sequência, apresentamos os diferentes projetos e seus desdobramentos diante da realidade


nacional.

5.3.1 Ensino Fundamental de nove anos

Trata-se de uma medida para promover a aprendizagem dos educandos e garantir a permanência na
escola com sucesso até o fim do Ensino Fundamental.

73
Unidade I

5.3.2 Escola de gestores da educação básica

É o reconhecimento da importância do gestor escolar como o grande mediador do conhecimento e


das relações na escola. O programa promove a organização administrativa, curricular e pedagógica, bem
como coordena e promove a coerência das ações.

5.3.3 Fundeb

O Fundeb tem natureza contábil, o que significa que os gastos devem ser comprovados por
meio de prestação de contas junto aos órgãos administrativos públicos e acompanhados pelos
conselhos.

5.3.4 Merenda escolar

A merenda escolar é um programa muito antigo na educação escolar pública. Os benefícios desse
programa são indiscutíveis. Atualmente a merenda está sendo complementada com a produção agrícola
local, o que promove o desenvolvimento da agricultura familiar e fortalece a cultura local, a identidade
e os hábitos e costumes da região.

5.3.5 Plano de Ações Articuladas

É um plano que visa à implantação e à implementação de um planejamento estratégico pelos


sistemas de ensino para o desenvolvimento da educação escolar. A adesão ao plano implica aos
componentes a participação na elaboração de indicadores educacionais de seus sistemas de ensino,
que acompanharão o desenvolvimento educativo por meio de ações articuladas, consideradas um
dos instrumentos do regime de colaboração para o desenvolvimento da educação escolar.

5.3.6 Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)

É um programa que vem atender a uma demanda dos profissionais da educação escolar, que sempre
mostraram a importância de a escola receber verba para o aprimoramento da aprendizagem e do uso
das verbas de acordo com as necessidades apontadas pelo Projeto Político-Pedagógico.

5.3.7 Plano Nacional de Educação (PNE)

É a instituição de um instrumento de acompanhamento e avaliação dos planos decenais de educação


das diferentes esferas do Poder Executivo.

5.3.8 Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)

É o programa que visa a atender à meta de aprimorar a qualidade do ensino, dando assistência direta
ao aluno, por meio do livro didático. Atualmente os alunos recebem os livros didáticos das diferentes
disciplinas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

74
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

5.3.9 Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação (Pradime)

Programa que visa à reunião dos dirigentes da educação municipal escolar e à discussão das políticas
públicas educacionais em suas regiões. Prevê a formação continuada de toda a equipe da educação
municipal para que as metas educacionais sejam atingidas por meio da compreensão dos princípios e
objetivos da educação escolar no Brasil.

5.3.10 Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação


(Pró-Conselho)

A legislação educacional prevê a instalação dos conselhos municipais de educação como parte da
organização e do funcionamento do sistema municipal de educação. O programa é parte da formação
necessária ao grupo gestor do município.

5.3.11 Programa de Fortalecimento Institucional das Secretarias Municipais de


Educação do Semiárido (Proforti)

É um programa com objetivos específicos para a área a ser atendida. É o reconhecimento da


diversidade brasileira e das diferentes necessidades para que a educação escolar tenha a qualidade de
ensino adequada a sua clientela.

5.3.12 Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE)

Projeto que prevê a instalação de bibliotecas nas escolas, com o objetivo de possibilitar aos alunos
o manuseio de variados materiais de leitura, com a orientação dos professores. A medida é de grande
importância, pois estudos sobre a leitura no Brasil revelam dados insatisfatórios sobre a capacidade
leitora dos alunos.

5.3.13 Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública


de Educação Infantil (ProInfância)

O projeto prevê financiamento para a construção de creches e pré-escolas. Deve ser desenvolvido em
parceria com os municípios interessados.

5.3.14 ProInfantil

Esse projeto prevê a formação inicial dos professores, uma vez que, em 2012, 0,1% de professores
tinha Ensino Fundamental incompleto, num total de 2.095 professores, o que revela a incapacidade do
sistema escolar brasileiro de atender às exigências legais.

5.3.15 Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE)

O cuidado com as crianças e com os adolescentes também prevê programas de saúde, pois
a população brasileira ainda precisa lidar com questões delicadas, como gravidez precoce, drogas e
doenças sexualmente transmissíveis.

75
Unidade I

5.3.16 Prova Brasil

Reflete a importância da mudança da cultura de avaliação no Brasil e da implantação da avaliação do


sistema escolar que está sendo realizada ao longo do tempo e em larga escala, com os objetivos de conhecer
a realidade educacional brasileira e apontar índices de qualidade para o desempenho das escolas nacionais.

5.3.17 Rede Nacional de Formação Continuada de Professores

É um projeto de importância para a educação básica brasileira, pois prevê a formação continuada
dos professores que estão atuando na rede pública de ensino. Não é obrigatória para os sistemas de
ensino, pois é proposta em forma de parceria e de adesão voluntária dos interessados.

5.3.18 Transporte Escolar

É um projeto que atende ao transporte escolar, especificamente, dos educandos que moram na zona
rural.

5.3.19 Caminho da Escola

É um projeto que atua diretamente no transporte escolar, previsto como dever do Estado com a
educação escolar para os educandos que moram a mais de dois quilômetros da escola.

5.3.20 Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE)

Constitui um projeto com objetivos específicos de transferência de recursos, previstos no Fundeb


para o pagamento de despesas de manutenção dos transportes escolares.

Saiba mais

Para obter mais informações sobre os programas que acabamos de citar,


visite o site do MEC:

<http://www.mec.gov.br/>.

A seguir incluímos outros programas interessantes cujas informações também estão disponíveis no
site do MEC:

• Mais Cultura nas Escolas;

• Juventude Viva;

• Crack, é possível vencer;


76
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

• Fundo de Financiamento Estudantil (Fies);

• Mercosul Educacional;

• Educação Ambiental;

• Fórum Nacional de Educação (FNE);

• Tecnologia Social.

Observe, a seguir, as secretarias e instituições vinculadas ao Ministério da Educação, sobre as quais


é possível encontrar mais informações no site do MEC.

• Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (Sase);

• Secretaria de educação básica (SEB).

• Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi).

• Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec).

• Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres).

• Secretaria de Educação Superior (Sesu).

• Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).

• Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

• Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

• Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

• Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines).

• Colégio Pedro II.

• Instituto Benjamin Constant (IBC).

• Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

• Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes).

• Conselho Nacional de Educação (CNE).


77
Unidade I

Órgãos vinculados

O Conselho Nacional de Educação tem a tarefa de regulamentar a legislação educacional e orientar


a respeito desta, principalmente quanto à organização curricular para o sistema nacional de educação.
Os temas, assuntos e conceitos presentes nessa relação revelam os tipos de consultas solicitadas aos
conselhos de educação e têm o objetivo de obter um esclarecimento ou uma compreensão mais precisa
sobre o assunto, a fim de propiciar orientação à tomada de decisões relativas ao cotidiano escolar
quanto à manutenção e ao desenvolvimento da educação escolar. A seguir elencaremos os assuntos
que o conselho apresenta no site:

• acordos, protocolos e tratados internacionais;

• acumulação de cargos;

• aluno especial/aluno regular;

• apostilamento de diplomas – Pedagogia;

• aproveitamento/complementação de estudos;

• áreas de conhecimento/campos de saber;

• avaliação do rendimento escolar;

• carga horária;

• certificação de estudos;

• cobrança de taxas;

• colégios de aplicação;

• conceito de sede;

• convalidação de estudos;

• credenciamento/recredenciamento;

• cursos de Teologia;

• cursos noturnos;

• cursos sequenciais no Ensino Superior;

• cursos superiores de tecnologia;

• custo-aluno qualidade inicial (Caqi);

• década da educação;
78
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

• delegação de competência;

• denominações e siglas de IES;

• direito adquirido dos profissionais da educação;

• direitos humanos;

• diretrizes curriculares – cursos de graduação;

• diretrizes para a educação básica;

• descredenciamento voluntário;

• educação a distância;

• Educação Física – obrigatoriedade da disciplina;

• efetivo trabalho escolar;

• Ensino Médio e processo seletivo para IES;

• ensino militar;

• ensino religioso;

• equivalência de disciplinas;

• equivalência de estudos – exterior;

• escolas brasileiras no exterior;

• escolas estrangeiras no Brasil;

• estágios;

• estatutos/regimentos;

• Filosofia e Sociologia no Ensino Médio;

• financiamento da educação;

• formação acadêmica e exercício profissional;

79
Unidade I

• formação de docentes/docência;

• frequência/faltas e abono de faltas;

• hora-aula;

• internato – curso de Medicina;

• Língua Espanhola;

• livre-docência;

• notório saber;

• pessoa portadora de necessidades especiais;

• planos de carreira e remuneração do Magistério;

• pós-graduação;

• ProJovem – programa nacional de inclusão de jovens recuperação/reforço escolar;

• recursos contra decisões de órgãos do MEC;

• referenciais orientadores para os bacharelados interdisciplinares e similares;

• regime de exercícios domiciliares;

• registro de diplomas;

• relações étnico-raciais;

• reprovação;

• revalidação/reconhecimento de diplomas do exterior;

• sistemas de ensino;

• transferência de alunos;

• transversalidade;

• vestibulinhos.

80
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Lembrete
As informações sobre o funcionamento do sistema nacional de ensino,
apresentando as propostas de políticas públicas do MEC, os assuntos tratados
pelo Conselho Nacional de Educação e os órgãos administrativos do MEC servem
para explicitar a postura do governo diante da população brasileira.

O quadro a seguir apresenta a organização da educação brasileira:

Quadro 1 – Educação básica: níveis e modalidades de ensino

Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996


Educação Básica – Art. 21, I Educação Superior
Art. 43
De 0 a 5 anos De 6 a 14 anos De 15 a 17 anos - Graduação
- Pós-graduação
- Extensão
- Especialização
Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio

Art. 29, 30, 31 Art. 32 a 34 Art. 35 e 36


Creche Pré-Escola Ciclos/Séries
Educação de Jovens Educação de Jovens
e Adultos e Adultos
Art. 37 Art. 37
E. F. E. M.
Art. 38, I Art. 38, I
+ 15 anos + 18 anos

Educação Especial Educação Especial Arts.


58 e 59
Arts. 58 e 59
Fonte: Schorr (2007, p. 13).

6 NÍVEIS E MODALIDADES DE ENSINO

Iniciando a discussão sobre os níveis de ensino da educação básica, vamos apresentar a Educação
Infantil como sua primeira etapa, conquista que só foi obtida com a Constituição Federal de 1988.

6.1 Primeira etapa da educação básica: Educação Infantil

Seção II

Da Educação Infantil

Art. 29. A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em
81
Unidade I

seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a


ação da família e da comunidade.

Art. 30. A Educação Infantil será oferecida em:

I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de


idade;

II – pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.

Art. 31. A Educação Infantil será organizada de acordo com as seguintes


regras comuns:

I – avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento


das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino
Fundamental;

II – carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por


um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional;

III – atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o


turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral;

IV – controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida


a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas;

V – expedição de documentação que permita atestar os processos de


desenvolvimento e aprendizagem da criança (BRASIL, 1996).8

Os artigos que acabamos de ler expressam o reconhecimento da Educação Infantil como parte
da educação escolar brasileira, constituindo-se na primeira etapa da educação básica, que deve
apresentar estrutura e funcionamento pertinentes ao desenvolvimento infantil (na faixa etária de
0 a 5 anos), com coerência nos registros que faz e nas avaliações que aplica. A lei explicita que a
Educação Infantil não apresenta a função de preparar para o Ensino Fundamental.

As alterações apresentadas no texto legal refletem a importância do espaço escolar para a


criança e seu crescimento, instituindo carga horária mínima anual de 800 horas, distribuídas
em 200 dias letivos, nos quais pode ocorrer turno parcial, de 4 horas, ou jornada integral,
de 7 horas. É ressaltada na lei a importância do controle de frequência e dos registros para
transferência.

8
Texto com modificações promovidas pela Lei n° 12.796/2013.
82
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Tabela 3 – Número de matrículas na educação básica por modalidade


e etapa de ensino – Brasil (2012)

Ensino regular – Educação Infantil


Localização Total Creche Pré-Escola
Total 7.295.512 2.540.791 4.754.721
Urbana 6.435.986 2.397.110 4.038.876
Rural 859.526 143.681 715.845
Nota: não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento
Educacional Especializado (AEE).

Fonte: Inep (2013, p. 15).

O número de matrículas na Educação Infantil indica atendimento maior na pré-escola e menor na


creche. O atendimento ocorre também na zona rural, além da urbana. Os dados comprovam que há uma
evolução na compreensão do papel da Educação Infantil como parte da educação escolar, embora ainda
haja um caminho a percorrer para o atendimento à população dessa faixa etária.

6.2 Segunda etapa da educação básica: Ensino Fundamental

Dando continuidade ao processo educativo iniciado na Educação Infantil, o Ensino Fundamental,


Ciclo I e Ciclo II, constitui a continuidade do processo de aprendizagem, objetivando o aprofundamento
dos estudos iniciados na etapa anterior. Não deve ser entendido como etapa a mais a ser cumprida na
educação básica, mas como parte integrante da formação básica do cidadão brasileiro.

Leia o trecho que segue.

Seção III

Do Ensino Fundamental

Art. 32. O Ensino Fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos,


gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por
objetivo a formação básica do cidadão, mediante:

I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos


o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da


tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista


a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e
valores;

83
Unidade I

IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade


humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

§ 1º. É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o Ensino Fundamental


em ciclos.

§ 2º. Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem


adotar no Ensino Fundamental o regime de progressão continuada, sem
prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as
normas do respectivo sistema de ensino.

§ 3º. O Ensino Fundamental regular será ministrado em língua portuguesa,


assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas
e processos próprios de aprendizagem.

§ 4º. O Ensino Fundamental será presencial, sendo o ensino a distância


utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações
emergenciais.

§ 5º. O currículo do Ensino Fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo


que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz
a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e
do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático
adequado.

§ 6º. O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema


transversal nos currículos do Ensino Fundamental.

Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da


formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das
escolas públicas de Ensino Fundamental, assegurado o respeito à diversidade
cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.

§ 1º. Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a


definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para
a habilitação e admissão dos professores.

§ 2º. Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes


denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso.

Art. 34. A jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá pelo menos quatro
horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado
o período de permanência na escola.

84
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

§ 1º. São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas


de organização autorizadas nesta Lei.

§ 2º. O Ensino Fundamental será ministrado progressivamente em tempo


integral, a critério dos sistemas de ensino (BRASIL, 1996).9

O Ensino Fundamental, devido à nova conceituação de Educação Infantil, deixa de ser visto como
o único nível educacional obrigatório e passa a ser considerado como mais uma fase de estudos (a da
educação dos 6 aos 14 anos). Essa fase, apesar de ser complemento da educação iniciada na primeira
infância, diferencia-se da Educação Infantil, como podemos constatar pelas características próprias que
a definem e organizam, conforme lemos na Seção III.

Convém ainda dizer que o Ensino Fundamental permanece como nível de ensino com o maior
número de matrículas e propicia a continuidade de estudos ao aluno, com vistas ao aprofundamento do
que foi iniciado na Educação Infantil.

Tabela 4 – Número de matrículas na educação básica por modalidade


e etapa de ensino – Brasil (2012)

Ensino regular – Ensino Fundamental


Localização Total Anos iniciais Anos finais
Total 29.702.498 16.016.030 13.686.468
Urbana 25.313.692 13.162.350 12.151.342
Rural 4.388.806 2.853.680 1.535.126
Nota: não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional
Especializado (AEE).

A Tabela 4 apresenta o número de matrículas no Ensino Fundamental, anos iniciais e anos


finais, em 2012, zona urbana e zona rural. Os números demonstram que a defasagem idade-série
ainda está presente no atendimento do Ensino Fundamental. Isso porque o número de matrículas
nos anos iniciais é superior ao dos anos finais, fato que provavelmente esteja ligado à reprovação
e/ou à evasão escolar. É notável também o fato de que o número de matrículas na zona urbana é
superior ao da zona rural.

6.3 Etapa final da educação básica: Ensino Médio

A seguir trataremos da última etapa da educação básica, o Ensino Médio, que deve ser entendido
como a etapa de consolidação dos estudos realizados. O conceito de educação básica se realiza nesse
nível, que não deve ser entendido como um conjunto de etapas estanques, mas, ao contrário, como um
processo de escolarização que se desenvolve ao longo desse nível de ensino.

9
Texto com modificações promovidas pelas leis 9.475/1997, 11.274/2006, 11.525/2007 e 12.472/2011.
85
Unidade I

Leia o trecho que segue.

Seção IV

Do Ensino Médio

Art. 35. O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, com duração
mínima de três anos, terá como finalidades:

I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no


Ensino Fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para


continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade
a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação


ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos


produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

Art. 36. O currículo do Ensino Médio observará o disposto na Seção I deste


Capítulo e as seguintes diretrizes:

I – destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado


da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação
da sociedade e da cultura; a Língua Portuguesa como instrumento de
comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;

II – adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa


dos estudantes;

III – será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina


obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter
optativo, dentro das disponibilidades da instituição.

IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias


em todas as séries do Ensino Médio.

§ 1º. Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados


de tal forma que ao final do Ensino Médio o educando demonstre:

I – domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção


moderna;
86
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

II – conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;

§ 3º. Os cursos do Ensino Médio terão equivalência legal e habilitarão ao


prosseguimento de estudos.

Seção IV A

Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio

Art. 36 A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o Ensino


Médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o
exercício de profissões técnicas.

Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente,


a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios
estabelecimentos de Ensino Médio ou em cooperação com instituições
especializadas em educação profissional.

Art. 36 B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida


nas seguintes formas:

I – articulada com o Ensino Médio;

II – subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o Ensino


Médio.

Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá


observar:

I – os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais


estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação;

II – as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino;

III – as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto


pedagógico.

Art. 36 C. A educação profissional técnica de nível médio articulada, prevista


no inciso I do caput do art. 36 B desta Lei, será desenvolvida de forma:

I – integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o Ensino


Fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à
habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de
ensino, efetuando-se matrícula única para cada aluno;
87
Unidade I

II – concomitante, oferecida a quem ingresse no Ensino Médio ou já o esteja


cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso, e podendo
ocorrer:

a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades


educacionais disponíveis;

b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades


educacionais disponíveis;

c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de


intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao
desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.

Art. 36 D. Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de


nível médio, quando registrados, terão validade nacional e habilitarão ao
prosseguimento de estudos na educação superior.

Parágrafo único. Os cursos de educação profissional técnica de nível médio,


nas formas articulada, concomitante e subsequente, quando estruturados
e organizados em etapas com terminalidade, possibilitarão a obtenção
de certificados de qualificação para o trabalho após a conclusão, com
aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação para o
trabalho. (BRASIL, 1996).10

O Ensino Médio, etapa final da educação básica, representa a consolidação dos estudos do aluno
ao longo desse nível de ensino. O texto apresenta o Ensino Médio de nível técnico, que está organizado
paralelamente ao Ensino Médio e não se confunde com ele.

Tabela 5 – Número de matrículas na educação básica por modalidade


e etapa de ensino – Brasil (2012)

Ensino regular – Ensino Médio e educação profissional (concomitante e subsequente)


Localização Ensino Médio Educação profissional
Total 8.376.852 1.063.655
Urbana 8.054.373 1.029.062
Rural 322.479 34.593
Notas:
1. Não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE).
2. Ensino Médio: inclui matrículas no Ensino Médio integrado à educação profissional e no Ensino Médio Normal/
Magistério.

10
Texto com modificações promovidas pelas leis 11.684/2008 e 11.741/2008.
88
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

O número de matrículas no Ensino Médio no Brasil é bem inferior ao do Ensino Fundamental. Isso
representa que o conceito de educação básica, aquela que ocorre do início da Educação Infantil até o
fim do Ensino Médio, ainda não constitui uma realidade em nosso país.

6.4 Modalidades de ensino

6.4.1 Educação de Jovens e Adultos

A Educação de Jovens e Adultos tem representado um desafio para a educação brasileira, pois apesar
de todo o respaldo legal que a Constituição Federal de 1988 e a Lei nº 9.394/96 apresentam quanto à
obrigatoriedade da oferta dessa modalidade de educação aos que ainda não completaram a educação
básica, inclusive aos que não estudaram na faixa etária própria, dados educacionais publicados pela
imprensa demonstram que 8,7% dos jovens acima dos 15 anos são analfabetos. No Brasil, esse número
representa um total de 13,1 milhões de brasileiros. A reportagem mostra ainda que a região Nordeste
concentra metade dessa população (LEAL, 2013). Nesse sentido, podemos entender a importância dessa
modalidade de ensino para a educação brasileira como um benefício capaz de atingir o Brasil de modo
mais fundamental.

Seção V

Da Educação de Jovens e Adultos

Art. 37. A Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio
na idade própria.

§ 1º. Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos


adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º. O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do


trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.

§ 3º. A Educação de Jovens e Adultos deverá articular-se, preferencialmente,


com a educação profissional, na forma do regulamento.11

Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que


compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao
prosseguimento de estudos em caráter regular.

§ 1º. Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:

11
Parágrafo com modificações promovidas pela Lei n° 11.741/2008.
89
Unidade I

I – no nível de conclusão do Ensino Fundamental, para os maiores de quinze anos;

II – no nível de conclusão do Ensino Médio, para os maiores de dezoito anos.

§ 2º. Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por


meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames (BRASIL,
1996).

A Seção V é a descrição da oferta da educação básica para os que não estudaram ou concluíram
os estudos na faixa etária proposta pela lei e da obrigatoriedade de oferta desse ensino pelo Estado.
Há a preocupação de atender aos alunos de forma que concilie estudos e trabalho, assim como às
necessidades específicas dos jovens e adultos.

Tabela 6 – Número de matrículas na educação básica por modalidade


e etapa de ensino – Brasil (2012)

Ensino regular – Educação de Jovens e Adultos (presencial e semipresencial)


Localização Fundamental Médio
Total 2.561.013 1.345.864
Urbana 2.117.775 1.318.038
Rural 443.238 27.826
Notas:
1. Não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE).
2. Educação de Jovens e Adultos: inclui matrículas de EJA presencial, semipresencial, EJA presencial de nível
fundamental Projovem (Urbano) e EJA integrada à educação profissional de níveis fundamental e médio.

Os dados do IBGE apresentam um número maior de pessoas jovens a adultas que ainda não
concluíram seus estudos ou nunca passaram pela escola e são analfabetas. Ou seja, em termos práticos,
apesar de a Lei nº 9.394/96 reconhecer o direito aos estudos, o atendimento continua bem inferior ao
necessário.

6.4.2 Educação Profissional

A educação profissional tem como meta a formação técnica e continuada dos trabalhadores,
tendo em vista as constantes transformações da sociedade. O desenvolvimento constante e
amplo do conhecimento e o avanço das tecnologias da informação e comunicação têm levado
à necessidade de um novo perfil do trabalhador. A reestruturação produtiva coerente com a
globalização, as alterações na economia e a forma do capitalismo, com consequentes qualificação
e requalificação profissionais, tem sido uma meta permanente, com vistas à integração e à
reintegração do trabalhador aos novos postos de trabalho que se apresentam em função das novas
necessidades do mercado. Destacamos, assim, a necessidade e a atualidade dessa modalidade de
ensino que vamos estudar a seguir.

90
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Capítulo III

Da Educação Profissional

Da Educação Profissional e Tecnológica


Art. 39. A Educação Profissional e Tecnológica, no cumprimento dos objetivos
da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de
educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.

§ 1º. Os cursos de Educação Profissional e Tecnológica poderão ser organizados


por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários
formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino.

§ 2º. A Educação Profissional e Tecnológica abrangerá os seguintes cursos:

I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional;

II – de educação profissional técnica de nível médio;

III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação.

§ 3º. Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pós-


graduação organizar-se-ão, no que concerne a objetivos, características e
duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas
pelo Conselho Nacional de Educação.

Art. 40. A Educação Profissional será desenvolvida em articulação com o


ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em
instituições especializadas ou no ambiente de trabalho.

Art. 41. O conhecimento adquirido na Educação Profissional e Tecnológica,


inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e
certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos.

Art. 42. As instituições de Educação Profissional e Tecnológica, além dos


seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à comunidade,
condicionada a matrícula à capacidade de aproveitamento e não
necessariamente ao nível de escolaridade (BRASIL, 1996).12

Os artigos anteriores dissertam sobre a Educação Profissional, em suas diferentes formas de


funcionamento e organização, apontando que ela apresenta articulação com a educação básica em sua
concepção, quando trata, principalmente, da qualificação profissional ou formação inicial e continuada.
Diz-se ainda que a educação profissional apresenta a modalidade de formação técnica de nível médio.
12
Texto com modificações promovidas pela Lei n° 11.7412008.
91
Unidade I

6.4.3 Educação Especial

A Lei nº 9.394/96 apresenta a modalidade de ensino Educação Especial, que prevê o atendimento
a educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. Essa nova
nomenclatura visa a explicitar o que a lei entende por Educação Especial. Como exemplo, há as crianças e os
adolescentes que são internados em hospitais ou com atendimento domiciliar, por algum problema de saúde,
e estão incluídos nessa modalidade de ensino para o seu atendimento educacional. Essa é a forma que existe
de atender aos que não podem frequentar a escola por algum tempo, devido a um impedimento de saúde.

Leia o trecho que segue.

Capítulo V

Da Educação Especial

Art. 58. Entende-se por Educação Especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.

§ 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola


regular, para atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial.

§ 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços


especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos,
não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

§ 3º. A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem


início na faixa etária de zero a seis anos, durante a Educação Infantil.

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,


transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação:

I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização


específicos, para atender às suas necessidades;

II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível


exigido para a conclusão do Ensino Fundamental, em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar
para os superdotados;

III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior,


para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
92
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

IV – Educação Especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração


na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não
revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante
articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
psicomotora;

V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares


disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão


critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos,
especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins
de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.

Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial,


a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria
rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições
previstas neste artigo (BRASIL, 1996).13

A Educação Especial apresenta uma revisão ao definir os alunos que estão dentro do seu campo
de abrangência. Para obter maior clareza e orientar a respeito de cuidados que a lei deve garantir ao
educando, acrescenta ao conceito, além das deficiências, os transtornos globais do desenvolvimento e
as altas habilidades.

Tabela 7 – Número de matrículas na educação básica por modalidade


e etapa de ensino – Brasil (2012)

Ensino regular – Educação Especial


Localização Classes especiais e escolas exclusivas Classes comuns (alunos incluídos)
Total 199.656 620.777
Urbana 197.295 541.526
Rural 2.361 79.251
Notas:
1. Não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE).
2. Educação Especial classes comuns: as matrículas já estão distribuídas nas modalidades de ensino regular e/ou
Educação de Jovens e Adultos.

A legislação educacional sugere o atendimento da Educação Especial em escolas regulares, mas


há classes especiais e escolas exclusivas no Brasil, e esses dados precisam de mais estudos, a fim de

13 Texto com modificações promovidas pela Lei n° 12.796/2013.


93
Unidade I

permitir saber como acontece o atendimento, em que local ocorre, de que tipo é. Em contrapartida, o
atendimento nas classes comuns já é uma realidade, e, novamente, o número de matrículas na zona
urbana é superior ao da zona rural.

Quadro 2 – Estrutura do sistema educacional brasileiro

Sistema Educacional
0 a 3 anos Creches
4 a 5 anos Pré-escola Educação Infantil
 
6 anos 1º ano
7 anos 2º ano
8 anos 3º ano

Educação de Jovens e Adultos


Educação Básica

9 anos 4º ano
10 anos 5º ano Ensino Fundamental
11 anos 6º ano

Educação Profissional e Tecnológica

Educação Especial
12 anos 7º ano
13 anos 8º ano
14 anos 9º ano
15 anos 1º ano
16 anos 2º ano
Ensino Médio
17 anos 3º ano
18 anos 4º ano etc.
Processos seletivos – Vestibulares
(Cursos sequenciais)
Educação Superior

Cursos de graduação
Cursos de pós-graduação:
aperfeiçoamento, especialização etc.
mestrado e doutorado
(Cursos de extensão)

Fonte: Schorr (2007, p. 15).

6.5 Profissionais da educação

Segundo Vieira e Albuquerque (2001), precisamos entender os profissionais da educação como parte
de um caminho em construção no Brasil. A formação dos profissionais da educação é um debate que
vem sendo realizado no Brasil desde a época dos colonizadores, que deixaram a responsabilidade da
formação educativa aos jesuítas e, depois da expulsão dos religiosos, em 1759, a seus discípulos e a
leigos. Foi somente em meados do século XIX que se instalou o ensino mútuo, seguindo o Método
Lancaster, e se pretendeu superar a falta de professores, pois eles eram substituídos por monitores, o
que tornava nítida a falta de preocupação com a qualidade da educação e dos educadores. Problemas
impediram a constituição de um quadro de professores em todas as províncias e principalmente o

94
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

seu pagamento. Assim, somente a partir de 1880 é que, com a intervenção do governo, iniciou-se um
movimento para a instalação das escolas normais, com a inauguração da primeira escola normal no
município da Corte. Nessa época, em vinte anos de funcionamento, a preparação para o magistério, com
abertura e fechamento de turmas e escolas, formou em torno de quarenta professores.

Somente na Constituição de 1988 e por meio da criação da Lei nº 9.394/96 os anseios dos educadores
e da sociedade civil se fazem presentes no título que trata dos profissionais da educação. Essa mudança
pode ser entendida como um marco que define uma proposta de educação para o país e, no que toca
ao Magistério, aponta uma preocupação com condições dignas de salário e de exercício da profissão
docente. Em termos práticos, oferece-se garantia de planos de carreira para o Magistério público, piso
salarial e ingresso por concurso de provas e títulos, assegurando regime jurídico único para todas as
instituições federais, o que contribuiu para a construção de uma política de valorização do Magistério.

Com a implantação do Fundef, em 1988, houve impactos significativos na política do Magistério,


principalmente no que se refere aos salários dos professores nas regiões mais pobres do país, mas
também com relação a sua formação inicial e continuada. O Fundeb, implantando em 2007, continua
a dar o respaldo financeiro ao desenvolvimento das ações junto aos profissionais da educação, que,
aliás, tem se revelado um assunto polêmico, visto que enquanto muitos expressam total descrença na
possibilidade de uma real transformação, outros defendem o espaço legal que foi conquistado e que
está, de certa forma, dando um novo perfil aos profissionais da educação no país.

A seguir, apresentamos o texto da Lei nº 9.394/96, com as alterações que redimensionam o


entendimento de quem são os profissionais da educação, sua formação etc.

Observação

O texto da Lei nº 9.394/96 foi alterado no artigo 61, o qual ampliou o


conceito de profissionais da educação, incluindo nele todos os trabalhadores
em educação presentes na escola.

Título VI

Dos Profissionais da Educação

Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela


estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos,
são:

I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na


Educação Infantil e nos Ensinos Fundamental e Médio;

II – trabalhadores em educação portadores de diploma de Pedagogia,


com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e
95
Unidade I

orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado


nas mesmas áreas;

III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou


superior em área pedagógica ou afim.

Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a


atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos
objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá
como fundamentos:

I – a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos


fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho;

II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados


e capacitação em serviço;

III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições


de ensino e em outras atividades.

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-


se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena,
em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como
formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil e
nos 5 (cinco) primeiros anos do Ensino Fundamental, a oferecida em nível
médio na modalidade normal.

§ 1º. A União, o Distrito Federal, os estados e os municípios, em regime de


colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação
dos profissionais de magistério.

§ 2º. A formação continuada e a capacitação dos profissionais de Magistério


poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância.

§ 3º. A formação inicial de profissionais de Magistério dará preferência ao


ensino presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias
de educação a distância.

§ 4º. A União, o Distrito Federal, os estados e os municípios adotarão


mecanismos facilitadores de acesso e permanência em cursos de formação
de docentes em nível superior para atuar na educação básica pública.

§ 5º. A União, o Distrito Federal, os estados e os municípios incentivarão


a formação de profissionais do Magistério para atuar na educação básica
pública mediante programa institucional de bolsa de iniciação à docência a
96
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

estudantes matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena, nas


instituições de educação superior.

§ 6º. O Ministério da Educação poderá estabelecer nota mínima em exame


nacional aplicado aos concluintes do Ensino Médio como pré-requisito para
o ingresso em cursos de graduação para formação de docentes, ouvido o
Conselho Nacional de Educação – CNE.

§ 7º. (Vetado).

Art. 62 A. A formação dos profissionais a que se refere o inciso III do art.


61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível
médio ou superior, incluindo habilitações tecnológicas.

Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para os profissionais a


que se refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação
básica e superior, incluindo cursos de educação profissional, cursos superiores
de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.

Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:

I – cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o


curso normal superior, destinado à formação de docentes para a Educação
Infantil e para as primeiras séries do Ensino Fundamental;

II – programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de


educação superior que queiram se dedicar à educação básica;

III – programas de educação continuada para os profissionais de educação dos


diversos níveis.

Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração,


planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a
educação básica será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em
nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta
formação, a base comum nacional.

Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá


prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas.

Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em


nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e
doutorado.

97
Unidade I

Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universidade com curso


de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico.

Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais


da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos
planos de carreira do magistério público:

I – ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

II – aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento


periódico remunerado para esse fim;

III – piso salarial profissional;

IV – progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação


do desempenho;

V – período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na


carga de trabalho;

VI – condições adequadas de trabalho.

§ 1º. A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de


quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada
sistema de ensino.

§ 2º. Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § 8º do art. 201 da


Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas
por professores e especialistas em educação no desempenho de atividades
educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus
diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de
direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico.

§ 3º. A União prestará assistência técnica aos estados, ao Distrito Federal e


aos municípios na elaboração de concursos públicos para provimento de
cargos dos profissionais da educação (BRASIL, 1996).14

A formação de professores para a educação básica é feita em cursos de licenciatura; são assim
nomeados os cursos específicos para a docência. Atualmente, está prevista também a formação
continuada e a capacitação dos trabalhadores da educação escolar ao longo do exercício profissional.
A meta é que todos os que atuam na escola como professores tenham a formação exigida, conforme
está explicitado na legislação. Contudo, os dados estatísticos no Brasil ainda estão em processo de
atendimento, como mostram os dados estatísticos na tabela a seguir.
14
Texto com modificações promovidas pelas leis 11.301/2006, 12.014/2009, 12.056/2009 e 12.796/2013.
98
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Tabela 8 – Número de docentes atuando na educação básica


e proporção por grau de formação – Brasil (2007-2012)

Ensino Ensino Ensino


Número de Normal/ Sem Normal/ Educação
Ano Fundamental Fundamental Médio
docentes Magistério Magistério superior
incompleto completo total
2007 1.880.910 0,2 0,6 30,8 25,3 5,5 68,4
2008 2.003.700 0,2 0,5 32,5 25,7 6,7 66,8
2009 1.991.606 0,2 0,5 31,6 24,5 7,1 67,8
2010 2.023.748 0,2 0,4 30,5 22,5 8,1 68,8
2011 2.069.251 0,2 0,4 25,4 19,0 6,5 74,0
2012 2.095.013 0,1 0,3 21,5 16,0 5,5 78,1
Nota: o docente foi computado apenas uma vez, mesmo atuando em mais de uma etapa/modalidade.

Fonte: Inep (2013, p. 39).

Apesar de a Lei nº 9.394/96 estar em vigor desde 1997, ainda encontramos, no Brasil, professores
atuando na educação básica sem a formação necessária exigida pela lei. Quando verificamos o grau de
escolaridade de alguns profissionais, vemos que há professores sem o Ensino Fundamental completo.
Em 2012, estavam nessa situação 20.950 professores (0,1% do total de 2.095.013), o que é um número
alto, pois, se fizermos o cálculo e estimarmos que cada um desses profissionais atende a uma classe com
trinta alunos, constataremos que 62.850 alunos em 20.950 classes serão afetados. Sendo 15 a média do
número de salas de aula das escolas do Ensino Fundamental (séries iniciais, por período), com 30 classes
por escola, obtemos um total de 697 escolas com professores sem o Ensino Fundamental completo
lecionando indevidamente.

6.5.1 Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia

O Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Educação, tendo como papel normatizar e


regulamentar as leis, são responsáveis pela definição das diretrizes educacionais curriculares que devem
guiar os sistemas de ensino na elaboração de resoluções, pareceres, comunicados e instruções que
regulamentarão seu funcionamento, a fim de orientar a organização das propostas pedagógicas das
instituições de ensino integrantes da educação básica e da Educação Superior. Essas diretrizes têm a
função de orientar os diferentes níveis e modalidades de ensino na organização, na articulação, no
desenvolvimento e na avaliação de suas propostas pedagógicas.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental, o Ensino


Médio, a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Especial, a Educação Profissional e a Educação
Indígena constituem documentos que explicitam doutrinas, princípios, fundamentos e procedimentos
da educação básica.

O curso de Pedagogia está regulamentado pelo Parecer CNE/CP nº 3, de 21 de fevereiro de


2006, e pela Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006. Os documentos são compostos de
15 artigos que definem as Diretrizes Curriculares para o Curso de Graduação em Pedagogia na

99
Unidade I

elaboração dos princípios, condições de ensino, aprendizagem e procedimentos a serem observados


em seu planejamento e sua avaliação. Explicitam ainda as áreas de atuação da formação inicial do
pedagogo: exercício da docência na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental,
nos cursos do Ensino Médio, na modalidade normal e em cursos de Educação Profissional na área
de serviços e apoio escolar e em outras áreas escolares e não escolares em que estão previstos
conhecimentos pedagógicos, como elaboração de planejamento, direção, coordenação e supervisão
de ações educativas.

O Parecer define o que se compreende por docência: “ação educativa e processo pedagógico
metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas” (BRASIL, 2006b,
p. 5) na articulação de conhecimentos científicos, valores éticos e estéticos inerentes a processos
de aprendizagem, socialização e construção de conhecimento, considerando a articulação entre as
diferentes visões de mundo. Considera também como atividade docente a participação na

organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, [nas atividades


de] planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação
de tarefas próprias do setor da Educação, [além de vivência em] projetos
e experiências educativas não escolares [e na] produção e difusão do
conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos
escolares e não escolares (BRASIL, 2006b, p. 2).

Nos artigos da Resolução encontramos as orientações relativas a princípios de atuação, estrutura do


curso, matriz curricular e orientações na elaboração do projeto pedagógico das instituições com curso
de Pedagogia.

Conclusivamente, fica claro que do empenho das autoridades constituídas e da intensa participação
da iniciativa privada na área do ensino ocorrerá o almejado aprimoramento da educação nacional em
todos os seus níveis e modalidades, com reflexos na cidadania, no aprendizado e até, em especial, no
desenvolvimento do país.

7 POLÍTICA PÚBLICA E FINANCIAMENTO DO ENSINO: FONTES DE RECURSOS E


VINCULAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS À EDUCAÇÃO

Nesse item estamos iniciando a discussão sobre o financiamento da educação, que é expresso por
meio da vinculação de recursos públicos à área educacional. Essa vinculação só começa a existir quando
as constituições brasileiras reconhecem a educação escolar como um direito do cidadão. Tal conquista
se deu ao longo do tempo e sofreu avanços e retrocessos, como apontaremos a seguir.

A sociedade brasileira concebeu a educação como um direito social a partir da Constituição Federal
de 1988, mas foi o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932, no qual foi proposto o
movimento de reconstrução educacional no Brasil, que apontou que “Na hierarquia dos problemas
nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação” (MANIFESTO..., 2006, p. 1).
O documento denunciou a falta de planos e iniciativas da determinação dos fins de educação e da
aplicação de métodos científicos aos problemas da área. Além disso, destacou a educação escolar como
100
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

uma função essencialmente pública e fez a defesa da escola única para todos, bem como dos princípios
de laicidade, gratuidade, obrigatoriedade e coeducação.

Da chegada dos colonizadores portugueses ao Brasil, em 1500, até 1920, a educação não se
caracterizava como problema para a nação brasileira. Com o desenvolvimento industrial e o fenômeno da
urbanização, um novo perfil de trabalhador foi necessário para atender às exigências do desenvolvimento
econômico brasileiro.

Dessa forma, no início do século XX, o desenvolvimento científico trouxe novas informações sobre a
relação entre escola, família e sociedade. No decorrer do século passado, as concepções da Escola Nova,
que valorizavam as diferenças individuais e a liberdade do aluno para estudar aquilo em que tivesse
aptidão e interesse, defenderam a necessidade de estruturar uma nova escola, para formar o novo
cidadão brasileiro, visto que a escola tradicional que existia no Brasil já não atendia aos interesses da
sociedade democrática em formação.

O marco histórico desse processo foi o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito por
educadores brasileiros, em 1932, que se dirigia aos governantes e ao povo brasileiro e apontava os graves
problemas educacionais que havia, denunciando o analfabetismo como doença e vergonha nacional. O
documento já apontava para a necessidade da construção de um sistema nacional de educação.

Apenas no âmbito da sociedade moderna é que a educação se converte em questão de interesse


público, sendo, por isso, implementada pelos órgãos públicos, isto é, pelo Estado, que a provê por meio
da abertura e manutenção de escolas.

Luzuriaga (2000) situa as origens da instrução pública religiosa nos séculos XVI e XVII.

A Reforma Protestante conclama os governantes a disseminarem a instrução elementar por meio


da abertura de escolas.

O século XVIII é caracterizado pelo surgimento da educação pública estatal, que, sob a influência do
iluminismo, combate as ideias religiosas. Prevalece, assim, uma visão laica do mundo.

A Revolução Francesa levanta a bandeira da escola pública universal, gratuita, obrigatória e laica.
Firma-se com clareza o dever do Estado com relação à educação. No século XIX, é a educação pública
nacional que é defendida quando se constituem os Estados Nacionais.

Surge, então, o problema de organização dos respectivos sistemas nacionais de educação.

No século XX, a grande questão é a construção da educação pública democrática. A tarefa do Estado
é democratizar a educação quantitativamente, garantindo o direito ao acesso à escola e promovendo
a universalização e a democratização da educação qualitativamente. Encontramos, nesse período, a
difusão dos movimentos de renovação pedagógica.

Apesar disso, o Estado brasileiro ainda não se revelou capaz de democratizar o ensino, pois permanece
distante da organização de uma educação pública democrática de âmbito nacional.
101
Unidade I

Luzuriaga (2000) analisa que estamos no limiar do século XXI sem que a sociedade moderna tenha
realizado o que se propôs como tarefa dos séculos XIX e XX: a educação pública nacional e democrática.

7.1 O financiamento da educação escolar nas constituições brasileiras

Vamos retomar o histórico da educação escolar nacional, agora sob a perspectiva dos princípios
defendidos para toda a nação brasileira nas constituições brasileiras e da vinculação de recursos.

Em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova propõe que os princípios para a educação
nacional devem ser fixados na nova constituição e traduzir-se na defesa dos seguintes conceitos:
laicidade, defesa do ambiente escolar acima de crenças e disputas religiosas, gratuidade em todos os
estabelecimentos de ensino e igualdade em todos os níveis, obrigatoriedade do ensino até os 18 anos
e coeducação, escola para meninos e meninas, em comum. A organização escolar é pensada tendo
como estrutura a unidade da função educacional, a autonomia técnica, administrativa e econômica e
a descentralização, pois é defendida a ideia de que unidade não é uniformidade, e sim multiplicidade,
pela descentralização. Fica o governo central responsável pela organização de um plano comum e pela
orientação da execução e dos rumos gerais da função educacional.

Os pioneiros levantam os princípios e fins educacionais e propõem a estrutura e o funcionamento do


sistema nacional de educação. Os resultados desse manifesto já podem ser encontrados na Constituição
de 1934, em que a educação é apresentada como parte da cidadania e conta com os recursos necessários
para o desenvolvimento do ensino na Nação. A vinculação constitucional de recursos é a previsão de
uma alíquota da receita de impostos a ser aplicada em educação.

Melchior (2004) relata as origens da vinculação de recursos a serem aplicados em educação no


Brasil, que são discutidas a seguir.

No Império, houve uma proposta de estabelecimento, em lei, de um mínimo das receitas a ser
aplicado em educação.

Em 1925-26, na revisão constitucional, houve outra proposta de vinculação constitucional de


recursos à educação, que não foi apreciada.

Em 1934, na Constituição, é prevista a vinculação de 10% da receita de impostos da União e dos


municípios e 20% dos estados e do Distrito Federal à educação. Após 1934, não há uma constância da
vinculação de recursos à educação nas constituições e na legislação educacional. Já na Constituição de
1937, não há o estabelecimento de recursos.

A Conferência Interestadual de Educação, de 1941, propõe a criação do Fundo Nacional do Ensino


Primário e do Convênio Nacional de Ensino Primário, com fundos provenientes de 5% adicionais sobre
as taxas do imposto de consumo sobre bebidas. Os estados se comprometem a investir, em educação,
15% da receita de impostos, e os municípios, 10%, até 1949, mas a Constituição de 1946 propõe, no
artigo 169, a vinculação de 10% para a União e de 20% para estados, municípios e Distrito Federal.

102
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n° 4.024/61, amplia o mínimo da União
para 12% e mantém as porcentagens para as outras instâncias legais.

Anos depois, a Constituição de 1967 retira a vinculação de receitas para o setor educacional, o que é
revisto pela Emenda Constitucional nº 1, de 1969, que retoma a vinculação de 20% da receita tributária
dos municípios ao ensino primário.

Somente em 1983 a Emenda Constitucional nº 24, conhecida como Emenda João Calmon, reintroduz
a vinculação de recursos, com 13% tributados à União e 25% aos estados, ao Distrito Federal e aos
municípios. Finalmente, a Constituição Federal de 1988 mantém a vinculação e altera a alíquota de 13%
para 18% no caso da União, embora mantenha os outros valores.

O quadro a seguir apresenta a distribuição das fontes do financiamento da educação definidas pelo
governo federal.

Quadro 3

Governo federal
Administração direta
Setor público Governos estaduais
Administração indireta Governos municipais
Empresas estatais Fundações e autarquias
Famílias e indivíduos
Setor privado Associações Senai, Senac, Igrejas, clubes etc.
Empresas privadas

Fonte: Veras; Vieira (1997, p. 66).

O quadro apresenta de forma sintética as fontes do financiamento da educação dos setores privado
e público. O setor público engloba a administração direta e indireta e as empresas estatais. Já o setor
privado abarca famílias, indivíduos, associações e empresas privadas.

O quadro que segue apresenta a vinculação de recursos para a educação no Brasil, conforme as
constituições.

Quadro 4

Ano Disposição legal Esfera de vinculação


União Estados/DF Municípios
1934 CF 34 10% 20% 10%
1937 CF 37 Nenhuma Nenhuma Nenhuma
1942 DL 4.958 Nenhuma 15 a 20% 10 a 15%
1946 CF 46 10% 20% 20%
1961 LDB 4024 12% 20% 20%
1967 CF 67 Nenhuma Nenhuma Nenhuma
1969 EC 1 Nenhuma Nenhuma 20%

103
Unidade I

1971 LDB 5692 Nenhuma Nenhuma 20%


1983 EC 14 13% 25% 25%
1988 CF 88 18% 25% 25%

Fonte: Oliveira (2002, p. 98).

A importância da vinculação de recursos à educação está na prioridade dada a esta no conjunto das
políticas governamentais e na reserva de fundos oficiais fixos para aplicação na elaboração da proposta
orçamentária para a área educacional. Os dispositivos legais apontam as porcentagens apresentadas
como o mínimo a ser gasto em educação, ou seja, os governantes podem aumentar essa alíquota, mas
não reduzir.

Em síntese, o financiamento da educação escolar pública é de responsabilidade das três esferas do


Poder Público, cada uma contando com as fontes apresentadas no quadro a seguir:

Quadro 5

Poder Público Fontes


• Recursos orçamentários, oriundos da receita de impostos
federais (18%)
União • Recursos provenientes do salário-educação (1/3)
• Outros recursos oriundos de diversas fontes
• Recursos orçamentários ordinários, provenientes da receita
tributária estadual (25%)

• Fundo de Participação dos Estados (FPE) resultante da


Estados transferência de recursos federais (25%)
• Recursos provenientes da quota-parte do salário-educação,
correspondente a 2/3 do total arrecadado no Estado
• Outros recursos oriundos de fontes diversas, incluindo o
salário‑educação, quota federal
• Recursos orçamentários ordinários, provenientes da receita
tributária municipal (25%)
• Fundo de Participação dos Municípios (FPM), resultante da
Municípios transferência de recursos federais (25%)
• Outros recursos oriundos de várias fontes, incluindo a quota
salário-educação transferida aos municípios

Fonte: Veras; Vieira (1997, p. 70).

7.2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e financiamento da


educação

A Constituição Federal de 1988 reconhece a educação como um direito social e tem como princípios
para o ensino o acesso à escola pela oferta de vagas a todas as crianças e a todos os adolescentes com
prioridade no Ensino Fundamental, na Educação Infantil e no Ensino Médio. Também são princípios a

104
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

permanência do aluno até a conclusão da educação básica com sucesso escolar, a obrigatoriedade do
Ensino Fundamental de nove anos e a diversidade com respeito às diferenças, garantindo a inclusão
social de todos na escola.

A Lei nº 9.394/96 retoma, amplia e regulamenta os princípios constitucionais.

A educação escolar brasileira apresenta avanços em relação aos princípios defendidos pelos pioneiros
da educação, em 1932. Em oitenta anos, o conceito de laicidade foi superado, e a escola pública
passou a discutir as religiões presentes no país. Além disso, o conceito de obrigatoriedade do ensino já
responsabiliza judicialmente os responsáveis pelos alunos que não estão na escola e os órgãos públicos
pelo não atendimento a crianças e adolescentes no Ensino Fundamental. Também se vincula o conceito
de acesso e permanência com sucesso na escola até o término da escolaridade básica, estabelece-se a
meta da escola para todos, inclusiva, com o conceito da diversidade como benefício, e, ainda, o conceito
de gratuidade na escola pública.

Paralelamente a esses princípios, a organização educacional brasileira já está estruturada por


um sistema escolar, com uma legislação educacional que se desenvolveu e se desenvolve por meio
de políticas públicas, para dar concretude às aspirações educativas nacionais. Há a luta pela efetiva
articulação do sistema nacional de educação, com vistas ao compromisso do oferecimento de uma
escola de qualidade para todos.

Estão presentes na Constituição Federal, bem como na Lei nº 9.394/96 e nas suas regulamentações,
os dispositivos legais que asseguram o atendimento ao direito à educação com qualidade. Na
Constituição Federal de 1988, encontramos nos artigos 212 e 213 a descrição de como deve ser tratado
o financiamento da educação, complementada pelo artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT).

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no Título VII (Dos Recursos Financeiros), do artigo
68 ao 77, são abordadas as fontes de recursos (no artigo 68), a vinculação de recursos (nos artigos de 69
a 73) e a transferência de recursos públicos para a escola privada (artigo 77).

Leia esse trecho a seguir.

Título VII

Dos Recursos Financeiros

Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os originários de:

I – receita de impostos próprios da União, dos estados, do Distrito Federal e


dos municípios;

II – receita de transferências constitucionais e outras transferências;

105
Unidade I

III – receita do salário-educação e de outras contribuições sociais;

IV – receita de incentivos fiscais;

V – outros recursos previstos em lei.

Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados,


o Distrito Federal e os municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta
nas respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de
impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção
e desenvolvimento do ensino público.

§ 1º. A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos


estados, ao Distrito Federal e aos municípios, ou pelos estados aos respectivos
municípios, não será considerada, para efeito do cálculo previsto neste
artigo, receita do governo que a transferir.

§ 2º. Serão consideradas excluídas das receitas de impostos mencionadas


neste artigo as operações de crédito por antecipação de receita orçamentária
de impostos.

§ 3º. Para fixação inicial dos valores correspondentes aos mínimos estatuídos
neste artigo, será considerada a receita estimada na lei do orçamento anual,
ajustada, quando for o caso, por lei que autorizar a abertura de créditos
adicionais, com base no eventual excesso de arrecadação.

§ 4º. As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as efetivamente


realizadas, que resultem no não atendimento dos percentuais mínimos
obrigatórios, serão apuradas e corrigidas a cada trimestre do exercício
financeiro.

§ 5º. O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios ocorrerá imediatamente ao
órgão responsável pela educação, observados os seguintes prazos:

I – recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada mês, até o


vigésimo dia;

II – recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo dia de cada mês,


até o trigésimo dia;

III – recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final de cada mês, até
o décimo dia do mês subsequente.

106
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

§ 6º. O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção monetária e à


responsabilização civil e criminal das autoridades competentes.

Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino as


despesas realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições
educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se destinam a:

I – remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da


educação;

II – aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e


equipamentos necessários ao ensino;

III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;

IV – levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente


ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino;

V – realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos


sistemas de ensino;

VI – concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas;

VII – amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao


disposto nos incisos deste artigo;

VIII – aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de


transporte escolar.

Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e desenvolvimento do


ensino aquelas realizadas com:

I – pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando


efetivada fora dos sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao
aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão;

II – subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial,


desportivo ou cultural;

III – formação de quadros especiais para a administração pública, sejam


militares ou civis, inclusive diplomáticos;

IV – programas suplementares de alimentação, assistência médico‑odontológica,


farmacêutica e psicológica, e outras formas de assistência social;
107
Unidade I

V – obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou


indiretamente a rede escolar;

VI – pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em


desvio de função ou em atividade alheia à manutenção e desenvolvimento
do ensino.

Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e desenvolvimento do


ensino serão apuradas e publicadas nos balanços do Poder Público, assim
como nos relatórios a que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal.

Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, prioritariamente, na prestação


de contas de recursos públicos, o cumprimento do disposto no art. 212 da
Constituição Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias e na legislação concernente.

Art. 74. A União, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os


municípios, estabelecerá padrão mínimo de oportunidades educacionais
para o Ensino Fundamental, baseado no cálculo do custo mínimo por aluno,
capaz de assegurar ensino de qualidade.

Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo será calculado
pela União ao final de cada ano, com validade para o ano subsequente,
considerando variações regionais no custo dos insumos e as diversas
modalidades de ensino.

Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos estados será exercida
de modo a corrigir, progressivamente, as disparidades de acesso e garantir o
padrão mínimo de qualidade de ensino.

§ 1º. A ação a que se refere este artigo obedecerá à fórmula de domínio


público que inclua a capacidade de atendimento e a medida do esforço
fiscal do respectivo estado, do Distrito Federal ou do município em favor
da manutenção e do desenvolvimento do ensino.

§ 2º. A capacidade de atendimento de cada governo será definida pela razão


entre os recursos de uso constitucionalmente obrigatório na manutenção
e desenvolvimento do ensino e o custo anual do aluno, relativo ao padrão
mínimo de qualidade.

§ 3º. Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a União poderá
fazer a transferência direta de recursos a cada estabelecimento de ensino,
considerado o número de alunos que efetivamente frequentam a escola.

108
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

§ 4º. A ação supletiva e redistributiva não poderá ser exercida em favor do Distrito
Federal, dos estados e dos municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino
de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10º e o inciso V do art. 11
desta Lei, em número inferior à sua capacidade de atendimento.

Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo anterior ficará


condicionada ao efetivo cumprimento pelos estados, Distrito Federal e
municípios do disposto nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições legais.

Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo


ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas que:

I – comprovem finalidade não lucrativa e não distribuam resultados,


dividendos, bonificações, participações ou parcela de seu patrimônio sob
nenhuma forma ou pretexto;

II – apliquem seus excedentes financeiros em educação;

III – assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária,


filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento
de suas atividades;

IV – prestem contas ao Poder Público dos recursos recebidos.

§ 1º. Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de
estudo para a educação básica, na forma da lei, para os que demonstrarem
insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares
da rede pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público
obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua rede local.

§ 2º. As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber


apoio financeiro do Poder Público, inclusive mediante bolsas de estudo
(BRASIL, 1996).

O quadro a seguir apresenta os impostos discriminados pela Constituição Federal a ser vinculados à
educação.

Quadro 6

Esfera Imposto Símbolo


União Importação de produtos estrangeiros II
Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou
CF IE
nacionalizados

109
Unidade I

Art.153 Renda e proventos de qualquer natureza IR


Produtos industrializados IPI
Operação de crédito, câmbio e seguro ou relativo a títulos IOF
ou valores mobiliários
Propriedade territorial rural ITR
Grandes fortunas
Estados Transferência causa mortis e doação
CF Circulação de mercadorias e serviços ICMS
Art. 155 Propriedade de veículos automotivos IPVA
Adicional de 5% IR
Municípios Predial territorial urbano IPTU
CF Transmissão “intervivos”
Art. 156 Vendas, a varejo, de combustíveis líquidos e gasosos
Serviços de qualquer natureza ISS

Fonte: Oliveira (2002, p. 92).

Além desses recursos, o inciso III do artigo 68 da LDB menciona a receita do salário-educação e outras
contribuições sociais. O salário-educação é a contribuição social das empresas destinada à educação dos
funcionários e de seus filhos, para a educação fundamental, regular ou supletiva, que pode ser recolhida
aos cofres públicos, caso a empresa não ofereça esse nível de ensino.

Para melhor explicar o que significam os gastos em educação, o artigo 70 da LDB nº 9.394/96
explicita as despesas que poderão destinadas à manutenção e ao desenvolvimento do ensino, para a
consecução dos objetivos básicos das instituições escolares de todos os níveis. O artigo 71 da LDB nº
9.394/96, com o objetivo de esclarecer o que são gastos em educação, explica o que não é considerado
despesa para a manutenção e o desenvolvimento do ensino.

Estão excluídas dessas despesas a merenda escolar, a melhoria da infraestrutura urbana (mesmo
quando estiver diretamente ligada à rede escolar) e também o pagamento de pessoal com desvio de
função, geralmente cedido para outras áreas da administração pública e dos Poderes Legislativo e
Judiciário.

O debate sobre gastos em educação tem sido realizado desde a década de 1930 e fez parte da
proposta dos pioneiros da educação. Havia muita divergência sobre o que considerar despesa com
educação, o que levou ao uso muito diferenciado das verbas públicas, culminando, muitas vezes, em seu
uso para fins que não o educacional. Isso, naturalmente, prejudicou o atendimento aos objetivos últimos
da educação, como a universalização do ensino obrigatório.

Outra medida de grande importância da Lei nº 9.394/96 é o que está proposto nos artigos 72 e
73, os quais exigem que as receitas e as despesas com a manutenção e desenvolvimento do ensino
sejam apuradas e publicadas nos balanços do Poder Público, assim como nos relatórios. Há, também, a
definição dos órgãos fiscalizadores das prestações de contas. Na Constituição Federal de 1988 e na Lei

110
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

nº 9.394/96, aparece a determinação da publicação dos dados de arrecadação e despesa com educação,
bem como da fiscalização do cumprimento da vinculação de recursos.

A Lei nº 9.394/96 traz nos artigos 74, 75 e 76 a explicação do que deve ser entendido como garantia
do padrão de qualidade para oportunidades educacionais no Ensino Fundamental, que é baseado no
cálculo do custo mínimo por aluno. Já os artigos 75 e 76 estabelecem critérios para avaliar a capacidade
de cada esfera administrativa e propõem a divisão do montante dos recursos pelo custo-aluno.

Nesse caso, não está em discussão qual seria o montante de recursos necessários para a manutenção
e o desenvolvimento do ensino de qualidade, e sim o montante de recursos existentes e disponíveis no
momento, que se torna a referência para definir o padrão de qualidade para o cálculo do custo-aluno.

7.3 As políticas públicas no contexto da atualidade

A legislação constitucional para a educação estabelece que, para o atendimento à educação básica
brasileira, os recursos destinados devem ser divididos da seguinte forma: a União deve aplicar 18%
das receitas provenientes dos impostos, e estados, Distrito Federal e municípios, 25% das receitas
provenientes dos impostos e da transferência de um ente federativo para outro. Os recursos são
destinados ao desenvolvimento do ensino e à manutenção das escolas. Além destas, o salário-educação
é outra fonte de financiamento a ser recolhida pelas empresas, na forma da lei.

Segundo Palma Filho (2006), em 2006, o gasto público brasileiro com a função social educação não
alcançou 5% do PIB (Produto Interno Bruto). A participação das diferentes esferas educacionais foi de
46% do total gasto em educação pagos pelos governos estaduais (o que significa 2,3% do PIB), 29,5%
pagos pelos municípios (1,4% do PIB) e 24,4% pagos pela União (1,2% do PIB). Palma Filho (2006)
chama a atenção para o fato de que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco) recomenda para os países em desenvolvimento um gasto mínimo de 10% do PIB em
educação.

No Brasil, o PNE de 2001 propunha como destinação à área educacional o uso de 7% do PIB para o
atendimento às demandas educacionais, o que não aconteceu.

A Lei nº 9.394/96 introduziu uma importante inovação no que diz respeito ao financiamento da
educação. Os mecanismos que podemos apontar e que configuraram o que podemos considerar como
avanço, segundo Melchior (2004), são os seguintes:

• estabelece-se o conceito de receita líquida para aferir o cumprimento


da vinculação constitucional por parte dos entes federativos;

• operações de crédito por antecipação da receita orçamentária não


poderão ser consideradas receita de impostos;

• a recepção de créditos adicionais por parte da receita estimada dos


impostos implicará o reajuste da vinculação orçamentária;

111
Unidade I

• deverá haver acerto trimestral entre receita e despesa prevista e a que


for realizada, com a respectiva incidência da vinculação constitucional
para a educação;

• fixação dos prazos para o repasse dos recursos – esses prazos variam
de 10 a 19 dias, depois de feita a arrecadação;

• o estabelecimento do que vem a ser despesa com manutenção e


desenvolvimento do ensino (MELCHIOR, 2004, p. 77).

Melchior (2004) denuncia os abusos realizados antes dessas regulamentações, como o caso de
municípios que asfaltavam as ruas em torno das escolas e consideravam isso despesa educacional,
ou ainda outros que levavam “água encanada” aos bairros das escolas e consideravam esse serviço
como despesa de infraestrutura educacional. Apesar dessas alterações e das denúncias do uso
indevido, ainda há muito a fazer para garantir o uso adequado das verbas e o atendimento aos
preceitos constitucionais.

A seguir, falaremos dos planos previstos nos dispositivos legais responsáveis pelo desenvolvimento
das políticas públicas nacionais.

7.3.1 Plano Nacional de Educação (PNE) – Lei nº 10.172/01

A elaboração do Plano Nacional de Educação – PNE está prevista no artigo 214 da Constituição Federal
de 1988 e na Lei nº 9.394/96. O Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, de 1997, deu andamento
ao processo de discussão do Plano Nacional de Educação. Assim, o PNE foi aprovado e tornou-se a Lei nº
10.172/2001, que definiu como objetivos e prioridades a serem desenvolvidos e estabelecidos:

• a elevação global do nível de escolaridade da população;

• a melhoria da qualidade de ensino em todos os níveis;

• a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso


e à permanência, com sucesso, na educação pública;

• democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos


oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais
da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a
participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares
ou equivalentes (BRASIL, 2001).

O PNE fez um balanço da estrutura, da organização e do funcionamento da educação brasileira


e propôs as prioridades para o desenvolvimento das políticas públicas do país, segundo o dever
constitucional e as necessidades sociais:

112
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

• garantia de Ensino Fundamental obrigatório, assegurando o ingresso e permanência na escola e a


conclusão desse nível de ensino;

• garantia de Ensino Fundamental a todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria ou que
não o concluíram;

• ampliação de atendimento nos demais níveis de ensino;

• valorização dos profissionais da educação;

• desenvolvimento de sistemas de informação e de avaliação em todos os níveis e modalidades de


ensino.

O PNE definiu as diretrizes para o atendimento aos objetivos, tendo em vista os recursos financeiros
e a extensão da qualidade de ensino que se construirá constante e progressivamente. São estas:

• diretrizes para a gestão e o financiamento da educação;

• diretrizes e metas para cada nível de ensino;

• diretrizes e metas para a formação e a valorização do magistério e dos demais profissionais da


educação nos próximos dez anos.

De acordo com essas prioridades e com os princípios da gestão democrática na escola, os mecanismos
de participação estão sendo implementados pelo desenvolvimento dos conselhos escolares e da
autonomia pela gestão colegiada das unidades escolares.

7.3.2 Novo Plano Nacional de Educação

A lei prevê que o novo Plano Nacional de Educação seja elaborado, já que em 2011 tivemos o término
da vigência do PNE elaborado em 2001. O Plano Nacional de Educação atual tem vigência de 2011 a
2020. Foi protocolado em 24 de abril de 2012 o projeto do Plano Nacional de Educação 2011-2020. As
principais metas apontadas no projeto do Plano Nacional de Educação são dadas no seguinte artigo:

Art. 2º. São diretrizes do PNE – 2011/2020:

I – erradicação do analfabetismo;

II – universalização do atendimento escolar;

III – superação das desigualdades educacionais;

IV – melhoria da qualidade do ensino;

113
Unidade I

V – formação para o trabalho;

VI – promoção da sustentabilidade socioambiental;

VII – promoção humanística, científica e tecnológica do País;

VIII – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em


educação como proporção do Produto Interno Bruto;

IX – valorização dos profissionais da educação;

X – difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão


democrática da educação (BRASIL, 1996).

O texto do Projeto de Lei continua e aponta vários aspectos que deverão ser abarcados pelo PNE.

Art. 3º. As metas previstas no Anexo desta Lei deverão ser cumpridas no
prazo de vigência do PNE – 2011/2020, desde que não haja prazo inferior
definido para metas específicas.

Art. 4º. As metas previstas no Anexo desta Lei deverão ter como referência os
censos nacionais da Educação Básica e Superior mais atualizados, disponíveis
na data da publicação desta Lei.

Art. 5º. A meta de ampliação progressiva do investimento público em


educação será avaliada no quarto ano de vigência desta Lei, podendo
ser revista, conforme o caso, para atender às necessidades financeiras do
cumprimento das demais metas do PNE – 2011/2020.

Art. 6º. A União deverá promover a realização de pelo menos duas conferências
nacionais de educação até o final da década, com intervalo de até quatro
anos entre elas, com o objetivo de avaliar e monitorar a execução do PNE –
2011-2020 e subsidiar a elaboração do Plano Nacional de Educação para o
decênio 2021-2030.

Parágrafo único. O Fórum Nacional de Educação, a ser instituído no


âmbito do Ministério da Educação, articulará e coordenará as Conferências
Nacionais de Educação previstas no caput.

Art. 7º. A consecução das metas do PNE – 2011/2020 e a implementação das


estratégias deverão ser realizadas em regime de colaboração entre a União,
os estados, o Distrito Federal e os municípios.

§ 1º. As estratégias definidas no Anexo desta Lei não elidem a adoção


de medidas adicionais em âmbito local ou de instrumentos jurídicos
114
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

que formalizem a cooperação entre os entes federados, podendo ser


complementadas por mecanismos nacionais e locais de coordenação e
colaboração recíproca.

§ 2º. Os sistemas de ensino dos estados, do Distrito Federal e dos municípios


deverão prever mecanismos para o acompanhamento local da consecução
das metas do PNE – 2011/2020 e dos planos previstos no art. 8º.

§ 3º. A educação escolar indígena deverá ser implementada por meio de


regime de colaboração específico que considere os territórios étnico-
educacionais e de estratégias que levem em conta as especificidades
socioculturais e linguísticas de cada comunidade, promovendo a consulta
prévia e informada a essas comunidades.

Art. 8º. Os estados, o Distrito Federal e os municípios deverão elaborar seus


correspondentes planos de educação, ou adequar os planos já aprovados em
Lei, em consonância com as diretrizes, metas e estratégias previstas no PNE
– 2011/2020, no prazo de um ano contado da publicação desta Lei.

§ 1º. Os entes federados deverão estabelecer em seus respectivos planos de


educação metas que considerem as necessidades específicas das populações
do campo e de áreas remanescentes de quilombos, garantindo equidade
educacional.

§ 2º. Os entes federados deverão estabelecer em seus respectivos planos de


educação metas que garantam o atendimento às necessidades educacionais
específicas da Educação Especial, assegurando um sistema educacional
inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades.

Art. 9º. Os estados, o Distrito Federal e os municípios deverão aprovar


leis específicas disciplinando a gestão democrática da educação em seus
respectivos âmbitos de atuação no prazo de um ano contado da publicação
desta Lei.

Art. 10. O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos


anuais da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios deverão
ser formulados de maneira a assegurar a consignação de dotações
orçamentárias compatíveis com as diretrizes, metas e estratégias do PNE –
2011/2020 e com os respectivos planos de educação, a fim de viabilizar sua
plena execução.

Art. 11. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb será utilizado


para avaliar a qualidade do ensino a partir dos dados de rendimento escolar
apurados pelo Censo Escolar da Educação Básica, combinados com os dados
115
Unidade I

relativos ao desempenho dos estudantes apurados na avaliação nacional do


rendimento escolar.

§ 1º. O Ideb é calculado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas


Educacionais Anísio Teixeira – Inep, vinculado ao Ministério da Educação,

§ 2º. O Inep empreenderá estudos para desenvolver outros indicadores


de qualidade relativos ao corpo docente e à infraestrutura das escolas de
Educação Básica (BRASIL, 1996).

O Projeto de Lei, nos artigos citados, aponta como as políticas públicas devem acompanhar o
desenvolvimento da educação escolar brasileira, bem como os mecanismos que devem ser usados para
que a qualidade de ensino necessária à educação básica brasileira esteja de acordo com as necessidades
locais e nacionais.

O Ministério da Educação, por isso, elaborou o Projeto de Lei do Plano Nacional de Educação, que
pretende promover mudanças positivas no decorrer do período de 2011 a 2020, em vinte metas que
trazemos a seguir, com comentários nossos.

• Meta 1 – universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar,


até 2020, a oferta de Educação Infantil de forma a atender a 50% da população de até 3 anos: a
obrigatoriedade de atendimento na educação básica brasileira é dos 4 aos 17 anos. Até o momento,
o Ensino Fundamental é o nível implementado com maior eficácia. É necessário resolver como
atender a alunos com idades entre 4 e 5 anos. Há muita discussão dos estudiosos dessa faixa
etária sobre como deve ser esse atendimento, pois ainda não há consenso se a educação nessa
fase deve ser obrigatória para todos ou de livre escolha da família.

• Meta 2 –universalizar o Ensino Fundamental de nove anos para toda a população de 6 a 14 anos:
essa meta é anterior, porém os dados educacionais apontam que o atendimento não atinge 100%
da faixa etária. Há, além disso, a discussão de como as crianças de 6 anos estão sendo atendidas
no Ensino Fundamental.

• Meta 3 – universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos
e elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no Ensino Médio para 85%, nesta faixa etária: há
um consenso de que o atendimento ao Ensino Médio já está universalizado, porém somente para
aqueles que se matriculam. Em outras palavras, existe uma margem de pessoas às quais o ensino
ainda não chega.

• Meta 4 – universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes


com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na
rede regular de ensino: meta que tem o objetivo de incluir, no ensino regular, todas as crianças
com alguma dessas características. Retoma o conceito de que a escola faz parte da sociedade de
e, também no ambiente escolar, todos devem conviver, como parte do aprendizado.

116
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

• Meta 5 – alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de idade: essa meta de
proposição de um tempo para uma avaliação da competência leitora e escritora das crianças, dentro
da proposta de progressão continuada, é um marco importante no caminho da aprendizagem
infantil.

• Meta 6 – oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica:
a realidade de educação em tempo integral é uma meta a ser conquistada. O ideário da escola
em tempo integral já é antigo na educação escolar brasileira e constitui uma realidade em outros
países.

• Meta 7 – atingir as seguintes médias nacionais para o Índice de Desenvolvimento da educação


básica (Ideb).

Tabela 9 – Médias nacionais a atingir no Ideb

Ideb 2011 2013 2015 2017 2019 2021


Anos iniciais do Ensino Fundamental 4,6 4,9 5,2 5,5 5,7 6,0
Anos finais do Ensino Fundamental 3,9 4,4 4,7 5,0 5,2 5,5
Ensino Médio 3,7 3,9 4,3 4,7 5,0 5,2

Fonte: Conheça... (2013).

Os índices propostos para os diferentes períodos do desenvolvimento da educação escolar brasileira


devem estar coerentes com propostas de políticas públicas em educação, por meio de programas de
ação, planos voltados à discussão ampla pelos profissionais da educação e compromisso com a educação
escolar em todos os níveis e modalidades de ensino.

• Meta 8 – elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos de modo a alcançar o


mínimo de 12 anos de estudo para as populações do campo, das regiões de menor escolaridade
no país e dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros,
com vistas à redução da desigualdade educacional: a percepção das desigualdades educacionais
regionais e das necessidades de aprendizagem diferenciadas é uma das metas que têm como
objetivo um ensino de qualidade.

• Meta 9 – elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até
2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo
funcional: os dados educacionais do Censo Escolar de 2010 apontam que existe uma taxa de 10%
de analfabetos nessa faixa etária, o que já é um dado alarmante por si só, mas pode ser agravado
caso levemos em consideração que não se sabe qual foi a concepção de alfabetização adotada no
levantamento desses dados.

• Meta 10 – oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de Educação de Jovens e Adultos na forma
integrada à Educação Profissional nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio:
nesse item há uma situação muito difícil de ser observada, pois jovens e adultos não têm acesso a

117
Unidade I

informações sobre matrículas nessa modalidade de educação. Isso culmina no não preenchimento
de muitas vagas oferecidas nas escolas. A consequência é que muitas classes da Educação de
Jovens e Adultos não são abertas, pela falta de uma política de divulgação e comunicação desse
direito fundamental do cidadão brasileiro.

• Meta 11 – duplicar as matrículas da Educação Profissional Técnica de nível médio, assegurando a


qualidade da oferta: essa meta atende ao princípio da importância da vida produtiva como parte
da cidadania e do desenvolvimento pleno da pessoa.

• Meta 12 – elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para
33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta: trata-se, nessa meta, de
oferecer o atendimento no Ensino Superior a uma parcela mais ampla da população brasileira.

• Meta 13 – elevar a qualidade da Educação Superior pela ampliação da atuação de mestres e


doutores nas instituições de ensino para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício,
sendo, do total, 35% doutores: uma forma de elevar a qualidade do ensino na universidade é a
expansão da pós-graduação como formação necessária para o atendimento ao Ensino Superior.

• Meta 14 – elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo


a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores: essa meta está prevista para
atender às anteriores e garantir a formação para o Ensino Superior.

• Meta 15 – garantir, em regime de colaboração entre a União, os estados, o Distrito Federal e os


municípios, que todos os professores da educação básica possuam formação específica de nível
superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam: essa meta
atende à educação básica e à formação necessária para o exercício da profissão docente.

• Meta 16 – formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato sensu
e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação: visa-se, nessa
meta, à formação de professores na pós-graduação e também ao aprimoramento docente na
formação continuada.

• Meta 17 – valorizar o magistério público da educação básica a fim de aproximar o rendimento médio
do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio dos
demais profissionais com escolaridade equivalente: essa meta estabelece um critério de avaliação de
desempenho para os profissionais da educação em relação aos profissionais das outras áreas.

• Meta 18 – assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais
do magistério em todos os sistemas de ensino: essa meta está vinculada aos aspectos legais que
tratam da valorização do magistério.

• Meta 19 – garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos estados, do Distrito Federal
e dos municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos
de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar: muito se tem discutido sobre
118
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

a forma de nomeação ou designação dos diretores de escola. Para a legislação, todo cargo ou
função na área educacional deve ser ocupado por meio de concurso público de provas e títulos;
assim também deveria acontecer com o diretor. É muito discutida essa forma de escolha dos
diretores por meio de nomeação, ou seja, por escolha segundo critérios outros que não concurso,
nesse caso, por mérito e pela participação da comunidade na escolha de quem deve estar à frente
da unidade escolar.

• Meta 20 – ampliar progressivamente o investimento público em educação até atingir, no mínimo,


o patamar de 7% do Produto Interno Bruto do País: a meta de aplicação de, no mínimo, 7% do
PIB na educação escolar pública é a que tem sido apontada desde a Constituição Federal de 1988
como a maneira de priorizar e desenvolver a educação escolar pública com a qualidade necessária
para o desenvolvimento do país.

Podemos encontrar novos mecanismos apresentados pelo Novo Plano Nacional de Educação
com vistas ao atendimento à qualidade de ensino, assim como novas diretrizes curriculares e novas
publicações que visam a orientar o Sistema Nacional de Educação. A seguir, apresentamos todas as
regulamentações emanadas do Conselho Nacional de Educação, que orientam quanto ao currículo dos
diferentes níveis e modalidades de ensino.

7.3.3 Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE)

Tem como objetivo o desenvolvimento de ações que visem à implementação de uma educação de
qualidade, por meio do investimento na educação básica brasileira e no envolvimento de todos – pais,
alunos, professores e gestores –, com o propósito de alcançar o sucesso e a permanência do aluno na
escola.

O MEC pretende que a sociedade brasileira conheça o que acontece dentro e fora da escola, por meio
da prestação de contas e da participação de toda a sociedade na construção da qualidade de ensino
desejada para toda a população.

O PNE inclui metas de qualidade recomendadas pelo Compromisso Todos pela Educação e pelas
seguintes propostas: avaliação das crianças de 6 a 8 anos, para verificar a qualidade do processo de
alfabetização; alfabetização de jovens e adultos, com o programa Brasil Alfabetizado; criação de um piso
salarial nacional dos professores; e criação dos institutos federais de educação profissional, científica e
tecnológica.

Além dos citados, há ainda programas que estão em desenvolvimento:

• Caminho da Escola;

• Novo Proinfo;

• Saúde da Escola;

119
Unidade I

• Plano de Ações Articuladas;

• Provinha;

• Ideb;

• Educacenso;

• Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar;

• Observatório da Educação;

• Novo Brasil Alfabetizado;

• Olimpíadas de Matemática e de Língua Portuguesa;

• ProInfância;

• Mais Educação;

• Ensino Fundamental de Nove Anos.

Esses e outros projetos estão sendo desenvolvidos com vistas ao atendimento das metas previstas no
Plano Nacional de Educação e nos seus planos complementares.

8 MECANISMOS DE IMPLEMENTAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Devido à necessidade de superação do atual desequilíbrio regional no que toca aos recursos
financeiros e à garantia de uma oferta equitativa da educação pública, o financiamento à educação deve
tomar como referência o mecanismo do custo-aluno-qualidade (CAQ). A construção do CAQ deve ser
definida a partir da discussão ampla sobre formação continuada, condições de trabalho e remuneração
dos professores, número de alunos por turma e materiais necessários à aprendizagem do aluno para que
a educação pública adquira padrão mínimo de qualidade.

A partir da Constituição Federal de 1988, são estes os avanços propostos pela Lei nº 9.394/96, no que
se refere ao financiamento da educação:

• Reorganização da distribuição:

— União: responsabiliza-se pela manutenção do Ensino Superior e do Ensino Médio Profissional,


pelo investimento na qualidade, nos eixos da avaliação e da capacitação, pela assistência ao
educando (na alimentação escolar, no material didático e no desenvolvimento tecnológico),
pela TV Escola, pela informática educativa e pelo Plano Nacional de Educação;

120
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

— estados: responsáveis por concentrar recursos no Ensino Fundamental e no Ensino Médio;

— municípios: responsáveis por concentrar seus recursos no Ensino Fundamental e na Educação


Infantil.

• Gestão democrática das verbas:

— racionalização e planejamento no uso das verbas, acompanhamento fiscal da sociedade


e valorização da autonomia da escola, com dinheiro direto na escola e atuação ampla dos
conselhos escolares.

Definição das despesas de manutenção e desenvolvimento de ensino.

• Priorização do ensino público.

O texto constitucional trata, ainda, do financiamento da educação, no artigo 60 do ADCT, que propõe
como prioridades da educação brasileira, nos dez primeiros anos da promulgação da Constituição
Federal, a erradicação do analfabetismo e a universalização do Ensino Fundamental, conforme previsto
no artigo 212 da Constituição de 1988.

Em razão da dúbia interpretação do artigo 60 do ADCT e ao não cumprimento, em 1995, das disposições
nele contidas, o governo federal constatou que havia necessidade de resolver, além, obviamente, do
não cumprimento do dispositivo constitucional, o enorme desequilíbrio existente no atendimento à
demanda pelo Ensino Fundamental entre os diferentes poderes executivos (principalmente nas regiões
Sudeste e Nordeste) e também a questão do piso salarial do magistério.

8.1 Fundef

Como resposta a essa situação, em setembro de 1996, o Congresso Nacional aprovou a Emenda
Constitucional nº 14, que criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e
de Valorização do Magistério (Fundef), de natureza contábil, com base na Lei nº 9.424/96.

O fundo reorganiza a aplicação dos recursos financeiros em educação no País e permite um


compromisso mais equilibrado entre estados e municípios. Estava previsto que sua implantação e
atuação junto à educação brasileira seria reavaliada em dez anos, mas o fundo vigorou de 1º de janeiro
de 1998 até 2006.

Os especialistas consideram o Fundef uma medida descentralizadora na educação do país e ainda


acrescentam que essa medida atua como um meio de desresponsabilização do Estado pela educação.

8.2 Fundeb

O Fundef reduziu os fundos ao Ensino Fundamental, sem a perspectiva de recursos para toda
a educação básica, e foi revisto. Em 2006, a Emenda Constitucional nº 53 criou, com base na Lei
121
Unidade I

nº 11.494/97, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização


dos Profissionais da Educação (Fundeb), que começou a vigorar em 2007 e se estenderá até 2021.

A Medida Provisória nº 339/2006 regulamentou o funcionamento do Fundeb. Para atender à inclusão


social, o fundo usa estratégias de atendimento a toda a educação básica, promove a universalização
do Ensino Fundamental, beneficia a Educação Infantil – creches e pré-escolas –, o Ensino Médio, a
Educação de Jovens e Adultos (Ensino Fundamental e Ensino Médio) e ainda propõe a valorização de
todos os profissionais que atuam na educação básica.

No que diz respeito ao financiamento da educação, a substituição do Fundef pelo Fundeb foi realizada
com grande participação da sociedade civil organizada, iniciativa que fortaleceu a implantação de uma
política nacional voltada à articulação entre os diferentes poderes executivos, à descentralização do
sistema educativo e à valorização do magistério.

Além disso, o Fundeb aumentou o compromisso da união com a educação básica, ampliando o
aporte financeiro a título de complementação (de 500 milhões para 5 bilhões) e ainda instituiu um
único fundo para todas as etapas da educação básica (em vez de um fundo voltado apenas para o
Ensino Fundamental).

Foram incorporadas três inovações ao financiamento da educação, sendo as duas primeiras do


Fundeb (BRASIL, 2007 apud CAMARGO; PINTO; GUIMARÃES, 2008):

1) a diferenciação dos coeficientes de remuneração das matrículas não se


dá apenas por etapa e modalidade de Educação Básica, mas também pela
extensão do turno: a escola de tempo integral recebe 25% a mais por aluno
matriculado;

2) a creche conveniada é contemplada para efeito de repartição dos


recursos do fundo – a atual taxa de atendimento da Educação Infantil,
em especial a creche, dadas as metas expressas no Plano Nacional
de Educação, justifica, nesse caso, a parceria do Poder Público com o
segmento comunitário;

3) a atenção à Educação Infantil é complementada pelo ProInfância,


programa que financia a expansão da rede física de atendimento da
Educação Infantil pública (BRASIL, 2007, p. 18, apud CAMARGO; PINTO;
GUIMARÃES, 2008, p. 825).

O Fundeb instaurou uma nova sistemática de financiamento da educação básica – para atender
ao princípio constitucional da equalização do financiamento – e agregou as ações do Plano de
Desenvolvimento da Educação, além de promover o cumprimento do Plano Nacional de Educação.
Porém, o Fundeb não é suficiente, por si só, para garantir a universalização da oferta de vagas, tampouco
a permanência do aluno na escola até a conclusão do Ensino Médio.

122
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Além dos avanços já apontados na legislação e nas políticas públicas em educação, ainda há
três aspectos a serem discutidos para que os dispositivos legais possam ser transformados em
políticas públicas de qualidade. O primeiro é a revisão do papel da União no financiamento da
educação básica; o segundo é a instituição de um verdadeiro regime de colaboração entre os
entes federados; e o terceiro é o estabelecimento de uma real valorização dos trabalhadores em
educação.

O Fundeb, portanto, representa um salto qualitativo na estratégia de colaboração para garantir o


direito à educação e contribuir para a melhoria dos processos de transferência de recursos, gestão e
compromisso entre todos, na construção de uma educação de qualidade para o cidadão brasileiro.

Exemplo de aplicação

Conforme Paro (1999), o gestor/diretor escolar deve estar voltado, como executor das políticas
públicas, para o papel da escola – de transformação social –, conforme segue:

Quando se considera uma nova forma de administrar a escola, comprometida


com os interesses da classe trabalhadora, está se estabelecendo um horizonte
para a administração escolar; ou seja, está se considerando que a condução
democrática das atividades no interior da instituição escolar, fundamentada
não apenas na participação de todos os setores a ela relacionados, mas
sobretudo na vigência das relações de colaboração recíproca entre os
envolvidos, não é um projeto que se realize do dia para a noite, apenas por
seu valor intrínseco, mas algo que precisa ser conquistado historicamente,
através da ação constante, orientada em determinada direção [...] (PARO,
1999, p. 249).

Uma vez que apontamos as informações mais importantes sobre as políticas públicas em educação,
pedimos a você que faça uma pesquisa em sua cidade ou região e estude como os programas e planos
estão sendo desenvolvidos para que a educação escolar promova efetivamente um ensino de qualidade
para a comunidade local.

Além disso, procure também responder às questões a seguir:

1. Aponte um conceito único para definir o papel do diretor/gestor em cada época histórica da
política brasileira estudada.

2. Relacione esse conceito com os princípios educacionais defendidos em cada período estudado.

3. Como você explica a relação entre as políticas públicas educacionais e o papel do diretor/gestor
como executor dessa política educacional na escola?

123
Unidade I

Saiba mais
Para obter mais informações sobre as diretrizes para a educação básica,
visite o site:
MEC. Diretrizes para a educação básica. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12992:diretrizes-para-
a-educacao-basica>. Acesso em: 29 out. 2013.

Resumo
Nesta unidade tratamos da conceituação de sistema de ensino, bem
como de sua organização nos âmbitos federal, estadual e municipal: sua
composição, incumbências e organogramas (LDB, artigos 8º a 20). Falamos
também sobre os níveis e etapas da educação escolar brasileira e sobre a
evolução das LDBs.

Esmiuçamos o conceito de escola como organização complexa, seu


organograma e o regimento escolar, que são as normativas que estruturam
a unidade escolar e apontam direitos e deveres dos alunos, professores,
funcionários e da equipe diretiva, assim como a conceituação de avaliação
do rendimento escolar, recuperação, matrícula, transferência e certificação.
Abordamos a organização curricular, partindo das regras comuns (LDB,
artigo 21-28), os eixos curriculares e a avaliação da aprendizagem e seus
critérios, que são normas comuns a todos os sistemas de ensino.

Tratamos ainda das estratégias da política educacional e do desempenho


educacional no Brasil, além dos determinantes de acesso e permanência:
questões de classe, gênero, etnia e cultura, que são aspectos da política
afirmativa brasileira que discute a diversidade como desafio promotor da
aprendizagem.

Políticas afirmativas e inclusão social foram discutidas como eixo teórico


mediador de toda a trajetória educacional dos alunos na educação básica
brasileira. Sobre a política pública e financiamento do ensino, abordamos
a autonomia da escola, as fontes de recursos e a vinculação dos recursos
financeiros à educação, que são aspectos vinculados ao planejamento das
ações e programas, os quais têm o objetivo de atender às necessidades
para a implementação da qualidade do ensino. Falamos ainda sobre as
estratégias da política educacional brasileira: a cultura da avaliação (Saeb,
Enade, Saresp, Enem), sobre a descentralização (Fundef/Fundeb) e sobre o
ajuste do currículo da educação básica (DCNs e PCNs).
124
POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Exercícios
Questão 1. (ENADE 2008 – Adaptada) Leia a tabela a seguir, que apresenta dados do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb.

Tabela 10 – Ideb 2005, 2007 e projeções para o Brasil

Anos iniciais do Ensino Anos finais do Ensino Ensino Médio


Fundamental Fundamental

Ideb observado Metas Ideb observado Metas Ideb observado Metas

2005 2007 2007 2021 2005 2007 2007 2021 2005 2007 2007 2021
TOTAL 3,8 4,2 3,9 6,0 3,5 3,8 3,5 5,5 3,4 3,5 3,4 5,2
Dependência administrativa
Pública 3,6 4,0 3,6 5,8 3,2 3,5 3,3 5,2 3,1 3,2 3,1 4,9
Federal 6,4 6,2 6,4 7,8 6,3 6,1 6,3 7,6 5,6 5,7 5,6 7,0
Estadual 3,9 4,3 4,0 6,1 3,3 3,6 3,3 5,3 3,0 3,2 3,1 4,9
Municipal 3,4 4,0 3,5 5,7 3,1 3,4 3,1 5,1 2,9 3,2 3,0 4,8
Privada 5,9 6,0 6,0 7,5 5,8 5,8 5,8 7,3 5,6 5,6 5,6 7,0

Fonte: Inep (2008 apud ENADE, 2008, p. 10).

Qual das afirmações faz uma análise coerente entre os dados da tabela e os fatores do Ideb?

A) Os dados sobre aprovação escolar e as médias totais de desempenho no Saeb e na Prova Brasil
resultaram em índices que ultrapassaram as metas para o Ensino Fundamental em 2007.

B) Os índices observados no ano de 2007, mais elevados quanto maior a escolaridade, são
ferramentas para o acompanhamento das metas de qualidade do Plano de Desenvolvimento
da Educação.

C) O Ideb, que reúne, em um indicador, o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações,
foi, no total de 2007, inferior à meta para o mesmo ano.

D) A superação das metas no Ensino Fundamental e no Ensino Médio foi um avanço, levando-se em
consideração que a escala do Ideb vai de 0 a 6.

E) A expectativa de avanço nas escolas estaduais é inferior àquela esperada para as escolas municipais,
uma vez que o índice é comparável nacionalmente.

Resposta correta: alternativa A.

125
Unidade I

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: se a meta de aprovação do Saeb para o ano de 2007 era de 3,9 e o resultado foi 4,2,
podemos concluir que, de fato, os índices ultrapassam as metas para o Ensino Fundamental nesse
ano.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: o PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) não é sequer mencionado na tabela.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: a tabela apresentada não mostra dados sobre o fluxo escolar, e sim as médias dos testes
aplicados aos alunos.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: a tabela mostra que a escala não vai de 0 a 6, já que temos metas estabelecidas com
7 pontos.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: a tabela mostra que a expectativa de avanço nas escolas estaduais é superior ao das
municipais nos primeiros e nos últimos anos do Ensino Fundamental.

Questão 2. (ENADE 2005 – Adaptada) Leia o enunciado e considere as afirmativas que seguem.

Após o Golpe de 1964, desencadeou-se uma dura repressão que atingiu, implacavelmente, a educação
brasileira. Durante o Governo Costa e Silva foi aprovada e sancionada a Reforma Universitária, Lei nº
5.540, de 28 de novembro de 1968, que atuou no sentido de:

I – Promover a liberdade de ensino com a concentração das decisões nas mãos dos reitores.

II – Institucionalizar o vestibular, idêntico em seu conteúdo para todos os cursos e áreas de


conhecimento e unificado em sua execução.

III – Extinguir as atividades de pesquisa, com a desarticulação do sistema de pós-graduação, em


especial, nas universidades públicas.

IV – Assegurar o controle do Ensino Superior brasileiro pela política do regime.

126
Assinale a alternativa correta:

A) Somente as afirmativas I e III estão corretas.

B) Somente as afirmativas I e IV estão corretas.

C) Somente as afirmativas II e III estão corretas.

D) Somente as afirmativas II e IV estão corretas.

E) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.

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Unidade I – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


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Unidade II – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


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