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UNIDADE 6 - O ATLÂNTICO NORTE E OS NOVOS RITMOS DE TRABALHO E CONSUMO

NO MUNDO ATLÂNTICO

● Autores
- Blackburn
- Mintz
- Wallerstein
● Grande chave da unidade segundo o professor:
- Como a história do trabalho livre na Europa esteve totalmente articulado ao
trabalho escravo do Caribe?

Um dos argumentos encontrados no texto de Sidney Mintz a respeito do trabalho escravo no


caribe em comparação ao trabalho livre camponês visto na Europa é pelo fato de que no
primeiro, Mintz aponta uma modernidade e mercantilização desse trabalho, além de conter
elementos industriais, como turnos de trabalhos, diferente da forma de trabalho vista no
segundo caso. Ele também questiona uma leitura endógena da Revolução Industrial na
Inglaterra que não leva em consideração os modos de trabalho desenvolvidos nas colônias.

Em seu texto, Blackburn apresenta um panorama da produção de uma plantation, em


especial o açúcar, e como alguns países se comportaram em meio a um novo modo de
trabalho. Ele ressalta que em um primeiro momento, o Brasil dominava a produção
açucareira no mundo e que foi perdendo seu posto dando lugar à Inglaterra e à França.
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Blackburn:
- Brasil no topo da produção açucareira
- Muitos corsários (holandeses e franceses) em busca do carregamento de açúcar
- Portugueses se instalaram com êxito na Costa Africana, criando raízes e
comunidades luso-portuguesas
- Fortes conexões entre África e Portugal deram à Portugal uma vantagem e
monopólio, no princípio, no tráfico de escravos.
- Holandeses quebram o monopólio Ibérico (WIC)
- Holandeses atacaram o Brasil: Tentativas de domínio do Nordeste, algumas sem
êxito, mas enfim conquistam Pernambuco em 1630
- Guerra entre PT E HL reduziu a produção e abriu espaço para outros produtores
- Plantations britânicas e francesas prosperaram
- O Caribe passa a dominar a plantação açucareira
- 1° Inglaterra, 2° França, 3° Brasil
- Companhias constroem fortes e instalações na África
- Brenner: Capitalismo agrário
● Cercamentos de terra na Inglaterra produzem o capitalismo
● O capitalismo surge nos campos
● Capitalismo agrário - > cercamento das terras inglesas,formação de uma
estrutura tripartite: Proprietários, arrendatários e trabalhadores assalariados,
transformação do campo inglês. Relação entre capital e trabalho livre
(marxista)
- Usar citação do Sir James Stuart: “Homens eram forçados a trabalhar porque eram
escravizados, agora são forçados porque são escravos de seus desejos.”
- Argumentos do Blackburn sobre a transição do trabalho livro ao trabalho escravo
● Os senhores, os donos dos engenhos começam a se interessar pelo capital
humano
● Não acham rentável contratar servos que trabalhavam em média de 4 a 7
anos pois todo seu investimento neles não valeriam a pena e o capital
investido iria embora com eles
● Preferem comprar escravos, mesmo que seja um alto custo, pois o trabalho
era vitalício
● Além disso, os próprios servos pararam de ir ao Caribe devido às condições
do trabalho na produção açucareira que era letal e havia muitas doenças.
Acabavam nem voltando para a casa.
● Blackburn e Brenner não acreditam que o escravismo é capitalista
● Code Noir
● Blackburn fala que alguns elementos da Revolução Industrial foram
antecipados pela plantation

Wallerstein:
- Foca na ascensão do Norte da América do Norte que ele chama de semiperiferia
- Fala que a região não tinha grandes recursos naturais como em outros lugares da
América, a prata etc e nem um clima que favorece certas produções
- A migração puritana não fazia muitas exportações
- W. fala que a Nova Inglaterra se articulava fortemente ao mundo construído pelos
europeus no Caribe escravista, depende do Caribe para existir
- 3 comércios triangulares: 3 fluxos distintos conectando o norte da América do Norte,
Império Mundo e Caribe
- Melaço do Caribe - > Transformado em Rum na Nova Inglaterra - > Trocado por
escravos
- Fornecimento de recursos para o Caribe: Madeira, alimentos, pesca de
bacalhau(alimentar os escravos), óleo de baleia para iluminar as cidades
- Experiência do Norte da América do Norte é considerada uma colônia de
povoamento por excelência
- Oposição entre colônia de exploração e colônia de povoamento (Norte da América
do Norte)
- Essa ideia de que hoje a América Latina não está desenvolvida como o Norte vêm
sendo baseada nessa diferença entre os tipos de colônia, mas não levam em
consideração as relações que elas tiveram e da dependência que a colônia de
povoamento tinha da exploração
- Relação: Nova Inglaterra com sul da Europa
- Nova Inglaterra vai se tornando um grande mercado consumidor
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Resumão

Mintz em seu texto procura articular conexões entre a produção e o consumo na


história do açúcar, discutindo como a popularização do açúcar encaixa-se
perfeitamente na Revolução do Consumo que a Europa estava passando por, ou
seja, articulando a história do trabalho escravo nas Américas (principalmente no
Caribe a partir do século XVII). Nesse sentido, a pesquisa de Mintz associa os dois
outros autores posto que trata da parte política de quem produziu e em quais
condições, abrindo espaço para a discussão do trabalho escravo nas colônias e o
tráfico transatlântico, além das consequências destes para os países nos quais foram
aplicados: não são apenas plantações de açúcar, são projetos políticos e
econômicos de uma sociedade.
Blackburn discute majoritariamente a origem do capitalismo (e adota a explicação de
Brenner de tratar como capitalismo agrário) e como este foi intrinsecamente
relacionado à colonização e a escravização no Novo Mundo. Para Blackburn, os
enclosures (cercamento dos campos) na ING foram decisivos para o surgimento de
uma sociedade tripartite e a mercantilização de áreas comuns, apoiando a
consolidação do Mercantilismo como sistema mundial, ou seja, a colonização no
Novo Mundo, a criação de uma elite agrária, a Revolução Industriosa - quando a
sociedade sai da lógica clássica camponesa de trabalhar para subsistência e passa a
trabalhar para lucrar e/ou comprar mais ​(lembrar: Ética Protestante e o Espírito do
Capitalismo). ​Assim, ele desenvolve a discussão dos enclosures para discutir os
Indentured Servants, ou seja Servos por Contrato, imigrantes camponeses que
perderam suas terras durante os cercamentos e emigram para o Novo Mundo
vendendo sua força de trabalho por 4 a 7 anos, majoritariamente indo para a Nova
Inglaterra, fazendo com que a demanda por escravos no Caribe cresça, e, portanto,
o tráfico também. Nesse sentido, articula-se com ambos Wallerstein e Mintz quando
diferencia as Colônias de Exploração (América Latina e, principalmente, Caribe) e
Colônias de Povoamento (EUA): para ter havido uma zona na qual existia
significativamente o trabalho livre (povoamento), teve que haver uma zona na qual
primordialmente tinha trabalho escravo africano (exploração), afirmando, assim, que
a formação da Inglaterra como industrial dependeu da Nova Inglaterra como
mercado consumidor pós-independência, porém para existir ambas com trabalho
livre e mercado consumidor, existiu uma periferia com trabalho escravo que mandava
matéria prima.
Por fim, Wallerstein ilustra toda a discussão de trabalho escravo/livre quando trata da
Nova Inglaterra em seu capítulo. Ele afirma que, apesar de serem pobres em
recursos naturais, a colonização negligenciada que enviava imigrantes livres foi
benéfica para o desenvolvimento, especialmente devido à diferença no tipo de
trabalho, uma vez que a ING via as 13 colônias mais como concorrentes comerciais
do que colônias. Após a instauração das séries de Acts, principalmente o de
Navigation, a política extremamente protecionista irritou os colonos, os quais
começaram a articular a independência. Nessa perspectiva, afirma que a construção
naval na Nova Inglaterra foi necessária porque 1) dava extremo lucro à Inglaterra
devido ao baixo custo e favorecimento do setor militar ao mesmo tempo; e 2) deu
liberdade aos colonos.
Assim, esquematiza-se com: Enclosures no U.K. (​Brenner <-> Blackburn​) ->
fortalecimento das plantações de açúcar no Novo Mundo (​Mintz​) -> migrações livres
para o Novo Mundo, quase que inteiramente os EUA (​Wallerstein)​ -> aumento da
demanda por escravos africanos (​Blackburn)​ -> Revolução Industriosa (​Blackburn)​
-> surgimento da propriedade privada (​Blackburn)​ -> Revolução Industrial
(​Blackburn​).

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